UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE
DEPARTAMENTO DE ESPORTE
Regulamentação e Desenvolvimento das Escolas de Surfe no Brasil
Thiago Ferrão de Souza
SÃO PAULO
2003
Regulamentação e Desenvolvimento das Escolas de Surfe no Brasil
THIAGO FERRÃO DE SOUZA
Monografia apresentada ao Departamento de
Esporte da Escola de Educação Física e Esporte
da Universidade de São Paulo como requisito
parcial para a obtenção do grau de Bacharel em
Esporte
ORIENTADOR: PROF. MS. FLÁVIA DA CUNHA BASTOS
SUMÁRIO
Página
Resumo
i
1.
INTRODUÇÃO
5
2.
DESENVOLVIMENTO
6
1.
Histórico do surfe
7
2.
O surfe no Brasil
10
.2
Dados do surfe e seu mercado consumidor
12
.3
Escolas de esportes – uma abordagem educacional
14
2.4
As escolas de surfe no Brasil
17
.1
Material básico para prática do surfe
19
.2
Variáveis naturais envolvidas
22
.5
Formação e funções dos técnicos e instrutores de surfe
26
.6
Relação faixa etária x desenvolvimento motor
28
.7
Capacidades envolvidas no processo ensino-aprendizagem-treinamento
32
.8
Metodologia de ensino - iniciação e fases de aprendizagem no surfe
43
.9
Regulamentação e órgãos responsáveis
49
3
CONCLUSÃO
51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
53
ANEXOS
56
RESUMO
Regulamentação e Desenvolvimento das Escolas de Surfe no Brasil
AUTOR: Thiago Ferrão de Souza
ORIENTADOR: PROF. MS. FLÁVIA DA CUNHA BASTOS
Neste trabalho é possível encontrar diversos autores que trazem informações sobre a
prática do surfe, propostas de ensino e regulamentação das escolas de surfe do país, tendo
como modelo as escolas de esportes e as capacidades e processos de desenvolvimento que
devem ser aplicados de acordo com a modalidade. Tendo em vista o desenvolvimento que o
surfe tem alcançado, o número de escolas de surfe existentes também cresceu muito. Porém
esse crescimento não foi de maneira padronizada, controlada, surgindo assim inúmeros locais
sem qualificação, que passam a oferecer a aprendizagem sem a devida capacitação e padrões
de qualidade colocando em risco a segurança dos clientes e a imagem do esporte perante a
sociedade. Por ser um dos esportes mais praticados no Brasil e com um litoral de mais de
8.000 quilômetros, é essencial que sejam estabelecidos critérios de regulamentação seguindo
as normas esportivas e as propostas de ensino da modalidade. Para conhecermos melhor o que
existe atualmente sobre o tema em anexo segue uma proposta de questionário a ser aplicada
nas principais escolas de surfe do eixo buscando informações com os alunos e instrutores
sobre suas expectativas, formação e resultados do trabalho.Com isso saberemos as diferentes
formas de ensino que vem sendo aplicadas e compará-las com as referências bibliográficas
sobre o tema. Espero contribuir para o desenvolvimento da modalidade garantindo qualidade
e segurança aos surfistas, clientes e simpatizantes do esporte em questão.
5
1.
INTRODUÇÃO
Buscou-se analisar os aspectos que envolvem a modalidade surf desde seus equipamentos
até as diferentes propostas de ensino da modalidade.
Algumas referências bibliográficas
existentes sobre o tema mostram ser essencial montar um programa ou projeto adequado para
iniciar e desenvolver uma escola de surfe, garantindo uma evolução eficiente com qualidade e
segurança de seus freqüentadores.
Pelo histórico das escolas e informações existentes, atualmente acredita-se que são poucas
as que oferecem um padrão de qualidade e segurança adequados. Vemos uma maioria de
pessoas interessadas num filão de mercado criado pelo grande desenvolvimento do esporte, e
uma baixa preocupação com os profissionais responsáveis. Com isso, aparecem diversas
escolas pelo país sem o menor critério ou padrão para zelar pela segurança e satisfação dos
clientes.
A iniciação da modalidade deve conter elementos que justifiquem o formato e o porque ela
deve ser ensinada de tal maneira. Pode-se traçar uma relação direta entre a aprendizagem, as
capacidades e a faixa etária que será trabalhada, fortalecendo os diferentes aspectos inerentes a
cada grupo que tiver interesse na prática do surfe.
Por ser praticada em ambiente aberto, a modalidade é influenciada por três variáveis
importantes o surfista, a onda e a prancha. Com isso temos uma atividade que envolve uma
resposta motora complexa com preocupação do surfista em se equilibrar sobre a prancha,
enquanto deve acompanhar todo movimento que a onda faz diante dele e se adaptar as
variações imprevisíveis.
6
Com instrução, equipamento e métodos corretos os novos praticantes terão segurança para
iniciarem no surfe e ainda podem otimizar seus resultados, progredindo rapidamente dentro da
água. De maneira correta o surfe pode ser muito bem aproveitado. O contato com a natureza e
as ondas torna a modalidade fascinante, motivando internamente o praticante e
proporcionando uma experiência única no aspecto físico, motor e social.
2.
DESENVOLVIMENTO
Na realidade enquanto proeza física fundamental, fazer surfe numa onda é uma
conjunção fenomenal de forças; sua matemática é profundamente complexa. No entanto
enquanto expressão do relacionamento essencial entre homem e a natureza, o surf é único na
sua clareza. E enquanto metáfora de vida e qualquer coisa que a vida nos atira, não tem
paralelo. A vida é uma onda, Albert Einstein o disse. A pureza elementar desse encontro
explica bem o atrativo quase universal do surf. (KAMPION & BROWN, 1998)
As pessoas estão cada vez mais descobrindo as potencialidades desse esporte (o surfe),
que hoje é abordado sob vários aspectos: competitivo, recreacional e terapêutico. O advento
das escolas radicais proporcionou o acesso de pessoas que admiravam o esporte mas não
tinham coragem de aderir a ele. (SEMES, 1997)
Com isso torna-se necessário conhecer todos os aspectos relacionados à
regulamentação e desenvolvimento das escolas de surfe no Brasil, buscando aumentar os
conhecimentos na área e criar novos trabalhos sobre o tema.
7
2.1.1
Histórico do Surfe
Diversos autores estudam o início da prática do surfe pelo mundo, e dentre muitas
hipóteses o surfe apresenta dois momentos distintos, o período inicial marcado pelos peruanos,
polinésios e havaianos e o outro pelo seu redescobrimento e sua prática a partir de 1900, por
diversos cidadãos do mundo.
O culto do surfe nasceu num passado distante irrecuperável – ninguém sabe onde ou
como, ao certo. Talvez a resposta esteja no DNA dos habitantes costeiros da África Ocidental
ou do Peru, onde os dois maiores poderes naturais adorados eram o arco íris e as ondas. Está
com certeza profundamente enraizada na essência da cultura havaiana. (KAMPION &
BROWN, 1998)
Embora possa parecer um esporte novo, o surfe apresenta uma história bem antiga. Há
milhares de anos atrás pequenos grupos populacionais, dentre as mais antigas civilizações do
planeta, procurando um local para se estabelecerem, escolheram como residência regiões
banhadas por mares bravios, de clima tropical e alimentação abundante. (GUTENBERG,1989)
De acordo com KAMPION & BROWN (1998), o primeiro relato de indivíduos que
deslizavam sobre as ondas aconteceu no Peru, onde a população litorânea tinha hábitos ligados
ao mar e sempre no retorno de suas pescarias voltavam à praia com seus “cabalos de totora”
deslizando sobre as ondas.
Segundo a lenda uma frota exausta, mas determinada, saiu da vasta região selvagem do
sul para tocar terra diretamente na ponta mais a sul do arquipélago havaiano, as ilhas mais
8
remotas da face da terra (KAMPION & BROWN, 1998).Com espírito aventureiro, e seguindo
a rota dos ventos e correntes os peruanos acabaram aportando em diversas ilhas, entre elas o
Havaí, e desenvolvendo uma nova cultura local, com costumes voltados ao mar e as ondas.
Esses primeiros imigrantes do Pacífico foram os polinésios. Ainda que de origem
duvidosa, existem teorias que os apontam como descendentes dos índios peruanos que
viajavam pelas correntes daquele oceano. O que se pode afirmar sobre este povo é que foram
grandes marinheiros, exímios pescadores e mergulhadores além de construtores habilidosos de
barcos com complementos de grande estabilidade (GUTENBERG,1998)
A necessidade de trabalhar e viver do mar impelia os nativos de navegarem sob quaisquer
condições, quando o mar estivesse calmo ou mesmo cheio de ondas. Não se sabe exatamente
quando que o trabalho tornou-se lazer. A verdade é que alguém decidiu que poderia se divertir
sobre tábuas de madeira em cima de ondas. Os escritos mais antigos sobre a atividade - que
anos depois começou a ser chamada de surfe - datam de 400 a 500 D.C. (GUTENBERG,1998)
Em 1778, a frota de navios do capitão James Cook – Capitão da Marinha Real Britânica aportou no arquipélago havaiano descobrindo o surfe. Em seu diário de bordo , o explorador
descreveu cenas de vários indígenas deslizando em alta velocidade sobre ondas, em algum
lugar chamado Waimea Bay. O fato dos indígenas praticarem o esporte nus provocou
imediato preconceito e condenação de missionários religiosos que tentavam propagar sua fé e
costumes pelo mundo. No afã de conquistar a região, a cobiça do homem branco trouxe as
9
doenças, o subjugo, a miscigenação e a conseqüente dizimação da população nativa e seus
costume, dentre eles o surf. (SEMES,1997)
Depois de um longo período sem relatos do surfe, acontece no final do século XIX o
segundo momento de aparição e desenvolvimento do surfe moderno. O principal responsável
foi o havaiano Duke Paoa Kahanamoku. Grande campeão de natação, quebrou dois recordes
olímpicos e ganhou três medalhas de ouro e duas de prata, participando de quatro olimpíadas.
Integrante da equipe americana Duke tinha fortes traços havaianos e sua cultura nas ilhas lhe
fez continuar surfando durante toda sua vida. Devido a sua fama de atleta olímpico, viajou aos
Estados Unidos a convite do governo, para participar de competições de natação. A partir da
ocasião introduziu o surfe na área continental e na costa leste e oeste americana.
(AJDELSZTAJN & ROBALINHO, 2000)
Com os destaques das competições de natação, medalha de ouro olímpico em 1912 e
1920, foi em 1915 que o nadador havaiano esteve na Austrália, e teve a oportunidade de
mostrar o esporte dos reis que ele praticava em seu país. Na praia de Freshwater , em Sydnei
ele encantou a multidão que acompanhava sua demonstração e plantou a semente do surfe na
Austrália e posteriormente na Europa da mesma maneira.
O surfe é difundido pelo mundo a partir do início do século XX, aparecendo diferentes
matérias e regras mais precisas e objetivas para as competições, apontando uma maior
organização mundial. Atualmente o surfe é praticado em qualquer lugar do mundo que tiver
ondas propícias.
10
A partir da década de 60 e 70 aconteceram as primeiras competições internacionais e foi
fundado nos EUA pelos surfistas Fred Hemmings e Randy Rarick o IPS – International
Professional Surfing – primeiro órgão responsável mundialmente pela estruturação de esporte
em todos níveis de competições. Em 1993, o IPS desapareceu dando lugar a ASP (Association
of Surfing Professional), representando uma nova era de significativa ascenção para o surfe a
nível mundial . (SEMES,1997)
2.1.2
O Surfe no Brasil
Os relatos de surgimento do surfe no Brasil iniciaram-se no final da década de 30, mais
especificamente, em 1938, foi relatada a primeira prancha de surfe no país. Em Santos, litoral
paulista, um jovem chamado Osmar Gonçalves acabava de desenvolver um protótipo de uma
prancha de surf de madeira, tirada de uma revista científica norte americana.
Mais tarde em 1947, Luis Carlos Vital, usando uma tábua de madeira compensada
apelidada de DC-4 (maior avião comercial da época), devido às suas proporções, se
equilibrava nas ondas do Arpoador, no Rio de Janeiro. (GUTENBERG,1989 ; SEMES,1997)
No Rio de Janeiro ocorre outro momento de evolução do surfe no país. Com o números de
vôos internacionais cada vez mais freqüentes, não demorou para que pilotos e simpatizantes
começassem a trazer pranchas de surfe para as praias cariocas. Com isso criou-se um reduto de
jovens que ficavam concentrados na praia de Copacabana, e posteriormente no Arpoador.
11
Em 1964, Peter Troy, australiano e na época professor de Educação Física nos EUA,
apareceu no Arpoador e fez uma exibição de surfe com um estilo de cortar as ondas, até então,
jamais visto pelos brasileiros. Com diversas manobras na superfície da onda Troy
proporcionou novos rumos ao surfe nacional, já que todos queriam aprender novas técnicas
(AJDELSZTAJN & ROBALINHO, 2000).
O primeiro campeonato de surfe no país é datado de 1965 no Rio de Janeiro, que
sagrou campeões como Jorge Bally e Fernanda Guerra – considerada a primeira surfista do
Brasil (GUTENBERG, 1989 ; SEMES,1997).
Em 1966, Fernando Sefton levou o surfe para o Sul do país. E no ano seguinte um
brasileiro participou pela primeira vez de uma competição internacional no Havaí – o Meeting
International Makaha , o surfista chamado Penho (GUTENBERG,1989 ; SEMES,1997).
A partir de 1970 o surfe passou a ser difundido pelo Nordeste e estruturou-se como
esporte, com associações e locais para competições. Surgiu interesse comercial de algumas
empresas que descobriram no esporte uma grande oportunidade de lucros. Os veículos de
comunicação abriram espaço e algumas publicações especializadas circularam a partir de
então. (GUTENBERG, 1989; SEMES, 1997)
Atualmente o surfe brasileiro está bem estruturado, com regras definidas, escolinhas
por todo país e fundamentado em conceitos ecológicos e filosóficos. Começa a organizar-se
como disciplina universitária, coincidentemente com uma nova fase do curso de Educação
Física que visa formar não apenas o professor, mas o profissional de Educação Física e de
12
Esporte, abrindo maiores perspectivas para a profissão que se estendem para as modalidades
esportivas e, neste caso específico para os esportes radicais. (SEMES, 1997)
2.2 Dados do surf e seu mercado consumidor
Parece que o desporto do surf está a crescer em direção a um maior nível de
reconhecimento pelas pessoas, não tão ligadas ao mundo do surf em si, mas as dos negócios,
onde a publicidade é um dos fatores chaves para o êxito.( HAMILTON,B. por KAMPION &
BROWN, 1998)
Segundo uma pesquisa encomendada pela Editora Abril, o Brasil tem 2 milhões de
surfistas e mais um número gigantesco de admiradores, sendo considerado um dos esportes
mais desenvolvidos no país, além disso tal estudo encontrou que o surfe é o segundo esporte
que os homens mais gostam de assistir.
Com a evolução e profissionalização do segmento nas décadas de 80 e 90, a indústria
do surfe proliferou nos mais diversos segmentos. O esporte movimenta os mais variados
negócios oferecendo inúmeras oportunidades profissionais no mercado. A revista Surf &
Beach Show constatou que o faturamento de sua feira anual saltou de 13 milhões em 1993
para 300 milhões em 2001.
Mais de 600 empresas já descobriram que o Brasil é uma das maiores potências do surfe
mundial movimentando 1,2 bilhões de reais /ano. Sendo que o Brasil possui um total de 13 mil
lojas de surfwear e aproximadamente 3 mil empresas relacionadas ao esporte.
13
Hoje marcas especializadas em roupas e acessórios sustentam a base do esporte
promovendo eventos e patrocinando atletas de diversas categorias. Porém diversas outras
empresas ligam a imagem de seus produtos a plasticidade e estilo de vida ligados a
modalidade, montadoras de automóveis, bancos, cartões de crédito, e diversos outros que
vêem no surfe um grupo de grandes consumidores e formadores de opinião em potencial.
A mídia que envolve a modalidade é um dos principais meios de divulgação, que cria
cada vez mais um número maior de praticantes e simpatizantes interessados.
Hoje há revistas de surfe no Japão, Inglaterra Irlanda, África do Sul, França, Espanha,
Canadá, Brasil e ainda muitos outros países. Existem muitos “hotlines” de surf , telefônicas e
na Internet, que fornecem condições atualizadas de ondas em qualquer local onde se queira
surfar. (KAMPION & BROWN, 1998)
O Brasil conta atualmente com seis grandes publicações especializadas, além de uma
infinidade de outros veículos como jornais e informativos que distribuem mensalmente em
média 500.000 exemplares. Existem programas de surfe na TV, e inúmeros sites e programas
de rádio especializados. Além disso, várias ações locais de divulgação e desenvolvimento do
esporte são vistas em todo Brasil.
O surfe tem um crescimento calculado em 10% ao ano desde 2000. O segredo para esse
sucesso talvez sejam os valores ligados ao esporte como liberdade, alegria, emoção, saúde,
juventude e aventura apresentam grande relação com o esporte.
14
Os meios de divulgação trabalham em cima dos principais temas que circundam o
ambiente do surfe. Viagens em busca de ondas perfeitas, campeonatos, qualidade de vida e
contato com a natureza fazem parte das principais matérias desenvolvidas.
Embora a imagem pública de um surfista seja freqüentemente de um vagabundo ou
arruaceiro, algumas pessoas mais eloqüentes e sofisticadas do mundo são surfistas
(KAMPION & BROWN, 1998).
A tendência é que o segmento continue crescendo e o número de escolas e outras ações
ligadas a promoção e desenvolvimento do surfe apareçam com maior freqüência sendo
necessário um número cada vez maior de profissionais auxiliando neste processo. Atualmente
o mercado de surf envolve direta e indiretamente 140.000 pessoas.
A maioria dos países com ligados ao litoral apresentam condições para prática fazendo
com que o surfe esteja se desenvolvendo a nível mundial muito rapidamente.
2.3 Escolas de esportes – uma abordagem educacional
Quando em evidência as escolas de esportes, as atenções são centradas nas
modalidades oferecidas e os custos envolvidos. A minoria das pessoas quando procuram esse
tipo de serviço se preocupam com a estrutura e forma de aplicação da modalidade, porém esse
é um ponto que deve fazer parte da realidade dos estabelecimentos que oferecem iniciação
esportiva. Procurar oferecer a modalidade nas suas mais diferentes formas de expressão,
adaptando aulas e equipamentos para o objetivo final de cada praticante.
15
GRECO & BENDA (1998), colocam em evidência que a estrutura de aplicação está
caracterizada pelas diferentes formas em que o esporte e a atividade física se manifestam:
O esporte de lazer abrange atividades esportivas formais ou informais que o indivíduo
realiza com objetivo de recreação, lazer e ocupação do tempo livre. Portanto o prazer pela
atividade física é seu próprio objetivo.
O esporte de prevenção da saúde é o tipo de atividade física formal ou informal com
objetivo de resguardo da saúde do indivíduo.
O esporte escolar corresponde a uma atividade física formal que é desenvolvida no
âmbito escolar, seja na aula de educação física ou na escolinha de esportes, nos diferentes
momentos do processo de ensino-aprendizagem.
O esporte de recuperação ou reabilitação está definido como o tipo de atividade com
objetivo de melhoria ou recuperação, re - estabelecimento da funcionalidade de órgãos ou
tecidos, após lesões ou intervenções cirúrgicas derivadas ou não da prática esportiva.
O esporte de rendimento está caracterizado pelas manifestações esportivas em que o
resultado, a participação em competições formais, organizadas com caráter periódico e regular
por federações, associações, é importante para o grupo que participa.
As escolas de esportes devem refletir sobre a importância de seguir um modelo com
todos essas manifestações que irão complementar o processo de ensino – aprendizagem e
trazer mais adeptos e interessados na modalidade.
16
Caso as escolas consigam aprimorar seus serviços e oferecer tais manifestações devem
então estar conhecendo todo processo de ensino-aprendizagem-treinamento, proposto por
GRECO & BENDA (1998), que pode se manifestar em dois planos diferentes.
Um plano tem finalidade de propiciar o desenvolvimento das potencialidades expressas
nas diferentes capacidades que compõe o rendimento esportivo. A meta do processo de ensinoaprendizagem-treinamento formal é a aquisição, estabilização e aperfeiçoamento do acervo
motor, aquisição de hábitos motores, obtenção de cultura esportiva, sendo o esporte o meio
instrumental operativo para obter objetivos superiores: o lazer, reabilitação, a profissão no alto
nível de rendimento.
A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (art.2
LDB).
Por outro lado, um segundo plano caracterizado pelo sistema de treinamento esportivo
visando o alto nível de rendimento, ou seja, o esporte como profissão, como meio de vida.
Esta manifestação do esporte visa o resultado e o alto nível de rendimento, portanto um fim
em si mesmo.
No Brasil, e mais especificamente no Estado de São Paulo, a iniciação e a
especialização esportiva são desenvolvidas em grande parte nos clubes esportivos particulares
e em centros esportivos administrados por secretarias municipais. Estas entidades esportivas
17
desempenham um importante papel na iniciação e na continuidade da prática esportiva nas
categorias menores subseqüentes. (ARENA & BOHME; 1998)
Para KISHIMOTO (2001) a construção da proposta pedagógica é o aspecto mais
relevante da dimensão cuidar-educar. Conceber um projeto pedagógico não é tarefa solitária
do profissional, é fruto de trabalho coletivo, de todos os profissionais, equipe da escola,
gestores, pais e comunidade.
As mesmas autoras ARENA & BOHME discutem em relação à quantidade de dias e
horas semanais que as diferentes escolas de esportes (gerais e específicas) desenvolvem os
seus programas, no geral, verificou-se, que todas as entidades esportivas estudadas oferecem
possibilidades de atividades em dois dias por semana com uma carga horária total que varia de
duas a três horas semanais.
Pensar no espaço e sua arquitetura é uma tarefa imprescindível para educação, tanto
no âmbito de educação infantil quanto nos outros níveis de ensino. A organização do espaço
configura o ambiente do contexto educativo, influenciando as relações humanas YOUB
(2001).
2.4 As escolas de Surfe no Brasil
Nos dias de hoje, em que as escolinhas de surfe estão surgindo e se multiplicando
rapidamente, fez-se então relevante a análise do conteúdo das propostas de ensino de surfe
existentes.(AJDELSZTAJN & ROBALINHO, 2000)
18
Atualmente no Brasil, não existe controle inerente às escolas de surfe atuantes. Os
órgãos controladores do esporte como confederação e federações possue vagas idéias da
quantidade de escolas de surfe em cada estado e no país todo. Com isso cria-se um verdadeiro
“mercado negro” onde aqueles que querem compram os equipamentos e começam a
desenvolver as atividades de aulas de surfe.
O convênio assinado entre a Confederação Brasileira de Surf (CBS) e o Confef
( Conselho Federal de Educação Física) mostra que a modalidade está interessada em criar
mecanismos de qualidade junto aos seus profissionais.
Países como Austrália e Estados Unidos diferentemente, oferecem recursos e
treinamento para os interessados no segmento. Critérios de segurança e qualidade de trabalho
são adotados fortalecendo a formação do instrutor e melhorando o rendimento e
desenvolvimento do aluno.
No Brasil o processo parece estar engatinhando, o que fortalece o apoio a produção de
trabalhos voltados ao tema. Atualmente o país possui várias escolas responsáveis pelo ensino e
desenvolvimento da modalidade, praticamente em cada praia que possui ondas surfáveis é
possível encontrar uma escola ou alguém ensinando o surfe.
Não existe qualquer critério quanto à formulação de sistemas de aprendizagem, ou
mesmo da formação dos professores envolvidos. Devido as diferentes oportunidades
profissionais e financeiras de cada região do país, as diferenças encontradas entre as escolas de
surf de diferentes regiões do país são impressionantes. Veja a situação de crianças no Ceará,
19
por exemplo, onde aprendem a modalidade em tábuas de madeira, sem a menor infra estrutura
e mesmo assim é considerado um dos maiores berços de atletas do Brasil.
O país ainda é muito carente em relação a cursos preparatórios e
complementares.Apesar de em quatro ocasiões já terem sido oferecidos cursos de capacitação
para técnicos e instrutores de surf no país a relação de atuantes e certificados ainda é bastante
pequena.
A maioria das escolas vive de recursos próprio, algumas ainda obtêm alguns recursos
de patrocinadores. O governo ainda não se atentou a esse caso, pois poderia estar
desenvolvendo mais um segmento de apoio social as comunidades litorâneas e formando
novos atletas e afastando os jovens de problemas como drogas e violência.
2.4.1 Material básico para prática do surfe
Desde o início de sua prática pelo mundo o surfe sempre possuiu dois equipamentos
básicos: a prancha e a onda. Sem um ou o outro fica inviável sua prática e a modalidade perde
suas características. O surfista deverá ser capaz de controlar seus movimentos de forma que
ganhe velocidade com a prancha sob a onda, sendo necessário se adaptar as diferentes seções
que a onda proporciona a sua frente.
Para fazer ou “shapear” uma prancha é necessário entendê-la como um conjunto de
detalhes muito sutis. Qualquer mudança em sua forma por menor que pareça pode alterar
totalmente o desempenho da mesma (GPFLUIR,2003).
20
A prancha é um material proveniente de um bloco de poliuretano, que é moldado por
um shaper (profissional que faz o design) com inúmeras réguas e instrumentos de medidas.
Tom Blake é considerado como o primeiro shaper ou “surf designer” segundo BRIMNER,
(1997).
Atualmente existem milhares de fábricas de pranchas pelo mundo, e conseqüentemente
milhares de “shapers”.
Todo processo de fabricação de uma prancha sempre foi manual, porém atualmente
existem máquinas especiais criadas para desenvolver o corte da prancha, ou “shape”. No GP
FLUIR (2003) o shape é dividido em seis partes: shape plano, curva, fundo, espessura, bordas
e quilhas, tendo cada uma delas tem influência distinta em diferentes partes da prancha, que
por sua vez tem funções destacadas em momentos específicos da onda.
Após esse processo é aplicada alguma pintura, quando necessário para em seguida ser
feita a laminação. A laminação corresponde a camadas de fibra de vidro recobertas com resina,
que deixarão a prancha impermeável, um processo que requer um bom conhecimento dos
produtos químicos utilizados para que sejam feitas dosagens corretas sob a prancha. Logo após
a colocação de quilhas e a lixa darão o aspecto final do equipamento.
Nas pranchas modernas existem quilhas, e atualmente utilizam-se três quilhas. As
chamadas triquilhas foram desenvolvidas por Simon Anderson em 1981. As quilhas são
colocadas de formas diferentes para cada condição de surfe proporcionando diferentes
performances. As quilhas servem para direcionar a prancha e não deixar que ela deslize de
lado na onda proporcionando para o surfista um maior controle da prancha.
21
Existem diversos tipos de prancha com diferentes particularidades, entre os principais
se destacam:
Long board: o chamado pranchão, possui uma medida igual ou superior e 9.0 ( nove
pés) com bico redondo. Possui uma grande área em contato com a água possibilitando
estabilidade e equilíbrio facilmente.
Fun Board: menor que o longboard, porém com bico redondo. Também oferecem boa
estabilidade, porém mais oportunidades de realizar curvas por serem menores.
Evolution: área do meio larga com bico pontudo, possui um tamanho variado.
A
melhor opção para iniciar nas manobras, o bico pontudo proporciona mais facilidade nas
viradas, afinal é menos área de contato com a água, e sua áreas de meio bem larga fornece
bom equilíbrio.
Pranchinha: são as mais utilizadas, menores e com bico estreito oferecem mais
versatilidade na onda. Requerem um maior equilíbrio pela menor área em contato com a água,
porém proporcionam mais velocidade são fáceis de virar.
Segundo BRIMNER (1997) normalmente os surfistas usam diferentes pranchas para
diferentes tipos de onda. Um surfista iniciante deve procurar por um modelo long board , esse
modelo irá proporcionar maior estabilidade, deixando o equilíbrio mais fácil . O melhor meio
de escolher uma prancha é testar em diferentes modelos, através de aluguel ou escolas de
surfe.
22
Toda prancha deve conter uma cordinha. Uma corda de elástico que é presa na rabeta
da prancha e no tornozelo do surfista. Isso fará com que o surfista não perca a prancha quando
cair da onda. Uma prancha solta pelas ondas pode ser muito perigosa para outros surfistas e
banhistas da praia.
O surfista também precisará de uma parafina. Ela é passada sobre o deck ; parte onde o
surfista fica em pé, para dar melhor tração e aderência do pé com a prancha.
Outra opção de equipamento é a roupa de borracha, utilizada em dias frios ou água fria
para manter a temperatura corporal, aumentando o tempo de prática nessas condições.
2.4.2 Variáveis naturais envolvidas
A Terra é o planeta da água. Cerca de 75 por cento da superfície está coberta com ela,
as calotas polares são enormes massas cristalizadas dela, a Terra tem buracos e veios e dela há
muita água enterrada a nível subterrâneo. Se cavar bem fundo, este líquido sem cheiro, sem
gosto e transparente está por todo lado. (KAMPION & BROWN, 1998)
Do ponto de vista natural, a onda é o principal meio que o surfista se diverte, para
conhecer melhor as ondas o surfista deverá estar ciente das cinco variáveis naturais que
circundam o surfe: ondulação, vento, fundo, maré e a posição geográfica da praia.
O principal formador das ondas é o vento. Quando o vento agita a água, uma onda
começa a se propagar pelo oceano, até chegar à praia e quebrar. Normalmente as ondas se
propagam a partir de fortes tempestades de vento no meio do oceano, as maiores incidências
23
destas tempestades iniciam-se próximas aos pólos e vão se propagando pelo oceano. As frentes
frias são um bom exemplo de tempestade geradora, são elas que geram uma energia no mar
capaz de emitir várias ondas para todos os lados, essas ondas são também chamadas de
ondulação.
Quando uma tempestade de vento se propaga pelo oceano ela passa a interferir
diretamente no clima da região em que se encontra. Na região Sul e Sudeste do Brasil, por
exemplo, temos a maioria das frentes frias provenientes do pólo Sul, com isso os estados mais
ao Sul são os primeiros a receberem a ondulação. Já nas regiões Norte e Nordeste as principais
ondulações que atingem essa costa são provenientes do Pólo Norte. Com o passar dos dias
essa tempestade possui uma tendência em ir subindo ou descendo pela costa e proporcionando
assim a mesma ondulação em outros estados.
Onde a feliz coincidência de variáveis cria uma ondulação de qualidade perfeita num
ambiente acessível e seguro cria-se um lugar de surfe. Estão espalhados pelo mundo milhares
de locais de surfe com enorme variação de tamanho e tipos de onda.(KAMPION & BROWN,
1998)
O vento é o ar em movimento, portanto quanto mais forte for esse fenômeno natural
acredita-se que maior serão as ondulações formadas por ele. Quando estamos na praia
basicamente o vento pode se comportar de duas maneiras distintas que influenciam nas ondas.
O vento maral é aquele que sopra do mar para a terra, normalmente está associado a chegada
de uma ondulação e deixa as ondas mexidas e com má formação. Já o vento terral sopra da
terra para o mar, ele pode deixar as ondas mais lisas e com uma melhor formação.
24
Porém a chegada de um desses tipos de vento e mesmo da ondulação em cada praia
pode ser variável, ou seja, muitas vezes um vento sul pode ser maral numa praia e terral em
outra, a ondulação de sul pode quebrar bem numa praia e não quebrar nada em outra. A esse
processo que se aplica a variável de posicionamento geográfico da praia em relação à costa.
Cada praia possui seu posicionamento que poderá ser muito bom para a prática do surfe em
algumas condições específicas, e muito ruim em outras.
Sempre que uma onda se propaga, ela irá quebrar quando encontrar um fundo mais
raso do que seu tamanho original. Pela diversidade tectônica os fundos das praias no Brasil e
pelo mundo podem apresentar-se de três formas distintas:
Fundo de Areia: o mais comum no país, proporciona ondas quebrando em toda a praia,
pois os bancos de areia estão em constante alteração, sendo assim não existe um lugar definido
onde as ondas quebram.
Fundo de Pedra: normalmente próximo a encosta de morros ou praias de pedras, esses
fundos não se movimentam fazendo com que as ondas possam quebrar praticamente no
mesmo lugar.
Fundo de Coral: como o fundo de pedra, o fundo de coral proporciona ondas perfeitas
que quebram simetricamente no mesmo lugar. O coral é uma substância viva que possui sua
auto defesa, com isso a prática do surf em lugares com essa característica torna-se uma tarefa
para surfistas mais experientes.
25
Em relação ao tipo de fundo existe uma variável crucial que influenciará a prática,
principalmente nos fundos de pedra e coral. A maré é um importante fenômeno natural que
interfere nas ondas, fazendo com que existam diferenças absurdas nas ondas durante a maré
cheia e a maré seca. Muitas vezes fundos de pedra e coral na maré seca expõem para fora da
superfície a bancada na qual a onda quebra, fazendo com que a pratica seja possível apenas na
maré cheia.
A maré certa, a ondulação certa, uma brisa vinda da direção correta podem transformar
um local de surfe rapidamente proporcionando ondas tão refinadas e tão perfeitas que seu
desenrolar parece poesia aos nossos olhos.(KAMPION & BROWN, 1998)
Imaginando que a ondulação de propaga em todos os lados é fácil raciocinar que os
estados da Bahia para o Sul possuem a tendência a receberem mais ondulações de Sul, porém
quando ocorre o deslocamento da tempestade subindo a costa a ondulação vai virando,
podendo sofrer uma influência de Sudeste e podendo atingir a costa até proveniente da parte
Leste. Exemplo: uma ondulação de Sul que chega a Santa Catarina na segunda, poderá nem
estar atingindo ainda o litoral paulista. Porém, talvez, na quarta feira a ondulação de Sul atinja
o litoral da São Paulo, enquanto que Santa Catarina já está sendo atingida pela mesma
ondulação só que de Sudeste. Na quinta, talvez Santa Catarina já esteja recebendo a ondulação
de Leste, enquanto que São Paulo poderá começar a ter alguma influência de Sudeste e o Rio
de Janeiro comece a receber a ondulação de Sul. Ou seja, existe uma relação direta entre a
propagação da frente fria e da ondulação com a posição geográfica da costa brasileira.
26
Uma onda pode quebrar de duas maneiras cavada ou gorda. Uma onda cavada é aquela
que ao quebrar forma um tubo, são ondas mais rápidas e exigem mais do surfista. As ondas
gordas quebram mais devagar, sem formar tudos. Elas vão desmanchando, quebrando
lentamente e são mais fáceis de surfar ( BRIMNER, 1997).
Para os iniciantes são recomendadas as ondas gordas e pequenas, pois são mais lentas e
proporcionam mais tempo para o aluno realizar o movimento de ficar de pé. (HAYS, 1959)
2.5 Formação e funções dos técnicos e instrutores de surfe
Os técnicos e instrutores de surf devem estar capacitados em cursos de graduação na
área de educação física. O acordo feito entre CBS e CONFEF zela para que ações, atividades,
competições, cursos e eventos que a CBS promova, venha a participar ou apoiar , seja a que
título for, esteja em consonância com a nova sistemática legal regulamentar da Profissão de
Educação Física, fazendo com que os profissionais das áreas de atividades físicas, bem como
pessoas jurídicas, empresas prestadoras de serviços nas mais diversas áreas sejam
obrigatoriamente inscritas no sistema CONFEFE / CFREF’s .
A formação profissional é algo que se complementa ao longo da carreira e, que
principalmente na profissão de professor, está sempre em crescimento (RANGEL-BETTI,
2001)
27
Em seu estudo com 15 entidades esportivas da Grande São Paulo, ARENA & BOHME
(1998), verificaram que todos os profissionais envolvidos nas diferentes escolas (gerais e
específicas), assim como os envolvidos na continuidade no treinamento participativo e
competitivo, são professores de Educação Física.
Ao falarmos de formação de professores não podemos correr o risco de vermos nas
escolas de hoje a simples “degeneração” da escola de 30 ou 40 anos atrás. Trata-se na verdade
de uma outra instituição social que exige de nossa sociedade o formulação de diretrizes e
políticas públicas capazes de enfrentar um desafio até agora sem precedentes na história de
educação brasileira. (CARVALHO, 2001)
O instrutor de surfe deve ser capaz de diferenciar os métodos necessários para o ensino
e aprendizagem dos alunos nas mais variadas faixas etárias, desde a iniciação até o
treinamento.
A formação dos dirigentes, monitores, professores e técnicos e outros intervenientes na
organização esportiva responsável pelos jovens, é necessariamente mais exigente do que
aquela que se pede no esporte adulto. (ARENA & BOHME, 1998)
Existem alguns cursos com conteúdo específico de treinamento e métodos de aula
oferecidos a interessados em trabalhar com o surfe, porém nenhum deles oferece uma
formação como a graduação em cursos de Educação Física e Esporte.
RANGEL-BETTI (2001) resume alguns autores sobre os saberes relatando existir os
saberes adquiridos antes do ingresso nos cursos de formação profissional, os saberes de
28
conteúdos curriculares ( específico das disciplinas) e da docência (pedagógicos / didáticos), e
o saber da experiência vivenciada pelo exercício prático da profissão.
Uma formação esportiva iniciada nos primeiros níveis de escolaridade, em
concordância com a escola, desenvolvida por professores de Educação Física preparados, e
tendo como principal objetivo o desenvolvimento global e harmonioso da criança, o respeito à
individualidade biológica, o conhecimento das particularidades de cada modalidade esportiva,
se constituem pressupostos imprescindíveis não apenas para o desenvolvimento ideal como
também para a criação de condições ótimas para o rendimento e alto nível (ARENA &
BOHME, 1998).
2.6 Relação faixa etária x desenvolvimento motor
Quando um profissional da área de educação física e esporte se depara com o desafio
de ensinar ou desenvolver uma atividade física com determinado grupo, este deverá estar apto
a conhecer a relação direta existente entre as diferentes faixas etárias e seu desenvolvimento
motor.
Será através deste conhecimento que o profissional poderá otimizar resultados e
adequar cada sessão de aula para os objetivos específicos de cada grupo ASTRAND (1992).
enfatiza que crianças, tanto funcional como estruturalmente, não são semelhantes aos adultos.
TOURINHO & FILHO (1998) afirma que a principal característica no processo da
vida é a mudança. Já ARAÚJO (1985) ressalta que por pertencer a esse macro sistema o ser
humano não foge a regra passando no decorrer de sua vida por várias etapas, como ovo,
29
embrião, recém- nascido, criança, adolescente, adulto e idoso. Cabe então ao profissional,
conhecer as principais características de cada grupo e aplicá-las no seu tempo e forma correta.
No processo da vida, cada ser humano participa do processo de crescimento,
desenvolvimento e maturação, evoluindo ou perdendo determinadas características em cada
um de seus ciclos.
Segundo ARAÚJO (1985) o crescimento pode ser definido como as mudanças normais
na quantidade de substância viva. Já GALLAHUE (1989) define crescimento como o aumento
na estrutura corporal realizado pela multiplicação ou aumento das células.
O desenvolvimento é visto por BARBANTI (1994) , como um processo de mudanças
graduais de um nível simples para um mais complexo, dos aspectos físico, mental e emocional
pelo qual todo ser humano passa desde a concepção até a morte. GALLAHUE (1989)
concorda, classificando o desenvolvimento como um processo contínuo de mudanças no
organismo humano que se inicia na concepção e de estende até a morte.
Já a maturação significa pleno desenvolvimento, a estabilização do estado adulto
efetuada pelo crescimento e desenvolvimento ( ARAÚJO, 1985). Para GALLAHUE (1989),
maturação refere-se às mudanças qualitativas que capacitam o organismo a progredir para
níveis mais altos de funcionamento, e que vista sob uma perspectiva biológica é
fundamentalmente inata, ou seja, é geneticamente determinada e resistente a influência do
meio ambiente.
30
Tais conceitos são de fundamental importância para determinar a forma e tipo de
programa que será aplicado em aula. O público infantil e jovem,
é o potencial ativo nas
escolas de surf do país, cabendo então os conceitos de idade cronológica e idade biológica.
Segundo TOURINHO & FILHO (1998) a idade cronológica é a idade determinada
pela diferença entre um dado dia e o dia do nascimento do indivíduo, enquanto que a idade
biológica, corresponde à idade determinada pelo nível de maturação dos diversos órgãos que
compõem o homem. GALLAHUE (1989) apresenta a seguinte classificação para idade
cronológica: vida pré-natal (concepção a oito semanas de nascimento) , primeira infância ( um
mês a 24 meses do nascimento); segunda infância ( 24 meses a 10 anos) adoslecência ( 10-11
anos a 20 anos); adulto jovem (20 a 40 anos); adulto de meia idade (40 a 60 anos) e adulto
mais velho ( acima de 60 anos).
E em relação a idade biológica, ARAÚJO(1985) divide basicamente em três grupos :
pré púbere, púbere e pós púbere. Neste caso os conceitos utilizados para determinação são: a
maturação esquelética e o desenvolvimento das características sexuais.
Levando em consideração a diferença dos níveis de desenvolvimento e maturação nas
diferentes idades, sejam cronológica ou biológica, chegamos num ponto onde cada um deve
traçar a relação direta entre a idade do aluno freqüentador das aulas de surf e as tarefas
motoras que serão aplicadas.
Quanto às atividades esportivas promovidas para crianças, ARENA & BOHME (1998)
consideraram que os estabelecimentos envolvidos conheçam a importância do trabalho
multilateral sobre a preparação especializada, nas idades propostas pela literatura; promover
31
atividades que visam aspectos coordenativos , com variações nos tipos de movimento e
exercícios, com preponderância do desenvolvimento das técnicas da modalidade sobre o
aumento da capacidade funcional do organismo, adequando o treinamento à idade biológica
dos jovens.
Conhecer a idade biológica, percebendo os eventos que marcam a puberdade, e
aceitando a variabilidade individual em que eles ocorrem é de suma importância para o
profissional que irá planejar os programas de atividade física voltados a essa população
(TOURINHO & FILHO, 1998).
A ciência do esporte tem procurado determinar a faixa etária mais adequada para se
iniciar um processo de treinamento esportivo específico ou de uma modalidade, assim como
subdídios para elaboração de programas adequados para crianças e adolescentes que praticam
o esporte de rendimento (ARENA & BOHME, 1998).
A escolha dos métodos e conteúdos de treinamento assim como as dosagens da
intensidade e duração das cargas de treinamento devem ser adaptadas à realidade fisiológica
da idade (WEINECK, 1999).
Porém o processo de treinamento à longo prazo associado a promoção de talentos
esportivos, realizados através de uma preparação planejada e sistematizada, visando um
rendimento contínuo e a longo prazo, é defendido por estudiosos do treinamento infantojuvenil. (ARENA & BOHME, 1998)
32
A questão da especialização esportiva é complexa porque envolve além dos aspectos
biológicos e ambientais, aspectos sócios culturais. Incluídos neste contexto estão
representantes de vários segmentos da sociedade, como dirigentes, técnicos, professores e
pais, os quais, em algumas situações de treinamento esperam resultado rápidos dos jovens
atletas em jogos e competições (ARENA & BOHME, 1998) .
2.7 Capacidades envolvidas no processo ensino-aprendizagem-treinamento
O surf envolve diferentes capacidades e habilidades no seu processo de ensinoaprendizagem-treinamento. A inter - relação existente entre as diferentes capacidades que
compõem o rendimento esportivo estão sujeitas a diferentes fatores externos. Por sua prática
em contato com a natureza e utilizado de uma fonte de energia natural, as ondas, o surf tornase uma modalidade com capacidades especiais que determinam a personalidade e as
características físicas e psicológicas de seus praticantes.
GRECO & BENDA (1998) apresentam as seguintes capacidades envolvidas no
processo ensino-aprendizagem-treinamento, que devem ser seguidas e adaptadas para a
modalidade em questão :
Capacidades Biotipológicas
O nível de desenvolvimento das capacidades físicas, técnica, tática está em direta
relação de dependência com os fatores constitucionais, genótipo e fenótipo. Genótipo é
responsável pelo potencial do atleta, isso inclui fatores como composição corporal, biótipo,
altura máxima esperada, força máxima possível e percentual de fibras musculares, dentre
33
outros. O fenótipo é responsável pelo potencial ou pela evolução das capacidades envolvidas
no genótipo. Neste se inclui tanto o desenvolvimento da capacidade de adaptação ao esforço e
das habilidades esportivas como também a extensão da capacidade de aprendizagem do
indivíduo.
Capacidades Socioambientais
No esporte e na atividade física as pessoas fazem contato entre si , interagem e atuam
conjuntamente. Na psicologia do esporte, este processo é denominado interação social.
Capacidades Psíquicas
A tradicional classificação das capacidades psíquicas em pensamento, sentimento e
desejo está sendo substituída por tendências modernas, nas quais se encontra uma subdivisão
das unidades funcionais e processos psíquicos em cognição, emoção-motivação e volição,
diretamente interligados com fatores condicionantes inerentes ao meio ambiente
(HACKFORT, 1987 citado por GRECO & BENDA 1998) .
NITSCH (1986) citado por GRECO & BENDA (1998) destaca que as emoções
possuem tanto uma função imediata de organização da ação como também de energia da
mesma, que objetiva sua preparação, condução e avaliação. As emoções oferecem o
significado subjetivo dos estímulos e a cognição, a intencionalidade objetiva a ação. A volição
é o componente que oferece os motivos, a propulsão das nossas ações e nosso comportamento.
GROSSER(1986) citado por GRECO & BENDA 1998 definem as capacidades
psíquicas como pré requisitos aprendidos ou baseados em aptidão que desenvolvam os
34
processos internos de estimulação, regulação e direção, e movimentos. No esporte de alto
nível e na vida cotidiana as capacidades psíquicas possuem uma importante função para a
solução das tarefas e problemas que enfrentamos. Elas possibilitam a regulação das nossas
ações e, conseqüentemente de nossa conduta e comportamento.
Capacidades Físicas
O ato motor é resultado da ação e da interação de uma série de capacidades físicas, em
adequação com os demais componentes do rendimento esportivo. Envolve fatores de
execução, onde destacam-se a força e a resistência centradas sob o aspecto energético, e o
controle, representado pelo sistema nervoso central que coordena e regula o sistema muscular
e de nutrição.
As capacidades físicas são diferenciadas conforme o quadro seguinte apresentado por
GRECO & BENDA (1998):
CAPACIDADES
DESIGNAÇÃO
CARACTERÍSTICAS
Motoras
Resistência
Determinadas fundamentalmente
Força
Condução de movimentos
pelos processos energéticos
Coordenativas
Adaptação de movimentos
processos psicomotores de condução e
Aprendizagem de movimentos
Velocidade
regulação do movimento
Flexibilidade
citados interagem, sendo até hoje difícil
Mistas
Determinadas fundamentalmente pelos
Onde os dois elementos anteriormente
determinar um nível de predominância
35
Capacidade Motora
Resistência: a capacidade psicofísica do atleta de suportar a fadiga ou recuperar-se
rapidamente do esforço físico. A resistência é classificada em relação a quantidade de massa
muscular envolvida, à forma de ganho de energia e ao tipo de trabalho da musculatura.
Conforme a quantidade de massa muscular envolvida no ato motor, existem duas
formas diferentes de expressão desta capacidade, enquanto que as outras duas referem-se ao
ganho de energia e sua utilização:
Resistência geral – participação de 1-6 ou 1-7 da musculatura no exercício;
Resistência especial (ou localizada) – orientada para um tipo especial de
esporte, participando até 1-3 da musculatura total do corpo no exercício;
Aeróbica – o oxigênio disponível na célula é suficiente para a combustão
oxidativa;
Anaeróbica – o suprimento de oxigênio não é suficiente para a combustão
oxidativa, o que leva a uma mobilização de energia através das vias anaeróbias lácticas e
aláctica;
Força : o desenvolvimento da capacidade de força representa uma parte essencial ao
planejamento do treinamento em um grande número de modalidades esportivas. WEINECK
(1999) classifica força muscular, baseado na especificidade da ação a ser desenvolvida,
podendo então ser: força geral e força especial. Na primeira o mesmo autor considera como
sendo a força de todos os grupos musculares, independente da modalidade esportiva. Já a força
36
especial compreende ao desenvolvimento da força de grupos musculares específicos, os quais
estão envolvidos na execução dos gestos técnicos de uma determinada modalidade.
Diferentes tipos de força pode serem desenvolvidas com a prática do surfe, o
predomínio de uma ou outra dependerá da freqüência e tempo destinado a cada sessão:
-
Força explosiva: capacidade para desprender o máximo de energia em uma ação
explosiva (ATC-CP) Citamos alguns momentos da modalidade em que essa força é utilizada:
-
•
Remada para entrar na onda
•
Manobras de alta pressão (batida, aéreo, snap)
Força estática: envolve a aplicação de força contra um determinado objeto . O
posicionamento do surfista sob a prancha envolve forças estáticas maiores ou menores,
dependendo do momento da onda.
-
Força dinâmica: capacidade para repetida ou continuamente mover ou suportar o
peso do corpo. .Após o drop o surfista inicia uma seqüência de movimentos que requer a
utilização da força dinâmica, adaptando cargas maiores ou menores em cada movimento.
-
Força de tronco: força dinâmica específica para os músculos do corpo e
abdominais.Pela interação de membro durante o surfe, o tronco se torna parte fundamental
para manobras como cut-back, batida e a maioria dos outros movimentos.
37
Capacidades Coordenativas
GRECO & BENDA (1998) descreve que a coordenação é uma das capacidades físicas
que devido à complexidade dos processos que conformam, provoca maior controvérsias
quanto seus alcances, limites e conteúdos. Porém a classificam como uma capacidade que
auxilia no processo de harmonização dos processos parciais do movimento, tendo em vista o
objetivo da ação, com o menor gasto energético possível.
De acordo com WEINECK (1999), quanto mais complexo ou complicado for o gesto
esportivo, maior será o significado das capacidades físicas a serem requisitadas, sendo que se
destaca nestas, o valor das capacidades coordenativas.
Para todos os movimentos é necessária a percepção do próprio corpo, dos objetos e da
situação geral. No surfe pelo praticante estar em constante processo de mudança enquanto
percorre uma onda, a atenção no equilíbrio sob a prancha enquanto onda se movimenta, faz
com que a modalidade possua um interessante e importante componente coordenativo.
MEINEL, SCHNABEL (1987) citados por GRECO & BENDA (1998), diferenciam e
classificam sete capacidades coordenativas específicas, que por sua vez, formam um processo
de interação de três grandes grupos funcionais : as capacidades de condução do movimento, da
adaptação do movimento e a de aprendizagem . São então elas:
Capacidade de diferenciação: refere-se a qualidade do movimento. Requer
ajustamento de movimentos altamente controlados particularmente quando grupos musculares
38
maiores estão envolvidos. No surfe pela alta complexidade de algumas manobras e a variação
da onda, é necessária uma boa capacidade do diferenciação para efetuar as manobras com
sucesso.
Capacidade de acoplamento: refere-se a capacidade de unir movimentos
parcialmente diferentes do corpo, tornando uma só seqüência; No surfe essa capacidade é
observada em todos os movimentos, desde a remada, o movimento de ficar em pé e o surfe
pela extensão da onda, que requer uma sincronia de membros inferiores, membros superiores e
tronco, para conseguir a movimentação. Será essa capacidade que determinará o sucesso do
praticante em cada onda, o surfista deverá ser capaz de fazer uma adaptação de acordo com a
variabilidade da onda que o faça deslocar a cada momento ao mesmo tempo que cria uma
seqüência de movimentos para cada onda surfada.
Capacidade de reação: refere-se a velocidade que um sinal é detectado
ocorrendo uma resposta a este estímulo, quanto mais rápida e melhor for a resposta a um sinal,
melhor a capacidade de reação. Importante em tarefas nas quais há um único estímulo e uma
única resposta, em que a velocidade de reação é crítica como no tempo de reação simples. Ao
enxergar uma onda se aproximando (único estímulo), o surfista deverá calcular sua posição,
tempo e força de remada para estar criando uma resposta no ponto exato para pegar a onda.
Capacidade de orientação: é a capacidade de determinar o espaço disponível e
atuar nele, utilizando todas suas possibilidades.Envolve a produção de ajustamentos de
movimentos antecipatórios contínuos em resposta à mudanças na velocidade de um objeto que
39
se move continuamente. No surf podemos incluir um dos movimentos mais deslumbrantes do
esporte, onde o surfista permanece dentro da onda, no tubo, ajustando a velocidade de seu
corpo com prancha e conseqüentemente da prancha com a onda, porém isso acontece durante
toda a onda, uma adaptação de acordo com a mudança da onda.
Capacidade de equilíbrio: relaciona-se a capacidade de manter ou recuperar a
estabilidade, o que pode ser fundamental para a qualidade do movimento. Talvez essa seja a
principal capacidade inerente ao surfe, determinante do sucesso da prática. Quanto mais
equilíbrio o surfista tiver sob sua prancha, conseguirá permanecer mais tempo na onda. O
deslocamento da prancha envolve constante aspecto de equilíbrio e desequilíbrio para
conseguir deslocar-se, mais uma vez reforçando essa capacidade dentro do contexto da
modalidade.
Capacidade de mudança: adaptação a novas situações, posições, direções. Tem
como característica básica a variação, sem que perca a continuidade do gesto. No surfe tal
capacidade envolve escolhas rápidas dentro de inúmeras alternativas de
movimentos, pela constante mudança da linha da onda, o surfista deverá ter respostas rápidas e
precisas para aproveitar o que a onda lhe proporciona.
Capacidade de ritmo: ocorre quando um indivíduo se adapta a um ritmo
externo, segue e executa os movimentos dentro deste ritmo.Sabendo que uma onda se move
constantemente, o praticante de surf deverá estar apto a perceber o ritmo que cada onda impõe
sendo capaz de conseguir deslocar sua prancha sob a água de forma que não perca o ritmo e
“timming”da onda.
40
As capacidades citadas acima estão totalmente integradas entre si, com algumas
particularidades específicas. Porém as capacidades coordenativas ainda envolvem outros
campos que podem determinar o sucesso do gesto motor. A capacidade de aprendizagem
motora, a capacidade de condução e a capacidade de adaptação fazem parte do processo
ensino-aprendizagem-treinamento.
A capacidade de aprendizagem motora é citada por GRECO & BENDA (1998) como
sendo todos processos presentes durante a aquisição de um movimento: percepção, atenção,
memória, motivação, feedback dentre outros. Portanto todas as capacidades são importantes
para aprendizagem motora sendo fundamental o bom desenvolvimento de cada uma delas.A
capacidade de aprendizagem de qualquer aluno está diretamente ligada a coordenação. Para
GRECO & BENDA (1998) a melhoria da capacidade coordenativa delimita e condiciona o
nível de aprendizagem, sendo então pré requisito e elemento facilitador para a mesma.
Partindo deste princípio o aspecto coordenativo será um importante elemento do processo de
iniciação ao surfe.
SCHIMDT (2001) relaciona a capacidade de condução diretamente com as
capacidades de acoplamento e ritmo. A condução é necessária para correta execução e direção
do movimento, sendo mais relacionada a movimentos fechados, com ambiente estável e
previsível.
Já a capacidade de adaptação resume uma série de movimentos relacionados a
movimentos abertos. Esta capacidade está diretamente relacionada com as capacidades de
equilíbrio, orientação, ritmo, reação e câmbio. A capacidade de adaptação é indispensável para
41
o indivíduo poder se localizar em situações inesperadas ou de alta variabilidade de condições.
(GRECO & BENDA, 1998)
Capacidades Mistas
Essas capacidades são aquelas que possuem fortes relações tanto com as capacidades
motoras como com as capacidades coordenativas, portanto são consideradas como
capacidades mistas, sendo elas a flexibilidade e a velocidade.
Para GRECO & BENDA(1998) a flexibilidade é reconhecida como uma capacidade
motora indispensável à prática esportiva. Segundo MANNO(1991) citado por GRECO &
BENDA(1998) a falta do desenvolvimento da flexibilidade é um fator limitador da velocidade
máxima de realização do movimento e da aprendizagem de técnicas, aumentando o gasto
energético e , por isso mesmo, facilitando a fadiga.
Para BLANKE(1994) por GRECO & BENDA(1998) flexibilidade é definida como a
habilidade em mover as articulações do corpo, utilizando a amplitude de movimento para a
qual foram projetadas.
Já a velocidade, é analisada de acordo com as pesquisas, como uma capacidade que é
determinada pelas capacidades coordenativas, como também por parâmetros musculares e
neuronais. (SCHMIDTBLEICHER, 1984 por GRECO & BENDA, 1998)
A velocidade pode ser definida em diferentes formas de expressão como a velocidade de
reação, velocidade de movimento, velocidade frequencial, força-velocidade, resistência de
força explosiva e resistência de velocidade máxima.
42
Qualquer manobra do surfe exige uma flexibilidade e velocidade para a melhor
performance e maior divertimento do praticante.
Capacidades Técnicas
Para GRECO & BENDA (1998) o processo de ensino-aprendizagem-treinamento da
capacidade técnica deve ser incrementado no ocorrer das fases direcionadas ao treinamento
esportivo, isto é, fases de orientação e direção, especialização e aproximação. Os mesmos
autores
definem técnica como a interpretação , no tempo, espaço e situação, do meio
instrumental operativo inerente à concretização da resposta para solução de tarefas ou
problemas motores.
Quanto mais oportunidade, variação e riqueza de movimento ofereçam às crianças,
maiores serão as possibilidades destas para aprenderem novas técnicas. Esta é uma visão do
processo educativo apoiado nos princípios da transferência, ou seja, no fato que
uma
aquisição anterior facilita o aprendizado posterior. ( GRECO & BENDA, 1998)
Para SCHIMIDT (2001) as habilidades técnicas são divididas em três dimensões
diferentes: em relação ao meio ambiente durante sua execução (abertas – com ambiente
variável e imprevisível- ou fechadas – ambiente estável e previsível), em relação ao
movimento como um processo (discretas – origem e fim breve e definido -, contínuas – sem
fim ou início definido - ou seriadas – grupo de habilidades discretas sequenciadas) ou então
quanto ao o que ou como fazer (motora – como fazer - ou cognitiva – o que fazer).
43
Capacidades Táticas
Atuar taticamente num jogo ou competição implica em estar capacitado para se sobrepor
às exigências deste jogo. Isto requer a elaboração de um adequado processo de ensinoaprendizagem-treinamento que contemple o desenvolvimento das capacidades táticas, pois
estas representam o meio operativo de que o atleta dispõe para obter êxito na competição.
Definem capacidade tática como o complexo conjunto de processos psíquico-cognitivo-motor
que conduz a tomadas de decisão adequadas para resolver a tarefa problema do jogo,
permitindo comportamento adaptado. (GRECO & BENDA, 1998)
Ciente de todas as capacidades envolvidas no processo ensino-aprendizagem-treinamento
os profissionais envolvidos com qualquer um desses grupos deve adaptar a realidade de sua
modalidade para todos esses conceito citados , melhorando o planejamento e rendimento das
sessões.
2.8 Metodologia de ensino - iniciação e fases de aprendizagem no surfe
Diversos autores propõem programas de iniciação ao surfe, dentre suas principais
abordagens, estão a segurança da prática, rendimento técnico e material adequado. Num
primeiro contato com o surfe o aluno busca obter o prazer de deslizar sobre as ondas e este
será o desafio do instrutor na primeira aula.
Grandes grupamentos com muitos alunos inviabilizam o trabalho com qualidade. É
preciso pensar em formas de organização e tempo que evitem a rotinização (KISHIMOTO,
2001).
44
CONWAY , 1993 e SURFING AUSTRALIA, 1997 concordam que a instrução do
surfe deve ser iniciada ressaltando todos os aspectos de segurança que envolvem a
modalidade, entre elas o material utilizado.
A verificação das habilidades dos alunos que participam de aulas de surfe também é
defendida como questão de segurança pela SURFING AUSTRALIA (1997), conhecer se o
aluno sabe nadar e seu histórico anterior em modalidades esportivas, auxiliarão no
desenvolvimento da aula.
CONWAY (1993) descreve como essencial o praticante conhecer as regras básicas de
segurança nas praias, quanto à sinalização utilizada pelos salva vidas para definir áreas
próprias ou impróprias para surfistas e banhistas.
CONWAY (1993) e SURFING AUSTRALIA (1997) ressaltam em seguida as técnicas
básicas de controle e movimento do surfe. Iniciando um primeiro momento na areia e
considerando a entrada na água como um segundo momento no desenvolvimento de uma aula.
Todo aluno iniciante deve treinar o movimento de ficar de pé na prancha fora da água.
Utilizando uma simulação do movimento final, praticando na posição deitado e de pé e sua
transição, o aluno perceberá as particularidades da técnica. (CONWAY,1993)
BRIMNER (1997), cita também que a melhor maneira de aprender a técnica de ficar de pé
na prancha é praticando o movimento no chão ou areia. Para iniciar o aluno deve desenhar ou
utilizar a própria prancha apoiada no chão. Com isso tem-se uma noção exata do tamanho da
prancha e o posicionamento dos pés nela. Caso a prancha seja desenhada na areia é importante
manter os tamanhos reais de uma prancha.
45
.
No momento de areia, normalmente começa-se com a demonstração do movimento
global, e então liberdade para os alunos praticarem. Após duas ou três tentativas o instrutor
retoma a atenção e então passa a demonstrar o mesmo movimento dessa vez dividido em
partes e salientando como cada movimento deve ser realizado para chegar ao gesto final .
Após essa instrução em partes pede-se que os iniciantes repitam o movimento sozinho, neste
momento o instrutor observa e passa a fazer correções e orientações para melhorar o
movimento individual. O movimento é repetido até que todos tenham conseguido reproduzir e
entender como se procede de pé na prancha de forma correta, ou próxima do satisfatório.
Inicia-se a instrução mostrando o ponto onde os braços devem ser apoiados para fazerem e
impulsão do tronco. Ambos os braços devem manter-se na linha peitoral, cada mão apoiada
numa borda lembrando do movimento de flexão de braços. Através da extensão dos braços
ergue-se o tronco da prancha, em seguida busca-se posicionar os pés sobre a prancha,
deixando um deles apoiado atrás da prancha e trazendo a outra perna para o meio dos braços.
A perna que vem a frente deve passar pelo meio dos braços, como se o joelho fosse de
encontro com o queixo do aluno, o pé da frente será apoiado entre as duas mãos bem no meio
da prancha. Com os dois pés bem apoiados, cruzando o meio da prancha começa-se então a
elevação do tronco. Para isso acontecer o surfista deve soltar as mãos das bordas e ir elevando
o tronco de forma a posicioná-lo entre as duas pernas. Neste momento o equilíbrio do iniciante
é essencial para mantê-lo de pé por um certo tempo, recomenda-se que a base de apoio seja
grande e os joelhos mantenham-se flexionados, mantendo o centro de gravidade mais baixo e
aumentando o equilíbrio. Outro ponto que auxiliará o iniciante é o posicionamento dos
46
membros superiores, os braços devem estar abertos ajudando o corpo a se equilibrar na
prancha.
O movimento correto é aquele que você sai do decúbito ventral, a posição da remada e fica
de pé sobre a prancha. É uma manobra que começa e termina muito rápido. Combina um
impulso dos braços e corpo com o deslocamento da remada e a trazida dos pés para a parte
superior da prancha (BRIMNER, 1997).
Alguns iniciantes acrescentam um movimento extra, apoiando o joelho antes de
colocar os pés. Porém essa técnica não é recomendada, pois pode criar um vício difícil de ser
corrigido posteriormente.
Uma vez bem reproduzida a técnica, o iniciante deve ir para a água com uma prancha
que ofereça uma boa flutuação. As pranchas quanto maiores, mais largas e mais grossas
flutuarão mais e serão mais fáceis de se equilibrar, a medida que o iniciante for ganhando
equilíbrio ele irá diminuindo as características da sua prancha.
No momento de água, a primeira instrução prática ser dada aos alunos é a forma de
segurar a prancha e deitar sobre ela, para isso deve-se segurar com uma mão em cada borda e
lentamente colocar-se em decúbito ventral sobre a superfície da prancha.
Já deitado deve-se instruir o aluno quanto o posicionamento nessa hora, mostrando que
muito à frente o bico pode afundar e muito atrás ele levantará, assim cada um deverá encontrar
seu ponto de equilíbrio enquanto estiver deitado não deixando que a situação descrita ocorra.
(BRIMNER,1997)
47
Uma vez bem posicionados inicia-se a simulação dos movimentos de remada. É
importante lembrar que os ombros devem manter-se elevados para proporcionar uma melhor
performance. O movimento de remada é similar ou idêntico ao do nado crawl da natação,
alternadamente eles realizam fase aérea e submersa sendo nesta fase a maior força aplicada
que gerará o deslocamento da prancha e conseqüentemente do surfista.
A SURFING AUSTRALIA (1997) ressalta a importância de executar a remada
alternada e simultânea e treinar constantemente a virar a prancha na posição deitada e sentada
no decorrer da aula.
De acordo com LOWDON (1982), a prancha é remada através ou ao redor da
arrebentação, na posição de decúbito frontal.
ANDRADE et al (2000) relata que os surfistas devem remar para alcançar e pegar as
ondas, podendo a fase de remada, variar bastante durante uma sessão.
As fases do surfe podem ser divididas para uma melhor compreensão e isolamento de
suas características neurológicas, motoras e metabólicas da seguinte maneira, segundo
LOWDON (1982)
1. Concentração e definição de estratégia – antes de entrar na agua, quando o surfista
analisa o mar, a tática a ser empregada e visualiza as técnicas que poderão ser aplicadas em
cada onda;
2. Remada para o outside (fundo) – Exige uma rápida remada para chegar ou voltar ao
local de formação das ondas, a energia provém do sistema anaeróbio lático;
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3. Remada para entrar na onda – uma remada forte é necessária para dar à prancha
aceleração suficiente para ser levada com a onda, a energia nesta fase provém do sistema
anaeróbio alático;
4. Manobras – pegando a onda, é necessário levantar-se rapidamente e realizar
manobras na prancha, como exigências principais velocidade, força e agilidade;
5. Remada para o outside (fundo), para voltar ao local de formação das ondas –
repetição do ciclo por quanto tempo o surfista permanecer na água.
Segundo LOWDON, (1982) , afirma que o atleta requer uma combinação de tempo de
reação e velocidade de movimentos, ótima agilidade e mobilidade de todas as juntas do corpo.
O processo de evolução no surfe dependerá das características e motivação do
praticante e seu tempo dedicado prática. Após conseguir evoluir na técnica de ficar de pé
AJDELSZTAJN & ROBALINHO (2000), CONWAY(1993) e SURFING AUSTRALIA(1997)
concordam na seqüência de ensino a ser desenvolvida, passando pelas técnicas de furar as
ondas afundando o bico, o “drop” (descida da onda em pé) e finalizando com as diferentes
técnicas de controle e movimento, onde destacam-se o direcionamento da prancha na onda
(cortando-a para direita ou esquerda) , as cavadas de ambos os lados, o desenvolvimento do
surf em “S” na parede da onda e por último a saída da onda (cavada na espuma).
LEAVERS (2000) citado por KISHIMOTO (2001) propõe que o trabalho com crianças
contenha princípios como
sustentar atividades por meio de impulsos estimulantes e
intervenções enriquecedoras, estimular a iniciativa da criança, examinar sua relação com cada
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criança, sondar seus interesses e explorar o mundo dos sentimentos, valores e
experiências além de outros.
ARENA & BOHME (1998) afirmam que segundo alguns pesquisadores do esporte na
infância e adolescência, a especialização de uma única modalidade, visando treinamento para
competições, deve ocorrer por volta dos 12 – 13 anos, dependendo da modalidade e tradições
existentes.
.9
Regulamentação e órgãos responsáveis
A regulamentação das escolas de surf deve ser feita pelos órgãos públicos responsáveis
pela modalidade dentro do seu estado ou país. Atualmente o surfe apresenta uma hierarquia
esportiva bem organizada, com uma entidade nacional de administração do esporte a
Confederação Brasileira de Surf - CBS.
A CBS é formada pela união das entidades estaduais de administração do esporte as
federações. No Brasil atualmente existem 14 federações de surfe filiadas a CBS (RS, SC, PR,
SP. RJ, ES, BA, SE, PE, AL, PB, RN, CE, PA) e duas ligas independentes ( Abrasp-
Associação Brasileira de Surfe Profissional; Ibrasurf – Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento do Surfe).
As federações por sua vez para manterem um controle sob seu estado, conta com as
entidades de administração regional do esporte, as associações e clubes de surf.
50
Quando pensamos num processo de regulamentação temos que estar de acordo com a leis
e regras das entidades de administração do esporte, para que estas suportem e controlem a
implantação do processo proposto.
Para as escolas de surfe do estado de São Paulo, por exemplo, cabe a Federação Paulista
de Surf estar ciente das escolas que atuam em seu estado. Para isso, tal entidade deve manter
um contato constante com as associações regionais de surfe que deverão estabelecer locais e
um número de escolas apropriadas para cada município de acordo com a procura ou praia.
Caberá então ao município e a associação regional responder por falhas ou problemas que
venham ocorrer no decorrer das aulas.
Paralelo a essa hierarquia de administração do surfe deve-se também levar em
consideração a lei de regulamentação do profissional de educação física. A partir do momento
que a profissão foi regulamentada todas as escolas de esporte deverão possuir um profissional
de educação física formado responsável pelo desenvolvimento do programa e das aulas.
Unificando ambas as partes a CBS recentemente firmou um acordo com o CONFEF, se
dispondo a assessorar o CONFEF no que diz respeito às federações, para fim de convênio
entre as mesmas e os CREF’s. Com isso parece surgir uma regulamentação baseada na ação
conjunta entre o órgão responsável pelo surfe e outro pelos profissionais de Educação Física,
baseado na Lei no. 9.696/98.
Além disso, o órgão concordou com a CBS em incluir em boletins de competições, atos e
informativos da entidade que só poderão atuar os profissionais ou pessoas jurídicas
51
devidamente filiados ao sistema, e também que só serão reconhecidos técnicos, treinadores e
instrutores do desporto os profissionais devidamente inscritos no sistema CONFEF/CREF’s.
Com tal regulamentação criada resta aguardar que exista uma fiscalização efetiva nos
estabelecimentos e profissionais que trabalham e se envolvem com a modalidade, somente
assim que poderemos zelar pela qualidade e segurança dos interessados.
3. CONCLUSÃO
O presente trabalho buscou levantar os aspectos inerentes à prática do surf bem como os
profissionais e instituições envolvidas em seu processo de regulamentação e controle.
Com o número de praticantes e simpatizantes crescendo a cada dia o surfe é hoje uma
modalidade com um número de escolas para iniciação muito grande. O controle sobre essas
escolas e os profissionais envolvidos é bastante falho, uma vez que nenhum dos órgãos de
administração do surf sabe ao certo a quantidade de escolas existentes no país, nos estados, ou
mesmo nos municípios.
Diante do desenvolvimento da modalidade é considerado que o profissional que tem
interesse em trabalhar na área de escolas de surfe deve estar graduado em cursos superiores de
Educação Física e Esporte, conhecendo todos os aspectos apresentados neste trabalho, que
complementarão seus conhecimentos e otimizaram a qualidade de suas aulas.
A partir de um reconhecimento, regulamentação e controle por parte dos órgãos responsáveis,
deve-se iniciar o processo de padronização e a partir daí estabelecidos os devidos critérios para
52
a regulamentação e desenvolvimento de cada escola de surf em cada estado e em cada
município.
Pela falta de conhecimento e poucos estudos específicos sobre a modalidade ainda
existe um vasto território na área de formação, capacitação e desenvolvimento das escolas e
profissionais ligados ao surfe, tornando o segmento uma promissora área de atuação
profissional e acadêmica.
É impossível pensar no aumento do conhecimento sem pensar em se produzir
pesquisas. A qualidade do ensino e da formação do professor depende, atualmente, mas não de
forma exclusiva, da melhoria da qualidade das pesquisas educacionais. Faz se necessário uma
nova forma de se ver o universo tanto educacional, quanto na pesquisa (RANGEL-BETTI,
2001).
A contribuição para a regulamentação e desenvolvimento das escolas de surfe do Brasil
é um fato essencial para a continuidade do processo que vem ocorrendo no país. Será através
de tais escolas, padronizadas e organizadas que os futuros praticantes ou atletas obterão
suporte para evoluir e compreender melhor o surfe .
Na melhor das hipóteses o surf permanece uma brincadeira fácil ou muito séria.
Desporto é uma palavra muito descuidada para representar surf e arte é demasiado
lisongeadora para a vasta maioria dos surfistas. Arte marcial pode situá-lo melhor no contínuo
corpo-mente , uma vez que o surf oferece muitas das qualidades de auto desenvolvimento, em
que o surfista se aproveita do poder da onda. (KAMPION & BROWN, 1998)
53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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54
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CONWAY, J. (1993) Guia Prático do Surf (E.Nogueira, trad.). Lisboa, Portugal: Editorial
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GRECO, P.J. & BENDA, R.N. - Iniciação Esportiva Universal
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GUIA DE PRANCHAS FLUIR – Parte integrante da Revista Fluir no. 216 / outubro 2003
Editora Peixes. pg 68 - São Paulo.
GUTENBERG, A. (1989). A História do Surf no Brasil. São Paulo : Ed. Azul
HAYS, S. (1959) . “ Surfing - pro am sports” .Florida : Ed. The Rourke Corporation Inc.
KAMPION, D. & BROWN, B. (1998) Stoke – Uma história da cultura do surfe. Los
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KISHIMOTO, T.M. (2001) “A LDB e as instituições de educação infantil: Desafios e
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LOWDON, B. Fitness requirements for surfing. Sports Coach, 1982
RANGEL-BETTI, I. (2001) “Os professores de educação física atuantes na educação
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Caderno SEMES. (vol. 3) Santos: Autor
SCHMIDT,R & WRISBERG,C. Aprendizagem e performance motora. 2o. ed. Porto
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SURFING AUSTRALIA (1997) . Coaches Manual – Level 1 . Austrália : Autor
TOURINHO, L.S. & FILHO, T. “Crianças ,adoslecentes e atividade física – Aspectos
maturacionais e funcionais” Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, 12 – pg 71 –
84 jan/jun 1998
WEINECK, J . (1999). Treinamento Ideal – Instruções técnicas sobre o desempenho
fisiológico incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil, SãoPaulo,
Manole 9º. Edição
56
ANEXO
Regulamentação e Desenvolvimento das Escolas de Surf no Brasil
Questionário de Pesquisa
O objetivo deste questionário é verificar como as escolas de surf estão atuando em relação ao
cliente, a didática e a participação social em que está inserida. Os itens a seguir abrangem as
partes tidas como essenciais para o desenvolvimento do setor entre eles, material utilizado,
metodologia aplicada, projetos sociais, estrutura e profissionais envolvidos.
Para o melhor aproveitamento deste material peço para que as respostas sejam verdadeiras e
objetivas, com isso poderemos verificar como está sendo desenvolvido este setor e compará-lo
com a literatura existente sobre o tema.
PERGUNTAS
1. Qual o nome completo da escola de surf : _________________________________
2. Quanto tempo já está em atividade
Menos que 1 ano
Outro_____________
entre 1 e 2 anos
entre 2 e 4 anos
mais que 4 anos
3. Assinale os itens de regulamentação que se referem a esta escola de surf
o Empresa registrada como pessoa jurídica
o Associação sem fins lucrativos
o Ong ou Oscip
o Licenciada pela prefeitura
o Filiada a Federação de Surf do estado
o Apoiada pelo governo ou prefeitura local
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4. Quantas pessoas trabalham neste estabelecimento : _________________________
5. Destas pessoas quantas tem as seguintes funções
o Atendimento – Recepção
o Professor de surf
o Professora de surf
o Professor(a) de body board
o Professor de educação física
o Salva Vidas
o Segurança
o Montador
6. Quantos profissionais envolvidos se enquadram em cada um dos itens abaixo
o Surfistas – free surf
o Surfistas competidores amadores ou profissionais
o Professor formado em curso de Educação Física ou Esporte
o Professor registrado no CREF
o Estudantes universitários de educação física
o Estudantes universitários
o Outros – qual ___________________________
7. Caso exista algum profissional formado em educação física:
Nome completo _____________________________________
Universidade cursada _________________________________
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Ano de conclusão ____________________________________
Registro no CREF no._________________________________
8. Qual número máximo de alunos por professor em cada aula
9. Assinale os itens e materiais que esta escola possui
o Barraca
o Pranchas
o Guarda sol
o Faixa de praia
o Cadeiras
o Mesa
o Água
o Estrutura Fixa na Praia
o Rack de pranchas
o Chuveiro
o Ponto de luz
o Sala de vídeo
o Automóvel
o Casa sede
o Site
o Serviço de 1º. Socorros
o Telefone
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10. Assinale os modelos de prancha existem nesta escola e as quantidades
Longboards
Funboards
Evolution
11. Você trabalha com algum material didático.
o Apostila
Pranchinha
Bodydoard
o Certificado
o Boletim
o Fita de vídeo
o Outros. Qual_______________________________
12. Qual o tempo de duração de cada aula.
13. Existe alguma metodologia de aula aplicada
14. Quantos alunos atende por ano
15. Qual os meses de maior movimento
16. Nos dias com maior movimento qual o número de aulas oferecidas por dia
17. Quais tipos de curso são oferecidos na escola.
18. Qual o valor por curso e por aula.
19. A escola oferece alimentação para equipe de trabalho. Qual
20. A escola oferece hospedagem aos seus funcionários.
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