“O Material de Construção – SOLO” Introdução A superfície terrestre encontra-se exposta, desde o início dos tempos, à influência de diversos fatores destrutivos. Grandes mudanças de temperatura, ventos, água e outros fatores produzem a decomposição das rochas. Todo solo tem sua origem, imediata ou remota, nesta decomposição. Quando o solo, produto do processo de decomposição, permanece no próprio local onde se deu o fenômeno, ele se chama residual. Quando, depois de decomposto, é carregado pela água das enxurradas ou rios, pelo vento, pela gravidade – ou por vários deste fatores simultaneamente – ele é dito transportado. Existem ainda outros tipos de solos, entre os quais aqueles que contém elementos de decomposição orgânica que se misturam ao solo transportado. Na Engenharia Civil, como a grande maioria das obras apóiam-se sobre a crosta terrestre, os materiais que formam esta última podem ser ditos materiais de construção, além de que estes materiais podem ser utilizados nas próprias obras, como materiais de empréstimo. Resumindo, o material “solo” é um material de construção natural, produzido pela natureza ao longo dos tempos, e que se apresenta sob diversas formas. Sob um ponto de vista puramente técnico, aplica-se o termo solo a materiais da crosta terrestre que servem de suporte, são arrimados, escavados ou perfurados e utilizados nas obras de Engenharia Civil. Tais materiais, por sua vez, reagem sob as fundações e atuam sobre os arrimos e coberturas, deformam-se e resistem a esforços nos aterros e taludes, influenciando as obras segundo suas propriedades e comportamento. Classificação / Propriedade dos Solos Este texto, que não tem a pretensão de esgotar o assunto, considerará somente as características mais pertinentes ao seu objetivo final: facilitar a correta especificação do tipo de compactador de solos a se utilizar, nos casos mais genéricos desta matéria. Estes tópicos são exaustivamente abordados nos livros de Mecânica dos Solos. I – Índices Físicos Porosidade: Relação do volume de vazios pelo volume total da massa de solo analisada; Índice de Vazios: Relação do volume de vazios pelo volume sólidos da massa de solo analisada; Grau de Saturação: Relação do volume de água pelo volume de vazios da massa de solo analisada; Umidade Natural: Relação do peso da água pelo peso do material sólido da massa de solo analisada; Peso Específico: É a relação entre o peso de um determinado fragmento pelo seu volume. II – Forma das Partículas A parte sólida de um solo é constituída por partículas e grãos que tem as seguintes formas: Esferoidais: possuem dimensões aproximadas em todas as direções e poderão, de acordo com a intensidade do transporte sofrido, serem angulosas ou esféricas. Ex.: solos arenosos ou pedregulhos; Lamelares ou placóides: nos solos de constituição granulométrica mais fina, onde as partículas apresentam-se com estas formas, há predomínio de duas das dimensões sobre a terceira; Fibrosas: ocorrem nos solos de origem orgânica, onde uma das dimensões predomina sobre as outras duas. A forma das partículas influi em algumas características dos solos como, por exemplo, a porosidade. III – Tamanho das Partículas O comportamento dos solos está ligado, entre outras características, ao tamanho das partículas que os compõem. De acordo com a granulometria, os solos são classificados nos seguintes tipos, de acordo com o tamanho decrescente dos grãos: - Pedregulhos ou cascalho, - Areias (grossas, médias ou finas), - Siltes, - Argilas. Na natureza, raramente um solo é do tipo “puro”, isto é, constituído na sua totalidade de uma única granulometria. Dessa maneira, o comum é o solo apresentar certa percentagem de areia, de silte, de argila, de cascalho, etc. Assim, os solos são classificados de acordo com a seguinte nomenclatura: o elemento predominante é expresso por um substantivo e os demais por um adjetivo. Exemplo: areia argilosa é um solo predominantemente arenoso com certa percentagem de argila. Tipos de Solos I – Solos Não Coesivos (Granulares) Como solos não coesivos compreendem-se os solos compostos de pedras, pedregulhos, cascalhos e areias, ou seja, de partículas grandes (grossas). Estas misturas, compostas por muitas partículas, individualmente soltas, que no estado seco não se aderem uma à outra (somente se apóiam entre si), são altamente permeáveis. Isto se deve ao fato de existirem, entre as partículas, espaços vazios relativamente grandes e intercomunicados entre si. Em um solo não coesivo, em estado seco, é fácil reconhecer, por simples observação, os tamanhos dos diferentes grãos. A capacidade para suportar cargas dos solos não coesivos depende da resistência ao deslocamento, à movimentação, entre as partículas individuais. Ao se aumentar os pontos, ou superfície de contato, entre os grãos, individualmente, por meio da quantidade de grãos por unidade de volume (COMPACTAÇÃO), aumenta-se a resistência ao deslocamento entre as partículas e, simultaneamente, melhora a transmissão de força entre os mesmos. II – Solos Coesivos Individualmente os grãos destes tipos de solos são muito finos, quase farináceos, se aderem firmemente um a outro e não podem ser reconhecidos a olho nu. Os espaços vazios entre as partículas são muito pequenos. Devido à sua estrutura estes solos apresentam resistência à penetração de água, absorvendo-a muito lentamente. Entretanto, uma vez que tenha conseguido penetrar no solo, a água também encontra dificuldade para ser extraída do interior do mesmo. Ao receber água, tendem a tornar-se plásticos (surge a “lama”). Apresentam maior grau de estabilidade quando secos. Devido às forças adesivas naturais (coesão) existentes entre as pequenas partículas que compõem estes tipos de solo, é que a compactação por vibração não é a ideal nesta situação. Estas partículas tendem a agrupar-se, dificultando uma redistribuição natural entre elas, individualmente. III – Solos Mistos Como já foi dito, na natureza a maioria dos solos está composta por uma mistura de partícula de diferentes tamanhos, ou seja, de grãos finos (coesivos) com outros de maior granulometria. Seu comportamento está diretamente relacionado à percentagem de partículas finas existentes, em relação às partículas grossas. É importantíssimo se dizer que solos mistos compostos de partículas redondas e/ou lisas são muito mais suscetíveis à compactação que aqueles compostos por partículas com arestas vivas ou angulares. Entretanto, ao se comparar solos com igual grau de compactação, aqueles que possuem partículas angulares e/ou de arestas vivas (alto grau de rugosidade) possuem maior capacidade de carga que aqueles compostos por partículas de textura lisa, ainda que estes últimos apresentem menor granulaometria. Relação entre Tipos de Solos e a Característica do Compactador Numa análise mais simplificada, que não considera a rugosidade das partículas (textura) e a umidade do solo, pode-se dizer que Solos Não Coesivos (Granulares), quando podem, devem ser compactados por intermédio de Placas Vibratórias enquanto os Solos Coesivos devem ser compactados por intermédio de Compactadores à Percussão; uma vez que, simplificando, os primeiros facilitam o rearranjo entre as partículas não coesivas e os últimos “quebram” a resistência existente entre as partículas dos solos coesivos. Para os solos mistos deve-se analisar a sua composição para se decidir corretamente que tipo de máquina usar, de acordo com os critérios acima. Informações Finais Finalmente, deve-se dizer que a quantidade de água contida no solo é determinante na compactação do mesmo. A água tende a distribuirse na forma de uma película muito fina ao redor das partículas individuais, diminuindo, simultaneamente, o atrito entre as partículas. Ou seja, a água atua como um lubrificante, facilitando a redistribuição das partículas durante a compactação.