TEMADECAPA TEMADECAPA por RITA ASCENSO Geotermia Do interior da terra para os nossos edifícios Para além da sua utilização para fins termais, a energia geotérmica não é ainda muito popular em Portugal continental. Mas isso está a mudar e o potencial de usar essa energia para climatizar os edifícios e aquecer águas sanitárias está a levantar interesses. As bombas de calor geotérmicas são a tecnologia ideal para o efeito. 6 7 TEMADECAPA TEMADECAPA por FILIPA CARDOSO E m Portugal, a geotermia tem sido tratada como o “filho enjeitado” entre as fontes de energia renováveis. “Não temos potencial, é caro e de difícil execução” são algumas das ideias feitas que têm afastado as pessoas desta solução. Mas a realidade não é esta. Ainda que em Portugal continental as temperaturas disponíveis não sejam suficientemente elevadas para a geração de energia eléctrica, há outro potencial que se pode aproveitar: a instalação de bombas de calor geotérmicas, que podem ser usadas para climatização e produção de águas quentes sanitárias. O investimento necessário para a instalação, em particular para a perfuração, de um sistema destes é ainda o principal obstáculo ao mercado. Porém, estudos rigorosos na fase de projecto, testes de resposta térmica no início da instalação e a monitorização e controlo durante a operação podem minimizar esta questão. Juntando a isto o rápido retorno de investimento proporcionado pelo rendimento elevado da solução, podemos concluir que esta não é assim tão cara e com a mais-valia de poder ser facilmente integrada com outras tecnologias. por FILIPA CARDOSO e RITA ASCENSO A GEOTERMIA E AS BOMBAS DE CALOR Em linguagem comum, a geotermia é a energia da terra. Explorada pelo homem como fonte renovável, essa energia, que provém quer da absorção da radiação solar pelo solo, quer como resultado da actividade telúrica, do núcleo e do manto, é retirada do interior do solo e usada como energia eléctrica ou energia térmica. Tudo depende das temperaturas de que estamos a falar: se superiores a 180º, trata-se de geotermia de alta entalpia, profunda, e com ela é possível gerar electricidade; a média entalpia integra temperaturas entre os 90º e os 180º, possibilitando também a geração eléctrica; entre os 30º e 90º, temos a baixa entalpia e essa energia só pode ser aproveitada para usos térmicos, de forma directa ou indirecta. Ainda abaixo dos 30º, podemos ter a muito baixa entalpia, que é aproveitada, regra geral, de forma indirecta com recurso a bombas de calor geotérmicas. Estas “ajustam a temperatura que se consegue do solo para aquela de que precisamos no edifício”, simplifica Bukhard Sanner, presidente da European Geothermal Energy Council (EGEC). As bombas de calor geotérmicas utilizam a energia do subsolo para A exploração da geotermia de baixa entalpia, nomeadamente através de bombas de calor, deve ser encarada como uma possibilidade de economia de utilização de energia, à semelhança do que acontece com a energia solar térmica. O processo de instalação exige cuidados especiais, formação específica adequada e que não existe ainda no nosso país. Mas está a ser desenvolvida e temos já vários especialistas na matéria. A recente criação da Plataforma Portuguesa para a Geotermia Superficial (PPGS) pode ajudar a desbloquear algumas destas barreiras, trazer a geotermia para junto das pessoas, à semelhança do que acontece, por exemplo, com a energia solar, e levá-la também aos projectistas, fazendo desta uma solução mais comum. Em simultâneo, a Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG) está também a estudar uma nova legislação para o assunto, o que prova que este é um recurso que vale a pena explorar. Todavia, os especialistas chamam à atenção de que a exploração da geotermia de baixa entalpia, nomeadamente através de bombas de calor, deve ser encarada como uma possibilidade de economia de utilização de energia, à semelhança do que acontece com a energia solar térmica. E isto prende-se com um princípio respeitador daquilo que a natureza nos consegue oferecer. A energia térmica armazenada no solo é um recurso limitado que só pode ser usado na medida em que a natureza o disponibiliza, caso contrário são atingidos níveis de saturação. Para que isso se possa evitar podem ser utilizados dispositivos tipo buffers. O bom funcionamento de uma instalação depende disso. Há que respeitar o solo, as suas características e aquilo que, em cada momento, este nos pode oferecer. 8 aquecimento, arrefecimento e produção de águas quentes sanitárias (AQS). A eficiência destes sistemas, permitindo a redução de custos de aquecimento e arrefecimento entre 25 a 75%, tem tornado a solução cada vez mais atractiva, em particular no Norte da Europa, e começa já a ser apetecível em Portugal. Os sistemas com bombas de calor geotérmicas são constituídos por um circuito primário e um secundário. No primeiro, está incluída a captação geotérmica (furos): os permutadores de calor enterrados, as bombas de circulação, tubagens, colectores e outros equipamentos auxiliares. O circuito secundário corresponde à distribuição de água para o edifício e é semelhante aos restantes sistemas de bombas de calor ou caldeiras. Há ainda a bomba de calor em si, responsável pela produção de frio ou calor. A diferença entre esta e outras tecnologias está no circuito primário, que pode ser aberto ou fechado. Nos circuitos abertos, são feitos furos para extracção e injecção de água e utilizadas águas de minas ou túneis. Nos circuitos fechados, a instalação pode ser vertical, através de permutadores enterrados de 60 a 250 m, ou horizontal, e, nesse caso, os permutadores são enterrados a uma profundidade de pelo menos 1,2 a 1,5 m. Há ainda a possibilidade de que a troca de calor seja feita na superfície de águas de lagos, rios e mares, mas nesta situação já não estamos perante geotermia, esclarece Luís Coelho, do Instituto Politécnico de Setúbal, mas sim de hidrotermia. 9 TEMADECAPA TEMADECAPA por FILIPA CARDOSO e RITA ASCENSO A estabilidade da temperatura do solo ao longo do ano surge a favor das bombas de calor geotérmicas, que conseguem bons desempenhos mesmo quando a temperatura exterior é muito fria. CUSTOS INICIAIS SÃO CALCANHAR DE AQUILES As bombas de calor geotérmicas são comprovadamente uma solução eficiente e utilizam uma fonte de energia renovável, o que faz delas uma tecnologia com baixas emissões de CO2. No entanto, por mais eficiente que uma bomba geotérmica seja, os custos envolvidos na sua instalação, em particular na perfuração, podem fazer com que o investimento seja considerável. “As bombas de calor geotérmicas compensam em locais onde faz realmente frio”, explica Aníbal Traça de Almeida, professor da Universidade de Coimbra. Mas não só: “em climas mediterrânicos, o arrefecimento é muito interessante com estes sistemas e permitem equilibrar a extracção de calor do solo”, refere Nelson Tavares, engenheiro na empresa especializada em projectos de geotermia Geoplano Technic. “Um local onde haja muito frio, mas também muito calor (amplitude térmica significativa), como é o caso de certas regiões de Portugal, o sistema pode funcionar a produzir calor no Inverno e frio no Verão, funcionando o ano inteiro e, portanto, aumentando a sua rentabilidade”, explica, por sua vez, Pedro Madureira, da Associação Portuguesa de Geólogos (APG) e da recém-criada Plataforma Portuguesa para a Geotermia Superficial (PPGS). Uma das mais-valias da geotermia é a estabilidade da 10 temperatura do solo, que, sem grandes oscilações durante o ano, permite ir buscar calor interno a um meio que tem uma temperatura próxima do que aquela que procuramos para o nosso conforto durante todo o ano. Em climas mais amenos, como é o caso de Portugal, as bombas de calor aerotérmicas são as principais concorrentes, isto porque com uma temperatura do ar mais elevada, a relação custo-benefício do equipamento será muito interessante. Contudo, “a temperatura do solo afigura-se em qualquer caso sempre mais interessante do que a temperatura do ar exterior”, considera Nelson Tavares. “Em termos teóricos, a eficiência depende das temperaturas entre as quais é trocada a energia sobre a forma de calor”, refere Luís Coelho. A estabilidade da temperatura do solo ao longo do ano surge a favor das bombas de calor geotérmicas, que conseguem bons desempenhos mesmo quando a temperatura exterior é muito fria. “As bombas de calor geotérmicas têm uma eficiência superior, até mais 50%, devido à estabilidade da temperatura, podendo ainda funcionar muito mais tempo”, comenta Nelson Tavares. Apesar dos custos, as bombas de calor geotérmicas são, para este especialista, “claramente” uma boa solução para Portugal. “A bomba geotérmica está, em termos de custos, ao nível das bombas ar/água, excluindo os respeitantes aos furos. Porém, se estes forem feitos de acordo com um estudo com a devida proporção, estes custos serão rapidamente recuperados com as poupanças energéticas que se alcançam”, aponta o especialista. A solução tem ainda de se debater com a concorrência de soluções chave-na-mão – “podemos ir a uma grande superfície e comprar uma bomba de calor barata, mas com eficiência duvidosa e elevado nível de ruídos e isto é um problema”, refere. De acordo com Luís Coelho, o custo dos furos geotérmicos pode variar entre os 35 e 45 euros/metro linear, o que pode resultar em valores finais avolumados. Os custos de instalação, para circuitos abertos em furos de água, podem variar entre 600 e 1000 Euros/kWth e entre 1000 e 1500 Euros/ kWth para um circuito fechado. Os números apresentados por Luís Coelho apontam ainda para custos de funcionamento (electricidade e manutenção) de 0,015-0,028 Euros/kWth. Em termos de custo total de aquecimento/arrefecimento, tendo em conta uma desvalorização de 5% em 20 anos de vida, as bombas de calor geotérmicas apresentam valores entre os 0,038-0,048 euros/kWth, face a 0,065 euros/kWth das caldeiras a gasóleo, 0,058 euros/kWth a gás natural. Um aspecto a considerar quando se está a projectar um edifício é a possibilidade de ter fundações termoactivas ou, por outras palavras, o aproveitamento de estruturas de fundação dos edifícios para promover trocas térmicas. “Quando temos um edifício que sabemos que vai ter fundações profundas, podemos e devemos equacionar a colocação de sondas geotérmicas nessas fundações”, sugere Pedro Madureira. “Os projectistas de engenharia civil, geotecnia e AVAC deveriam ter isto em consideração nos seus projectos, principalmente naqueles com fundações indirectas (estacas) ou contenções profundas (paredes moldadas, lajes de fundo, etc.)”, tornando, assim, possível fazer “aproveitamento térmico através das estruturas, rentabilizando-as ao dar-lhes um papel termoactivo, para além do papel de estrutura de fundação. É uma forma de rentabilizar o investimento”, considera. A Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro tem um sistema deste tipo, conseguindo-se uma redução do consumo de energia térmica associada à aplicação destes recursos para o condicionamento de ar de 75%. A facilidade de integração com outras tecnologias de energia renováveis é ainda uma das vantagens das bombas de calor geotérmicas, que podem ser combinadas com energia solar térmica e fotovoltaica, com sistemas de armazenamento de energia, incluindo no subsolo, e ainda com outros sistemas de climatização. REGRAS PARA UMA BOA INSTALAÇÃO Com a componente de custos iniciais a assumir um papel tão decisivo, um balanço financeiro adequado é fundamental, recomendam os especialistas. O ponto crítico, está no circuito primário, no custo dos furos e dos permutadores enterrados. “Um mau estudo pode tornar uma potencial solução óptima na pior de todas”, considera o professor do O SOl quandO naSce é para tOdOS Seja um dos que ganha com isso Solução Solar Térmica Drain-Back A solução inteligente para produção de água quente sanitária. Já conhece a Daikin, como nº 1 em Ar Condicionado e Bombas de Calor, conheça agora as soluções solares térmicas. www.daikin.pt 11 TEMADECAPA TEMADECAPA por FILIPA CARDOSO e RITA ASCENSO Instituto Politécnico de Setúbal. Actualmente, existem modelos numéricos que permitem prever o desempenho dos furos com base na sua resistência térmica, mas podem não ser suficientes. Para Luís Coelho, para além dos cálculos, é necessário realizar testes de resposta térmica locais - TRT. “Projecto, faço um furo e testo para ver se os cálculos foram bem feitos, já existem equipamentos para esse efeito”. “É preciso conhecer a resistência térmica do furo”. Sobre este assunto, Nelson Tavares explica que, “face à impossibilidade de prever com rigor as características do solo – podem, por exemplo, existir falhas, cavidades, densa fracturação – deve fazer-se a introdução de calor num primeiro furo e, a partir dessas verificações, fazer a afinação do projecto”. Desta forma, é possível assegurar uma maior eficiência e garantir a recuperação mais rápida do investimento inicial. Mas os TRT podem também ser feitos em sistemas existentes – “por vezes não se sabe como foi feito o estudo e para verificar se o sistema se mantém equilibrado podem ser feitos TRT”, diz. “Estes projectos são feitos a 25 anos e pode haver variações ao longo do tempo”, refere. Importante para a eficiência da bomba de calor geotérmica é a monitorização, embora seja, segundo Nelson Tavares, um processo caro e que não é ainda muito feito em Portugal. “O equilíbrio da temperatura do solo deve ser monitorizado, a forma mais correcta é em funcionamento com a instalação. No caso das habitações, o sistema a seleccionar dependerá da disponibilidade financeira do cliente, tentando-se minimizar custos, tendo em conta que, para instalações mais pequenas o sistema de monitorização pode ser dispendioso. Já no caso dos edifícios de serviços, o sistema de monitorização e controlo é fundamental para gerir os custos e não tem um peso significativo no total do sistema”, aponta. A resistência térmica do furo está dependente do material que é usado para os tubos, daquele que é usado no seu enchimento, da sua espessura e do seu diâmetro, sendo ainda preciso ter em conta as características do escoamento do fluido, aponta Luís Coelho. É importante referir também aqui o princípio respeitador com que se deve olhar a energia geotérmica. A saturação do solo foi já prejudicial para várias instalações, por isso é necessária não só uma gestão e monitorização eficazes, mas também ter-se a noção de que a exploração deve respeitar a capacidade de transferência térmica, não exigindo do solo mais do que ele é capaz de fazer ou absorver. GEOTERMIA EM PORTUGAL Quando falamos em geotermia no caso português (ver pág. 18), referimo-nos essencialmente à de baixa entalpia, ou seja, geotermia de superfície e a baixa temperatura. O interesse na geotermia vem desde os tempos romanos, com a utilização para a balneoterapia. No entanto, a primeira referência que nos ocorre será certamente o arquipélago dos Açores, cujas temperaturas mais elevadas dos recursos geotérmicos permitiram a execução de projectos também para a geração de electricidade. Já no continente, o aproveitamento é feito para fins térmicos, em particular em estações termais, estufas, redes de aquecimento. No entanto, segundo a Direcção Geral de Energia e Geologia, foram recentemente assinados cinco contratos de prospecção e pesquisa de geotermia estimulada. “Portugal continental possui um apreciável potencial geotérmico, evidenciado pelo elevado número de ocorrências com temperaturas superiores a 20ºC, utilizadas com finalidades termais desde os tempos antigos”, apontam Carla Lourenço e José Cruz, da DGEG. Enquadramento legal O primeiro diploma legal referente à geotermia data de 1976. Num contexto marcado pela crise energética dos anos 70, os especialistas olharam para os recursos renováveis numa tentativa de encontrar alternativas aos combustíveis fósseis para a geração de electricidade. O decreto-lei 560/-C/76 marca o surgimento desta preocupação em Portugal. A Directiva para as Renováveis de 2009 classifica as bombas de calor como uma tecnologia de energia renovável, permitindo que a energia captada por estas seja contabilizável para o cumprimento das metas nacionais (31% no caso português). Embora a lei comunitária tenha sido publicada em 2009, só em Março deste ano a Comissão fixou as condições para que as bombas de calor possam ser consideradas como renováveis: no caso das bombas de calor eléctricas, deverão alcançar um COP de 2,5 (EN 14825:2012 e EN 16147 para AQS); para as bombas de calor térmicas, o COP deverá ser de 1,15 (EN 12309). Decisão que não foi ainda transposta para a lei nacional. COMPETÊNCIAS No que se refere à instalação, a formação exigida legalmente é a de qualquer instalador de tecnologias de energias renováveis, com uma formação adicional em perfuração. “Terá de ser equacionado o enquadramento da formação necessária dos sondadores para as especificidades dos sistemas geotérmicos superficiais verticais”, admite Luís Silva da DGEG, acrescentando que se encontra em estudo 12 13 TEMADECAPA TEMADECAPA por FILIPA CARDOSO e RITA ASCENSO criamos conforto CASOS PRÁTICOS balho centrou-se na melhor escolha de um fluido refrigerante e tipo de ciclo e na demonstração de funcionamento do protótipo. Nesse âmbito, foram instaladas duas bombas de calor geotérmicas com capacidade de aquecimento de 15 kW e 12 kW arrefecimento cada, com cinco furos geotérmicos a 80 m (três permutadores de calor duplo-U e dois coaxial simples). A distribuição é feita com ventiloconvectores a dois tubos. A instalação beneficiou de um solo com boa condutividade térmica e existência de água subterrânea. Em termos de COP, a bomba de calor obteve 6,05 para uma potência de aquecimento de 12,11 kW e uma potência eléctrica de 2 kW. O sistema usa R410A como fluido refrigerante, compressores de alta eficiência, evaporador duplo contra-corrente e equicorrente e um condensador de alta capacidade. Com base no funcionamento, foi possível apurar que a configuração em duplo-U mostrou mais eficiência. O projecto do nosso cliente do diciona n o C Ar verter n I y g ner Eco E O PROJECTO BRIGANTIA ECOPARK “O edifício do Brigantia Ecopark, em Bragança, está dotado de três bombas de calor geotérmicas (BCG), uma apenas para aquecimento de águas quentes sanitárias e duas para a climatização do edifício. Para fazer a dissipação do calor gerado pelas BCG, foram executados 45 furos geotérmicos com uma profundidade de 120m. No que se refere à BCG para AQS apenas é aproveitado o calor gerado pela mesma estando interligados com os depósitos de AQS, promovendo assim o aquecimento da água. Nesta BCG, o circuito de frio está ligado à instalação geotérmica, permitindo desse modo a dissipação do frio através da mesma. As restantes BCG produzem água arrefecida e aquecida, para climatização cada um dos circuitos está ligado a um depósito de inércia de 9000L. Quando cheios, o excesso de água aquecida/arrefecida é dissipado para os furos geotérmicos promovendo assim o perfeito funcionamento das máquinas. Sob este edifício, está ainda um conjunto de tubos enterrados que servirão para fazer a admissão de ar novo às Unidade de tratamento de ar (UTA). O elevado caudal de ar novo que é necessário introduzir no edifício, do qual resulta um aumento da energia de aquecimento/arrefecimento do ar exterior devido ao fato de na estação de aquecimento ser necessário aquecer o ar introduzido no edifício desde os -3ºC até cerca de 22ºC e de na estação de arrefecimento ser necessário arrefecer o ar introduzido desde os 35ºC até aos 25ºC, de modo a não causar desconforto nos ocupantes. Para reduzir os custos de aquecimento/arrefecimento do ar, nas condições atrás descritas, optou-se por aproveitar a temperatura do solo (cerca 15ºC e constante ao longo do ano) para pré aquecer/ arrefecer o ar introduzido no edifício. Desta forma, espera-se reduzir significativamente o consumo de energia, melhorando assim a eficiência do sistema”. (Nuno Cardoso, OCRAM Clima) GROUND-HIT – SETÚBAL O Instituto Politécnico de Setúbal participou no projecto Ground-Hit através do desenvolvimento de uma bomba de calor geotérmica de alta eficiência para aquecer e arrefecer. O tra- 14 GROUNDMED – COIMBRA No âmbito do projecto europeu Ground-Med, foi instalada uma bomba de calor geotérmica no edifício piloto em Coimbra (ex-ARH centro, actual Agência Portuguesa do Ambiente) em substituição de uma bomba de calor ar/água com 54,5 kW capacidade para aquecimento e 51,4 kW para arrefecimento. A nova instalação aquece e arrefece o último piso do edifício, com 22 gabinetes e 600 m2 de área climatizada, sendo a distribuição feita com um sistema hidrónico ligado a duas unidades de tratamento de ar. O sistema dispõe de uma capacidade de 34 kW para aquecimento e de 48 kW para arrefecimento, com sete permutadores de calor enterrados a 125 metros, em duplo-U. As temperaturas obtidas são de 16ºC no Inverno e de 20º no Verão. Muito em breve, esta instalação vai contar com um sistema de armazenamento na cave do edifício com um volume de 3,5 m3. O tanque de armazenamento de calor será composto por material de mudança de fase (PCM) já encapsulado. Com isto, será possível usar esta energia armazenada nas horas de pico, reduzindo os custos de operação com electricidade. Temos ao vosso dispor o novo ar condicionado Troia Eco Energy Inverter que lhe garante todo o conforto e eficiência com consumos de energia reduzidos, cumprindo os requisitos da norma ErP 2013. SEER - 5,6 e SCOP - 3,4 Disponível nas potências 2600 W, 3500 W, 5000 We 6600 W. Elevados padrões de qualidade e inovação... a pensar em Si. SEDE: Rua Eng. 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Segundo o responsável, a geotermia de superfície está neste momento em estudo na DGEG, no sentido de se definir um novo enquadramento para estes sistemas, com as seguintes preocupações: notificação prévia das instalações, avaliação da exploração de recursos hidrominerais no caso dos sistemas abertos e o cadastro das instalações no país. “A oferta de formação adequada ainda não existe”, aponta Pedro Madureira, que considera que deveria haver formação que permitisse que as diferentes especialidades envolvidas na execução de um aproveitamento comunicassem entre si, com noções de geotermia superficial, de bombas de calor, de perfuração, do funcionamento dos equipamentos envolvidos e de geologia, com destaque para a hidrogeologia. Consciente dessa lacuna, a PPGS está neste momento a tentar encontrar formas de ajudar a colmatar essa situação – “está a ser pensado o desenvolvimento de uma formação teórica, baseada no modelo curricular do antigo programa europeu Geotrainet, adaptado aos perfis de formação preconizados pelas entidades reguladoras nacionais”. Para o responsável, “a formação deve andar de mãos dadas com a legislação” e essa está ainda a ser trabalhada. A instalação de uma bomba geotérmica implica uma forte interdisciplinaridade. Muitas vezes, o sucesso de uma instalação só acontece se estiverem presentes valências e competências diversas: projectista (engenheiro mecânico), perfurador/sondador, geólogo e instalador. O conhecimento das características do solo é fundamental. “Tem de se ter noção do terreno, do que se pode obter e de como se vai fazer”, afirma Pedro Madureira. Conhecendo as características do terreno, é possível perceber quais os parâmetros térmicos do subsolo a considerar, como deve ser feita a perfuração e ainda quais os riscos ambientais envolvidos, etc. “Os projectos que mexem directamente com a água subterrânea são os mais sensíveis, em particular os sistemas abertos”, refere Madureira. Segundo o geólogo, no caso dos sistemas fechados, o risco para o ambiente é “relativamente reduzido - embora perfurações profundas devam ser sempre objecto de aferição do cenário geológico/hidrogeológico - e aí as entidades reguladores (DGEG e Associação Portuguesa do Ambiente) podem e devem agir nas autorizações”. Pode haver o risco de contaminação, já que quando há mudanças de temperatura pode haver alterações no quimismo das águas e nos microorganismos existentes – “é preciso considerar e dimensionar o efeito do nosso aproveitamento no eventual aquífero existente. Por cá ainda não há regulamentos nesse sentido, estamos a tentar contribuir para o seu desenvolvimento”. n BALTIC ROOFTOP BOMBA DE CALOR 24 - 85 kW Eciência energética classe “A” eDrive™ caudal de ar variável e transmissão diretamente acoplada Controlo inteligente Climatic™60 Menor consumo energético Menor custo de manutenção A LENNOX participa no programa ECC para RT. Verique a validade do certicado em : www.eurovent-certication.com www.certiash.com 16 eComfort™ , a LENNOX aposta na redução dos consumos energéticos, disponibilizando soluções ambientalmente relevantes e sustentáveis. eComfort™ efficiency • environment 17 lennoxemeia.com