PIBIC-UFU, CNPq & FAPEMIG Universidade Federal de Uberlândia Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação DIRETORIA DE PESQUISA INFLUÊNCIA DE Toxoplasma gondii NA MODULAÇÃO DA APOPTOSE EM CÉLULAS TROFOBLÁSTICAS ANDRESSA DA SILVA CASTRO1 Laboratório de Histologia e Embriologia, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Uberlândia. Avenida Pará, Bairro Umuarama, Uberlândia – MG. [email protected] MARIANA BODINI ANGELONI2 Laboratório de Histologia e Embriologia, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Uberlândia. Avenida Pará, Bairro Umuarama, Uberlândia – MG. JOSÉ ROBERTO MINEO3 Laboratório de Imunoparasitologia, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Uberlândia. Avenida Pará, Bairro Umuarama, Uberlândia – MG. ELOISA AMÁLIA VIEIRA FERRO 4 Laboratório de Histologia e Embriologia, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Uberlândia. Avenida Pará, Bairro Umuarama, Uberlândia – MG. Resumo: Toxoplasma gondii é um parasito intracelular obrigatório, capaz de causar sérios danos à saúde de pacientes imunocomprometidos e quando transmitido verticalmente. Toxoplasma gondii possui estratégias de manipulação do sistema imune do hospedeiro, superando as barreiras de defesa e é capaz de levar a quadros de infecção crônica. Existe 3 tipos diferentes de cepa de Toxoplasma gondii, determinadas segundo o grau de virulência, sendo elas tipo I ou de alta virulência e tipo II e III, também conhecidas como cepas de baixa virulência. Como o tipo de cepa interfere na modulação do sistema imune do hospedeiro, o presente estudo analisou como células trofoblásticas, linhagem BeWo, reagiram à infecção com cepas de alta virulência (RH) e de baixa virulência (ME49). Dois tempos de infecção foram analisados: 24 e 36 horas, e observou-se que em células infectadas o índice de apoptose foi maior do que naquelas não-infectadas, e que células infectadas com cepa de alta virulência tiveram índice de apoptose mais elevado. Estes resultados demonstram que o parasito é capaz de modular vias apoptóticas e que essa modulação varia entre os tipos de cepas e o tempo de infecção. Palavras-chave: apoptose, células trofoblásticas, Toxoplasma gondii 1. INTRODUÇÃO Toxoplasma gondii é um protozoário parasito intracelular obrigatório, pertencente ao Filo Apicomplexa (MONTOYA; LIESENFELD, 2004). É capaz de infectar um amplo espectro 1 Aluna de Iniciação Científica. [email protected] Aluna do Programa de Pós-graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas. 3 Professor titular. 4 Professora titular e orientadora. 2 1 de hospedeiros, que incluem todos os animais de sangue quente e alguns invertebrados (NEVES, 2002), sendo que possui os Felídeos como hospedeiros definitivos, e as demais espécies de animais, inclusive o homem, como hospedeiros intermediários (MONTOYA; LIESENFELD, 2004; PINARD; LESLIE; IRVINE, 2003). A infecção por Toxoplasma gondii causa a toxoplasmose, uma protozoonose que acomete cerca de um terço da população mundial (TENTER; HECKEROTH; WEISS, 2000). A toxoplasmose é assintomática em indivíduos imunocompetentes, porém, é potencialmente grave em dois casos: em pacientes imunocomprometidos, nos quais há reagudização da infecção e em gestantes, quando há a transmissão vertical do parasito na primo infecção materna (ROMAN et al., 2006). A existência de cepas mais ou menos virulentas é um dos fatores que determina o caráter patogênico das mesmas e interfere no curso da toxoplasmose (SUZUKI e al., 1989). Em cepas de alta virulência a multiplicação extracelular de taquizoítas ocorre em ritmo acelerado e a produção de cisto é lenta. Já no caso de cepas pouco virulentas, os taquizoítas se multiplicam lentamente e a formação de cistos teciduais é mais rápida (REY, 1991). Em indivíduos imunocompetentes, o principal mecanismo de defesa contra o Toxoplasma gondii é mediado, principalmente, pela resposta imune celular (DENKERS; GAZZINELLI, 1998). Nestes casos, os linfócitos TCD4 +, quando estimulados, induzem uma resposta imune do tipo Th1, que por sua vez, secretam citocinas inflamatórias, responsáveis pela resistência do hospedeiro ao parasito (FILISETTI; CANDOLFI, 2004). No entanto, durante a gestação, há imunomodulação, e o perfil de resposta imune predominante na placenta é do tipo 2, caracterizado pela secreção de citocinas regulatórias. Dessa forma, o perfil o novo perfil de resposta favorece a transmissão placentária de Toxoplasma gondii, já que as citocinas inflamatórias, importantes no controle da infecção, são moduladas negativamente (PRIGIONE et al., 2006). Além disso, um importante processo que atua na resposta imune contra patógenos intracelulares refere-se a apoptose (LUDER; GROSS; LOPES, 2001). Trata-se de um mecanismo controlado pela ação das caspases, que através da quebra de moléculas no sítio de ácido aspártico, induzem o início do processo apoptótico (ABBAS; LICHTMAN, 2005). A apoptose pode ocorrer segundo duas vias: intrínsecas e extrínsecas. A via intrínseca está relacionada com a permeabilidade da membrana externa da mitocôndria, provocada pela ação de proteínas pró-apoptóticas pertencentes à família Bcl-2. Já a via extrínseca da apoptose está associada à ligação de alguns ligantes específicos aos seus receptores de morte correspondentes, presentes na membrana celular (LUDER; GROSS; LOPES, 2001). No entanto, protozoários, como Toxoplasma gondii, são capazes de interferir no processo apoptótico, inibindo-o ou promovendo-o. Tais mecanismos dependem da interação do parasito com os sinais pró ou anti-apoptóticos da célula hospedeira (DEBIERREGROCKIEGO et al., 2007). Dessa forma, visando melhor conhecer possíveis interferências de T. gondii na incidência da apoptose em células trofoblásticas, este trabalho objetivou analisar morfologicamente células BeWo infectadas com Toxoplasma gondii, cepa RH e ME49 e quantificar a incidência de apoptose com diferentes tipos de cepas e tempos de infecção. Células BeWo foram utilizadas pelo fato de serem mantidas com facilidade, possuírem características comuns às outras células trofoblásticas e por não serem capazes de produzir IFN-γ biologicamente ativo, tornando-se, pois, mais susceptíveis à infecção por T. gondii (ENTRICAN, 2002, OLIVEIRA et al., 2006). Assim, células trofoblásticas de linhagem BeWo permitem dentre outras finalidades, o estudo detalhado da transmissão do Toxoplasma gondii via transplacentária, e de suas conseqüências para as células infectadas. 2 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Manutenção das cepas RH e ME49 de Toxoplasma gondii A cepa RH de Toxoplasma gondii foi mantida na cavidade peritoneal de camundongos Swiss através de repiques. O exsudato peritoneal dos camundongos foi colhido e submetido a duas lavagens em solução salina tamponada com fosfato 0,01M (PBS) estéril, pH: 7,2. Os taquizoítas daí resultantes foram ressuspensos em meio RPMI (Roswell Park Memorial Institute) 1640 (Sigma Chemical CO. St. Louis,USA) e contados em câmara hemocitométrica. Em seguida, inoculados em camundongos não infectados. Taquizoítas de Toxoplasma gondii da cepa ME49 foram mantidos em cultura de fibroblasto humano – HFF (cedidos pelo laboratório). A medida que as células infectadas encontravam-se lisadas pelos parasitos, o meio do frasco contendo taquizoítas livres foi transferido para um tubo de 15ml, centrifugado a 500rpm, por um minuto em temperatura ambiente. O sobrenadante contendo apenas taquizoítas foi distribuído em frascos contendo células da linhagem BeWo e HeLa. O repique do parasito nessa linhagem celular foi realizado como descrito anteriormente para taquizoítas da cepa RH de T. gondii. 2.2. Manutenção das células BeWo Células BeWo, derivadas de coriocarcinoma humano, obtidas do American Type Culture Collection/CCL-98 (ATCC, USA), cedidas pelo laboratório de Imunologia da Universidade Federal de Uberlândia, foram mantidas em cultura no Laboratório de Imunologia da Universidade. Essas células foram cultivadas separadamente em meio RPMI 1640, suplementado com 10% de soro fetal bovino (Sigma Chemical CO. St. Louis) contendo 0,37% de bicarbonato de sódio, 1% de antibióticos – 10,000U/ml de penicilina e 10 mg/ml de estreptomicina, Lglutamina, aminoácidos essenciais, piruvato de sódio e 2-mercaptoetanol (Sigma Chemical CO. St. Louis) em frascos de cultura em câmara úmida a 37ºC com 5% de CO2. Os repiques foram realizados a cada três dias através da adição de solução de tripsina e EDTA (0,25% de Tripsina e 0,02% de EDTA em solução salina tamponada com Hank’s) e o excedente foi congelado em meio de congelamento (95% de meio de cultura e 5% de DMSO). 2.3. Infecção das células da linhagem BeWo por Toxoplasma gondii Células BeWo foram retiradas dos frascos de cultura, centrifugadas, ressuspensas em 1 ml de meio e contadas em câmara de Newbauer. As células inviáveis foram excluídas pela coloração com azul de trypan (Sigma Chemical CO., Brasil). Após o ajuste para uma concentração de 5x104 cél/ml, as mesmas foram transferidas para uma placa de 24 orifícios (Ciencor Scientific, Brasil) e cultivadas por 24 horas a 37ºC e 5% de CO2. Posteriormente, as células foram lavadas com meio e, em seguida, parasitos das cepas RH e ME49 de T. gondii foram adicionados separadamente à placas diferentes. Após 3 horas de interação, as células foram lavadas com meio a 10% de SBF para a retirada de parasitos não aderentes e permaneceram por mais 24 horas nas mesmas condições de cultura. Para análise morfológica, células BeWo infectadas ou não foram fixadas em formol 10% em solução salina tamponada (PBS) por 2 horas e em seguida lavadas em PBS e coradas por 5 minutos em solução de Azul de Toluidina (1%) em PBS. 2.4. Imunocitoquímica para detecção de apoptose A análise de apoptose foi realizada através de reações imunocitoquímicas. Células previamente fixadas foram incubadas por oito minutos em solução de ácido acético a 5 % para bloqueio da fosfatase endógena, em seguida lavados em água corrente e em solução salina tamponada com TRIS 0,05 M, pH 7,4, acrescida de 2,5 % de cloreto de Sódio (TBS) por 5 minutos. Para bloqueio de sítios inespecíficos de ligação, as lâminas foram incubadas com soro 3 normal de cabra a 2,5% em TBS por 20 minutos a 37º C; após este bloqueio, foi feita a incubação das células com anticorpo primário M30, em TBS por 12 horas a 4º C. Após sucessivas lavagens em TBS, as células foram incubadas com anticorpo secundário em TBS por uma hora a 37º C. Novas lavagens foram realizadas e a reação foi amplificada pelo complexo avidina/biotina (ABC) - fosfatase (Biomeda, Foster city, USA) na diluição de 1:100 em TBS, a 37º C por 30 minutos. Posteriormente, seguida de sucessivas lavagens, houve a revelação da enzima fosfatase alcalina com fast red – naftol (Sigma, St. Louis, USA), em tampão TRIS, lavagens em TBS e água corrente e contra – coloração com hematoxilina de Meyer, por 8 minutos à temperatura ambiente. Após a diferenciação do corante em água amoniacal, as lamínulas foram montadas em lâminas em glicerina e o material analisado e fotografado em microscópio de luz Nikon, modelo Optiphot –2. Como controle da reação foi feita a incubação de uma lâmina com soro normal de coelho como anticorpo primário. 2.5. Análise de incidência de apoptose As células foram quantificadas quanto à porcentagem de células apoptóticas a cada 100 células examinadas, infectadas ou não (índice de apoptose). Analisou-se também a porcentagem (índice) de células apoptóticas com parasitos intracelulares e de células saudáveis com parasitos intracelulares a cada 100 células infectadas examinadas. 2.6. Análise Estatística Em todos os experimentos quantitativos, os dados foram expressos como média desvio padrão (SD) e as diferenças estatísticas entre os grupos foram determinadas usando teste ANOVA, pós teste de Bonferroni (Graph Pad Software, v. 4.0, San Diego, USA). Diferenças foram consideradas estatisticamente significantes quando P 0,05. 3. RESULTADOS 3.1. Análise morfológica Figura 1: Células BeWo infectadas com Toxoplasma gondii, cepa RH, na proporção 5:1 (5 parasitos por célula), contendo vacúolos parasitóforos com taquizoítas em seu interior (seta). 417X. Revelação com Fast-Red Naphtol, contracorado com hematoxilina de Meyer. 3.2. Ensaios para análise de apoptose 4 Figura 2: Imunomarcações de apoptose (*) em células BeWo não infectadas. 417X. Revelação com Fast-Red Naphtol, contracorado com hematoxilina de Meyer. Figura 3: Imunomarcações de apoptose (seta) em células BeWo infectadas com cepa RH (a) e ME49 (b) de Toxoplasma gondii. 417X. Revelação com Fast-Red Naphtol, contracorado com hematoxilina de Meyer. 10 Figura 4: Imunomarcações de apoptose (seta) em células BeWo infectadas com T. gondii por 24 horas (a) e 36 horas (b). Revelação com Fast-Red Naphtol, contracorado com hematoxilina de Meyer. Células BeWo infectadas com T. gondii por 24 horas Índice de apoptose (%) 50 Controle Infectado 40 * 30 * 20 10 0 Cepa RH Cepa ME49 Figura 5 : Gráfico representativo da variação do índice de apoptose (eixo y) segundo infecção com diferentes tipos de cepa (eixo x) no tempo de 24 horas. Diferenças estatísticas entre grupos controle e infectado ( ) e entre os dois grupos infectados - RH versus ME49 - ( ). * 4 Células BeWo infectadas com T. gondii por 36 horas Índice de apoptose (%) 50 Controle Infectado 40 30 * * 20 10 0 Cepa RH Cepa ME49 Índice de células apoptóticas com parasitos intracelulares (%) Figura 6 : Gráfico representativo da variação do índice de apoptose (eixo y) segundo infecção com diferentes tipos de cepa (eixo x) no tempo de 36 horas. Diferenças estatísticas entre grupos controle e infectado ( * ) e entre os dois grupos infectados - RH versus ME49 - ( ). Células BeWo infectadas com T. gondii (5 parasitos por célula) 50 Cepa ME49 Cepa RH 40 30 20 * * 10 0 24 horas 36 horas Figura 7: Gráfico representativo do índice de células apoptóticas com parasitos intracelulares (eixo y) segundo dois tempos de infecção - 24 e 36 horas (eixo x). Diferenças estatisticamente significativas entre cepas ( * ) e entre a cepa ME49 em ambos os tempos ( ) . 6 4. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO A partir da análise morfológica de células BeWo infectadas com Toxoplasma gondii, foi possível observar a ocorrência de vacúolos parasitóforos no interior das mesmas. Os taquizoítas, tanto da cepa RH quanto da cepa ME49, entram nas células hospedeiras por penetração ativa e são mantidos dentro do vacúolo parasitóforo, o qual os protege contra mecanismos de defesa da célula hospedeira (DUBEY, 2004). Neste trabalho, também analisou-se a incidência de apoptose em células não infectadas e infectadas por Toxoplasma gondii. Corroborando com os dados de Levy e Nelson (2000), que observaram que a apoptose é um processo que se faz presente em células trofoblásticas, objetivando a renovação das mesmas, o trabalho demonstrou que tanto em células BeWo infectadas quanto não-infectadas, houve imunomarcações de células em apoptose. Células BeWo infectadas tanto com cepa de baixa virulência ME49 quanto com cepa RH de alta virulência apresentaram índices de apoptose mais elevados do que células não infectadas, independente do tempo de infecção. Além disso, assim como demonstrado em estudos in vivo, o trabalho mostrou que apesar de ambas as cepas (RH e ME49) possuírem capacidade de induzir apoptose, o processo apoptótico ocorre com maior freqüência em infecções pela cepa RH, fato este, que pode estar associado aos níveis de citocinas liberadas após a infecção por cepas de alta virulência de Toxoplasma gondii (GAVRILESCU; DENKERS, 2003). Comparando os resultados do presente estudo com os dados demonstrados no trabalho de Angeloni (2009) verifica-se que a cepa ME49 mantém o padrão de resposta nos tempos que variam entre 2 e 36 horas. Como demonstrado em ambos os trabalhos, o índice de apoptose em células infectadas com esse tipo de cepa foi maior do que nos grupos controle. Isto pode estar relacionado a algum mecanismo protetor que a cepa ME49 apresenta, visto que estudos demonstraram que a indução de apoptose pelo parasito possa ter um efeito protetor para o hospedeiro, pois o aumento nos índices de apoptose pode significar diminuição da parasitemia e, consequentemente, dos níveis de citocinas pro-inflamatórias liberadas. Comparando os resultados desse estudo com aqueles apresentados por Angeloni (2009) verifica-se que o padrão de resposta referente à infecção com cepa virulenta RH foi diferente no decorrer dos tempos de infecção. Nos tempos iniciais de infecção (2, 6 e 12 horas) verifica-se que o índice de apoptose nas células infectadas é significativamente menor do que nos grupos controle, sugerindo que o parasito possui algum tipo de mecanismo capaz de interferir na resposta imune de modo a bloquear o processo apoptótico. Já nos tempos de infecção de 24 e 36 horas o índice de apoptose nas células infectadas é superior ao do grupo controle, sugerindo que após certo tempo o parasito pode não ser mais capaz de promover respostas que bloqueiam a apoptose. O índice de apoptose em células infectadas com cepa virulenta RH diminui significativamente no tempo de 36 horas quando comparado à 24 horas de infecção. Isto demonstra que o padrão de resposta perante infecção com cepa virulenta de Toxoplasma gondii é mais variável, visto que nas primeiras horas de infecção (2, 6 e 12 horas) o parasito é capaz de promover respostas que inibem o processo apoptótico, e após altos níveis de apoptose verificados no tempo de 24 horas de infecção ele volta a inibi-la, como pode ser visto com 36 horas de infecção. Assim, verifica-se que a ocorrência e a intensidade de apoptose está intimamente ligada à virulência do parasito e com o tempo de infecção pelo mesmo, de modo que esse processo de morte celular programada pode ser induzido ou bloqueado segunda a atuação de Toxoplasma gondii, o que torna-se ainda mais determinante em casos de infecção congênita, um sério problema de saúde pública. 8 5. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerias (FAPEMIG) pela bolsa de Iniciação Científica concedida a primeira autora. 6. REFERÊNCIAS ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H. Cellular and Molecular Immunology, 5nd ed. Elsevier Saunders, San Francisco, p. 227 – 231, 2005. ANGELONI, M. B. Apoptose e proliferação celular em células trofoblásticas (linhagem BeWo) estão relacionadas ao tipo de cepa nos estágios iniciais da infecção por Toxoplasma gondii, 81f. Dissertação (Mestrado) apresentado no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Uberlândia, 2009. DEBIERRE-GROCKIEGO, F.; HIPPE, D.; SCHWARZ, R. T.; CARSTEN, G.; LUDER, K. Toxoplasma gondii glycosylphosphatidylinositols are not involved in T. gondii-induced host cell survival. Apoptosis, v. 12, n. 4, p. 781-790, Apr., 2007. DENKERS, E. Y.; GAZZINELLI, R. T. Regulation and function of T-cell-mediated immunity during Toxoplasma gondii infection. Clin Microbiol, v. 11, n. 4, p. 569 – 588, Out., 1998. DUBEY, J. P.; Toxoplasmosis – a waterborne zoonosis. Veterinary Parasitology, v. 126, p. 57-72, Dec., 2004. ENTRICAN, G. Immune regulation during pregnancy and host-pathogen interactions in infectious abortion. J. Comp. Path., v. 126, n. 2 – 3, p. 79 – 94, Fev – Abr., 2002. FILISETTI, D.; CANDOLFI, E. Immune response to Toxoplasma gondii. Ann Inst Super Sanita., v. 40, n. 1, p. 71 – 80, 2004. GRAVILESCU, L. C.; DENKERS, E. Y. 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TENTER, A.M; HECKEROTH, A.R; WEISS, L.M. Toxoplasma gondii: from animals to humans. Int J Parasitol, v. 30, n. 12, p. 1217-58, Nov., 2000. MODULATION OF APOPTOSIS BY Toxoplasma gondii IN TROFOBLASTIC CELLS Andressa da Silva Castro Laboratory of Histology and Embryology, Institute of Biomedical Sciences, Universidade Federal de Uberlândia. Avenue Pará, Umuarama, Uberlândia – MG. [email protected] Mariana Bodini Angeloni Laboratory of Histology and Embryology, Institute of Biomedical Sciences, Universidade Federal de Uberlândia. Avenue Pará, Umuarama, Uberlândia – MG. José Roberto Mineo Laboratory of Imunoparasitology, Institute of Biomedical Sciences, Universidade Federal de Uberlândia. Avenue Pará, 1720 Umuarama, Uberlândia – MG. Eloisa Amália Vieira Ferro Laboratory of Histology and Embryology, Institute of Biomedical Sciences, Universidade Federal de Uberlândia. Avenue Pará, Umuarama, Uberlândia – MG. Abstract: Toxoplasma. gondii is an obligatory intracellular parasite, that causes serious damage to the health, mainly in those immunocompromised patients and in cases of congenital toxoplasmosis. The parasite has strategies that manipulate the immune system of the host in order to overcome his defense mechanisms that leads to chronic infection cases. Exists in 3 different strains, determined by the virulence degree, which are type I or high virulence and type II and III, also known as low-virulence strains. Since the type strain interferes with the modulation of the immune system of the host, this study analised how trophoblastic cells, BeWo line, reacted to infection with strains of high virulence (HR) and low virulence (ME49). Two time points of infection were analyzed: 24 and 36 hours and it was shown that in infected cells the index was higher than non-infected ones, and that cells infected with the high virulence strain had higher rates of apoptosis. The work thus shows that the parasite is able to modulate apoptotic pathways and this modulation varies between types of strains, and time of infection. Key-words: apoptosis, trophoblastic cells, Toxoplasma gondii 10