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RFID
por Tede A. J. Belinelo
(dezembro 2005)
RFID é a sigla para Radio Frequency Identification ou IDentificação por RadioFreqüência e é a
tecnologia que, entre outras aplicações, promete substituir as atuais etiquetas e leitores de código
de barras.
Proporcionando melhorias nos controles de toda escala produtiva e de distribuição, desde a
fabricação até o caixa, e gerando conseqüente redução de custos com segurança, flexibilidade e
agilidade, as tecnologias RFID têm um apelo claro.
O avanço obtido pode ser notado em duas características básicas:
A primeira reside no fato das etiquetas RFID serem equipadas com um chip que pode armazenar
uma quantidade bem superior de informações quando comparadas às atuais etiquetas de código de
barras, possibilitando a identificação única e individualizada de um produto, além de conter dados
adicionais, como datas de fabricação e validade, número do lote, país de origem, etc.
A segunda é que as etiquetas RFID, por funcionarem com emissões de ondas de rádio, podem ser
lidas em movimento e a uma relativa distância, automatizando e elevando a funcionalidade do
sistema.
Estas características possibilitam que um produto possa ser localizado e rastreado individualmente
até a venda ao consumidor final (e talvez além), fornecendo informações valiosas aos fabricantes.
Como a mudança de tecnologia exigirá também uma mudança da infra-estrutura de suporte
(receptores, aplicações, bancos de dados, etc.), estima-se que a RFID conviverá por um bom tempo
ainda com os atuais códigos de barras.
Grandes cadeias varejistas, que obtêm uma relação custo x benefício palpável com o uso da RFID e
têm grande poder de pressão em seus fornecedores, já iniciaram a transição.
Este movimento deve gerar escala para a redução de preços, permitindo que no futuro a migração
seja mais simples, rápida e barata para pequenas e médias empresas.
Órgãos como International Standards Organization (ISO) e EPCglobal, trabalham para estabelecer
padrões para a utilização da RFID e já publicaram algumas normas.
Mas para que seja possível rastrear produtos por toda a cadeia produtiva e centros de distribuição
em tempos de economia globalizada, será necessário também que sejam estabelecidos padrões
internacionais sobre as faixas de freqüência de comunicação que deverão ser utilizadas, bem como
padrões de interoperabilidade para os dispositivos de comunicação e compatibilidade para os
aplicativos de suporte.
Vencidos estes obstáculos, a adoção em larga escala da tecnologia RFID se propõe a facilitar a vida
das pessoas.
No supermercado, por exemplo, bastará passar o carrinho de compras pela baia e todo o conteúdo
será informado ao receptor RFID, permitindo a totalização das compras automaticamente e sem
precisar retirá-las do carrinho.
A RFID permitirá também que os fabricantes mantenham prateleiras inteligentes nos pontos de
venda, monitorando o consumo e a necessidade de reposição das mercadorias.
Se as etiquetas RFID não forem desabilitadas assim que passarem pelo caixa, poderemos imaginar
também que geladeiras com leitores RFID possam nos informar sobre a validade dos produtos
armazenados e preparar listas de compras com base em quantidades previamente definidas.
Existem outras áreas utilizando as características da RFID e expandindo suas aplicações.
Já estão funcionando sistemas de pedágio nas estradas que operam com dispositivos RFID instalados
nos veículos e que são lidos a distância, registrando os dados do veículo para faturamento posterior.
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Existem também os sistemas de pulseira nas maternidades que além de armazenar todos os dados
do bebê, armazenam também os dados dos pais e possibilitam a implementação de recursos de
segurança contra o rapto, por exemplo.
Animais recebem implantes sob a pele para possibilitar a devolução aos seus proprietários e
executivos fazem o mesmo para o caso de seqüestros.
A FIFA realizou testes no Campeonato Mundial Sub-17 e no Campeonato Mundial de Clubes, com a
chamada “bola inteligente”, com o intuito de acabar com as dúvidas sobre a bola ter ou não
cruzado totalmente a linha do gol.
Os resultados foram considerados positivos, mas a novidade foi deixada de fora da Copa da
Alemanha de 2006, pois segundo declarações, espera-se que o sistema seja avaliado com maior
profundidade para que forneça precisão e confiabilidade absoluta.
Por outro lado, sabe-se que o futebol é um esporte onde muitos são resistentes à utilização da
tecnologia como ferramenta oficial para a resolução de dúvidas, sob o pretexto de que a exatidão
da tecnologia conflitaria com a paixão que resulta exatamente da imprecisão, do erro humano e da
polêmica gerada.
De qualquer forma a RFID estará presente nos ingressos da Copa de 2006 com a finalidade de
estabelecer controles automatizados para o público, fornecer dados para a segurança, evitar a
falsificação dos ingressos e dificultar o mercado negro, visto que os ingressos serão vendidos de
forma personalizada.
Cabe também alertar para os prováveis incômodos que a utilização da RFID pode ocasionar e, talvez
o maior deles, resida na invasão de privacidade.
Isto porque em teoria, qualquer dispositivo de comunicação RFID pode ler as etiquetas que
estiverem ativas (não desabilitadas), sem nossa aprovação ou conhecimento.
Imaginem uma pessoa saindo do shopping com as compras de Natal e tendo todos os pacotes
informando seu conteúdo para quem tiver um dispositivo de comunicação RFID, possibilitando que
ladrões procurem por vítimas com pertences mais valiosos ou até mesmo por um determinado item.
Esta exposição dos nossos pertences, produtos adquiridos e hábitos de consumo constituem
claramente uma invasão de privacidade e deve-se levar em conta a adoção de dispositivos para
assegurar a privacidade das pessoas.
Um grande debate está acontecendo porque o governo dos EUA, entre outros, está propondo a
adoção da tecnologia RFID nos futuros passaportes.
Certamente isso dificultaria a falsificação e habilitaria controles mais automatizados nas
alfândegas, mas também possibilitaria o seqüestro de cidadãos provenientes de países considerados
ricos ou mesmo a discriminação de outros provenientes de países tidos como “problemáticos”.
Já existem iniciativas para a aplicação de criptografia nas etiquetas RFID para que somente
dispositivos autorizados possam ter acesso às informações contidas nas mesmas, na tentativa de
preservar a privacidade dos usuários.
Toda esta discussão é necessária, mas a experiência confirma que apenas estaremos enxergando a
ponta do iceberg.
Toda nova tecnologia adotada traz consigo uma mudança de hábitos e novas vulnerabilidades e
ameaças que devem constantemente ser monitoradas e analisadas.
A tecnologia RFID trará muitos benefícios para o nosso cotidiano, apenas é necessário que todos
saibam quais suas implicações e custos embutidos.
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