POLITICAS SOCIAIS DE JUVENTUDE NA ARGENTINA jovem “perigoso” versus Jovem “estratégico de desenvolvimento” Graciela Noemí Ramirez 1 Resumo: No presente artigo indica-se o contexto em que as políticas focalizadas para a juventude começam a implementar-se na Argentina na década de 90. A principal atenção esta na identificação das visões dessas políticas: a) o jovem e o mundo do trabalho, b) o jovem em “risco” e como “perigo” para a sociedade c) o jovem como “agente estratégico” de desenvolvimento. Finalmente, indica-se o poder do Estado para “construir” sujeitos e destaca-se que o estudo nesta perspectiva permite refletir sobre as ligações entre Estado e Sociedade. Palavras-chave: Políticas públicas, políticas sociais, políticas de Juventude, políticas focalizadas, Estado, juventude, Argentina. Abstract: The present article addresses the context in which policies targeted towards young people begin to be implemented in Argentina during the 90s. The main focus lays on identifying the guidelines for these policies: a) young people and the work world, b) the young person under "risk" and as a "danger" for society, and c) young people as "strategic development agents". Finally attention is drawn to the State's power to "construct" individuals, and emphasizes that the study in this perspective allows a reflection on the link between the State and Society. Key words: Public policies, social policies, youth policies, targeted policies, State, youth, Argentina. 1 Estudante. Universidade [email protected] Federal do Maranhão. E-mail: [email protected], INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, os jovens se configuraram como alvos das políticas sociais e, em especial, a partir do ano de 1985, momento proclamado pelas Nações Unidas como “Ano Internacional da Juventude”. Desde esse anúncio, a conceituação da juventude como um grupo social distinto, reflete-se nas políticas de Estado, tanto na criação de áreas específicas da juventude nos diferentes níveis de governo como no desenvolvimento de programas dirigidos exclusivamente aos jovens. Nesse contexto, na Argentina no ano 1987 se cria a “Dirección Nacional de Juventud” (DINAJU) Se bem os jovens eram objeto de intervenção nas décadas que precedem à década dos noventa, é a partir desta data que esta faixa etária começa a emergir como um assunto de política social, como sujeito das políticas sociais. Nesta década identifica-se as intervenções sociais do Estado, implementa-se políticas focalizadas2 para este grupo. O que interessa olhar e pensar é como aparecem estes sujeitos de políticas sociais, quais são as problemáticas associadas a dito grupo e quais são as soluções que oferece o Estado através das políticas para minimizar essas problemáticas. Nesse sentido, a tal inquietude se pode identificar através da pesquisa bibliográfica que as políticas são orientadas3 a três fenômenos: a) O relacionamento dos jovens e o mundo do trabalho b) A identificação do jovem como “perigo social”, a juventude como população de risco e, c) Os jovens como “agentes estratégicos” de desenvolvimento. 2 Note-se também que a visibilidade da juventude nas políticas públicas ocorre no contexto de uma maior complexidade do processo de mudanças sociais, econômicas e culturais, em que a "focalização" é o princípio em que estão baseadas as políticas sociais na década de 1990. Este princípio teve duas finalidades, uma "social" que visa uma identificação precisa das necessidades dos diferentes grupos populacionais afetados pela pobreza para sua devida atenção por parte de programas específicos, e outra "econômica", com vista a uma aplicação eficiente dos recursos públicos ". Barreto, M; Benites, M; Attias, M (s / d) 3 As seguintes orientações não significam que as políticas implementadas encontram-se em uma ou outra de maneira íntegra, sino que prevalecem mais elementos de uma ou outra linha, por isso é que falamos de orientações. 1- OS VETORES DA INTEGRAÇÃO SOCIAL: EDUCAÇÃO E TRABALHO Historicamente a passagem pelo sistema educativo e o acesso a um trabalho eram os vetores que dirigiam ao muito desejado estádio de “integração social”. Mas também eram os meios pelos quais se podia ter “mobilidade social ascendente”. Na Argentina a passagem por estas instituições: escola e mercado do trabalho conduziam a um progresso que se movia de geração em geração. Mas esta situação começou a mudar drasticamente na década dos 90 entrando em crise. Agora analisemos estes vetores em decadência e em relação com o grupo etário estudado. Em quanto à educação formal se manifesta a partir dos anos 80 um significativo fenômeno de massificação da matrícula do ensino médio, que significou um aumento nos anos de estudo da população ativa. Mas a expansão das credenciais educativas requeridas para a incorporação ao mundo do trabalho, em combinação com as menores oportunidades de emprego, fez uma perda do valor relativo das credenciais que brinda o sistema educativo no mercado do trabalho. Por outro lado, a massificação da matrícula, em um contexto geral de recursos escassos gerou processos de segmentação do sistema educativo, com o conseqüente acesso diferencial a qualidades educativas divergentes. Existem cada vez mais dificuldades para que os jovens que são de famílias com escassos recursos tenham a possibilidade de acesso a uma educação de qualidade e à altura das exigências formativas que impõe a profissionalização da estrutura produtiva atual. Com respeito ao emprego, a partir de mediado dos anos 90 se visualizam baixas na taxa do mesmo. E durante toda a década efetuarem-se mudanças na estrutura do mercado do trabalho. Mais membros da família entram no mercado do trabalho, especialmente jovens e mulheres. Além disso, se dão em dos processos simultâneo: flexibilidade e precariedade do trabalho, cresce o setor informal de emprego e aumenta também a sub-ocupação. Então, não é só questão de “estar” ou “não” empregado, são as condições em que se está imerso nesse mercado. A idade, o sexo e a escolaridade influem de maneira significativa no ingresso ao mercado do trabalho, sua permanência e as condições. Assim, segundo diversas pesquisas sobre o tema, a probabilidade que um jovem se encontre desempregado vis à vis do trabalhador adulto é de 2 a 3 vezes maior. Entre os jovens, o desemprego se concentra na primeira etapa da juventude (a adolescência) A maior parte dos jovens desempregados vem de famílias de escassos recursos, muitos dos quais se encontram em situação de pobreza. Gera-se com isso um círculo vicioso de translação inter-geracional da pobreza. Assim, neste período apresenta-se programas sociais que são orientados a minimizar o impacto da desocupação dos jovens. 2- O JOVEM PERIGOSO “VERSUS” O JOVEM AGENTE ESTRATÉGICO DO DESENVOLVIMENTO O contexto de pobreza, a falta de emprego e/o as más condições do trabalho fazem do jovem como um grupo especialmente afetado, como se marcou mais acima. A falta de perspectivas, o aumento da incerteza faz com que a crise estrutural se interprete como uma crise moral e os jovens sejam apresentados como os principais “suspeitos” dos males da sociedade. Realiza-se uma leitura linear entre o aumento da miséria e o incremento dos fatos delitivos. Institui-se uma imagem estigmatizada da juventude, identificando-lhe como um perigo potencial para a sociedade, em quanto é agente danado pela crise. Nesta linha, cria-se programas que tem como finalidade o “controle social”, a vigilância a este grupo. Se bem, nesta visão destaca-se uma idéia sobre a juventude onde enfatiza aspectos negativos, também se identificam políticas nas quais apresenta-se ao jovem com uma visão positiva. Neste tipo de políticas destaca-se a condição de cidadão, se dá um protagonismo e é considerado com capacidade de tomada de decisões. Considera-se os jovens como atores estratégicos nos processos de desenvolvimento econômico e social, onde se orientam políticas que motivam o “voluntariado juvenil.” 3- O ESTADO COMO “CONSTRUTOR” DE GRUPOS SOCIAIS As pessoas se constituem como sujeitos dia a dia, através de sua filiação a diferentes instituições pelo que se considera que essas instituições têm a capacidade de construir a sociedade, de construir sujeitos. Assim, a família, o bairro, a escola (como instituições de socialização), como também as políticas públicas (entre outras instituições como as normas e aparatos jurídicos) fazem a construção do sujeito “jovem”. Através das políticas públicas determina-se quem é jovem em determinada época, quais são suas problemáticas vinculadas, como também a modalidade que se utiliza para sua intervenção. O Estado tem a capacidade de construir sujeitos sociais, de construir esquemas de categorização formalizados, codificados e objetivados. O Estado não só busca monopolizar sua força física como também a força simbólica. Se bem, como argumenta-se ao princípio, o Estado não é a única instituição que tem poder de”identificar”, “nomear”, é o que tem a característica diferencial do resto em quanto apresenta-se ante a sociedade como um “árbitro neutro e imparcial” (Szullik y Kuasnosky, 1996: 224) CONCLUSÂO A “juventude” em quanto objeto de estudo pode-se abordar desde distintas perspectivas. Estas visões e suas respectivas interpretações e esquemas classificatórios constroem uma trama de significações sobre a juventude. E é de grande importância deter nossa atenção nas políticas sociais de juventude que se fossem implementadas nas últimas décadas, dado que a partir deste período se a apresentam de um modo significativo. Os jovens aparecem como pessoas capazes de transformar a realidade circundante e também como grupo característico pelas suas distintas necessidades. Além disso, é necessário remarcar que estudar as políticas sociais de juventude é uma desculpa para falar de nossa sociedade toda e refletir sobre sua ligação com o Estado. REFERENCIAS ALTIMIR, Oscar y BECCARIA, Luis. “El mercado de trabajo bajo el nuevo régimen económico en Argentina” Naciones Unidas, Comisión Económica para América Latina y el Caribe. Serie Reformas Económicas 28, 2005 ÁLVAREZ, Sonia “Categorías, representaciones y mediaciones en las políticas focalizadas”. 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