A MICROALGA MARINHA NANNOCHLOROPSIS SP. AUMENTO DA PRODUTIVIDADE DE COMPOSTOS DE INTERESSE Telma Encarnaçãoa* , Hugh D. Burrowsa, Alberto Canelas Paisa, Maria da Graça Camposb aDepartamento de Química da Universidade de Coimbra 3004-535 Coimbra, Portugal bFaculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra, Pólo das Ciências da Saúde 3000-548 Coimbra, Portugal Resumo O efeito das concentrações de nitratos e fosfatos na composição química e bioquímica dos produtos da microalga marinha Nannochloropsis sp. foi investigado. A resposta das microalgas, em relação às concentrações de nitratos e de fosfatos, leva a alterações nas quantidades de clorofila a, carotenóides totais, ferro e magnésio. Os carotenóides totais apresentaram-se em maior quantidade quando as populações microalgais foram cultivadas em baixa concentração de fosfatos e não apresentaram variação com a concentração de nitratos. A clorofila a aumentou com o aumento da concentração de azoto e com a diminuição de fósforo. Registou-se um aumento no teor de ferro assimilado pelas células em presença de elevadas concentrações de nitratos e nenhuma alteração com diferentes concentrações de fosfatos. A quantidade relativa de magnésio não foi afectada significativamente pela manipulação do meio de cultura. Foi ainda avaliada a actividade antioxidante da microalga Nannochloropsis sp., recorrendo-se ao método de captação do radical DPPH●, obtendo-se valores na ordem dos 300 µg/ml. Adicionalmente, por RMN, registou-se um elevado grau de insaturação do extracto lipídico. A produção de biomassa cultivada com ar atmosférico e a cultivada com uma fonte suplementar de CO2 foi avaliada. O emprego de uma fonte suplementar de CO2 resultou num significativo aumento da quantidade de biomassa. Objectivo Este estudo teve como objectivo: determinar o efeito da manipulação do meio de cultura nas concentrações produzidas de carotenóides totais, clorofila a, ferro e magnésio; determinar a actividade antioxidante e o grau de insaturação de extractos lipídicos da Nannochloropsis sp. ; comparar a biomassa produzida em cultivos com ar atmosférico com a produzida em cultivos com suplemento de CO2 ; optimizar as respostas do sistema aplicando design experimental. Figura 1 Microfotografia óptica de Nannochloropsis sp.. As equações abaixo descrevem o comportamento do sistema relativamente à resposta na quantidade de carotenóides totais, clorofila a, ferro e magnésio: Chl a=439.9+35.3[NaNO3] -118.4[KH2PO4]-30.2[NaNO3][KH2PO4] Carotenoides Totais=321+5.9 [NaNO3] -74.9[KH2PO4]-10.7 [NaNO3][KH2PO4] Fe=3.4+0.5[NaNO3] – 0.04[KH2PO4]-0.07[NaNO3][KH2PO4] Mg=80.7+0.5[NaNO3] + 0.7[KH2PO4]-7.3[NaNO3][KH2PO4] É de notar, em particular, o elevado valor do coeficiente relativo ao efeito dos nitratos na concentração de ferro. O coeficiente que reflecte a influência dos fosfatos na produção de clorofila a e de carotenóides totais indica que o respectivo efeito é igualmente relevante. Por fim, surge algum ênfase na interacção entre fosfatos e nitratos que provoca alguma alteração não trivial nas quantidades de magnésio, como evidencia o respectivo coeficiente. Conclusões Populações microalgais são sistemas com muitos factores interrelacionados e de difícil controlo. O design experimental é uma ferramenta extremamente útil e eficaz na previsão e elucidação destes complexos sistemas. Os carotenóides totais aumentam com a diminuição da concentração de fosfatos. A clorofila a aumenta com a diminuição da concentração de fosfatos e com o aumento da concentração de nitratos. O teor em ferro varia com a concentração de nitratos e não é afectado pela concentração de fosfatos. A actividade antioxidante da microalga Nannochloropsis sp. é de 300 µg/ml e o grau de insaturação do extracto lipídico é 0.77. A adição de CO2 às culturas microalgais promoveu um notório aumento da biomassa. Os resultados deste estudo mostram que a manipulação do meio de cultura em cultivos de microalgas apresentam um grande potencial, com vista a uma maior produtividade na obtenção de compostos de interesse. Contacto * Email : [email protected] Figura 2 Microfotografia de fluorescência de Nannochloropsis sp.. Agradecimentos Os autores agradecem ao Prof. Rocha Gonçalves e Dr. Teresa Morgado, AEMITEQ e a contribuição e assistência de Dr. Luísa Ramos e Dr . Simone Ferreira