Carta de Águas e Florestas do Estado do Rio de Janeiro Conscientes de que a água é um ponto central e unânime no debate sobre a sustentabilidade, e de que, historicamente, vem se provando o papel fundamental das florestas na administração deste recurso na biosfera, organizações não-governamentais, representantes de governos municipais, dos comitês de bacia hidrográfica e da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, reunidos no 1° Encontro Estadual de Águas e Florestas do Rio de Janeiro, vêm expor para toda a sociedade fluminense os caminhos consensuados neste encontro, e que buscarão unificar a luta pela conservação deste recurso essencial para a vida, mas que vem se tornando cada vez mais escasso. Na natureza - sobretudo no contexto do Bioma Mata Atlântica - a floresta cumpre uma função fundamental na interceptação, infiltração e administração da umidade no solo, abastecendo os lençóis e aqüíferos que, por sua vez, brotam na forma de nascentes que formam os corpos d’água. As plantas constituem alimento e abrigo para a fauna e suas raízes mantêm o solo. Este conjunto de interações ecológicas influencia diretamente o clima e o conjunto da biomassa florestal constitui um imenso estoque de carbono. Todas estas funções ecológicas da floresta constituem serviços ecossistêmicos fundamentais para a vida, para as atividades econômicas e para o lazer da população: água abundante e em qualidade, solos férteis, manutenção da biodiversidade, espaços de recreação, belezas cênicas e um clima estável. No entanto, tradicionalmente, estes serviços ecossistêmicos não têm valor na nossa economia e, por isso, os investimentos necessários à sua manutenção ou recuperação (no caso da exploração destes recursos) não vem sendo suficientemente incluídos na formação dos preços dos produtos, e constam nos orçamentos públicos e privados de forma incipiente. Entendemos que a valoração dos custos de manutenção destes serviços e a sua inclusão no planejamento econômico do Estado e das empresas constitui elemento fundamental para a correção de equívocos econômicos que têm sido praticados e que nos levaram a um contexto de profunda crise ecológica e social. Destacamos, neste processo, a importância da gestão pública e descentralizada das Águas e Florestas, por meio da implementação de Comitês de Bacia Hidrográfica e seus instrumentos de gestão, cujas estruturas devem espelhar a sua importância estratégica para a conservação do elemento essencial para a vida, que é a Água. Neste sentido, enfatizamos a importância de uma política e programas públicos articulados ao Pacto do Saneamento, que sejam voltados para a Revitalização dos Mananciais. Estes programas devem buscar como princípio a conservação e recuperação desta relação entre a Floresta e Água, tendo como instrumentos a conservação e restauração de florestas em áreas prioritárias, o fortalecimento e ampliação do ICMS Ecológico e o Pagamento por Serviços Ambientais. Ao integrar estas ações, temos a convicção de que conseguiremos rapidamente estruturar uma economia e um mercado verde no estado, que gera renda e trabalho para milhares de pessoas e que reverte o atual quadro de degradação socioambiental que ameaça aprofundar a crise entre demanda e oferta de Água e de outros serviços ecossistêmicos no estado. Ressaltamos que esta política de valorização dos serviços de conservação da Água e da Floresta deve ser transversal em toda a economia, e não apenas se limitar às pastas ambientais, às agendas azuis ou verdes da economia pública e privada, pois seus efeitos são tão abrangentes quanto fundamentais para o desenvolvimento da sociedade fluminense em todos os aspectos. 1° ENCONTRO ESTADUAL DE ÁGUAS E FLORESTAS DO RIO DE JANEIRO 24 e 25 de agosto de 2010, Fábrica do Conhecimento, Paracambi, RJ Instituto Terra de Preservação Ambiental, Instituto Bioatlântica, Associação Mico-Leão-Dourado, Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Rede Brasileira Agroflorestal, Consórcio Intermunicipal Lagos de São João, Conservação Internacional, TNC do Brasil, APN, Orbe Sustentável, Instituto Ambiente Conservacionista Quinto Elemento, Sociedade Angrense de Proteção Ecológica, Crescente Fértil, Esperança Verde, Fundação SOS Mata Atlântica, Associação Maluco Sonhador, Centro de Valorização do Homem e da Natureza, ISABI, APEDEMA-RJ, FBOMS, Forum Permanente da Agenda 21 Local de São Gonçalo, Forum Brasileiro de ONGs para o Desenvolvimento Sustentável, Associação de Preservação Ambiental das Lagunas de Araruama, Ambiente Brasil, Agenda 21 de Vargem Grande, Acampar, Amigos do PARNA Jurubatiba, Onda Verde, DAMGEMT, Associação de Moradores do Bairro da Fazenda, Parque das Mudas/Sacra Família, Sindicato Estadual de Educação de Seropédica, Casa da Cultura de Mendes, Rádio Popular de Paracambi, Associação Comercial de Seropédica, INMETRO, Prefeitura Municipal de Paracambi, Prefeitura Municipal de Paulo de Frontin, Prefeitura Municipal de Miguel Pereira, Prefeitura Municipal de Rio Claro, Prefeitura Municipal de Piraí, Prefeitura Municipal de Porto Real, Prefeitura Municipal de Cachoeiras de Macacu, Prefeitura Municipal de Macaé, Prefeitura Municipal de Casimiro de Abreu, Prefeitura Municipal de Silva Jardim, Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, Prefeitura Municipal de Quissamã, Prefeitura Municipal de Volta Redonda, Prefeitura Municipal de Belfort Roxo, Prefeitura Municipal de Resende, Prefeitura Municipal de Teresópolis, Prefeitura Municipal de Barra Mansa, Prefeitura Municipal de Itatiaia, Prefeitura Municipal de Varre-Sai, EMATER-Rio, Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública-RJ, Batalhão de Polícia Florestal e Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, Parque Estadual da Serra da Concórdia, Instituto Estadual do Ambiente, Secretaria de Estado do Ambiente, Conselho Regional de Química – IFRJ, CEDAE, FURNAS, BNDES, e alunos do CEDERJ, IST/Paracambi, IFRJ, Unigranrio, UFRRJ, UNIG, USS-FIOCRUZ, Universidade Estácio de Sá, Universidade Severino Sombra, UNIRIO, UERJ, UNIFOA, FACNEC, Universidade Castelo Branco, Uniabreu, Faculdade Cenecista de Itaboraí e Fundação Técnico Educacional Souza Marques.