96 A FONTE DE POTÊNCIA HIDRÁULICA: BOMBAS 6.1 Introdução Uma bomba é o coração de um sistema hidráulico. Ela converte energia mecânica em energia hidráulica. A energia mecânica é liberada para a bomba via uma unidade motriz, tal como um motor elétrico. Devido à ação mecânica, a bomba cria um vácuo parcial em sua entrada. Isto permite que a pressão atmosférica force o fluido a atravessar a linha de sucção e entrar na bomba. A bomba então empurra este fluido para dentro do circuito hidráulico. Existem duas classificações gerais de bombas aplicadas a indústria de circuitos de potência: Bombas de deslocamento não-positivo: este tipo é usado geralmente para aplicações onde baixas pressões e altas vazões são requeridas. Devido ao fato delas não serem capazes de manter o escoamento no circuito a uma pressão elevada, este tipo de bomba tem pouco uso em sistemas de potência. Normalmente, sua capacidade máxima de pressão é limitada a 250-300 psi. Este tipo de bomba é essencialmente usado para transportar fluidos de um ponto a outro. Bombas de deslocamento positivo: este tipo é usado universalmente em circuitos de potência. Como o nome sugere, uma bomba de deslocamento positivo ejeta uma quantidade fixa de fluido dentro do sistema hidráulico a cada rotação do seu eixo. Tal bomba é capaz de superar pressões resultantes das cargas mecânicas sobre o sistema bem como a resistência do fluido devido à fricção. Estas duas características são desejáveis em bombas empregadas em circuitos de potência. Esta bomba tem as seguintes vantagens sobre bombas de deslocamento nãopositivo: 1. 2. 3. 4. 5. Capacidade de operar a altas pressões (acima de 10000 psi); Tamanho compacto; Alta eficiência volumétrica; Pequenas variações na eficiência para toda a faixa de pressão de operação; Alta flexibilidade de operação, tanto em relação à pressão como a faixa de rotação. Quanto ao rotor, existem três tipos principais de bombas de deslocamento positivo: engrenagem, palheta e pistão. Existem muitas variações no projeto de cada um destes principais tipos de bombas. Por exemplo, bombas de palheta e pistões podem ser de deslocamento fixo ou variável. Uma bomba de deslocamento fixo é aquela na qual uma quantidade de fluido ejetada por rotação do eixo não pode ser variada. Em uma bomba de deslocamento variável, o deslocamento pode variar mudando as relações físicas dos vários elementos da bomba. Esta mudança no deslocamento da bomba produz uma mudança na descarga de fluido mesmo que a rotação da bomba permaneça constante. Deve ser entendido que bombas não produzem pressão. Elas produzem apenas o escoamento de fluidos. A resistência a este escoamento, produzida pelo circuito hidráulico, é que determina a pressão de trabalho. Por exemplo, se uma bomba de deslocamento positivo tem sua linha de descarga aberta para a atmosfera, existirá fluxo, mas ele não poderá ser descarregado a pressões superiores a atmosférica, porque praticamente não existe resistência ao fluxo. Contudo, se a linha de descarga é bloqueada, então nós temos, teoricamente, uma resistência infinita ao escoamento. Portanto, não existe lugar para onde o fluido possa ser escoado. A pressão então aumentará até que 97 algum componente do sistema se rompa, a menos que algum alívio de pressão seja utilizado. Esta é a razão pela qual uma válvula de alívio de pressão é sempre necessária quando uma bomba de deslocamento positivo é usada. Quando a pressão atinge um certo valor, a válvula de alívio abrirá para permitir que o fluxo volte ao tanque. Portanto, a válvula de alívio de pressão determina o máximo nível de pressão que o sistema experimentará sem considerar a grandeza da resistência da carga. Uma discussão sobre componentes de controle hidráulico, tais como válvulas de alívio de pressão, é feita no Capítulo 8. Algumas bombas são construídas para operar com deslocamento variável, com capacidade de compensação de pressão. Tais bombas são projetadas para produzir uma descarga menor quando a pressão do sistema aumenta. Finalmente, em algum nível máximo pré-determinado de pressão, o fluxo vai a zero devido ao deslocamento nulo da bomba. Isto previne qualquer aumento adicional de pressão. Válvulas de alívio de pressão não são necessárias quando bombas de pressão compensadas são usadas. A potência hidráulica desenvolvida por bombas é convertida de novo em energia mecânica pelos atuadores, os quais produzem o trabalho útil de saída. A discussão sobre atuadores será feita no Capítulo 7. Deve ser notado que bombas são usadas em sistemas hidráulicos para oferecer escoamento de fluidos incompreensíveis (líquidos), como o óleo. Em um sistema pneumático aonde um fluido compressível é usado (ar), a unidade que produz o escoamento de fluido é chamada de compressor. Portanto, em sistemas pneumáticos, os compressores fazem funções similares aquelas realizadas por bombas em sistemas hidráulicos. Os compressores serão discutidos no Capítulo 10. 6.2 Teoria de bombeamento Todas as bombas operam sobre um princípio no qual um vácuo parcial é criado na entrada da bomba devido à operação interna da mesma. Isto permite a pressão atmosférica empurrar o fluido do tanque (reservatório) até o interior da bomba. A bomba então empurra mecanicamente o fluido pela linha de descarga. Este tipo de operação pode ser visualizado tomando como referência à bomba de pistão simples da Fig. 6.1. Note que esta bomba contém duas válvulas de esfera, as quais são descritas como segue: A válvula 1 é conectada a linha de entrada da bomba e permite que o fluido entre na bomba somente neste ponto. A válvula 2 é conectada a linha de descarga da bomba e permite que o fluido deixe a bomba somente neste ponto. 98 Fig. 6.1. Ação de bombeamento de uma bomba de pistão simples. Quando o pistão é puxado para a esquerda, um vácuo parcial é gerado na cavidade da bomba 3, porque a tolerância estreita entre o pistão e o cilindro (ou o uso de selos de anel para pistões) previne a entrada de ar dentro da cavidade 4 para a cavidade 3. Este escoamento de ar, se ocorresse, destruiria a formação do vácuo parcial. Este vácuo mantém a válvula 2 contra a sua sede e permite a pressão atmosférica empurrar o fluido dentro da bomba via válvula 1. Esta entrada de fluido ocorre porque a pressão do mesmo empurra a esfera da válvula para fora de seu assento. Quando o pistão é empurrado para a direita, o movimento do fluido fecha a válvula 1 e abre a válvula 2, na saída. A quantidade de fluido deslocada pelo pistão é ejetada forçosamente na linha de descarga, adentrando assim o sistema hidráulico. O volume de óleo deslocado pelo pistão durante o curso de descarga é chamado de volume de deslocamento da bomba. A partir da operação da bomba de pistão simples, pode ser visto porque a bomba não produz pressão. Bomba produz escoamento. A pressão desenvolvida é devido à resistência da carga, a qual está sendo controlada pelos atuadores hidráulicos. 6.3 Classificação de bomba Existem dois tipos de classificação de bombas aplicadas a indústria de circuitos de potência. Elas são descritas como segue: Hidrodinâmicas ou Bombas de deslocamento não-positivo: exemplos deste tipo são as bombas centrífugas e bombas axiais mostradas na Fig. 6.2. Embora estas bombas ofereçam fluxo contínuo e suave, sua descarga é reduzida quando a resistência ao escoamento aumenta. De fato, é possível bloquear completamente a saída da bomba e interromper o fluxo, mesmo quando a bomba está operando com a rotação de projeto. 99 Fig. 6.2. Bombas de deslocamento não-positivo. Estas bombas são tipicamente usadas em sistemas que operam a baixa pressão e alta vazão. Visto que existe um grande espaço entre os elementos estacionários e rotativos deste tipo de bomba, estas bombas não são auto-vedantes. Este espaço vazio não permite a selagem contra a pressão atmosférica, e portanto o deslocamento entre a entrada e a saída não é positivo. Portanto a descarga destas bombas não depende somente da rotação (rpm) mas também da resistência do sistema externo. Quando a resistência do sistema externo começa a aumentar, alguma porção do fluido volta para dentro dos espaços vazios, causando uma redução na descarga da bomba. Isto acontece porque o fluido sempre escoa para o caminho que lhe oferece menor resistência. Quando a resistência do sistema externo torna-se infinitamente grande (por exemplo, quando a linha de descarga é totalmente bloqueada), a bomba não produzirá escoamento e portanto sua eficiência volumétrica será nula. Por exemplo, esta queda dramática na eficiência volumétrica com o aumento da resistência ao escoamento do fluido ocorre quando usamos uma bomba centrífuga. A operação de uma bomba centrífuga é simples. O fluido entra axialmente ao rotor. Quando o fluido gira com o rotor, a força centrífuga provoca um movimento radial do fluido. Isto faz com que o fluido seja descarregado radialmente em relação ao rotor da bomba. Uma das características interessantes de uma bomba centrífuga é seu comportamento quando não existe escoamento do fluido. Neste caso, nenhum dano ocorre à bomba, e assim não há necessidade de colocação de dispositivos de segurança para proteger o sistema. As pontas das pás simplesmente atravessam a porção do fluido dentro da voluta da bomba sem deslocá-la, e a rotação do rotor mantém a pressão do fluido correspondente a força centrífuga estabelecida. O fato de não existir selagem interna positiva na bomba é a razão pela qual a bomba centrífuga não força a produção de escoamento quando não há demanda. Quando a demanda para o fluido ocorre (quando a linha de descarga é desbloqueada, por exemplo), a pressão libera o fluido para a fonte de demanda. Esta é a razão pela qual as bombas centrífugas são desejadas em estações de bombeamento empregadas para fornecer água para residências, escritórios e fábricas. Nesta situação, a demanda por água pode ser nula durante a noite e atingir um pico durante períodos diurnos. Embora bombas hidrodinâmicas forneçam fluxo contínuo e suave, sua descarga é reduzida quando a resistência ao fluxo aumenta. Isto é mostrado na Fig. 6.3, aonde a pressão de descarga 100 da bomba é plotada contra a vazão. A pressão máxima é chamada de pressão de corte (shut-off head) porque todas as válvulas do circuito externo estão fechadas (escoamento nulo). Quando a resistência externa ao fluxo decresce, o fluxo aumenta e a pressão se reduz. Devido à descarga variar sensivelmente com a resistência externa do circuito, bombas de deslocamento nãopositivo são raramente usadas em circuitos de potência hidráulicos. Fig. 6.3. Curva típica de pressão versus vazão para uma bomba centrífuga, mantida constante a rotação. Hidrostáticas ou Bombas de deslocamento positivo: este tipo de bomba ejeta uma quantidade fixa de fluido por rotação do seu eixo. Como resultado, a descarga da bomba, desprezando os pequenos vazamentos internos, é constante e não depende da pressão do sistema. Isto as faz particularmente desejáveis para serem empregadas em circuitos de potência. Contudo, bombas de deslocamento positivo devem ser protegidas contra sobrepressões se a resistência do sistema ao escoamento tornar-se excessivamente alta. Isto pode acontecer se uma válvula é fechada completamente e não existe espaço físico para o fluido escoar. A razão para isto é que uma bomba de deslocamento positivo continua a ejetar fluido (mesmo que a resistência seja infinita), causando um crescimento extremamente rápido da pressão quando o fluido é comprimido. Uma válvula de alívio de pressão é usada para proteger a bomba contra sobrepressões divergindo o fluxo da bomba para o reservatório. Bombas de deslocamento positivo podem ser classificadas pelo tipo de movimento dos elementos internos. O movimento pode ser ou rotativo ou alternativo. Embora estas bombas tenham uma larga variedade de projetos, existem praticamente três tipos básicos: I. Bombas de engrenagem (deslocamento fixo devido à geometria): a. Bomba de engrenagem externa b. Bomba de engrenagem interna c. Bomba de lóbulos d. Bomba de parafusos II. Bombas de palheta: a. Bomba de palheta desbalanceada (fixa ou com deslocamento variável) b. Bomba de palheta balanceada (deslocamento fixo somente) III. Bombas de pistão (deslocamento fixo ou variável): 101 a. Projeto axial b. Projeto radial O projeto das bombas de palheta desbalanceadas pode ter capacidade de compensação de pressão, a qual protege a bomba automaticamente contra pressões excessivas. Nas seções 6.4, 6.5 e 6.6 nós discutiremos os detalhes construtivos e de operação de bombas de engrenagem, de palhetas e de pistões, respectivamente. 6.4 Bombas de engrenagem A Fig. 6.4 ilustra a operação de uma bomba de engrenagem externa, a qual produz o escoamento carregando o fluido entre os dentes de duas engrenagens acopladas. Uma das engrenagens é acoplada ao eixo motriz e este a um motor elétrico (por exemplo). A segunda engrenagem se movimenta em função da engrenagem motriz. Câmaras de óleo são formadas entre os dentes da engrenagem e a carcaça da bomba. O lado da sucção é aonde os dentes se desacoplam, ocorrendo uma expansão no volume e reduzindo a pressão para valores inferiores a pressão atmosférica. O fluido é empurrado pela pressão atmosférica para o interior da bomba porque o reservatório de óleo possui um respiro para a atmosfera. O lado da descarga de fluido é aonde os dentes se acoplam, e o fluido é forçado a entrar na linha. Visto que a bomba tem um selo positivo interno contra vazamentos, o óleo é positivamente ejetado na linha de descarga. Fig. 6.4. Operação da bomba de engrenagem externa. A seguinte análise permite avaliar a descarga teórica de uma bomba de engrenagem usando a nomenclatura especificada: Do = diâmetro externo da engrenagem com os dentes, m. Di = diâmetro interno da engrenagem, m. 102 L = largura dos dentes, m. D = volume deslocado pela bomba, m3/revolução. N = rotação da bomba, rev/s. = vazão teórica da bomba, m3/s. T A partir da geometria da bomba de engrenagem, o volume deslocado é encontrado: D 2 Do Di2 L 4 A vazão teórica da bomba é determinada como segue: N T D (6.1) A eq. (6.1) mostra que a vazão da bomba varia diretamente com a rotação (ver Fig. 6.5a). Portanto, a vazão teórica é constante em uma dada rotação, como mostrado pela linha sólida na Fig. 6.5b. Fig. 6.5a Curva de vazão versus velocidade. Fig. 6.5b Curva de pressão versus vazão a rotação constante. Existe uma pequena folga entre os dentes das engrenagens e a carcaça da bomba (menor que 0,001 pol.). Como resultado, algum óleo na porta de descarga pode vazar de volta para a zona de é menor que a vazão teórica, a qual é baseada no sucção. Isto significa que a vazão real R deslocamento volumétrico e na rotação da bomba. Este vazamento interno, o qual é chamado de patinação da bomba (pump slippage), é identificado pelo termo chamado eficiência volumétrica v, o qual é usualmente maior que 90% para bombas de deslocamento positivo, operando na pressão de projeto: v R 100 (6.2) T Quanto maior a pressão de descarga, mais baixa a eficiência volumétrica porque os vazamentos internos aumentam com a pressão. Isto é mostrado pela linha pontilhada na Fig. 6.5b. Fabricantes 103 de bombas normalmente apresentam a eficiência volumétrica na pressão nominal da bomba. A pressão nominal da bomba de deslocamento positivo é aquela pressão abaixo da qual nenhum dano mecânico devido a sobrepressão irá ocorrer à bomba e o resultado será uma longa vida útil da mesma. Pressões excessivas não somente conduzem a maiores vazamentos mas também podem danificar a bomba deformando a carcaça ou sobrecarregando os rolamentos. Isto nos traz a mente uma vez mais a necessidade de proteção contra sobrepressões. Também temos que manter em mente que altas pressões ocorrem devido a altas resistências ao escoamento do fluxo. Exemplo 6.1 Uma bomba de engrenagem tem 3 pol. de diâmetro externo, 2 pol. de diâmetro interno e 1 pol. de largura. Se a vazão real da bomba em 1800 rpm e pressão nominal é 28 gpm, qual é a sua eficiência volumétrica? Solução: Encontrar o volume deslocado: D 2 3 2 2 1 3,93 pol3/rev 4 Em seguida, vamos usar a eq. (6.1) para encontrar a vazão teórica da bomba: D N 3,93 1800 30,6 gpm T 231 231 A eficiência volumétrica pode então ser determinada: v 28 100 91,3 % 30,6 Exemplo 6.2 Uma bomba de engrenagem tem 75 mm de diâmetro externo, 50 mm de diâmetro interno e 25 mm de largura. Se a eficiência volumétrica da bomba é 90% na pressão nominal, qual é a vazão correspondente? A rotação da bomba é 1000 rpm. Solução: Encontrar o volume deslocado: D 0,0752 0,050 2 0,025 0,0000614 m3/rev 4 Visto que 1 litro = 0,001 m3, D = 0,0614 litro. Em seguida, vamos usar a eq. (6.1) e (6.2) para encontrar a vazão real da bomba: 3 R v T vD N 0,90 0,00006141000 0,0553 m /min 104 A Fig. 6.6 é uma fotografia mostrando características detalhadas de uma bomba de engrenagem externa. É também mostrado o símbolo hidráulico usado para representar bombas de deslocamento fixo em circuitos hidráulicos. Esta bomba de engrenagem externa usa engrenagens de dentes retos (os dentes são paralelos ao eixo da engrenagem), os quais são ruidosos em velocidades relativamente altas. Para reduzir ruídos e oferecer operações mais suaves, engrenagens helicoidais (dentes com pequena inclinação em relação ao eixo da engrenagem) podem ser utilizados. Contudo, estas bombas de engrenagens helicoidais são limitadas a aplicações de baixa pressão (abaixo de 200 psi) porque elas desenvolvem excessivos contatos na extremidade dos dentes. Engrenagens de dupla hélice (espinha-de-peixe) eliminam este contato excessivo e portanto podem ser usadas em altas pressões (acima de 750 psi). Estas engrenagens consistem basicamente de duas fileiras de dentes helicoidais colocados em uma mesma engrenagem. As fileiras possuem ângulos invertidos e se juntam na parte central da engrenagem, considerando a sua espessura. Isto faz com que os esforços axiais sobre os dentes sejam anulados. Engrenagens de dupla-hélice operam de maneira suave, como engrenagens helicoidais, e conseguem promover maiores vazões com muito menos ação pulsante. Fig. 6.6 Fotografia mostrando características de uma bomba de engrenagem externa. A Fig. 6.7 ilustra a configuração e a operação de uma bomba de engrenagem interna. Este projeto consiste de uma engrenagem interna, uma engrenagem de dentes retos, um selo de perfil crescente (tipo meia-lua) e uma carcaça externa. Quando uma potência é aplicada a engrenagem interna, o movimento das engrenagens arrasta o fluido a partir do reservatório e o força a entrar ao 105 redor de ambos os lados do selo crescente, o qual atua selando as regiões de sucção e de descarga. Quando os dentes entram em contato no lado oposto ao selo, o fluido é forçado a entrar na porta de descarga da bomba. Fig. 6.7 Operação de uma bomba de engrenagem interna. A Fig. 6.8 mostra uma vista em corte de uma bomba de engrenagem interna que contém um dispositivo próprio de segurança (válvula de alívio). Fig. 6.8 Vista em corte de uma bomba de engrenagem interna com válvula de alívio incorporada. A bomba de lóbulos também pertence à classificação geral de bombas de deslocamento positivo, e é ilustrada na Fig. 6.9. Esta bomba opera de um modo similar a bomba de engrenagem externa mas, diferente desta última, ambos os lóbulos são dirigidos externamente tal que eles não tem contato físico um com o outro. Portanto, estas bombas são mais silenciosas que as bombas de 106 engrenagens. Devido ao menor número de elementos interligados, a saída da bomba de lóbulos terá uma maior pulsação, embora seu deslocamento volumétrico seja geralmente maior do que o conseguido por bombas de engrenagem. Fig. 6.9 Operação de uma bomba de lóbulo. A bomba Gerotor, mostrada na Fig. 6.10, opera de modo muito parecido com a bomba de engrenagem interna. O rotor de engrenagem interno (elemento Gerotor) é acionado por uma fonte de potência e faz girar a engrenagem externa. Isto produz câmaras de entrada e de descarga na bomba, entre os dentes do rotor. As pontas das engrenagens interna e externa fazem contato para selar as câmaras da bomba. A engrenagem interna tem um dente a menos que a engrenagem externa, e o deslocamento volumétrico é determinado pelo espaço formado pelo dente extra na engrenagem externa. 107 Fig. 6.10 Operação de uma bomba Gerotor. A Fig. 6.11 é uma fotografia de uma bomba Gerotor real. Como pode ser visto, este tipo de bomba é simples, visto que existem somente duas partes móveis. Fig. 6.11 Bomba Gerotor. A bomba de parafuso (Fig. 6.12) é uma unidade de deslocamento positivo de fluxo axial. Três parafusos construídos com tolerâncias rigorosas entram em contato dentro de uma carcaça, fornecendo fluxos não-pulsáteis de modo silencioso e eficiente. Os dois rotores opostos simetricamente e não-motrizes atuam como selos rotativos, confinando o fluido em uma sucessão 108 de aberturas ou fechamentos. Os rotores não-motrizes estão em contato com o rotor motriz central e são livres para girar em suas sedes sobre um filme fluidodinâmico de óleo. Não existem cargas radiais. As forças hidráulicas axiais sobre o conjunto de rotores são balanceadas, eliminando qualquer necessidade de mancais de encosto. Fig. 6.12 Nomenclatura de uma bomba de parafuso. Na Fig. 6.13, nós vemos uma vista em corte de uma bomba de parafuso real. Ela suporta uma pressão nominal de 500 psi e pode fornecer uma vazão de até 123 gpm. Projetos para altas pressões são disponíveis, para operação em torno de 3500 psi e vazão de 88 gpm. 109 Fig. 6.13 Bomba de parafuso. 6.5 Bombas de palhetas A Fig. 6.14 ilustra a operação de uma bomba de palheta. O rotor, que contém fendas radiais, é “chavetado” em um eixo motriz e gira dentro de um anel excêntrico. Cada fenda contém uma palheta projetada para acoplar-se com a superfície do anel excêntrico quando o rotor gira. A força centrífuga mantém as palhetas contra a superfície do anel excêntrico. Durante meia revolução do rotor, o volume aumenta entre o mesmo e o anel excêntrico. A expansão de volume resultante causa uma redução de pressão, succionando o fluido. Quando o rotor gira para completar a segunda metade de uma revolução, a superfície do anel excêntrico empurra as palhetas de volta para as suas fendas, reduzindo o volume entre uma palheta e outra. O fluido confinado entre as palhetas é ejetado então pela porta de descarga da bomba. 110 Fig. 6.14 Operação de uma bomba de palheta. Uma observação cuidadosa de Fig. 6.14 revelará que existe uma excentricidade entre a linha de centro do rotor e a linha de centro da carcaça da bomba. Se esta excentricidade é zero, então não haverá fluxo. A seguinte análise e nomenclatura são aplicáveis as bombas de palhetas: DC = diâmetro do anel excêntrico, m. DR = diâmetro do rotor, m. L = largura do rotor, m. N = rotação da bomba, rev/s. D = volume deslocado pela bomba, m3/rev. Dmax = máximo volume deslocado pela bomba, m3/rev. e = excentricidade, m. emax = excentricidade máxima possível, m. Da geometria da bomba, nós podemos encontrar a excentricidade máxima possível: emax DC DR 2 Este valor máximo de excentricidade produz um deslocamento volumétrico máximo por revolução: Dmax 2 Dc DR2 L 4 Rearranjando, nós temos: Dmax DC DR DC DR L 4 111 Substituindo a expressão por emax tem-se: Dmax DC DR 2emax L 4 O deslocamento volumétrico real ocorre quando emax = e: D DC DR eL 4 (6.3) Algumas bombas de palhetas podem variar mecanicamente sua excentricidade. Tal projeto é chamado de bomba de deslocamento variável e está ilustrado na Fig. 6.15. Um controlador manual ou um compensador de pressão pode ser usado para mover o anel excêntrico e alterar a excentricidade. A direção do escoamento através da bomba pode ser revertida pelo movimento do anel excêntrico para um dos lados em relação ao centro. 112 Figs. 6.15 Bomba de palhetas com deslocamento variável e com compensação de pressão. O projeto que nós vemos nas Figs. 6.15 é uma bomba com pressão compensada, na qual a pressão do sistema atua diretamente sobre um anel excêntrico via um pistão hidráulico colocado no lado direito (não mostrado). Isto força o anel excêntrico contra o pistão compensador de mola, situado no lado esquerdo do anel excêntrico. Se a pressão de descarga é alta o suficiente, ela superará a força da mola compensadora e empurrará o anel excêntrico para a esquerda. Isto reduz a excentricidade, a qual é máxima quando a pressão de descarga é nula. Quando a pressão continua a aumentar, a excentricidade nula é obtida, e a descarga da bomba vai a zero. Tal bomba tem basicamente seu próprio sistema de proteção contra sobrecargas, como mostrado na Fig. 6.16. Quando a pressão atinge um valor chamado pressão de corte ou Pcutoff, a força da mola compensadora torna-se igual à força do pistão hidráulico. Na medida que a pressão continua a aumentar, a mola do compensador é comprimida até que a excentricidade zero seja alcançada. A máxima pressão encontrada é denominada Pmax, ponto no qual a bomba é protegida e a descarga é cortada momentaneamente. Como resultado não há desperdício de potência e o aquecimento do fluido é reduzido. 113 Fig. 6.16 Pressão versus vazão para bomba de palheta com pressão compensada. A Fig. 6.17 mostra a configuração interna de uma bomba de palhetas com pressão compensada. Este projeto contém um anel excêntrico que gira suavemente durante a operação, uniformizando assim o desgaste na circunferência interna do anel. Fig. 6.17 Fotografia de uma vista em corte de uma bomba de palhetas com compensação de pressão. Note nas Figs. 6.14 e 6.15 que uma carga lateral atua sobre os rolamentos da bomba devido ao desbalanceamento de pressão. Esta mesma carga lateral indesejada também existe para as bombas de engrenagem da Fig. 6.4. Tais bombas são chamadas hidraulicamente desbalanceadas. 114 Uma bomba de palheta balanceada tem duas portas de entrada e duas de saída, diametralmente opostas. Portanto, as portas de pressão são opostas umas as outras, e um balanço completo de pressão pode ser obtido. Uma desvantagem de uma bomba de palhetas balanceada é que ela não pode ser projetada com deslocamento variável. Ao invés de ter um anel excêntrico circular, o projeto da bomba de palhetas balanceada tem um anel elíptico, o qual forma duas câmaras separadas de bombeamento sobre lados opostos do rotor. Isto elimina as cargas laterais sobre os rolamentos e permite uma operação a pressões mais elevadas. A Fig. 6.18 mostra o princípio de operação de uma bomba de palhetas balanceada. Fig. 6.18 Princípio de operação de uma bomba de palhetas balanceada. A Fig. 6.19 é uma vista em corte de uma bomba de palhetas balanceada contendo 12 palhetas e uma placa fixada por mola na extremidade. A porta de entrada está no corpo e a de saída está na cobertura, a qual pode ser montada em quaisquer das quatro posições, de acordo com o que for mais conveniente para o acoplamento da bomba a tubulação. 115 Fig. 6.19 Vista em corte de uma bomba de palhetas balanceada. Exemplo 6.3 Uma bomba de palhetas tem um deslocamento volumétrico de 5 pol3/rev. Seu rotor tem um diâmetro de 2 pol., um anel excêntrico de diâmetro 3 pol. e uma largura de palheta igual a 2 pol. Qual deve ser a excentricidade da bomba? Solução: Aplicando a eq. (6.3): e 2 D 25 0,318 pol3 DC DR L 2 3 2 116 Exemplo 6.4 Uma bomba de palhetas tem um rotor com diâmetro de 50 mm, um anel excêntrico de diâmetro 75 mm e uma largura de palheta igual a 50 mm. Se a excentricidade da bomba é 8 mm, determine o deslocamento volumétrico da bomba. Solução: Aplicando a eq. (6.3): D 0,050 0,075 0,008 0,050 0,0000785 pol3/rev., 2 visto que 1 litro = 0,001 m3, D = 0,0785 litro. 6.6 Bomba de pistões Uma bomba de pistão trabalha sobre o princípio no qual um pistão com movimento alternativo pode empurrar e succionar uma porção de fluido dependendo da etapa de seu movimento. A questão básica é como fazer um conjunto de pistões realizar este trabalho. Existem dois tipos básicos de bombas de pistões. Um deles é o de projeto axial, com pistões que se movimentam paralelamente ao eixo motriz da bomba. Bombas de pistões axiais pode ter duas configurações: eixo curvado ou placa oscilante. O segundo tipo de bomba de pistão é o de projeto radial, o qual tem pistões posicionados radialmente em relação ao eixo motriz da bomba. A Fig. 6.20 mostra uma bomba de pistões axiais com eixo curvo que contém um bloco cilíndrico girando com o eixo motriz. A linha de centro do bloco cilíndrico está posicionada em um determinado ângulo em relação à linha de centro do eixo motriz. O bloco cilíndrico contém um conjunto de pistões, arranjados em formato circular. As hastes dos pistões são conectadas a uma flange do eixo motriz por juntas de esferas e soquetes. Os pistões são forçados a realizar movimentos alternativos quando o eixo motriz gira, visto que as distâncias entre a flange e o bloco cilíndrico varia. Uma junta universal conecta o bloco cilíndrico ao eixo motriz. 117 Fig. 6.20 Bomba de pistões axiais com eixo curvo. O deslocamento volumétrico da bomba varia com o ângulo de inclinação como mostrado na Fig. 6.21. Nenhum fluxo é produzido quando a linha de centro do bloco cilíndrico está paralela a linha de centro do eixo motriz. O ângulo pode variar de 0o a um máximo de aproximadamente 30o. Unidades com deslocamento fixo geralmente são fabricadas com ângulos de 23o ou 30o. 118 Fig. 6.21 Variação do deslocamento volumétrico com o ângulo de inclinação. Unidades com deslocamento variável são disponíveis com uma junta e um controle externo para variar o ângulo de inclinação. Tal projeto, que usa um bloco cilíndrico móvel, é mostrado na Fig. 6.22. Alguns projetos tem controles que movem a junta sobre uma posição central para reverter à direção do fluxo através da bomba. 119 Fig. 6.22 Bomba de pistões de deslocamento variável com cilindro móvel. A Fig. 6.23 é uma vista em corte de uma bomba de pistões de deslocamento variável na qual uma válvula manual externa pode ser girada para estabelecer um ângulo de inclinação desejado. O símbolo hidráulico desta bomba é usado ao lado para representá-la em circuitos de potência. As seguintes nomenclatura e análises são aplicáveis a uma bomba de pistões axial: = ângulo de inclinação, o S = curso do pistão, m D = diâmetro do círculo formado pelos pistões, m Y = número de pistões A = área da seção transversal do pistão, m2 Da trigonometria, nós temos: tan S D Ou, alternativamente: S D tan 120 O deslocamento volumétrico total é igual ao número de pistões multiplicado pelo deslocamento volumétrico de cada pistão: D YAS Substituindo, nós temos: D YAD tan (6.4) Da eq. (6.1), nós obteremos: YADN tan (6.5) Fig. 6.23 Bomba de pistões de deslocamento variável com controle manual. Exemplo 6.5 Encontre o ângulo de inclinação de uma bomba de pistão axial que fornece 16 gpm a 3000 rpm. A bomba tem pistões com ½ pol. de diâmetro arranjados em um círculo de 5 pol. de diâmetro. Solução: Aplicando a eq. (6.5): 121 tan 231 YADN 231 16 0,14 .: = 14o 5 0,52 3000 9 4 Exemplo 6.6 Encontre a vazão em litros/s que uma bomba de pistões axial fornece a 1000 rpm. A bomba tem nove pistões de 15 mm de diâmetro cada arranjados segundo um círculo de 125 mm de diâmetro. O ângulo de inclinação é 10o. Solução: Aplicando a eq. (6.5): DANY 0,125 0,0152 1000 9 tan 10 o 0,0351 m3/min 4 Para converter a vazão para l/s, a seguinte conversão deve ser feita: 3 l m 1min 1l 0,0351 1 1 0,584 l/s 3 s 60 0,001 min 60s 0,001m A Fig. 6.24 apresenta uma fotografia e um esquema ilustrativo da bomba de pistões axial com placa oscilante. Neste tipo, o bloco cilíndrico e o eixo motriz estão localizados na mesma linha de centro. Os pistões são conectados a uma sapata, a qual sustenta a placa oscilante em um determinado ângulo. Quando o cilindro gira (ver Fig. 6.25), os pistões movimentam-se alternativamente, porque as suas sapatas seguem a superfície em ângulo da placa oscilante. 122 Fig. 6.24 Bomba de pistões projetada com pistões em linha. Fig. 6.25 A placa oscilante força os pistões a realizarem movimentos alternativos. As portas de entrada e saída são localizadas na placa de válvula tal que os pistões passam pela entrada quando estão sendo puxados e passam pela saída quando estão sendo empurrados de volta. Este tipo de bomba pode também ser projetada para ter deslocamento variável. Neste projeto, a 123 placa oscilante é montada em uma junta móvel, como descrito na Fig. 6.26. O ângulo da placa oscilante pode ser mudado pivoteando a junta sobre pinos (ver Fig. 6.27). O posicionamento da junta pode ser feito manualmente, por servo-controle, ou por um controle compensador, como mostrado na Fig. 6.26. O ângulo máximo da placa oscilante é limitado a 17,5o devido a aspectos construtivos. Fig. 6.26 Bomba de pistões em linha com deslocamento variável. A operação e a construção de bombas com pistões radiais é ilustrada na Fig. 6.28. Este projeto consiste de um pino para dirigir o fluido para dentro e para fora dos cilindros, um barril cilíndrico com pistões, e um rotor contendo um anel de reação. Os pistões permanecem em contato constante com o anel de reação devido à força centrífuga e a pressão de retorno sobre os pistões. Na ação de bombeamento, o anel de reação é deslocado excentricamente com relação ao pino ou eixo motriz. Quando o barril cilíndrico gira, os pistões de um lado deslocam-se para fora. Quando um pistão passa pelo ponto de excentricidade máxima, ele é forçado para dentro pelo anel de reação para variar o curso do pistão. 124 Fig. 6.27 Variação dos deslocamentos em bombas de pistões em linha. Fig. 6.28 Operação de uma bomba de pistões radiais. A Fig. 6.29 apresenta uma fotografia de uma vista em corte de uma bomba de pistões radiais com deslocamento variável, e descarga com pressão compensada. Esta bomba é disponível em três tamanhos (2,40; 3,00 e 4,00 pol3 de deslocamentos volumétricos) e pesos de aproximadamente 60 lbf. 125 Fig. 6.29 Vista em corte de uma bomba de pistão radial. 6.7 Desempenho de uma bomba O desempenho de uma bomba é uma função primária da precisão de sua fabricação. Os componentes devem ser feitos obedecendo a rigorosas tolerâncias, as quais devem ser mantidas enquanto a bomba estiver operando sob condições de projeto. A manutenção das tolerâncias é conseguida pelos projetos que tem integridade mecânica e pressões balanceadas. Teoricamente, a bomba ideal seria aquela que não possui folgas ou espaços vazios entre as suas partes acopladas. Embora isto não seja factível, as folgas de trabalho devem ser tão pequenas quanto possível e manter ainda um filme de óleo adequado para lubrificação das partes friccionadas. Os fabricantes realizam testes experimentais para determinar os dados de desempenho de acordo com os parâmetros operacionais das bombas. A eficiência global de uma bomba pode ser computada comparando a potência disponível na saída da bomba com a potência suprida em sua entrada. A eficiência volumétrica pode ser dividida em dois componentes distintos chamados eficiências volumétricas e mecânicas. 126 1. Eficiência volumétrica (v): a eficiência volumétrica indica a quantidade de vazamento que acontece dentro da bomba. Isto envolve considerações tais como tolerâncias de fabricação e deformação da carcaça da bomba sob pressão de projeto: v vazao real produzida pela bomba 100 vazao teorica que a bomba deveria produzir R 100 (6.6) T As eficiências volumétricas variam geralmente de 80 a 90% para bombas de engrenagens, de 82 a 92% para bombas de palhetas e de 90 a 98% para bombas de pistões. 2. Eficiência mecânica (m): a eficiência mecânica indica a quantidade de energia perdida que ocorre devido a razões outras que não vazamentos. Isto inclui fricção em rolamentos e outras partes acopladas. Também inclui a energia perdida devido à turbulência do fluido. Eficiências mecânicas normalmente variam de 90 a 95%: m potencia teorica requerida para operar a bomba 100 potencia real liberada pela bomba m potencia de saida da bomba admitindo nenhum vazamento 100 potencia de entrada liberada para a bomba ou Usando unidades inglesas, e hp para potência, tem-se: P T 1714 m 100 TN 63000 (6.7a) Em unidades métricas, usando watts como unidade de potência, m P T 100 TN Os parâmetros das eqs. (6.7a) e (6.7b) são definidos em conjunto com a Fig. 6.30: P = pressão de descarga da bomba medida, [psi ou Pa] T = vazão da bomba teórica calculada [gpm ou m3/s] T = torque de entrada medido no eixo da bomba [lbf.pol ou N.m] N = rotação da bomba [rpm ou rad/s] A eficiência mecânica também pode ser calculada em termos do torque T: (6.7b) 127 m T torque teorico requerido para operar a bomba 100 T 100 torque real liberado para a bomba TR (6.8) Fig. 6.30 Parâmetros envolvendo determinação da eficiência mecânica da bomba. As eqs. para avaliarmos os torques real e teórico são: TT D P 2 (6.9) e TR potencia real fornecida pela bomba N (6.10) onde rad 2 N N rpm s 60 3. Eficiência global (o): a eficiência global considera toda a energia perdida e é matematicamente definida como segue (substituindo as expressões em unidades inglesas): o 100 P 1714 v m T R 100 100 T 100 TN 63000 128 Cancelando os termos, vem: o 1714 P potencia de saida da bomba R 100 100 TN 63000 potencia de entrada da bomba (6.11a) Usando unidades métricas, tem-se: o P potencia de saida da bomba R 100 100 TN potencia de entrada da bomba (6.11b) Em unidades métricas, usando watts como unidade de potência, m P T 100 TN (6.7b) 129 Exemplo 6.7 Uma bomba tem um deslocamento volumétrico de 5 pol3. Ela libera 20 gpm a 1000 rpm e 1000 psi. Se o torque fornecido na entrada da bomba é 900 lbf.pol, a. Qual é a eficiência global da bomba? b. Qual é o torque teórico requerido para operar a bomba? Solução: a. Aplicar a eq. (6.1) para encontrar a vazão teórica: D N 5 1000 21,6 gpm T 231 231 Agora vamos calcular a eficiência volumétrica: v 20 R 100 100 92 ,6 % 21,6 T Resolvendo agora para eficiência mecânica, vem: P T m 1714 100 TN 63000 1000 21,6 1714 100 88,1 % 900 1000 63000 Finalmente, aplicando a expressão para cálculo da eficiência global: o b. v m 92,6 88,1 81,6 % 100 100 TT TR m 100 900 0,881 793 lbf.pol Portanto, devido às perdas mecânicas dentro da bomba, 900 lbf.pol são necessários para movimentar a bomba nas condições de projeto e não apenas 793 lbf.pol. Os fabricantes de bombas especificam as suas características de desempenho em forma gráfica. Inicialmente, são obtidos dados experimentais tabulados e então estes dados são colocados em forma gráfica para uma melhor interpretação visual. A Fig. 6.31 apresenta curvas típicas de desempenho para uma bomba de deslocamento variável operando na posição de máximo deslocamento volumétrico, igual a 6 pol3. As curvas superiores fornecem as eficiências global e volumétrica como uma função da rotação da bomba (rpm) para níveis de pressão de 3000 e 5000 psi. O gráfico inferior fornece curvas da potência de entrada na bomba (hp) e da vazão de saída da bomba (gpm) como uma função da rotação da bomba para os mesmos dois níveis de pressão. As curvas de desempenho para uma bomba de pistão radial da Fig. 6.29 são apresentadas na Fig. 6.32. Lembrar que esta bomba é fornecida em três tamanhos diferentes: PR24: 2,40 pol.3 de deslocamento volumétrico 130 PR30: 3,00 pol.3 de deslocamento volumétrico PR40: 4,00 pol.3 de deslocamento volumétrico Portanto, existem três curvas sobre dois dos gráficos. Observe a relação linear entre a vazão (gpm) e a rotação da bomba (rpm). Também note que a vazão destas bombas é aproximadamente constante ao longo de uma extensa faixa de pressão. 131 Fig. 6.31 Curvas de desempenho de uma bomba de pistões de deslocamento variável com 6 pol.3. 132 Fig. 6.32 Curvas de desempenho de bombas de pistões radiais. A vazão é infinitamente variável entre o ponto de vazão constante à direita da reta e a vazão nula. As curvas de eficiências volumétrica e global são baseadas sobre uma pressão na descarga da bomba de 2000 psi. A Fig. 6.33 contém uma carta mostrando uma comparação dos vários fatores de desempenho para bombas hidráulicas. Em geral, as bombas de engrenagem são as mais baratas mas também as que oferecem um pior desempenho. Em adição, a eficiência de bombas de engrenagens é reduzida rapidamente por desgaste, o qual contribui para altos custos de manutenção. A eficiência volumétrica é grandemente afetada pelas seguintes perdas por vazamento, as quais podem aumentar rapidamente devido ao desgaste: 1. Vazamento ao redor da periferia externa das engrenagens; 2. Vazamentos através das faces das engrenagens; 3. Vazamentos nos pontos aonde os dentes das engrenagens fazem contato. Fig. 6.33 Comparação dos vários fatores de desempenho para bombas. Tipo de bomba Classe de Classe de Eficiência Razão hp Capacidade Custo pressão rotação global por lbf de vazão (dólares por hp) (psi) (rpm) (%) (gpm) engrenagens 2000-3000 1200-2500 80-90 2 1-150 4-8 133 externas engrenagens 500-2000 internas palhetas 1000-2000 pistões axiais 2000-12000 pistões radiais 3000-12000 1200-2500 70-85 2 1-200 4-8 1200-1800 1200-3000 1200-1800 80-95 90-98 85-95 2 4 3 1-80 1-200 1-200 6-30 6-50 5-35 Bombas de engrenagens são simples no projeto e compactas no tamanho. Desta forma, elas são o tipo mais comum usado em circuitos de potência. O maior número de aplicações de bombas de engrenagens está em equipamentos móveis e em máquinas ferramenta. A eficiência e o custo de bombas de palhetas se situam entre as de engrenagens e as bombas de pistões. As bombas de palhetas tem boa eficiência e duração por um período razoavelmente longo de tempo. Contudo, o desempenho satisfatório e contínuo para este tipo de bomba depende do grau de contaminação do óleo e de boa lubrificação. Excessivas rotações podem causar problemas operacionais. As perdas por vazamentos em bombas de palhetas ocorrem através das faces do rotor e entre as placas de desgaste de bronze e o anel de pressão. As bombas de pistões são as mais caras e oferecem o mais alto nível de eficiência global. Elas podem ser operadas em altas velocidades (até 5000 rpm), oferecendo uma alta relação potência/peso. Elas essencialmente produzem um fluxo não pulsante e podem operar em altos níveis de pressão. Devido às rigorosas tolerâncias de fabricação dos pistões e carcaça, estas bombas tem as mais altas eficiências. Visto que nenhuma carga lateral ocorre nos pistões, a expectativa de vida útil das bombas é de vários anos. Contudo, devido ao seu projeto complexo, as bombas de pistões não podem, em princípio, ser reparadas em campo. 6.8 Ruído em bombas Ruído é um som que as pessoas consideram indesejável. Por exemplo, exposições prolongadas a ruídos elevados podem resultar em perda auditiva. Adicionalmente, os ruídos podem abafar sons que as pessoas querem ouvir, tais como as vozes provenientes de diálogos entre operadores e sinais sonoros de aviso emanados de algum equipamento de segurança. Os sons que as pessoas ouvem são provenientes das ondas de pressão que atravessam o ar. As ondas de pressão, as quais possuem amplitude e freqüência, são geradas por um objeto vibrante tal como uma bomba, um motor hidráulico, ou uma tubulação. O ouvido humano recebe as ondas sonoras e as converte em sinais elétricos que são transmitidos ao cérebro. O cérebro traduz estes sinais elétricos na sensação de som. O comprimento de uma onda sonora, o qual depende da amplitude da pressão, é descrito pela intensidade. A intensidade é definida como a taxa na qual a energia sonora é transmitida através de uma área unitária. Note que esta é a definição de potência por unidade de área. Como tal, a intensidade é tipicamente representada em unidades de W/m2. Contudo, geralmente é prático expressar esta taxa de transferência de energia em uma unidade chamada decibéis (dB). Os decibéis dão as grandezas relativas de duas intensidades, sendo uma a intensidade sonora mais fraca que o ser humano pode captar. Um bel (1 bel = 10 dB) representa uma grande variação na intensidade sonora. Portanto tem se tornado uma prática padrão expressar a intensidade do som em unidades de dB. Note que a intensidade sonora e a intensidade acústica subjetiva (loudness) não são a mesma coisa, visto que a intensidade acústica depende da audição de cada pessoa individualmente. A intensidade acústica de um som pode diferir para duas pessoas sentadas próximas uma a outra e 134 ouvindo a mesma fonte sonora. A intensidade de um som, que representa a quantidade de energia pertencente ao som, pode ser medida e portanto não depende da pessoa que o está ouvindo. Um dB é aproximadamente igual a menor mudança na intensidade que pode ser detectada pela maioria das pessoas. A intensidade sonora mais fraca que o ouvido humano pode captar é considerada igual a 0 dB. Em contraste, intensidades sonoras de 120 dB ou maiores produzem dor e podem causar perdas auditivas permanentes. A Fig. 6.34 fornece exemplos de alguns sons comuns e os correspondentes níveis de intensidade em dB. Fig. 6.34 Níveis de sons comuns (dB). 140 jato de turbina 130 prensa hidráulica limiar da dor 120 rebitador estrondoso 110 banda de rock 100 tráfego urbano muito alto 90 bombas de engrenagens 80 bombas de palhetas alto 70 bombas de pistões 60 bombas de parafusos moderado 50 escritório coletivo 40 escritório privado fraco 30 conversação normal 20 sussurro de folhas muito fraco 10 murmúrios 0 limiar da audição humana Como mostrado na Fig. 6.34, um nível sonoro de 90 dB é considerado muito alto e é representado como um nível de som de bombas de engrenagens. A Occupational Safety and Health Agency (OSHA) - Agência de Saúde e Segurança Ocupacional americana, estipula que 90 dB(A) é o máximo nível sonoro que uma pessoa pode ser exposta durante um período de 8 horas em um local de trabalho. A letra A seguindo o símbolo dB significa que o equipamento de medida do nível sonoro utiliza um sistema de filtros que simula mais proximamente a sensibilidade do ouvido humano. O nível sonoro em dB é obtido tomando o logaritmo em base 10 da razão entre a intensidade sonora e a intensidade sonora mínima audível. O logaritmo é usado porque mesmo a intensidade do mais moderado som (50 dB, por exemplo) é na verdade 105 vezes a menor intensidade que pode ser detectada pelo ouvido humano (0 dB). Usando uma escala logarítmica, este enorme fator pode ser reduzido a um número mais adequado, como mostra a equação seguinte: I B log I I limiar auditivo aonde I = a intensidade do som considerado, em W/m2; I[limiar auditivo] = a intensidade sonora no limite da audição humana, em W/m2; I [B] = a intensidade sonora considerada em bels. Portanto, para uma intensidade sonora moderada, tem-se: (6.12) 135 I som moderado log10 5 5 B Isto significa que se bels são usados, a intensidade varia de 0 a somente 12 para a faixa completa de sons, até o limite da dor. Esta é uma faixa bem restrita. Para aumentar esta faixa por uma fator de 10, o decibel é usado ao invés do bel, através da seguinte equação: I dB 10 log I (6.13) I limiar auditivo Logo, para um som moderado, o nível em decibéis é: I som moderado 10 log 1 0 dB Estes valores estão de acordo com aqueles dados na Fig. 6.34. A eq. (6.13) pode ser rescrita para determinar a quantidade que a intensidade do som aumenta em unidades de dB se sua intensidade em W/m2 aumenta em um dado fator. A equação aplicável é: dBaumento 10 log I final (6.14) I inicial Para o exemplo, se a intensidade (em W/m2) de um som dobra, um aumento em dB torna-se: dBaumento 10 log 2 301 , dB (6.15) Este resultado significa que se a intensidade sonora aumenta de somente 3,01 dB, a intensidade dobra em unidades de W/m2. Portanto a mudança na intensidade de um som de somente uns poucos dB é significante. O controle do nível de ruído é criticamente importante em termos da prevenção de acidentes devido ao abafamento de sons de alarme bem como na proteção do ouvido humano contra perdas auditivas permanentes. O abafamento sonoro descreve a capacidade de um som de tornar o ouvido humano incapaz de perceber um segundo som, tal como o som proveniente de um alarme de segurança. Em geral, a redução de ruído deve ser promovida como segue: 1. Mudando a fonte de ruído, tal como uma bomba. Os problemas aqui incluem mau alinhamento entre a bomba e o motor, placas do acoplamento entre bomba/motor instaladas incorretamente, cavitação na bomba, e excesso de pressão ou rotação na bomba. 2. Modificando os componentes conectados a fonte primária de ruído. Um exemplo é o grampeamento de tubulações hidráulicas em suportes com localização específica. 3. Usando materiais abafadores de som em janelas e repartições. Esta prática reduzirá a reflexão de ondas sonoras para outras áreas do prédio aonde o ruído pode ser um problema. O ruído é um parâmetro significante usado para determinar o desempenho de uma bomba. Qualquer aumento no nível de ruído indica normalmente um aumento de desgaste e uma falha iminente da bomba. As bombas são boas geradoras mas pobres radiadores de ruídos. Como tal, as bombas são os equipamentos que mais contribuem para formação de ruídos em um circuito de potência. Contudo, o ruído que nós ouvimos não é o som vindo diretamente da bomba. Ele inclui a 136 vibração e a pulsação do fluido produzidos pela bomba. As bombas geralmente são compactas e, por causa deste relativo pequeno tamanho, elas são pobres radiadores de ruídos, especialmente nas freqüências mais baixas. Os reservatórios, motores elétricos e tubulações são maiores e portanto são melhores radiadores. Assim, vibrações ou pulsações induzidas nas bombas podem causar a elas um ruído audível radiado maior que aquele proveniente da própria bomba. Em geral, bombas de deslocamento fixo são menos ruidosas que unidades de deslocamento variável porque elas possuem uma construção mais rígida. Como ilustrado na Fig. 6.35, a rotação da bomba tem um forte efeito sobre o ruído, enquanto a pressão e o tamanho da bomba tem influências iguais mas menores que a rotação. Visto que estes três fatores determinam a potência da bomba, eles fornecem uma indicação do nível de ruído. Para se conseguir níveis de ruído mais baixos, use a rotação mais baixa possível (1000 a 2000 rpm) e selecione as combinações mais vantajosas de tamanho e pressão para oferecer a potência necessária. Fig. 6.35 Dados mostrando o efeito da variação de tamanho, pressão e rotação da bomba sobre a geração de ruído. Existe ainda outro problema relativo ao ruído, chamado cavitação, que pode ocorrer devido ao arraste de bolhas de ar no fluido hidráulico ou vaporização do fluido hidráulico. Isto ocorre quando a linha de sucção é excessiva e a pressão de entrada na bomba cai abaixo da pressão de vapor do fluido (usualmente em torno de -5 psi). Como resultado, bolhas de ar ou vapor, que formam uma região de baixa pressão na bomba, entram em colapso quando atingem a região de descarga à alta pressão na bomba. Isto produz altas velocidades de fluido e forças de impacto, as quais podem erodir os componentes metálicos e encurtar a vida útil da bomba. 137 As seguintes regras controlam ou eliminam a cavitação na bomba, mantendo-se a pressão de sucção da bomba acima da pressão de vapor ou saturação do fluido: 1. Manter a velocidade na linha de sucção abaixo de 5 ft/s. 2. Manter a linha de sucção a mais curta possível. 3. Minimizar o número de conexões na linha de sucção. 4. Montar a bomba o mais próximo possível do reservatório. 5. Usar filtros que provoquem pequenas quedas de pressão, como filtros indicadores. 6. Usar o óleo especificado pelo fabricante da bomba. A Fig. 6.36 mostra a faixa ótima de viscosidades e temperaturas para uma boa operação da bomba. Fig. 6.36 Faixa preferencial de viscosidades do óleo e temperaturas de operação. 138 A importância do controle de temperatura está no fato de que aumentos de temperatura tendem a acelerar a liberação de ar ou bolhas de vapor. Portanto, as temperaturas do óleo deverão ser mantidas na faixa de 120 oF a 150 oF para fornecer uma ótima faixa de viscosidade e a máxima resistência a liberação de bolhas de ar e vapor para reduzir a possibilidade de cavitação. O ruído da bomba é criado quando os componentes rotativos internos aumentam abruptamente a pressão no fluido entre a entrada e a saída da bomba. Este aumento súbito de pressão é um fator fundamental na intensidade dos ruídos da bomba. Portanto, o nível de ruído no qual uma bomba opera depende grandemente do projeto da bomba. Bombas de engrenagens e palhetas geram um ruído muito maior do que bombas de parafusos. A Fig. 6.37 fornece os níveis de ruído aproximados associados com vários projetos de bombas. Fig. 6.37 Níveis de ruído para os vários tipos de bombas. Projeto da bomba Nível de ruído (dB-A) engrenagem 80-100 palheta 65-85 pistão 60-80 parafuso 50-70 6.9 Seleção de bombas As bombas devem ser selecionadas levando em conta um número de considerações para um circuito de potência hidráulico completo envolvendo uma aplicação em particular. Entre estas considerações estão os requerimentos de vazão, a velocidade de rotação, a classe de pressão, o desempenho, a confiabilidade, a manutenção, o custo e o nível de ruído. A seleção de uma bomba segue, em geral, a seguinte sequência de procedimentos: Selecionar a pressão no circuito. Selecionar o atuador (cilindro hidráulico ou motor) apropriado, baseado nas cargas encontradas e na pressão requerida; Determinar a vazão requerida; Determinar a rotação da bomba e selecionar o motor. Isto, junto com o cálculo da vazão, determina o tamanho da bomba (deslocamento volumétrico). Selecionar o tipo de bomba baseado na aplicação (engrenagens, palhetas ou pistões, de deslocamento fixo ou variável). Selecionar o reservatório e os demais componentes, incluindo tubulações, válvulas, cilindros e motores hidráulicos, entre outros. Calcular o custo total do sistema. Considerar fatores como nível de ruído, perdas de potência, necessidade de instalação de um trocador de calor devido ao calor gerado, e serviço de manutenção programada para oferecer uma vida útil prolongada ao circuito hidráulico. Geralmente, repete-se a sequência de procedimentos várias vezes com vários tamanhos e tipos de componentes. Posteriormente o procedimento é repetido para vários circuitos alternativos, sendo o melhor circuito selecionado para uma aplicação específica. Este processo é chamado otimização. Ele permite selecionar uma combinação de componentes do circuito para produzir o melhor desempenho possível a um custo mínimo de acordo com os requerimentos de uma aplicação em particular. 139 6.10 Intensificadores de pressão Embora uma bomba seja uma fonte de potência primária para um circuito hidráulico, unidades auxiliares freqüentemente são empregadas com propósitos específicos. Tais unidades são conhecidas como intensificador de pressão ou booster. Um intensificador de pressão é usado para aumentar a pressão em um circuito hidráulico a um valor acima da pressão de descarga na bomba. Ele recebe um escoamento a alta vazão e relativa baixa pressão e converte uma parte deste escoamento à alta pressão. A Fig. 6.38 mostra uma vista em corte de um booster Racine. A construção interna consiste de um grande pistão de movimento alternativo automático que tem duas pequenas hastes nas extremidades (veja também Fig. 6.39). Este pistão tem uma grande área transversal exposta ao escoamento a baixa pressão proveniente da bomba. A força do óleo a baixa pressão move o pistão e faz com que a pequena área da haste do pistão force o óleo a sair a uma pressão intensificada. Este dispositivo é simétrico em relação a uma linha de centro vertical. Portanto, quando o pistão grande realiza um movimento alternativo, as válvulas do lado esquerdo e direito da unidade duplicam uma a outra a cada curso do pistão maior. Fig. 6.38 Fotografia mostrando uma vista em corte do intensificador de pressão. Fig. 6.39 Esquema mostrando o percurso do óleo no intensificador de pressão. O aumento na pressão é diretamente proporcional a razão das áreas da seção transversal do pistão maior e da haste. O volume de saída é inversamente proporcional a esta mesma razão. alta pressao de descarga area do pistao alta vazao de entrada baixa pressao de entrada area da haste baixa vazao de descarga (6.16) Os boosters de pressão Racine são disponíveis com relações de áreas de 3:1, 5:1 e 7:1, desenvolvendo pressões a 5000 psi e descargas de 7 gpm. Existem muitas aplicações para os intensificadores de pressão tais como a eliminação de uma bomba de alta pressão/baixa vazão usada em conjunto com uma bomba de alta vazão/baixa pressão. Em uma aplicação como a prensa de puncionar, por exemplo, é necessário estender o cilindro hidráulico rapidamente usando pouca pressão para que o punção chegue a chapa de metal o mais rápido possível. A partir daí, o cilindro 140 deve exercer a maior força possível usando uma pequena vazão. A força elevada é necessária para puncionar a peça de trabalho a partir da chapa de metal. Visto que a chapa é fina, somente uma pequena quantidade de fluxo é requerida para realizar a operação de puncionamento em um período curto de tempo. O uso do intensificador de pressão resulta em um menor custo de produção nesta aplicação específica, pois ele substitui uma bomba de alta pressão, de alto custo, que normalmente seria requerida. Exemplo 6.8 Óleo a 20 gpm e 500 psi entra na porta de baixa pressão de um intensificador Racine de relação 5:1. Encontre a vazão de descarga e a pressão intensificada. Solução: Aplicando a eq. (6.15): alta pressao de descarga area do pistao alta vazao de entrada baixa pressao de entrada area da haste baixa vazao de descarga alta pressao de descarga 5 20 gpm 500 psi 1 baixa vazao de descarga Resolvendo para os valores desconhecidos, tem-se: alta pressão de descarga = 5500 = 2500 psi baixa vazão de descarga = 20/5 = 4 gpm 6.11 Classe de desempenho de bombas no sistema métrico Dados de desempenho para bombas hidráulicas são medidos e especificados em unidades métricas bem como em unidades inglesas. A Fig. 6.40 mostra curvas reais de desempenho para uma bomba de palhetas com pressão compensada, deslocamento variável, modelo Vickers VVB20, operando a 1200 rpm. As curvas fornecem valores de vazão (gpm), eficiência e potência (hp e kW) versus pressão de saída (psi e bar). Esta bomba em particular (veja Fig. 6.40) pode operar em velocidades entre 1000 e 1800 rpm, é classificada em 2540 psi (175 bar) e tem um deslocamento volumétrico nominal de 1,22 pol3/rev (20 cm3/rev). A Fig. 6.41 mostra a vista em corte desta bomba contendo dimensões em polegadas e milímetros. Embora as curvas forneçam vazões em gpm, as vazões em litros por segundo são usualmente especificadas. Dados de desempenho Típicos para bombas simples a 1200 rpm, de deslocamento volumétrico máximo com óleo a 150 SUS e 104 oF (40 oC). Notar que as características do compensador na curva de vazão são mostradas para cada diagrama de controle. 141 Fig. 6.40 Curvas de desempenho disponíveis para uma bomba de palhetas com pressão compensada, de deslocamento variável e rodando a 1200 rpm. 142 Fig. 6.41 Vista em corte da bomba de palhetas contendo dimensões em milímetros e polegadas. Um litro é igual a 1000 cm3 ou 0,001 m3 (um litro é definido com o volume de um cubo tendo lados de comprimento igual a 10 cm). Em termos de unidades inglesas, o seguinte fator de conversão é aplicável, visto que 1 pol = 2,54 cm: 3 1 pol 3 1L = 1000 cm 3 61,0 pol 2,54 cm Exemplo 6.9 Uma bomba tem um deslocamento volumétrico de 100 cm3. Ela libera 0,0015 m3/s a 1000 rpm e 70 bars. Se o motor elétrico tem um torque de saída de 120 Nm, calcule a eficiência global da bomba e o torque teórico requerido para operar a bomba. 143 Solução: Aplicando a eq. (6.1): 3 3 100 cm 1 m 0,0001 m3/rev D rev 100 cm 3 Nós temos que: 3 N 0,0001 m 1000 rev / s 0,00167 m3/s T D rev 60 Agora, vamos resolver para a eficiência volumétrica: v 0,0015 R 100 100 89,8 % 0,00167 T Resolvendo para a eficiência mecânica, fica: m P 70 10 5 0,00167 T 100 100 93,0 % 2 TN 120 1000 60 Note que o produto TN fornece a potência em unidades (W) aonde o torque T tem unidades de N.m e a rotação do eixo é dada em rad/s. Finalmente, podemos resolver para a eficiência global: o v m 89,8 930 , 835 , % 100 100 O torque teórico pode ser calculado como: TT TR m 120 0,93 112 N.m 144 Lista de Exercícios 6.1 Qual é a vazão teórica de uma bomba de pistões axiais com deslocamento volumétrico fixo, que possui nove cilindros operando a 2000 rpm? Cada pistão tem diâmetro de 15 mm e curso de 20 mm. 6.2 Uma bomba de palhetas tem um deslocamento volumétrico de 115 cm3. Ela tem um rotor com 63,5 mm de diâmetro, um anel excêntrico com diâmetro igual a 88,9 mm, e uma largura de palheta igual a 50,8 mm. Qual deve ser sua excentricidade? 6.3 Determine a eficiência global de uma bomba acionada por um motor elétrico de 10 hp. A bomba descarrega fluido a 40 l/min na pressão de 10 MPa. 6.4 Uma bomba tem um deslocamento volumétrico de 98,4 cm3. Ela libera 0,0152 m3/s de óleo a 1000 rpm e 70 bars. O torque de entrada na bomba é 124,3 N.m. Determine: a. Qual é a eficiência global da bomba? b. Qual é o torque teórico requerido para operar a bomba? 6.5 Para o circuito a seguir, os seguintes dados são fornecidos: diâmetro do pistão: 8 pol diâmetro da haste do pistão: 4 pol velocidade de atuação do cilindro durante o curso de trabalho: 3 pol/s carga externa no cilindro: 40000 lbf eficiência volumétrica da bomba: 92% eficiência mecânica da bomba: 90% rotação da bomba: 1800 rpm pressão de entrada na bomba: -4,0 psi A queda de pressão total no sistema, da porta de descarga da bomba até a entrada do atuador, é de 75 psi. A queda de pressão total na linha de retorno, ou seja, da saída do atuador (lado da haste) até a entrada do reservatório, é de 50 psi. Determine: a. Deslocamento volumétrico da bomba. b. Potência de entrada em hp requerida para acionar a bomba. c. Torque de entrada requerido para girar a bomba. d. Percentagem da potência inserida na bomba efetivamente utilizada para fixar a carga.