Boletim Epidemiológico Núcleo Hospitalar de Epidemiologia HNSC ANO VII Abril 2014 NÚMERO 18 Avaliação de Serviços de Saúde, Hospital Nossa Senhora da Conceição EDITORIAL H dos no primeiro semestre de 2012, com o mesmo têm período em 2013, foi observada uma redução enfrentado dificuldades na adequação (260,4% X 157,1%), entretanto não foi atingida a de suas taxas de ocupação devido aos diferentes proporção esperada (85%). A persistência da fenômenos enfrentados na saúde pública e, entre elevada taxa de ocupação da Emergência HNSC eles, destaca-se a superlotação das áreas de pode ter sido influenciada por um perfil de maior internações ações gravidade e complexidade dos pacientes que pactuadas entre os gestores municipais e a permaneceram neste serviço. Entretanto, os diretoria do Grupo Hospitalar Conceição, além da escores de gravidade e complexidade do cuidado inauguração da Unidade de Pronto Atendimento destes da Zona Norte em 19 de outubro de 2012, foi a rotineiramente na Emergência HNSC. Portanto, transferência de estas possíveis diferenças nas características dos retaguarda no Hospital Universitário de Canoas, pacientes atendidos foram estudadas com os com início em 23 de outubro do mesmo ano. A escores Emergência do HNSC possui uma capacidade hospitalizações do HNSC como uma estimativa instalada de 50 leitos para hospitalizações sendo da gravidade e complexidade dos pacientes distribuídos em 6 leitos na sala Vermelha, 14 hospitalizados na Emergência deste hospital. leitos na sala Laranja e 30 leitos na sala Verde. Este estudo foi uma iniciativa da Gerência de Ao compararmos o primeiro semestre de 2013 Unidades de Internação do HNSC e da Direção com o primeiro semestre de 2012, houve redução técnica do GHC com o objetivo de avaliar os no número de egressos, da taxa de ocupação, da possíveis fatores intra-hospitalares envolvidos na média de permanência e da taxa de mortalidade. taxa de ocupação da Emergência do HNSC. istoricamente, hospitais as de Porto hospitalares. de emergências Alegre Uma pacientes para das leitos pacientes Charlson não e são Perroca monitorados entre as Ao compararmos as taxas de ocupação obtidas Ivana Varella, Pediatra e Epidemiologista, PhD. Responsável técnica Núcleo Hospitalar de Epidemiologia/HNSC-HCC BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 1 Avaliação de Serviços de Saúde Hospital Nossa Senhora Senhora da Conceição Análise dos indicadores das hospitalizações do Hospital Nossa Senhora da Conceição e de serviços selecionados: Cardiologia, Gastroenterologia, Infectologia, Medicina Interna, Neurologia e Pneumologia Ivana R. Santos Varella, Patricia Fisch, Elisabete Storck Duarte, Paulo Ricardo Bobek Introdução A Secretaria de Vigilância em Saúde do algumas comparações dos resultados obtidos Ministério da Saúde vem publicando desde 2004 com nosso estudo utilizamos a mesma a série Saúde Brasil, que apresenta as análises metodologia desta publicação. Uma análise mais sobre a situação de saúde em nosso país para abrangente da situação de saúde dos brasileiros subsidiar a avaliação das políticas e ações do foi abordada na revista The Lancet em 2011 e Sistema Único de Saúde (SUS) (1). Para permitir que sumarizamos a seguir (2). A transição demográfica Entre 1970 e 2000, o país passou por mais afirmam passar por episódios de ingestão uma transição demográfica: a proporção de excessiva de bebida alcoólica (2). As mudanças pessoas com mais de 60 anos (10% em 2009) nas taxas de mortalidade e morbidade estão dobrou e a urbanização aumentou de 55,9% relacionadas a essas transições demográficas, para 80%. As taxas de fertilidade diminuíram (de epidemiológicas 5,8 em 1970 para 1,9 em 2008), assim como a crônicas são as que mais contribuem para a mortalidade infantil (de 114 por 1.000 nascidos carga de doença, e as doenças transmissíveis, vivos em 1970 para 19,3 por 1.000 nascidos apesar de estarem diminuindo, ainda afetam vivos em 2007). Em virtude disso, a expectativa uma parcela considerável da população. Estima- de vida ao nascer aumentou cerca de 40%, se que 40 a 50% dos brasileiros com mais de 40 chegando a 72,8 anos em 2008. Com a anos sejam hipertensos e que 6 milhões sejam substancial melhoria nas condições de vida que diabéticos, o que representa um enorme desafio afetaram a saúde e o comportamento de saúde para um sistema de saúde organizado para dos brasileiros, a prevalência de sobrepeso e de oferecer cuidados às enfermidades agudas (2). obesidade está aumentando atingindo 47,3% dos No Brasil, em 2010, houve 1.136.947 óbitos dos homens que vivem nas capitais brasileiras. A quais as principais causas, segundo os capítulos prática de atividade física é baixa nas capitais, da CID-10, para adultos com idade entre 20 e 59 mas o tabagismo diminuiu; em 2008, 17,2% da anos população fumava, em comparação com 34,5% doenças do aparelho circulatório (20,0%) e em 1989. O abuso do álcool é outro desafio; neoplasias (16,4%)(1). foram as e nutricionais. causas As externas doenças (27,6%), 17,6% das pessoas com 15 anos de idade ou O sistema de saúde brasileiro O sistema de saúde é de saúde em 2008. Em 2009, no Brasil, houve constituído de organizações públicas e de 11.109.834 hospitalizações (SUS), e destas, privadas. Apenas 25,9% da população brasileira 17% ocorreram na região Sul. As hospitalizações possuía cobertura de atendimentos por planos (SUS) por especialidade clínica foram as mais BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 brasileiro 2 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição frequentes (35,7%), seguidas da especialidade setor privado são disponibilizados para o SUS cirúrgica (28,8%) e da obstétrica (19,5%). por meio de contratos. Por outro lado, o número Considerando o nível de complexidade dos de serviços oferecidos de Emergência aumentou atendimentos, frequência do de 286 (1990) para 789 (2010), assim como a seguido da proporção destes serviços no setor público complexidade média (29,1%) e da complexidade (65,7% X 77,9%) (2). Considerando o contexto alta (20,5%). Quanto à oferta de serviços à do população foi características cuidado houve primário maior (49,3%), observada uma redução do sistema de saúde brasileiro demográficas, as geográficas e é possível inferir a número de hospitais entre 2000 (7.423 hospitais) sociais e 2010 (6.384 hospitais) e da proporção de magnitude dos desafios dos gestores do SUS hospitais públicos no período (34,8% X 31,9%) para (2). Portanto, 69,1% dos hospitais são privados e qualificação da atenção em saúde com o objetivo apenas de reduzir a morbimortalidade. 35,4% dos leitos hospitalares se da população e avaliar as ações prioritárias para a encontram no setor público; 38,7% dos leitos do Metodologia Realizamos um estudo descritivo das informadas no momento da alta hospitalar, por características das hospitalizações ocorridas no capítulos de I a XXI (Quadro 1). Para avaliarmos HNSC em dois períodos: primeiro semestre de os egressos em cada serviço foram incluídas as 2012 as transferências ocorridas para os demais serviços hospitalizações na Emergência, Hospital Dia do hospital. Para identificarmos o número de Infectologia, e de 2013. Foram excluídas Programa de Atendimento hospitalizações no HNSC consideramos o total 10 que continuavam de egressos, excluindo as transferências. Para o hospitalizados no momento da análise. Alguns cálculo da taxa de mortalidade de cada serviço indicadores foram comparados nos dois períodos foi considerado como numerador o número total e para esta análise mais detalhada os serviços de óbitos de cada serviço, e como denominador selecionados a consideramos o total de egressos de cada Gastroenterologia, a Infectologia, a Medicina serviço, incluindo as transferências. Para o Interna, a Neurologia e a Pneumologia, por cálculo da taxa de mortalidade geral do HNSC foi apresentarem o maior considerado como numerador o número total de Domiciliar e casos foram hospitalizações e por para as a Cardiologia, número anual de serem as principais óbitos no período, e como denominador da consideramos o total de egressos de cada Emergência. Estes serviços foram avaliados serviço, excluindo as transferências. Análise agrupados de estatística: utilizamos o teste t de Student ou informação utilizadas do prontuário eletrônico teste U de Mann-Whitney, o teste qui-quadrado foram o relatório de hospitalizações por período, de Pearson ou com correção de Yates, quando indicadores do GHC sistemas, estatística de indicados, comorbidades e de complexidade do cuidado. A significância P<0,05. A análise dos dados foi Classificação Internacional de Doenças – CID- realizada no programa Statistical Package for the 10, foi utilizada para agruparmos as patologias Social Sciences versão 15.0 (SPSS v15.0). referências e hospitalizações isoladamente. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 As fontes considerando como nível de 3 Avaliação de Serviços de Saúde Hospital Nossa Senhora Senhora da Conceição Quadro 1 – Descrição das patologias conforme capítulos capítulos da CIDCID-10. CAPÍTULO I Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias (A00-B99) CAPÍTULO II Neoplasias (C00-D48) CAPÍTULO III Doenças do Sangue e dos Órgãos Hematopoiéticos e Alguns Transtornos Imunitários (D50-D89) CAPÍTULO IV Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas (E00-E88) CAPÍTULO V Transtornos Mentais e Comportamentais (F01-F99) CAPÍTULO VI Doenças do Sistema Nervoso (G00-G98) CAPÍTULO VII Doenças do Olho e Anexos (H00-H57) CAPÍTULO VIII Doenças do Ouvido e Apófise Mastóide (H60-H93) CAPÍTULO IX Doenças do Aparelho Circulatório (I00-I99) CAPÍTULO X Doenças do Aparelho Respiratório (J00-J98 E U04=SARS) CAPÍTULO XI Doenças do Aparelho Digestivo (K00-K92) CAPÍTULO XII Doenças da Pele e do Tecido Subcutâneo (L00-L98) CAPÍTULO XIII Doenças do Sistema Osteomuscular e do tecido Conjuntivo (M00-M99) CAPÍTULO XIV Doenças do Aparelho Geniturinário (N00-N98) CAPÍTULO XV Gravidez, Parto e Puerpério (O00-O99) CAPÍTULO XVI Algumas Afecções Originadas no Período Perinatal (P00-P96) CAPÍTULO XVII Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00-Q99) CAPÍTULO XVIII Sintomas, Sinais e Achados Anormais de Exame Clínico e de Laboratório classificados (R00-R99) CAPÍTULO XIX E Lesões, envenenamentos E Causas Externas de Morbidade e de Mortalidade (S00-T98 E V01-Y89) Fatores que influenciam o estado de saúde (Z00-Z99) em outra parte XX CAPÍTULO XXI Resultados Na Emergência do HNSC, comparando primeiro semestre de 2012 com primeiro semestre de 2013, houve redução no número de egressos (7.436 X 6.684), da taxa de ocupação (260,4% X 150,1%), da média de permanência (3,1 dias X 2,1) e da taxa de mortalidade (3,7% X 3,3%). Tempo de permanência das hospitalizações no HNSC Houve redução não significativa da mediana de tempo de permanência entre todas as hospitalizações nos serviços de internação do HNSC. As medianas de tempo de permanência das hospitalizações nos serviços de Cardiologia, Gastroenterologia, Infectologia, Medicina Interna, Neurologia e Pneumologia ocorridas nos dois semestres foram comparadas com os serviços agrupados e isoladamente. Nos serviços selecionados agrupados houve redução significativa do tempo de permanência quando comparamos os dois períodos (tabela 1/figura 1).O mesmo resultado ocorreu ao avaliarmos os serviços de Cardiologia, Gastroenterologia, Medicina Interna e Pneumologia, isoladamente, com exceção da Neurologia. No serviço de Infectologia houve redução do tempo de permanência quase atingindo a significância limítrofe. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 4 Avaliação de Serviços de Saúde Hospital Nossa Senhora Senhora da Conceição Tabela 1 – Comparação Comparação das medianas de tempo de permanência das hospitalizações, em dias. HNSC, primeiro semestre de 2012 X primeiro semestre de 2013. 2012 Nº SERVIÇOS Cardiologia Gastroenterologia Infectologia Medicina Interna Neurologia Pneumologia Todas as hospitalizações nos serviços selecionados agrupados Total de hospitalizações no HNSC 458 267 295 1420 261 323 2013 Percentis 50% 75% média± ±DP* Amplitude 25% (mediana) 16,2±15,9 1 - 176 8 12 18 17,9±13,5 2 - 140 11 15 22 25,8±19,6 1 - 110 12 20 34 21,3±19,9 0 - 165 10 15 24 17,9±27,9 0 - 349 8 12 19 20,6±17,4 1 - 130 10 15 26 Nº média± ±DP* Amplitude 25% 376 220 279 1364 232 242 12,9±12,1 16,2±15,0 24,2±20,6 20,3±19,1 17,6±18,1 18,1±15,7 1 - 96 1 - 124 0 - 122 0 - 175 1 - 198 0 - 96 6 7 10 9 8 8 Percentis 50% 75% (mediana) 9,5 15 12 20,8 17 33 14,5 25 13 22 13 22 P <0,0001 0,001 0,074 0,003 0,411 0,006 3024 20,3±19,6 0 - 349 10 15 24 2713 18,9±18,0 0 - 198 8 13 23 <0,0001 12369 11,7±16,6 0 - 349 2 6 15 11114 11,3±15,6 0 - 218 3 6 14 0,576 Fonte: Relatório de internações por período do prontuário eletrônico do GHC. Acesso em 08 outubro 2013. * As médias foram apresentadas nas tabelas, mas não foram comparadas devido ao elevado desvio padrão (DP). As medianas são adequadas para a comparação do indicador. P=0,006 P<0,0001 P<0,0001 P=0,003 P=0,001 P=0,07 Figura 1. Diferenças de medianas de tempo de hospitalizações, em dias. HNSC, primeiro semestre 2012 X primeiro semestre 2013. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 5 Avaliação de Serviços de Saúde Hospital Nossa Senhora Senhora da Conceição Comparação do número e proporção de egressos em cada serviço nos períodos 2012 e 2013 As proporções de egressos em cada serviço, em relação ao total de hospitalizações do HNSC nos dois períodos foram comparadas. Houve redução de 0,6% na proporção de egressos nos serviços selecionados agrupados, porém sem significância estatística. Na Medicina Interna e na Infectologia houve aumento não significativo na proporção de egressos, enquanto que nos demais serviços observamos redução das proporções dos egressos, sem diferenças significativas (tabela 2/figura 2). Apenas na Cardiologia a redução de egressos foi significativa. Tabela 2 – Número e proporção de egressos nos serviços selcionados em relação ao total de egressos. HNSC , primeiro semestre de 2012 X primeiro semestre de 2013. SERVIÇOS Cardiologia Gastroenterologia Infectologia Medicina Interna Neurologia Pneumologia Total de egressos nos serviços selecionados, incluindo transferências Total de egressos no HNSC excluindo as transferências entre os serviços 2012 Nº de egressos Proporção (%) 559 4,0 354 2,5 335 2,4 1685 12,1 294 2,1 374 2,6 3601 25,9 13883 100,0 2013 Nº de egressos Proporção (%) 462 3,5 319 2,4 332 2,5 1644 12,6 249 1,9 297 2,3 3303 25,3 13063 100,0 Dif (%) P -0,5 -0,1 0,1 0,5 -0,2 -0,3 -0,6 - 0,03 0,62 0,62 0,21 0,26 0,12 0,26 - Fonte: Indicadores do prontuário eletrônico do GHC. Acesso em 09 outubro 2013. P=0,03 Figura 2. Diferenças entre proporções de egressos (%). Serviços selecionados do HNSC, primeiro semestre de 2012 X primeiro semestre de 2013. Fonte: Indicadores do prontuário eletrônico do GHC. Acesso em 09 outubro 2013. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 6 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição Distribuição das hospitalizações na faixa etária de 60 anos ou mais Houve redução não significativa da proporção de hospitalizações de pacientes com 60 anos ou mais em 2013, no HNSC e nos serviços selecionados agrupados e aumento significativo de hospitalizações desta faixa etária apenas no serviço de Cardiologia (59,8% X 67,0%) (tabela 3/figura 3). Tabela 3 - Distribuição das hospitalizações de pacientes com 60 anos ou mais. HNSC, primeiro semestre 2012 X primeiro semestre 201 2013. 3. SERVIÇOS SELECIONADOS Cardiologia Gastroenterologia Infectologia Medicina Interna Neurologia Pneumologia Todas as hospitalizações nos serviços selecionados agrupados Total de hospitalizações no HNSC 2012 (n=12676) Nº Proporção (%) 274 59,8 129 48,3 43 7,1 834 58,7 141 54,0 171 52,9 1592 47,8 3687 29,1 2013 (n=11450) Nº Proporção (%) 252 67,0 108 49,1 36 5,9 760 55,7 113 48,7 136 56,2 1405 46,1 3225 28,2 Dif (%) P 7,2 0,8 -1,2 -3,0 -5,3 3,3 -1,7 -0,9 0,038 0,937 0,426 0,117 0,276 0,494 0,175 0,117 Fonte: Relatório de internações por período do prontuário eletrônico do GHC. Acesso em 08 outubro 2013. P=0,03 Figura 3. Diferenças entre proporções de hospitalizações de pacientes com 60 anos ou mais. Serviços selecionados do HNSC, primeiro semestre 2012 X primeiro semestre 2013. Fonte: Relatório de internações por período do prontuário eletrônico do GHC. Acesso em 08 outubro 2013. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 7 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição Distribuição das causas de hospitalizações conforme a CIDCID-10 informada na alta As causas mais frequentes de hospitalizações no HNSC, nos dois períodos, foram gravidez, parto e puerpério, seguida de neoplasias e doenças do aparelho digestivo (tabela 4). Houve redução na proporção de hospitalizações por doenças do aparelho genitourinário, doenças infecciosas e parasitárias, por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, sem significância estatística. Houve redução significativa na proporção de hospitalizações por doenças do aparelho respiratório (0,7%) e por transtornos mentais (0,3%) (figura 4). Houve aumento não significativo na proporção de hospitalizações por gravidez, parto e puerpério, por doenças do aparelho digestivo e circulatório e por demais doenças. Houve também aumento das hospitalizações por neoplasias, quase atingindo a significância limítrofe. Considerando que houve 12.369 hospitalizações no HNSC no primeiro semestre de 2012, e 11.114 no mesmo período em 2013, a proporção de perda de informação do CID principal, nos dois períodos, foi de apenas 2,5%. Tabela 4 – Distribuição das causas de hospitalizações conforme conforme CIDCID-10. HNSC, primeiro semestre de 2012 X primeiro semestre de 2013. CIDCID-10 NA ALTA - HNSC 2012 2013 n=12035 n=10861 Nº Proporção (%) Nº Proporção (%) Dif (%) GRAVIDEZ, PARTO E PUERPÉRIO 3100 25,8 2861 26,3 0,5 0,39 NEOPLASIAS 2029 16,9 1934 17,8 0,9 0,07 DOENÇAS DO APARELHO DIGESTIVO 1387 11,5 1285 11,8 0,3 0,49 DOENÇAS DO APARELHO CIRCULATÓRIO 1164 9,7 1083 10,0 0,3 0,46 DOENÇAS DO APARELHO GENITOURINÁRIO 1113 9,2 943 8,7 -0,5 0,19 DOENÇAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO 740 6,1 587 5,4 -0,7 0,02 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 635 5,3 550 5,1 -0,2 0,51 613 5,1 513 4,7 -0,4 0,17 DOENÇAS ENDÓCRINAS, NUTRICIONAIS E METABÓLICAS 372 3,1 341 3,1 0 1,00 TRANSTORNOS MENTAIS 146 1,2 99 0,9 -0,3 0,03 DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO 121 1,0 113 1,0 0 1,00 FATORES QUE INFLUENCIAM O ESTADO DE SAÚDE... 167 1,4 144 1,3 -0,1 0,55 DEMAIS DOENÇAS** 448 3,7 408 3,8 0,1 0,71 SINTOMAS, SINAIS E ACHADOS ANORMAIS DE EXAMES CLÍNICOS E LABORATORIAIS CLASSIFICADOS EM OUTRA PARTE P Fonte: Relatório de internações por período do prontuário eletrônico do GHC. Acesso em 08 outubro 2013. **Doenças do sangue e órgãos hematopoiéticos; Doenças do olho e anexos; Doenças de ouvido e da mastóide; Doenças de pele e tecido subcutâneo; Doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo; Algumas afecções originadas no período perinatal; Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas; Lesões, envenenamentos e algumas consequências de causas externas; Causas externas de morbidade e de mortalidade. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 8 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição P=0,07 P=0,02 P=0,03 Figura 4. Diferenças Diferenças nas proporções de hospitalizações conforme CID informado na alta hospitalar. HNSC, 1º semestre 2012 X 1º semestre 2013. Quando agrupamos os serviços selecionados para este estudo observamos que houve aumento significativo das hospitalizações por neoplasias (3,5%) e por doenças do aparelho digestivo (0,5%) em 2013, comparado ao mesmo período de 2012. Houve redução significativa da proporção de hospitalizações por doenças do aparelho respiratório (3,4%) e por transtornos mentais (0,6%) ao compararmos os dois períodos. Também houve redução das hospitalizações por todas as demais doenças (0,8%), com significância limítrofe (tabela 5/figura 5). BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 9 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição Tabela 5 – Distribuição das causas de hospitalizações, conforme CIDCID-10. Serviços selecionados agrupados agrupados do HNSC, primeiro semestre de 2012 X primeiro semestre de 2013. CIDCID-10 NA ALTA - SERVIÇOS SELECIONADOS AGRUPADOS* 2012 2013 n=2977 n= n=2631 n= Dif (%) P Nº Proporção (%) Nº Proporção (%) DOENÇAS DO APARELHO CIRCULATÓRIO 696 23,4 619 23,5 0,1 0,946 DOENÇAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO 552 18,5 398 15,1 -3,4 0,001 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS 427 14,3 415 15,8 1,5 0,116 DOENÇAS DO APARELHO DIGESTIVO 300 10,1 253 9,6 0,5 <0,0001 NEOPLASIAS 190 6,4 260 9,9 3,5 <0,0001 237 8,0 204 7,8 -0,2 0,773 DOENÇAS DO APARELHO GENITOURINÁRIO 161 5,4 131 5,0 -0,4 0,471 DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO 111 3,7 103 3,9 0,2 0,716 DOENÇAS DO SISTEMA OSTEOMUSCULAR E TECIDO CONJUNTIVO 51 1,7 58 2,2 0,5 0,184 DOENÇAS DE PELE E TSC 42 1,4 52 2,0 0,6 0,100 DOENÇAS ENDÓCRINAS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS 56 1,9 35 1,3 -0,6 0,103 DOENÇAS DO SANGUE E OHP TRANSTORNOS IMUNIT. 35 1,2 34 1,3 0,1 0,693 TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS 46 1,5 24 0,9 -0,6 0,033 DEMAIS DOENÇAS** 73 2,5 45 1,7 -0,8 0,053 SINTOMAS, SINAIS E ACHADOS ANORMAIS DE EXAMES CLÍNICOS E LABORATORIAIS CLASSIFICADOS EM OUTRA PARTE Fonte: Relatório de internações por período do prontuário eletrônico do GHC. Acesso em 08 outubro 2013. *Cardiologia, Gastroenterologia, Infectologia, Medicina Interna, Neurologia e Pneumologia. **Doenças do olho e anexos; Doenças do ouvido e da apófise mastoide; Gravidez, parto e puerpério; Algumas afecções originadas no período perinatal; Malformações congênitas deformidades e anomalias cromossômicas; Lesões envenenamentos e algumas consequências de causas externas; Causas externas de morbidade e mortalidade; Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com serviços de saúde. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 10 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição Figura 5. Diferenças nas proporções das hospitalizações conforme CIDCID-10 nos serviços selecionados agrupados. HNSC, 1º semestre 2012 X 1º semestre 2013. Serviços selecionados agrupados: Cardiologia, Gastroenterologia, Infectologia, Medicina Interna, Neurologia e Pneumologia. ** Doenças do olho e anexos; Doenças do ouvido e da apófise mastoide; Gravidez, parto e puerpério; Algumas afecções originadas no período perinatal; Malformações congênitas deformidades e anomalias cromossômicas; Lesões envenenamentos e algumas consequências de causas externas; Causas externas de morbidade e mortalidade; Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com serviços de saúde. Taxas de mortalidade no primeiro semestre de 2012 e de 2013 Houve redução significativa da taxa de mortalidade hospitalar entre todos os serviços do HNSC, comparando a taxa obtida no 1º semestre de 2012 com a obtida no mesmo período em 2013 (7,8% X 7,0%). Entretanto, ao agruparmos os serviços selecionados houve aumento na taxa de mortalidade ao compararmos estes períodos (7,2% X 7,8%) sem significância estatística (tabela 6/figura 6). Ao compararmos as taxas de mortalidade de cada serviço nos dois períodos observamos aumento não significativo nos serviços de Cardiologia, Medicina Interna e Neurologia, enquanto que nos demais serviços houve redução não significativa. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 11 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição Tabela 6 – Comparação das taxas de mortalidade hospitalar de cada serviço, dos serviços selecionados e de todos os serviços. HNSC, 1º semestre de 2012 e 2013. SERVIÇOS Nº de óbitos Nº de egressos Tx mortalidade (%) Nº de óbitos Nº de egressos Tx mortalidade (%) RR P Cardiologia 10 559 1,8 11 462 2,4 1,3 0,66 Gastroenterologia 19 354 5,8 13 319 4,1 0,7 0,54 Infectologia 20 335 6,0 13 332 3,9 0,6 0,29 Medicina Interna 160 1685 9,5 186 1644 11,3 1,2 0,09 Neurologia 10 294 3,4 11 249 4,4 1,3 0,69 Pneumologia 41 374 11,0 24 297 8,1 0,7 0,26 260 3601 7,2 258 3303 7,8 1,1 0,37 1080 13883 7,8 918 13063 7,0 0,9 0,02 Pneumologia 2013 Neurologia 2012 Total de egressos nos serviços selecionados, incluindo transferências Total de egressos no HNSC HNSC excluindo as transferências entre os serviços Fonte: Indicadores hospitalares do prontuário eletrônico GHC. Acesso em 09 outubro 2013. 3 P=0,09 2 1 -4 HNSC Serviços selecionados Medicina Interna -3 Infectologia -2 Gastroenterologia -1 Cardiologia 0 P=0,02 Diferenças entre proporções (%) Figura 6. Diferenças das taxas de mortalidade hospitalar hospitalar do HNSC, dos serviços selecionados e agrupados, conforme o CIDCID-10, 1º semestre 2012 X 1º semestre 2013. Serviços selecionados agrupados: Cardiologia, Gastroenterologia, Infectologia, Medicina Interna, Neurologia e Pneumologia. Fonte: Indicadores hospitalares do prontuário eletrônico GHC. Acesso em 09 outubro 2013. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 12 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição Avaliação dos escores de comorbidades Charlson nos dois períodos Inicialmente foram identificadas as proporções de hospitalizações com realização do índice de comorbidade Charlson em relação ao total de egressos dos serviços estudados no primeiro semestre de 2012 e de 2013 (tabela 7). Observamos menor proporção de realização do escore no serviço de Gastroenterologia, Cardiologia e Medicina Interna e estas perdas devem ser consideradas na interpretação da análise destes serviços, principalmente nos dois primeiros. Tabela 7 – Proporção de realizações de índice de comorbidade Charlson. HNSC primeiro semestre de 2012 e 2013. 2012 2013 Nº de realizações de ICC / Proporção Proporção de realização Nº de realizações de ICC / Proporção de realização SERVIÇOS Nº egressos ICC (%) Nº egressos ICC (%) Cardiologia 440/559 78,7 345/462 74,7 Gastroenterologia 266/354 75,1 208/319 65,2 Infectologia* 576/335 - 586/332 - Medicina Interna 1392/1685 82,6 1323/1644 80,5 Neurologia 251/294 85,4 222/249 89,2 Pneumologia 317/374 84,2 249/297 83,8 Total de egressos nos serviços selecionados, incluindo transferências 3242/3601 3242/3601 90,0 2933/3303 2933/3303 88,8 Total de egressos no HNSC excluindo as transferências entre os serviços 7055/13883 50,8 6544/13063 50,1 Fonte: Estatística Indice de Comorbidade e Indicadores do prontuário eletrônico GHC. ICC=Indice de Comorbidade Charlson. *No serviço de Infectologia há mais avaliações do índice do que hospitalizações porque, possivelmente, na Estatística Indice Comorbidade estão incluídos os atendimentos do hospital dia. Ao avaliarmos as medianas do escore de comorbidade Charlson entre o total de hospitalizações do HNSC e entre os serviços selecionados agrupados o teste demonstrou diferença significativa do escore nos dois períodos embora as medianas tenham permanecido em 4 dias (tabela 8). A ausência de modificação nas medianas de escore obtidas na comparação entre o total das hospitalizações do HNSC e nos serviços agrupados poderia ser explicada porque a Medicina Interna apresenta maior número de hospitalizações e houve um aumento significativo no escore de comorbidade no serviço, interferindo na análise global, mesmo com medianas iguais. Ao compararmos as médias do escore de comorbidade na figura 7 observamos que os intervalos de confiança não se interseccionam, sugerindo que estes escores são diferentes, ou seja, em 2013 a média do escore de comorbidade foi significativamente maior. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 13 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição Nos serviços de Cardiologia, Gastroenterologia e Medicina Interna as medianas do escore de comorbidade Charlson foram significativamente maiores em 2013. Houve redução das medianas de escore de comorbidade no serviço de Neurologia no período avaliado. No serviço de Infectologia e Pneumologia não foram observadas diferenças de medianas do escore no período. Tabela 8 – Comparação das medianas de escore de comorbidades Charlson entre hospitalizações no HNSC, 1º semestre 2012 e 2013. 2012 2013 Percentis Nº média± média±DP Amplitude 25% SERVIÇOS 440 3,1±2,4 (0 – 13) Gastroenterologia 266 2,5±3,0 Infectologia 576 6,1±2,0 Medicina Interna 1392 Neurologia Pneumologia Total serviços selecionados avaliações avaliações de escore nos períodos 75% Nº média± média±DP Amplitude 25% (mediana) Cardiologia Total hospitalizações HNSC com 50% Percentis Percentis 50% 75% P (mediana) 1,0 3,0 5,0 345 3,7±2,5 (0 – 11) 2,0 4,0 5,0 <0,0001 (0 – 13) 0 1,0 5,0 208 3,2±3,3 (0 – 15) 6,0 6,0 7,0 586 6,2±1,5 (0 – 16) 0 3,0 5,0 0,019 (0 – 17) 6,0 6,0 6,0 0,226 4,1±3,2 (0 – 16) 1,0 4,0 6,0 1323 4,7±3,5 (0 – 18) 1,0 5,0 7,0 <0,0001 251 4,1±2,9 (0 – 13) 2,0 4,0 6,0 317 4,4±3,2 (0 – 14) 2,0 4,0 6,0 222 3,2±2,8 (0 – 12) 0 3,0 5,0 0,001 249 4,0±3,2 (0 – 14) 2,0 4,0 6,0 0,163 3242 4,2± 4,2±3,1 (0 – 16) 2,0 5,0 6,0 3933 4,6± 4,6±3,1 (0 – 18) 2,0 5,0 6,0 <0,0001 7055 3,4± 3,4±3,1 (0 – 17) 0 3,0 6,0 6544 3,7± 3,7±3,3 (0 – 18) 0 3,0 6,0 0,001 Fonte: Estatística Indice de Comorbidades do prontuário eletrônico do GHC. Acesso em 03 Outubro 2013. Figura 7. Intervalo de confiança das médias de escore de comorbidade comorbidade Charlson. HNSC, primeiro semestre de 2012 X primeiro semestre de 2013. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 14 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição P<0,0001 P=0,019 P<0,0001 P<0,0001 P=0,001 P=0,001 Figura 8. Medianas e diferenças de medianas de escore de comorbidade Charlson entre hospitalizações no HNSC, 1º semestre de 2012 e 2013. Avaliação do escore de complexidade do cuidado Perroca Inicialmente foram identificadas as proporções de hospitalizações com realização do escore Perroca primeira avaliação do paciente em relação ao total de egressos dos serviços estudados (tabela 9). Tabela 9 – Proporção de realizações de índice de Complexidade do Cuidado Perroca. HNSC, 2012 e 2013 (primeiros semestres). 2012 2013 Nº de realizações de Proporção de SERVIÇOS ICCP/Nº egressos realização ICCP (%) Cardiologia 438/559 78,4 391/462 84,6 Gastroenterologia 316/354 89,3 274/319 85,9 Infectologia Nº de realizações de Proporção de ICCP/Nº egressos realização ICCP (%) 301/335 89,9 281/332 84,6 1522/1685 90,3 1284/1644 78,1 Neurologia 269/294 91,5 221/249 88,8 Pneumologia 341/374 91,2 275/297 92,6 Total de egressos nos serviços selecionados, incluindo transferências 3187/3601 3187/3601 88,5 2726/3303 2726/3303 82,5 Total de egressos no HNSC excluindo as transferências entre os serviços* 6808/13883 49,0 6553/13063 50,2 Medicina Interna Fonte: Estatística Indice de Complexidade do Cuidado e Indicadores do prontuário eletrônico GHC. ICCP=Indice de Complexidade do Cuidado Perroca. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 15 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição Houve menor proporção de realização do escore Perroca no serviço de Cardiologia, em 2012, e na Medicina Interna, em 2013, e estas perdas devem ser consideradas na interpretação dos resultados. A média de escore Perroca aumentou significativamente na Cardiologia enquanto que nos serviços de Infectologia e Medicina Interna houve redução significativa. Ao avaliarmos todos os serviços selecionados houve redução significativa do escore Perroca, entretanto a redução do escore observada em todos os serviços do HNSC, com avaliação deste escore nestes períodos, não se modificou significativamente (tabela 10). Tabela 10 – Comparação das médias de escore de complexidade do cuidado Perroca entre hospitalizações. HNSC, 1º semestre 2012 e 2013. 2012 2013 dif P 13 - 50 2,2 0,001 22,1±8,6 13 - 52 0,03 0,966 24,9±8,9 13 - 53 -2,3 0,004 1284 29,5±11,6 13 - 56 -2,3 <0,0001 221 28,5±11,5 13 - 56 0,6 0,607 13 - 52 275 23,7±9,3 13 - 54 -0,4 0,610 28,2± 28,2±11,5 13 - 60 2726 27,2± 27,2±10,8 10,8 13 - 56 -1,0 <0,0001 25,6± 25,6±10,2 13 - 63 5553 25,4± 25,4±9,7 13 - 63 -0,2 0,265 Nº média± média±DP Amplitude Nº média± média±DP Amplitude Cardiologia 438 24,7±9,3 13 - 51 391 26,8±9,0 Gastroenterologia 316 22,1±8,7 13 - 57 274 Infectologia 301 27,1±10,3 13 - 55 281 Medicina Interna 1522 31,8±11,9 13 - 60 Neurologia 269 27,9±12,0 13 - 57 Pneumologia 341 24,1±9,5 Total serviços selecionados 3187 6808 Total hospitalizações HNSC com avaliações de escore nos períodos Fonte: Estatística Indice de Complexidade do Cuidado do prontuário eletrônico do GHC. Acesso em 03 Outubro 2013. Entre o total de hospitalizações do HNSC os escores de complexidade do cuidado intensivos ou semi-intensivos foram significativamente menores em 2013 comparados aos encontrados no primeiro semestre de 2012 (11,8% X 9,9%). Quando avaliamos os serviços selecionados agrupados também observamos redução significativa dos cuidados intensivos ou semi-intensivos em 2013 comparados ao mesmo período de 2012 (19,3% X 15,3%). Na Infectologia houve redução significativa da proporção de hospitalizações com escores intensivos ou semi-intensivos quando comparamos as hospitalizações do primeiro semestre de 2013 com 2012 (14,6% X 7,5%). Na Medicina Interna houve redução significativa tanto na categoria de cuidados intensivos ou semiintensivos (28,3% X 22,1%) quanto na categoria de cuidados intermediários (30,7% X 28,9%) em 2013 comparado com 2012. Apenas na Cardiologia houve aumento significativo da proporção de cuidados intermediários quando comparamos os dois períodos estudados (25,6% X 37,1%) (tabela 11). BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 16 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição Tabela 11 – Comparação das proporções das avaliações dos tipos de cuidados, conforme escore de complexidade do cuidado Perroca entre hospitalizações no HNSC, primeiro semestre de 2012 X primeiro semestre de 2013. 2012 (n=3187) 2013 (n=2726) Intensivos Intensivos Intensivos ou SemiSemi- Intermediários Mínimos ou SemiSemi- intensivos Intermediários Mínimos intensivos Serviços Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % P Cardiologia 38 8,7 112 25,6 288 65,8 35 9,0 145 37,1 211 54,0 0,001 Gastroenterologia 18 5,7 58 18,4 240 75,9 17 6,2 48 17,5 209 76,3 0,777 Infectologia 44 14,6 83 27,6 174 57,8 21 7,5 74 26,3 186 66,2 0,03 Medicina Interna 431 28,3 468 30,7 623 40,9 283 22,1 371 28,9 630 49,1 <0,0001 Neurologia 53 19,7 74 27,5 142 52,8 41 18,6 73 33,0 107 48,4 0,158 Pneumologia 30 8,8 75 22,0 236 69,2 20 7,3 64 23,3 191 69,5 0,565 614 19,3 870 27,3 1703 53,4 417 15,3 775 28,4 1534 56,3 <0,0001 800 11,8 1710 25,1 4298 63,1 553 9,9 1453 26,2 3547 63,9 0,005 Total serviços selecionados Total hospitalizações HNSC com avaliações de escore nos períodos Fonte: Estatística Indice de Complexidade do Cuidado do prontuário eletrônico do GHC. Acesso em 03 Outubro 2013. Discussão e Conclusão O Ministério da Saúde preconiza como indicadores de internação, a média de permanência,a taxa de ocupação e a mortalidade hospitalar (Ministério da Saúde – MS Secretaria de Atenção à Saúde – SAS Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas – DRAC Coordenação Geral de Regulação e Avaliação – CGRA). Inicialmente, é necessário enfatizar que na avaliação do indicador tempo de permanência é mais adequado utilizarmos a mediana como sumarização da informação em vez de média, devido à grande amplitude observada no tempo de permanência dos pacientes nos serviços estudados do HNSC, principalmente na Neurologia (1 a 198 dias) e Medicina Interna (0 a 175). Os serviços selecionados demonstraram uma redução no tempo de permanência, de 2012 para 2013, mas a mesma não foi suficiente para determinar impacto em todo o hospital, pois os demais serviços devem ter aumentado o seu tempo de permanência neste período e o agrupamento dos serviços estudados representa 24,4% do total de hospitalizações do HNSC. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 17 Avaliação de Serviços de Saúde Hospital Nossa Senhora Senhora da Conceição Entretanto, mesmo que a meta de taxa de ocupação da Emergência não tenha sido alcançada, a redução foi importante, o que demonstra a necessidade de implementar outras ações em saúde. Quando avaliamos o indicador proporção de hospitalizações conforme CID-10, identificamos um aumento das hospitalizações por neoplasias, que foi mais acentuada nos serviços estudados agrupados (3,5%) do que no HNSC (0,9%). Esta tendência de aumento nas hospitalizações por neoplasias também foi observada no Brasil (1). Portanto, este pode ser um dos fatores que poderia ser objeto de ações em saúde para atingir um tempo de permanência menor nos setores de hospitalização mediante a otimização do tempo para estabelecer o diagnóstico e o início do tratamento das neoplasias malignas. Em relação ao indicador taxa de mortalidade hospitalar, observamos que nos serviços estudados agrupados houve aumento da gravidade do paciente, inferida a partir do escore de comorbidade Charlson, mas não houve diferença significativa na taxa de mortalidade hospitalar destes serviços. Consequentemente, a redução observada na taxa de mortalidade hospitalar do HNSC pode ter sido determinada pela redução da taxa de mortalidade dos demais serviços não avaliados. Este estudo aponta que o escore tem aplicabilidade na avaliação dos serviços quanto aos seus processos de saúde e desempenho, pois pode corrigir um importante fator de confusão, que é a gravidade do paciente, assim como demonstrado em outros estudos (4,5,6). Para qualificarmos a especificidade de indicadores hospitalares o escore de comorbidade e o de complexidade do cuidado Perroca podem ser úteis em avaliações mais detalhadas da mortalidade associada a determinados diagnósticos mais frequentemente encontrados na instituição (7,8). A análise de dados secundários apresenta limitações para as inferências, mas é uma informação que pode ser rapidamente disponível para o monitoramento e avaliação das tendências da situação dos atendimentos hospitalares. A divulgação periódica do monitoramento deste indicador aos profissionais de saúde poderia contribuir para a qualificação deste dado no momento do seu preenchimento no laudo de hospitalização. Aos indicadores preconizados pelo Ministério da Saúde é importante agregarmos outros que possam refletir os processos envolvidos na dinâmica das hospitalizações de uma instituição de alta complexidade. Uma avaliação epidemiológica das tendências das hospitalizações elegendo os indicadores proporção das hospitalizações, assim como as taxas de mortalidade específicas por CID-10, faixa etária e sexo, torna-se essencial para o planejamento das ações ao médio e longo prazo. Concluindo, os serviços selecionados apresentaram resposta ao objetivo de reduzir o tempo de permanência, com consequente redução da taxa de ocupação da emergência e sem prejuízo na assistência, uma vez que mesmo com aumento da gravidade dos pacientes não houve modificação da taxa de mortalidade. Neste cenário devemos avaliar se há possibilidade de maior redução deste tempo nestes serviços ou promover ações em outros setores. Colocar SISTEMAS internacionais (qiproject, AHRQ, NNISS) E nacionais (proadess) ??? BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 18 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição Referências bibliográficas 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil 2011: uma análise da situação de saúde e a vigilância da saúde da mulher / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação de Saúde. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012. 444 p. 2. Paim J, Travassos C, Almeida C, Bahia L, Macinko J. O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios. Saúde no Brasil 1. The Lancet. Maio 2011. Disponível em www.thelancet.com. Acesso em 08 Outubro 2013. 3. Ministério da Saúde – MS. Secretaria de Atenção à Saúde – SAS. Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas – DRAC. Coordenação Geral de Regulação e Avaliação – CGRA. Caderno do Programa Nacional de Avaliação dos Serviços de Saúde (PNASS). Edição 2004/2005. Disponível em: http://pnass.datasus.gov.br/documentos/CADERNO_PNASS.pdf. Acesso em 08 Outubro 2013. 4. Nelson Iucif Jr e Juan S Yazlle Rocha. Estudo da desigualdade na mortalidade hospitalar pelo índice de comorbidade de CharlsonRev Saúde Pública 2004; 38(6):780-6. 5. Martins M, Blais R, Navarro de Miranda N. Avaliação do índice de comorbidade de Charlson em internações da região de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(3):643-652, mar, 2008. 6. Quan H, Li B, Couris CM, Fushimi K et. al. Updating and Validating the Charlson Comorbidity Index and Score for Risk. American Journal of Epidemiology. 173 (6):2011. 7. Schmidt M, Jacobsen JB, Lash TL, Bøtker HE, Sørensen HT. 25 year trends in first time hospitalisation for acute myocardial infarction, subsequent short and long term mortality, and the prognostic impact of sex and comorbidity: a Danish nationwide cohort study. BMJ 2012;344:e356. 8. Perroca MG, Gaidzinski RR. Instrumento de Perroca para la clasificación de pacientes: test de fiabilidad por la concordancia entre los evaluadores correlación. Rev Esc Enferm USP 2002; 36(3): 245-52. 245. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 19 Avaliação de Serviços de Saúde: Hospital Nossa Senhora da Conceição Diretoria do GHC Diretor-Superintendente – Carlos Eduardo Nery Paes Diretor Administrativo e Financeiro - Gilberto Barichello Diretor Técnico - Paulo Ricardo Bobek Gerência de Internação do HNSC Elisabete Storck Duarte Equipe do NHE/HNSCNHE/HNSC-HCC Ivana R. S. Varella (Pediatra e Epidemiologista), responsável técnica Patricia Fisch (Médica Infectologista, Mestre em Epidemiologia) Carina Guedes Ramos (Médica Infectologista, Mestre em Epidemiologia) Ângela Piccoli Ziegler (Médica Infectologista) Andréia Rejane Stippe da Rosa (Enfermeira) Ângela dos Santos Trindade (Auxiliar de Enfermagem) Angela Cristina Amaral dos Santos (Técnica de Enfermagem) Eidryan Denisieski Vieira (Técnico de Enfermagem); Fábio Dias Misturini (Enfermeiro) Ilda Maria Germano Martins (Técnica de Enfermagem) Eder Junior Silva dos Santos (Auxiliar Administrativo) Maria da Glória Accioly Sirena (Médica de Família e Comunidade) Paulina Rosa de Marco Crestani (Técnica de Enfermagem); Raquel Carara (Técnica de Enfermagem) Estagiá Estagiárias do Curso de Bacharelado em Saúde Coletiva, Análise de Políticas em Sistemas de Saúde, UFRGS Ingrit Medeiros Seehaber Marcela Silvestre Para obter fichas de notificação no prontuário eletrônico – repositório de documentos do GHC – vigilância epidemiológica – Núcleo Hospitalar de Epidemiologia – fichas de notificação Núcleo Hospitalar de Epidemiologia HNSC-HCC: Fones: 3357 2091 ou 2744 [email protected] BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 18 Abril/2014 20