UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS CONVÊNIO PRH-ANP/MME/MCT NO 09/99 Concessão de Auxílio para Programa de Formação de Profissionais com Ênfase no Setor de Petróleo e Gás RELATÓRIO DE BOLSISTA MECPETRO - PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS EM ENGENHARIAS MECÂNICA E ENGENHARIA QUÍMICA COM ÊNFASE EM PETRÓLEO E GÁS MONOGRAFIA FINAL Relatório de Atividades DESSULFURIZAÇÃO DE FRAÇÕES DERIVADAS DO PETRÓLEO POR PROCESSO DE ADSORÇÃO Bolsista: Anderson Dagostin Pavei Orientador: Prof. Dr. Antônio Augusto Ulson de Souza Florianópolis, Agosto de 2003. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS LABMASSA – LABORATÓRIO DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA MONOGRAFIA FINAL Relatório de Atividades DESSULFURIZAÇÃO DE FRAÇÕES DERIVADAS DO PETRÓLEO POR PROCESSO DE ADSORÇÃO _____________________________________________ Bolsista: Anderson Dagostin Pavei _____________________________________________ Orientador: Prof. Dr. Antônio Augusto Ulson de Souza Florianópolis, Agosto de 2003. SUMÁRIO SIMBOLOGIA ...............................................................................................................V 1 – INTRODUÇÃO .........................................................................................................1 2 – DISCIPLINAS REFERENTES À ESPECIALIZAÇÃO.......................................3 2.1 – RELAÇÃO DE DISCIPLINAS CURSADAS ...................................................................3 2.2 – RELAÇÃO DE DISCIPLINAS EM CURSO ....................................................................3 2.3 – RELAÇÃO DE DISCIPLINAS A SEREM CURSADAS ....................................................4 3 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.........................................................................5 3.1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................5 3.1.1 – Características Gerais do Petróleo.................................................................5 3.1.1.1 – Composição Química .............................................................................5 3.1.1.1.1 - Composição de Hidrocarbonetos no Petróleo ..................................7 3.1.1.1.2 - Composição dos Não Hidrocarbonetos no Petróleo.........................8 3.1.2 - Princípios de Adsorção ................................................................................14 3.1.2.1 - Isotermas de Adsorção ..........................................................................16 3.1.2.1.1 - Isoterma de Henry ..........................................................................17 3.1.2.1.2 - Isoterma de Langmuir ....................................................................17 3.1.2.1.3 – Isoterma de Freundlich ..................................................................18 3.1.2.1.4 - Isoterma de Radke e Prausnitz .......................................................18 3.1.2.2 – Termodinâmica do Processo de Adsorção ...........................................19 3.2 – MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................19 3.2.1 – Adsorbatos e Adsorventes ...........................................................................19 3.2.2 – Solução Padrão ............................................................................................21 3.2.3 – Espectro de Absorção ..................................................................................21 3.2.4 – Influência do Tempo no Armazenamento das Soluções Estoques de THT e T...............................................................................................................................22 3.2.5 – Tempo de Equilíbrio....................................................................................22 3.2.6 – Isotermas de Adsorção ................................................................................22 3.3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................23 iii 3.3.1 – Espectros de Absorção do THT e T .............................................................23 3.3.2 – Influência do Tempo no Armazenamento das Soluções Estoques de THT e T...............................................................................................................................25 3.3.3 – Tempo de Equilíbrio....................................................................................26 3.3.4 – Isotermas de Adsorção ................................................................................27 3.3.5 – Parâmetros Termodinâmicos .......................................................................32 3.4 - CONCLUSÕES ........................................................................................................34 4 – PRÓXIMAS ATIVIDADES ...................................................................................35 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................36 6 – ANEXOS ..................................................................................................................38 6.1 – ATIVIDADES .........................................................................................................38 6.2 – CRONOGRAMA DE TRABALHO..............................................................................39 iv SIMBOLOGIA Símbolo a ABSTHT ABST Descrição Unidade = parâmetro na isoterma de Freundlich = absorbância da solução de tetrahidrotiofeno = absorbância da solução de tiofeno b = parâmetro na isoterma de Radke & Prausnitz C Ce = concentração de adsorbato = concentração de equilíbrio do adsorbato na fase fluida (mol l-1) Co = concentração inicial de adsorbato (mol l-1) CT = concentração de tiofeno (mol l-1) = concentração de tetrahidrotiofeno (mol l-1) H = constante de Henry (l g-1) K = constante de Langmuir (l mol-1) n = parâmetro na isoterma de Freundlich ma = massa de adsorvente (g) P = pressão de equilíbrio do adsorbato na fase gasosa (Pa) Ps = pressão do adsorbato para a formação da monocamada (Pa) qe = concentração de adsorbato na superfície do adsorvente (mol g-1) qo = concentração para a formação de uma monocamada na CTHT (mol l-1) (mol g-1) superfície do adsorvente R = constante dos gases (J mol-1 K-1) t = tempo (h) T = temperatura (K) V = volume de solução (l) = volume de adsorbato adsorvido (l) Vads Letras Gregas ?Gº = energia livre de Gibbs (J mol-1) ?Hº = variação de entalpia padrão (J mol-1) v ?Sº ? = variação de entropia padrão (J mol-1 K-1) = comprimento de onda (nm) vi INTRODUÇÃO 1 – INTRODUÇÃO O petróleo representa um importante combustível fóssil, sendo talvez, a substância mais consumida pela sociedade moderna. A palavra petróleo, derivada do Latin petra + oleum, significa literalmente óleo de pedra, e se refere a hidrocarbonetos que ocorrem nas rochas sedimentares, na forma de gases, líquidos, semi-sólidos ou sólidos. Quimicamente o petróleo pode ser definido como uma mistura extremamente complexa de compostos hidrocarbonetos, dos quais a composição e as propriedades físico-químicas, variam continuamente de estruturas parafinicas simples, a moléculas de grande número de átomos de carbono, heteroátomos e metais, sendo subdivididos em quatro famílias principais: hidrocarbonetos alifáticos, cíclicos, aromáticos, e moléculas contendo os heteroátomos de enxofre, nitrogênio e oxigênio em suas estruturas. A presença de compostos orgânicos de enxofre, nitrogênio e/ou oxigênio no petróleo, assim como nas frações derivadas do mesmo, é altamente indesejável. Porém dentre estes os compostos de enxofre são os mais importantes devido aos mais diversos problemas causados, dentre os quais: corrosão de equipamentos e desativação de catalisadores nas refinarias, diminuição da performance da gasolina nos motores de combustão interna, danos ambientais decorrentes da combustão desses compostos. A combustão de compostos orgânicos de enxofre produz dióxido de enxofre (SO2), um dos principais poluente atmosférico e responsável pelas chuvas ácidas. Em virtude dos problemas ambientais oriundos da combustão dos compostos orgânicos de enxofre, órgãos ambientais, nos principais países exploradores de petróleo do mundo, entre eles o Brasil, têm especificado limites permissíveis continuamente decrescentes ao longo das últimas décadas, com restrições ainda mais severas para os próximos 10 anos. A ocorrência natural de enxofre no petróleo é inversamente proporcional à sua densidade. Conseqüentemente, associada à diminuição das reservas mundiais de petróleo leve, serão exigidos continuamente processos de dessulfurização, cada vez mais eficientes, a fim de se adequar à matéria-prima contendo percentuais de enxofre 1 INTRODUÇÃO crescentes, e especificações ambientais com limites de enxofre permissíveis, nos derivados do petróleo, decrescentes. Em virtude destes fatos, novas tecnologias têm sido desenvolvidas no sentido de adequação às normas nas refinarias. As tecnologias disponíveis atualmente empregam processos de hidrotratamento (hidrodessulfurização). Nestes processos, os compostos orgânicos de enxofre são convertidos, através de reações de hidrogenação catalítica, em sulfeto de hidrogênio (H2S) e no respectivo hidrocarboneto. Entretanto, os processos de hidrodessulfurização apresentam inconvenientes, dentre os quais: alto consumo de hidrogênio; condições de temperatura e pressão elevadas; baixa eficiência à hidrogenação dos compostos refratários, tais como, dibenzotiofeno e seus derivados; redução do número de octanagem, devido à saturação de olefinas. Neste contexto, o presente projeto tem como objetivo, o estudo do processo adsortivo de compostos orgânicos de enxofre, constituintes do petróleo, e conseqüentemente das frações derivadas do mesmo, tais como a gasolina e o diesel. A análise da eficiência do processo de remoção dos compostos orgânicos de enxofre, dados referentes ao equilíbrio de adsorção, assim como as características físicoquímicas dos adsorventes, constituem importantes parâmetros a serem determinados. 2 DISCIPLINAS REFERENTES À ESPECIALIZAÇÃO 2 – DISCIPLINAS REFERENTES À ESPECIALIZAÇÃO A relação das disciplinas referentes à especialização na área de petróleo e gás, em conjunto com a situação atual e conceitos são apresentadas abaixo: 2.1 – RELAÇÃO DE DISCIPLINAS CURSADAS Primeiro semestre de 2001: EQA 5318 – Introdução aos Processos Químicos – Conceito: 10,0 QMC 5313 – Química Analítica I – Conceito: 10,0 Segundo semestre de 2001: EQA 5341 – Termodinâmica para Engenharia Química I – Conceito: 9,0 EQA 5415 – Fenômenos de Transferência I – Conceito: 10,0 EQA 5201 – Materiais e Corrosão – Conceito: 9,0 Primeiro semestre de 2002: EQA 5342 – Termodinâmica para Engenharia Química II – Conceito: 8,5 EQA 5416 – Fenômenos de Transferência II – Conceito – 8,5 Segundo semestre de 2002: EQA 5331 – Operações Unitárias de Transferência de Calor I – Conceito: 10,0 EQA 5417 – Fenômenos de Transferência III – Conceito: 10,0 EMC 6201 – TEECT Seminários sobre a Indústria do Petróleo e Gás – Conceito: A 2.2 – RELAÇÃO DE DISCIPLINAS EM CURSO Primeiro semestre de 2003: EQA 5531 – Laboratório de Fenômenos de Transferência e Operações Unitárias I 3 DISCIPLINAS REFERENTES À ESPECIALIZAÇÃO EQA 5506 – Projetos I EQA 5237 – Petroquímica EQA 5333 – Operações Unitárias de Transferência de Calor e Massa 2.3 – RELAÇÃO DE DISCIPLINAS A SEREM CURSADAS Segundo semestre de 2003: EQA 5413 - Catálise Heterogênea EQA 5309 – Engenharia Ambiental 4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 3 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Serão apresentados neste capítulo os desenvolvimentos parciais do projeto, envolvendo os seguintes tópicos: 3.1 – Revisão Bibliográfica 3.2 – Material e Métodos 3.3 – Resultados e Discussão 3.4 - Conclusões 3.1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1.1 – Características Gerais do Petróleo 3.1.1.1 – Composição Química O petróleo pode ser designado como uma mistura extremamente complexa dos quais a composição química e as propriedades físicas variam não somente com a localização geográfica e tempo de formação, mas também com a profundidade individual dos poços. Portanto podem ocorrer casos em que dois poços de exploração adjacentes apresentem características bastante diferenciadas. Segundo Speight (1998), o petróleo representa uma mistura complexa de hidrocarbonetos, associados a um menor percentual de compostos orgânicos, contendo enxofre, oxigênio e nitrogênio, assim como compostos contendo constituintes metálicos, particularmente vanádio, níquel, ferro e cobre. Os hidrocarbonetos constituintes do petróleo podem ser classificados em quatro famílias distintas: hidrocarbonetos alifáticos, cíclicos, aromáticos e moléculas contendo os átomos de enxofre, nitrogênio ou oxigênio na sua estrutura (Alves et al., 1999). Na Tabela 3.1.1 são apresentados 5 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS exemplos de compostos constituintes das diferentes famílias de compostos presentes no petróleo. Tabela 3.1.1 - Classificação das famílias de compostos orgânicos presentes no petróleo e exemplificação. Classificação Nome n-Hexadecano ALIFÁTICOS 2-metiltetradecano Fórmula estrutural H3C H3C (CH2)14 (CH2)11 CH3 CH (CH3)2 CH3 metilciclopentano CÍCLICOS Ciclohexano CH3 Tolueno AROMÁTICOS Fenantreno Piridina N “NSO” * Dibenzotiofeno S * Hidrocarbonetos que têm na sua estrutura o heteroátomo de enxofre, nitrogênio ou oxigênio. A composição elementar do petróleo pode ser definida entre os limites mínimos e máximos apresentados na Tabela 3.1.2. 6 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Tabela 3.1.2 - Variação percentual da composição elementar de petróleo, de acordo com Speight, (1998). Elemento químico Faixa percentual (%) Carbono 83 – 87 Hidrogênio 10 – 14 Nitrogênio 0,1 – 2,0 Oxigênio 0,05 – 1,5 Enxofre 0,05 – 6,0 Metais (Ni, V, Fe, Cu) < 1000 ppm A presença de compostos orgânicos de enxofre, nitrogênio e oxigênio são indesejados, pois tornam a composição do petróleo ainda mais complexa, proporcionando dificuldades adicionais no processamento nas refinarias. A concentração dos compostos ditos não hidrocarbonetos poderá ser baixa em determinadas frações obtidas do processamento, mas tendem a ser significativas nas frações de maior ponto de ebulição, havendo a necessidade de processamentos adicionais para a remoção dos mesmos. A presença de não hidrocarbonetos influencia nas características físico-químicas do produto final, dentre as quais pode se destacar a diminuição da estabilidade e/ou descoloração do combustível durante a estocagem. Por outro lado, a presença desses compostos pode causar envenenamento de catalisadores, assim como a corrosão de equipamentos, nas etapas subseqüentes do refino. 3.1.1.1.1 - Composição de Hidrocarbonetos no Petróleo Os hidrocarbonetos constituintes do petróleo apresentam variações tanto no que se refere ao número de átomos, quanto na disposição dos átomos de carbono formadores das respectivas moléculas. É conveniente dividir os hidrocarbonetos constituintes do petróleo em três diferentes classes: 7 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 1) Parafinas: Compreende o grupo dos hidrocarbonetos saturados, com cadeia normal ou ramificada, sem a presença de qualquer anel em sua estrutura. 2) Naftenos: Compreendem os hidrocarbonetos saturados contendo um ou mais anéis, sendo que cada um deste pode estar ligado a uma ou mais estruturas parafínicas. 3) Aromáticos: Compreendem os hidrocarbonetos contendo um ou mais anéis aromáticos, tais como anéis de benzeno e naftaleno, os quais podem estar ligados a uma ou mais estruturas parafínicas. Na Figura 3.1.1 é apresentada a composição percentual de hidrocarbonetos em função da temperatura de ebulição. 100 Composição mássica (%) 90 Poliaromáticos 80 Aromáticos 70 60 Parafinas Monocíclicas (Naftenos) 50 40 Parafinas policíclicas (Naftenos) 30 20 Parafinas normais e ramificadas 10 0 0 100 200 300 400 500 Temperatura (ºC) A Figura 3.1.1 - Distribuição percentual de hidrocarbonetos em função da temperatura de ebulição da fração derivada do petróleo (Speight, 1998). 3.1.1.1.2 - Composição dos Não Hidrocarbonetos no Petróleo O petróleo contém uma pequena, porém importante classe de compostos não hidrocarbonetos, constituída principalmente pelos compostos orgânicos de enxofre, nitrogênio e oxigênio, e em menor quantidade pelos compostos organometálicos. Estes compostos estão presentes em todas as frações derivadas do petróleo, porém apresentam-se em maior quantidade nas frações pesadas e nos resíduos não voláteis. 8 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 3.1.1.1.2.1 - Compostos de Enxofre O petróleo bruto convencional contém entre 0,04 a 5,0 % (m/m) de enxofre, e em termos gerais, petróleos de densidades mais elevadas possuem teores superiores (Kropp et al., 1997; Alves, et al., 1999). De acordo com estudo realizado por Ma et al. (1994), um total de mais de 60 tipos de compostos de enxofre foram encontrados em amostras de petróleo convencional. Na Tabela 3.1.3 são apresentados os principais compostos orgânicos de enxofre encontrados no petróleo. Tabela 3.1.3 - Representação dos principais compostos orgânicos de enxofre constituintes do petróleo (Ma et al., 1994; Speight, 1998; Rozanska, 2002). Exemplificação Classificação Fórmula estrutural Composto orgânico de enxofre Tióis (mercaptanas) RSH Propanotiol RSR' Sulfeto de metila e etila (EMS) Sulfetos Sulfetos cíclicos Estrutura molecular Tetrahidrotiofeno (THT) S Dissulfetos RSSR' Tiofeno S Dissulfeto de dietila (DEDS) Tiofeno (T) 9 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Exemplificação Classificação Fórmula estrutural Benzotiofeno S Composto orgânico de enxofre Estrutura molecular Benzotiofeno (BT) Dibenzotiofeno (DBT) Dibenzotiofeno S Naftobenzotiofeno S Naftobenzotiofeno (NBT) Problemas Causados pelos Compostos de Enxofre A presença de compostos orgânicos de enxofre no petróleo e posteriormente nos combustíveis é altamente indesejada, devido aos mais diversos problemas causados, dentre os quais podem ser citados: 1) Refinarias: aumento da taxa de corrosão de equipamentos e tubulações; envenenamento de catalisadores empregados no tratamento catalítico. 2) Motores de combustão interna: promovem a corrosão de peças metálicas constituintes do motor; diminuem a resistência dos óleos lubrificantes à oxidação, quando presentes em concentrações relativamente altas; aumentam a deposição de sólidos nas partes internas dos motores (Riazi et al., 1999). 10 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 3) Meio Ambiente: a combustão desses compostos liberta dióxido de enxofre (SO2), um dos principais poluente atmosférico e responsável pelas chuvas ácidas (Denone et al., 1993; Alves et al., 1999). O dióxido de enxofre, juntamente com o trióxido de enxofre (SO3), reagem com o vapor d’água presente na atmosfera, gerando os ácidos sulfuroso e sulfúrico respectivamente. Estes são precipitados junto à água das chuvas, causando a acidificação dos solos, a corrosão em superfícies metálicas, entre outras conseqüências. 4) Homem: o dióxido de enxofre, produzido na combustão desses compostos, torna-se nocivo ao homem, quando em concentrações superiores a 100 ppm, provocando irritações nas mucosas (Schimidt et al., 1973), sendo letal, para concentrações na ordem de 400-500 ppm, já que provoca a dilatação das membranas mucosas e espasmos dos músculos dos brônquios (Alves, et al., 1999). Restrições aos Compostos de Enxofre A regulamentação imposta por órgãos ambientais, no sentido de reduzir os teores atuais de enxofre nos combustíveis, é uma realidade observada na maioria dos países exploradores de petróleo. As especificações impostas variam de país para país de acordo com a legislação ambiental corrente. Na Tabela 3.1.4 são apresentadas as especificações dos teores máximos de enxofre permissíveis, ao longo do tempo, para diferentes países. Tabela 3.1.4 - Especificações dos teores de enxofre na gasolina e diesel (Ma et al., 2001; Castellanos et al., 2002). Região Especificação Estados Unidos União Européia Brasil 1994 2006 2000 2005 2005 2009 Gasolina (ppm) 300 30 200 30 400 80 Diesel (ppm) 500 15 350 50 500 50 11 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Remoção dos Compostos de Enxofre A remoção dos compostos orgânicos de enxofre dos produtos do petróleo é realizada, na maioria das refinarias, por processos de extração e hidrotratamento, sendo este último o mais empregado (Speight, 1998). As diversas razões pelas quais se efetuam os processos de remoção dos compostos de enxofre podem ser sintetizadas, entre as mais relevantes: 1) Redução da corrosão durante o refino, ou no uso dos derivados; 2) Produtos com odor aceitável de acordo com as especificações; 3) Redução da quantidade de fumos liberada, principalmente pelo querosene; 4) Aumento da performance e estabilidade da gasolina; 5) Redução dos danos ambientais, causado pela combustão desses. Hidrodessulfurização O processo de hidrotratamento, conhecido como hidrodessulfurização, consiste na ruptura da ligação C S, com conseqüentemente formação de sulfeto de hidrogênio (H2S) e o hidrocarboneto correspondente (Castellanos et al., 2002; Stuntz e Plantenga, 2002). Na Equação 3.1.1 são apresentados exemplos da reação de hidrodessulfurização. R A SH + H2 Tiol R S R' + 2 H2 Sulfeto R S S R' + 3 H2 Dissulfeto S Tiofeno + 4H2 RH + H2S (a) (b) RH + R'H + H2S (c) RH + RH' + 2 H2S H3C (CH2)2 CH3 + (CH3)3 n-butano CH + H2S (d) isobutano Equação 3.1.1 - Reações de hidrodessulfurização, (a) tiol (mercaptana), (b) sulfeto, (c) dissulfeto e (d) tiofeno. 12 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Compostos orgânicos de enxofre tais como tióis, sulfetos, dissulfetos, tiofenos e dibenzotiofeno (DBT), são facilmente dessulfurizados utilizando os catalisadores clássicos Mo-Co e Ni-Co (Landau, 1997; Rozanska et al., 2002). Contudo, devido a baixa reatividade dos alquildibezotiofenos, substituídos nas posições 4 e/ou 6 o processo de hidrodessulfurização inviabiliza a obtenção de combustíveis com percentuais de enxofre adequado às especificações impostas (Castellanos et al., 2002; Rozanska et al., 2002). Na Equação 3.1.2 são apresentados os possíveis mecanismos de hidrodessulfurização do 4,6-dimetildibenzotiofeno. A posição ocupada pelo grupamento alquila no anel benzênico, é de fundamental importância na reatividade da molécula de DBT. Quando substituído, em uma ou mais das posições 1, 2, 3, 7, 8 e 9, há um aumento na reatividade da molécula de DBT. Em contra partida quando presente nas posições 4 e/ou 6, o grupamento alquila inibe a reação de hidrodessulfurização (Castellanos et al., 2002). A presença do grupamento alquila nessas posições, diminui o contato do átomo de enxofre tiofênico com os sítios ativos do catalisador do processo de HDS (Rozanska et al., 2002). Na reação de hidrogenação, um dos anéis benzênicos é hidrogenado. Na hidrogenação do 4,6-DMDBT, os átomos de carbono dos grupamentos metílicos e o anel tiofênico, não pertencem ao mesmo plano desta forma o átomo de enxofre apresenta-se em uma conformação desfavorável, inibindo a reação. 9 1 8 2 3 4 S H3C 7 6 CH3 H3C CH3 CH3 H3C CH3 S H3C Equação 3.1.2 - Mecanismos de reação de hidrodessulfurização do 4,6-DMDBT. 13 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Na Tabela 3.1.5 são apresentadas as reatividades relativas, de alguns derivados do DBT, para a reação de HDS em Co-Mo/Al2O3, a 320 ºC (Froment et al., 1997; Castellanos et al., 2002). Tabela 3.1.5 - Reatividades relativas de derivados do BDT. 1,000 Composto Orgânico de Enxofre 2,3-DMDBT 1-MDBT 1,778 4-PDBT 0,288 4-MDBT 0,199 4,6-EMDBT 0,110 4,6-DMDBT 0,077 1,4,6-TMDBT 0,171 2,4-DMDBT 0,325 3,4,6-TMDBT 0,445 Composto Orgânico de Enxofre DBT Reatividade Relativa Reatividade Relativa 2,402 3.1.2 - Princípios de Adsorção O processo de adsorção consiste essencialmente em um fenômeno interfacial, no qual as moléculas da fase fluida são atraídas para a superfície do adsorvente. Este fenômeno é decorrente de dois tipos de forças de interação: forças de dispersão-repulsão (também chamadas de forças de London ou de van der Walls), e forças eletrostáticas. As forças de dispersão-repulsão, descritas pelo potencial de Lennard Jones, são específicas para cada sistema (Ruthven, 1984), e características por iterações moleculares. As forças eletrostáticas são decorrentes de polarizações, dipolos e quadrupolos existentes nas moléculas do adsorbato ou em grupos superficiais do adsorvente. Nos fenômenos adsortivos as forças de dispersão-repulsão são sempre observadas, sendo as forças eletrostáticas particulares de sistemas nos quais o adsorbato ou adsorvente envolvidos possua em sua estrutura grupamentos iônicos. Para os casos em que a superfície do adsorvente seja polar, ter-se-á como resultado um campo elétrico, que irá induzir a formação de um dipolo permanente na molécula do adsorbato, resultando em um aumento do grau de adsorção. Similarmente, uma molécula de adsorbato que apresente momento dipolo permanente, irá efetuar a polarização da 14 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS superfície não polar do adsorvente, aumentando desta forma a atração adsorventeadsorbato. Como conseqüência das diferentes forças de interações possíveis no fenômeno de adsorção, este é comumente distinguido em adsorção física (fisissorção) ou adsorção química (quimissorção) (Treybal, 1980). Ambos os processos são exotérmicos, sendo os calores de adsorção envolvidos, um dos parâmetros utilizados na distinção da adsorção física ou quimissorção. Na adsorção física o adsorbato interage com a superfície do adsorvente mediante forças intermoleculares relativamente fracas. Ao contrario, na quimissorção, as forças de interação adsorbato-adsorvente são relativamente superiores, quando comparadas às observadas na adsorção física. Na quimissorção há a formação de uma ligação química entre a molécula de adsorbato e a superfície do adsorvente, o que direciona o fenômeno na constituição de uma monocamada de moléculas adsorvidas. As principais diferenças evidenciadas por Ruthven (1984), que distinguem a adsorção física da quimissorção são apresentadas na Tabela 3.1.6. Tabela 3.1.6 - Principais diferenças associadas à adsorção física e quimissorção. Parâmetros característicos do fenômeno de adsorção Tipo de adsorção Adsorção Física Calor de adsorção (kcal mol-1) Especificidade 1-15 Não específico Monocamada Camadas de adsorção ou multicamada Significante apenas em Temperatura de processo baixas temperaturas Não há Dissociação do adsorbato dissociação Não há Transferência de elétrons transferências de elétrons Quimissorção 10 - 100 Altamente específico Somente monocamada Possível em uma ampla faixa de temperatura Pode envolver dissociação Sempre há transferência de elétrons Reversibilidade Reversível Irreversível Velocidade de adsorção Rápida, não ativada Rápida ou lenta, podendo ser ativada 15 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 3.1.2.1 - Isotermas de Adsorção Diversos modelos matemáticos têm sido propostos para avaliar a relação de equilíbrio entre a concentração de adsorbato na superfície do adsorvente e a pressão parcial ou concentração na fase fluida. A maioria destes modelos são empíricos, derivados da observação de dados experimentais. As isotermas relativas ao fenômeno de adsorção física foram divididas por Brunauer et al. (1940) em cinco diferentes tipos, como pode ser observado na Figura Vads 3.1.2. P /Ps Figura 3.1.2 - Classificação dos diferentes tipos de isoterma de adsorção segundo Brunauer et al. (1940). A representação do tipo I é característica para sistemas onde se emprega adsorventes microporosos, sendo o diâmetro do poro de mesma ordem de grandeza que o diâmetro da molécula de adsorbato. Como conseqüência, há formação de uma única camada de moléculas adsorvidas sobre a superfície do adsorvente. As representações do tipo II e III, segundo Ruthven (1984) são observadas geralmente em adsorventes nos quais existe uma extensa variação nos diâmetros dos poros. As inflexões observadas nestas isotermas de adsorção caracterizam a progressão da adsorção de monocamada para multicamada e por fim a condensação capilar. Sistemas ativos na formação de duas camadas distintas, uma sobre a superfície plana e outra sobre a parede do poro, são caracterizados pela isoterma do tipo IV. E por fim, para sistemas onde as interações das moléculas de adsorbato forem intensas, tem-se a isoterma de adsorção característica do tipo V. 16 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 3.1.2.1.1 - Isoterma de Henry O modelo mais simples para avaliar o equilíbrio de adsorção, entre a concentração de adsorbato na superfície do adsorvente e a pressão parcial ou concentração de adsorbato na fase fluida é baseado na lei de Henry. A isoterma de Henry, representada pela Equação 3.1.3, é válida para sistemas de baixa concentração de moléculas de adsorbato, sendo as interações existentes entre as mesmas desprezíveis, não havendo competição pelos sítios de adsorção: qe = HC e (3.1.3) onde H representa a constante de Henry, qe a concentração de adsorbato na superfície do adsorvente e Ce a concentração de equilíbrio do adsorbato na fase fluida. 3.1.2.1.2 - Isoterma de Langmuir O modelo proposto por Langmuir (1918) assume adsorção em monocamada sobre a superfície do adsorvente, tendo como considerações: 1) Todas as moléculas são adsorvidas sobre um número fixo e bem definido de sítios; 2) Cada sítio pode ser ocupado por apenas uma molécula; 3) A energia de adsorção é equivalente para todos os sítios; 4) Quando uma molécula encontra-se adsorvida, não há interações desta com as moléculas adsorvidas em sítios vizinhos. Para relacionar o equilíbrio de adsorção, Langmuir obteve, com base em suas considerações, a Equação 3.1.4: qe = q o KC e 1 + KC e (3.1.4) 17 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS onde Ce representa a concentração de equilíbrio do adsorbato na fase fluida, qe a concentração na superfície do adsorvente, qo a concentração de adsorbato na superfície do adsorvente requerida para a formação de uma monocamada e K representa a constante de Langmuir. 3.1.2.1.3 – Isoterma de Freundlich O modelo empírico proposto por Freundlich (1962), para avaliar as condições de equilíbrio, apresenta melhor correlação com os resultados experimentais, que o modelo proposto por Langmuir, para diversas combinações de adsorbato-adsorvente. A expressão proposta por Freundlich, para avaliar as condições de equilíbrio é representada pela Equação 3.1.5: q e = aC en (3.1.5) onde a e n são constantes características para cada sistema. 3.1.2.1.4 - Isoterma de Radke e Prausnitz A relação empírica proposta por Radke e Prausnitz (1972) foi baseada no modelo de Langmuir. O modelo apresenta a introdução de um parâmetro a mais na isoterma de Langmuir, como representado na Equação 3.1.6. qe = qo KC e 1 + KC eb (3.1.6) Para condições de baixa concentração, a isoterma se reduz a Equação 3.1.3, representando a isoterma de Henry. Para faixa de altas concentrações a isoterma é equivalente ao modelo de Freundlich, descrito pela Equação 3.1.5, e para o caso específico em que b = 1, o modelo é equivalente à isoterma de Langmuir (Equação 3.1.4). 18 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 3.1.2.2 – Termodinâmica do Processo de Adsorção A constante de equilíbrio em um processo de adsorção pode ser correlacionada com a entalpia padrão de adsorção através da relação de Gibbs-Helmholtz, descrita pela Equação 3.1.7: ∂ ln K ∆H o =− ∂ (1 T ) R (3.1.7) onde R e T representam a constante dos gases e a temperatura absoluta respectivamente. A energia livre de Gibbs, a qual indica a espontaneidade de um processo, pode ser determinada para um processo de adsorção, a partir da Equação 3.1.8. ∆G o = − RT ln K (3.1.8) Por fim a entropia padrão pode ser determina a partir da Equação 3.1.9, a qual representa a primeira lei da termodinâmica. ∆G o = ∆H o − T∆S o (3.1.9) O cálculo dos parâmetros termodinâmicos em um processo de adsorção é de fundamental importância, principalmente no que se refere a uma prenuncia da distinção dos processos de adsorção física e ou quimissorção. 3.2 – MATERIAL E MÉTODOS 3.2.1 – Adsorbatos e Adsorventes Os adsorbatos utilizados nos ensaios de adsorção em batelada foram os compostos orgânicos de enxofre tetrahidrotiofeno (THT, Aldrich 98 %) e tiofeno (T, 19 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Aldrich, 99 %). Nas Tabelas 3.2.1 e 3.2.2 são apresentadas respectivamente, às representações moleculares e as propriedades físicas destes compostos. Tabela 3.2.1 – Representações moleculares do compostos THT e T. Fórmula molecular Fórmula estrutural C4H8S Representação tridimensional S C4H4S S Tabela 3.2.2 - Propriedades físicas dos compostos THT e T. Propriedade física Unidade THT T Massa molar (g mol-1) 88,17 84,14 Ponto de Fusão (ºC) -96 -38,2 Ponto de Ebulição (ºC) 119 84,4 Massa Específica (g cm-3) 1,00 1,051 Pressão de Vapor (25 (kPa) 2,4 40 ºC) Os adsorventes utilizados para nos ensaios foram carvão ativado pulverizado Sorbius – LN (FBC, Contenda, PR), e sílica gel (Aldrich). As propriedades físicas destes adsorventes são apresentadas na Tabela 3.2.3. 20 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Tabela 3.2.3 – Propriedades físicas dos adsorventes carvão ativado e sílica gel. Propriedades Unidade Carvão ativo Sorbius - LN Sílica gel Área específica (m2 g-1) 1013 500 Densidade aparente (g cm-3) 0,32 --- Diâmetro de Partícula (micra) 44 25 3.2.2 – Solução Padrão As soluções padrões de THT e T foram preparadas a partir da diluição de alíquotas dos reagentes de grau analítico contendo 98 % e 99 % de pureza respectivamente em iso-octano (Vetec, 99,5 %), utilizando-se uma micropipeta Jencons Sealpette. As soluções padrões foram então conservadas separadamente, em frascos de polietileno. A partir das soluções padrões de THT e T, foram preparadas quinzenalmente soluções estoques, a partir das quais foram realizadas todas as diluições necessárias para a realização dos experimentos. 3.2.3 – Espectro de Absorção A determinação do espectro de absorção, e conseqüentemente do comprimento de onda de máxima absorção dos adsorbatos, foi realizada utilizando-se um espectrofotômetro UV/Visível da marca Shimadzu modelo UV Mini 1240. A partir das soluções estoques de THT e T foram preparadas cinco soluções de análise com concentrações diferentes para cada adsorbato, sendo realizada a leitura de cada solução entre os comprimentos de onda 300 a 190 nm, utilizando-se iso-octano como branco. Mediante a linearização dos resultados experimentais de absorbância em função da concentração dos adsorbatos, foram determinadas as expressões que relacionam estas variáveis, para determinada temperatura. 21 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 3.2.4 – Influência do Tempo no Armazenamento das Soluções Estoques de THT e T A influência do tempo, no armazenamento das soluções estoques de THT e T foi avaliada mediante medidas diárias da absorção destas soluções durante um período de quinze dias, avaliando desta forma, a estabilidade do adsorbatos THT e T, quando dissolvidos em iso-octano. 3.2.5 – Tempo de Equilíbrio Os tempos de equilíbrio de adsorção do THT e T, em carvão ativo e sílica gel, foram determinados em experimentos de adsorção em batelada. Os ensaios foram realizados mediante a transferência quantitativa de amostras mássicas equivalentes de adsorvente, pesadas em uma balança analítica Mettler Toledo, modelo AB 204-S, com precisão de 0,1 mg, para dois frascos de vidro de capacidade de 30 ml. A um dos frascos foi adicionado volumetricamente uma alíquota de iso-octano, sendo este utilizado como branco. Ao outro frasco foi adicionado o mesmo volume, porém de uma solução contendo o adsorbato, de concentração pré-determinada. Os frascos foram devidamente fechados e transferidos para um agitador banho maria Dubnoff modelo 304 , e a temperatura ajustada. Utilizando-se uma micropipeta, foram amostradas alíquotas ao longo do tempo, avaliando o perfil de concentração do adsorbato em função do tempo, para diferentes adsorventes e temperaturas. A partir destes dados foram determinados os tempos de equilíbrio de adsorção, nos quais a transferência de massa da fase fluída para a superfície do adsorvente é nula, caracterizando o equilíbrio químico. 3.2.6 – Isotermas de Adsorção O fenômeno de adsorção, como apresentado, pode ser classificado em adsorção física ou química, sendo ambos os processos exotérmicos, apresentando significativa 22 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS influência às variações de temperatura. Com base neste aspecto a temperatura do agitador banho maria foi mantida constante ao longo dos experimentos. Amostras contendo diferentes concentrações pré-determinadas de adsorbato foram transferidas volumetricamente para os frascos de adsorção, contendo massas constantes de adsorvente. Depois de atingido o equilíbrio, alíquotas de cada frasco foram amostradas e quantificadas mediante a leitura da absorbância no comprimento de onda de máximo absorção específico de cada adsorbato. Finalmente, a concentração de soluto adsorvido sobre a superfície do adsorvente foi determinada utilizando o balanço de massa de adsorbato, representado pela Equação 3.2.1: qe = ( C o − C eq ) V ma (3.2.1) onde Co e Ceq representam respectivamente, a concentração de adsorbato inicial e de equilíbrio; V se refere ao volume da solução e ma representa a massa de adsorvente. Os dados experimentais da variação da concentração de adsorbato adsorvido na superfície do adsorvente em função da concentração de equilíbrio na fase fluída foram ajustados aos modelos de Langmuir, Freundlich e Radke & Prausnitz, sendo os fatores de correlação de cada modelo avaliados. 3.3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.3.1 – Espectros de Absorção do THT e T A variação da intensidade de absorção na região ultravioleta, para os adsorbatos THT e T dissolvido em iso-octano, é apresentada na Figura 3.3.1. A partir da análise dos espectros de absorção, obteve-se o comprimento de onda de máxima absorção para o THT em sendo 201 nm e para o T em sendo 230 nm. 23 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 1,2 0,8 -1 -1 Absorbância 0,6 0,4 CT x 2,527E4 (mol l ) 1 2 3 4 5 1,0 0,8 Absorbância CTHT x 2,25E4 (mol l ) 1 2 4 6 8 0,6 0,4 0,2 0,2 0,0 190 0,0 200 (a) 210 220 λ (nm) 230 240 250 200 220 240 260 280 300 λ (nm) (b) Figura 3.3.1 – Espectro de absorção do (a) THT e (b) T dissolvido em iso-octano para diferentes concentrações de adsorbato. Os valores obtidos para absorbância dos adsorbatos THT e T, em função da concentração, são apresentados na Tabela 3.3.1. Como pode ser observado na Figura 3.3.2, a absorbância do THT e T, nos seus respectivos comprimentos de onda de máxima absorção de 201 nm e 230 nm, apresenta-se de forma linear com a concentração. Tabela 3.3.1 – Resultados observados para a absorção do THT e do T em função de suas respectivas concentrações. CTHT x 104 Absorbância CT x 104 Absorbância (mol l-1) (201 nm) (mol l-1) (230 nm) 0,4446 0,109 0,3957 0,231 0,8892 0,198 0,7915 0,446 1,778 0,378 1,187 0,652 2,668 0,572 1,583 0,916 3,557 0,737 1,978 1,125 24 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 1,2 1,0 Absorbância 0,8 0,6 0,4 Adsorbato THT T 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 4 2,5 3,0 3,5 4,0 -1 C x 10 (mol l ) a Figura 3.3.2 – Curvas de calibração para o adsorbatos THT e T. A relação entre a absorbância do adsorbatos em função de sua concentração pode ser representada pela equação de uma reta, obtida através da linearização dos resultados observados, sendo expressa pelas Equações 3.3.1 e 3.3.2 para os adsorbatos de THT e T respectivamente. ABS THT = 2045 CTHT R 2 = 0,9972 ABS T = 5690 CT R 2 = 0,9992 (3.3.1) (3.3.2) onde ABSTHT e CTHT representam a absorbância e a concentração da solução de THT respectivamente, e ABST e CT representam a absorbância e a concentração da solução de T respectivamente. 3.3.2 – Influência do Tempo no Armazenamento das Soluções Estoques de THT e T 25 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS A variação da concentração observada das soluções estoques de THT e T, armazenadas em frascos de polietileno, em função do tempo, foi desprezível para o tempo de análise de 15 dias. Esta observação é de fundamental importância para a avaliação dos resultados experimentais, pois garante, a não formação de possíveis espécies químicas interferentes no fenômeno de adsorção do adsorbato de interesse, e a concentração teórica estabelecida para a solução dos adsorbatos. Na Figura 3.3.3 é representada a variação da concentração relativa dos adsorbatos THT e T em função do 1,03 1,03 1,02 1,02 1,01 1,01 CT /CTo CTHT / CTHTo tempo. 1,00 1,00 0,99 0,99 0,98 0,98 0,97 0,97 0 (a) 2 4 6 8 10 12 Tempo (dias) 14 16 0 (b) 2 4 6 8 10 12 14 16 Tempo (dias) Figura 3.3.3 - Variação da concentração relativa das soluções estoque de (a) THT e (b) T em função do tempo de armazenamento. 3.3.3 – Tempo de Equilíbrio O equilíbrio químico em um processo de adsorção é definido para a condição nula de transferência de massa para a superfície do adsorvente. O tempo necessário para que o equilíbrio químico fosse atingido, para a temperatura de 298 K, foram determinados para os adsorbatos THT, nos adsorventes carvão ativo e sílica gel, e T no adsorvente carvão ativo. Como pode ser visualizado na Figura 3.3.4-a, a variação da concentração de THT é nula a partir de um tempo de processo de aproximadamente 8 h para o carvão 26 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ativo e de 12 h para a sílica gel. Para o adsorbato T, como observado na Figura 3.3.4-b a variação da concentração torna-se nula a partir de um tempo de processo de 3 h. O tempo necessário para se atingir a condição de equilíbrio é característico para cada sistema. A relação do diâmetro da molécula de adsorbato e do poro do adsorvente, tortuosidade e porosidade do adsorvente são exemplos de variáveis que influenciam na difusividade da molécula de adsorbato e conseqüentemente no tempo de equilíbrio. 1,4 3,0 5 1,2 2,5 carvão -1 1,0 0,8 5 qe x 10 (mol g carvão -1 5 1,0 ) sílica gel 2 -1 qe x 10 (mol g 1,5 6 3 qe x 10 (mol g ) ) 4 2,0 0,6 0,4 Carvão ativo 1 0,5 0,2 Sílica gel 0,0 0 (a) 2 4 6 8 10 12 14 Carvão ativo 0 16 t (h) 0,0 0 2 (b) 4 6 8 10 12 14 16 t (h) Figura 3.3.4 – Variação da concentração (a) de THT nas superfícies de carvão ativo e sílica gel e (b) de T na superfície de carvão ativo, em função do tempo. 3.3.4 – Isotermas de Adsorção Na Figura 3.3.5 são apresentadas as isotermas de adsorção para o adsorbato THT em carvão ativo, para as temperaturas de 298, 323 e 348 K. O equilíbrio de adsorção do THT em carvão ativo e sílica gel foi avaliado através dos modelos de Langmuir, Freundlich e Radke & Prausnitz. Os resultados dos parâmetros obtidos através do ajuste aos dados experimentais, para a adsorção em carvão ativo são apresentados na Tabela 3.3.2. 27 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 3,0 2,0 1,5 Temp. 298 K Temp. 323 K Temp. 348 K Langmuir Freundlich Radke & Prausnitz 5 qe x 10 (mol g -1 carvão ) 2,5 1,0 0,5 0,0 0 1 2 3 4 4 5 6 7 8 -1 Ce x 10 (mol l ) a Figura 3.3.5 – Isotermas de adsorção do THT em diferentes temperaturas, para o adsorvente carvão ativo. Tabela 3.3.2 – Parâmetros referentes aos modelos de adsorção analisados, para a adsorção de THT em carvão ativo. Isoterma Langmuir q KC qe = o e 1 + KCe Freundlich q e = aC en T (K) qo x 105 K x 10-3 R2 298 4,385 3,013 0,9952 323 3,839 2,710 0,9934 348 3,274 2,572 0,9880 a x 103 n x 10 R2 298 1,563 5,378 0,9821 323 1,385 5,461 0,9793 348 1,120 5,431 0,9707 qo x 107 K x 106 b R2 298 4,085 0,239 1,653 0,9992 323 0,823 0,902 1,863 0,9993 348 0,159 3,669 2,076 0,9981 Radke & Prausnitz qe = qo KC e 1 + KC eb Carvão ativo 28 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Através da análise gráfica e dos fatores de correlação obtidos, apresentados na Tabela 3.3.2, pode-se observar que a isoterma de Radke e Prausnitz foi a que apresentou melhor correlação com os dados experimentais. Um comparativo entre as isotermas de adsorção nas temperaturas de 298, 323 e 348 K, mostra uma diminuição na quantidade de adsorbato adsorvido, com o aumento da temperatura, para a mesma condição de concentração inicial. As isotermas de adsorção do adsorbato THT em sílica gel, para as temperaturas de 298, 323 e 348 K, são apresentadas na Figura 3.3.6. Semelhante ao observado na adsorção do THT em carvão ativo, o aumento da temperatura diminui a concentração do adsorbato na superfície do adsorvente, para uma mesma condição de concentração inicial. 4,5 4,0 ) 2,5 2,0 6 -1 sílica 3,0 qe x 10 (mol g 3,5 Temp. 298 K Temp. 323 K Temp. 348 K Langmuir Freundlich Radke & Prausnitz 1,5 1,0 0,5 0,0 0 2 4 6 4 8 10 12 -1 Ce x 10 (mol l ) Figura 3.3.6 – Isotermas de adsorção do THT em diferentes temperaturas, para o adsorvente sílica gel. Na Tabela 3.3.3 são apresentados os parâmetros obtidos do ajuste dos dados experimentais aos modelos de Langmuir, Freundlich e Radke & Prausnitz, para a adsorção do THT em sílica gel. 29 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Tabela 3.3.3 - Parâmetros referentes aos modelos de adsorção analisados, para a adsorção de THT em sílica gel. Isoterma Langmuir q KC qe = o e 1 + KCe Freundlich q e = aC en T (K) qo x 106 K x 10-3 R2 298 9,060 1,036 0,9941 323 8,721 0,698 0,9940 348 7,391 0,473 0,9941 a x 104 n x 10 R2 298 5,755 6,916 0,9854 323 6,479 7,484 0,9871 348 6,466 8,093 0,9892 qo x 1011 K x 10-8 b R2 298 10,51 0,685 2,653 0,9996 323 0,056 85,90 3,433 0,9999 348 1,556 1,910 2,9438 0,9971 Radke & Prausnitz qe = qo KC e 1 + KC eb Sílica gel Mediante a análise gráfica e dos fatores de correlação obtidos, pode-se observar que, semelhantemente ao observado na adsorção do THT em carvão ativo, a isoterma de Radke & Prausnitz, apresenta melhor correlação com os resultados observados experimentalmente. Com base nas isotermas apresentadas nas Figuras 3.3.5 e 3.3.6, e dos parâmetros associados as diferentes isotermas analisadas para a adsorção do THT, apresentados nas Tabelas 3.3.2 e 3.3.3, observa-se que o carvão ativo apresenta maior capacidade de adsorção quando comparado à sílica gel, para as mesmas condições de temperatura. As possíveis justificativas se dão devido a maior área superficial específica apresentada pelo carvão ativo, ou ainda por forças de interação adsorbato-adsorvente. As isotermas de adsorção para o adsorbato T em carvão ativo para as temperaturas de 298, 323 e 348 K são apresentadas na Figura 3.3.7. Os resultados obtidos para os parâmetros relacionados às isotermas de Langmuir, Freundlich e Radke & Prausnitz e os respectivos coeficientes de correlação são apresentados na Tabela 3.3.4. 30 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 1,75 5 qe x 10 (mol g -1 carvão ) 1,50 1,25 1,00 0,75 Temp. 298 K Temp. 323 K Temp. 348 K Langmuir Freundlich Radke & Prausnitz 0,50 0,25 0,00 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 5 3,0 3,5 4,0 4,5 -1 Ce x 10 (mol l ) Figura 3.3.7 – Isotermas de adsorção do T em diferentes temperaturas, para o adsorvente carvão ativo. Tabela 3.3.4 - Parâmetros referentes aos modelos analisados, para a adsorção de Tem carvão ativo. Isoterma Langmuir q KC qe = o e 1 + KCe Freundlich q e = aC n e T (K) qo x 105 K x 10-4 R2 298 2,308 7,211 0,9979 323 1,848 4,604 0,9976 348 1,342 3,252 0,9954 a x 103 n x 10 R2 298 3,083 5,054 0,9840 323 3,160 5,479 0,9860 348 4,890 6,354 0,9852 qo x 107 K x 10-6 b R2 298 128,2 0,122 1,059 0,9980 323 10,62 0,668 1,291 0,9986 348 0,057 565,8 2,018 0,9987 Radke & Prausnitz qe = qo KC e 1 + KC eb Carvão ativo 31 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS A partir dos resultados dos coeficientes de correlação apresentados na Tabela 3.3.4, pode observar que o modelo de Radke & Prausnitz apresentou melhor associação com os dados experimentais de adsorção do T em carvão ativo. Entretanto, para condição de temperatura de 25 ºC, o modelo de Radke & Prausnitz pode ser reduzido ao modelo de Langmuir, pois o expoente b, parâmetro de ajuste na isoterma de Radke & Prausnitz, apresenta valor próximo a 1. 3.3.5 – Parâmetros Termodinâmicos Os parâmetros termodinâmicos referentes ao processo de adsorção do THT e do T nos adsorventes carvão ativo e sílica gel foram determinados a partir das Equações 3.1.7 a 3.1.9. ∂ ln K ∆H o =− ∂ (1 T ) R (3.1.7) ∆G o = − RT ln K (3.1.8) ∆G o = ∆H o − T∆S o (3.1.9) Como pode ser observado na definição da equação de Gibbs-Helmhotz (Equação 3.1.7), a entalpia padrão de adsorção pode ser determinada através da inclinação obtida a partir da regressão linear de ln K em função de T-1. Apesar da isoterma de Radke & Prausnitz ter apresentado melhor correlação com os dados experimentais observados, foram utilizadas as constantes de equilíbrio obtidas através da regressão não linear empregando a isoterma de Langmuir, para o cálculo dos parâmetros termodinâmicos. Em sendo a isoterma proposta por Radke & Prausnitz (1972) de natureza empírica, seus parâmetros não apresentam significado físico, impossibilitando a utilização da constante de equilíbrio obtida, para o cálculo dos parâmetros termodinâmicos. A partir dos resultados obtidos da regressão linear do ln K em função de T-1, para as curvas apresentadas na Figura 3.3.8 foi determinada a entalpia padrão de adsorção para as diferentes combinações adsorbato-adsorvente. A energia livre de Gibbs e a 32 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS entropia padrão do processo de adsorção foram determinadas pelas Equações 3.1.8 e 3.1.9, respectivamente. Os resultados obtidos para a entalpia, entropia e energia livre de Gibbs são apresentados na Tabela 3.3.5. 8,1 11,4 8,0 11,2 7,9 11,0 7,7 ln K ln K 7,8 10,8 6,8 10,6 6,6 6,4 Carvão ativo Sílica gel 6,2 6,0 2,8 2,9 3,0 3,1 -1 3,2 3 3,3 3,4 Carvão ativo 10,2 2,8 2,9 -1 3,0 3,1 -1 T x 10 (K ) (a) 10,4 (b) 3,2 3 3,3 3,4 -1 T x 10 (K ) a Figura 3.3.8 – Linearização da equação de Gibbs-Helmholtz para os dados de equilíbrio da adsorção do (a) THT e (b) T. Tabela 3.3.5 – Parâmetros termodinâmicos observados para a adsorção do THT em carvão ativo e sílica gel e do T em carvão ativo. -∆Hº ∆Sº -∆Gº (kJ mol-1) (J mol-1K-1) 57,38 (kJ mol-1) 19,86 2,75 57,21 21,24 348 57,39 22,73 298 12,26 17,21 12,50 17,59 348 12,25 17,82 298 46,64 27,71 46,50 28,83 46,68 30,06 T Adsorbato Adsorvente THT carvão ativo (K) 298 323 323 323 348 THT T sílica gel carvão ativo 13,55 13,81 33 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Os valores de entalpia padrão obtidos foram negativos, o que indica a natureza exotérmica do processo de adsorção. A variação da entalpia padrão de adsorção entre –2,75 e -13,81 kJ mol-1 indica que o fenômeno de adsorção em questão é do tipo física. Por outro lado, a variação de entropia padrão obtida foi positiva, o que indica a afinidade do adsorbato para com a superfície do adsorvente. 3.4 - CONCLUSÕES Com base nos resultados experimentais expostos no presente projeto pode-se concluir que a cinética de adsorção do adsorbato de THT em sílica gel é mais lenta que para o carvão ativo, e que o T, difunde-se mais rapidamente nos poros do carvão, o que garante um menor tempo para que o equilíbrio seja atingido. O tempo de equilíbrio, referente à transferência nula de moléculas de adsorbato para a superfície do adsorvente, foi para o THT de aproximadamente 12 h em sílica gel e de 8 h em carvão ativo, e de apenas 3 h para a adsorção do T em carvão ativo. O adsorbatos THT e T apresentam comprimento de onda de máxima absorção em 201 nm e 230 nm, respectivamente, sendo a absorbância função linear com a concentração, para os limites apresentados neste trabalho. Dentre os adsorventes estudados para a adsorção do THT, o carvão ativo apresentou capacidade máxima de adsorção superior à observada para sílica gel, nas temperaturas de 298, 323 e 348 K. As capacidades máximas relativas foram cerca de 4,8, 4,2 e 4,4 vezes superior para correspondentes temperaturas de 298, 323 e 348 K. O aumento de temperatura na adsorção do THT e T apresenta-se de forma negativa, pois diminui a capacidade de adsorção, o que significa uma redução da quantidade mássica de adsorbato que pode ser adsorvida sobre uma determinada massa de adsorvente. Os valores obtidos para a variação de entalpia do processo de adsorção para o THT e T, sugerem que o fenômeno de adsorção envolvido neste caso seja do tipo físico, o que permite a dessorção das moléculas de adsorbato. 34 PRÓXIMAS ATIVIDADES 4 – PRÓXIMAS ATIVIDADES As próximas atividades a serem desenvolvidas na continuidade do projeto estão descritas abaixo: 1) Estudo do processo de adsorção contínua, empregando os adsorbatos utilizados neste estudo; 2) Redação e publicação de artigos relativos ao tema de dessulfurização, abrangendo os resultados apresentados no presente relatório, assim como os resultados futuros; 3) Participação em eventos científicos de iniciação científica; 4) Elaboração de uma monografia abrangendo integralmente os resultados alcançados com o desenvolvimento do presente projeto. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, L., MESQUITA, E., GÍRIO, F. M. “Dessulfurização bacteriana de combustíveis fósseis”. Boletim de Biotec. v. 62, p. 3-8, 1999. BRUNAUER, S., DEMING, L. S., DEMING, W. E., TELLER, E. “On a theory of the van der Waals adsorption of gases”. J. Am. Chem. Soc. v. 62(7), p. 1723-1732, 1940. CASTELLANOS, J., ALCARAZ, A., CUELLAR, J., SANCHEZ, G. “Optimisation of the mexican refinig system for low sulphur diesel production”. 17th World Petroleum Congress. RJ-Brazil: CD-ROM, 2002. DENOME, S. A., OLSON, E. S., YOUNG, K. D. “Identification and cloning of genes involved in specific desulfurization of dibenzothiophene by Rhodococcus sp”. Appl. Environ. Microbiol. v. 59, p. 2387-2843, 1993. FROMENT, G. F., DEPAUW, G. A., VANRYSSELBERGHE, V. Kinetics of the Catalytic Removal of the Sulphur Components from the Light Cycle Oil of a Catalytic Cracking Unit, Hydrotreatment and Hydrocracking of Oil Fractions. Elsevier Science B. V., 1997. FREUNDLICH, J. “Kennzeichnung von elektroden und elektrodenmaterialien mit hilfe der Porengrössenverteilung und der inneren Oberfläche”. Electroch. Acta. v. 6 (14), p. 35-50, 1962. KROPP, K. G., ANDERSSON, J. T., FEDORAK, P. M. “Bacterial transformations of 1,2,3,4-tetrahidrodibenzothiophene and dibenzothiophene”. Appl. Environ. Microbiol. v. 63, p. 3032-3042, 1997. 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LANDAU, M. V. “Deep hydrotreating of middle distillates from crude and shale oils”. Catal. Today. v. 36, p. 393-429, 1997. LANGMUIR, I. “The adsorption of gases on plane surfaces of glass, mica and platinum”. J. Am. Chem. Soc. v. 40, p. 1361-1403, 1918. MA, X., SAKANISHI, K., MOCHIDA, I. “Hydrodesulfurization reactivities of various sulfur compounds in diesel fuel”. Ind. Eng. Chem. Res. v. 33 (2), p. 218-222, 1994. RADKE, C. J., PRAUSNITZ, J. M. “Adsorption of organic solutes from dilute aqueous solution on activated carbon”. Ind. Eng. Chem. Fundam. v. 11 (4), p. 445-451, 1972. RIAZI, M. R., NASIMI, N., ROOMI, Y. A. “Estimation of sulfur content of petroleum products and crude oils”. Ind. Eng. Chem. Res. v. 38, p. 4507-4512, 1999. ROZANSKA, X., SANTEN, R. A. V., HUTSCHKA, F., HAFNER, J. “A periodic DFT study of the isomerization of thiophenic derivatives catalyzed by acidic mordenite”. J. Catal. v. 205, p. 388-397, 2002. RUTHVEN, D. M. Principles of Adsorption and Adsorption Processes. John Wiley & Sons, New York, 1984. SCHMIDT, M., SIEBERT, W., BAGNALL, K. W. The Chemistry of Sulphur, Selenium, Tellurium and Polonium. Pergamon Texts in Inorganic Chemistry, v. 15, Pergamon Press, Oxford, 1973. SPEIGHT, J. G. The Chemistry and Technology of Petroleum. Third edition, Marcel Dekker, New York, 1998. STUNTZ, G. F., PLANTENGA, F. L. “New technologies to meet the low sulfur fuel challenge”. 17th World Petroleum Congress. RJ-Brazil: CD-ROM, 2002. TREYBAL, R. E. Mass-Transfer Operations. Third edition: McGraw-Hill, 1980. 37 ANEXOS 6 – ANEXOS Segue a relação de atividades propostas para o desenvolvimento do presente projeto de pesquisa, vinculadas ao plano de trabalho. 6.1 – ATIVIDADES Para o desenvolvimento do presente projeto, estão previstas as seguintes atividades: 1 – Revisão Bibliográfica Levantamento bibliográfico de trabalhos publicados em periódicos, revistas especializadas, livros e outras fontes bibliográficas, para contemplar as informações necessárias para o desenvolvimento do projeto, abrangendo a indústria petróleo, especificamente, os processos de dessulfurização utilizando o método adsortivo. 2 – Montagem da Unidade Experimental Serão definidos os equipamentos para o desenvolvimento do projeto, a partir dos quais serão estruturados de forma a constituírem a unidade experimental de adsorção. 3 – Obtenção de Parâmetros para a Otimização da Unidade Experimental Serão estudados diferentes adsorventes em sistema batelada, caracterizando a afinidade dos compostos, que se deseja adsorver, para com estes, transpondo os resultados para a unidade de adsorção. 4 – Caracterização dos Adsorventes 38 ANEXOS Os adsorventes que apresentarem maior seletividade para a adsorção do compostos de enxofre serão caracterizados físico e quimicamente. 5 – Corridas Experimentais na Unidade de Adsorção Serão realizadas corridas experimentais na unidade de adsorção desenvolvida, visando o estudo das variáveis que afetam o processo de adsorção em sistema contínuo em leito empacotado, tais como: temperatura de adsorção, altura do leito, vazão de alimentação. 6 – Análise de Resultados e Redação do Relatório Final/ Monografia Será redigido o relatório final em forma de uma monografia contendo a análise dos principais resultados obtidos com a realização deste projeto. 6.2 – CRONOGRAMA DE TRABALHO O presente projeto será desenvolvido em 24 meses. Está previsto o seguinte cronograma de execução das metas estabelecidas. Períodos Mai/02 Jul/02 Set/02 Nov/02 Jan/03 Mar/03 Mai/03 Jul/03 Set/03 Nov/03 Jun/02 Ago/02 Out/02 Dez/02 Fev/03 Abr/03 Jun/03 Ago/03 Out/03 Dez/03 1 2 3 4 5 6 39