Universidade de São Paulo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Departamento de Ciências Atmosféricas DCA/IAG/USP Evolução da atmosfera terrestre (contribuição: Alessandro Santos Borges) Adalgiza Fornaro Departamento de Ciências Atmosféricas, IAG/USP [email protected] Questões importantes: 1- Qual a composição química da atmosfera natural ? atual 1a- O que determina a composição química da atmosfera natural? 2- A atmosfera terrestre teve sempre a mesma composição? “A história da evolução cósmica teve início em torno de 20 bilhões de anos atrás. A ciência ao contrário da bíblia, não tem explicação para a ocorrência desse acontecimento extraordinário” R. Jastrw, Until the sun dies, Norton, New York, 1997 Composição química da atmosfera Composição do ar atmosférico seco ao nível do mar: Gás % volume Nitrogênio N2 78,084 Oxigênio O2 20,948 Argônio Ar 0,934 CO 2 0,033* Neônio Ne 0,00182 Hidrogênio H2 0,0010 Hélio He 0,00052 Metano CH 4 0,0002* Criptônio Kr 0,0001 CO 0,00001* Xenônio Xe 0,000008 Ozônio O3 0,000002* Amônia NH 3 0,000001 Dióxido de nitrogênio NO 2 0,0000001* Dióxido de enxofre SO 2 0,00000002* Dióxido de carbono Monóxido de carbono * Gases traço de importância ambiental. A atmosfera atual Desconsiderando a umidade, a composição percentual média dos constituintes atmosféricos ao nível do mar é atualmente: • Nitrogênio (N2) - 78,084% • Oxigênio (O2) - 20,948% • Argônio (Ar) - 0,934% • Gás carbônico (CO2) - 0,031% • Neônio (Ne) - 0,001818% • Hélio (He) - 0,000524% • Metano (CH4) - 0,0002% • Kriptônio (Kr) - 0,000114% • Hidrogênio (H2) - 0,00005% • Xenônio (Xe) - 0,0000087% Também há traços de : • Óxidos de nitrogênio (NO, NO2 e N2O) • Monóxido de carbono (CO) • Ozônio (O3) • Amônia (NH3) • Dióxido de enxofre (SO2) • Sulfeto de hidrogênio (H2S) Origem e evolução da composição química da atmosfera terrestre A composição da atmosfera terrestre é única em todo sistema solar Terra: 78,08% de Nitrogênio, 20,95% de Oxigênio e 0,93% de Argônio Vênus & Marte: Predominância do Dióxido de Carbono Gigantes gasosos: Principalmente Hidrogênio e Hélio Características das atmosferas atuais de Vênus, Terra e Marte. Terra antes da presença de vida 0,98 1 traços Temperatura (oC) 400 a 550 -20 a 40 -130 a 25 ~85 Evolução química e biológica da vida e evolução da atmosfera terrestre Tempo aproximado em anos atual Evolução biológica (3 bilhões de anos) Eventos importantes Evolução provável da atmosfera Seres humanos 0,5 bilhão Plantas, répteis, pássaros, peixes (começo da vida na Terra) 1 bilhão Respiração aeróbica? (consumo de O2 nas células) atual N2, O2, CO2, H2O outros gases (traços) ?......................? 2 bilhões Fotossíntese (produção de O2 nas células) 3 bilhões primeiras células vivas ? Evolução química (1,7 bilhões de anos) 4 bilhões 5 bilhões ? Intermediária N2, CO2, H2O outros gases (traços) ?......................? primeiros ácidos nucléicos e proteínas Formação da Terra?? Primitiva CH4, H2, NH3, H2O outros gases (traços) Formação da atmosfera secundária O vulcanismo e as atividades sísmicas, assim como outros mecanismos de liberação de gás, rapidamente produziram a atmosfera primitiva secundária. H escape térmico H2O, CO2, N2 H2O CO2 Grandes quantidades de água foram lançadas, resultando numa atmosfera transiente cheia de vapor. Tão logo a temperatura da superfície do planeta diminuiu, foi consolidada a crosta terrestre e o vapor precipitou para formar os oceanos. Constituição da atmosfera pré-biótica (~4 bilhões de anos atrás) Razão de mistura em volume Distribuição vertical dos principais constituintes na atmosfera pre-biótica. Os gases principais eram N2 e CO2. Temperatura e pressão na superfície terrestre: ~85 oC e 11 bars, respectivamente. Destruição fotoquímica do CO2 aumentou a produção de O e O2 na atmosfera superior (Kasting, 1990). Atmosfera pre-biótica • H2 CH4 NH3 • CO2 CO H2O N2 NO2 H2S SO2 Atmosfera reduzida Atmosfera oxidada Atmosfera redutora: presença de hidrogênio: FeO + H2 Fe + H2O Contribui para mais água na superfície do planeta e o ferro foi, gradualmente, incorporado para o manto e núcleo quente. O oxigênio na atmosfera O mecanismo inicial que conduziu à formação de oxigênio molecular foi provavelmente a fotólise do vapor de água na alta atmosfera seguido pelo escape de átomos de hidrogênio ao espaço. A quantidade de O2 permaneceu baixa na atmosfera devido à captura desse elemento por íons de ferro dissolvidos no oceano, servindo como um eficiente mecanismo de remoção. O oxigênio começou a acumular por volta de dois bilhões de anos atrás, permitindo o desenvolvimento de organismos que fossem capazes de utilizá-lo. Formação de O2 H2O + h ½ O2 CO2 + H2O + h + O2 H2 + CH2O Consumo de O2 H2 + ½ O2 H2O CO + ½ O2 CO2 H2S + 2 O2 H2SO4 Copyright R. R. Dickerson 2011 H2S + 2FeO ½ O2 + ½ O2 2 H+ + S2- + H2O F2O3 “camas vermelhas” = depósitos de óxidos de ferro (III) Formação das “camas vermelhas” = depósitos de óxidos de ferro (III) Thompson & Turk, Earth Science and the Environment, 2ª. Ed., Saunders, 1999. Dissolução do CO2 e precipitação de calcário (branco) → diminuição de CO2 atmosférico Fotossíntese: liberação de O2 concentração de O2 aumenta = precipitação de óxido de ferro (vermelho) Remoção de CO2 da atmosfera Conforme os oceanos eram formados, grandes quantidades de CO2 atmosférico progressivamente dissolviam-se na água. Aproximadamente 50% do dióxido de carbono deve ter sido absorvido pelo oceano. Um dos mecanismos responsáveis pelo decaimento de CO2 na atmosfera durante a era Arqueana (2,5 bilhões de anos atrás) foi o umidecimento das rochas, quando ácido carbônico (produzido quando CO2 dissolve na nuvem) carregado pela água da chuva reage com o silicato contido nos minerais. Evolução da composição química da atmosfera: primitiva atual Constituição da atmosfera atual (século 20 e 21) Influências da ação humana pelas crescentes emissões de gases radiativamente ativos (p. ex. os clorofluorcarbonos - CFCs). Temperatura e pressão na superfície terrestre: -20 a 40oC e 0,1 a 1 bars, respectivamente. Nível de CO2 na superfície Nível de O2 na superfície ou abundância da coluna de O3 Oxigênio, ozônio e CO2 100% 10% 1% Nível de O2 na superfície ou abundância da coluna de O3 Oxigênio e ozônio Provável evolução da abundância do oxigênio e do ozônio na atmosfera (frações dos níveis atuais) durante os diferentes períodos geológicos da história da Terra (Wayne, 1991). Evolução biótica Fermentação C6H12O6 (aq) 2 C2H3OH (aq) glucose + 2 CO2 (g) + energia etanol Respiração anaeróbica Bactérias metagênicas 4 H2 (g) + CO2 (g) CH4 (g) + 2 H2O (aq) Nitrogênio molecular NH3 (g) + h N (g) + N (g) N (g) + 3 H (g) N2 (g) Até que O2 fosse suficiente para absorver radiação e assim, impedindo a fotólise de NH3 Denitrificação Composto orgânico + NO3- CO2 (g) + NO2- + ...... Composto orgânico + NO2- CO2 (g) + N2 (g) Evolução biótica Fotossíntese Por algas azuis, verdes e amarelas CO2 (g) + H2S (g) + h CH2O (aq) + H2O (aq) + 2 S (g) Fotossíntese produtora de enxofre ou ANOXIGÊNICA não produz O2 Fotossíntese produtora de O2 6CO2 (g) + 6 H2O (aq) + h C6H12O6 (aq) + 6 O2 (g) Respiração C6H12O6 (aq) + 6 O2 (g) 6CO2 (g) + 6 H2O (aq) + energia Produz energia mais eficientemente do que a fermentação ou respiração anaeróbica Remoção de CO2 da atmosfera CO2 pode ter sido também removido da atmosfera por microorganismos fotossintéticos presentes no oceano, antes de ser convertido em sedimentos de carbonato de cálcio (CaCO3). A deposição do dióxido de carbono foi essencial por permitir a produção de oxigênio e, assim, o desenvolvimento de certas formas de vida no planeta. O oxigênio na atmosfera Considerando-se o total de oxigênio produzido via fotossíntese ao longo da história da Terra (ou seja, produção por fotossíntese menos respiração e decaimento de matéria orgânica), apenas cerca de 10% está presente na atmosfera. A maior parte do oxigênio é encontrada em óxidos (como Fe2O3) e compostos carbonáceos biogenicamente precipitados (CaCO3 e CaMg(CO3)2) na crosta terrestre. O oxigênio na atmosfera Um dos primeiros tipos de bactérias foi a cianobactéria (alga azul esverdeada). Evidências em fósseis indicam que essas bactérias existiram aproximadamente a 3,3 bilhões de anos atrás e foram as primeiras a realizar fotossíntese, convertendo dióxido de carbono e água em oxigênio na presença de luz solar. A fotossíntese por cianobactérias e, mais tarde, por plantas, tornou-se a maior fonte de oxigênio atmosférico. Entretanto, a época precisa e as razões para o aumento de oxigênio na atmosfera permanecem incertas. Acredita-se que o nível de oxigênio atingiu 1%, 10% e 100% de seu presente valor em 2000, 700 e 350 milhões de anos atrás, respectivamente. Resumo • A Terra se forma pelo processo de acreção • Atmosfera primitiva: Gases voláteis escapam ao espaço (hidrogênio e hélio) • O planeta evolui, crescendo e esquentando • Vulcanismo libera gases e vapor de água na atmosfera • A Terra esfria e o vapor condensa, formando oceanos • Atmosfera secundária: Predominância de CO2 e N2 • “Paradoxo do Sol jovem": Efeito estufa conserva o calor mesmo com reduzida energia solar • Advento da vida nos oceanos • CO2 é removido gradativamente da atmosfera (chuva de ácido carbônico reagindo com silicato nas rochas) • Microorganismos fotossintéticos (algas azuis esverdeadas) contribuem para a remoção de CO 2 e formação de oxigênio • A camada de ozônio se forma, permitindo o desenvolvimento de formas de vida em superfície (proteção contra radiação UV) • Seres humanos causam perturbações na química atmosférica O oxigênio na atmosfera Camada de ozônio O2 + h O2 + O O + O O3 No mesmo período, o ozônio foi formado, devido à dissociação fotoquímica das moléculas de oxigênio pela radiação ultravioleta. A camada de ozônio originada ofereceu a proteção necessária contra radiação ultravioleta, permitindo o desenvolvimento de vida na superfície. • A formação de ozônio na atmosfera depende da presença de O(g). • A baixas altitudes, a radiação com energia suficiente para a formação de O(g) é absorvida. • A liberação de energia do O3* depende de colisões, as quais geralmente ocorrem a baixas altitudes. • A associação de efeitos significa a formação máxima de ozônio na estratosfera. Nível de CO2 na superfície Nível de O2 na superfície ou abundância da coluna de O3 Oxigênio, ozônio e CO2 Nível de O2 na superfície ou abundância da coluna de O3 Oxigênio e ozônio Provável evolução da abundância do oxigênio e do ozônio na atmosfera (frações dos níveis atuais) durante os diferentes períodos geológicos da história da Terra (Wayne, 1991). Ozônio na Atmosfera Camada de ozônio Aumento do ozônio devido poluição Concentração de ozônio Estratosfera Troposfera Efeito estufa A energia vinda do Sol era provavelmente 25% a 30% menor do que as quantias atuais. Se considerarmos a composição química da atmosfera atual, a temperatura de equilíbrio na superfície teria sido de 0oC até por volta de dois bilhões de anos atrás. Porém, o vapor de água liberado não congelava, sugerindo que a temperatura média da Terra foi mantida a um valor relativamente alto por algum mecanismo terrestre. Efeito estufa Essa questão, chamada de "paradoxo do Sol jovem" pode ser respondida assumindo que o albedo da Terra era menor no passado ou que o aquecimento devido ao efeito estufa era mais pronunciado. A concentração de CO2 requerida para compensar a reduzida luminosidade solar no passado permanece especulativa, mas pode ter sido 600 vezes maior que o presente nível atmosférico. Origem da vida Síntese abiótica - descarga elétrica O experimento conduzido nos anos de 1950 por Miller (1953) e Miller e Urey (1959) tende a sustentar a hipótese de que moléculas biologicamente importantes como açúcar e aminoácidos foram formados por descargas elétricas (simulando relâmpagos) em uma mistura de moléculas de CH4, NH3, H2 e H2O contidas em um recipiente fechado de vidro. Origem da vida Entretanto, como gases vulcânicos podem ter sido oxidados por volta de 3,5 a 3,8 bilhões de anos atrás, antes dos primeiros sinais de vida terem sido registrados em sedimentos, amônia (NH3) e metano (CH4) podem não ter estado presente na atmosfera primitiva. Além disso, mesmo que CH4 e NH3 fossem lançados dos vulcões, eles teriam sido apenas constituintes menores da atmosfera, pois eles facilmente sofreriam fotólise. Origem da vida Porém, é possível que a atmosfera fracamente redutora contendo CO2, N2, e traços de CO e H2 tenha tido papel importante no surgimento da vida. Reações fotoquímicas podem ter gerado formaldeído (CH2O necessário para a síntese de açucares) e cianeto de hidrogênio (HCN usado na síntese de aminoácidos). O processo de formação de HCN permanece incerto, entretanto, outros mecanismos para a emergência da vida tem sido propostos. Origem da vida Uma possibilidade, é a de que moléculas orgânicas podem ter sido introduzidas na Terra por bombardeamento de micrometeoritos. Origem da vida Apesar da bem sucedida síntese de biomoléculas primitivas sob condições de laboratório representando a atmosfera primitiva, é mais provável que a vida tenha surgindo no oceano (possivelmente entre 3,8 a 4,8 bilhões de anos atrás) em restritos e especializados ambientes, como as passagens vulcânicas. Origem da vida A primeira evidência de vida foi fornecida por impressões fossilizadas de uma comunidade microbial encontrada em uma rocha sedimentária de 3,8 bilhões de idade. Estromatolito: rocha formada pelas algas azuis-esverdeadas Remoção de CO2 da atmosfera Com o tempo, o carbono excedente ficou confinado em rochas sedimentares (calcário), combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural) e conchas de animais. Pg = 1015 g Ao longo dos períodos geológicos, a quantidade de CO2 na atmosfera tem sido regulada por remoção úmida e processos de liberação associados com vulcanismo e metamorfismo (mudanças na estrutura ou constituição das rochas devido à pressão e temperatura). O oxigênio na atmosfera A transição da atmosfera primitiva redutora, sem oxigênio, para uma atmosfera oxidante que sustente a vida para grandes organismos foi, inquestionavelmente, o estágio mais importante da evolução da atmosfera terrestre. A teoria de Gaia A presença de oxigênio molecular na atmosfera é instável, devida a propriedade do oxigênio reagir (oxidar) com várias moléculas e compostos. Por exemplo, o dióxido de carbono é a forma totalmente oxidada do carbono. Ao contrário das atmosferas presentes em outros planetas do sistema solar, a da Terra não se encontra em equilíbrio químico, pois as concentrações de N2, O2, CH4, N2O e NH3 são muito maiores do que deveriam ser para se obter o perfeito equilíbrio. Isso se deve aos processos biológicos, uma vez que os quatro mais abundantes elementos químicos presentes atmosfera (nitrogênio, oxigênio, hidrogênio e carbono) também são os mais abundantes da biosfera. Gaia, deusa da mitologia grega cujo correspondente latino é Terra. Mãe e esposa de Urano, deu à luz os Ciclopes, os Titãs, as eríneas (Fúrias) e outros monstros. De símbolo de fecundidade passou a ser considerada mãe do universo e dos deuses. A Teoria Gaia James Lovelock (1976, 1988, 1991) “através da Teoria Gaia eu vejo a Terra e a vida nela contida, como um sistema, um sistema que tem a capacidade de regular a temperatura e a composição da superfície terrestre e mantê-la confortável para os seres vivos. Este sistema é auto regulável por um processo ativo mantido pela energia livre disponível da luz solar.” (Jardim e Chagas, Química Nova, 15(1), 1992, 73-76) A hipótese de Gaia, proposta por James Lovelock sugere que microorganismos, plantas e animais agem de tal modo que o ambiente da Terra é ajustado aos estados ótimos para a manutenção da vida. Assim, a biosfera provavelmente tem mantido a composição química da atmosfera distante das condições de equilíbrio termodinâmico encontradas em Marte e Vênus. Essa proposta não condiz com os princípios do neo-Darwinismo, mas sem dúvida está correta ao afirmar que a atmosfera está fortemente condicionada aos eventos que ocorrem na biosfera. A teoria de Gaia Há uma crescente evidência de que a composição da atmosfera terrestre é, em alto grau, sob o controle da biosfera marítima e terrestre. O nível de 20% de oxigênio na atmosfera é, por exemplo, resultado da atividade fotossintética. Outros ciclos químicos como o do nitrogênio e do carbono são também biologicamente mediados. Ciclo do carbono Ciclo do nitrogênio Referências bibliográficas “Atmospheric Chemistry and Global Change” Guy P. Brasseur; John J. Orland; Geoffrey S. Tyndall “Principles of Atmospheric Physics and Chemistry” Richard Goody “As eras de Gaia” James Lovelock “A evolução cósmica e a origem da vida” Hernâni L.S. Maia e J.J. Moura Ramos (editores científicos) Actas do primeiro encontro nacional sobre a origem da vida e aspectos relacionados (ENOVAR-83) realizado na Universidade do Minho, em Braga, de 20 a 22 de Julho de 1983. Referências da Internet Niel Brandt's Astronomy 1 Page: Astronomical Universe http://www.astro.psu.edu/users/niel/astro1/astro1.html Earth's Early Years: Differentiation, Water and Early Atmosphere http://www.globalchange.umich.edu/globalchange1/current/lectures/first_billion_years/ first_billion_years.html History of Earth http://www.mansfield.ohio-state.edu/~sabedon/biol1010.htm The Beginning of Life and Amphiphilic Molecules: an Introduction http://www.bioteach.ubc.ca/Biodiversity/origin/ Software: Gravity and Galaxies Simulation Stephen Brooks's Website: http://stephenbrooks.org Software: Celestia http://www.shatters.net/celestia/