TEMA I - PROGRAMA DE PESQUISAS DA FUNASA: ANÁLISE DA LINHA DE PESQUISAS SOBRE AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS DE BAIXO CUSTO PARA POTABILIZAÇÃO DE ÁGUA SALOBRA TEMA I: Abastecimento de água Filomena Kotaka Romeu Francisco Gadotti Cibele Medeiros Brito Leite Filomena Kotaka Arquiteta. Doutora e Mestre em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo. Coordenadora de Desenvolvimento Tecnológico em Engenharia Sanitária do Departamento de Engenharia de Saúde Pública da Fundação Nacional de SaúdeFunasa. Secretaria Executiva do Comitê Científico das Pesquisas da Engenharia de Saúde Pública da Funasa. PALAVRAS – CHAVE: Dessalinização, qualidade da água, destilador solar, troca iônica e osmose reversa. INTRODUÇÃO A Fundação Nacional de Saúde – Funasa órgão executivo do Ministério da Saúde, é uma das instituições do Governo Federal responsável por promover a inclusão social por meio de ações de saneamento, assim como promover a proteção da saúde dos povos indígenas. As ações realizadas compreendem a prevenção e controle de doenças e agravos ocasionados pela falta ou inadequação das condições de saneamento básico em municípios de pequeno porte e em áreas de interesse especial, como assentamentos, remanescentes de quilombos e reservas extrativistas. Fazem parte das ações da Fundação o estímulo e financiamento a projetos de pesquisa em engenharia de saúde pública e saneamento. Iniciado em 2000, o Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Funasa, lançou três Editais, 2000, 2001 e 2003, que financiam, atualmente, 54 projetos de pesquisa, sendo 53 pesquisas, selecionadas dentre candidatas que atenderam aos três editais, mais uma pesquisa contratada diretamente. As pesquisas objetivam desenvolver e aperfeiçoar tecnologias nas áreas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos, gestão em saúde pública, melhorias sanitárias domiciliares, melhoria das habitações rurais para controle da doença de Chagas, edificações em saúde pública e ações de saneamento e edificações de saúde em áreas indígenas. OBJETIVO Analisar dentro da área temática abastecimento de água o desdobramento da linha de pesquisa referente a avaliação de tecnologias de baixo custo para potabilização de água salobra. METODOLOGIA O objetivo da Funasa ao lançar a linha de pesquisa ‘Avaliação de tecnologias de baixo custo para potabilização de água salobra’ foi em função de que a região do semi-árido nordestino do Brasil ser afetada periodicamente com baixos índices pluviométricos, deixando grande parte da população com escassez de água potável e dependente do comércio de distribuição de água por carros pipa, nem sempre de qualidade segura. As áreas mais afetadas são aquelas cuja probabilidade de se encontrar água subterrânea com qualidade e quantidade suficiente é muito baixa. Geralmente, quando se consegue uma vazão razoável, a água é salobra. “Atualmente, um recurso que tem sido utilizado nessa região para sanar o problema das águas salobras, tem sido a utilização do processo de dessalinização por osmose reversa, o qual apresenta algumas desvantagens operacionais e econômicas, como: • requer bomba de alta pressão para fazer passar a água através da(s) membrana(s), necessitando de motor elétrico de alta potência, com alto consumo de energia elétrica; • requer lavagem química periódica para desincrustação da(s) membrana(s), cujo custo também é elevado; • o rendimento desse sistema é de cerca de 50% a 60%, gerando uma grande quantidade de água com alta concentração de sais – rejeito salino, cujo impacto ambiental deve ser considerado” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001; 2003). A Funasa pretende com os resultados desta linha de pesquisa compilar e validar tecnologias alternativas para dessalinização de água salobra com menor custo de operação, manutenção e maior rendimento de água potável. Para o desenvolvimento dessa linha de pesquisas foram contratadas duas pesquisas no edital de 2001 e uma no de 2003. As pesquisas contratadas no edital de 2001 foram: “Produção de água potável através de destilação solar natural” sob coordenação do Prof. Maurício Luiz Sens da UFSC, que já foi finalizada, e “Dessalinizador para obtenção de água em pequenas comunidades, com utilização da tecnologia de troca iônica e energias alternativas” sob coordenação da Prof.a Andréa Lessa da Fonseca do CEFET/RN, que está em fase de conclusão. A pesquisa contratada no edital de 2003 foi: “Avaliação do rendimento, qualidade da água produzida e custos de dessalinizadores instalados no município de Poço Redondo-SE”, que está iniciando sob a coordenação do Prof. Mário Takayuki Kato da UFPE. RESULTADOS A pesquisa desenvolvida sob a coordenação do Prof. Maurício Luiz Sens avaliou o desempenho de um equipamento de destilação solar em forma de pirâmide para a produção de água para beber para uma residência unifamiliar. Foram testadas três tipos de água (salgada, salobra e salobra contaminada) onde foram avaliados as características físico-químicas, bacteriológicas e volume de água produzida. O destilador apresentou uma produção média mensal de 3.1 e 3.7 l/m2.d. e a água produzida estava de acordo com os padrões de potabilidade da Portaria no 518/2004 do Ministério da Saúde. A pesquisa desenvolvida sob a coordenação da Prof.a Andréa Lessa da Fonseca está avaliando sistema de dessalinização por troca iônica comparando com os sistemas de osmose reversa instalados em localidades do estado do Rio Grande do Norte. A pesquisa desenvolvida sob a coordenação do Prof. Mário Takayuki Kato irá avaliar poços de abastecimento instalados com dessalinizadores no município de Poço Redondo–SE. Serão analisados as características físico-química e bacteriológicas da água bruta e tratada, o rendimento, custos de implantação e operação dos dessalinizadores por osmose reversa existentes no município. Também serão avaliados o destino dos rejeitos gerados no processo de dessalinização. CONCLUSÕES Conforme os resultados apresentados na pesquisa coordenada pelo Prof. Maurício Sens, pode-se inferir que a produção de água potável através de destilação solar natural é viável e interessante, visto que, não consome energia elétrica, fácil de ser implantado em locais isolados, desinfeta a água e não produz efluente líquido com alta concentração salina que dificulta a sua disposição, que ocorre com outros processos de dessalinização. No caso do Brasil onde temos uma escassez de água no sertão nordestino, e sendo que água disponível muitas vezes é salobra, esta tecnologia vem de encontro com as necessidades, pois pode ser implantada em locais isolados que muitas vezes não dispõe de energia elétrica, não tendo o problema de disposição de efluente com altas concentrações salinas, pois, os rejeitos gerados estão na forma sólida e podem ser aproveitados na alimentação animal. Aliado a isso, a região apresenta alta incidência de radiação solar que é um fator importante para o bom funcionamento do destilador. A pesquisadora Andréa Lessa da Fonseca em seu relatório parcial constatou que atualmente existem 226 usinas de dessalinização instaladas no Rio Grande do Norte e existe a previsão de instalação de novas unidades, todas utilizando a tecnologia de osmose reversa, o que de certa forma, torna sua aplicação inviável para pequenas comunidades devido ao elevado custo operacional. A pesquisadora avaliou 9 dos dessalinizadores, desses três estão desativados, cinco estão funcionando e um opera precariamente. Diante dos resultados das análises físico-químicas, realizadas na água bruta, na água dessalinizada e no rejeito, pode-se concluir que o processo de dessalinização por osmose reversa é eficaz e atende as exigências do Ministério da Saúde. O rejeito dos dessalinizadores são utilizados para o consumo animal, com exceção de um sistema de tratamento que o utiliza na irrigação de coqueiros. Com a finalização das duas pesquisas em andamento teremos um diagnóstico dos processos de dessalinização por osmose reversa implantados nos estados de Sergipe e do Rio Grande do Norte. Com esse diagnóstico poderemos avaliar a real situação de funcionamento dessas estações, e discutir se esse é mesmo o melhor processo de tratamento, e propor outros sistemas para produção de água potável a partir de água salobra. Serão levantados aspectos positivos e negativos dos processos de dessalinização avaliados (destilação solar, troca iônica e osmose reversa), bem como, quais situações são mais adequadas para se utilizar os diferentes tipos de tratamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. FUNASA. Edital de convocação no 001/2001. Brasília, Fundação Nacional de Saúde, 2001. 2. MINISTÉRIO DA SAÚDE. FUNASA. Edital de convocação no 001/2003. Brasília, Fundação Nacional de Saúde, 2003. 3. SENS, M. L.; SOARES, C.; ANDRADE, C. O. de, LUCA, F. V. de; BÖEL, H. R. Produção de água potável através da destilação solar natural. Relatório final apresentado à Funasa. Brasília, Fundação Nacional de Saúde, 2004. 4. FONSECA, A. L. da, et al. Dessalinizador para obtenção de água em pequenas comunidades, com utilização da tecnologia de troca iônica e energias alternativas. Relatório parcial apresentado à Funasa. Brasília, Fundação Nacional de Saúde, 2004. 5. FONSECA, A. L. da, et al. Avaliação de sistemas de dessalinização de abastecimento de água no semi-árido no Rio Grande do Norte. II Congresso de Iniciação Científica do CEFET-RN, Natal-RN, 2004. 6. KATO, M. T., et al. Avaliação do rendimento, qualidade da água produzida e custos de dessalinizadores instalados no município de Poço Redondo - SE. Plano de trabalho. Brasília, Fundação Nacional de Saúde, 2004.