+ Entrevista: Políticas públicas + Reengenharia: Estudo revela novos capôs Integração de peças Com reduções de peso de até 60%, componente em alumínio é solução adotada + Transportes: pelas montadoras norte-americanas Mais carga, por menos + Mercado: O consumo de alumínio em carrocerias, para-choques e painéis de fechamento deverá Consumo de alumínio irá dobrar aumentar 58% entre 2009 a 2012, segundo estudo realizado pela Ducker Worldwide no + Tendência: mercado América do Norte principalmente pela substituição contínua de aço por alumínio nessas aplicações, visando norte-americano. Os crescimentos atuais e futuros serão impulsionados especialmente à fabricação de carros mais leves e eficientes. O alumínio garante redução de peso porque possui somente um terço da densidade dos aços, incluindo os novos aços avançados de alta resistência (AHSS). Mesmo aumentando-se a espessura dos painéis de fechamento em alumínio, para que apresentem rigidez compatível ou superior a dos componentes feitos em aço, é possível atingir reduções de peso da ordem de 40% a 60%. Somente nos EUA e Canadá, a Ducker prevê para o próximo ano 58,5 milhões de quilos de alumínio em capôs, portas, tampas de bagageiros e para-lamas, totalizando 4,5 milhões de componentes. Fonte: Ducker Worldwide, 2011 Na América do Norte, 30% de todos os capôs em 2012 serão de alumínio. Para 2017 a expectativa é de alcançar 41% e, até 2025, atingir pelo menos 53%. Isso sem considerar nenhuma nova regulamentação para economia de combustível, que poderia ampliar ainda mais a presença do alumínio para garantir carros mais leves e econômicos. Fonte: Ducker Worldwide, 2011 Tais números se mostram importantes indicadores do crescimento de produtos laminados de alumínio no setor automotivo. Dominado por peças fundidas, o mix está mudando. A Ducker avalia em seu estudo, que os laminados – usados na fabricação de painéis de fechamento e outros componentes automotivos – saltarão de 19% em 2012 para 39% em 2025 – ano em que o consumo médio de alumínio por veículo na América do Norte é estimado em 250 kg. Fonte: Ducker Worldwide, 2011 Enquanto lá fora capôs de alumínio ganham cada vez mais mercados, no Brasil nenhum automóvel se vale dessa solução. Apesar disso, a engenharia automotiva nacional parece reconhecer as vantagens do alumínio nessa aplicação. O coordenador de Grupo de Produto da engenharia da PSA Peugeot Citroën, Leanderson Nascimento, cita a adoção do capô de alumínio no C4 Pallas, produzido na Argentina, e confirma que a peça permite uma redução de massa da ordem de 60%. “Fato particularmente interessante em termos de dimensionamento geral de um veículo e de seu consumo de combustível”, ressalta. Ele ainda destaca outra vantagem do metal leve: segurança. “No que concerne aos choques com pedestres, a utilização de alumínio possibilita evitar zonas muito duras, penalizantes em caso de um impacto de cabeça”. A escolha pelo alumínio está sempre associada à redução de massa e às melhores características de absorção de impacto em um volume reduzido, como explica o gerente de Engenharia de Processo da Fiat Automóveis, José Guilherme da Silva, ao falar do capô de alumínio do Fiat Freemont, produzido no México. “O recurso é usado muito em veículos maiores. Em relação à proteção de pedestres, em casos de atropelamentos, tal material [o alumínio] é testado e aprovado de acordo com as normas europeias e norte-americanas”. Nascimento admite que as restrições de consumo de combustível serão um incentivo, em médio prazo, para o uso massivo de materiais mais leves. “O alumínio se tornará então indispensável, como já acontece nos EUA, na Europa, e, em breve, na China”, estima. “Se preparar para este salto tecnológico na América Latina é inevitável e pode representar uma real oportunidade de desenvolvimento de toda uma nova área de conhecimento para a região”. No entanto, ele afirma que enquanto o know-how em constante transformação e, em particular, em estampagem de peças de geometrias complexas, não estiver suficiente difundido na América Latina, o uso de alumínio permanecerá muito aquém do que existe em outras regiões. “Um forte incentivo ao desenvolvimento do conhecimento tecnológico desse tipo, no Brasil e na Argentina, permitiria explorar o potencial de matéria prima destes países e desenvolver produtos locais com características idênticas às demais fabricadas pelo mundo”, finaliza. I