Margaridas seguem em marcha O que é a Marcha das Margaridas? para quê marchar? Por que seguir marchando em 2015? Algumas de nossas conquistas Margarida Alves vive em nós Sugestões para construir a Marcha das Margaridas 2015 AGENDA PARCEIRAS MARGARIDAS SEGUEM EM MARCHA Companheiras, mulheres de todo o Brasil, trabalhadoras do campo, da floresta e das águas, mulheres trabalhadoras das cidades, SEGUIMOS EM MARCHA! Com a nossa experiência, garra e criatividade, seguimos mobilizando companheiras em todos os municípios e estados do País para realizarmos a Marcha das Margaridas 2015. A conjuntura que se desenha pós-eleições exige que as margaridas assumam a mesma postura que lhes exigiu coragem e ousadia para reconduzir Dilma Rousseff à Presidência da República, para que continuem afirmando-se como sujeitos de direitos e sujeitos políticos a fim de garantir reformas políticas capazes de proporcionar mudanças em estruturas históricas que ainda sustentam as desigualdades e a discriminação no Brasil. Seguimos lutando para fazer o Brasil avançar no combate à pobreza, no enfrentamento à violência contra as mulheres, na defesa da soberania alimentar e nutricional e na construção de uma sociedade sem preconceitos de gênero, de cor, de raça e de etnia, sem homofobia e sem intolerância religiosa. Seguimos denunciando, reivindicando, propondo e negociando ações e políticas públicas, que contribuam na construção de um “Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade”. Por isso, convidamos todas as mulheres do campo, da floresta e das águas, todas as companheiras que queiram se juntar a nós para integrar esta grande mobilização. Esta será a 5º Marcha das Margaridas, o que demonstra a necessidade de fazermos um forte monitoramento das conquistas de nossa luta, identificando os desafios a serem enfrentados e fortalecendo a nossa incidência em todos os níveis, do local ao nacional, a fim de que estas conquistas aconteçam na vida das mulheres. Vamos construir a Marcha 2015 debatendo nossa realidade, necessidades e anseios, nas comunidades e municípios, aprofundando a reflexão sobre nossos problemas. Vamos estabelecer e consolidar parcerias e, com nossa capacidade organizativa, vamos traduzir nossos problemas em propostas de mudanças para uma vida digna no campo e na floresta. Seguimos acreditando que a ousadia, a solidariedade e a criatividade da cada Margarida florescerão ainda mais fortes, jogando sementes férteis para mudar a vida de cada mulher trabalhadora do campo, da floresta e das águas. Em 2015, nós Margaridas de todos os cantos do país, vamos ocupar nossos municípios, capitais, e Brasília, acreditando que é possível construir um Brasil soberano, sustentável, mais democrático, justo e igualitário na cidade e no campo. Junte-se a nós! Mobilize outras mulheres! Venha fazer parte da luta das Margaridas! Alessandra da Costa Lunas Secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag e Coordenadora Geral da Marcha das Margaridas Margaridas seguem em marcha O canto das Margaridas O CANTO DAS MARGARIDAS LETRA: LOUCAS DE PEDRA LILÁS Olha Brasília está florida Estão chegando as decididas Olha Brasília está florida É o querer, é o querer das Margaridas! Somos de todos os novelos De todo tipo de cabelo Grandes, miúdas, bem erguidas Somos nós as Margaridas Nós que vem sempre suando Este país alimentando Tamos aqui para relembrar Este país tem que mudar! Refrão: Olha Brasília está florida... Água limpa sem privar Sede de todos acalmar Casa justa pra crescer Casa justa pra crescer Saúde antes de adoecer Terra sadia pra lucrar Canja na mesa no jantar Um mínimo para se ter Um mínimo para se ter Direito à paz e o prazer E dentro e fora punição Pra quem abusa do bastão Do ser patrão, do ser machão Não pode não, não pode não Não pode não, não pode não! Refrão: Olha Brasília está florida... É o querer, é o querer das Margaridas! É o querer, é o querer das Margaridas O que é a Marcha das Margaridas? A Marcha das Margaridas é uma ampla ação estratégica das mulheres do campo, da floresta e das águas, para conquistar visibilidade, reconhecimento social e político e cidadania plena. Promovida pela Contag, Federações e Sindicatos, a Marcha se firmou na agenda do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR e das organizações parceiras - movimentos feministas e de mulheres trabalhadoras, centrais sindicais e organizações internacionais. Realizada a partir do ano 2000, a Marcha das Margaridas se consolidou na luta contra a fome, a pobreza e a violência sexista. Em 2015, sob o lema “Margaridas seguem em Marcha por Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade” as mulheres estarão nas ruas mais uma vez para protestar contra as desigualdades sociais; denunciar todas as formas de violência, exploração e dominação e apresentar propostas para avançar na construção da democracia e da igualdade para as mulheres. Margaridas seguem em Marcha: resgatando nossa história 2000 Razões para marchar Contra a Fome, a Pobreza e a Violência Sexista: com este lema foi construída no ano de 2000 a primeira Marcha das Margaridas, em adesão à Marcha Mundial das Mulheres. Ela foi realizada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, e teve um forte caráter de denúncia do projeto neoliberal, mas as trabalhadoras rurais também apresentaram uma pauta de reivindicações para negociação com o governo. A experiência acumulada, desde então, possibilitou a ampliação das Marchas seguintes, de modo que grande parte destas reivindicações voltou a integrar a pauta das Marchas realizadas nos anos de 2003 e 2007, sob o governo Lula, e 2011, sob o governo Dilma, período em que foram obtidas as maiores conquistas. O que é a Marcha das Margaridas? TEMAS QUE Temas que sempre nos mobilizaram SEMPRE NOS MOBILIZARAM... As Mulheres Trabalhadoras Rurais do campo, floresta e das águas estão na luta e nas ruas por desenvolvimento sustentável com democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade, mobilizadas em torno de temas como: • BIODIVERSIDADE E DEMOCRATIZAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS – BENS COMUNS: Em defesa do patrimônio genético, gestão e manejo sustentável dos bens comuns, da matriz energética sustentável, de uma vida saudável, sem agrotóxicos e transgênicos. Em defesa do agroextrativismo, da terra, da água e da floresta viva. • TERRA, ÁGUA E AGROECOLOGIA: Na luta pela reforma agrária, o acesso das mulheres à terra, à democratização e racionalidade no uso dos bens comuns, da agroecologia como modo de produzir e se relacionar na agricultura. • SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: Pelo fortalecimento da agricultura familiar, alimentos saudáveis para a população, a valorização da organização produtiva das mulheres, do comércio justo e solidário e do consumo responsável. • AUTONOMIA ECONÔMICA, TRABALHO, EMPREGO E RENDA: Em defesa da autonomia econômica das mulheres, dos direitos trabalhistas e previdenciários; apoio à organização produtiva com crédito e assistência técnica; valorização da política nacional de salário mínimo; por creches nas comunidades rurais; pelo fim da divisão sexual do trabalho e pela igualdade no mundo do trabalho. • SAÚDE PÚBLICA E DIREITOS REPRODUTIVOS: Pelo direito de decidir sobre nosso próprio corpo; qualidade e eficiência no Sistema Único de Saúde (SUS); assistência integral à saúde da mulher. • EDUCAÇÃO NÃO SEXISTA, SEXUALIDADE E VIOLÊNCIA: Por uma educação não sexista, pela autonomia econômica e pessoal, livre orientação sexual e o fim de todas as formas de violência contra as mulheres. • REFORMA POLÍTICA, DEMOCRACIA, PODER E PARTICIPAÇÃO: Pela realização da Reforma Política e pela garantia da Democracia; pela ampliação da participação das mulheres do campo e da floresta nos espaços de poder e decisão política no País e no MSTTR; reforma política com financiamento público de campanha e igualdade para as mulheres. para quê marchar? PARA QUÊ MARCHAR? para quê marchar? Desde a sua origem, a Marcha das Margaridas tem revelado grande capacidade de mobilização e organização. Seu caráter formativo, de denúncia e pressão, mas também de proposição, diálogo e negociação política com o Estado, a tornou amplamente reconhecida como a maior e mais efetiva ação das mulheres no Brasil. Seus principais objetivos políticos são: • Fortalecer e ampliar a organização, mobilização e formação sindical e feminista das mulheres trabalhadoras rurais; • Reafirmar o protagonismo e dar visibilidade à contribuição econômica, política e social das mulheres do campo, da floresta e das águas na construção de um novo processo de desenvolvimento rural voltado para a sustentabilidade da vida humana e do meio ambiente; • Apresentar, através das proposições, uma crítica ao modelo de desenvolvimento hegemônico a partir de uma perspectiva feminista; • Contribuir para a democratização das relações sociais no MSTTR e nos demais espaços políticos, visando, assim, com a superação das desigualdades de gênero e étnico-raciais; Protestar contra as causas estruturantes da insegurança alimentar e nutricional que precisam ser enfrentados para a garantia do direito humano à alimentação adequada e da soberania alimentar. • Denunciar e protestar contra todas as formas de violência, exploração e discriminação, e avançar na construção da igualdade para as mulheres; • Atualizar e qualificar a pauta de negociações, propondo e negociando políticas para as mulheres do campo e da floresta e das águas, considerando as suas especificidades. • Lutar pelo aperfeiçoamento e consolidação das políticas públicas voltadas às mulheres do campo, da floresta e das águas desde a esfera municipal, estadual e federal, contribuindo para que elas incidam no cotidiano das mulheres do campo, da floresta e das águas; POR QUÊ SEGUIR MARCHANDO EM 2015? Rompemos com a invisibilidade que nos foi imposta durante anos de nossas vidas, a nós e as gerações que nos antecederam, e nos fizemos presentes nos espaços políticos para incidir nos rumos econômicos, sociais e ambientais do nosso país. Mas isso não foi suficiente para rompermos com os padrões hegemônicos e conquistarmos uma nova cultura em nossa sociedade, na qual as mulheres sejam reconhecidas e respeitas, e possam usufruir de autonomia, igualdade e liberdade. Uma sociedade sem violência, um Brasil justo e verdadeiramente democrático. E m 2014 vivenciamos uma Campanha Eleitoral muito difícil! Talvez uma das mais duras desde 1989. Esteve em jogo uma acirrada disputa de projetos de sociedade, que refletia nitidamente o antagonismo entre classes sociais no Brasil. Neste jogo, a grande mídia se destacou como um ator importante na formulação da opinião pública, exercendo uma forte atuação na tentativa de desconstrução do Governo Dilma, e com isso a democratização dos meios de comunicação entra com força na agenda dos movimentos sociais . O resultado das eleições para o Legislativo, por sua vez, nos indica que as forças conservadoras, também, representada pela bancada fundamentalista, cresceram, exigindo-nos um esforço de reflexão sobre as nossas estratégias de ação. Embora o processo eleitoral tenha desconstruído a máxima de que “mulher não vota em mulher”, e mesmo tendo havido um aumento das cadindaturas de mulheres, o número de eleitas avançou timidamente. Por isso, mais do que nunca, se faz necessário ampliar a reflexão sobre a mulher na política. N essa disputa de Projetos, a atuação dos Movimentos Sociais foi decisiva. A militância de juventude reascendeu, as mulheres, margaridas do campo e da cidade foram às ruas. E assim, em 2015, Dilma será reconduzida à presidência da república. Mulher guerreira e da luta, ela soube, com coragem, enfrentar o ódio e os preconceitos que ainda existem na sociedade. O seu exemplo nos dá forças para lutar ainda mais. E faremos isso! Será necessário que as mobilizações que garantiram a reeleição da Presidenta Dilma não parem! Não nos abateremos frente à contraofensiva das forças conservadoras que se projeta para os próximos anos, buscando, nesse sentido, fortalecer a unidade das mulheres e da classe trabalhadora, e reafirmar um novo modelo de desenvolvimento mais democrático, justo e igualitário, que reconheça a importância das mulheres na sua construção. Por que seguir marchando em 2015? 2 015 será um ano de grandes mobilizações para as mulheres, teremos além da Marcha das Margaridas, a Marcha das Mulheres Negras e a 4a Ação da Marcha Mundial das Mulheres. Precisamos não perder de vista o diálogo e as convergências entre as pautas destes movimentos, para mobilizar o maior número de mulheres possível e potencializar as suas ações. Este será um grande desafio! Mas há outros... Por que seguir marchando em 2015? A Marcha das Margaridas tem um papel fundamental para o aprofundamento da Democracia Participativa. No atual contexto, o seu significado assume tamanha importância, não apenas pelo seu grande poder de mobilização, mas também pelo seu apoio às lutas das mulheres e pelo papel fundamental que ela apresenta para garantir as mudanças necessárias. Nesse sentido, é importante não negligenciar a necessidade de politização dos processos desde a base, entendendo que a formação política das mulheres é fundamental e deve ser tomada como uma prioridade tanto pelas centrais sindicais, quanto pelos movimentos sociais. C onseguimos pautar para o país um agenda em que a Reforma Política ganhasse destaque, e agora o nosso principal desafio é fazer com que ela aconteça, por que entendemos que sem reforma política não conseguiremos alcançar as mudanças fundamentais no sistema político exigido por uma sociedade realmente democrática. Por isso, precisamos continuar nos mobilizando em apoio ao Plebiscito Constituinte da Reforma Política, e investindo no fortalecimento da nossa auto-organização para garantir e ampliar os direitos das mulheres. É certo que obtivemos conquistas ao longo das quatro marchas anteriores, entretanto, tais conquistas não atingiram questões estruturantes, por isso é importante questionar o modelo de desenvolvimento hegemônico, e mostrar os impactos locais causados por ele na vida das mulheres. V amos juntar toda nossa esperança e o nosso compromisso com a transformação e, com ousadia, não só mostrar à sociedade e ao Estado a que viemos, mas convocar todas as mulheres trabalhadoras do nosso País a dar o próximo passo. Vamos ocupar as ruas e mostrar que sendo milhares, não estamos sós, que nenhuma de nós está só e que juntas seguiremos em marcha ate que todas sejamos livres! ALGUMAS DE NOSSAS CONQUISTAS 1. Acesso a Terra e documentação, apoio às mulheres assentadas e políticas de apoio à produção na agricultura familiar. • Criação do Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural – PNDTR (com unidades móveis em todos os estados), através do qual foram atendidas mais de um milhão de mulheres. • Titulação Conjunta Obrigatória da terra – Edição da Portaria 981 de 2 de outubro de 2003. Em decorrência disso, hoje, mais de 70% dos títulos de terra emitidos tem a mulher como primeiro titular. • Revisão dos critérios de seleção de famílias cadastradas para facilitar o acesso das mulheres à terra. • Edição da IN 38 de 13 de março de 2007 – normas para efetivar o direito das trabalhadoras rurais ao Programa Nacional de Reforma Agrária, dentre elas a prioridade às mulheres chefes de família. • Criação do Pronaf Mulher e ampliação da participação das mulheres no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura (PRONAF), e garantia da destinação de 30% por cento do total de recursos disponíveis para uso exclusivo das mulheres; • Inclusão da abordagem de gênero na Política Nacional de Ater e da Ater para Mulheres, passo importante para que na 2º Conferência Nacional do Desenvolvimento Rural fosse deliberada a PARIDADE na Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), ou seja, 50% de atendimento para as mulheres, medida oficializada a partir do Plano Safra de 2014/2015. • Garantia de inclusão de no mínimo 30% das mulheres como beneficiárias do Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER; • Criação do Programa de Apoio à Organização Produtiva das Mulheres • Apoio para a realização de Feiras para comercialização dos produtos dos grupos de mulheres. • Criação e implementação da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO) • Criação o Programa de Habitação Rural com Comitê Gestor que integre a participação efetiva das mulheres trabalhadoras rurais e garanta moradias para as mulheres “chefes de família” e escritura conjunta do casal para imóveis rurais obtidos por meio do Programa. Algumas de nossas conquistas 2. Trabalho e Previdência Social • Manutenção da aposentadoria das mulheres aos 55 anos • Representação na Comissão Tripartite de Igualdade de Oportunidades do Ministério do Trabalho. • Inclusão de ações específicas para a ampliação e garantia de direitos das mulheres empregadas rurais na Política Nacional de Empregados Rurais. 3. Saúde • Trabalho e Previdência Social • Implementação do Projeto de Formação de Multiplicadoras(es) em Gênero, Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos em convênio com o Ministério da Saúde; • Reestruturação do Grupo Terra, responsável pela construção da política de saúde para a população do campo. Algumas de nossas conquistas 4. Educação • Educação • Criação da Coordenadoria de Educação do Campo no MEC. • Constituição de Grupo de Trabalho Interinstitucional para a Educação Infantil no Campo com o objetivo de construir uma política de creches. O Grupo definiu • Diretrizes para a elaboração da Política Nacional de Educação Infantil do Campo, que orientem a implementação de creches no meio rural. 5. Enfrentamento à Violência • Campanha Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta • Criação e funcionamento do Fórum Nacional de Elaboração de Políticas para o Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta • Elaboração e inserção de diretrizes na Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as mulheres voltadas para o atendimento das mulheres rurais • Entrega de 54 unidades móveis (Unidades móveis de atendimento às mulheres em situação de violência) em áreas rurais, incluindo unidades móveis pluviais para a região amazônica • Criação de Fóruns Estaduais de Enfrentamento a Violência contra mulheres do campo, da floresta e das águas. MARGARIDA ALVES vive em nós Escolhemos o mês de agosto para realizarmos a Marcha, por ter sido neste mês, precisamente, no dia 12 de agosto de 1983, que ocorreu o brutal assassinato de Margarida Maria Alves (1943 –1983) Margarida Maria Alves era trabalhadora rural. Tinha 40 anos, casada, mãe de dois filhos, e rompendo com padrões tradicionais de gênero ocupou, por 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Líder sindical bastante influente na região nordeste, Margarida incentivava as trabalhadoras e trabalhadores rurais a buscarem na justiça a garantia de seus direitos, protegidos pela legislação trabalhista. A sua atuação política incomodava e muito, os latifundiários, os patrões – que lhe faziam ameaças, tentando pressioná– la a deixar o sindicato. Mas Margarida não se abateu! Construiu uma trajetória sindical marcada pela luta contra as injustiças sociais e o analfabetismo, tendo fundado, enquanto esteve à frente do sindicato, o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. Por defender ideais libertários e pela sua trajetória de luta pelo direito à terra, pela reforma agrária, por trabalho, igualdade entre as pessoas , justiça e por uma vida mais digna para trabalhadoras e trabalhadores rurais, Margarida Alves foi cruelmente assassinada, na porta de sua casa. Margarida, que os poderosos despedaçaram para fazêla secar e calar-se espalhou suas pétalas... Seu nome se tornou um símbolo nacional cultivado pelas mulheres e homens do campo, e em nome dele, a cada quatro anos, milhares de margaridas de todos os cantos e recantos do país se encontram em Brasília para marchar juntas, inspiradas pelo seu clamor de justiça, igualdade e paz no campo e na cidade. Margarida Alves vive em nós CIRANDA MARGARIDA para Cida de Caiana dos Crioulos (Severina Luzia da Silva) Ô cirandeiro, cirandeiro ô, A pedra do seu anel brilha mais do que o sol Das Margaridas nascidas ao pé da serra Uma ficou sempre viva na lembrança dessa terra De flor do campo ela virou flor mulher No brejo paraibano cantou luta, sangue e fé Flor Margarida aprende que da semente Nasceu o pão de cada dia na vida de sua gente Mas a semente necessita ser plantada E sem terra sua gente será sempre escravizada Queremos terra, pois a terra é nossa vida Vida é o dom de Deus assim pensou Margarida Entrou na luta companheira e camponesa Na fileira do seu povo ela foi plantar bandeira O opressor ria dela sem temer Quem já viu mulher sem nome enfrentar nosso poder Um belo dia teve uma assombração Margarida era mil, era mil, era um milhão Ciranda para Margarida Os oprimidos tinham agora liderança Pra lutar dentro da lei contra a força e a arrogância Mas quando a lei favorece o opressor A força da Margarida vai mostrar o seu valor Mas Margarida não mudou sua maneira Não calou a sua voz nem largou sua bandeira Com sangue vivo ela assinou seu nome Preferiu morrer na luta a ter que morrer de fome O opressor ficou todo aterentado Contra a mulher desse tipo vou ter que lutar arrandado E logo, logo contratou um pistoleiro Que pra enfrentar o povo ele é frouxo e trambiqueiro Ô cirandeiro, cirandeiro ô, A pedra do seu anel brilha mais do que o sol (bis) Ela tombou mas não largou a sua trois Não largou sua bandeira, não calou a sua voz Eles pensavam, nós matamos Margarida Mas estavam enganados foi ela que deu a vida O sangue dela na terra virou semente Fez de cada irmão de luta Margarida novamente E para o Céu ela voou como uma ave Rogo a Deus por todos nós Santa Margarida Alves SUGESTÕES PARA CONSTRUIR A MARCHA DAS MARGARIDAS 2015 Não existe uma receita pronta para construir a Marcha das Margaridas. A criatividade e a ousadia de cada mulher ou grupo devem prevalecer. Porém, para alcançar nossos objetivos e metas, sugerimos abaixo alguns passos importantes que precisam ser levados em conta: Sugestão 1: Discutir a proposta política da Marcha das Margaridas 2015 com as diretorias dos sindicatos e Fetags, e coordenações de pólos/regionais. Esse é um momento de convencimento e de sensibilização. O apoio de todas as mulheres e homens dirigentes é importante, pois a Marcha deve ser um compromisso do conjunto do MSTTR. Sugestão 2: Criar comitês e/ou fóruns nos estados e municípios para construção da Marcha das Margaridas 2015, bem como estimular e participar na formação de comitês locais de iniciativa de parceiras e apoiadoras. Sugestão 3: Debater a proposta política da Marcha nos espaços de decisão (conselhos e assembléias de STTRs), bem como discutir a melhor maneira de cada sindicato trazer mulheres trabalhadoras rurais para a Marcha, em Brasília. Uma dica importante é discutir nestes espaços o rateio das despesas. Sugestões para construir a Marcha das Margaridas 2015 Sugestão 4: Realizar reuniões e encontros com diversos grupos de mulheres ( jovens, idosas, assalariadas, agricultoras familiares, sem terras, quilombolas, extrativistas, ribeirinhas, pescadoras, etc.). Aproveitem para refletir com elas os problemas que elas enfrentam no seu cotidiano, levantando elementos para elaborar uma pauta de reivindicações. Sugestão 5: Investir nas articulações locais, articular apoios, estabelecer parcerias e pensar ações conjuntas com centrais sindicais, movimentos de mulheres, feministas, organizações não-governamentais, associações, cooperativas igrejas, pastorais, etc., para fortalecer e dar uma amplitude as ações políticas da Marcha desde as localidades, mostrando a importância de todos e todas se unirem em torno da luta das mulheres do campo, da floresta e das águas, como um aspecto essencial para o desenvolvimento sustentável com democracia, justiça, autonomia, liberdade e igualdade. Essa é uma excelente oportunidade, também, para discutir o que os sindicatos e as entidades parceiras podem fazer para que as políticas públicas incidam, efetivamente, no local. Sugestão 6: Realizar mobilizações municipais que prevejam o diálogo com os governantes locais. Os processos de mobilização devem aproveitar os espaços abertos pelo “08 de março”, trazendo as conquistas e os desafios ao longo de todas as Marchas. Sugestão 7: Realizar atividades/ações a partir do territórioconjuntas envolvendo as comunidades, sítios, linhas, povoados, ramal, assentamentos (caravanas, mutirões, oficinas, reuniões, etc.) na discussão da plataforma política e na construção da pauta de reivindicações. Sugestão 8: Divulgar a Marcha junto à base aproveitando todos os espaços do MSTTR (assembléias, encontros, reuniões, Grupos de Estudos Sindicais-GES, seminários, etc). Sugestão 9: Divulgar a Marcha na sociedade em geral, utilizando dos materiais disponíveis: programas de rádio, rádios comunitárias, jornais, escolas, igrejas, etc. Sugestões para construir a Marcha das Margaridas 2015 Sugestão 10: Fazer material de propaganda da Marcha para vender, como: broches, adesivos, lencinhos, canecas, canetas, livretos com poesias das trabalhadoras rurais, lembrancinhas artesanais (de palha, sisal, cerâmica, tecidos, etc.). Realizar bingos, leilões, sorteios, rifas, festas, etc. Fazer um livro de ouro, colhendo assinaturas e recebendo apoio financeiro de pessoas amigas, parentes, comerciantes locais, etc. Enfim, realizar atividades diversas para arrecadar recursos financeiros. ANIME OS GRUPOS DE MULHERES EM SUA COMUNIDADE, SINDICATOS, FEDERAÇÕES, IGREJAS, PASTORAIS, ENTIDADES, MOVIMENTOS ETC., E PARTICIPE DAS ATIVIDADES DA MARCHA DAS MARGARIDAS 2015. CONTAMOS COM TODA FORÇA E ENERGIA DE VOCÊS!!! AGENDA DA MARCHA Novembro 2014 Lançamento oficial da Marcha das Margaridas Março 2015 Mês de mobilização pelo Dia Internacional da Mulher com ações de mobilização, formação e divulgação da Marcha das Margaridas desde o plano local. Inicio das Caravanas das Margaridas para debate da plataforma política e construção da pauta. Abril 2015 Continuação das Caravanas das Margaridas. Maio 2015 Marchas estaduais e encontros regionais para sistematização da pauta Junho 2015 Fechamento e entrega da pauta de reivindicações ao Executivo, Legislativo e Judiciário. Agosto 2015 11 e 12 – Marcha das Margaridas – Mobilização e manifestação nacional com 100 mil mulheres, em Brasília-DF AGENDA MINHA AGENDA MINHA AGENDA PARCEIRAS “Nós, trabalhadoras rurais do Nordeste brasileiro, apostamos na Marcha das Margarida para que sejamos reconhecidas enquanto sujeito político e para garantir a incidência política que desejamos. A Marcha mostra o poder da organização, da consciência e a agenda política das trabalhadoras rurais do Brasil. Nós nos mobilizamos para construir um novo Brasil com justiça, paz e igualdade de gênero”. (Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE) “A pauta e os princípios do MAMA abrange toda a sociedade, precisamos fazer as parcerias necessárias que garantam que o Desenvolvimento Agroecológico e Humano Sustentável. A Marcha das Margaridas tem garantido este debate tanto nos processos de formação quanto no enfrentamento político. A forma compartilhada da construção tem garantido a horizontalidade sem retirar a autonomia dos grupos que compõem a Marcha das Margaridas, fortalecendo o vínculo e respeito por todos os movimentos”. (Movimento Articulado das Mulheres da Amazônia – MAMA) “A COPROFAM integra a Marcha das Margaridas porque defendemos mundialmente a necessidade de dar maior visibilidade ao trabalho das mulheres que vivem no meio rural, assim como as demandas por políticas públicas que fortaleçam a autonomia econômica das mulheres. A Marcha das Margaridas unifica a luta das mulheres rurais pelo direito a uma vida livre de violência, e em defesa da terra, território e soberania alimentar”. (Confederação Internacional de Organizações de Produtores Familiares, Campesinos e Indígenas do Mercosul Ampliado – COPROFAM) “Como a UBM, as Margaridas também lutam contra todas as formas de discriminação, opressão e violência contra a mulher produzida pelo capitalismo e patriarcado, evidenciando seu caráter emancipatório. Que as mulheres do campo e da floresta ampliem suas conquistas e seu exemplo inspire as mulheres da cidade a lutar ainda mais por um novo mundo, sem opressões”. (União Brasileira de Mulheres - UBM) “A CUT está com a Marcha das Margaridas, pois nossos ideais de igualdade e liberdade passam pela construção conjunta com as mulheres do campo e da floresta. Para avançar na construção de nossa autonomia é preciso ampliar o crédito rural e apoio técnico destinado às mulheres. Reivindicamos o fim de todo o tipo de violência contra as mulheres e as políticas de educação e construção de creches devem ser prioridades de nossa mobilização.Marchamos para pautar um modelo de desenvolvimento que priorize o bem estar das pessoas garantindo a sustentabilidade da natureza e dos bens comuns”. (Central Única dos Trabalhadores – CUT) PARCEIRAS “Para nós, da CTB, é fundamental estarmos juntas na Marcha das Margaridas. Essa junção de mulheres de vários segmentos e movimentos, movidas por um mesmo ideal, é que nos dá força para lutar pelo empoderamento, pela valorização e libertação das trabalhadoras rurais do campo e da floresta. Ao incorporarmos as trabalhadoras urbanas em defesa de uma plataforma comum, fortalecemos nossa luta para a execução do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres”. (Central das Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil) “As mulheres rurais, com suas lutas e organização, alimentam e fortalecem, desde muitos anos, o feminismo brasileiro. Nossa participação na Marcha das Margaridas é uma valiosa experiência de diálogo, aprendizado e intercâmbio entre feministas”. (Articulação de Mulheres Brasileiras - AMB) “A Marcha Mundial das Mulheres é parceira da Marcha das Margaridas desde 2000 e esta parceria se dá pela convicção de que a auto-organização das mulheres trabalhadoras rurais é fundamental para o fortalecimento do movimento e para a construção de uma plataforma política que tenha como perspectiva o fim da pobreza e da violência sexista, em busca de justiça, igualdade e autonomia para todas as mulheres”. (Marcha Mundial das Mulheres) “Estamos juntas para somar esforços em prol das pessoas do campo, da floresta e das águas, com esperanças de vencermos e continuarmos nossas lutas em busca de dias melhores para todas nós”. (Conselho Nacional das Populações Extrativistas - CNS) “O GT mulheres da ANA integra a Marcha das Margaridas por entender que “sem feminismo não há agroecologia”. (GT Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia) A UNICAFES NACIONAL através da Secretaria Nacional de Mulheres, apoiamos a Marcha das Margaridas, por entender que precisamos ampliar o debate do empoderamento das mulheres por meio das cooperativas Agricultura Familiar e Economia Solidaria. (União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária) PARCEIRAS “O MIQCB é uma organização que desde o inicio integra a Marcha das Margaridas, por acreditar na força das mulheres, que reunidas tem conseguido pautar importantes conquistas para nós mulheres do campo e das florestas. Através dessa articulação nacional temos incluído importantes questões na pauta nacional, temos rompido com as diversas formas de violência impostas a nós e temos nos feito escutar. Ainda falta muito, mas continuamos Marchando!” ( Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu MIQCB)