UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA GILTON CARLOS DE ANDRADE FURTADO MATRÍCULA 0202100701 ANÁLISE DINÂMICA, ATRAVÉS DO MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS, DE UM COMPENSADOR SÍNCRONO DE 150 MVAr DE FABRICAÇÃO ALSTOM 2º semestre/2006 ii UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA Gilton Carlos de Andrade Furtado Matrícula 0202100701 ANÁLISE DINÂMICA, ATRAVÉS DO MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS, DE UM COMPENSADOR SÍNCRONO DE 150 MVAr DE FABRICAÇÃO ALSTOM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Engenharia Mecânica para obtenção do grau Engenheiro Mecânico. Orientador: Prof. Dr. Newton Sure Soeiro 2º Semestre/2006 de iii Gilton Carlos de Andrade Furtado Matrícula 0202100701 ANÁLISE DINÂMICA, ATRAVÉS DO MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS, DE UM COMPENSADOR SÍNCRONO DE 150 MVAr DE FABRICAÇÃO ALSTOM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico pela Universidade Federal do Pará. Submetido à banca examinadora do Colegiado constituída por: ______________________________________ Prof. Dr. Newton Sure Soeiro (Orientador) ______________________________________ Eng. Luiz Otávio Sinimbú de Lima (Membro Externo) ______________________________________ Prof. Dr. Gustavo da Silva Vieira de Melo (Membro Interno) Julgado em _____/_____/_______ Conceito: ____________________ iv A quem construiu minha vida, meu caráter e meu futuro: Meus pais! v Agradecimentos A Deus... ...que me deu a vida através de pessoas que nunca me negaram apoio e sempre lutaram para garantir que eu tivesse a mão tudo que precisasse para dedicar toda minha vida, exclusivamente, ao estudo. ...que me permitiu trabalhar na Eletronorte, com pessoas que sempre estiveram dispostas a esclarecer dúvidas, discutir problemas e achar soluções: Luiz Sinimbú, João Bosco e João Paulo. Pessoas que sempre mantiveram postura ética, profissionalismo, compromisso com o trabalho e reconhecimento pela valorização dos profissionais em formação. Mostrandome que, apesar das circunstâncias e do cenário nacional que vivenciamos, é possível ser um profissional comprometido com valores morais. ...que sempre me ofereceu ajuda através da pessoa do Erlison Alves para construção do modelo no ANSYS. Mostrando-se sempre disposto a reservar um pouco de seu tempo para me auxiliar nessa elaboração. ...que permitiu estudar, em especial, com pessoas como Dalliana Morais, José Adriano e Maria Adrina. Amizade fortalecida pelos momentos de desespero, alívios e, principalmente, alegria após superação de todos os obstáculos acadêmicos encontrados. ...que abriu as portas do grupo PET de Engenharia Mecânica da UFPA, especialmente, através da pessoa do Prof. Luciano que sempre se preocupou em oferecer uma formação não só técnica, mas também humana e cidadã a todos nós. ...que me direcionou para trabalhar no Grupo de Vibrações e Acústica da Universidade Federal do Pará, em outras palavras, com Prof. Newton Soeiro: professor, orientador e, acima de tudo, educador. Totalmente comprometido com a formação e qualificação dos engenheiros mecânicos na UFPA. Exemplo de profissional. ...que colocou no meu caminho todas as outras pessoas que não foram aqui citadas, mas que também tiveram importância e influência na realização deste trabalho e na minha formação acadêmica, como por exemplo, a mãe da Dalliana: D. Nazaré Morais e os pais da Maria: Sr. Alberto e D. Wanda, que por muitas noites cuidaram de nós enquanto estudávamos em suas casas. Muito obrigado. vi “A maior recompensa pelo trabalho de um homem não é o que ele ganha com isso, mas o que ele se torna com isso” John Ruskin (Escritor Inglês) vii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................16 1.1. Introdução Geral..........................................................................................................16 1.2. Objetivo Geral ..............................................................................................................21 1.3. Objetivos Específicos .................................................................................................21 1.4. Estrutura do Trabalho .................................................................................................22 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..............................................................................................23 2.1. Características Gerais dos Compensadores Síncronos .........................................23 2.1.1. Breve Descrição do Compensador Síncrono ..........................................................24 a) Estator ................................................................................................................................24 b) Rotor...................................................................................................................................25 c) Mancais ..............................................................................................................................26 d) Anéis Coletores ..................................................................................................................27 2.1.2. Características Nominais...........................................................................................28 2.1.3. Potência Ativa .............................................................................................................29 2.1.4. Potência Reativa .........................................................................................................29 2.2. Método de Elementos Finitos Aplicados a Problemas Numéricos ........................29 2.3. Fundamentos da Dinâmica de Rotores .....................................................................32 2.3.1. Equações de Movimento do Rotor............................................................................34 2.3.2. Forças de Excitação ...................................................................................................34 a) Massa Desbalanceada .......................................................................................................34 b) Força Harmônica Fixa no Espaço ......................................................................................35 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................................36 3.1. Abordagem de Problemas em Engenharia ...............................................................36 3.2. Teoria da Análise Modal em Vigas.............................................................................37 3.3. Teoria da Análise Forçada..........................................................................................48 3.4. Considerações Gerais sobre Modelagem Numérica................................................50 3.4.1. Análises Numéricas Utilizando o Software ANSYS 6.0...........................................51 a) Análise Modal ..............................................................................................................51 b) Análise Harmônica .............................................................................................................54 3.4.2. Tipos de Elementos Finitos Utilizados na Modelagem ...........................................55 a) Descrição do Elemento Beam4 ..........................................................................................55 b) Descrição do Elemento Mass21.........................................................................................56 c) Descrição do Elemento Combin14 .....................................................................................56 d) Descrição do Elemento Solid95 .........................................................................................57 3.5. Considerações Gerais sobre Desbalanceamento Rotativo.....................................58 viii 4. DESCRIÇÃO DA MODELAGEM DINÂMICA DO ROTOR ................................................61 4.1. Hipóteses Simplificadoras..........................................................................................61 4.2. Construção do Modelo................................................................................................62 4.2.1. Pré-Processamento ....................................................................................................64 4.2.2. Solução........................................................................................................................64 4.2.3. Pós-Processamento ...................................................................................................65 4.3. Análises Modal e Harmônica......................................................................................67 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................................69 5.1. Resultados para o Modelo com Elementos de Viga ...............................................70 5.1.1. Análise Modal .............................................................................................................70 a) Freqüências Naturais .........................................................................................................70 b) Modos de Vibração.............................................................................................................70 5.1.2. Análise Harmônica .....................................................................................................76 a) Simulação de Desbalanceamento Estático ........................................................................76 b) Simulação de Desbalanceamento Dinâmico......................................................................78 5.2. Resultados para o Modelo com Elementos Sólidos ................................................79 5.2.1. Análise Modal .............................................................................................................79 a) Freqüências Naturais .........................................................................................................80 b) Modos de Vibração.............................................................................................................80 5.2.2. Análise Harmônica .....................................................................................................92 a) Simulação de Desbalanceamento Estático ........................................................................92 b) Simulação de Desbalanceamento Dinâmico......................................................................93 6. CONCLUSÕES E PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS ...................................97 6.1. Conclusões Gerais .....................................................................................................97 6.2. Propostas para trabalhos Futuros...........................................................................100 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................102 ix LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 – Setor energético nacional interligado.................................................................................17 Figura 2.1 – Compensador síncrono ......................................................................................................23 Figura 2.2 – Representação esquemática da aranha do eixo ..................................................................25 Figura 2.3 – Representação esquemática do rotor com destaque para os pólos.....................................26 Figura 2.4 – Representação dos mancais radial e axial/radial, respectivamente....................................26 Figura 2.5 – Representação esquemática do ventilador montado na ponta do eixo...............................27 Figura 2.6 – Representação dos anéis coletores .....................................................................................28 Figura 2.7 – Atuação da massa desbalanceada.......................................................................................35 Figura 3.1 – Elemento infinitesimal de viga submetido a momento fletor e esforço cortante ...............40 Figura 3.2 – Seis primeiros modos de vibração para uma viga simplesmente apoiada .........................48 Figura 3.3 – Elemento de viga do tipo BEAM4.....................................................................................55 Figura 3.4 – Elemento do tipo MASS21 ................................................................................................56 Figura 3.5 – Elemento de mola tipo COMBIN14 ..................................................................................57 Figura 3.6 – Geometria do elemento sólido tipo SOLID95 ...................................................................58 Figura 4.1 – Representação esquemática geral do rotor em estudo .......................................................62 Figura 4.2 – Ilustração das seções que compõem o modelo do compensador síncrono.........................66 Figura 4.3 – Modelos criados com elemento de viga e elementos sólidos, respectivamente.................67 Figura 4.4 – Ilustração dos planos de balanceamento usados na análise forçada ..................................68 Figura 5.1 – Freqüência fundamental de excitação e seus harmônicos..................................................69 Figura 5.2 – Primeiro modo de vibração do rotor. .................................................................................71 Figura 5.3 – Segundo modo de vibração do rotor. .................................................................................71 Figura 5.4 – Terceiro modo de vibração do rotor...................................................................................72 Figura 5.5 – Quarto modo de vibração do rotor. ....................................................................................72 Figura 5.6 – Quinto modo de vibração do rotor. ....................................................................................73 Figura 5.7 – Sexto modo de vibração do rotor. ......................................................................................73 Figura 5.8 – Sétimo modo de vibração do rotor.....................................................................................74 Figura 5.9 – Oitavo modo de vibração do rotor. ....................................................................................74 Figura 5.10 – Nono modo de vibração do rotor. ....................................................................................75 Figura 5.11 – Décimo modo de vibração do rotor. ................................................................................75 Figura 5.12 – Representação dos modelos dos mancais radial e axial/radial, respectivamente.............76 Figura 5.13 – Órbitas para os mancais radial e axial-radial, respectivamente. ......................................77 Figura 5.14 – Órbitas para os mancais radial e axial-radial, respectivamente. ......................................79 Figura 5.15 – Primeiro modo de vibração do rotor com modelo sólido.................................................81 Figura 5.16 – Segundo modo de vibração do rotor com modelo sólido.................................................81 Figura 5.17 – Terceiro modo de vibração do rotor com modelo sólido. ................................................82 x Figura 5.18 – Quarto modo de vibração do rotor com modelo sólido ...................................................82 Figura 5.19 – Quinto modo de vibração do rotor com modelo sólido. ..................................................83 Figura 5.20 – Sexto modo de vibração do rotor com modelo sólido. ....................................................83 Figura 5.21 – Sétimo modo de vibração do rotor com modelo sólido. ..................................................84 Figura 5.22 – Oitavo modo de vibração do rotor com modelo sólido....................................................84 Figura 5.23 – Nono modo de vibração do rotor com modelo sólido......................................................85 Figura 5.24 – Décimo modo de vibração do rotor com modelo sólido..................................................85 Figura 5.25 – Décimo primeiro modo de vibração do rotor com modelo sólido. ..................................86 Figura 5.26 – Décimo segundo modo de vibração do rotor com modelo sólido....................................86 Figura 5.27 – Décimo terceiro modo de vibração do rotor com modelo sólido.....................................87 Figura 5.28 – Décimo quarto modo de vibração do rotor com modelo sólido.......................................87 Figura 5.29 – Décimo quinto modo de vibração do rotor com modelo sólido.......................................88 Figura 5.30 – Décimo sexto modo de vibração do rotor com modelo sólido. .......................................88 Figura 5.31 – Décimo sétimo modo de vibração do rotor com modelo sólido. .....................................89 Figura 5.32 – Décimo oitavo modo de vibração do rotor com modelo sólido.......................................89 Figura 5.33 – Décimo nono modo de vibração do rotor com modelo sólido.........................................90 Figura 5.34 – Vigésimo modo de vibração do rotor com modelo sólido. ..............................................90 Figura 5.35 – Representação dos mancais radial e axial-radial para o modelo sólido. ..........................91 Figura 5.36 – Deslocamentos no mancal radial nas direções X e Y, respectivamente. .........................92 Figura 5.37 – Deslocamentos no mancal axial-radial nas direções X, Y e Z, respectivamente. ............93 Figura 5.38 – Deslocamentos no mancal radial nas direções X e Y, respectivamente. .........................93 Figura 5.39 – Deslocamentos no mancal axial-radial nas direções X, Y e Z, respectivamente. ............94 Figura 5.40 – Numeração dos nós que definem os apoios. ....................................................................95 xi LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 – Folgas nos mancais radial e axial-radial............................................................................27 Tabela 2.2 – Características nominais do compensador síncrono..........................................................28 Tabela 3.1 – Condições de contorno para diferentes tipos de fronteira .................................................42 Tabela 4.1 – Descrição dimensional de cada seção que compõe o eixo do rotor...................................63 Tabela 4.2 – Rigidezes utilizadas nos mancais ......................................................................................64 Tabela 4.3 – Propriedades geométricas das diversas seções do rotor ....................................................66 Tabela 4.4 – Propriedades mecânicas dos materiais usadas no modelo.................................................67 Tabela 5.1 – Freqüências naturais do rotor ............................................................................................70 Tabela 5.2 – Freqüências naturais para modelo sólido ..........................................................................80 Tabela 5.3 – Deslocamentos nos mancais para condições de desbalanceamento ..................................95 Tabela 5.4 – Tabela comparativa entre freqüências e modos dos modelos obtidos...............................96 xii LISTA DE SÍMBOLOS r Resistência elétrica P Potencia elétrica i Intensidade de corrente V Diferença de potencial p Perda de energia por efeito Joule K Rigidez do sistema Ke Rigidez do elemento d Deslocamentos nodais d& Velocidade nodal d&& Aceleração nodal F Forças nodais M Massa do sistema Ω Freqüência de rotação t Tempo c Amortecimento do sistema ω Freqüência de movimento da onda ωn Freqüência natural [G ] Matriz giroscópica Fw Componente da força de desbalanceamento na direção z Fu Componente da força de desbalanceamento na direção x F0 Amplitude da força τ ( x, t ) Deslocamento longitudinal x Coordenada de posição E Módulo de elasticidade S Área da seção transversal R Raio de curvatura dφ Diferencial de arco h Altura do elemento diferencial b Largura do elemento diferencial xiii Mo Momento fletor I Momento de inércia da seção transversal y ( x, t ) Deslocamento transversal Mx Momento fletor na posição x M x + dx Momento fletor na posição x + dx Vx Esforço cortante na posição x V x + dx Esforço cortante na posição x + dx V0 Esforço cortante ρ Massa específica C L2 Relação entre o módulo de elasticidade e densidade do material rK2 Relação entre o segundo momento de inércia e área da seção cb Velocidade de propagação da onda de flexão kb Relação entre a freqüência e velocidade de propagação da onda C , C1 , C 2 , C 3 , C 4 e s Constantes arbitrárias. D1 , D2 , D3 e D4 Constantes de integração A e B Constantes determináveis através de condições iniciais CC1 , CC 2 , CC 3 e CC 4 Condições de contorno 1, 2, 3 e quatro, respectivamente L Comprimento da viga N Número do modo de vibração φn Autovetor ou forma modal de vibração yi Coordenada modal y& i Velocidade da coordenada modal &y&i Aceleração da coordenada modal fi Excitação harmônica. f jc Amplitude complexa de f i e Número de Euler Bj Contribuição forçada para cada modo qc Deslocamentos complexos ω i2 Autovalor, refere-se à freqüência natural circular ω i do modo i xiv I zz Momento de inércia de área em relação ao eixo z I yy Momento de inércia de área em relação ao eixo y TK y Espessura do elemento na direção y TK z Espessura do elemento na direção z c y1 Coeficiente de amortecimento do nó um na direção y cy2 Coeficiente de amortecimento do nó 2 na direção y G Classe de qualidade de balanceamento eeixo Excentricidade do eixo nmáx Máxima velocidade de operação m Massa desbalanceada Fc Força centrífuga devido ao desbalanceamento xv RESUMO Este trabalho apresenta o desenvolvimento de modelos de elementos finitos usados para realizar a análise dinâmica de um compensador síncrono de 150 MVAr de fabricação ALSTOM da Eletronorte, tendo por base software comercial ANSYS 6.0. Dentro do enfoque deste trabalho, foram desenvolvidos modelos da parte móvel do compensador síncrono (Rotor) apoiada sobre mancais elásticos, de modo a se caracterizar o comportamento modal do rotor e verificar os níveis de amplitude de deslocamento quando este é excitado por desbalanceamento dentro do limite estabelecido em norma técnica (Desbalanceamento residual Permissível - NBR 8008/83). Duas concepções de modelagem distintas foram empregadas. Na primeira, o eixo do rotor foi representado por elementos de viga (BEAM4), enquanto o rotor, propriamente dito, foi representado por inércias concentradas ao longo do seu comprimento com o elemento MASS21. Na segunda concepção, o sistema foi representado por elementos sólidos (SOLID95), tal que o modelo reproduzisse ao máximo as características geométricas reais do sistema modelado. A análise modal pesquisou as freqüências naturais na faixa de 20 Hz e seus respectivos modos de vibração, uma vez que a idéia era a de se verificar a presença de ressonâncias abaixo da velocidade operacional do compensador síncrono, que opera em 900 rpm (15 Hz). Finalmente, foi realizada a análise harmônica sob condições de desbalanceamento do rotor, conforme estabelecido na Norma NBR 8008/83, que trata da qualidade do balanceamento e recomenda as condições de desbalanceamento residual admissível para diversos tipos de rotores. 16 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1. INTRODUÇÃO GERAL A eletricidade entrou no Brasil no final do século 19, através da concessão de privilégio para a exploração da iluminação pública, dada pelo Imperador D. Pedro II a Thomas Edison. Em 1930, a potência instalada no Brasil atingia cerca de 350 MW, em usinas hoje consideradas como de pequena potência, pertencentes às indústrias e às prefeituras municipais, na maioria hidroelétricas, operando a “fio d’água” ou com pequenos reservatórios de regularização diária (CTEEP, 2006). Em 1939, no governo Vargas, foi criado o Conselho Nacional de Águas e Energia, órgão de regulamentação e fiscalização, mais tarde substituído pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE, subordinado ao Ministério de Minas e Energia. A primeira metade do século 20 representa a fase de afirmação da geração de eletricidade como atividade de importância econômica e estratégica para o país (CTEEP, 2006). A partir do fim da segunda guerra mundial, o sistema elétrico ganhou impulso com a construção da primeira grande usina, a de Paulo Afonso I, com a potência de 180 MW, seguida pelas usinas de Furnas, Três Marias e outras, com grandes reservatórios. No final da década de 60, foi criado o Grupo de Coordenação de Operação Interligada, tomando corpo o sistema nacional interligado (CTEEP, 2006). Nos seus 100 anos de existência, o Sistema Elétrico Brasileiro, predominantemente hídrico, gerou cerca de 5.000 TWh, quantidade de energia que, na geração exclusivamente térmica, corresponde a mais da metade da reserva brasileira de petróleo, avaliada em 20 bilhões de barris. Nesse século, o sistema passou por períodos com diferentes taxas de crescimento, decorrentes ora do regime hidrológico, ora de dificuldades econômicas (CTEEP, 2006). Episódios de queda expressiva da geração são relativamente raros, tendo-se conhecimento da queda da década de 50, causada por regime hidrológico severamente Capítulo 1 – Introdução 17 desfavorável, e a recente crise de 2001, causada pela conjunção de regime hidrológico moderadamente desfavorável com o aumento da demanda devido ao crescimento da atividade econômica, com a restrição ao investimento em novos empreendimentos e também com o transiente de implantação do novo modelo de gestão do setor (CTEEP, 2006). A interligação das usinas hidroelétricas concilia os regimes hidrológicos de diversas bacias hidrográficas, regularizando o atendimento da demanda na área de abrangência. Do ponto de vista da economia física, a interligação permite otimizar o aproveitamento da energia potencial estocada nos reservatórios das usinas. Em contrapartida, as perdas relativas de energia no sistema interligado são maiores do que nos sistemas regionais interligados devido à transferência de cargas a longas distâncias, como ilustrado na fig. 1.1 (CTEEP, 2006). Figura 1.1 – Setor energético nacional interligado (CTEEP, 2006). Concentrando a discussão a cerca das perdas resistivas, que são as mais importantes, pode-se apresentar, matematicamente, o problema usando as equações clássicas de potência elétrica e de perda por efeito Joule. A potência elétrica transmitida através de um condutor de resistência r é Capítulo 1 – Introdução 18 P = i ⋅V (1.1) sendo, V a diferença de potencial aplicada e i a intensidade da corrente. A perda por efeito Joule é p = r ⋅i 2 (1.2) Dessa forma, relacionando as equações (1.1) e (1.2), obtêm-se: p = r (P /V ) 2 e p / P = P (r / V 2 ) (1.3) Portanto, com r e V constantes, a perda relativa é proporcional à potência transferida. Para reduzir a perda, a transmissão a longa distância é feita a alta tensão ( V ), procurando-se ainda reduzir a resistência r usando-se, por exemplo, condutores de menor resistência específica ( W / m ). Além das perdas associadas às grandes distâncias das linhas de transmissão, outro inconveniente é a instabilidade da tensão transmitida devido, principalmente, à variação da demanda de energia elétrica fornecida aos consumidores, caracterizada por períodos de oscilação no consumo. A Eletronorte - Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A, oferece serviços de geração e transmissão para toda região amazônica, além da comercialização, em todo território nacional, da energia elétrica por ela gerada. Nesse contexto, há uma importância fundamental na qualidade da energia comercializada, no tocante, por exemplo, à estabilidade da tensão disponibilizada para os consumidores. No estado do Pará, a Eletronorte fornece energia para grandes empresas do setor industrial, tais como Albras e Alunorte, que têm na energia elétrica, insumo determinante na fabricação de seus produtos. Deste modo, são essenciais, por exemplo, manutenção e controle da estabilidade da tensão. A interrupção do fornecimento de energia elétrica causada por falhas em equipamentos de geração ou transmissão de energia elétrica, afeta não somente aos consumidores domésticos, mas principalmente a este setor, o de serviços e o de desenvolvimento tecnológico, que podem vir a ter prejuízos consideráveis por necessitarem de um fornecimento contínuo de energia. Capítulo 1 – Introdução 19 Neste contexto, os compensadores são utilizados para garantir e estabilização da tensão. Consistem em motores instalados em subestações que controlam a tensão de linhas de transmissão de grande extensão. Além de três no Pará, a Eletronorte opera cinco no Maranhão. O funcionamento eficaz dessas máquinas garante tensão estável à energia transmitida. Ou seja, são fundamentais para a qualidade do serviço prestado pela empresa. Há dois tipos de compensadores, o estático e o síncrono; ambos são utilizados na compensação de potência reativa. Os compensadores têm como função prover suporte contínuo e controlado de tensão em áreas críticas do sistema de potência. Para o sistema de energia elétrica é recomendável ter uma regulação fina da tensão, com um ajuste automático, pois quando se tem uma grande perda de carga esta provoca alta elevação de tensão. O compensador síncrono tem a importância de manter a estabilidade quando há perturbação no sistema elétrico atuando na ordem de milisegundos para essa correção, fato que se fosse depender de um ser humano para atuar, levaria alguns segundos, resultando em problemas bem maiores devido à duração. Desta forma, a manutenção, o conhecimento das condições operacionais e propriedades dinâmicas dos compensadores síncronos, instalados nas diversas subestações da Eletronorte são essenciais para sua eficiente utilização e diagnósticos visando aumento da confiabilidade deste equipamento em serviço, frente sua importância no sistema daquela empresa. Desse modo, a caracterização do comportamento dinâmico daqueles equipamentos, através da determinação das freqüências naturais e formas modais, em vibração livre, além do comportamento dinâmico do rotor quando excitado externamente por uma força de desbalanceamento, por exemplo, fornecem uma visão generalizada do comportamento da estrutura através desta análise dinâmica. O primeiro passo na análise dinâmica é definir as propriedades dinâmicas da estrutura. Isso é feito pela especificação da distribuição de massa, amortecimento e rigidez da estrutura (modelo no domínio do tempo) ou através dos modos de vibração da estrutura (modelo modal) (SCHMIDTBERG, 1986). Baseado nas propriedades do material da estrutura, geometria e condições de contorno, pode ser formulado um modelo analítico que descreve as propriedades dinâmicas estruturais em termos da distribuição de massa, amortecimento e rigidez. As equações do movimento desenvolvidas do modelo são resolvidas para determinar as respostas da estrutura para qualquer força externa aplicada, porque essas equações contêm as respostas do movimento da estrutura como função do tempo. Capítulo 1 – Introdução 20 Um modelo alternativo da estrutura, o qual descreva suas propriedades dinâmicas como função da freqüência pode ser desenvolvido, ou seja, tendo por base as seguintes informações: freqüências naturais, fatores de amortecimento modal e formas modais de vibração. A este modelo denomina-se modelo modal (SCHMIDTBERG, 1986). O modelo modal e o modelo no domínio do tempo são descrições equivalentes das propriedades dinâmicas da estrutura. Em princípio, o modelo modal é mais facilmente obtido da distribuição de massa, amortecimento e rigidez pela transformação matemática do domínio do tempo para o domínio da freqüência e vice-versa (SCHMIDTBERG, 1986). Quando as propriedades dinâmicas da estrutura forem determinadas elas podem ser usadas em cálculos posteriores para predizer as respostas para qualquer excitação arbitrária. A maioria das análises dinâmicas, inclusive, calcula primeiro o modelo modal da estrutura e então usa esse resultado para calcular a resposta para a excitação aplicada (SCHMIDTBERG, 1986). Análise modal é o processo de definição de propriedades dinâmicas de uma estrutura através de seus modos de vibração. Matematicamente, envolve a determinação de seu modelo modal. De maneira geral, podemos considerar a análise modal como um procedimento para identificação das freqüências de ressonância de uma estrutura e das formas defletidas quando a estrutura é excitada nestas freqüências (SCHMIDTBERG, 1986). Uma limitação da análise modal é que os modos de vibração podem ser determinados somente para sistemas dinâmicos lineares. Felizmente, a maioria das estruturas mecânicas pode ser representada adequadamente por um sistema dinâmico linear sem perda significativa de precisão (SCHMIDTBERG, 1986). Capítulo 1 – Introdução 1.2. 21 OBJETIVO GERAL Desenvolver modelos para inferir o comportamento dinâmico do Rotor de um Compensador Síncrono, através do método de elementos finitos, usando o Software Comercial ANSYS 6.0. Os referidos modelos deverão permitir a determinação de freqüências naturais e formas modais, bem como a amplitude de vibração ao longo do eixo do rotor devido ao desbalanceamento residual permissível. 1.3. • OBJETIVOS ESPECÍFICOS Desenvolver um modelo dinâmico simplificado do rotor do compensador síncrono de 150 MVAr da Eletronorte, utilizando elementos de viga e elementos sólidos, de tal modo que os parâmetros e as propriedades de maior influência do rotor do compensador sejam representados no modelo. • Realizar, através do método de elementos finitos, uma análise modal dos modelos, com elementos de viga e sólido, para obtenção e comparação, entre os diferentes modelos, dos parâmetros modais da estrutura, tais como, freqüências naturais e formas modais de vibração. • Realizar uma análise harmônica dos modelos propostos através de condições de carregamento devido ao desbalanceamento residual admissível, presente na estrutura do rotor, de acordo com a norma NBR 8008/83 que regulamenta os critérios de balanceamento em máquinas rotativas. • Comparar todos os resultados obtidos nas análises modal e harmônica, utilizando os dois tipos de elementos propostos. Capítulo 1 – Introdução 1.4. 22 ESTRUTURA DO TRABALHO No capítulo 1 é feita uma introdução geral que contextualiza o setor energético brasileiro, bem como insere as Centrais Elétricas do Norte da Brasil S/A – Eletronorte nas atividades deste setor e, principalmente, identifica a importância da utilização, nas subestações, dos compensadores síncronos para a qualidade do fornecimento de energia elétrica a outras empresas do setor industrial. O capítulo 2 consiste numa revisão bibliográfica a respeito do assunto tratado neste trabalho, onde são descritas as principais características da máquina em estudo, sua importância no contexto de transmissão de energia e, finalmente, a apresentação do método de elementos finitos como ferramenta útil na solução de problemas numéricos. No capítulo 3 é apresentada a fundamentação das teorias que sustentam a análise modal, análise harmônica e a dinâmica de rotores. São feitas ainda considerações sobre análises numéricas utilizando-se o software ANSYS, bem como os tipos de elementos usados nas análises propostas neste trabalho. No capítulo 4 é feita a descrição de toda modelagem dinâmica do rotor, descrevendose as considerações feitas na elaboração do modelo simplificado e a construção do modelo sólido, além do procedimento usado na análise pelo software ANSYS, destacando-se as fases de pré-processamento, fase de solução e pós-processamento. No capítulo 5 são apresentados todos os resultados referentes às análises modal e harmônica, apresentando as freqüências naturais e formas modais de vibração, além das respostas forçadas nos mancais devido à força de desbalanceamento residual recomendada pela norma NBR 8008/83 para ambos os modelos. O capítulo 6 é destinado às conclusões e às propostas para trabalhos futuros, tendo em vista os resultados alcançados, observando as considerações feitas devido à aplicação das hipóteses simplificadoras. 23 CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS COMPENSADORES SÍNCRONOS Um compensador síncrono é constituído essencialmente por um motor síncrono, funcionando em vazio. É alimentado em corrente contínua no conjunto de enrolamentos que compõe o rotor, também chamado de enrolamentos de campo, através de anéis coletores acessíveis pela parte externa da máquina. O conjunto de enrolamento do estator é alimentado em tensão trifásica de 13,8 kV. Todos os conjuntos de excitação, regulação e frenagem atuam no enrolamento de campo da máquina. Graças a este sistema o Compensador Síncrono tem a possibilidade de operar sub-excitado ou sobre-excitado, permitindo a compensação da potência reativa do sistema, dentro de certos limites de capacidade da máquina. Esta capacidade do compensador síncrono de funcionar no sistema como um banco de capacitores ou banco de reatores, variando linearmente de acordo com as necessidades, favorece a estabilidade do sistema, permitindo, ao mesmo tempo, uma regulação da tensão via barramento de 230 kV da subestação. Figura 2.1 – Compensador síncrono. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 24 O compensador síncrono ainda pode ser utilizado como controlador de tensão local, embora não seja a função principal dele. Para esse tipo de controle há recursos mais indicados como é o caso do banco de capacitores. Os compensadores são mais uma alternativa para a regulação de tensão na subestação. Existem fatores que podem danificar o compensador, podendo o próprio sistema ser o responsável. Exemplo disso é a perda de excitação, fazendo com que o compensador absorva reativo. Embora seja função dele, o excesso pode provocar danos ao mesmo. Por isso, a partir de certo nível de potência reativa absorvida, é aconselhável bloqueio através do estabelecimento de um limite para impedir a absorção de reativo (LIMA, 2001). Para evitar que o compensador entre numa zona de sub-excitação ou sobre-excitação, conseqüentemente ocorrendo sua saída, deve haver um ajuste adequado do sistema de proteção, o que não é tarefa simples pelo fato dos parâmetros serem ajustados sistematicamente, levando em consideração os geradores de energia e outros compensadores dentro do mesmo sistema. 2.1.1. BREVE DESCRIÇÃO DO COMPENSADOR SÍNCRONO O compensador opera numa atmosfera de hidrogênio. É projetado para ser instalado ao ar livre, é montado sobre placas ancoradas nas fundações. As tubulações para os circuitos de H2, CO2, óleo e água estão localizadas dentro de condutos cercados pelos painéis laterais e pelas tampas que formam a extensão das fundações e entram no prédio de controle onde os auxiliares estão encaixados. De maneira geral, o compensador é formado por duas partes fundamentais: o estator e o rotor, propriamente dito. O estator consiste na estrutura, núcleo e enrolamentos. Por sua vez, o rotor é formado basicamente por uma aranha de eixo sobre a qual está centralizada uma nervura que prende os pólos e os anéis coletores. A) ESTATOR A Estrutura é o invólucro externo do compensador, sendo um conjunto de chapas de aço fortemente soldadas formando um envoltório resistente à pressão. É aproximadamente cilíndrica e dispõe de pés para fixação, além de ser reforçada internamente por nervuras perpendiculares ao eixo de rotação, proporcionando a rigidez requerida. Possui cinco caixas horizontais localizadas na parte inferior da estrutura, para acomodar os resfriadores de H2. A Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 25 estrutura proporciona ainda resistência contra explosões provocadas por mistura acidental de ar e hidrogênio. O Núcleo do Estator é constituído de lâminas de aço silício de alta permeabilidade. As laminações são envernizadas em ambos os lados e empilhadas juntas em pacotes, separados por meio de chapas espaçadoras radiais não magnéticas, através das quais passa o hidrogênio para resfriar o compensador. As bordas externas de cada laminação têm uma ranhura que permite a fixação às barras principais, distribuídas regularmente em torno da parte interna da estrutura. O Enrolamento consiste em barras transpostas, cada uma delas possuindo sua própria camada de isolação continuamente envolvida. Cada barra consiste de tranças de cobre ao longo de toda a extensão do núcleo para minimizar, ao máximo possível, as perdas adicionais provocadas pelo campo transversal da ranhura. As tranças de cobre são isoladas uma das outras por um revestimento à base de tecido de vidro impregnado com resina epóxi. O estator possui ainda uma distância de 35 mm para o rotor, chamada de entreferro. B) ROTOR O rotor consiste numa aranha de eixo sobre a qual está centralizada uma nervura para prender os pólos (ver fig. 2.2). O coletor é montado numa extremidade do eixo e a outra extremidade é acoplada à bomba de óleo lubrificante. O rotor é apoiado por dois mancais, um dos quais proporciona bloqueio axial. Aranha do Eixo: Eixo de aço forjado, vazado em toda sua extensão para permitir exame boroscópico de sua parte interna; grossas nervuras feitas de aço laminado forjado são soldadas em toda a extensão do eixo para formar uma aranha. As nervuras criam também o espaço necessário entre o eixo e a borda para entrada de H2 que elimina as perdas do rotor. Figura 2.2 – Representação esquemática da aranha do eixo. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 26 A borda consiste de finas chapas furadas sob pressão empilhadas de modo a formar dutos de ventilação nos eixos interpolares. As chapas são presas por parafusos de aço e assim formam uma borda sólida que é montada a quente dentro da aranha do eixo, de modo a produzir um grau de segurança que mantenha o encaixe até a velocidade de 1080 rpm. Os Pólos consistem de chapas de aço furadas sob pressão (ver fig. 2.3), com 2 mm de espessura, empilhadas entre duas chapas terminais de aço forjado e presas por parafusos de aço. Cada pólo é axialmente bloqueado por dois parafusos e uma chapa central. Figura 2.3 – Representação esquemática do rotor com destaque para os pólos. C) MANCAIS Os mancais são apoiados em placas laterais sólidas de aço, parafusadas em ambas as extremidades da estrutura (ver fig. 2.4). Nervuras de reforço dão às placas laterais rigidezes em todas as direções. Os mancais radiais são feitos de aço fundido e revestidos com metal branco. Durante operação normal, o óleo lubrificante dos mancais que serve para eliminação das perdas por calor é fornecido por uma bomba acoplada ao eixo, na extremidade oposta do coletor, protegida por uma caixa especial. Figura 2.4 – Representação dos mancais radial e axial/radial, respectivamente. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 27 O óleo chega ao mancal através de uma cunha feita em seu eixo horizontal e flui entre o mancal e o munhão através de uma folga que garante que o filme hidrodinâmico seja formado. É retirado diretamente das extremidades dos mancais localizados no lado do anel coletor e no lado oposto ao coletor, através de um ressalto. As folgas presentes nos mancais radial e axial-radial são as mesmas e estão apresentadas na Tab. 2.1. Tabela 2.1 – Folgas nos mancais radial e axial-radial. Vertical Mín (mm) Máx (mm) 0,55 0,68 Horizontal 1,314 As metades inferiores dos mancais dispõem de bocais usados para injetar óleo sob alta pressão para levantar o rotor e facilitar a partida. Os diafragmas são montados nas placas laterais para evitar que o vapor do óleo penetre na máquina. Cada mancal é isolado da terra para evitar correntes parasitas entre o eixo e o mancal o que pode provocar corrosão do eixo e acarretar reduções na qualidade do lubrificante. D) ANÉIS COLETORES Os anéis coletores formam um conjunto independente fora da caixa de hidrogênio. Consiste de um eixo, isolado com uma bandagem de fibra de vidro e epóxi, dentro da qual são montados por interferência os dois anéis. O resfriamento é proporcionado por um ventilador montado na extremidade do eixo, conforme mostrado na fig. 2.5. Figura 2.5 – Representação esquemática do ventilador montado na ponta do eixo. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 28 Os anéis são feitos de aço carbono forjado resistente ao desgaste (ver fig. 2.6). Ranhuras helicoidais em suas circunferências permitem que a poeira seja retirada das superfícies de contato da escova e proporcionam, juntamente com orifícios especialmente perfurados, uma maior área de superfície de resfriamento. Os porta-escovas são fixados em dois anéis de apoio montados dentro da carcaça do coletor. A própria carcaça dispõe de duas janelas de vidro removíveis, para facilitar a inspeção do desgaste da escova. Figura 2.6 – Representação dos anéis coletores. A extremidade do eixo do lado dos anéis coletores é ranhurada de forma a garantir a leitura da rotação através de um sensor, além do aterramento do rotor. Esta ponta de eixo ranhurada é fixada diretamente ao eixo do coletor atrás do ventilador centrífugo. O conjunto é protegido por uma caixa de vidro localizada dentro do compartimento do coletor. 2.1.2. CARACTERÍSTICAS NOMINAIS As características técnicas do compensador síncrono são apresentadas na Tab. 2.2 Tabela 2.2 – Características nominais do compensador síncrono. Potência aparente 150.000 kVAr. Fator de potência Zero Tensão 13.800 V Freqüência 60 Hz Corrente 6.275 A Velocidade nominal 900 rpm Velocidade de disparo 1.080 rpm GD2 295.000 kgm2 Direção de rotação Sentido horário (vista lado anel coletor) Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 29 2.1.3. POTÊNCIA ATIVA O kVA é uma medida de potência elétrica, chamada potência aparente. É a energia que se destina apenas a alimentação de receptores resistivos, ou seja, aquecedores torradeiras, etc. Este tipo de receptor consome toda energia que recebe. Não armazena energia. A potência que se consome desta forma chama-se potência ativa. Como estes receptores consomem toda energia recebida, a potência aparente que lhes é fornecida (kVA) é igual à potência ativa que consomem (watt) (VALE, 2006). 2.1.4. POTÊNCIA REATIVA Juntando-se motores elétricos aos receptores mencionados anteriormente, os motores elétricos consomem energia ativa quando estão realizando trabalho e também devido a perdas em função do próprio aquecimento, atrito e de origem magnética. Além desta energia ativa, os motores necessitam de uma parcela de energia que não é consumida. Esta energia, chamada energia reativa, destina-se a produzir o campo magnético com que o motor funciona. É necessário fornecer ao motor uma potência aparente maior que a potência ativa que ele consome. Por este motivo, os fornecedores de energia cobram dos grandes consumidores não só a energia ativa, mas também a energia reativa (VALE, 2006). 2.2. MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS APLICADOS A PROBLEMAS NUMÉRICOS O Método de Elementos Finitos (MEF) é um procedimento numérico para resolver problemas de mecânica do contínuo com precisão aceitável para engenheiros. É seguramente o processo que mais tem sido usado para discretização de meios contínuos. Além disso, o MEF é muito utilizado devido à analogia física direta que se estabelece com o sistema físico real e o modelo simulado computacionalmente (VALE, 2003). A análise dinâmica pode ser usada para determinar a resposta no tempo de uma estrutura sujeita a uma força transitória, a resposta em regime permanente de uma estrutura submetida a uma força periódica, as freqüências naturais e os modos de vibrações (VALE, 2003). Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 30 Geralmente, um modelo para análise dinâmica requer mais dados que aquele usado para análise estática. Por exemplo, um modelo grosseiro dará melhores resultados para cálculo das freqüências naturais do que para a determinação dos modos de vibração, sendo que a precisão desta diminui a medida que se aumenta a ordem do modo a ser analisado, pelo fato de as formas dos modos tornarem-se mais complexas a medida que suas freqüências naturais aumentam (VALE, 2003). Então, embora o mesmo modelo possa ser usado para ambas as análises, um modelo para análise dinâmica deve ter uma discretização em nós e elementos, de tal maneira, que o modelo possa representar precisamente os modos de vibrar que, normalmente, são mais complexos que as linhas elásticas estáticas padrões. Uma regra prática para análise de vigas ou eixos é que o número de elementos deve ser no mínimo duas vezes o numero de modos a serem analisados (VALE, 2003). As propriedades dos volumes gerados são introduzidas no programa. O computador ordena os pontos nodais no centróide de cada volume e calcula suas matrizes de rigidez e propriedades de massa para cada elemento. Um método alternativo é dividir o volume e especificar a massa pontual de cada nó. Essas massas concentradas são então introduzidas na rotina computacional que calcula a rigidez da viga. Quando o grau de liberdade de rotação é ignorado, pode-se reduzir o número de graus de liberdade efetivo no modelo sem perda efetiva na precisão do mesmo. Por exemplo, um modelo com seis massas ou pontos nodais terá erros no cálculo de freqüências em modos, tais como 0,1% para o primeiro modo de vibração, 0,5% para o segundo e 1,7% para o terceiro modo (VALE, 2003). Na análise estática, com elementos finitos, por exemplo, uma matriz de rigidez é gerada e combinada com um vetor de forças nodais para calcular os deslocamentos nodais. Em notação matricial isto é dado como: K 11 M K n1 K 12 O K 1n d1 F1 O O M ⋅ M = M O O L K nn d n Fn L (2.1) Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 31 ou [K ]⋅ [d ] = [F ] (2.2) sendo [K ] a matriz de rigidez entre os nós, [d ] a matriz de deslocamentos nodais e [F ] a matriz de forças nodais. Na análise dinâmica com elementos finitos, uma matriz de massa também é gerada. Na formulação da matriz de massa, a massa distribuída de cada elemento é ordenada para os nós dos elementos da mesma maneira como as rigidezes entre os nós são ordenadas. As massas relacionam-se com as forças pelas suas acelerações: [M ]⋅ [d&&]= [F ] (2.3) sendo [M ] a matriz das massas concentradas nos nós. A equação do movimento, Md&& + Cd& + Kd = F (2.4) desprezando-se o amortecimento, pode ser escrita como: [M ]⋅ [d&&] + [K ]⋅ [d ] = [F ] (2.5) As acelerações nos nós não são diretamente resolvidas, porém, elas podem ser relacionadas com os deslocamentos para movimento senoidal, onde: d = d máx sen(Ω t ) (2.6) então: d 2d d&& = 2 = −Ω 2 ⋅ d máx sen(Ω t ) dt (2.7) Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 32 Assim, a equação matricial do movimento pode ser escrita da forma: − [M ]ω 2 [d ] + [K ]⋅ [d ] = [F ] (2.8) ou ainda, {− [M ]⋅ω 2 n } + [K ] [d ] = [F ] (2.9) sendo que [F ] = [0] para vibrações livres. Esta nova equação do movimento deve ser resolvida em duas etapas. As freqüências naturais ω n devem ser encontradas. Haverá tantas freqüências naturais quantos forem os deslocamentos (linhas ou colunas das matrizes). Matematicamente, estas freqüências naturais são conhecidas como autovalores. Para cada freqüência natural existirá um conjunto de deslocamentos, conhecidos como modos de vibração ou autovetores. Os deslocamentos calculados para cada modo são normalizados, de tal forma que se tenham valores relativos de amplitudes. Através do Método de Elementos Finitos, utilizando-se um modelo com muitos graus de liberdade, podem ser previstas, mesmo em fase de projeto, as freqüências naturais, bem como os modos de vibrar. A análise de vibrações de sistemas estruturais simples, através de métodos analíticos é uma excelente maneira de compreender e se familiarizar com o fenômeno real, porém, apenas do ponto de vista acadêmico. Na prática, torna-se impossível qualquer tratamento analítico de estruturas complexas. Assim, o Método de Elementos Finitos torna-se ferramenta fundamental para solução de problemas dinâmicos que envolvam um grande número de graus de liberdade (SOEIRO, 2000). 2.3. FUNDAMENTOS DA DINÂMICA DE ROTORES Na simulação numérica da dinâmica de rotores, a formulação de um modelo matemático que represente um sistema rotativo requer o conhecimento prévio de parâmetros Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 33 de projeto, como dimensões e dados dos materiais. O sucesso de um projeto de uma máquina rotativa consiste principalmente em: • Evitar velocidades críticas, se possível; • Minimizar a resposta dinâmica nos picos de ressonância, caso seja necessário passar por uma velocidade crítica; • Evitar instabilidade; • Minimizar as vibrações e as cargas transmitidas à estrutura da máquina durante todo o intervalo de operação. As velocidades críticas pelas quais uma máquina pode passar até atingir sua rotação de trabalho tornam-se um dos grandes inconvenientes na dinâmica de rotores. Nestas velocidades, o eixo da máquina pode atingir grandes amplitudes de vibração que podem causar danos irreversíveis nos mancais e demais componentes do rotor. No caso de um rotor com o eixo em material convencional, os caminhos possíveis para reduzir a amplitude nas velocidades críticas são: (1) Balancear o rotor, que significa ir direto à fonte do problema, mas experimentalmente, dificilmente se consegue balancear um rotor com perfeição; (2) Alterar a velocidade de rotação da máquina, distanciando-a das velocidades críticas, ou alterar a velocidade crítica através da variação da rigidez dos mancais; (3) Se a máquina opera próximo da velocidade crítica e esta velocidade é imprescindível, a solução é adicionar amortecimento externo ao rotor. Esta propriedade pode ser utilizada na dinâmica de rotores, onde se necessitam reduzir as amplitudes de vibração quando este é excitado em uma de suas velocidades críticas. É ainda necessário dispor de hipóteses simplificadoras que viabilizam o modelo numérico, sem, contudo, descaracterizar o seu comportamento. A literatura dispõe de grande material sobre a obtenção das equações de movimento de rotores, destacando-se os métodos das Matrizes de Transferência, Rayleigh-Ritz e Elementos Finitos. Para rotores mais complexos, a análise do comportamento dinâmico geralmente é feita utilizando o método dos Elementos Finitos. Na sua essência, o método dos elementos finitos expressa o deslocamento de qualquer ponto do sistema contínuo em termos dos deslocamentos de um conjunto finito de pontos, ditos pontos nodais, multiplicados por uma função de interpolação. Este método produz resultados satisfatórios no estudo de problemas estruturais, sendo utilizado em um grande número de programas comerciais voltados para a análise estática e dinâmica de sistemas mecânicos. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 34 2.3.1. EQUAÇÕES DE MOVIMENTO DO ROTOR O sistema de equações diferenciais que descreve o movimento do rotor é obtido através da montagem das matrizes elementares do(s) disco(s), do eixo e dos mancais, e pode ser colocado na forma: [M ][d&&] + [(C + G )][d& ] + [K ][d ] = [F (t )] (2.10) sendo: [F ], o vetor das forças excitadoras do sistema; [M ] , a matriz de massa global do sistema, obtida a partir das matrizes de massa elementares do disco e do eixo; [C ] , a matriz de amortecimento global obtida a partir da matriz de amortecimento de cada mancal; [G ], a matriz giroscópica global anti-simétrica do rotor obtida a partir das matrizes giroscópicas elementares do disco e do eixo; [K ] , a matriz de rigidez global simétrica obtida a partir das matrizes de rigidez elementares do eixo K e e da matriz de rigidez elementar dos mancais; [d&&], [d& ], e [d ] são os vetores de aceleração nodal, velocidade nodal e deslocamento nodal, respectivamente. 2.3.2. FORÇAS DE EXCITAÇÃO Diversas são as formas de excitação dos rotores, por exemplo, devido à força assíncrona, massa desbalanceada ou força harmônica fixa no espaço. Sendo estas duas últimas descritas a seguir. A) MASSA DESBALANCEADA Massa desbalanceada é definida como sendo uma massa m situada a uma distância d medida do centro geométrico do eixo, como se observa na fig. 2.7. A massa permanece em um plano perpendicular ao eixo y que é uma coordenada constante. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 35 Da fig. 2.7, pode-se deduzir que a força provocada pela massa desbalanceada, atuante no eixo, nas direções referenciadas no sistema de coordenadas, pode ser escrita nas formas: Fw = mΩ² d sen(Ω t ) (2.11) Fu = mΩ² d cos(Ω t ) (2.12) Figura 2.7 – Atuação da massa desbalanceada. Como se observam nas expressões anteriores, as forças provocadas pela massa desbalanceada possuem uma freqüência idêntica à freqüência de rotação do eixo ( Ω ). Devido ao desbalanceamento da massa presente no disco, ao escrever na forma matricial o sistema de equações, as forças dadas pelas equações (2.11) e (2.12) deverão ficar no vetor de forças na posição correspondente ao nó onde se encontre o disco desbalanceado. B) FORÇA HARMÔNICA FIXA NO ESPAÇO Neste caso, se considera que o rotor gira a velocidade constante. A força atuante é externa e possui freqüência Ω e amplitude F0 . Pode-se escrever as componentes desta excitação ao longo dos eixos X e Z , respectivamente, como: Fu = F0 sen(Ω t ) (2.13) Fw = F0 cos(Ω t ) (2.14) e 36 CAPÍTULO 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1. ABORDAGEM DE PROBLEMAS EM ENGENHARIA Um modelo é uma representação ou interpretação simplificada da realidade, ou uma interpretação de um fragmento de um sistema segundo uma estrutura de conceitos. O modelo apresenta apenas uma visão de um fragmento do todo. Normalmente, para estudar um determinado fenômeno complexo, criam-se vários modelos. Para representar um fenômeno físico podem-se utilizar: modelos físicos, modelos matemáticos ou modelos híbridos de vários tipos. Os modelos possuem suas escalas de semelhança (calculadas com base no Teorema de Buckingham), que representam as relações entre as variáveis envolvidas no fenômeno. Estes modelos são muito utilizados para estudos de maiores complexidades como estudos de hidrodinâmica, aerodinâmica, mecânica quântica, química, etc. Em engenharia, para solução de problemas, nos mais diversos campos de atuação, é necessário adequar o problema real à teoria desenvolvida para o fenômeno estudado. No entanto, a teoria, quando desenvolvida, apropria-se de hipóteses que simplificam o problema e o torna tratável matematicamente. Nesse sentido, a solução de problemas reais só se torna possível matematicamente, quando os problemas são coerentemente simplificados, ou seja, observando-se as questões relevantes e irrelevantes, de tal forma que o problema possa ser escrito na forma de equações. No entanto, as soluções das equações devem ser a própria solução do problema real, depois de serem feitas as devidas considerações, análises, interpretações e determinação e verificação da influência dos erros associados. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 3.2. 37 TEORIA DA ANÁLISE MODAL EM VIGAS Um modelo simples, como uma viga bi-apoiada, pode fornecer através de sua estrutura seus parâmetros modais. A comparação de modelagens numéricas e experimentais pode demonstrar claramente o quanto estes dois métodos se aproximam, e, portanto, validar o método numérico aplicado, neste caso. Algumas hipóteses simplificadoras devem ser consideradas para o estudo de vibrações em vigas, como por exemplo (VALE, 2003): a barra possui seção transversal constante; a barra possui simetria em relação ao eixo neutro; o comprimento da barra é muito maior que suas dimensões laterais; possui rigidez a flexão constante; as superfícies planas permanecem planas após deformação; o movimento é caracterizado por pequenas amplitudes de vibração. As forças infinitesimais de tração e compressão na seção infinitesimal de uma viga são dadas pela relação tensão-deformação, escrita na forma: dF = ± E dS ∂τ ( x, t ) ∂x (3.1) sendo τ ( x, t ) o deslocamento longitudinal; x a coordenada de posição; t , o tempo; E , o módulo de elasticidade; S , a área da seção transversal do elemento diferencial considerado O comprimento do arco dx é dado por: dx = R dφ onde R representa o raio de curvatura da linha neutra. (3.2) Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 38 Da mesma maneira, o comprimento do arco de uma seção longitudinal acima da linha neutra pode ser escrito na forma: dx + dτ ( x, t ) = (R + r )dφ (3.3) Rearranjando esta equação, fica: dτ ( x, t ) = rdφ (3.4) Igualando as equações (3.2) e (3.4): ∂τ ( x, t ) r = ∂x R (3.5) Substituindo em (3.1): dF = − E dS r R (3.6) A integração desta equação, ao longo da altura h , fornece h2 F = −E r dS R −h 2 ∫ (3.7) Fazendo b a largura, dS = b dr , então, substituindo em (3.7): h2 F =− E b r dr = 0 R − h∫ 2 (3.8) O momento atuante sobre a linha neutra é: r M o = ∫ r ′ dF −r (3.9) 39 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Substituindo (3.6) em (3.9): r E M o = − ∫ r ′ 2 dS R −r (3.10) r O termo ∫ r′ 2 dS é, por definição, o momento de inércia I da seção transversal, portanto, −r Mo = − EI R (3.11) O raio de curvatura é dado por: R= ∂y (x, t ) 2 1 + ∂x 32 ∂ 2 y ( x, t ) ∂x 2 (3.12) Negligenciando o termo elevado ao quadrado: R= 1 ∂ y ( x, t ) ∂x 2 2 (3.13) Sendo y ( x, t ) o deslocamento transversal. Substituindo (3.13) em (3.11), a equação para o momento fletor fica: M o = −E I ∂ 2 y ( x, t ) ∂x 2 (3.14) Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 40 Figura 3.1 – Elemento infinitesimal de viga submetido a momento fletor e esforço cortante. Para o elemento de viga representado na fig. 3.1, o somatório dos momentos fletores é: ΣM o = M x − M x + dx − V x + dx dx (3.15) Expandindo os termos M x + dx e V x + dx em series de Taylor: M x + dx = M x + ∂M o dx ∂x e V x + dx = V x + ∂Vo dx ∂x A equação de equilíbrio de momentos torna-se: ΣM o = − ∂M o dx − V x dx = 0 ∂x (3.16) Portanto, Vx = − ∂M o ∂x A substituição de (3.14) em (3.17) fornece: (3.17) Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Vo = − 41 ∂ 2 y ( x, t ) ∂ − E I ∂x ∂x 2 Vo = E I ∂ 3 y ( x, t ) ∂x 3 (3.18) A somatória das forças na direção y fornece: ΣFy = V x − V x + dx (3.19) Que após expansão em serie de Taylor, resulta: ΣF y = − ∂V dx ∂x (3.20) A segunda lei de Newton do movimento pode ser escrita na forma: ΣFy = ρ S dx ∂ 2 y ( x, t ) ∂t 2 (3.21) Utilizando as equações (3.18) e (3.20), a equação acima pode ser escrita na forma: EI ∂ 4 y ( x, t ) ∂ 2 y ( x, t ) + ρ S =0 ∂x 4 ∂t 2 Definindo C L2 = C L2 rK2 E ρ e o raio de giração rK2 = (3.22) I , a equação pode ser escrita na forma: S ∂ 4 y ( x, t ) ∂ 2 y ( x, t ) + =0 ∂x 4 ∂t 2 Para a solução desta equação são necessárias as condições iniciais: (3.23) Capítulo 3 – Fundamentação Teórica y ( x,0) = y 0 42 e ∂y ( x, t ) = v0 ∂t E as condições de contorno dadas pelo tipo de fronteira. Tabela 3.1 – Condições de contorno para diferentes tipos de fronteira. Extremidade Desenho Condições de Contorno Engastada Pinada y=0 e ∂y =0 ∂x y=0 e ∂2 y =0 ∂x 2 Deslizante ∂y ∂2 y =0 e =0 ∂x ∂x 2 Livre ∂3 y ∂2 y =0 e =0 ∂x 3 ∂x 2 Elástica ∂3 y ∂y ∂ 2 y e =0 EI 3 = − kx − c ∂t ∂x 2 ∂x A solução da equação da onda para vibração transversal é da forma: y ( x, t ) = ψ ( x )T (t ) A substituição da equação (3.24) na equação (3.23), resulta: (3.24) Capítulo 3 – Fundamentação Teórica ψ (x ) 43 4 ∂ 2T (t ) 2 2 ∂ ψ (x ) ( ) + =0 T t c r L K ∂t 2 ∂x 4 (3.25) Ou: 1 d 2T (t ) 1 d 4ψ ( x ) 2 2 c r = − L K T (t ) dt 2 ψ ( x ) dx 4 (3.26) Separando as variáveis: 1 d 2T (t ) = −ω 2 2 T (t ) dt e − c L2 rK2 1 d 4ψ ( x ) = −ω 2 4 ψ ( x ) dx d 2T (t ) + ω 2T (t ) = 0 2 dt (3.27) d 4ψ (x ) ω 2 − 2 2 ψ (x ) = 0 dx 4 c L rK (3.28) A solução da equação (3.27) tem a forma: T (t ) = A cos ω t + B sen ω t Para solução da equação (3.28) é necessário fazer k b = ω cb , sendo cb = (3.29) c L rK ω a velocidade de propagação da onda de flexão. Dessa forma: k b4 = ω2 c L2 rK2 (3.30) Substituindo (3.30) em (3.28) esta última equação pode ser escrita na forma: d 4ψ ( x ) − k b4ψ ( x ) = 0 4 dx (3.31) Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 44 Esta equação tem solução na forma: ψ ( x ) = Ce s x (3.32) Desse modo, a equação (3.31) fica da forma: s 4 C e s x − K b4 C e s x = 0 s 4 − k b4 = 0 s 4 = k b4 Ou seja, s 2 = ± k b2 , dessa forma, os valores de s são dados por s1 = k b ; s 2 = −k b ; s3 = j k b ; s 4 = − jk b . Portanto, a solução da equação (3.32) fica: ψ ( x ) = C1e k x + C 2 e − k x + C 3 e jk x + C 4 e − jk b b b b x (3.33) Escrevendo a equação (3.33) na forma retangular, observando que: e ± jkb x = cos(k b x ) ± j sen (k b x ) (3.34) e ± kb x = cosh(k b x ) ± senh (k b x ) (3.35) ψ ( x ) = D1 cosh (k b x ) + D2 senh(k b x ) + D3 cos(k b x ) + D4 sen (k b x ) (3.36) Assim, a solução geral para equação da onda de flexão é dada pela substituição das equações (3.36) e (3.29) na equação (3.24), portanto: 45 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica y ( x, t ) = ψ ( x )T (t ) y ( x, t ) = [D1 cosh(k b x ) + D2 senh (k b x ) + D3 cos(k b x ) + D4 sen (k b x )][ A cos ω t + B sen ω t ] A e B são determinados através de condições iniciais e os coeficientes D1 , D2 , D3 e D4 , através das condições de contorno: Assim, é possível agora determinar as freqüências naturais e as formas modais de vibração transversal livre, para uma viga simplesmente apoiada, por exemplo. Tomando-se as seguintes condições de contorno y (0, t ) = 0 CC 1 y ( L, t ) = 0 CC 2 ∂2 y ∂x 2 =0 CC 3 x =0 ∂2 y ∂x 2 =0 CC 4 x=L E substituindo nas equações seguintes os coeficientes são determinados ψ ( x ) = D1 cosh(k b x ) + D2 senh (k b x ) + D3 cos(k b x ) + D4 sen (k b x ) (3.36) ∂ 2ψ (x ) = k b2 [D1 cosh (k b x ) + D2 senh(k b x ) − D3 cos(k b x ) − D4 sen (k b x )] 2 ∂x (3.38) Assim: D1 cosh (0 ) + D2 senh (0) + D3 cos(0 ) + D4 sen (0) k 2 [D cosh (0) + D senh (0) − D cos(0) − D sen (0)] 2 3 4 b 1 D1 + D3 = 0 D − D = 0 3 1 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica ⇒ 46 D1 = D3 = 0 Portanto, as equações (3.36) e (3.38) tornam-se: ψ ( x ) = D2 senh (k b x ) + D4 sen (k b x ) (3.39) ∂ 2ψ ( x ) = k b2 [D2 senh (k b x ) − D4 sen (k b x )] 2 ∂x (3.40) Aplicando as condições de contorno restantes, ou seja, em x = L , fica: 0 = D2 senh (k b L ) + D4 sen (k b L ) 0 = k 2 [D senh (k L ) − D sen (k L )] b 2 b 4 b 0 = D2 senh (k b L ) + D4 sen (k b L ) 0 = D senh (k L ) − D sen (k L ) 2 b 4 b ⇒ 2 D2 senh (k b L ) = 0 Como senh (k b L ) ≠ 0 , concluímos que D2 = 0 . Dessa forma, com D1 = D2 = D3 = 0 : D4 sen (k b L ) = 0 Neste caso, D4 ≠ 0 . Portanto, sen (k b L ) = 0 , ou seja: kb L = nπ , n = 1, 2, 3,... (3.41) Capítulo 3 – Fundamentação Teórica como cb2 = c L rK ω n , k b = ωn e k b2 = cb 47 ωn c L rK , ω n = k b2 c L rK Assim, as freqüências naturais são dadas por: 2 π n ωn = c L rK , L n = 1, 2, 3, ... (3.42) E as formas modais são dadas por: ψ n (x ) = D4 sen (k b (n ) x ) , (3.43) Sendo que: k b (n ) = nπ , L n = 1, 2, 3, ... (3.44) Onde k b (n ) referem-se a valores característicos, ou autovalores do sistema. Assim, substituindo (3.44) em (3.43): nπ L ψ n ( x ) = Dn sen x = An φ n (x ) (3.45) Onde φ n ( x ) são as funções características, ou autovetores do sistema. As formas modais para os seis primeiros modos de vibração são representadas na figura a seguir. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 48 (1º modo) (2º modo) (3º modo) (4º modo) (5º modo) (6º modo) Figura 3.2 – Seis primeiros modos de vibração para uma viga simplesmente apoiada. 3.3. TEORIA DA ANÁLISE FORÇADA A equação que governa o movimento vibratório do sistema pode ser dada na forma matricial como: [M ]d&& + [C ]d& + [K ]d = [F ] (3.46) onde [M ] , [C ] e [K ] são, respectivamente, as matrizes de massa, amortecimento e rigidez do sistema, e d e [F ] são definidos, respectivamente, como os vetores de deslocamento e carga aplicada. A análise de vibrações forçadas, a ser aqui utilizada, é feita através da análise harmônica, que é uma técnica usada para determinar a resposta forçada de uma estrutura para cargas que apresentam uma variação temporal harmônica. Esta técnica de análise permite que Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 49 sejam calculadas apenas as vibrações forçadas em regime permanente, não sendo possível a determinação das características da vibração transiente, ou seja, aquela que ocorre no início da excitação (VALE, 2003). Na análise harmônica, aqui realizada, as freqüências naturais e formas modais, obtidas na análise modal, são usadas com o objetivo de caracterizar a resposta dinâmica da estrutura. Assim, define-se um conjunto de coordenadas modais y i , tal que: n q = ∑ φi yi (3.47) i −1 onde φi é a forma modal, correspondente ao i-ésimo modo de vibração, e n o número de modos usados. Substituindo a equação (3.47) na equação (3.46) e usando-se a condição de ortogonalidade dos modos de vibração ( φ j [M ]φi = 0 e φ j [K ]φi = 0 para i ≠ j ), bem como T T a hipótese de amortecimento de Rayleigh ( φ j [C ]φi = 0 para i ≠ j ), é possível obter-se o T seguinte conjunto de n equações desacopladas: &y& j + 2 ξ j ω j y& j + ω 2j y j = f j com (3.48) f j = φ Tj [F ] . A vantagem de se obter um sistema de equações desacopladas é que toda a álgebra computacional de matriz já foi realizada na fase de análise modal, assim, nesta etapa de solução, o processo de cálculo é muito rápido. Assume-se que a excitação harmônica, f j tem a seguinte forma: f j = f jc e iΩt (3.49) onde f jc é a amplitude complexa de f j e Ω a freqüência de excitação. Assim, para que a equação (3.48) seja verdadeira para qualquer tempo t, y i deve ter uma forma similar a f j , ou seja: Capítulo 3 – Fundamentação Teórica y j = y jc e iΩt 50 (3.50) onde y jc é a amplitude complexa da coordenada modal para o modo j dada por: y jc = (ω 2 j ) f jc − Ω 2 + i (2ω j Ωξ j ) (3.51) A contribuição de cada modo para a vibração forçada é dada por: B j = φ j y jc (3.52) e os deslocamentos complexos, referentes à vibração forçada, são obtidos da equação (3.47) como: n qc = ∑ B j (3.53) j =i 3.4. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE MODELAGENS NUMÉRICAS Para a determinação das freqüências naturais e das formas modais de vibração do rotor em estudo, bem como na análise harmônica, foram utilizados dois modelos numéricos. O primeiro modelo é constituído por elementos finitos do tipo viga, com condições de contorno elásticas nos mancais. O segundo modelo faz uso de elementos finitos sólidos, mantendo-se o apoio elástico nos mancais. De maneira a avaliar o comportamento do sistema nessas duas situações, as análises modal e harmônica, utilizou-se o Método de Elementos Finitos através do software ANSYS 6.0. Visto que este software possui algoritmo com elevada eficiência, tanto na análise modal, necessária para determinação das freqüências e modos de vibração, quanto na análise harmônica onde se caracteriza o comportamento dinâmico da estrutura submetida a uma força, por exemplo, devido ao desbalanceamento residual presente em sistemas rotativos, como o caso do compensador síncrono em estudo. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 51 3.4.1. ANÁLISES NUMÉRICAS UTILIZANDO O SOFTWARE ANSYS 6.0 (A) ANÁLISE MODAL As equações resultantes da análise modal, sem a consideração da matriz de amortecimento, constituem um problema de autosolução, que consiste no cálculo dos autovalores e autovetores associados, dados pela expressão seguinte: [K ]{φ i } = ω i2 [M ]{φ i } (3.44) Sendo: [K ] {φ i } a matriz de rigidez do sistema; ωi a freqüência natural circular do modo i e ω i2 é o autovalor; [M ] a matriz de massa do sistema. o vetor de forma modal do modo i ou autovetor; O software ANSYS possui diversos algoritmos para obtenção do modelo dinâmico de estruturas. Os mais utilizados são os métodos do subespaço, bloco de Lanczos, energia dinâmica, método reduzido, assimétrico e amortecido. Uma breve descrição de cada método é apresentada a seguir. 8 MÉTODO DO SUBESPAÇO O método do subespaço usa técnicas de iterações do subespaço, as quais usam internamente os algoritmos generalizados de iteração de Jacobi. É um método de alta precisão porque usa matrizes totais de massa e rigidez. Por essa razão, em contraponto, este método é mais lento que o método reduzido. Este procedimento é usado tipicamente onde é requerido um alto grau de precisão dos resultados ou onde não se faz necessária a seleção de um grau mestre de liberdade (VALE, 2003). Quando se faz uma análise modal com um número elevado de condições de contorno, usa-se o método do subespaço ou o método de iteração do subespaço ou o método do Bloco de Lanczos para extração das constantes modais (VALE, 2003). Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 52 8 BLOCO DE LANCZOS O método de Bloco Lanczos de extração de autovalores é aceitável para problemas de número elevado de nós e simétricos. Tipicamente, este mecanismo é aplicável para os tipos de problemas solucionáveis pelo método do subespaço, porém, com uma taxa de convergência mais rápida (VALE, 2003). Um bloco, denominado algoritmo de Lanczos, é a base da teoria de autosolução. Este método emprega uma estratégia automatizada de troca, combinada com a checagem da seqüência de Sturm, para extrair o número de autovalores requisitados. Esta checagem também assegura que as freqüências naturais além da faixa de freqüência de análise fornecida pelo usuário, sejam encontradas sem perda de modos de vibração (VALE, 2003). O uso deste método para solução de problemas maiores (em torno de 100.000 graus de liberdade, por exemplo) pode requerer uma quantidade de memória computacional significativamente maior, devido a geração de um número muito elevado de equações de restrição (VALE, 2003). 8 ENERGIA DINÂMICA Este método utiliza internamente as interações do subespaço. Este método pode ser significativamente mais rápido que os métodos do Bloco Lanczos e do Subespaço, mas não apresenta boa convergência se os elementos não forem bem modelados ou se a matriz estiver mal condicionada. Este método é especialmente utilizado em modelos muito grandes, com cerca de 100 mil graus de liberdade para obter a solução dos primeiros modos (VALE, 2003). 8 MÉTODO REDUZIDO No caso do método reduzido, o sistema de equações é primeiramente condensado para os graus de liberdade livres, associados com o grau de liberdade mestre. O conjunto de “n” graus mestres caracteriza as freqüências naturais de interesse do sistema. Esta técnica preserva a energia potencial dos modos de baixa freqüência, porém, modifica, até certo ponto, a energia cinética. Esta energia, para os modos de baixa freqüência é menos sensível à condensação do que a energia cinética de modos cujas freqüências possuem valores duas vezes o número de freqüências interesse. Esta forma reduzida deve ser expressa por (VALE, 2003): [K ]{φ i } = ω 2 i [M ]{φ i } Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 53 Sendo que: [K ] {φi } autovetor (desconhecido); ωi autovalor (desconhecido); matriz reduzida de rigidez (conhecida); [M̂ ] matriz reduzida de massa (conhecido). A técnica empregada para extração real dos autovalores consiste em cinco passos, a saber: (a) Transformação de um autoproblema Generalizado para um autoproblema padrão; (b) Redução da matriz de autovalores para a forma tridiagonal; (c) Cálculo dos autovalores; (d) Cálculo dos autovetores; (e) Transformação dos autovetores. 8 MODELO ASSIMÉTRICO O método assimétrico, o qual também utiliza as matrizes totais de massa e rigidez, é indicado para problemas onde as matrizes de massa e rigidez são assimétricas (por exemplo, em condições onde ocorra interação fluido-estrutura). Este método utiliza o algoritmo de Lanczos que calcula os autovalores e autovetores complexos se o sistema é não conservativo. A parte real do autovalor representa as freqüências naturais e a parte imaginária é a medida da estabilidade do sistema. Um valor negativo significa que o sistema é estável e um valor positivo indica instabilidade. A seqüência de checagem de Sturm não é aceitável para este método. Então, há a possibilidade de se perder alguns modos se a freqüência de extração superior assumir valores mais elevados (VALE, 2003). 8 MÉTODO AMORTECIDO É utilizado em problemas onde o amortecimento não pode ser desprezado, tal como aplicações em rotores dinâmicos. Este método utiliza matrizes totais de massa e rigidez e a matriz de amortecimento. O algoritmo aplicado é o Lanczos, que calcula autovalores e autovetores complexos. A seqüência de checagem de Sturm não é aplicável a este método. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 54 Portanto, existe a possibilidade de se perderem alguns modos se a freqüência de extração superior atingir valores mais elevados (VALE, 2003). (B) ANÁLISE HARMÔNICA O software ANSYS fornece três métodos para solução do problema de excitação harmônica: o método completo, o método reduzido e o da superposição modal. O método completo resolve o problema forçado para sistemas, considerando todos seus graus de liberdade, de translação ou de rotação, variando os passos de carga em uma faixa de freqüência pré-determinada pelo usuário. Durante a solução, este procedimento resolve o problema de autovalor e autovetor, para fornecer a resposta harmônica dos sistemas nas regiões de ressonância, caso existam freqüências naturais na região de freqüência de análise, onde ocorrem amplificações consideráveis nas amplitudes de vibração. Por este motivo esta análise requer um custo computacional mais elevado que as demais (VALE, 2006). O método reduzido é uma adaptação do completo. A diferença está no fato de que este procedimento considera apenas o grau mestre de liberdade, que é a direção preferencial de solução, rebaixando as dimensões das matrizes contendo as propriedades dinâmicas dos sistemas analisados e simplificando os cálculos numéricos, reduzindo bastante o tempo de processamento (VALE, 2006). O método da superposição modal é um procedimento um pouco mais trabalhoso, porém, de resultados precisos e bem rápidos. Para executar este método, deve-se inicialmente calcular o modelo modal da estrutura a ser analisada por um método que não leve em consideração o amortecimento modal, tal como o método do Bloco de Lanczos, por exemplo. Com o modelo modal calculado, deve-se expandi-lo, ou seja, obter os coeficientes de participação modal, que fazem com que a solução harmônica tenha validade dentro de toda faixa de freqüência analisada. A superposição modal baseia-se exatamente nos coeficientes de participação modal para gerar uma resposta harmônica dentro da faixa a ser estudada. Para que se analise com correção toda esta faixa, recomenda-se que a freqüência máxima de excitação harmônica da estrutura seja, pelo menos, 50% maior que a freqüência do último modo presente dentro deste limite. Isto é feito com a intenção de se obterem os resíduos superiores presentes nas FRF (Função Resposta de Freqüência) de receptância (ou seja, deslocamento dividido pela força). Os resíduos consideram a influência dos modos de ordem superior e inferior nos modos a serem analisados. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 55 3.4.2. TIPOS DE ELEMENTOS FINITOS UTILIZADOS NAS MODELAGENS Na modelagem numérica do rotor do compensador síncrono foram utilizados três tipos de elementos finitos disponíveis na biblioteca do ANSYS, o elemento de viga (BEAM4) que representa o eixo do rotor, propriamente dito, o elemento de massa (MASS21) que representa, no modelo, a contribuição inercial dos pólos e bobinas, o elemento de mola (COMBIN14) usado para inserir as condições de apoio do sistema e o elemento SOLID95 usado na construção do modelo sólido. (A) DESCRIÇÃO DO ELEMENTO BEAM4 O elemento BEAM4 é uniaxial com capacidade de adquirir carga de tração, compressão, torção e flexão. Este elemento tem seis graus de liberdade em cada nó: translação nodal nas direções x , y e z e rotação em torno dos mesmos eixos. Figura 3.3 – Elemento de viga do tipo BEAM4 (Fonte: Manual do software ANSYS 6.0). A geometria, localização dos nós e o sistema de coordenadas para este elemento são mostrados na fig. 3.3. O elemento é definido por dois ou três nós, área da seção transversal, Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 56 dois momentos de inércia de área ( I zz e I yy ), as espessuras nas direções y e z ( TK y e TK z ), um ângulo de orientação ( θ ) do elemento em torno do eixo x , o momento de inércia ( I xx ) e as propriedades do material, como densidade, módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson. (B) DESCRIÇÃO DO ELEMENTO MASS21 O MASS21 (ver fig. 3.4) é um elemento pontual que possui seis graus de liberdade: translação e rotação nos eixos nodais x , y e z . Devem ser atribuídas diferentes massas e inércias rotacionais em cada direção do sistema de coordenadas. O elemento de massa é definido por um único nó, com componentes de massa concentrada nas direções coordenadas do elemento e inércias rotacionais em relação aos eixos coordenados do elemento. Figura 3.4 – Elemento do tipo MASS21 (Fonte: Manual do software ANSYS 6.0). (C) DESCRIÇÃO DO ELEMENTO COMBIN14 O elemento do tipo COMBIN14 tem capacidade de aplicação longitudinal ou torcional em uma, duas ou nas três dimensões. A opção de mola/amortecedor longitudinal é um elemento uniaxial de tração-compressão com de três graus de liberdade em cada nó: translação nas direções nodais x , y e z . Carregamentos de flexão ou torção não são considerados. A opção mola/amortecedor torcional representa um elemento puramente rotacional com três graus de liberdade em cada nó: rotação em torno dos eixos nodais x , y e z . Flexão ou carregamentos axiais não são considerados. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 57 Figura 3.5 – Elemento de mola tipo COMBIN14 (Fonte: Manual do software ANSYS 6.0). A geometria, localização dos nós e o sistema de coordenadas para esse elemento são mostrados na fig. 3.5. O elemento é definido por dois nós, uma constante de rigidez ( k ) e coeficientes de amortecimento c y 1 e c y 2 . A capacidade de amortecimento não é usada para análises estáticas ou não amortecidas. (D) DESCRIÇÃO DO ELEMENTO SOLID95 O elemento SOLID95 é uma versão superior elemento sólido com oito nós. Este elemento pode tolerar formas irregulares sem tanta perda de precisão. O SOLID95 tem deslocamentos compatíveis com as formas. É adequado para modelos com superfícies curvadas nas fronteiras. O elemento é definido por 20 nós, tendo três graus de liberdade por nó: translação nas direções nodais x, y e z. O elemento SOLID95 possui capacidade de plasticidade, rigidez a tensão, grandes deflexões e deformações, etc. E várias opções de plotagem de resultados também estão disponíveis para este elemento. A geometria, localização dos nós e o sistema de coordenadas são mostrados na fig. 3.6. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 58 Figura 3.6 – Geometria do elemento sólido tipo SOLID95. (Fonte: Manual do software ANSYS 6.0). 3.5. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE DESBALANCEAMENTO ROTATIVO Balanceamento é um processo que visa melhorar a distribuição de massa de um corpo, de modo que este gire em seus mancais sem forças de desbalanceamento. Este balanceamento pode ser atingido até certo limite, já que após este processo o rotor ainda apresentará imperfeição na distribuição de massa, chamada desbalanceamento residual. Neste sentido, o processo de balanceamento, aqui discutido, refere-se ao desbalanceamento residual admissível em rotores (ABNT, 1983). Com auxílio dos equipamentos de medição disponíveis atualmente, o desbalanceamento pode ser reduzido a níveis razoavelmente baixos. Entretanto, seria antieconômico exagerar os requisitos de qualidade. Deve ser estabelecido até onde o desbalanceamento deve ser reduzido e onde existe o compromisso ótimo do ponto de vista econômico e teórico sobre a qualidade do balanceamento (ABNT, 1983). Deve ser observado que não é possível concluir seguramente que os desbalanceamentos residuais admissíveis procedem de recomendações existentes sobre o comportamento vibratório das máquinas, visto que, em muitos casos, não é fácil conhecer a relação entre o desbalanceamento do rotor e as vibrações da máquina sob condições Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 59 operacionais. A amplitude das vibrações á influenciada por vários fatores, como por exemplo, a massa vibratória da carcaça da máquina e suas fundações; as rigidezes dos mancais e fundação e a aproximação da velocidade de operação em relação às várias freqüências de ressonância (ABNT, 1983). Um corpo rotativo desbalanceado causará não somente forças em seus mancais e fundação, mas também vibrações na máquina. A qualquer velocidade de rotação, ambos os efeitos dependem essencialmente das proporções geométricas e distribuição de massa do rotor e máquina, bem como da rigidez dos mancais e fundação (ABNT, 1983). Em muitos casos, o desbalanceamento estático é de importância primária quando comparado ao desbalanceamento de conjugado, ou seja, utilizando dois planos de balanceamento, o efeito de perturbação é maior na mesma direção (estático) que em direções opostas (dinâmico). Similarmente, há casos em que o desbalanceamento de conjugado é especialmente perturbado. Por exemplo, para um rotor com discos de balanço em ambas as extremidades e distância entre mancais menor que a distância entre os planos de correção, a carga atuante no mancal, devido ao desbalanceamento do conjugado, é maior que o causado pelo desbalanceamento estático (ABNT, 1983). Para rotores em forma de disco, o uso de somente um plano de correção pode ser suficiente, desde que a distância entre os mancais seja suficientemente grande e o disco gire com deslocamento axial suficientemente pequeno. Se o rotor não satisfaz estas condições, então dois planos de correção são necessários. No caso de rotores para os quais o centro de gravidade está localizado no terço intermediário da distância entre mancais metade do valor recomendado do desbalanceamento residual admissível deve ser tomado para cada plano de correção se eles são eqüidistantes do centro de gravidade. Para outros rotores pode ser necessário dividir o valor recomendado de acordo com a distribuição de massa do rotor (ABNT, 1983). Geralmente, quanto maior for a massa do rotor, tanto maior é o desbalanceamento admissível. Portanto, é apropriado relacionar o desbalanceamento residual admissível U com a massa do rotor m . O desbalanceamento específico e = U m é equivalente ao deslocamento do centro de gravidade quando este coincide com o plano de desbalanceamento estático (ABNT, 1983). A experiência prática mostra que para rotores do mesmo tipo, em geral, o desbalanceamento residual admissível específico e = U m varia inversamente com a velocidade de operação, dentro da faixa de velocidade e qualidade de balanceamento Capítulo 3 – Fundamentação Teórica 60 especificadas na norma NBR 8008/83. Além disto, dados estatísticos empíricos, para rotores do mesmo tipo, indicam a seguinte relação para a velocidade tangencial: neeixo = constante, ou, equivalentemente ωeeixo = constante, onde eeixo pode ser tomado como a excentricidade do centro de gravidade para o caso de desbalanceamento estático (ABNT, 1983). As classes de balanceamento foram estabelecidas, de acordo com a norma NBR 8008/83, de forma a permitir uma classificação das exigências de qualidade. Cada classe de qualidade de balanceamento G compreende uma faixa de desbalanceamentos residuais admissíveis do limite superior, que é dado por certa magnitude do produto ωeeixo até zero. Registrando as classes de qualidade versus a máxima velocidade de operação nmáx , obtêm-se os limites superiores de eeixo (ABNT, 1983). 61 CAPÍTULO 4 DESCRIÇÃO DA MODELAGEM DINÂMICA DO ROTOR 4.1. HIPÓTESES SIMPLIFICADORAS Para a construção do modelo numérico, composto por elementos de viga, do rotor do compensador síncrono foram adotadas algumas hipóteses simplificadoras, de acordo com o conceito de modelo matemático apresentado no capítulo 3. Dessa forma, foram adotadas diferentes simplificações para cada elemento constituinte do sistema, como os mancais, eixo e a seção dos pólos. → Cada seção do eixo escalonado é constituída de material constante, homogêneo e com propriedades constantes em todas as direções, ou seja, isotrópico; → Cada seção com diâmetro constante é modelada como elemento tipo BEAM4, ou seja, considerado, como elemento de viga; → Após as deflexões, as superfícies, inicialmente planas, permanecem planas, executando somente movimentos translacionais; → Todas as equações que descrevem o comportamento dinâmico do rotor são aplicáveis para pequenas amplitudes de vibração; → As considerações a cerca de homogeneidade e continuidade do material das seções escalonadas do eixo, resultam em rigidez constante destas; → Os mancais são representados no modelo como condições de apoio flexíveis, restringindo movimentos translacionais; → É considerado que o rotor está balanceado de acordo com a norma NBR 8008/83 que regulamenta a qualidade do balanceamento e recomenda o desbalanceamento residual admissível, sendo, desta forma, possível simular o comportamento dinâmico da estrutura sob condições de carregamento externo. Capítulo 4 – Descrição da Modelagem Dinâmica do Rotor 4.2. 62 CONSTRUÇÃO DO MODELO Os modelos, com elementos de viga e elementos sólidos, foram desenvolvidos com base nos dados e informações disponíveis acerca de dimensões, cargas, propriedades geométricas e mecânicas da estrutura do compensador síncrono, disponíveis no Centro de Documentação Técnica da Eletronorte. Figura 4.1 – Representação esquemática geral do rotor em estudo. O modelo construído (ver fig. 4.1) baseou-se nas dimensões disponíveis nas plantas do projeto deste rotor. Para construção do modelo usando elementos de viga, foi utilizada, exclusivamente, a própria tela gráfica do ANSYS 6.0. Na elaboração do modelo com elementos de viga, foram utilizados aço como material constituinte e dimensões apresentadas na Tab. 4.1 e, que mostra ainda as diversas variações de diâmetro que o eixo apresenta ao longo de seu comprimento. O modelo sólido foi construído com auxílio do software SolidWorks 2007, que dispõe de excelentes ferramentas de desenho, visualização e, principalmente, interface com diferentes softwares, que também foram utilizados paralelamente, como o AutoCad 2007 e o próprio software de elementos finitos, ANSYS 6.0, para onde foi exportado posteriormente. Capítulo 4 – Descrição da Modelagem Dinâmica do Rotor 63 Tabela 4.1 – Descrição dimensional de cada seção que compõe o eixo do rotor. SEÇÃO COMPRIMENTO (mm) DIÂMETRO (mm) 1 127 150 2 37 280 3 26 1016 4 150 275 5 130 560 6 125 275 7 130 560 8 155 275 9 210 475 10 295 300 11 695 500 12 200 620 13 630 1154 14 2680 2527 15 630 1247 16 285 620 17 80 500 18 35 595 19 500 500 20 70 595 21 80 50 Em se tratando da construção do modelo com elementos de viga, é proposta uma análise alternativa visando situações nas quais recursos computacionais necessários para construção de um modelo mais preciso não estejam disponíveis. Neste contexto: → os elementos de viga tridimensional BEAM4, são usados ao longo de todo o comprimento do eixo; → A seção onde se localizam os pólos do compensador é tratada especialmente, tendo as contribuições inerciais do movimento representadas pelos elementos de massa MASS21 distribuídos ao longo desta seção; → As condições de apoio são estabelecidas pelas propriedades dos mancais, sendo aqui considerada somente a rigidez. São representadas no modelo através do elemento finito COMBIN14. As propriedades mecânicas dos mancais foram obtidas de acordo com SANTOS FILHO, 2001. Sendo as rigidezes mostradas na tabela a seguir. Capítulo 4 – Descrição da Modelagem Dinâmica do Rotor 64 Tabela 4.2 – Rigidezes utilizadas nos mancais. Rigidez (N/m) Radial Axial-Radial Kx 1,40E+12 2,70E+08 Ky 1,40E+12 2,70E+08 Kz - 3,60E+07 O software de elementos finitos ANSYS 6.0 subdivide as análises que serão realizadas em três fases principais. A fase de construção do modelo, fase de solução e análise dos resultados. 4.2.1 PRÉ-PROCESSAMENTO A fase inicial, de pré-processamento, consiste em inserir no ANSYS os tipos de elementos que serão usados, para o modelo com elementos de viga, os elementos BEAM4, COMBIN14 e MASS21. Após definição dos tipos de elementos é necessário que seja informado ao programa as propriedades de cada tipo de elemento. Para o elemento BEAM4, a área e momentos de inércia nas direções perpendiculares de sua seção transversal; para o elemento COMBIN14, deve ser fornecida sua constante de rigidez e, quando for o caso, o amortecimento presente; e, finalmente, para o MASS21, a massa do componente do sistema físico real que está sendo representado no modelo por este elemento, nas três direções ortogonais x, y e z. Nesta seção devem ser inseridas também as propriedades mecânicas do material usado, tais como: módulo de elasticidade, coeficiente de Poisson e densidade. Além das informações sobre a linearidade da resposta e isotropia do material. Para o modelo construído com elementos sólidos foi usado o elemento SOLID95 que dispensa a inserção de constantes reais, sendo necessário somente a inserção de propriedades mecânicas e físicas. 4.2.2 SOLUÇÃO Análise Modal: A fase de solução inicia-se após a finalização da construção do modelo e inserção de todas as propriedades de influência no comportamento dinâmico da estrutura. Nesta fase, define-se que tipo de análise deve ser realizado, entre as opções fornecidas: estática, modal, harmônica, transiente, etc. Para este caso, por fornecer os parâmetros de interesse (freqüências naturais e modos de vibração), foi escolhida a análise modal. Capítulo 4 – Descrição da Modelagem Dinâmica do Rotor 65 Para este caso, deve-se identificar qual método de extração modal deve ser usado e o número de modos a extrair, sendo aqui usado o Método de Block Lanczos e 10 modos de vibração, respectivamente e para o modelo sólido foram extraídos 20 modos. Outra informação importante é a faixa de freqüência que deve ser analisada. Neste trabalho foi estudada uma faixa de 1 a 250 Hz. Todas estas subetapas concluem-se com a execução do comando Solve que, finalmente, soluciona o problema. Análise Harmônica: A simulação do comportamento dinâmico com força atuando, requer aplicação de carregamento externo, na fase de pré-processamento, e continua com a especificação da faixa de freqüência que se quer analisar, bem como do número de subpassos usado no cálculo numérico. Com estas informações inseridas é possível executar o comando de solução. 4.2.3 PÓS-PROCESSAMENTO A fase de solução por si só não apresenta os resultados obtidos na análise. A fase de pós-processamento é responsável por toda a apresentação dos resultados nas formas preferenciais do usuário. Várias opções estão disponíveis de visualização, em forma de listas, através da opção List Results > Nodal Solution e visualização da configuração deformada, através do submenu Plot Result, bem como animação em vídeo do comportamento dinâmico, localizado no menu PlotCtrls > Animate. Para visualização dos resultados referentes à análise forçada, é necessário verificar outras opções disponíveis no menu lateral da janela principal do ANSYS, como a opção TimeHist PostProc que dispõe de recurso para visualização da variação da amplitude no domínio da freqüência, facilitando assim a identificação das freqüências naturais, bem como as amplitudes de deslocamento em qualquer nó do sistema. A construção do modelo sólido foi realizada com auxílio de diferentes softwares. Primeiramente, a seção transversal referente à região dos pólos foi desenhada no software AutoCad 2007. Devido a sua facilidade de construção de estruturas sólidas, esta seção transversal foi exportada para o SolidWorks 2007, onde continuou-se a construção do rotor até sua conclusão. Para a realização das análises propostas neste trabalho, foi utilizado o software ANSYS que possui boa interface com o SolidWorks. Sendo assim, o desenho tridimensional do rotor foi exportado para o ANSYS, onde se continuou, agora para realização das Capítulo 4 – Descrição da Modelagem Dinâmica do Rotor 66 simulações propriamente ditas. O modelo tridimensional usado no ANSYS foi discretizado com elementos finitos tipo SOLID95, que não requer inserção de constantes reais referentes a dimensões ou propriedades geométricas. A Tab. 4.3 mostra as propriedades geométricas das seções do rotor escalonado. Os dados apresentados referem-se às constantes reais usadas na construção do modelo com elementos de viga. A fig. 4.2 ilustra cada uma das seções presentes no rotor e usadas na construção do modelo. Figura 4.2 – Ilustração das seções que compõem o modelo do compensador síncrono. Tabela 4.3 – Propriedades geométricas das diversas seções do rotor. Seção Área (mm²) Momento de Inércia (mm4) Ixx=Iyy 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 1,77E+04 6,16E+04 8,11E+05 5,94E+04 2,46E+05 5,94E+04 2,46E+05 5,94E+04 1,77E+05 7,07E+04 1,96E+05 3,02E+05 1,05E+06 5,70E+06 1,22E+06 3,02E+05 1,96E+05 2,78E+05 1,96E+05 2,78E+05 2,49E+07 3,02E+08 5,23E+10 2,81E+08 4,83E+09 2,81E+08 4,83E+09 2,81E+08 2,50E+09 3,98E+08 3,07E+09 7,25E+09 8,72E+10 2,40E+12 1,19E+11 7,25E+09 3,07E+09 6,15E+09 3,07E+09 6,15E+09 21 1,96E+03 3,07E+05 As propriedades mecânicas de cada seção transversal foram definidas de acordo com o material que constitui o rotor. Em sua maior parte o material presente é aço, com os pólos Capítulo 4 – Descrição da Modelagem Dinâmica do Rotor 67 considerados constituídos essencialmente de cobre. Desta forma, excluindo-se a parte externa da seção de número 14 (pólos), todas as demais são constituídas de aço. A tabela a seguir resume as propriedades destes materiais inseridas na construção do modelo. Tabela 4.4 – Propriedades mecânicas dos materiais usadas no modelo. Material Densidade (kg/m³) Poisson Módulo de Elasticidade (MPa) AÇO COBRE 7850 8890 0,30 0,34 210000 115000 Tendo em vista todas estas considerações acerca da construção dos modelos, são apresentados a seguir, na fig. 4.3, os modelos construídos com elementos de viga e elementos sólidos, através do software de elementos finitos ANSYS. Mancal Axial-Radial Mancal Radial Mancal Axial-Radial Mancal Radial Figura 4.3 – Modelos criados com elemento de viga e elementos sólidos, respectivamente. 4.3. ANÁLISES MODAL E HARMÔNICA A análise modal realizada no modelo objetivou a determinação das freqüências naturais e formas modais de vibração do rotor em vibração livre. Diferentemente desta, foi simulado também o comportamento dinâmico do rotor sob vibração forçada, que se baseou na condição de desbalanceamento recomendada pela Norma NBR 8008/83, a qual trata da qualidade do balanceamento para este tipo de rotor. Desta forma, foram simuladas condições de desbalanceamento estático e dinâmico utilizando-se dois planos de correção como ilustrado na fig. 4.4. Capítulo 4 – Descrição da Modelagem Dinâmica do Rotor 68 Figura 4.4 – Ilustração dos planos de balanceamento usados na análise forçada. A Norma NBR 8008/83, fornece o desbalanceamento residual admissível para rotores em função do tipo de máquina e da rotação nominal. Para este caso, com a velocidade de operação de 900 rpm e qualidade de balanceamento G 6,3 (armaduras elétricas normais), o desbalanceamento residual é de aproximadamente 63 g.mm/kg. A massa total do rotor é de 102000 kg. O desbalanceamento ( m eeixo ), desta forma, resulta em 6,426 kg.m. A força centrífuga que se origina do desbalanceamento é dada pela equação: Fc = m eeixo Ω 2 (4.1) onde Ω é a velocidade angular de operação do rotor. Desta forma, a força externa de excitação calculada é de 1445,85 N, sendo que metade desta força centrífuga atua em cada plano de correção, com sentidos iguais, para condição de balanceamento estático e sentidos opostos para balanceamento dinâmico. A análise harmônica tem por objetivo descrever o comportamento da estrutura quando excitado externamente. Neste caso, o rotor foi considerado balanceado, de acordo com a norma NBR 8008/83, tendo deste modo, uma quantidade de desbalanceamento dado pelas condições desta norma. Assim, simulado sob condições de balanceamento estático e dinâmico, foram registrados deslocamentos nos mancais para cada situação. Além destes dados, foram obtidas as respostas no domínio da freqüência para os mancais sob excitação na velocidade de operação do rotor. 69 CAPÍTULO 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES Devido à dificuldade de se realizar uma análise modal experimental que permitisse a excitação da estrutura metálica do compensador de uma forma global, foi implementada uma análise modal numérica, através do método de elementos finitos para determinação de modos de vibração e freqüências naturais em sintonia ou próximos da freqüência de operação e seus harmônicos. A fig. 5.1 mostra o espectro de deslocamento do compensador síncrono lido no mancal radial (direção horizontal), obtido através do software VIBROCOMP, que gerencia o sistema de monitoramento on-line desta máquina. Nesta figura, é possível observar a presença das componentes de 15 e 30 Hz, respectivamente, primeiro e segundo harmônicos da freqüência de operação da máquina. Figura 5.1 – Freqüência fundamental de excitação e seus harmônicos. Após a elaboração do modelo, para realização das análises modal e harmônica, descritas no capítulo anterior, são apresentados, a seguir, todos os resultados de interesse, tais como as freqüências naturais e os modos de vibração para cada freqüência natural, bem como, primeiramente (modelo de vigas), os deslocamentos dos mancais para várias direções da força de desbalanceamento e, posteriormente (modelo sólido), a simulação para a situação crítica determinada na simulação com elementos de viga. Capítulo 5 – Resultados e Discussões 5.1. 70 RESULTADOS PARA O MODELO COM ELEMENTOS DE VIGA 5.1.1. ANÁLISE MODAL A análise modal do sistema em questão foi realizada numericamente através do software comercial ANSYS 6.0, baseado no método de elementos finitos. Os resultados apresentados para as freqüências naturais limitam-se à faixa de freqüência abaixo de 20 Hz, a qual corresponde à faixa de rotação operacional do rotor do compensador. (A) FREQÜÊNCIAS NATURAIS A análise modal, através do algoritmo de extração de Block Lanczos, forneceu como resultado os valores de freqüências naturais para os dez primeiros modos de vibração, os quais podem ser visualizados na Tab. 5.1. Tabela 5.1 – Freqüências naturais do rotor. Modo Freqüência (Hz) Tipo de Modo 1º 2,0752 Flexão da ponta do eixo 2º 2,0752 Flexão da ponta do eixo 3º 2,3032 Axial (corpo rígido) 4º 2,8707 Flexão da ponta do eixo 5º 2,8707 Flexão da ponta do eixo 6º 6,5456 Flexão combinado 7º 13,098 Flexão ponta de eixo 8º 13,098 Flexão ponta de eixo 9º 13,285 Axial 10º 18,571 Axial (B) MODOS DE VIBRAÇÃO Cada uma das freqüências naturais do sistema é caracterizada por uma forma de vibração própria e de fundamental importância para determinação, por exemplo, das amplitudes nodais em cada seção e verificação da dependência deste movimento com as características geométricas do rotor estudado. É feita, a seguir, uma descrição de cada modo de vibração para as dez freqüências naturais determinadas. Capítulo 5 – Resultados e Discussões PRIMEIRO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 2,075 HZ) Figura 5.2 – Primeiro modo de vibração do rotor. SEGUNDO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 2,075 HZ) Figura 5.3 – Segundo modo de vibração do rotor. 71 Capítulo 5 – Resultados e Discussões TERCEIRO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 2,303 HZ) Figura 5.4 – Terceiro modo de vibração do rotor. QUARTO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 2,871 HZ) Figura 5.5 – Quarto modo de vibração do rotor. 72 Capítulo 5 – Resultados e Discussões QUINTO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 2,871 HZ) Figura 5.6 – Quinto modo de vibração do rotor. SEXTO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 6,546 HZ) Figura 5.7 – Sexto modo de vibração do rotor. 73 Capítulo 5 – Resultados e Discussões SÉTIMO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 13,098 HZ) Figura 5.8 – Sétimo modo de vibração do rotor. OITAVO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 13,098 HZ) Figura 5.9 – Oitavo modo de vibração do rotor. 74 Capítulo 5 – Resultados e Discussões NONO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 13,285 HZ) Figura 5.10 – Nono modo de vibração do rotor. DÉCIMO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 18,571 HZ) Figura 5.11 – Décimo modo de vibração do rotor. 75 Capítulo 5 – Resultados e Discussões 76 Os modos apresentados possuem diferentes características no que diz respeito à configuração deformada. O primeiro modo, juntamente com o segundo, quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo, constitui-se essencialmente de deformações laterais, caracterizando modos de flexão. Diferentemente destes, o terceiro, nono e décimo modos de vibração caracterizam-se por amplitudes de deslocamento na direção axial do eixo do rotor. É importante ressaltar que alguns modos possuem características bastante peculiares: o primeiro e segundo constituem o mesmo modo de vibração, em direções oblíquas da seção transversal, contudo simétricas, como pode ser constatado nas Figs. 5.2 e 5.3. O mesmo ocorre para o quarto e quinto, sétimo e oitavo modos, o que pode ser explicado pelo fato de se ter considerado a rigidez dos mancais iguais em ambas as direções (vertical e horizontal) da seção transversal. 5.1.2. ANÁLISE HARMÔNICA Através da análise harmônica é possível determinar a configuração deformada do rotor, em cada nó, em condições operacionais, neste caso, sob condições simuladas de desbalanceamento estático e dinâmico. Estes resultados de deslocamentos são mostrados a seguir e referem-se à órbita traçada nos nós que definem os mancais, numerados de acordo com a figura a seguir. Elemento de mola Elemento de mola Nó 266 Nó 1058 Elemento de viga Elemento de viga Figura 5.12 – Representação dos modelos dos mancais radial e axial/radial, respectivamente. (A) SIMULAÇÃO DE DESBALANCEAMENTO ESTÁTICO A seguir são apresentados os gráficos referentes aos deslocamentos nos mancais devido à excitação externa, causada por uma força de desbalanceamento estático, ou seja, Capítulo 5 – Resultados e Discussões 77 considerando dois planos de correção; duas forças agindo neste plano com sentidos iguais. O procedimento baseou-se na condição de força de desbalanceamento atuando em várias direções (rotor em movimento) e foram obtidos os deslocamentos em várias direções. Dessa forma, foi possível determinar o diagrama de órbita para condição de desbalanceamento estático para os dois mancais. Órbita - Mancal Radial (Desbalanceamento Estático) 6E-11 4E-11 2E-11 0 -6E-11 -4E-11 -2E-11 0 2E-11 4E-11 6E-11 -2E-11 -4E-11 -6E-11 Órbita - Mancal Axial-Radial (Desbalanceamento Estático) 8,E-08 6,E-08 4,E-08 2,E-08 -8E-08 -6E-08 -4E-08 0,E+00 -2E-08 0 2E-08 4E-08 6E-08 8E-08 -2,E-08 -4,E-08 -6,E-08 -8,E-08 Figura 5.13 – Órbitas para os mancais radial e axial-radial, respectivamente. Capítulo 5 – Resultados e Discussões 78 A fig. 5.13 representa as respostas nos mancais, obtidas através do software ANSYS para vibração forçada com força de desbalanceamento atuando na freqüência de 15 Hz, freqüência de operação do rotor. Importante observar que os gráficos acima mostram deslocamentos em 12 direções ao longo da circunferência. As órbitas possuem simetria circular devido à força de desbalanceamento nos dois primeiros quadrantes ser a mesma que atua nos terceiro e quarto quadrantes, com sentidos opostos. Além disto, as rigidezes nos mancais nas direções vertical e horizontal são iguais. (B) SIMULAÇÃO DE DESBALANCEAMENTO DINÂMICO Foi simulado ainda o comportamento dinâmico do rotor quando excitado por força externa de desbalanceamento dinâmico, ou seja, com forças atuando em sentidos opostos nos planos de balanceamento. Foram obtidas as amplitudes de deslocamento nos mancais radial e axial-radial. Neste caso, assim como no anterior, as respostas nos mancais foram obtidas para excitação atuando nas mesmas doze direções, no entanto, com direções opostas nos planos de correção, gerando o momento que caracteriza a situação de desbalanceamento simulada. Órbita - Mancal Radial (Desbalanceamento Dinâmico) 6E-15 4E-15 2E-15 0 -6E-15 -4E-15 -2E-15 0 -2E-15 -4E-15 -6E-15 2E-15 4E-15 6E-15 Capítulo 5 – Resultados e Discussões 79 Órbita - Mancal Axial-Radial (Desbalanceamento Dinâmico) 8E-12 6E-12 4E-12 2E-12 0 -8E-12 -6E-12 -4E-12 -2E-12 0 2E-12 4E-12 6E-12 8E-12 -2E-12 -4E-12 -6E-12 -8E-12 Figura 5.14 – Órbitas para os mancais radial e axial-radial, respectivamente. A fig. 5.14 apresenta o diagrama de órbita para o mancal radial e axial-radial, respectivamente. Pode-se observar, assim como as órbitas para a condição de desbalanceamento estático, que essa figura possui simetria circular, de acordo com os pontos calculados. Da mesma forma que no caso anterior, a justificativa reside no fato de serem usadas rigidezes iguais nas direções dos mancais, além da simetria das forças atuando nos semicírculos superior e inferior da seção transversal do mancal. 5.2. RESULTADOS PARA O MODELO COM ELEMENTOS SÓLIDOS 5.2.1. ANÁLISE MODAL Os resultados obtidos na análise modal para o modelo sólido também se limitam à faixa de freqüência a qual o compensador síncrono passa até atingir sua velocidade de operação. Desta forma, estes resultados, para as freqüências naturais e formas modais de vibração, são apresentados a seguir. Capítulo 5 – Resultados e Discussões 80 (A) FREQÜÊNCIAS NATURAIS Na análise modal foram determinados valores de freqüências naturais para os vinte primeiros modos de vibração, por estarem dentro da faixa de freqüência a qual o rotor passa até atingir sua velocidade de operação, de acordo com a tabela a seguir. Tabela 5.2 – Freqüências naturais para modelo sólido. Modo Freqüência (Hz) Tipo de Modo 1º 1,3405 Flexão ponta de eixo 2º 1,3415 Flexão ponta de eixo 3º 1,5578 Axial (corpo rígido) 4º 2,0821 Flexão ponta de eixo 5º 2,0825 Flexão ponta de eixo 6º 3,2723 Flexão em todo rotor 7º 3,2883 Flexão em todo rotor 8º 5,8465 Modo ventilador 9º 6,3970 Modo ventilador 10º 6,4067 Modo ventilador 11º 6,6050 Modo ventilador 12º 7,7654 Modo ventilador 13º 7,8448 Modo ventilador 14º 10,512 Flexão ponta de eixo/ventilador 15º 10,519 Flexão ponta de eixo/ventilador 16º 12,087 Modo ventilador 17º 12,105 Modo ventilador 18º 13,587 Torcional 19º 16,182 Flexão em todo rotor 20º 16,248 Flexão em todo rotor (B) MODOS DE VIBRAÇÃO A seguir são mostrados os modos de vibração para o modelo sólido, obtidos para cada freqüência natural mostrada na Tab. 5.3. As figuras a seguir mostram de diferentes vistas os modos obtidos de forma a facilitar a observação do comportamento do rotor. Capítulo 5 – Resultados e Discussões PRIMEIRO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 1,341 HZ) Figura 5.15 – Primeiro modo de vibração do rotor com modelo sólido. SEGUNDO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 1,341 HZ) Figura 5.16 – Segundo modo de vibração do rotor com modelo sólido. 81 Capítulo 5 – Resultados e Discussões TERCEIRO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 1,558 HZ) Figura 5.17 – Terceiro modo de vibração do rotor com modelo sólido. QUARTO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 2,082 HZ) Figura 5.18 – Quarto modo de vibração do rotor com modelo sólido. 82 Capítulo 5 – Resultados e Discussões QUINTO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 2,083 HZ) Figura 5.19 – Quinto modo de vibração do rotor com modelo sólido. SEXTO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 3,272 HZ) Figura 5.20 – Sexto modo de vibração do rotor com modelo sólido. 83 Capítulo 5 – Resultados e Discussões SÉTIMO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 3,288 HZ) Figura 5.21 – Sétimo modo de vibração do rotor com modelo sólido. OITAVO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 5,847 HZ) Figura 5.22 – Oitavo modo de vibração do rotor com modelo sólido. 84 Capítulo 5 – Resultados e Discussões NONO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 6,397 HZ) Figura 5.23 – Nono modo de vibração do rotor com modelo sólido. DÉCIMO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 6,407 HZ) Figura 5.24 – Décimo modo de vibração do rotor com modelo sólido. 85 Capítulo 5 – Resultados e Discussões DÉCIMO PRIMEIRO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 6,605 HZ) Figura 5.25 – Décimo primeiro modo de vibração do rotor com modelo sólido. DÉCIMO SEGUNDO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 7,765 HZ) Figura 5.26 – Décimo segundo modo de vibração do rotor com modelo sólido. 86 Capítulo 5 – Resultados e Discussões DÉCIMO TERCEIRO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 7,845 HZ) Figura 5.27 – Décimo terceiro modo de vibração do rotor com modelo sólido. DÉCIMO QUARTO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 10,512 HZ) Figura 5.28 – Décimo quarto modo de vibração do rotor com modelo sólido. 87 Capítulo 5 – Resultados e Discussões DÉCIMO QUINTO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 10,519 HZ) Figura 5.29 – Décimo quinto modo de vibração do rotor com modelo sólido. DÉCIMO SEXTO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 12,087 HZ) Figura 5.30 – Décimo sexto modo de vibração do rotor com modelo sólido. 88 Capítulo 5 – Resultados e Discussões DÉCIMO SÉTIMO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 12,105 HZ) Figura 5.31 – Décimo sétimo modo de vibração do rotor com modelo sólido. DÉCIMO OITAVO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 13,587 HZ) Figura 5.32 – Décimo oitavo modo de vibração do rotor com modelo sólido. 89 Capítulo 5 – Resultados e Discussões DÉCIMO NONO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 16,182 HZ) Figura 5.33 – Décimo nono modo de vibração do rotor com modelo sólido. VIGÉSIMO MODO DE VIBRAÇÃO (FREQÜÊNCIA 16,248 HZ) Figura 5.34 – Vigésimo modo de vibração do rotor com modelo sólido. 90 Capítulo 5 – Resultados e Discussões 91 Pode-se observar, através dos resultados anteriormente mostrados, que as formas modais determinadas representam modos de vibração de flexão, longitudinal e modo torcional. É possível observar ainda que, analogamente ao modelo com elementos de viga, alguns modos apresentam-se simétricos entre si, como por exemplo, nas freqüências de 1,34; 2,08; 3,2; 6,4; 10,5 e 16,2 Hz. Verifica-se que a maioria dos modos concentra as deflexões na ponta do eixo, como também foi verificado no modelo com elementos de viga. Este fato pode ser atribuído à grande diferença entre as propriedades geométricas (momento de inércia), inerciais (massa) e mecânicas (rigidez) existente entre a ponta do eixo e a região onde se localizam os pólos. Ou seja, a ponta do eixo possui facilidade de movimento maior quando comparada com a região dos pólos. Alguns modos, mostrados nas Figs. 5.22 a 5.27, 5.30 e 5.31, representam somente deflexões no ventilador, o qual foi simplificado e inserido no modelo como um disco, resultando, deste modo, em modos de vibração localizados. Além dos modos de flexão na ponta do eixo, foram observados também modos de flexão em todo o rotor, como mostrado nas Figs. 5.20, 5.21, 5.33 e 5.34, representando deflexões nas direções vertical e horizontal. Foram determinados ainda modos de vibração axial com deslocamentos de corpo rígido na freqüência de 1,55 Hz e modo torcional de vibração na freqüência de 13,5 Hz, conforme pode ser visto nas Figs. 5.17 e 5.32, respectivamente. Figura 5.35 – Representação dos mancais radial e axial-radial para o modelo sólido. Capítulo 5 – Resultados e Discussões 92 5.2.2. ANÁLISE HARMÔNICA (A) SIMULAÇÃO DE DESBALANCEAMENTO ESTÁTICO Os resultados para o modelo com elementos de viga mostraram que, para várias direções, a força de desbalanceamento causa um deslocamento máximo nas direções vertical e horizontal (condições críticas de deslocamento). Neste sentido, e tendo em vista limitações de recursos computacionais e tempo de processamento, optou-se por simular com o modelo sólido somente as respostas em uma dessas condições, sendo escolhida o caso onde a força de desbalanceamento atua na direção vertical. Dessa forma, os resultados a seguir referem-se somente aos deslocamentos sofridos nesta direção. Deslocamentos em Y - Mancal Radial 3,5E-13 Deslocamento em Y (mm) Deslocamento em X (m m ) Deslocamentos em X - Mancal Radial 3E-13 2,5E-13 2E-13 1,5E-13 1E-13 5E-14 0 0 5 10 15 1,2E-10 1E-10 8E-11 6E-11 4E-11 2E-11 0 20 0 5 Freqüência (Hz) 10 15 20 Freqüência (Hz) Figura 5.36 – Deslocamentos no mancal radial nas direções X e Y, respectivamente. Deslocamentos em Y - Mancal Axial-radial 1,4E-09 Deslocam ento em Y (m m ) Deslocam ento em X (m m ) Deslocamentos em X - Mancal Axial-radial 1,2E-09 1E-09 8E-10 6E-10 4E-10 2E-10 0 0 5 10 Freqüência (Hz) 15 20 9,E-07 8,E-07 7,E-07 6,E-07 5,E-07 4,E-07 3,E-07 2,E-07 1,E-07 0,E+00 0 5 10 Freqüência (Hz) 15 20 Capítulo 5 – Resultados e Discussões 93 Deslocam ento em Z (m m ) Deslocamentos em Z - Mancal Axial-radial 4,E-07 4,E-07 3,E-07 3,E-07 2,E-07 2,E-07 1,E-07 5,E-08 0,E+00 0 5 10 15 20 Freqüência (Hz) Figura 5.37 – Deslocamentos no mancal axial-radial nas direções X, Y e Z, respectivamente. Os dados de deslocamento apresentados nas Figs. 5.36 e 5.37 referem-se aos deslocamentos sofridos nos quatro nós que definem o mancal radial (dois em cada direção da seção transversal) e aos oito nós do mancal axial-radial (quatro no plano da seção transversal e quatro na direção longitudinal). A fig. 5.36 mostra os deslocamentos sofridos em cada nó do mancal radial. Pode-se observar que estes resultados apresentam ordem de grandeza de 10-13 e 10-10 mm. A fig. 5.37 mostra os deslocamentos no mancal axial-radial nas direções radial e longitudinal que apresenta dois nós com deslocamentos em cada ordem de grandeza de 10-7 e 10-8. (B) SIMULAÇÃO DE DESBALANCEAMENTO DINÂMICO Deslocamentos em Y - Mancal Radial 1,2E-13 Deslocam ento em Y (m m ) Deslocamento em X (mm) Deslocamentos em X - Mancal Radial 1E-13 8E-14 6E-14 4E-14 2E-14 0 0 5 10 Freqüência (Hz) 15 20 3,5E-11 3E-11 2,5E-11 2E-11 1,5E-11 1E-11 5E-12 0 0 5 10 15 Freqüência (Hz) Figura 5.38 – Deslocamentos no mancal radial nas direções X e Y, respectivamente. 20 Capítulo 5 – Resultados e Discussões 94 Deslocam ento em X (m m ) Deslocamentos em X - Mancal Axial-radial 1,4E-09 1,2E-09 1E-09 8E-10 6E-10 4E-10 2E-10 0 0 5 10 15 20 Freqüência (Hz) Deslocam ento em Y (m m ) Deslocamentos em Y - Mancal Axial-radial 9,E-07 8,E-07 7,E-07 6,E-07 5,E-07 4,E-07 3,E-07 2,E-07 1,E-07 0,E+00 0 5 10 15 20 Freqüência (Hz) Deslo camen to em Z (mm) Deslocamentos em Z - Mancal Axial-radial 4,E-07 4,E-07 3,E-07 3,E-07 2,E-07 2,E-07 1,E-07 5,E-08 0,E+00 0 5 10 15 20 Freqüência (Hz) Figura 5.39 – Deslocamentos no mancal axial-radial nas direções X, Y e Z, respectivamente. As Figs. 5.38 a 5.39 mostram as respostas forçadas nos mancais para excitação externa na freqüência de rotação da máquina, ou seja, 15 Hz. Esta análise dá subsídios para diagnósticos de deficiência na lubrificação, quando os resultados são comparados com as folgas existentes nos mancais. Pode-se observar mais claramente, em termos quantitativos, os valores de deslocamento através da Tab. 5.3 que apresenta os deslocamentos de cada nó no mancal para as condições simuladas de desbalanceamento estático e dinâmico. É possível Capítulo 5 – Resultados e Discussões 95 notar que os deslocamentos nos nós que definem os mancais atingem, no máximo, valores absolutos da ordem de 10-7 mm, muito abaixo dos limites físicos existentes entre o mancal e eixo. A fig. 5.40 apresenta, de forma esquemática, os mancais radial a axial-radial com suas respectivas numerações de identificação no modelo de elementos finitos e o sistema de coordenadas usado. Figura 5.40 – Numeração dos nós que definem os apoios. Tabela 5.3 – Deslocamentos nos mancais para condições de desbalanceamento. Deslocamento (mm) 1,79E-13 2,89E-13 1,06E-10 1,06E-10 1,24E-09 5,88E-10 7,91E-07 7,60E-07 -1,89E-08 -3,41E-07 -2,22E-08 3,29E-07 Radial Nó Direção 55481 X 56209 X 56456 Y 56830 Y 90505 X 90938 X 90496 Y 91319 Y 63123 Z 63099 Z 63098 Z 63111 Z Desbalanceamento Dinâmico Freqüência 15 Hz Axial-Radial Axial-Radial Radial Desbalanceamento Estático Freqüência 15 Hz Nó Direção 55481 X 56209 X 56456 Y 56830 Y 90505 X 90938 X 90496 Y 91319 Y 63123 Z 63099 Z 63098 Z 63111 Z Deslocamento (mm) 1,61E-14 9,63E-14 -3,29E-11 -3,30E-11 -3,17E-10 -6,36E-10 2,69E-07 2,59E-07 -1,66E-08 -9,33E-08 -1,82E-08 1,17E-07 A seguir é mostrada uma tabela comparativa dos resultados de freqüências naturais e modos de vibrações obtidos entre os diferentes modelos. É usado um esquema de cores de modo a facilitar a visualização dos modos equivalentes nos modelos. É possível verificar que os modos obtidos possuem, de maneira geral, semelhança quanto à forma, no entanto, em freqüências diferentes. Capítulo 5 – Resultados e Discussões 96 Tabela 5.4 – Tabela comparativa entre freqüências e modos dos modelos obtidos. MODO 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º MODELO DE VIGA Freqüência Tipo (Hz) 2,0752 2,0752 2,3032 2,8707 2,8707 6,5456 13,098 13,098 13,285 18,571 Flexão da ponta do eixo Flexão da ponta do eixo Axial (corpo rígido) Flexão da ponta de eixo Flexão da ponta de eixo Flexão/torção combinados Flexão da ponta de eixo Flexão da ponta de eixo Axial Axial - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - MODELO SÓLIDO Freqüência (Hz) Tipo 1,3405 1,3415 1,5578 2,0821 2,0825 3,2723 3,2883 5,8465 6,397 6,4067 6,605 7,7654 7,8448 10,512 10,519 12,087 12,105 13,587 16,182 16,248 Flexão ponta de eixo Flexão ponta de eixo Axial (corpo rígido) Flexão ponta de eixo Flexão ponta de eixo Flexão em todo rotor Flexão em todo rotor Modo do ventilador Modo do ventilador Modo do ventilador Modo do ventilador Modo do ventilador Modo do ventilador Flexão ponta de eixo/ventilador Flexão ponta de eixo/ventilador Modo do ventilador Modo do ventilador Torcional Flexão em todo rotor Flexão em todo rotor 97 CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES E PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS 6.1. CONCLUSÕES GERAIS Todos os sistemas que contêm elementos de armazenamento de energia e elementos que possuam capacidade de se deformar, apresentarão um conjunto de freqüências naturais. Quando um sistema dinâmico vibra, uma transferência de energia cinética para potencial e vice-versa ocorre repetidamente dentro do sistema. Os eixos satisfazem esses critérios rodando com alguma velocidade e defletindo tanto em torção quanto flexão. Se um eixo estiver sujeito a uma carga que varia ao longo do tempo ele vibrará. Mesmo quando receber apenas uma carga transiente como um golpe de martelo, ele vibrará nas suas freqüências naturais, o que é chamado de vibração livre. Tais vibrações se dissiparão em algum momento se amortecimento estiver presente no sistema. Em outro caso, se a excitação variável no tempo for mantida, o eixo continuará a vibrar na freqüência da força excitante, chamada de vibração forçada. Se esta freqüência forçante coincidir com a freqüência natural do elemento, então a amplitude da resposta será muito maior que aquela da função excitante. Diz-se então que o sistema está em ressonância. Essas duas situações (vibrações livre e forçada) foram estudadas através das análises modal e harmônica, respectivamente, onde foi possível determinar as freqüências naturais e formas modais de vibração do rotor, além das respostas nos mancais devido à excitação externa causada pela presença de desbalanceamento estático e dinâmico. Portanto, as análises modal e harmônica realizadas podem servir como base para inferir, por exemplo, a possibilidade de ressonância no sistema e através dos deslocamentos nos mancais, deficiência na lubrificação, quando comparado com a folga presente nestes apoios. Um sistema que consista em massas discretas aglomeradas conectadas com elementos de mola discretos pode ser considerado como tendo um número finito de freqüências naturais equivalentes ao número de graus cinemáticos de liberdade. Mas um sistema contínuo, como Capítulo 6 – Conclusões e Propostas para Trabalhos Futuros 98 uma viga ou eixo tem um número infinito de partículas, e sendo cada uma capaz de executar movimentos elásticos contra suas partículas vizinhas. Assim, um sistema contínuo tem uma infinidade de freqüências naturais. Deste modo, este trabalho baseou-se na solução de problemas através do Método de Elementos Finitos, tendo aplicações através da análise modal de vigas e elementos sólidos para determinação das freqüências naturais e das formas modais de vibração do rotor de um compensador síncrono de 150 MVAr de fabricação ALSTOM, instalado em subestações da Eletronorte. Foram elaborados dois modelos: um simplificado, de maneira que se pudesse aplicar teoria da análise modal de vigas, citada anteriormente e um modelo com elementos sólidos que mais se aproxima do sistema físico real. Com relação às freqüências naturais, os resultados mostraram, em termos comparativos, que os modos se assemelham nos dois modelos (excluindo-se os modos concentrados do ventilador), embora em freqüências diferentes. Isso pode ser explicado tendo em mente as diferenças entre as características geométricas dos dois modelos. Era esperado que os modos do modelo de viga se apresentassem em freqüências um pouco maior no modelo sólido, devido à inserção de rigidez artificial, conferida pelo elemento finito sólido. No entanto, foi observado que modos semelhantes entre os modelos acontecem em freqüências diferentes e, ao contrário do esperado, o modelo de viga apresenta freqüências maiores que o modelo sólido. Apesar de o elemento sólido possuir rigidez artificial maior que o elemento de viga, foi verificado que os modelos possuem diferença entre massas: o modelo de viga apresenta massa menor que o sólido. Isto justifica o fato de as freqüências naturais serem menores neste último. Foram obtidos modos concentrados no ventilador, modelado como um disco na ponta do eixo, resultado impossível de aparecer no modelo com elementos de viga. Além de um modo torcional. Foi possível verificar ainda que, em ambos os modelos, para uma mesma freqüência, dois modos de vibração coexistem. Isso pode ser explicado com base nas rigidezes utilizadas na representação dos mancais no modelo que possuem valores iguais nas direções vertical e horizontal. Portanto, pode-se considerar um modo resultante como sendo a forma modal de vibração naquela freqüência. A análise da Tab. comparativa 5.4 permite fazer algumas considerações sobre os modos e freqüências obtidos nos modelos: os dois primeiros modos apresentam semelhança quanto à forma deformada da ponta do eixo, sendo que no modelo sólido o ventilador Capítulo 6 – Conclusões e Propostas para Trabalhos Futuros 99 comporta-se como um corpo rígido, contribuindo para a diferença de movimento e da freqüência natural; o terceiro modo representa um modo de vibração axial ou de corpo rígido; o quarto e quinto modos também são modos de flexão da ponta do eixo; o sétimo e oitavo modos do modelo de viga correspondem ao décimo quarto e décimo quinto modos do modelo sólido e possuem diferentes freqüências devido à contribuição do ventilador, no modelo sólido, ao movimento da ponta do eixo; e os nono e décimo modos são modos axiais de vibração. Foram observados alguns modos exclusivos no modelo sólido como, por exemplo, os modos concentrados no ventilador. Para o modelo de viga, o efeito de desbalanceamento estático é maior que o desbalanceamento dinâmico, em ambos os mancais. Para o modelo sólido o efeito maior de desbalanceamento estático sobre o dinâmico também pôde ser verificado nos dois mancais. Conforme pode ser verificado nos deslocamentos calculados. Os modelos foram simulados de modo que pudessem representar, com grau razoável de precisão, as reais condições de operação do rotor. Desse modo, as condições de desbalanceamento, na análise forçada, resumiram-se à freqüência de operação, 15 Hz. Os modelos com elementos de viga e elementos sólidos mostraram resultados de deslocamento nos mancais muito abaixo do limite físico estabelecido pelas folgas vertical e horizontal nos mancais, garantida pelo filme de óleo lubrificante presente neste espaço, conforme pode ser verificado pela comparação entre os dados de deslocamento apresentados na Tab. 5.3 e as folgas apresentadas na Tab. 2.1. Conforme pôde ser verificado, os diagramas de órbita para os mancais radial e axialradial apresentaram simetria em ambas as situações de desbalanceamento simuladas. Como já comentado, isto pode ser explicado pelo fato de a força, aplicada em várias direções, possuir simetria em relação ao eixo horizontal e as rigidezes consideradas no modelo serem iguais nas direções em que atuam os mancais. Para o modelo sólido foi simulada somente a condição crítica, determinada no modelo de viga, ou seja, a força atuando na direção vertical, tendo em vista limitações de tempo de processamento e recursos computacionais. Através dos resultados mostrados tanto para o modelo com elementos de viga quanto para elementos sólidos pôde-se observar que o rotor passa por várias de suas freqüências naturais até atingir sua velocidade de operação. Já é conhecido que muitas vezes, como neste caso, a velocidade de operação precisa ser maior que a velocidade crítica do rotor, especialmente em máquinas com turbinas a gás e a vapor, turbocompressores e etc. Nestes casos, fica claro que o rotor deve passar por uma de suas velocidades críticas quando Capítulo 6 – Conclusões e Propostas para Trabalhos Futuros 100 acelerado até sua velocidade de operação. Pode parecer que quando o rotor passa pela velocidade crítica, a amplitude de deslocamento será a amplitude de ressonância, geralmente muito alta. No entanto, isto não é necessariamente o que acontece. É possível mostrar que para um rotor com massa m e rigidez k , com uma excentricidade e , na ressonância a amplitude de movimento apresenta a forma (VINAUD, 2005): x(t ) = eeixo Ω t sen Ωt 2 (6.1) ou seja, a resposta à excitação aumenta com o tempo, mas leva tempo para que a amplitude aumente. Portanto, se a passagem através de uma velocidade crítica for rápida, a amplitude não terá tempo suficiente para alcançar valores muito altos. A amplitude máxima dependerá da taxa de aceleração do rotor. Uma observação importante a cerca das modelagens realizadas diz respeito a uma característica comum entre os resultados dos modelos desenvolvidos: a maioria dos modos de vibração concentrou-se na ponta do eixo. Isto sugere ao engenheiro, em uma análise preliminar e/ou com poucos recursos computacionais que um modelo simplificado somente da ponta do eixo, com engaste no contato com o restante do eixo, forneceria um resultado aproximado bastante satisfatório. Isto pode ser justificado pelo fato de a massa da região dos pólos ser muito maior que a massa da ponta do eixo. Sendo assim, a facilidade de movimento é muito maior nesta última parte do rotor. Os resultados numéricos apresentados mostraram que a freqüência de operação não coincide com nenhuma freqüência natural calculada, como era de se esperar, apesar de haver proximidade na freqüência de 16,1 Hz com um modo de flexão em todo o rotor. 6.2. i. PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS Neste trabalho, devido a limitações de recursos computacionais, não foi possível realizar teste de convergência para determinação do tamanho ótimo da malha. Deste modo, faz-se necessário frente ao aporte de hardware necessário, realizar este teste, tendo em vista a otimização do modelo tridimensional, de modo a fornecer subsídios mais confiáveis para diagnóstico de problemas nesta máquina. Capítulo 6 – Conclusões e Propostas para Trabalhos Futuros ii. 101 Realizar novas análises de desbalanceamento, simulando condições variáveis de carregamento de modo a determinar a variação da resposta nos mancais e nos pólos. iii. Um exemplo a ser estudado é o comportamento dos mancais, principalmente no que se refere à determinação mais precisa das rigidezes e amortecimento (não considerado neste trabalho) devido ao filme hidrodinâmico de óleo lubrificante, visto que estas propriedades possuem influência direta nos resultados de freqüências naturais e modos de vibração da máquina. iv. Analisar a influência da assimetria de rigidez e amortecimento sobre o comportamento dinâmico dos elementos que compões a linha de eixo do rotor, uma vez que diversos sistemas rotativos apresentam em seus mancais características ortotrópicas de rigidez e amortecimento. 102 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1]. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8008: Balanceamento de corpos rígidos rotativos: qualidade (procedimento). Maio/1983. [2]. CTEEP. Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista - Sistema Elétrico. 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