16 Hydro • Junho 2010 Especial Sistemas de osmose reversa para tratamento de água Roseli Bisterso, da Redação da Hydro A Seja para dessalinização de água do mar ou para aplicações tradicionais como desmineralização de água salobra para make-up de caldeiras, torres de resfriamento e reúso em processos industriais, o mercado de osmose reversa está em franca expansão. Conheça algumas soluções hoje disponíveis no país e as novas tecnologias capazes de reduzir o custo do sistema, melhorar o desempenho e diminuir o consumo de energia. exemplo de países como Estados Unidos, Japão e Arábia Saudita, que concentram as maiores receitas em termos de componentes e sistemas de osmose reversa, é certo que as empresas atuantes neste setor têm pela frente um celeiro de oportunidades no mercado interno. Alguns números dão a dimensão da importância desse mercado. Estudos realizados pela consultoria Mcllvaine, por exemplo, apontam um crescimento global de 50% no período entre 2008 e 2012. Em 2005, o mercado internacional de componentes e membranas de osmose reversa movimentou um total de US$ 1,9 bilhão. Já em 2009, houve um avanço de cerca de 37%, o que totalizou negócios da ordem de US$ 2,6 bilhões. Até 2014, as projeções são ainda mais otimistas, indicando a geração de receitas próximas a US$ 3,7 bilhões. E o Brasil, como se comporta neste cenário? Mercado em expansão e dessalinização Apesar da ausência de números consolidados do mercado interno, são os fornecedores de componentes e sistemas de osmose reversa o melhor termômetro do segmento. Para as empresas ouvidas nesta reportagem, trata-se de um setor em franca expansão, mas que avança em ritmo mais ou menos acelerado dependendo da necessidade e da disponibilidade de recursos hídricos local. Isso explica, por exemplo, o posicionamento estratégico da Degrémont para projetos de dessalinização de água do mar em nível global. Um deles foi implantado na região norte do Chile, na mineradora Minera Escondida, que recebeu um sistema de osmose reversa com vazão de 1800 m3/h de permeado. Outras duas plantas de grande porte foram instaladas nos Emirados Árabes, e em breve a cidade de Melbourne, na Austrália, deve ganhar um sistema de 450 mil m3/dia, ainda em fase de projeto pela Degrémont. “Esse tema começa a deixar de ser um tabu no Brasil. Percebemos que existe um movimento de empresas dispostas a avaliar a possibilidade de abastecer suas instalações a partir de água do mar dessalinizada por sistemas de osmose reversa”, avalia Antonio Sergio Hilsdorf, gerente técnico da Degrémont, empresa de origem francesa com escritó- US$ milhões Hydro • Junho 2010 ção pode ser atraente a longo prazo para as indústrias cujas instalações estejam localizadas ao longo do litoral brasileiro. “Por enquanto, acredito que o reúso de água a partir de sistemas de osmose reversa seja economicamente mais viável para as indústrias”, pondera. As maiores plantas de desPlanta de 1800 m³/h implantada na Minera Escondida, salinização estão instaladas na no Chile, pela Degrémont Ásia e Oriente Médio, além de Espanha e Austrália. “Até mesmo na rio em São Paulo e cerca de 15 plantas Arábia Saudita, onde as usinas térmide osmose reversa instaladas no país. cas de dessalinização por evaporação Na Centroprojekt, fornecedora de sisprevalecem, os sistemas de osmose retemas de tratamento e reúso de água versa estão ganhando terreno por apree efluentes, de São Paulo, também sentarem melhor desempenho enercresce o interesse pelo tratamento de gético”, observa José Carlos Mierzwa, água do mar através de membranas professor associado do Departamento de osmose reversa. “Temos várias prode Engenharia Hidráulica e Sanitária postas em andamento”, diz Luiz Moada Poli-USP e coordenador de projecir Alencar de Godoy, engenheiro de tos do Cirra – Centro Internacional de processo. Mais enfático, Fernando Ilha, Referência em Reúso de Água. diretor da Water Warehouse, empresa No Brasil, um dos exemplos mais do Rio de Janeiro voltada à comercianotórios de aplicação das membranas lização de componentes de sistemas de osmose para dessalinização da de osmose reversa, avalia a adoção da água do mar está no arquipélago de tecnologia para dessalinização de água Fernando de Noronha, que já conta do mar como “inevitável” no Brasil. “O com um sistema com capacidade de abastecimento público nas cidades lito36 m³/h, mas insuficiente para atenrâneas vai entrar em colapso devido à der à demanda de água na ilha. Por contaminação dos mananciais, tornanesse motivo, o equipamento terá sua do o custo do tratamento convenciocapacidade acrescida em 14 m³/h, o nal muito elevado em razão da grande que inclui a instalação de mais quatro necessidade de produtos químicos”, vasos de pressão de 6 metros. A resafirma. Para Rubens Francisco, supeponsável pela ampliação do sistema é rintendente de tecnologias da Hazteca Acquapura, empresa especializada Aquamec, de São Paulo, a dessalinizana área de projetos e 4000 sistemas de dessalini3500 3000 zação com sede em 2500 Recife, PE. 2000 Em breve, caberá 1500 1000 à Petrobras a reali500 zação de sua maior 0 1990 1995 2000 2005 2009 2014 planta de dessaliniFonte: BCC Research zação já implantaValor global de componentes de sistema de osmose reversa para tratamento de água (1990-2014, em milhões de dólares) da no país, que terá 17 lugar na nova refinaria Premium 2, a ser instalada em Caucaia, CE. A demanda estimada de água bruta da refinaria é da ordem de 3500 m3/h e que deve ter como fonte de abastecimento um açude com salinidade em torno de 400 mg/L. A companhia estuda a possibilidade do uso combinado de membranas de ultrafiltração e de osmose reversa para a dessalinização da água bruta em níveis de água industrial, em torno de 60 mg/L. Ainda não está definido se a posterior desmineralização de parte da água dessalinizada para geração de vapor será também via osmose reversa ou por resinas de troca iônica. Na percepção da norte-americana Dow, o mercado interno de osmose reversa se mostra aquecido, sem dúvida, mas ainda em aplicações tradicionais, como na desmineralização de água para caldeiras, torres de resfriamento e reúso em processos industriais. “Em linhas gerais, o segmento cresceu de 15% a 20% ao ano entre 2003 e 2008, um desempenho bem acima daquele registrado pelas resinas de troca iônica, que avançou de 7% a 10% no mesmo período”, diz Marcus Simionato, gerente de contas da divisão Dow Water & Process Solutions, com escritório em São Paulo. Segundo ele, a opção pela osmose reversa foi maior nos setores dotados de cogeração de energia, caso das siderúrgicas, petroquímicas, usinas de açúcar e álcool, e das indústrias têxteis e de papel e celulose. Para algumas empresas, a divisão do mercado de desmineralização entre troca iônica e osmose reversa tende a acabar com o tempo, com predominância das membranas. A Perenne, de São Paulo, por exemplo, fez um estudo comparativo entre os custos de implantação e operação de ambas as tecnologias, demonstrando que o 18 Hydro • Junho 2010 Especial sistema de troca iônica tem um custo total cerca de 50% maior do que o de osmose reversa em cinco anos de operação. Por outro lado, o investimento inicial para o sistema de osmose reversa pode ser 50% superior. “Mesmo assim, o custo total do sistema de osmose reversa é ultrapassado pelo do sistema de troca iônica em um intervalo de 10 meses, basicamente em função do preço dos produtos químicos utilizados durante a regeneração”, afirma Daniel Brooke Peig, engenheiro da área de P&D da Perenne. Quem faz coro a essa mudança é a Siemens Water Technologies. “As vendas de sistemas de osmose reversa cresceram 30% em todo o mundo porque a tendência é reduzir o impacto no meio ambiente causado pelo alto consumo de produtos químicos em sistemas de troca iônica”, observa Marcelo Batista, gerente de vendas da Siemens Water Technologies. Para a Fluid Brasil, de Jundiaí, SP, a preferência pela osmose reversa é nítida. “As resinas de troca iônica estão perdendo participação para as membranas”, garante Francisco Faus, gerente comercial. Dessalinizador da Perenne Vantage M280, da Siemens: sistema duplo passo pode remover até 98% de sólidos inorgânicos Mais cauteloso, o diretor da Enfil, Juan Carlos Natali, defende o uso da osmose reversa “apenas onde é necessário”, o que significa, na opinião dele, o uso de membranas no tratamento de água com salinidade elevada (a Resolução Conama 357/2005 define como água salina aquela com salinidade igual ou superior a 30%). Do mesmo modo, o presidente da GE Water & Process Technologies (GE & PT), Tadeu Justi, propõe um equilíbrio com base nas concentrações de sais dissolvidos em ppm de CaCO3 da água de alimentação ao optar por uma tecnologia de tratamento. “Sugerimos que acima de 70 ppm as membranas são mais viáveis para o tratamento”, diz. “Sistemas de osmose reversa não podem ser vistos de forma isolada, eles têm seu nicho de mercado e também podem ser complementados com outras tecnologias”, afirma. Importante destacar que a faixa limítrofe em termos de sais dissolvidos em ppm de CaCO3 na verdade varia Hydro • Junho 2010 19 Tab. I – Maiores plantas de dessalinização de água do mar através de sistemas de osmose reversa Local/Planta Capacidade Características (m3/d) Israel Ashkelon Desalination Plant 330 mil - Considerada a maior planta do mundo em operação atualmente. Funciona desde 2006. - Custo do tratamento é de US$ 0,52/m3 e a planta conta com sistema de recuperação de energia. - Produção equivalente de 5% a 6% do total de água consumido em Israel. - São 40 mil elementos de membrana divididos em 32 módulos. Sidney, Austrália Kurnell Desalination Plant 250 mil - Volume de água é suficiente para suprir 15% do consumo diário de Sidney. Início da operação em 2010. - Sistema pode ser ampliado para produzir 500 mil m3/dia. - Mais de 36 mil membranas compõem o sistema. - A água tratada vai percorrer uma tubulação de 18 km até chegar ao sistema de abastecimento de água de Sidney. O bombeamento será feito por duas bombas de altíssima vazão, com capacidades de 4 mil e 8 mil m3/h. San Diego, Califórnia, EUA 189 mil Carlsbad Desalination Project - Em fase de construção, entra em operação em 2012. Produção equivale a 50 milhões de galões de água/dia, suficiente para abastecer 10% da população local (são 300 mil pessoas beneficiadas). Cingapura Tuas Seawater Desalination Plant 136 380 - Tem capacidade de suprir a demanda de água potável de 10% da população local. - Em funcionamento desde 2005, conta com turbinas Pelton acopladas à saída do sistema. O custo inicial do tratamento era de US$ 0,78/m3, mas agora sai em média pela metade desse valor. - Tem sistema de osmose reversa de duplo passo para remoção de sais e boro. Chipre Larnaca Sewater Desalination Plant 64 mil - Em operação desde 2001, a planta ocupa 160 x 100 m. - Pré-tratamento consiste de dois tanques de floculação e 12 filtros multimídia (quartzo e antracito). - Custo do tratamento é de US$ 0,79/m3 e o consumo de energia é de 3,4 kWh/m3. Gujarat, Índia UMPP Seawater Reverse Osmosis Plant 25 200 - Em fase de construção, entra em operação no final de 2012. - Água tratada vai abastecer o sistema de resfriamento da usina de energia UMPP. - Água do mar vai percorrer um canal de 6,5 km até chegar à planta de osmose reversa. Fonte: www.water-technology.net bastante entre as empresas. Na Dow, por exemplo, concentrações entre 200 e 300 ppm são consideradas intermediárias e acima de 300 ppm já sinalizam claramente a opção pelas membranas, embora a empresa avalie mesmo assim os custos de aquisição e operação de ambas as tecnologias. Já na ProMinent, águas de alimentação com concentrações a partir de 120 mg/L de TDS – sólidos dissolvidos totais indicam a opção pela osmose reversa. A empresa, de origem alemã, é especializada em sistemas de tratamento de água e dosagem de produtos químicos e sua planta fabril fica em São Bernardo do Campo, SP. 20 Hydro • Junho 2010 Tab. II – Membranas de osmose reversa e aplicações Especial Entre os fatores impeditivos do crescimento do mercado de osmose reversa no país, o gerente da Siemens Water, Marcelo Batista, avalia que ainda existe uma certa resistência por conta dos inúmeros problemas de projeto e de dimensionamento no início da implementação da tecnologia. Opinião dividida por Mierzwa, da Poli. Segundo ele, a osmose reversa caiu em descrédito nos anos 70 devido Diâmetro em polegadas Aplicações Sistemas de pequeno porte, como em a problemas de má operação. 2,5 laboratórios e hemodiálise (200 L/h em média) “Por se tratar de um equipaSistemas de potabilização de até 5 m3/h 4 mento sensível, é preciso que Sistemas em escala industrial para vazões tenha manutenção cuidadosa superiores a 5 m3/h (caldeiras, abastecimento 8 público, água do mar e processos industriais) ou todo o investimento será Novo diâmetro padronizado, tem uso promissor perdido”, diz. De acordo com em plantas de grande porte de dessalinização 16 o professor, um dos erros mais de água do mar comuns era permitir a passaFonte: Perenne gem de sólidos não dissolvidos dissolvidos. “Por causa das elevadas pelas membranas de osmose, que na pressões, se tiver sólidos suspensos, verdade só podem lidar com sólidos Tab. III – Fornecedores de componentes e sistemas de osmose reversa • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • (*) Filtro multimídia, microfiltração, filtro cartucho, sanitização térmica, MBR (A) Empresa fabricante de membranas, também fornece resinas de troca iônica e módulos de ultrafiltração e eletrodeionização (B) Empresa fabricante de membranas, também fornece pré-tratamento com MBR (C) Empresa fabricante de membranas, também fornece vasos de pressão somente para elementos de 18” • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Fornece sistema completo Dosagem química de ajuste de pH Outros (*) Abrandador 0800-0132333 (11) 3621-4333 (11) 5641-3540 (11) 3556-1100 (11) 2166-3600 (11) 5188-9222 (11) 3468-3800 (11) 2463-7700 (11) 3917-1888 (11) 3378-7500 (11) 2139-1111 (11) 2165-1100 (11) 3670-1800 (27) 3328-2800 (11) 5641-3719 (71) 3503-2755 (21) 2156-7980 (11) 9615 5949 (11) 4123-9933 (16) 3721-4709 (11) 5184-1616 (11) 3546-1800 (41) 2117-2300 (11) 4361-0722 0800-119484 (41) 3016-7288 (21) 2428-1823 (11) 3348-4805 (11) 5641-6001 Filtro a carvão e areia Ultrafiltração http://solutions.3m.com.br www.ambientalms.com.br www.bishenambiental.com.br www.centroprojekt-brasil.com.br www.degremont.fr www.dow.com/liquidseps/index.htm www.ecosan.com.br www.epengenharia.com.br www.ergonequipamentos.com.br www.fluidbrasil.com.br www.gewater.com www.gehaka.com.br www.haztec.com.br www.hquimica.com.br www.hydranautics.com www.idealtrading.com.br www.ipabras.com.br www.kochmembrane.com www.mfsflux.com.br www.osmotec.com.br www.pentair.com www.perenne.com.br www.permution.com.br www.prominent.com.br www.siemens.com.br www.vexer.com.br www.waterwarehouse.com.br www.praxair.com/sa/br/bra.nsf www.yete.com.br acima de 300 3M Ambiental MS Bishén Ambiental Centroprojekt do Brasil Degrémont Dow Brasil Ecosan EP Engenharia Ergon Fluid Brasil GE Betz do Brasil Gehaka Haztec-Aquamec Hidroquimica Hydranautics Ideal San Ipabras Koch MFSFlux Osmotec Pentair Perenne Permution ProMinent Siemens Vexer Water Warehouse White Martins Yete de 51 a 300 Telefone de atendimento ao cliente Industrial Obras públicas Site Residencial Comercial Empresa Até 50 Tipo de Capacidade pré-tratamento em m³/h fornecido Aplicação • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Fornecedor de membrana Dow Dow Ion Exchange Dow, Hydranautics e Koch Dow, GE, Hydranautics e Toray (A) Dow e Hydranautics Koch Koch Dow GE Dow e Hydranautics Dow e Hydranautics Dow (B) não forneceu Hydranautics (C) Dow Dow não forneceu CSM e Toray CSM, Dow e Vontron Dow, GE e Hydranautics não forneceu Dow e Vontron Dow Koch Dow 22 Hydro • Junho 2010 Especial após duas ou três horas de uso, o sistema entra em colapso. Uma alternativa é o uso de membranas de micro e ultrafiltração no pré-tratamento”, observa Mierzwa. Tendências e soluções Na avaliação de Justi, da GE & PT, é fato que as primeiras iniciativas de implantação de sistemas de osmose reversa no Brasil não funcionaram bem e deixaram o mercado apreensivo na época. “Hoje a percepção é outra, de que se trata de uma tecnologia eficaz para o tratamento de água”, avalia. A empresa de origem norte-americana é a única desse segmento a fabricar membranas e fornecer todos os componentes dos sistemas montados em skids com bombas de alta pressão, válvulas, instrumentos de ajuste e pai- nel de controle. “Além de serem usadas na desmineralização de água de processos, as membranas de osmose reversa vêm sendo usadas na indústria de bebidas para a concentração de sucos”, garante Justi. Em sua unidade fabril localizada em Sorocaba, SP, são produzidos os sistemas da linha PRO, com vazões de 10 a 100 m3/h. As usinas de açúcar e álcool e as termoelétricas estão entre os setores com maior demanda, na avaliação da Siemens, mais especificamente em processos de alimentação de caldeiras de alta pressão (média de 20 kg/cm2), que necessitam de água desmineralizada de altíssima qualidade para a geração de vapor, associados a tecnologias de eletrodeionização (EDI), os quais requerem controle de sílica, boro e condutividade em níveis baixíssimos. Segundo Batista, da Siemens Water, a O sistema de eletrodeionização da Gehaka produz até 2 mil L/h remoção segura de matéria orgânica de caldeiras somente é possível atra- Hydro • Junho 2010 vés da osmose reversa. “Em altas temperaturas, os orgânicos podem se transformar em ácidos orgânicos e automaticamente provocar a corrosão da caldeira”, alerta. “Apesar de existir uma preocupação crescente por parte da área Membranas espirais da GE Water Módulos de membranas de ultrafiltração Aquaflex, da Norit de utilidades das empresas, que é responsável pela operação de caldeiras e torres de resfriamento, ainda não tem sido dada toda a atenção devida à qualidade da água e nem do vapor produzido, uma vez que as indústrias estão mais focadas nas áreas de processos e produção”, observa Simionato, da Dow. Segundo ele, sem o devido cuidado, o risco de formação de biofilme e de incrustação de cálcio e sílica (fouling e scaling) nas paredes da caldeira é grande o bastante 23 para vitrificar e fragilizar sua estrutura. Uma das soluções da Dow para evitar esse problema são as membranas da linha FR (fouling resistance). A mais nova integrante da família é a BW30XFR-400/34i, feita de poliamida com 40 m2 de área e dotada de espaçadores de 34 mil com geometria diferenciada (antes eram 28 mil), incrementando a resistência ao fouling orgânico e biológico. Simionato explica que as membranas com espaçadores de alimentação mais espessos operam com menos queda de pressão, o que resulta em menor pressão de alimentação e de consumo de energia. “As membranas com espaçadores de alimentação mais espessos são menos propensas à incrustação especialmente em água de superfície ou fontes de alimentação mais desafiadoras”, diz Simionato. A Perenne, que trabalha com a 24 Hydro • Junho 2010 Especial tamento de água de processos das indústrias de bebidas e alimentícia, e da água de alimentação de caldeiras de alta pressão e de torres de resfriamento. Um dos destaques dos sistemas fornecidos pela ProMinent são os microprocessadores dedicados para o Equipamento de osmose reversa instalado na Klabin, em controle da operação. Monte Alegre, PR, pela Enfil Integrados ou não a um PLC – controlador lógico programável, modalidade BOT – built, operate and os equipamentos permitem o monitransfer, faz previsão de crescimento toramento de parâmetros causadores de 20% a 30% desta opção de serviço de incrustação, formação de biofilme ao cliente nos próximos dois anos. “O e necessidade de realização de limpeBrasil ainda será líder de mercado em za química das membranas. “Também sistemas de osmose reversa e novos trabalhamos com taxas de filtração fornecedores devem chegar em brediferentes para cada tipo de água de ve”, afirma o engenheiro da Perenne. alimentação, diminuindo o estresse na Quem já atua nesse mercado tamsuperfície da membrana”, garante Marbém não quer perder a oportunidade celo Ferreira, gerente de produto. de incrementar seu portfólio, tanto que Já na Ipabras, empresa do Rio de em razão do aumento da procura por Janeiro fornecedora de sistemas de sistemas de osmose reversa, a Water tratamento de água, especialmente Warehouse, que até o início deste ano por osmose reversa, filtração e ozônio, apenas comercializava componentes quem ganha terreno são os sistemas como vasos de pressão, membranas de osmose de duplo passo. Nesta e periféricos, está introduzindo no configuração, a água do primeiro alimercado skids completos da PureGen, 3 menta o segundo, fazendo com que a com capacidades de 200 L/h a 5 m /h. água sofra uma dupla dessalinização. “Sistemas maiores poderão ser orçaSegundo Carlos Eduardo Lomazzi, endos mediante consulta”, diz Ilha. Segenheiro da Ipabras, a tecnologia vem gundo ele, antes do fornecimento do se firmando como uma tendência equipamento, a empresa faz o perfil principalmente entre as empresas que de partículas da água de alimentação possuem sistemas simples. “Muitas através de testes próprios de SDI – silt delas estão migrando para a osmose density index, um indicador de denside duplo passo, com a vantagem de dade de partículas coloidais bastante assegurar dupla barreira bacteriológica útil para mostrar a qualidade da água. e viral no tratamento da água”, garante. Valores de SDI abaixo de 3 são os mais Os sistemas fornecidos têm produção requeridos pelos fornecedores. a partir de 250 L/h, mas podem ser Na ProMinent, o carro-chefe em configurados em versões maiores consistemas de osmose reversa é a linha forme a necessidade. Dulcosmose. Os equipamentos têm Prova do dinamismo do setor, na capacidades de 100 L/h a 100 m3/h e Gehaka, de São Paulo, a aposta é pela são empregados principalmente no tra- Hydro • Junho 2010 25 Sistema HighPure, da Pentair: vazão de 1800 a 12240 GPD substituição do modelo de osmose de duplo passo pela configuração de um passo seguido de eletrodeionização (EDI) em aplicações em que a remoção de sais deve ser absoluta, como na fabricação de medicamentos. “Como a osmose reversa não pode concentrar até 100% e tem nível de rejeição médio de 95%, essa diferença pode ser removida com a EDI, com a vantagem de ser uma tecnologia limpa”, observa Eduardo Per Horn, gerente de produtos. A empresa fornece sistemas de desmineralização de pequeno e médio porte para laboratórios e processos industriais, com ênfase no setor farmacêutico. Segundo Horn, em 2009 foram comercializados mais de 700 equipamentos de pequeno porte. Todas as vendas ficam atreladas a um programa de garantia que inclui instalação, manutenção corretiva e preventiva dos equipamentos. Pré-tratamento: etapa crítica Para garantir a qualidade da água que vai abastecer processos delicados como na indústria eletrônica, ou atender pacientes que necessitam de hemodiálise, por exemplo, os fornecedores de 26 Hydro • Junho 2010 Especial sistemas e componente de osmose reversa se esforçam em aprimorar cada etapa do tratamento. É consenso entre as empresas do setor de que o pré-tratamento representa a fase mais crítica, ou seja, aquela que pode por tudo a perder se for mal executada. A vantagem de investir em um bom sistema de pré-tratamento está diretamente relacionada ao aumento da vida útil das membranas, que deixam de apresentar entupimentos prematuros e, consequentemente, de passar por limpezas químicas frequentes, sem perda de capacidade de absorção. “A obstrução dos poros não vai afetar a qualidade da água, mas vai forçar o funcionamento das bombas e, com o aumento da pressurização, a membrana acaba rompendo”, diz Peig, da Perenne. A recuperação fixada nos sistemas de osmose reversa fica em torno de 75% em média, justamente para evitar a saturação e incrustação de sais na superfície da membrana. Vale ressaltar que a cada ano de operação as membranas têm um declínio esperado de desempenho, que pode variar conforme o tipo de água de alimentação do sistema. Naqueles com circulação de água de reúso, Centroprojekt: água desmineralizada alimenta caldeiras por exemplo, a perda da da Rhodia, em Paulínia, SP capacidade de absorção chega a 10% ao ano. Em geral, as ultrafiltração no pré-tratamento. “O sisempresas garantem tempo médio de tema integrado de módulos de ultravida útil de dois anos para os sistemas filtração no pré-tratamento permite e membranas de osmose reversa. dobrar a vida útil das membranas de Como alternativa de elevar a vida osmose reversa”, observa Simionato, útil das membranas e também o deda Dow. A empresa possui oito plansempenho do sistema, a opção é partas em operação nesse padrão de fortir para o uso de módulos de micro e necimento no Estado de São Paulo, Hydro • Junho 2010 instaladas em indústrias de bebidas, produtos químicos e de açúcar e álcool. Assim, antes de entrar no sistema de osmose reversa, o afluente sai da ultrafiltração com índice de turbidez inferior a 0,2 NTU e SDI < 2. Além de aumentar a vida útil do equipamento de osmose reversa, o sistema de prétratamento com ultrafiltração é mais compacto e chega a ocupar menos de ¼ do espaço usado pelos sistemas convencionais de pré-tratamento, segundo Roberto Freire, diretor geral da Norit no Brasil, empresa de origem holandesa fabricante de membranas de ultrafiltração. “Por se tratar de uma barreira física, as membranas de ultrafiltração sempre vão bloquear a passagem de sólidos suspensos e garantir a mesma qualidade da água”, diz Freire. No começo deste ano, a empresa lançou um modelo mais robusto de membrana de ultrafiltração, indicado para lidar com águas com alto teor de sólidos e que reduz pela metade a quantidade de produtos químicos no sistema, de acordo com a Norit. Trata-se da AquaFlex, disponível com espessuras de 0,8 mm para concentrações de sólidos de até 100 mg/L, e de 1,5 mm para concentrações de até 200 mg/L. “A taxa de recuperação é elevada, ficando entre 90% e 98%, afirma Freire. A redução de custos dos sistemas de ultrafiltração é outro fator que tem tornado a tecnologia mais atraente. “Comparado com cinco anos atrás, o preço de um equipamento está hoje até 20 vezes menor”, observa o gerente da Gehaka. Precedidos dos tradicionais filtros de areia e carvão, que têm a importante função de reter cloro e matéria orgânica, e também do abrandador, 27 responsável pela redução de dureza, os sistemas de osmose reversa podem ser “turbinados” com tecnologias mais eficientes. Como opção à substituição do filtro de areia ou do tipo multicamadas, por exemplo, a Water Warehouse oferece o Nextsand (zeólito). Trata-se de um mineral à base de clinoliptolita com potencial de adsorver partículas de 5 a 3 µ, um desempenho bem superior aos filtros de areia (50 e 40 µ) e aos multicamadas (até 20 µ). O produto não remove metais pesados e tem vida útil de três anos em média. No combate à deposição química de partículas (scaling) nas membranas, a Indeco, empresa de consultoria e projetos de conservação de água e energia de Sorocaba, SP, dispõe da tecnologia Zeta Rod, que se baseia no uso de eletrodos cerâmicos 28 Hydro • Junho 2010 Especial Osmose reversa na Petrobras Nenhum elemento se faz mais presente em uma refinaria de petróleo do que a água. Ela responde pelo funcionamento de turbinas para o acionamento de máquinas e pelo aquecimento/resfriamento do processo produtivo. Além disso, o processamento de cada metro cúbico de petróleo consome cerca de igual volume de água. E justamente por assumir inúmeras funções, a água também deve ter características distintas para suprir as mais variadas aplicações. Na Petrobras, a reposição de água de alimentação de caldeiras para geração de vapor a partir do uso de água desmineralizada e polida vem se tornando tão importante quanto a água tratada (clarificada ou filtrada) empregada tradicionalmente na reposição das torres de resfriamento. Recentemente, algumas refinarias localizadas no Estado de São Paulo ampliaram sua capacidade de produção de água desmineralizada através de equipamentos de osmose reversa. Por exemplo, na Revap, em São José dos Campos, são dois trens em operação, cada um dimensionado para produzir até 75 m3/h. Em breve, mais quatro trens serão incorporados ao existente, cada um com capacidade de 100 m3/h, dando à refinaria autonomia de produção de quase 600 m3/h de água desmineralizada. “A finalidade principal do sistema é tratar água bruta e parte do efluente tratado para produzir água de alimentação de caldeiras”, explica Carlos Kayano, engenheiro químico e consultor da Revap. Também estão sendo implantados novos sistemas de desmineralização por osmose reversa na produção de água para geração de vapor de alta pressão na Recap (100 m3/h), em Mauá, e na Replan (220 m3/h), em Paulínia. Esta última já possui um equipamento de 170 m3/h. De acordo com João Pattaro, técnico de operação da Petrobras, outras duas unidades de osmose reversa estão sendo incorporadas na Replan, aumentando a capacidade total do sistema para 390 m3/h. Embora a produção de água desmineralizada a partir de membranas seja uma opção na Petrobras, há ressalvas quanto ao emprego da tecnologia. “Em condições normais, a osmose reversa só é em princípio considerada a opção mais recomendada tecnicamente para salinidades a partir de 300 mg/L. Em faixas inferiores, consideramos como melhor opção técnica as resinas de troca iônica”, observa Pedro Maciel, engenheiro químico e consultor na área de projetos de tratamento de águas em unidades operacionais on-shore. Segundo ele, as águas captadas frequentemente têm salinidade da ordem de 60 mg/L. “Nesse caso, a desmineralização por resinas parece a melhor escolha, inclusive em razão da menor recuperação (maior perda global de água) no caso de se usar a osmose reversa em níveis baixos de salinidade”, complementa José Scofield, também engenheiro químico e consultor da mesma equipe de Maciel. Atualmente, o grande nicho potencial de aplicação das membranas de osmose reversa encontra espaço na dessalinização em correntes de maior salinidade, como no reúso de efluentes finais salinos e purgas de torres de aplicados no pré-tratamento da osmose reversa e que podem ser aliados a um sistema de ultrafiltração. “O uso dos eletrodos reduz a frequência de limpeza das membranas do pré-tratamento e da osmose reversa, aumentando a sua vida útil”, diz Romeu Rovai Filho, consultor da área de conservação de água e energia. O motivo está no fato de os eletrodos atacarem um dos maiores vilões da eficiência de um sis- Refinaria Replan terá autonomia de 600 m³/h de água desmineralizada resfriamento. “No entanto, a opção de dessalinização de purgas com baixa carga orgânica parece ser mais viável para a osmose reversa do que a do efluente final salino, que sempre tem carga orgânica residual”, pondera Eduardo Torres, engenheiro químico e consultor de projetos de tratamento de efluentes de unidades on-shore. De acordo com Torres, sistemas de osmose reversa não são ainda considerados seguros pela Petrobras do ponto de vista operacional para a dessalinização de efluentes finais salinos devido à grande sensibilidade da osmose reversa a contaminações, sempre possíveis em efluentes. “Atualmente, nas refinarias as salinidades costumam ser da ordem de 1000 mg/L, e com os novos sistemas de segregação e a maior proporção de petróleos nacionais no refino, a salinidade dos efluentes finais deve subir para faixas de 2 mil a 5 mil mg/L”, diz Torres. Nesse caso, os engenheiros da Petrobras estimam que com o uso de equipamentos de osmose reversa, mesmo se superados os problemas de possíveis contaminações, a recuperação do sistema seria baixa (60% a 65%), tornando a opção menos atrativa. Uma outra alternativa para a dessalinização de efluente final salino, segundo os profissionais da Petrobras, seria o uso do EDR – eletrodiálise reversa, que na opinião deles mostra-se mais robusto, menos exigente em termos de pré-tratamento e que nas mesmas condições têm taxa de recuperação maior, em torno de 85%. “Nos principais projetos de reúso de efluentes finais salinos de refinarias, como os que estão sendo implantados na Repar (300 m3/h), no Paraná, e na Rnest (600 m3/h), em Pernambuco, a Petrobras adotou o EDR como equipamento de dessalinização”, conclui Scofield. tema de osmose reversa, a colmatação, seja ela provocada pelos sais inerentes ao processo ou pela combinação de sais e o desenvolvimento de biofilme. Recuperadores de energia: redução de custos torna sistemas mais atraentes São inúmeros os argumentos a favor dos sistemas de osmose re- versa, mas vale lembrar que apenas um pode colocar o fornecimento das membranas em xeque-mate: o alto consumo de energia necessário para vencer os elevados gradientes de pressão. Em sistemas de dessalinização de água do mar, por exemplo, as faixas típicas de pressão de operação variam de 55 a 70 bar. O preço do tratamento por metro cúbico, somados o capital e a operação do sistema, é 30 Hydro • Junho 2010 Especial da ordem de US$ 1,00, segundo levantamento da Dow. A boa notícia é que já existem sistemas complementares de reaproveitamento da energia residual dos equipamentos de osmose reversa, reduzindo em cerca de 20% o custo do equipamento. Um exemplo é a utilização das turbinas Pelton, que uma vez acopladas à saída do sistema, recuperam em cerca de 80% a pressão de saída do rejeito (repleto de sais com valência elétrica), realimentando a entrada do equipamento. “Na Califórnia, EUA, as turbinas fizeram o preço do metro cúbico de água tratada por osmose reversa cair para US$ 0,50”, diz Ilha, da Water Warehouse. “O consumo de energia foi reduzido de 6 para 4 kWh/m3 em média”, observa Hilsdorf, da Degrémont. “Cerca de 1% das plantas de osmose reversa no Brasil abastecidas com água de poço ou de rio têm turbinas instaladas, e elas representam em média apenas 5% do custo de aquisição de um sistema”, observa Peig, da Perenne. Uma das empresas que comercializam as turbinas no país é a Fluid Brasil. Fabricadas pela norte-americana Flowserve, elas são conhecidas por ERT – energy recovery turbine e transformam a energia de pressão do rejeito da osmose reversa em energia cinética. “As turbinas são parte integrante do sistema de alta pressão da osmose”, explica Faus, gerente comercial. Especificamente para plantas de dessalinização, a empresa norte-americana ERI desenvolveu um sistema de recuperação de energia baseado em trocadores de pressão. Como o seu nome indica, o funcionamento do trocador de pressão é baseado em uma transferência hidráulica da energia residual da corrente do rejeito para uma corrente de by-pass da alimentação, de modo que apenas uma parcela do afluente tenha de ser pressurizada pela bomba de alta pressão. De acordo com Hilsdorf, da Degrémont, esse dispositivo permitiu uma redução significativa do consumo de energia em uma planta de dessalinização projetada pela empresa francesa em Barcelona, Espanha, cuja capacidade é de 200 mil m3/dia. O consumo de energia do sistema chega a 2,9 kWh/m3 (inclui pré-tratamento e operação do equipamento do primeiro passo de osmose reversa). “Se fossem usadas turbinas Pelton, o consumo seria de 3,4 kWh/m3”, afirma. Osmose reversa em aterro É muito simples imaginar um sistema de osmose reversa instalado em uma indústria para fins de reúso, mas as possibilidades de aplicação estão avançando. No aterro de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, por exemplo, a Haztec-Aquamec, empresa de soluções ambientais para água e efluentes, de São Paulo, propôs um modelo de tratamento do chorume combinando um sistema biológico de MBR – biorreator com membrana e polimento com osmose reversa. O interessante neste projeto em particular é o fato de ter sido o rejeito do sistema, e não o permeado, o merecedor das atenções das equipes de engenharia. Isso porque estava previsto o reciclo do rejeito da osmose reversa ao início do sistema, sem tratamento, o que ocasionaria o aumento da salinidade, bem como um incremento na DQO não biodegradável. Consequentemente, seriam prejudicados tanto o sistema biológico quanto a Hydro • Junho 2010 vida útil das membranas. “Em razão da elevada taxa de contaminantes do rejeito, incluindo a alta concentração de sais dissolvidos e DQO recalcitrante, haveria limitações quanto ao uso das membranas de osmose reversa se nada fosse feito”, observa Rubens Francisco, superintendente de tecnologias da Haztec-Aquamec. Tanto que a empresa investiu R$ 2 milhões em pesquisas que levaram ao desenvolvimento de uma tecnologia própria de tratamento do rejeito, com base em método físico-químico através de precipitação com cal, seguido de um reator Fenton para controle da salinidade do sistema. Dessa forma, parte do rejeito é reintroduzida no sistema e parte é lançada em corpos hídricos próximos ao aterro. Em setembro de 2009, a empresa entrou com pedido de patente do processo junto ao Inpi – Instituto Nacional de Propriedade Industrial. A configuração da estação de tratamento de efluentes desenvolvida pela Haztec-Aquamec para o aterro de Nova Iguaçu, que tem capacidade instalada de processar 600 m3/dia de chorume, envolve tratamento inicial em um reator anóxico para desnitrificação, seguindo por tanques aeróbios para remoção de carga orgânica e nitrificação. O sistema de MBR, formado por oito módulos de membranas de ultrafiltração (70 L/m2.h), responde pela remoção do lodo biológico. Logo após, o efluente segue para os módulos em série (2 + 2 unidades) de membranas de osmose reversa, que fazem a remoção da DQO não biodegradável (taxa de filtração = 14 L/m2.h). São gerados diariamente cerca de 600 m3/d de per- meado. Parte desse volume alimenta os sistemas de irrigação do aterro e parte é utilizada no abatimento de particulados. No mercado brasileiro, a grande maioria dos sistemas de osmose reversa é usada como processo de desmineralização para reposição de água de alimentação de caldeiras (geração de vapor), que necessita estar isenta de sólidos dissolvidos. Empresas como a Petrobras e as usinas de açúcar e álcool, por exemplo, são casos emblemáticos, uma vez que a água é imprescindível para a continuidade de suas operações. Mas também aumenta o leque de possibilidades de utilização das membranas de osmose reversa, e nesse caso fica mais fácil imaginar o consumo despreocupado de água dessalinizada saindo das torneiras de residências e edifícios comerciais. ����� ������ �������������������� ������������������ ��������������� ��������� ����������������������������� ���������������������������������������������������������������������������������������� ����������������������������������������������������������������������������������� �������������������������������������������������������������������� ��������������������������������������������������������������������������������������� ����������������������������������������� 31 ��������������������������������� ��������������������������� ��������������������� ���������������������������� ����������������������