Catequese A felicidade Solange Maria do Carmo - Assessora da catequese da Paróquia São José De novo o tema da felicidade, tão caro nos tempos atuais. Já repararam como não é incomum alguém nos dar uma notícia que a princípio soa meia estranha sobre um amigo ou parente e a gente logo diz: “Mas ele tá feliz?”. Se ele está feliz, parece valer tudo. Muitos teólogos, sociólogos e outros estudiosos abominam esta característica da pós-modernidade. Chamam-na de hedonista, narcisista, individualista, presentista e todos os istas que pudermos imaginar. Mas será que a busca da felicidade é mesmo um perigo e algo contra o evangelho? Será que a boa-nova de Jesus não é fonte de alegria e paz? Ou a vida cristã deve ser triste e penitente, cada um com sua cruz, sofrendo os males da vida e conformado com a sorte que Deus lhe deu? Vamos dar um passeio pelas Escrituras Sagradas, a bíblia. A felicidade é o projeto de Deus para todos nós. Desde o Livro do Gênesis percebemos isto (cf. Gn 1–2). Ao falar da criação do mundo, o autor sagrado afirma que Deus criou todas as coisas primeiro, preparou um belo jardim, para só depois criar o homem e a mulher e colocá-los nele. Enquanto o povo politeísta – que cultuava muitos deuses – pensava que a vida humana era castigo dos deuses e entendia o mundo como um deserto no qual deveríamos peregrinar aceitando passivamente este destino implacável, o autor do Gênesis mostra que a fé monoteísta pensa diferente: Deus criou o ser humano e viu que era bom, colocou nele o seu sopro, colocou-o num jardim maravilhoso cheio de árvores frutíferas, rios e pedras preciosas. São imagens, símbolos, para dizer como a vida é bela e como a felicidade faz parte dos planos de Deus. Viver é uma dádiva, apesar de suas dores, e não um castigo, uma sina que não podemos evitar. O mundo é belo – como um jardim – e temos elementos para nos proporcionar esta felicidade: água, frutos, pedras preciosas – como preciosa é a vida. E não faltam no Antigo Testamento textos que mostram a importância da felicidade e a palavra de Deus como fonte de alegria e força. O livro do Eclesiástico chega a dizer que a gente não deve entregar a alma à tristeza. Ao contrário, deve buscar a alegria pois ela é a vida da pessoa. E adverte os leitores para tomar muito cuidado, pois a tristeza e a raiva já mataram a muitos, enquanto que a alegria revigorou os ânimos (cf. Eclo 30,22-27). E os Evangelhos? Eles não se cansam de mostrar que a presença de Jesus é boa notícia: “Eis que eu vos anuncio uma boa notícia que será motivo de alegria para todo o povo” (Lc 2,10), escreve Lucas no anúncio do nascimento do menino Jesus aos pastores. E a motivação para a alegria continua. O apóstolo Paulo diz: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (Fl 4,4). E para completar, o papa Francisco escreveu a bela exortação “A alegria do evangelho”. Bem em tempo! Em época em que a felicidade tornou-se um bem precioso atrás da qual todos acorrem, Francisco lembra que o evangelho é fonte de alegria, e que a vida carrancuda não condiz com a proposta de Jesus Cristo. Uma vez que entendemos que a Escritura mostra a vida humana criada para a felicidade, não faz sentido viver atolado na tristeza, como se a felicidade não fosse para nós. Deus nos chama para a felicidade. Esta é nossa vocação e ela se concretiza em Cristo. E o que a catequese tem a ver com isto? Muita coisa! Se a felicidade é vocação do ser humano, é tarefa da catequese transmitir essa alegria. Se nossa catequese realmente proporciona a experiência do encontro com Jesus ressuscitado, a alegria será inevitável. Não é possível fazer o encontro com Jesus e continuar o mesmo. Sua presença nos transforma, nos anima, nos restaura. Sua força nos sustenta na caminhada e uma vida nova começa para quem o acolhe. É só ler os relatos do evangelho. Cada pessoa que encontrava Jesus descobria dentro de si a alegria e a força para recomeçar. Uma energia nova era desprendida de dentro dela e sua inércia era vencida por causa do amor que Jesus lhe dedicava. É essa energia transformadora que nossos encontros precisam gerar. Ao sair da catequese, nossos catequizandos – crianças, jovens ou adultos – devem sentir que uma energia nova os invade e que eles têm força para viver mais uma semana, enfrentando os desafios da vida, pois não estão sozinhos. O Deus da vida, aquele que fortalece os ânimos do abatido, está sempre junto de cada um de nós. Isso não significa certamente que a vida vai virar um mar de rosas, sem espinhos ou atropelos. Nada disso, mas, nas intempéries da vida, não estamos abandonados à própria sorte: Jesus está conosco e nos ampara, dando-nos força pra viver. A felicidade não vem da ausência de problemas, mas da certeza do amor que Deus nos dedica. Cf. outros artigos no www.fiquefirme.com.br Reflexão Pág.2 Jovem, deseja ser Missionário Redentorista, Padre ou Irmão? Escreva para: Secretariado de Vocações Redentoristas R. Capitão Leonídio Soares, 751 Planalto Caixa Postal 1125 BH – MG - CEP: 30161-970 Tel. (31) 3494-4519 E-mail: [email protected] www.vocacionalredentorista.com.br Programação Semana Santa 2014 Pág.3 Especial O relato do sepulcro vazio e o anúncio da ressurreição (Mc 16, 1-8) Pág. 4 e 5 Aconteceu na Paróquia Pág. 6 Em Foco Pág.7 Catequese A Felicidade Pág. 8 Nossa Família - Informativo da Paróquia São José Pároco - Pe. José do Carmo Zambom, C.Ss.R. Editor - Pe. Paulo Sérgio Carrara, C.Ss.R. Rua Tupis,164 - Centro - BH Fone: (31) 3273 - 2988 / Fax: (31) 3226 - 4138 E - mail: [email protected] Informativo elaborado pela Equipe de Comunicação da Igreja São José - Centro - Belo Horizonte Projeto Gráfico: Laboratório de Design da UEMG Diagramação, Impressão: Lanna Projetos Gráficos. Tiragem: 6.000 exemplares. Fotos: Pe. Flávio, Paulo e Esther. www.igrejasaojose.org.br Informativo da Paróquia de São José - Centro - Belo Horizonte. ANO IX. Nº 136 - Abril de 2014 Reflexão Em Foco Agenda paroquial permanente EDITORIAL Este ano tivemos a primeira Festa de São José depois da restauração. E não houve que não admirasse a beleza do Templo. Como a restauração pronta, nossa homenagem a São José foi ainda mais intensa. O cenário não podia ser outro: missas lotadas, barraquinhas concorridas, leigos e leigas, jovens e adultos trabalhando incansavelmente. Muita gente ‘suando a camisa’ pra fazer bonito. E isto sem falar das presenças ilustres, que abrilhantaram nossa festa: Dom José Maria Pires, Dom Geraldo Gusmão, Dom Justino e Dom Walmor, nosso pastores de nossa Igreja particular, Pe. Vicente, Pe. Dalton, Pe. Paulo Roberto. Quantas pessoas? 5.000? 10.000? Mais de 20.000, com certeza. A todos nosso agradecimento, nossa oração. Juntos, fazemos a Igreja São José uma referência na cidade de Belo Horizonte. Juntos anunciamos a Copiosa Redenção de Jesus Cristo sob a inspiração e seu Pai adotivo, São José. Louvado seja Deus! E viva São José, nosso querido padroeiro! Neste número você encontra a PROGRAMAÇÃO DA SEMANA SANTA. Atenção às celebrações. As mais importantes são as prescritas pela Liturgia da Igreja. Mas todos os eventos nos ajudam a entrar no clima da SEMANA SANTA. Fiquemos unidos a Jesus para celebrarmos bem os dias que se aproximam. E não nos esqueçamos que estes dias terminam na ressurreição de Jesus, sobre a qual apresentamos o artigo principal. Um breve texto sobre um relato do evangelista Marcos. O que ele nos ensina sobre a ressurreição? A professora Solange segue com seus artigos, esclarecedores sobre nossa experiência de fé. Ela nos propõe um cristianismo adulto, pessoalmente assumido. Eis o objetivo da catequese: levar a crianças a crescer na sua experiência cristã de Deus. Deus nos ajude nesta SEMANA SANTA! Seja esta semana tempo de oração e contemplação do mistério maior de nossa fé: o MISTÉRIO PASCAL DE CRISTO. FELIZ PÁSCOA PARA TODOS! Pe. Paulo Carrara, C.Ss.R. [email protected] 2 NossaFamília Primeira Eucaristia. Aconteceu no dia 16 de março, na missa das 11h30. Um grupo de crianças, depois de longa preparação, fez sua primeira eucaristia, numa celebração bem preparada e muito bonita. Pe. Carrara presidiu. Obrigado as catequistas da Paróquia por sua dedicação e empenho. Graças a vocês, a catequese segue dando muitos frutos. Com os nossos sofrimentos, Imitemos a paixão de Cristo. Com o nosso sangue, Honremos o sangue de Cristo. Se tu és Simão Cirineu, Toma a cruz e segue Cristo. Se tu és José de Arimatéia, Assume aquele corpo e torna tua A expiação do mundo. Se tu és Nicodemos, Sepulta o corpo de Cristo, E unge-o com os unguentos do rito. E se és uma das Marias, Derrama de manhã as tuas lágrimas. Seja o primeiro a ver a pedra que rolou, Vai de encontro aos anjos e ao próprio Cristo. São Gregório Nazianzeno Profissão Perpétua. No sábado, 15 de março, dia de São Clemente, os Fratres Paulo Roberto, Fagner Dalbem e Bruno Alves realizaram sua Profissão Perpétua com a presença de familiares, amigos, seminaristas e confrades redentoristas, além dos leigos e jovens que estavam presentes no encontro. “Nós fizemos a Profissão Religiosa na Família Redentorista há três anos, na qual emitimos nossos votos de forma provisória. Hoje, nós dizemos o nosso SIM de forma perpétua, não que anule a primeira profissão, pelo contrário, esse é um ‘sim’ definitivo que nós queremos dizer a Deus e, juntamente com os votos de castidade, pobreza e obediência, fazermos o juramento de perseverança por toda a vida na Congregação, servindo o povo de Deus com alegria e simplicidade”, disse Frater Bruno. Missas Segunda, quarta, quinta e sexta: 7h, 8h, 18h, e 19h sábado: 7h, 8h, e 18h Terça-feira: a Igreja permanece aberta até às 18 horas, só havendo celebração às 7h da manhã. Aos domingos: 7h, 8h30 (Missa das Crianças) 10h (no 4º domingo: Missa da Família), 11h30, 16h, 17h30 e 19h (Missa dos Jovens). Todo 1º domingo do mês: Missa Vocacional às 19h. TODO 4º DOMINGO DO MÊS: Missa das Famílias às 10h Adoração ao Santíssimo Sacramento Todas as quintas-feiras às 12h e na véspera da 1ª sexta-feira do mês, às 12h e 17h. Confissão Confissões individuais: segunda, quarta e sexta-feira das 7h às 9h e das 16h às 18 horas (exceto na primeira sexta-feira do mês). E aos sábados das 7h às 9h. Confissão comunitária: sábado às 17h. Na véspera da primeira sexta-feira do mês às 18h e na primeira sexta-feira do mês, às 7h30 e às 18h – Salão Paroquial. Novenas Nossa Senhora do Perpétuo Socorro: toda quarta-feira às 08h 12h 15h e 18h. São Geraldo: toda segunda-feira às 08h e 18 horas. São José: Todo dia 19 de cada mês às 08h e às 18h Batizados O Batismo será realizado no 3º sábado do mês, num período de 02 (dois) meses. O curso acontecerá na quintafeira que precede a Celebração do Sacramento do Batismo. Catequese: As informações sobre Catequese de adultos, Catequese infantil e Crisma podem ser adquiridas na Secretaria da Igreja. Casamentos Informações na secretaria da Igreja. Encontro dos missionários leigos em Juiz de Fora. No ano dedicado à promoção vocacional redentorista, Missionários Leigos, Coordenadores da Juventude Redentorista e Religiosos se reuniram no Seminário da Floresta (Juiz de Fora - MG), entre os dias 14 e 16 de março, para um encontro de espiritualidade redentorista, que trabalhou, de maneira especial, a vocação, o chamado de Deus à humanidade. O assessor do encontro, Padre Alfredo Avelar, C.Ss.R., questionou os participantes sobre a maneira com a qual eles podem contribuir para que o Reino de Deus aconteça, cada vez mais, no meio de nós. Grupos de Jovens Domingo às 10h: Comunidade Jovem de Oração Santíssimo Redentor. Sala 6, Salão Paroquial Domingo às 17h: Pastoral da Juventude. Sala 1, Salão Paroquial Venha participar da Missa das Famílias, domingo, dia 27 de abril, às 10h. São Geraldo Magela: Todo dia 16 São José: Todo dia 19 Hora da Misericórdia: TODA Sexta-feira ao meio dia Domingo do Dízimo: TODO 2º domingo do mês Domingo da Partilha: 4º domingo do mês: (Participe oferecendo alimentos não perecíveis) Grupos de Oração e de Serviços: Mais informações na Secretaria da igreja (31) 3273-2988 ou nos quadros de avisos. 7 Aconteceu na Paróquia A festa de São José, mais uma vez, atraiu quase 30.000 pessoas. Os devotos de São José não mediram esforços para celebrar a solenidade de seu Santo de devoção. A Igreja esteve lotada o dia todo. Contamos com a presença dos bispos: Dom Geraldo, Dom José Maria Pires, Dom Justino e Dom Walmor. Nosso provincial, Pe. Vicente, também presidiu uma eucaristia. Agradecemos a Deus o dom de mais uma linda festa de São José. Obrigado a todos aqueles que participaram do serviço litúrgico ou do serviço nas barraquinhas. Deus abençoe vocês! Semana San gr o r P amação 13 de abril: Domingo de Ramos Dia da Coleta da Campanha da Fraternidade. Traga sua oferta generosa! Missas: 07h – 08h30 – 10h – 11h30 – 16h – 17h30 – 19h. *Haverá a bênção dos ramos no início de cada missa! Procissão: 11h30 e 19h. ta 2014 14 de abril: Segunda – Feira Santa Missas: 07h – 08h - 18h. Confissão Individual: 07h às 09h - 16h às 18h - 19h às 21h. 15 de abril: Terça – Feira Santa Missa: 07h. Sermão das Sete Dores de Nossa Senhora: às 19h, na Igreja. Confissão Individual: 07h às 09h e 16h às 18h. Celebração da Penitência: 20h, no Salão Paroquial. 16 de abril : Quarta – Feira Santa Missas: 07h – 08h e 18h. Confissão Individual: 07h às 09h. 16h às 18h. Celebração da Penitência: 18h, no Salão Paroquial. Procissão e Sermão do Encontro: às 19h, na Igreja. *A imagem de Nossa Senhora das Dores sairá, com as mulheres, da entrada da Rua Tupis, e o Senhor dos Passos, com os homens, da entrada da Rua Tamoios. 17 de abril: Quinta - Feira Santa Missa da Unidade: 09h Celebração Eucarística dedicada à terceira idade, pessoas com deficiência e enfermos: 16h Solene Missa da Instituição da Eucaristia e “Lava-Pés”: 20h A seguir: Vigília de Adoração ao Santíssimo Sacramento até meia noite. 18 de abril: Sexta - Feira Santa VIA SACRA, no interior da Igreja (sob a coordenação dos Ministros da Eucaristia): 09h Celebração da Penitência: 10h e 14h, no Salão Paroquial. Solene Ação Litúrgica da Paixão do Senhor: 15h Sermão do Descendimento da Cruz (no interior da Igreja): 19h Em seguida, Procissão do “Senhor Morto” pelo adro da Igreja. Ao final da Procissão, veneração do Senhor no interior da Igreja. * Traga uma vela para a Procissão. 19 de abril: Sábado Santo Celebração da Penitência: 17h e 18h, no Salão Paroquial. SOLENE VIGÍLIA PASCAL: 20h Bênção do Fogo, do Círio Pascal, da Água Batismal, Renovação das Promessas do Batismo e Missa Solene Concelebrada da Ressurreição. 20 de abril: Domingo de Páscoa Missas: 07h - 08h30 – 10h – 11h30 – 16h – 17h30 e 19h. Procissão da Ressurreição com o Santíssimo Sacramento: após a Missa das 11h30 e das 19h (no Adro da Igreja). * Traga uma flor para acompanhar esta Procissão das 11h30 e uma vela para a Procissão das 19h.. 6 NossaFamília 3 Especial O relato do sepulcro vazio e o anúncio da ressurreição O evangelho de Marcos culmina com a visita das mulheres ao túmulo de Jesus e com o anúncio de sua ressurreição (16, 1-8). Os versículos 9 a 20 não constam nos manuscritos mais antigos, o que permite aos exegetas de concluírem que o final do evangelho de Marcos se dá nos versículos 1 a 8, o que é perfeitamente coerente com a narrativa de Marcos. A ressurreição é o núcleo da fé. Marcos afirma a ressurreição de Jesus. Os versículos 1-2 apresentam os personagens e o local onde se passa a cena: Maria Madalena, Maria, a de Tiago, e Salomé vão ao túmulo de Jesus com intenção de embalsamá-lo. O versículo 3 prepara a surpresa do versículo 4, ao que segue o espanto do versículo 5. O versículo 6 é o centro da perícope, a afirmação decisiva: Jesus ressuscitou, por isto o túmulo está vazio. O versículo 7 remete ao que havia sido prometido aos discípulos e a Pedro em Mc 14, 28: “irei na frente de vós, na Galiléia”. O versículo 8 é, por sua vez, desconcertante, cheias de “temor e espanto”, as mulheres não dizem nada a ninguém. Segundo alguns autores, o texto de Mc 16, 1-8 contém contradições que nos permitem questionar sua historicidade. As mulheres vão ao túmulo de madrugada ou 4 NossaFamília bem cedo? Madrugada e bem cedo significam a mesma coisa? Se há uma grande pedra, como podem imaginar que encontrarão alguém para removê-la? E se não contaram sua experiência para ninguém, como o evangelista chegou a sabê-la? Tais perguntas revelam que nosso evangelista está mais preocupado com a teologia do que com a história. Claro que não nega a experiência histórica da ressurreição, mas não está interessado em descrevê-la em termos de visões, aparições ou iluminação interior. Marcos constrói a ‘sua teologia’ da ressurreição, de modo coerente com toda sua cristologia. As mulheres que vão ao túmulo são as únicas testemunhas de sua morte na cruz, as que seguem Jesus até o fim. A unção, como a da mulher de Betânia (Mc 14, 3-9), remete ao discipulado autêntico, que não abandona Jesus no sofrimento. A madrugada é o momento da ajuda divina, em que se manifestam as ações salvíficas. A pedra do túmulo removida remete também à ação poderosa de Deus, único capaz de remover os obstáculos para que o evento seja compreendido. O jovem vestido de branco é o intérprete do acontecimento, indicando a origem divina da fé eclesial na ressurreição de Jesus. O centro do relato da ressurreição segundo Marcos é, sem dúvida, o versículo 6a, quando o jovem vestido de branco anuncia a ressurreição: Ele lhes diz: “Não fiqueis cheias de espanto. Buscais Jesus, o Nazareno, o crucificado? Ressuscitou, não está aqui”. O lugar do reencontro com o ressuscitado é a Galiléia, onde teve início a experiência dos discípulos com Jesus. O silêncio das mulheres remete-nos ao segredo messiânico de Marcos, a revelação de Deus em Jesus é um mistério de luz e obscuridade, que não pode ser compreendido por qualquer um, mas só num contexto de conversão e de seguimento. O “crucificado ressuscitou”. O termo crucificado não é apenas um adjetivo, ele nos reenvia, de maneira explícita, à história de Jesus como constitutiva de sua identidade. Não é possível separar o ressuscitado do crucificado. A crucifixão é, por sua vez, fruto da história de Jesus. Mas a ressurreição não é uma invenção humana, é um ato de Deus que não pode deixar de ser revelado. Mc 6a deve ser lido em relação imediata com a narração da paixão, sobretudo com Mc 15, 39: “o centurião, que estava em frente dele, vendo que assim expirava, disse: verdadeiramente este homem era Filho de Deus”. A mensagem do jovem vestido de branco completa a exclamação do centurião: “o crucificado ressuscitou”. Em Mc 16, 6a a revelação do Filho de Deus chega à sua conclusão: Jesus de Nazaré, Filho de Deus crucificado, ressuscitou (foi ressuscitado pelo Pai e elevado à sua direita). O lugar do encontro com o ressuscitado é a Galiléia. É possível que a experiência da ressurreição de Jesus se tenha dado realmente na Galiléia, mas em Marcos a Galiléia é também um lugar teológico. Lá Jesus chamou os primeiros discípulos, manifestou a sua autoridade. Lá Jesus deve ser buscado, porque novamente ele reúne os discípulos para dar continuidade ao seguimento. Na comunidade os discípulos farão a experiência da ressurreição e verão a Jesus. Acontecerá um novo início, depois da dispersão, ocorrida em Jerusalém. Tudo recomeça a partir da experiência primordial dos discípulos. A nova reagrupação se dará em torno do ressuscitado: “Ele vai à vossa frente à Galileia, ali o vereis” (Mc 16, 7). O ver na Galiléia significa a compreensão do mistério de Jesus, depois da conversão. É através da rememoração da originária pregação do evangelho que os discípulos encontrarão e serão encontrados pelo ressuscitado. A ressurreição supõe, portanto, a reconstrução da história de Jesus. A fé se fundamenta não somente no anúncio pós-pascal, mas também no Jesus histórico, na sua vida e na sua morte. Não só a ressurreição ilumina a história de Jesus, mas esta história faz compreender a ressurreição. O desconcertante relato de Marcos pode ajudar-nos a anunciar hoje a ressurreição. A linguagem que às vezes usamos para falar da ressurreição distorce o seu verdadeiro significado. Quando fixamo-nos nos textos bíblicos como se fossem crônicas do ressuscitado, caímos no erro de querer provar a ressurreição como fato histórico verificável, o mais maravilhoso milagre de Jesus e a comprovação de sua divindade. Tal apresentação não condiz com os dados da exegese e nem com os dados da reflexão teológica. O pior é que os cristãos ficam privados do verdadeiro conteúdo da ressurreição, que poderia iluminar sua a vida, trazendo uma nova esperança para atuar na história o Reino e para esperar a manifestação plena da ressurreição de Cristo. Claro que Jesus é divino, o mais importante, no entanto, é compreender o significado da ressurreição à luz de toda história de Jesus. Graças ao avanço da reflexão bíblico-teológica, pudemos redescobrir a riqueza da ressurreição em seus vários aspectos. Exatamente esta riqueza precisa ser difundida através da pastoral e das celebrações litúrgicas, em vista de uma correta compreensão do mistério de Deus que se revela em Jesus. Mas não basta uma nova reflexão para corrigir certas visões que se mostram antiquadas e inadequadas, porque não ex- (Mc 16, 1-8) Pe. Paulo Carrara, CSSR pressam mais o significado do acontecido em Jesus. A reflexão precisa modificar o ‘agir cristão’, tornando-o mais sóbrio e mais centrado no essencial. De maneira simples e sóbria, Marcos nos leva ao essencial, convidando-nos a aceitar ou a confirmar com nossa vida a confissão de fé fundamental: “Este homem era Filho de Deus”, “Ele ressuscitou” (foi ressuscitado por seu Pai no Espírito). Mas isto só tem sentido porque se trata de um personagem bem real, que se submeteu às forças da história, “Jesus de Nazaré, o crucificado”. Não podemos ficar no dilema: verdadeiro ou falso, aconteceu ou não aconteceu, o túmulo prova ou não prova. O evangelho de Marcos, com sua catequese e cristologia narrativas, nada mais é do que uma leitura teológica de eventos bem reais, que excluem tanto o ceticismo quanto o fundamentalismo, mas que nos convidam à experiência do discipulado, reunidos como povo de Deus em torno ao crucificado ressuscitado. A alegria que sentimos com a ressurreição de Jesus nos leva a refazer o seu caminho desde a Galileia, onde ele iniciou a pregação de Jesus sobre o Reino de Deus. Quem experimenta o Ressuscitado, assume também a sua causa: a transformação do mundo em Reino de Deus, feito de paz, justiça e fraternidade.