UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS LABMASSA – LABORATÓRIO DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA MECPETRO - PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS EM ENGENHARIA MECÂNICA COM ÊNFASE EM PETRÓLEO E GÁS Monografia final Fevereiro/2001 – Fevereiro/2003 CARACTERIZAÇÃO DE ZEÓLITA Y PARA SEPARAÇÃO DE HIDROCARBONETOS NO PROCESSO DE ADSORÇÃO Bolsista: Gabriela Íris da Silva Orientador: Prof. Dr. Antonio Augusto Ulson de Souza Florianópolis, 23 de janeiro de 2003. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS LABMASSA – LABORATÓRIO DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA Monografia final Fevereiro/2001 –Fevereiro/2003 CARACTERIZAÇÃO DE ZEÓLITA Y PARA SEPARAÇÃO DE HIDROCARBONETOS NO PROCESSO DE ADSORÇÃO Bolsista: Gabriela Íris da Silva Orientador: Prof. Dr. Antonio Augusto Ulson de Souza Florianópolis, 23 de janeiro de 2003. 2 LISTAS DE SIMBOLOS E NOTAÇÕES Bc(q) – mobilidade molecular b – constante de equilíbrio de Langmuir c – concentração de adsorbato na fase fluida (mol.cm-3 ) co – concentração de adsorbato na fase fluida nas condições iniciais (mol.cm-3 ) Dc(q) – difusividade fickiana (cm2 .s-1 ) Do (q) – difusividade corrigida (cm2 .s-1 ) Dm – difusividade molecular (cm2 .s-1 ) DL – dispersão axial (cm2 .s-1 ) di – diâmetro da partícula (mm) dp – diâmetro médio das partículas (mm) HETP – altura equivalente de pratos teóricos (cm) ?H - variação da entalpia de adsorção (J / mol) ?H o - variação da entalpia nas condições iniciais (J / mol) J – fluxo difusivo K, K’e Ko – constantes de equilíbrio adimensional k f – coeficiente de transferência de massa no filme externo a partícula (cm.s-1 ) KL – coeficiente global de transferência de massa (cm.s-1 ) L – comprimento da coluna (cm) ML – massa de líquido inicial (g) MLf – massa de líquido final (g) Mp – massa das partículas (g) n – número total de partícula s N – número de pratos teóricos P – pressão (atm) p – pressão parcial do adsorvato na fase fluida (atm) q – concentração na fase adsorvida (mol.cm-3 ) qs – concentração na fase adsorvida na saturação (mol.cm-3 ) R – constante dos gases ( atm.cm3 .mol-1 . o C-1 ) Rp – raio da partícula (mm) Sd – desvio médio padrão T – temperatura (o C) 3 t r – tempo de retenção (s) ∆U - variação da energia interna (J. m-2 .h-1 .o C-1 ) ∆U 0 - variação da energia interna nas condições iniciais (J. m-2 .h-1 .o C-1 ) Vs – volume do pellet (cm-3 ) Vap – volume aparente do pellet (cm-3 ) X – coordenada (m) e - porosidade do leito µ - potencial químico/primeiro momento da resposta cromatográfica µο - potencial químico nas condições padrões ν - velocidade intersticial (cm.s-1 ) ρL - densidade do líquido (g.cm-3 ) ρS - densidade da fase sólida (g.cm-3 ) ρap - densidade aparente da fase sólida (g.cm-3 ) σ2 - segundo momento da resposta cromatográfica (s2 ) 4 SUMÁRIO 1– INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 6 3 – DISCIPLINAS CURSADAS ................................................................................ 9 3 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................................... 11 3.1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 12 3.2 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ..................................................... 37 3.3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 43 4 – SUGESTÕES DE PROXIMAS ATIVIDADES 49 5 – CONCLUSÕES ..................................................................................................... 50 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 51 7 – ANEXO ............................................................................................................... 53 5 1. INTRODUÇÃO Processos de separação de hidrocarbonetos através da adsorção em colunas recheadas com adsorventes zeolíticos são amplamente utilizados em industrias de petróleo e gás, em virtude da grande necessidade de se obter frações puras de hidrocarbonetos que são matérias-primas em diversos processos de produção, como na fabricação de tintas, polímeros, fibras e lubrificantes. A adsorção envolve contato entre as moléculas de um fluido (gás, vapor ou líquido) com uma superfície geralmente sólida, sem haver reação química. O fluido (adsorbato) é posto em contato com o sólido (adsorvente), passando a ser atraído para superfície do mesmo. Essa atração é provocada por forças superficiais ou forças de adsorção que dependem da natureza do sólido e do fluido, e do grau de afinidade entre eles. Essas forças de adsorção são: forças de dispersão-repulsão (Van Der Walls), forças eletrostáticas (polarização, dipolo e quadripolo) e forças de interação sorbato-sorbato (Ruthven, 1984). O meio no qual se procede a adsorção tem como principal característica uma grande quantidade de poros muito finos (microporos). Esse meio é formado por um adsorvente, que de acordo com Suzuki (1990) são geralmente caracterizados pelas propriedades da sua superfície, como sua área total, e pela sua polaridade. Um adsorvente com grande área superficial possui maior capacidade de adsorção, em contrapartida uma grande área superficial distribuída num pequeno volume, pode acarretar a formação de poros pequenos. O tamanho dos poros determina a acessibilidade das moléculas de adsorbato ao interior do adsorvente, logo a distribuição de tamanho dos poros é outra importante propriedade para caracterizar a capacidade de adsorção do adsorvente. Existe atualmente uma gama de adsorventes muito grande, com características diferentes, logo são aplicados em diversos processos igualmente diferentes. Um que vem despertado grande interesse industrial devido a sua versatilidade é o aluminossilicato microporoso, conhecido como zeólita. As zeólitas são aluminossilicatos minerais com estruturas cristalinas formadas por unidades tetraédricas, no centro das quais encontramos um átomo de silício (Si) rodeado por quatro átomos de oxigênio. Essas várias unidades tetraédricas se juntam para formar estruturas secundarias que se arranjam, formando a estrutura cristalina 6 regular das zeólitas. Podem ser encontradas na natureza ou serem sintetizadas em laboratório e o diâmetro do seu poro é bastante variável. Os cristais de zeólitas comerciais têm dimensões médias de 1-10 µm, tendo nessas condições o aspecto de um pó muito fino, portanto para sua utilização na indústria, incorpora-se o cristal zeolítico a um pellet com dimensão adequada, com boa porosidade e resistência mecânica. Fujikata et. al. (1998) utilizou zeólitas do tipo MFI- e Y- para medir a difusividade de aromáticos e parafinas em processos de adsorção e dessorção. Maxwell e Stork (1991) estudaram a aplicação catalítica das zeólitas no refino de óleo e na conversão de gases. Masuda et.al. (1996) relataram a utilização do catalisador do tipo zeólita Y em processos de conversão de hidrocarbonetos devido a sua alta atividade e seletividade. Segundo eles a sua performance catalítica é fortemente dependente do tamanho do cristal zeolítico e da difusividade intracristalina. Segundo Ruthven (1998) a medida da capacidade de adsorção é uma das mais simples e diretas de caracterizar uma amostra de zeólitas. Entretanto, a informação obtida desta medida resulta apenas numa estimativa da pureza da amostra. Klint (1999) relata a utilização de zeólitas na industria bioquímica, para purificação de proteínas. Algumas propriedades dos adsorventes como diâmetro particular, massa particular, densidade real, porosidade e outros, são vitais para o conhecimento da capacidade adsortiva dos mesmos, além de serem variáveis imprescindíveis no cálculo da difusividade mássica. Todo esse processo de difusão e adsorção necessita de um cromatógrafo líquido ou gasoso, no qual são realizadas as corridas experimentais, logo o conhecimento dos processos cromatográficos é necessário no desenvolvimento desse trabalho. A adsorção é um processo reversível, logo existe a possibilidade de regeneração do adsorvente por meio de um agente externo físico ou químico que possa reverter às condições de equilíbrio (Cavalcante Jr., 1998). Neste trabalho utilizou-se o calor como agente para a regeneração. O objetivo do projeto é estudar a coluna de adsorção em leito fixo, abrangendo sua estrutura e o comportamento dos adsorventes no interior da mesma, obtendo como resultado das análises dados necessários ao cálculo da difusividade mássica dos hidrocarbonetos estudados. Será explorado com ênfase neste projeto o acondicionamento da coluna, a regeneração e o estabelecimento de estado de regime no 7 equipamento experimental. O processo de difusão e adsorção será monitorado através de um cromatógrafo a líquido de alta eficiência HPLC e o adsorvente utilizado é a zeólita Y. 8 2. DISCIPLINAS CURSADAS Estão apresentadas abaixo as disciplinas cursadas, época em que foram cursadas e seus conceitos: Segundo semestre de 2000: - EQA 5318 – Introdução aos Processos Químicos – Conceito: 9,0 - QMC 5313 – Química Analítica I – Conceito: 7,5 Primeiro semestre de 2001: - EQA 5341 – Termodinâmica para Engenharia Química I – Conceito: 7,0 - EQA 5415 – Fenômenos de Transferência I – Conceito: 9,0 - EQA 5201 – Materiais e Corrosão – Conceito: 9,0 Segundo semestre de 2001: - EQA 5342 – Termodinâmica para a Engenharia Química II – Conceito: 6,0 - EQA 5416 – Fenômenos de Transferência II – Conceito: 7,0 Disciplinas cursadas como aluno ouvinte e oferecidas pela Pós-graduação da Engenharia Mecânica: - EMC 6201 – TEECT – Seminários sobre a Indústria de Petróleo e Gás cursada no período de setembro a novembro de 2001 e que apresentava palestras sobre assuntos diversos de interesse do setor de petróleo e gás – Conceito: A 9 - EMC 6201 – TEECT – “Non-Newtonian Fluid Flows for the Engineer” - disciplina ministrada pelo Prof o Dr. Daniel Fruman no período de 8 a 11 de outubro de 2001. Primeiro semestre de 2002: - EQA 5331 – Operações Unitárias de Transferência de Calor I – Conceito: 8,5 - EQA 5417 – Fenômeno de Transferência III – Conceito: 9,0 Segundo semestre de 2002: - EQA 5531 – Laboratório de Fenômenos de Transferência e Operações Unitárias I – Conceito: 7,0 - EQA 5506 – Projetos I – Conceito: 8,0 Disciplinas optativas: - EQA 5237 – Petroquímica – Conceito: 6,0 - EQA 5413 – Catálise Heterogenia - Conceito: 9,5 10 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Neste capítulo apresentamos as principais atividades desenvolvidas durante toda a bolsa de iniciação cientifica, sendo as mesmas já relatadas no plano de trabalho entregue anteriormente. De acordo com as metas estabelecidas pelo projeto foram cursadas disciplinas ligadas a assuntos de interesse da industria de petróleo e gás e que auxiliaram na realização do presente trabalho, essas disciplinas estão listadas no capítulo anterior, bem como seus respectivos conceitos. Foram realizados ao longo desses meses treinamentos para a utilização dos equipamentos e programas envolvidos no projeto, foram eles; - Treinamento prestado pela CGS visando a utilização do software DDS – Dani Data Station acoplado ao cromatógrafo HPLC para a coleta de dados provenientes das corridas experimentais, bem como um breve curso sobre o correto manuseio desse cromatógrafo; - Treinamento prestado pela equipe responsável pelo programa CFX, utilizado pela nossa equipe para a simulação de uma coluna de leito fixo, visando reproduzir as corridas realizadas no laboratório experimental. Durante o período descrito no presente relatório, foram publicados e submetidos para avaliação os seguintes artigos: - Determinação da Difusividade do Benzeno em Zeólitas do Tipo Y Através do Método Cromatográfico – Trabalho aceito para publicação no XIV Congresso Brasileiro de Engenharia Química – COBEQ 2002 – Natal – RN. - Medidas de Difusividade em Fase Líquida de Hidrocarbonetos Aromáticos em Zeólitas do Tipo Y – Trabalho aceito para publicação no IV Encontro Brasileiro sobre Adsorção – EBA 2002 – Rio de Janeiro – RJ. - Caracterização de Zeólita Y para Separação de Hidrocarbonetos no Processo de Adsorção – Trabalho submetido para publicação no 2o Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo e Gás – P&D 2003 – Rio de Janeiro – RJ. 11 Foi pesquisado na literatura as principais informações para a realização do trabalho, através de consulta a livros, periódicos, banco de dados, dissertações e teses, dando origem a revisão bibliográfica. 3.1. Revisão Bibliográfica 3.1.1– Fundamentos da Adsorção A adsorção envolve a passagem de um ou mais solutos na fase fluida através de um grupo de partículas rígidas e porosas.A separação por adsorção envolve as propriedades do fluido e a seletividade do adsorvente. Podendo ocorrer em fase líquida ou em fase gasosa. Adsorção Física e Adsorção Química A adsorção física, ou fisissorção, é um fenômeno reversível não-específico que ocorre normalmente com a deposição de mais de uma camada de adsorbato sobre a superfície adsorvente. Libera quantidades de energia relativamente baixas (5-10 kcal/mol). É muito utilizada na separação de componentes por ser reversível e, portanto, permitir uma recuperação dos componentes adsorvidos. A adsorção química, ou quimissorção, envolve uma transferência de elétrons entre o adsorvente e as moléculas adsorvidas com uma ligação química sendo efetivada. Trata-se de um fenômeno bastante especifico, com uma alta liberação de energia, comparável àquela liberada em uma reação química (50-100 kcal/mol). A Tabela 3.1 apresenta as principais características da adsorção física e química: Tabela 3.1: Características de Adsorção Física e Química ADSORÇÃO FÍSICA ADSORÇÃO QUIMICA Baixo calor de adsorção (menor que 2-3 Alto calor de adsorção (maior que 2-3 vezes o calor latente de vaporização) Não específica vezes o calor latente de vaporização) Altamente específica 12 Significante apenas a baixa temperatura Possível sob grande faixa de temperatura Mono ou multicamada Somente monocamada Sem transferência de elétrons, embora Com transferência de elétrons e formação possa ocorrer polarização de ligação química com a superfície Rápida, pouco ativada e reversível Ativada, pode ser lenta e irreversível Sem dissociação das espécies envolvidas Normalmente ocorre dissociação (Ruthven,1984) Equilíbrio de Adsorção Segundo Suzuki (1990) a estimativa da capacidade de adsorção prática ou dinâmica de um adsorvente exige informações prévias sobre o equilíbrio de adsorção, tornando essa uma propriedade fundamental e portanto alvo de estudos que visam determinar a quantidade de espécies adsorvidas sob concentrações e temperaturas dadas e o modo como se procede a adsorção seletiva quando dois ou mais componentes adsorvíveis coexistem. Adsorção Monocamada e Multicamada Uma classificação das isotermas normalmente observadas experimentalmente foi Moles Adsorbed imposta por Brunauer (Cavalcante Jr.,1998) : 0 1/0 1/0 1/0 1/0 1.0 P/P s Figura 3.1: Classificação de Isotermas Segundo Brunauer A isoterma do tipo I caracteriza os adsorventes cujo tamanho dos poros corresponde praticamente ao diâmetro da molécula, onde a saturação limite ocorre com o comp leto preenchimento dos microporos. 13 Nas isotermas do tipo II e III temos a representação dos adsorventes nos quais os tamanhos dos poros são maiores e onde há uma passagem continua da adsorção monocamada para a multicamada. Isotermas do tipo IV sugerem o aparecimento de duas camadas adsorvidas e isotermas do tipo V ocorrem quando os efeitos da atração intramolecular são grandes. Lei de Henry da Adsorção Em adsorção física o estado molecular permanece constante, logo numa adsorção em superfície uniforme, a uma concentração baixa o suficiente para que as moléculas do adsorvato não interajam entre si , a relação de equilíbrio entre as concentrações da fase fluida e da fase adsorvida permanece linear, com uma concentração limite constante, conhecida como constante de Henry. A constante de Henry pode ser expressa tanto em termos da pressão (Eq. (3.1)) quanto em termos da concentração (Eq. (3.2)): q = K' ⋅ P (3.1) q = K ⋅c (3.2) ou onde da lei dos gases ideais tem-se que K = K' RT . Sendo uma constante de equilíbrio termodinâmico qualquer, a constante de Henry (K ou K’) obedece à equação de Van’t Hoff, dada pela equação (3.3 a e b): dlnK ?U ? = ; dt RT 2 (3.3.a) dlnK' ?H ? = dt RT 2 (3.3.b) 14 As constantes de equilíbrio termodinâmicos estão relacionadas com as diferenças de energia interna e entalpia. Quando essas diferenças são muito pequenas, admite-se que: − ?U ? K = K ? exp ; RT (3.4.a) − ?H ? K' = K ? ' exp RT (3.4.b) A Isoterma de Langmuir De acordo com Ruthven (1984) o modelo de Langmuir foi desenvolvido para representação da quimisorção em diversas regiões da adsorção. Ainda seguindo suas idéias, as suposições no qual o presente modelo é baseado seguem abaixo: • Moléculas são adsorvidas em um número fixo de regiões do adsorvente bem definidas; • Cada região pode comportar uma única molécula de adsorvato; • Todas as regiões possuem o mesmo valor energético; • Não há interações entre as moléculas adsorvidas e as regiões vizinhas. As concentrações de adsorvato na fase fluida, p, e na fase adsorvida, q, estão relacionadas na seguinte expressão: q bp = q s 1 + bp (3.5) sendo: q – concentração na fase adsorvida qs – concentração na fase adsorvida na saturação b – constante de equilíbrio de Langmuir p – pressão parcial do adsorvato na fase fluida 15 Em baixas concentrações o valor de p tende a zero, em virtude da grande maioria das moléculas serem adsorvidas e então, de acordo com a lei de Henry: q lim = bq s = K p→0 p (3.6) Segundo Ruthven (1984), a linearização da isoterma de Langmuir pode ser descrita da seguinte maneira: p 1 p = + q bq s q s (3.7-a) 1 1 1 1 = + q q s bq s p (3.7-b) O que torna a estimativa dos parâmetros b e qs bastante simple s, através dos dados experimentais de p e q. Calor de Adsorção O processo de adsorção física de um gás é normalmente exotérmico (Ruthven, 1984), sendo a quantidade de calor liberada diretamente relacionada com a força de adsorção envolvida. Em processos de adsorção energeticamente homogêneos ou nos quais não há interação entre as moléculas adsorvidas, o calor de adsorção é independente da quantia adsorvida. Entretanto, quando o sistema possui níveis energéticos distintos, ou quando há interação entre as moléculas adsorvidas, o calor de adsorção varia com a cobertura da superfície, e a distinção entre ambos os causadores dessa variação é muito difícil em alguns casos (Suzuki, 1990). 16 Através da equação de Vant’t Hoff calculamos o calor de adsorção, relacionando a dependência entre a constante de equilíbrio K (equilíbrio entre a fase adsorvida e a fase fluida) com a temperatura: ?H ∂lnK = ∂T RT 2 (3.8) Considerando a capacidade calorífica da fase fluida e adsorvida a mesma, ?H passa a ser constante com a temperatura. A equação de Van’t Hoff pode ser então integrada, fornecendo a dependência da temperatura com a constante de equilíbrio: ?H lnK = − + constante RT ou K = K? − ?H e RT (3.9) O valor do calor de adsorção é obtido através da plotação do gráfico de lnK versus 1/T, que de acordo com a Eq. (3.9) originará uma reta, cuja inclinação será ?H/R (Gonçalves, 2001). Cinética da Adsorção Alcançar o equilíbrio, através da passagem de compostos de uma região de alta concentração para uma de baixa concentração tendo que ultrapassar resistências, é o que conhecemos por difusão. A taxa com que o escoamento dos compostos acontece é bastante variável, dependendo de inúmeros fatores, daí a sua importância prática. 3.1.2 – Princípios Gerais da Transferência de Massa por Difusão Segundo Post (1991) uma importante descrição matemática da taxa de adsorção e dessorção em adsorventes porosos é dada pela primeira equação de Fick, que relaciona o fluxo difusivo J com o gradiente de concentração ∂q ∂x , através da seguinte expressão: 17 J = − Dc (q) ∂q ∂x (3.10) onde q é a concentração da espécie adsorvida. A verdadeira força motriz de qualquer processo de transporte, entretanto, é o gradiente de potencial químico da espécie adsorvida ∂µ ∂x . Rearranjando a Eq. (3.10) temos: J = − Bc (q)q ∂µ ∂x (3.11) A relação entre a mobilidade Bc (q) , e a difusividade Fickiana, Dc(q), pode ser facilmente derivada assumindo o equilíbrio entre a fase adsorvida (concentração q) e a uma fase de vapor ideal (pressão p , temperatura T): D c (q) = Bc (q)RT onde dlnp dlnp = D? (q) dlnq dlnq (3.12) D? = Bc (q)RT é a difusividade intrínseca. A difusividade que observamos, Dc (q), é a difusividade aparente, enquanto Do (q) é a difusividade corrigida. 3.1.3 – Tipos de Adsorventes De acordo com Suzuki (1990) os adsorventes são geralmente caracterizados pelas propriedades da sua superfície, como sua área total, e pela sua polaridade. Um adsorvente com grande área superficial possui maior capacidade de adsorção, em contrapartida uma grande área superficial distribuída num pequeno volume, pode acarretar a formação de poros pequenos. O tamanho dos poros determina a acessibilidade das moléculas de adsorvato ao interior do adsorvente, logo a distribuição de tamanho dos poros é outra importante propriedade para caracterizar a capacidade de adsorção do adsorvente. Podem ser classificados também em: 18 • Higroscópicos: adsorventes com superfície polar, e que por isso têm afinidade com substâncias polares como a água. São eles os aluminossilicatos como as zeólitas, as aluminas porosas, a sílica gel ou sílica-alumina, etc. • Hidrofóbicos: Adsorventes não-polares que não possuem afinidade com água. São eles os adsorventes carbonaceos, os adsorventes poliméricos e silicatos. Os poros podem ser classificados em três categorias, seguindo regras da IUPAC (Cavalcante Jr., 1998): ο - Microporosos: < 20 A ο - Mesoporosos: 20-500 A ο - Macroporos: > 500 A Nos microporos todas as moléculas estão adsorvidas, tendo em vista elas nunca escaparem do campo de força da superfície sólida, nem mesmo quando estão localizadas no centro do poro. Já nos meso- e macroporos, a molécula no centro do poro não sofre a ação desse campo de força, logo há duas fases no adsorvente, aquela adsorvida na sua superfície, e uma outra fase fluida no interior do poro. A Tabela 3.2 mostra algumas propriedades físicas da sílica- gel, do carvão ativado e da alumina ativada. Tabela 3.2: Algumas Propriedades Físicas dos adsorventes Amorfos Adsorvent e Volume Específico Poros (cm3 /g) Diâmetro Área de Médio de Poros Específica(m2 /g) Densidade da Partícula (g/cm3 ) ο (A ) Sílica- gel 0,43 22 800 1,09 Sílica- gel 1,15 140 340 0,62 Alumina 0,50 30-3000 320 1,28 0,15-0,5 Ampla 200-2000 0,6-0,9 (1) (2) Ativada Carvão ativado Faixa (Ruthven et. al., 1994) 19 O avanço nas técnicas de síntese de novos materiais tem proporcionado a obtenção de adsorventes com uma estrutura cristalina mais ordenada e uniforme, permitindo separações mais seletivas. Adsorventes Mais Utilizados Dentre os vários adsorventes disponíveis no mercado, os mais utilizados estão o carvão ativado, a sílica-gel, a alumina ativada e as zeólitas. Carvão Ativado O carvão ativado é um adsorvente tipo de microporo carbonaceo cuja história pode ser traçada desde 1600 a.C., quando madeira queimada era usada para fins medicinais no Egito. Esse carvão ativado disponível comercialmente é preparado a partir do carbono existente em materiais como: carvão antracite, carvão marrom, lignite, madeira, petróleo, e algumas vezes polímeros sintéticos. Esses materiais são pirolizados e carbonizados a centenas de graus centígrados, durante o qual a fração volatilizada e os produtos moleculares da pirólise são removidos enquanto o material carbonaceo residual sofre um processo de ativação usando gases oxidantes como o vapor à aproximadamente 800o C ou o dióxido de carbono a temperaturas mais altas. Os microporos são formados durante esse processo de ativação. O rendimento do carvão ativado proveniente dessas matérias primas é menor que 50% e às vezes está abaixo de 10%. A carbonização e a ativação podem ser feitas através da utilização de produtos químicos inorgânicos com o cloreto de zinco e o ácido fosfórico que têm um efeito catalítico na condensação pirolítica de carboidratos, que permite a realização da reação a menores temperaturas incrementando o rendimento durante a carbonização (Suzuki, 1990). Sílica Gel A sílica pura (SiO 2 ), ao natural é um material quimicamente inativo e não-polar, mas que quando anexado ao grupo funcional hidroxila tem sua superfície polaridade e hidrofilidade. É normalmente formada como um precipitado coloidal quando um silicato 20 solúvel é neutralizado por ácido sulfúrico. O sólido poroso é formado pela remoção da água no interior do gel, e o tamanho do poro depende das condições de retirada dessa água. As partículas de sílica gel esféricas são preparadas através da secagem desse gel com spray de ar quente. Dois tipos de sílica gel são bastante utilizados: o tipo A e o tipo B, a Tabela 3.3 mostra algumas propriedades de ambas: Tabela 3.3: Propriedades da Sílica Gel Tipo de Sílica Gel Tamanho de Poro Área superficial Interna (m2 / g) (nm) A 2,0/3,0 650 B 7,0 450 (Suzuki, 1990) Sua maior aplicação industrial está na desumidificação de gases como ao ar e hidrocarbonetos. Alumina Ativada Trata-se de um adsorvente poroso amorfo obtido, na maioria dos casos, a partir da desidratação da alumina trihidratada Al2 O3 . 3H2 O a temperatura controlada. É largamente utilizada na desidratação de correntes gasosas e em alguns processos de retirada de contaminantes de correntes líquidas. A Tabela 3.4 apresenta alguns dados referentes à alumina ativada: Tabela 3.4: Dados da Alumina Ativada Área Superficial Específica 150 to 500 m2 / g Raio dos Poros 1,5 to 6 nm Porosidade 0,4 to 0,76 nm Densidade das Partículas 1,8 to 0,8 g / cm3 ( Suzuki, 1990) 21 Zeólitas As zeólitas são aluminossilicatos minerais com estruturas cristalinas formadas por unidades tetraédricas, no centro das quais encontramos um átomo de silício (Si) rodeado por quatro átomos de oxigênio. Essas várias unidades tetraédricas se juntam para formar estruturas secundarias que se arranjam, formando a estrutura cristalina regular das zeólitas. Existem vários tipos diferentes de zeólitas sendo comercializadas hoje, a principal diferença dentre todas é o tamanho dos poros e conseqüentemente sua seletividade em determinados processos de separação. Segue abaixo a visualização da estrutura química de algumas zeólitas bastante utilizadas experimentalmente: Figura 3.3: Apresentação esquemática de: (a) zeólita A; (b) zeólita X e Y; (c) erionita; (d) cabasita (Ruthven e Wong, 1985) Suas principais propriedades foram relatadas por Maxwell e Stork (1991): § As zeólitas, especialmente as ricas em silicatos, apresentam alta estabilidade térmica e hidrotérmica, o que justifica seu uso como catalisador a temperaturas altas, e sua regeneração oxidativa mesmo em presença de algum vapor; 22 § Zeólitas são sólidos cristalinos microporosos, permitindo uma alta concentração de moléculas reagentes entre suas estruturas internas, isso faz com que uma reação na sua presença pareça estar sendo impulsionada por uma maior pressão, se comparada a reações realizadas com outros catalisadores. § Podem ser sintetizadas com diferentes estruturas, permitindo a criação de uma gama de cristais com aberturas de poros diferenciados; § Atualmente as zeólitas podem ser preparadas com uma grande variedade de composições químicas. Originalmente as zeólitas eram aluminossilicatos com aberturas de raios entre 1 e 5, mas com o avanço da síntese moldada e dos processos de modificação controlada uma variedade de zeólitas com raios maiores pode ser fabricada, como é o caso da ZSM-5; § Tem-se descoberto ultimamente uma gama de zeólitas com composição química diferenciada, sendo substituídos, na estrutura da zeólita, dois átomos de Si por um átomo de Al e um de P, tornando-se então um aluminofosfato; § As zeólitas possuem propriedades de troca iônicas que podem ser utilizadas para incorporar metais de uma maneira bastante dispersa, mas também para introduzir um caráter ácido a ela. A acidez da zeólita é bastante alta se comparada a sílica-alumina amorfa, o que se deve a disposição do alumínio contido em ambas as estruturas; § A proximidade entre as dimensões dos poros das zeólitas resulta numa grande variação de difusividade, na ordem de 10 vezes. Pelo menos três tipos de contribuições seletivas foram identificados: seletividade do reagente, seletividade do produto e a seletividade decorrente do estado de transição restrita. Os cristais de zeólitas comerciais têm dimensões médias de 1-10 µm, tendo nessas condições o aspecto de um pó muito fino, portanto para sua utilização na indústria, incorpora-se o cristal zeolitico a um pellet com dimensão adequada, com boa porosidade e resistência mecânica. Fujikata el. al.(1997) utilizou zeólitas do tipo MFI- e Y- para medir a difusividade de aromáticos e parafinas em processos de adsorção e dessorção. Maxwell e Stork (1991) estudaram a aplicação catalítica das zeólitas no refino de óleo e na conversão de gases. 23 3.1.4 – Regeneração do adsorvente A adsorção é um processo reversível, logo existe a possibilidade de regeneração do adsorvente por meio de um agente externo físico ou químico que possa reverter às condições de equilíbrio. Os métodos de regeneração mais utilizados são (Cavalcante Jr.,1998): - Regeneração por temperatura ( TSA – “Temperature Swing Adsorption”); - Regeneração por pressão ( PSA – “Pressure Swing Adsorption”); - Regeneração por deslocamento químico com um “dessorvente’; - Regeneração por purga com um gás inerte. Sendo a adsorção um processo exotérmico a utilização de altas temperaturas (TSA) inverte o processo de adsorção, temos portanto a dessorção. Os processos com fase gasosa (PSA) promovem a regeneração do adsorvente com a diminuição da pressão nas colunas a valores próximos do vácuo. A dessorção por purga de gás inerte não é muito utilizada pois mesmo para espécies fracamente adsorvidas necessitaria de um volume muito grande de gás. A regeneração do adsorvente através do deslocamento do adsorvato por meio de um outro componente químico que seja preferivelmente adsorvido também é possível. Segue abaixo uma tabela com algumas vantagens e desvantagens dos métodos de regeneração apresentados: Tabela 3.5: Vantagens e Desvantagens dos métodos de regeneração dos adsorventes MÉTODOS VANTAGENS Bom DESVANTAGENS para espécies fortemente adsovidas; Dessorbato pode Envelhecimento precoce do adsorvente; ser Ineficiência energética; recuperado com alta pureza Não-adequado para ciclos rápidos; Adsorvente TSA utilizado com não máxima eficiência ; Em sistemas líquidos, o calor intersticial 24 deve ser considerado. Bom para fracamente PSA espécies Pressões muito baixas adsorvidas podem ser requeridas; requeridas em alta pureza; Ciclo Energia mecânica é mais rápido: uso rara que o calor; eficiente do adsorvente; Dessorvato recuperado em baixa pureza. Operação Purga de Gás Inerte a T e P constantes. Bom Grandes para espécies A craqueamento durante separação e recuperação dos produtos são Evita o risco de reações necessárias: com Adsorvente de purga requeridos. fortemente adsorvidas; Deslocamento Químico de volumes a escolha a adsorvente é crucial. regeneração; Evita o envelhecimento térmico do adsorvente. (Ruthven, 1988) 3.1.5 – Métodos de Determinação da Difusividade em Sólidos Porosos A velocidade de adsorção é influenciada pela forma como se procede a difusão do adsorvato no interior da estrutura do sólido, logo esse mecanismo de difusão influência também no processo de separação. A força motriz dos processos difusivos, na medida da difusividade, normalmente é um diferencial de concentração. Temos a seguir a descrição de alguns métodos utilizados no estudo dos fenômenos difusivos nas partículas do adsorvente. Método do Banho Finito Neste método põem-se em contato o adsorvente e uma solução, com massa e composição conhecidas, que contenha os componentes a serem adsorvidos, em um sistema fechado com temperatura controlada. A diminuição da concentração do 25 do adsorvato diluído em um componente inerte, ao longo do tempo, indica a quantidade que está sendo adsorvida no sólido. Não havendo adsorção do inerte, um balanço de massa entre a condição inicial e a final fará com que se obtenha um ponto de equilíbrio para o sistema. A eficiência deste método depende da qualidade do método analítico empregado para a determinação da concentração. Esse método é limitado a baixas concentrações de adsorvato, tendo em vista elevadas concentrações resultarem uma menor diferença entre as concentrações final e inicial causando uma menor precisão nos resultados obtidos. Método Gravimétrico Trata-se de um método simples e com obtenção direta das isotermas de equilíbrio de adsorção. As quantidades de amostras utilizadas durante os experimentos são geralmente minimizadas pelo uso de uma balança de precisão. O método gravimétrico pode der utilizado sob duas formas: estático (sob vácuo) e dinâmico (com fluxo de gás inerte). No método gravimétrico estático obtêm-se um alto vácuo e depois fazemos a regeneração do adsorvente a uma temperatura de 450o C. Tendo feito essa etapa, e já na temperatura do experimento, injeta-se controladamente o adsorvato até uma pressão próxima a desejada e acompanha-se o ganho em massa do adsorvente por meio de uma microbalança adequadamente conectada a um sistema de aquisição de dados. Os pontos da isoterma de equilíbrio são obtidos após a estabilização do sinal da microbalança a uma dada pressão de equilíbrio lida no manômetro. O método gravimétrico dinâmico segue praticamente os mesmos passos do estático, com exceção da regeneração do adsorvente que é feita com gás inerte (normalmente nitrogênio ou hélio) a altas temperaturas, e durante o experimento a concentração do adsorva to no fluido é dada pela pressão parcial do mesmo na corrente gasosa que passa através do sistema da microbalança. Essa pressão parcial é determinada pela pressão de vapor na temperatura do banho termostatizado através do qual o adsorvato é levado ao interior da microbalança. Choudhary, Mayadevi e Singh (1995) desenvolveram um aparato simples para medida de adsorção de um componente na forma de vapor líquido em adsorventes sólidos. Este aparato forneceu dados razoáveis para as isotermas de adsorção nos processos com adsorção de vapores líquidos em um grande número de amostras de 26 catalisadores e adsorventes sólidos pelo método gravimétrico, além de não requerer um sistema de alto-vácuo. Método Volumétrico Esse método consiste no acompanhamento da curva de adsorção ou dessorção para uma pequena amostra de zeólitas submetidas a presença do adsorvato. A pressão é mantida constante durante o experimento usando uma bureta de gás para variar o volume do sistema à medida que a adsorção progride. Com a pressão constante, a mudança do volume do sistema corresponde à quantidade de adsorvato adsorvido. Post (1991) lista as vantagens e desvantagens deste método, quando comparado ao método gravimétrico da seguinte maneira: • O equipamento típico para as medidas volumétricas é bastante simples e fácil de operar, além de exigir um investimento financeiro menor que o requerido para a aquisição da microbalança de vácuo de alta precisão; • A alta sensibilidade e estabilidade do medidor de pressão, juntamente com a rápida resposta do sistema, permitem volume constante, e medida de pressão variável com uma pequena quantidade de adsorvente, o que diminui o risco de difusão intercristalina e os efeitos do calor de adsorção; • A variação da pressão do adsorvato, durante o experimento, complica a solução analítica da equação de difusão. Os experimentos podem envolver casos nãoideais onde a difusão intercristalina (macroporo) e os efeitos do calor estão envolvidos, ou casos onde as amostras de zeólitas consistiam em cristais com uma larga distribuição de tamanho. O esquema abaixo permite a visualização do progresso em direção ao equilíbrio. 27 Figura 3.4: Sistema para Medição de difusividade pelo Método Volumétrico (Post, 1991) Método Piezo métrico Esse método segue o mesmo procedimento do anterior com exceção da utilização de um recipiente de volume finito para conduzir a sorção. O progresso da adsorção é aqui medido pelo monitoramento da pressão. O método piezométrico pode ser aplicado em sistemas de difusão mais rápidas, tendo em vista a resposta de um transdutor de pressão ser mais rápida que a de uma microbalança. Método da Coluna de Comprimento Zero (ZLC) A grande vantagem desse método está no fato dele utilizar uma pequena quantidade de adsorvente (1-2 mg) sendo o fluxo de inerte através do sistema relativamente alto, desta forma a probabilidade de interferência de efeitos externos de transferência de calor e massa é minimizada. O aparato experimental do método ZLC para sistemas gasosos é bastante semelhante ao cromatógrafo a gás convencional, com exceção do empacotamento da coluna, que é feito com uma pequena amostra de cristais de zeólita encaixados entre dois discos de metais sinterizados. O gás passa através dos cristais reunidos e escoa para 28 um detector de ionização em chama. O uso de cristais individuais eliminam automaticamente os efeitos de difusão do macroporo (Hufton e Ruthven, 1993). Segundo Ruthven e Stapleton (1993) a técnica ZLC depende em seguir a curva de dessorção transiente quando uma pequena amostra de cristais de zeólita, pré saturados a um nível de concentração conhecido, é dessorvido com a ajuda de um agente inerte, numa relação de fluxo alta, sob condições em que o fluxo de dessorção é controlado tanto pela difusão dentro do cristal da zeólita quanto pela convecção extracristalina. Brandani e Ruthven (1995) utilizaram o método ZLC para análises de curvas de dessorção de líquidos, e obtiveram resultados de difusividade que concordaram com dados obtidos anteriormente num experimento semelhante realizado por cromatografia líquida. Método da Membrana Neste método uma membrana é fabricada a partir de um grande cristal de zeólita que é preso em uma placa de metal e selado com uma resina epóxi. Após a ativação da zeólita pelo aquecimento a vácuo, um fluxo de sorbato passa através de uma extremidade da membrana. Monitorando o crescimento da pressão com o tempo, num recipiente de volume constante, na saída da membrana obtêm-se os valores para a difusividade. Sendo o fluxo molar através da membrana muito pequeno adota-se condições de regime permanente. Esse método permite a verificação da taxa de transferência de massa nas mais variadas direções dos canais do microporo em zeólitas não isotrópicas, o que é uma vantagem. Em contrapartida a necessidade de utilização de cristais muito grandes põe em dúvida a validade da extensão dos resultados para amostras comerciais. Método do Headspace Esse método permite a determinação de equilíbrios de adsorção mono- e multicomponente, em condições próximas as de operação industrial, utilizando um cromatógrafo com o acessório adequado (headspace). Essa determinação do equilíbrio 29 de adsorção em fase líquida se dá com uma precisão excelente, desde baixas concentrações até concentrações próximas da saturação do adsorvente. Permite ainda estimar a seletividade entre os vários componentes de uma mistura na condição de equilíbrio próxima da saturação do adsorvente. Em resumo essa técnica consiste em analisar a composição do vapor em equilíbrio com a fase condensada em um frasco de amostra completamente selado, o que é usualmente obtido em um analisador “headspace”, acessório de cromatógrafos a gás, que permite que vários frascos sejam alimentados e analisados automaticamente. Método Cromatográfico O equilíbrio de adsorção é normalmente medido através do tempo em que um “pulso” ou um “degrau” de adsorvato percorre um sistema contendo uma coluna empacotada com um adsorvente poroso na temperatura desejada. O acompanhamento ao longo do tempo, através de um método analítico adequado, da concentração do adsorvato que saí da coluna, provê a curva-resposta do sistema conhecida por curva “breakthrough”, que fornece informações relativas ao equilíbrio de adsorção do adsorvato no adsorvente contido na coluna, em relação a concentração do adsorvato no fluido de entrada. O método cromatográfico pode ser estendido para adsorção multicomponente, apresentando como resultado um breakthrough individual para cada componente da mistura ao longo do tempo. Para um bom entendimento dos métodos cromatográficos é imprescindível um conhecimento básico de cromatografia por adsorção, portanto segue abaixo um pequeno resumo sobre o assunto. Cromatografia por Adsorção Na cromatografia por adsorção trabalhamos com um sistema líquido-sólido, sendo a fase móvel líquida e a fase estacionária sólida. A separação ocorre por causa das diferentes interações que cada componente apresentará entre as duas fases. Embora os 30 componentes entrem na coluna ao mesmo tempo e no mesmo ponto de inserção, são levados pela fase móvel em tempos distintos. Collins et. al. (1995) abordam em seu livro uma visão geral da cromatografia por adsorção. A fase móvel passando através do adsorvente na coluna, arrasta consigo os componentes da amostra que está sendo cromatografada. A velocidade de passagem de um componente da fase móvel pela fase estacionária depende do seu grau de adsorção na mesma, quanto mais fracamente o componente for adsorvido mais rápida é sua passagem pela coluna, e vice-versa. Portanto, quanto maior a diferença entre os coeficientes de adsorção, mas completa será a separação do composto. De uma maneira geral a coluna cromatográfica é constituída por um tubo em posição vertical com dimensões variando de acordo com a quantidade de material a ser cromatografado Para se conhecer a natureza do processo de adsorção no interior da coluna devese considerar a atividade do adsorvente (atividade cromatográfica) que, de certa maneira, traduz a força de adsorção. Essa força de adsorção pode estar relacionada também com a área de superfície ativa do sólido, onde ocorre a adsorção, e o tamanho da partícula. A ativação do adsorvente se dá pelo aquecimento, dessorvendo a água e outros materiais adsorvidos. Para a alumina uma ótima temperatura de ativação é aproximadamente 400o C por 4 horas, para outros sólidos um aquecimento de cerca de 200o C durante 2 horas já é suficiente. Método da Cromatografia em Pulso E através do pico cromatográfico que os parâmetros de equilíbrio e cinéticos são determinados, mediante a utilização de um modelo matemático adequado que corresponda aos dados experimentais. O modelo que melhor representa o escoamento de um fluido através de um leito empacotado é o modelo isotérmico de escoamento pistonado axialmente disperso, que possui a vantagem de considerar os efeitos dispersivos na coluna que afetam a eficiência da separação, incluindo a dispersão axial e as resistências a transferência de massa. 31 Os cálculos da constante de equilíbrio e da difusividade podem ser feitos a partir das soluções analíticas das equações diferenciais provenientes de cada tipo de resistência a transferência de massa ou podem ser derivados diretamente do pico experimental obtido, através das medidas do tempo de retenção e da altura equivalente de pratos teóricos (HETP). 3.1.6 – Características de um Pico Cromatográfico Numa coluna de comprimento L, porosidade do leito ε , recheada com partículas de raio Rp , sujeito a um pulso de adsorvato no regime da lei de Henry, com o pico de resposta na forma de uma gaussiana, é possível descreve- la através de momentos estatísticos. Para uma gaussiana existem três momentos estatísticos: O momento zero ( µ ? ) que representa a área do pico cromatográfico, obtida por integração e muito utilizada em análise quantitativa. O Primeiro momento ( µ ) que contém informações sobre a adsorção na coluna, e é calculado pela distância entre o início do cromatograma e o ponto máximo do pico, ou seja, o tempo de retenção (t r). ∞ µ= ∫ ctdt 0 ∞ ∫ cdt ∂c 1 s→0 ∂s c0 = lim (3.13) 0 O segundo momento do pico cromatográfico fornece informação sobre a difusão e é diretamente obtido pela largura do pico, ou variância, que é igual ao quadrado do desvio padrão da gaussiana ( σ 2 ). ∞ s 2 = ∫ c(t − µ) 0 ∞ ∫ cdt 2 dt = lim s→0 ∂2 c 1 2 −µ 2 c ∂s 0 (3.14) 0 32 Altura Equivalente de Pratos Teóricos No escoamento do soluto através da coluna empacotada, podemos observar um crescimento no poder de separação do processo, isto porque o número de interação das moléculas entre a fase móvel e a fase estacionária cresce . Cada etapa em que a molécula alcança o equilíbrio corresponde a um “estágio de equilíbrio” ou um “prato teórico”. Quanto maior o numero de pratos teóricos maior a chance da resolução desejada ser alcançada. Uma vantagem do processo cromatográfico é que no interior de uma coluna de comprimento moderado podemos ter muitos pratos teóricos. O HETP (Altura Equivalente de Pratos Teóricos) para uma coluna cromatográfica pode ser calculada aproximadamente pela equação de Van Deemter: HETP = A1 + A2 + A3 ? ? (3.15) Onde: A1 = 1.4Dm A2 = 2Rp A3 = [2e (1 − e)K L K ] [1 + e (1 − e)K ]2 O HETP também pode ser definido como: HETP = (L N) (3.16) Onde L é o comprimento da coluna e N é o número de pratos teóricos. É possível calcular este parâmetro a partir do primeiro e segundo momentos da cromatografia: 2DL s2 2eν 1 e HETP = 2 ⋅ L = + ⋅ 1+ µ ? (1 − e ) KK L (1 − e)K −2 (3.17) 33 O empacotamento uniforme da coluna resulta num número maior de pratos teóricos e conseqüentemente num processo de separação mais eficiente. As variações na porosidade do leito são eliminadas através de um procedimento de empacotamento especial. O HETP fornece uma interpretação física simples dos efeitos da dispersão axial e resistência a transferência de massa sobre a performance da coluna. Tempo de Retenção Os componentes de uma amostra fluem no interior da coluna de adsorção de maneiras diferentes, ou seja, com velocidades diferentes, eluindo separadamente com tempos diferentes. A velocidade média com que um soluto move-se depende da sua distribuição entre as fases móvel e estacionaria. A cromatografia é portanto um processo de migração diferencial onde há uma retenção seletiva, em graus diferentes dos componentes da amostra na fase estacionaria. O termo t r pode ser medido diretamente pelo experimento e é definido como sendo o tempo necessário para a amostra fluir através do leito. É correspondente ao primeiro momento da resposta cromatográfica µ . 3.1.7 – Parâmetro que Afetam a Eficiência da Coluna Cromatográfica Dispersão Axial No escoamento do fluido pelo interior de uma coluna empacotada, há a possibilidade do aparecimento de dispersão na direção axial da mesma, esse efeito é indesejável, tendo em vista reduzir a eficiência de separação. Sua minimização é portanto inevitável, principalmente quando o fator de separação é pequeno. A velocidade media de escoamento é considerada uniforme através do leito com alguma variação na concentração ao longo do eixo. A dispersão axial é atribuída principalmente a dois mecanismos: à difusão molecular e a mistura turbulenta devida à 34 separação e recombinação dos fluxos ao redor das partículas do adsorvente. É então relacionada à difusividade molecular e ao escoamento turbulento no interior da coluna. Resistência à Transferência de Massa Em uma coluna empacotada, as três principais resistências a transferência de massa são: difusão no microporo, difusão no macroporo e a formação do filme externo que circunda a partícula. Difusão no Microporo Em adsorventes microporosos, a resistência à difusão nos microporos é responsável pela seletividade de diversas zeólitas. A diferenciação no comportamento cinético das espécies tem como causa principal a presença de interações moleculares distintas entre os vários adsorvatos e a estrutura do microporo, na região intracristalina. As moléculas movimentam-se em “pulos” de sítio a sítio em um processo ativado, sendo esse fe nômeno dependente da temperatura e da concentração do adsorvato. A energia envolvida para ativar a difusão através do cristal corresponde a barreira energética existente entre esses sítios vizinhos. Difusão no Macroporo A difusão no macroporo é regida por vários mecanismos, entre os quais estão: difusão molecular, difusão de Knudsen, difusão na superfície e fluxo “Poiseuille”. Se o diâmetro do poro é grande em relação ao caminho livre das moléculas, a difusão molecular é geralmente predominante. Diminuindo o tamanho do poro aumenta-se a resistência a passagem da molécula no interior do adsorvente, aumentando a importância da difusão de Knudsen. A difusão na superfície só é normalmente significativa em sistemas gasosos, em temperaturas baixas. 35 Difusão Através de um Filme Fluido Na adsorção em fase líquida, o solvente envolve cada pellet de cristal zeolítico formando um filme no qual ocorre a transferência de massa por difusão molecular. A vazão do solvente é quem determina a espessura desse filme. Com um filme de espessura larga a resistência à transferência de massa devido a essa etapa se torna dominante e acaba por controlar a taxa geral de adsorção. 3.1.8 – Modelo Matemático para o Cálculo da Difusividade Gonçalves (2001) mostra que a difusividades de compostos variados podem ser calculadas através da análise cromatográfica, com a solução de um modelo matemático adequado. O método proposto no seu trabalho é o método dos momentos, que deriva uma expressão para o primeiro e o segundo momento de uma resposta cromatográfica em termos da dispersão axial e dos parâmetros de transferência de massa. Nele o tempo de retenção também pode ser expresso da seguinte maneira: ∞ µ= ∫ ctdt 0 ∞ ∫ cdt = L [e + (1 − e)K ] e? (3.18) 0 E a relação entre o primeiro e o segundo momento fornecerá o HETP: 2DL s2 2ee 1 HETP = 2 ⋅ l = + ⋅ µ ? (1 − e ) KK L e 1 + (1 − e )K −2 (3.19) Onde: 36 Rp 1 R2p r 2c = + + KK L 3K f 15e p D p 15KDc (3.20) Para sistemas em fase líquida, K é geralmente da ordem de uma unidade, e Dc (≅ 10-9 ) é menor que Dm (10-5 ); assim é razoável negligenciar o termo referente a formação de filme. Em temperaturas próximas a ambiente Dp é maior que Dc e portanto KDc <<< ep Dp . Assim, apenas o último termo da Eq.(3.20) tem uma importância significativa no cálculo do KL . Neste tópico será apresentado um relato detalhado dos testes e determinações dos principais parâmetro relevantes para o estudo em questão. Os procedimentos aqui relatados foram pesquisados e obtidos da literatura. Eles estão apresentados na forma de procedimento experimental: 3.2. Procedimento Experimental O presente trabalho visa à realização de corridas cromatográficas para a obtenção de picos cromatográficos, através dos quais são calculados os parâmetros necessários à determinação da difusividade mássica de uma série de hidrocarbonetos. O equipamento principal utilizado na realização deste trabalho foi um cromatógrafo a líquido de alta eficiência (HPLC) da marca CG composto por uma bomba modelo CG 480-E um detector UV modelo 437-B. A Figura 3.5 apresenta uma foto da unidade experimental utilizada. A coleta de dados é feita através do software DDS 1000 (Dani Data Station) ligado ao cromatógrafo. 37 Figura 3.5: Cromatógrafo Líquido (HPLC) Esse software permite a visualização do pico cromatográfico e a obtenção da curva de calibração, da qual são extraídos dados fundamentais ao cálculo da difusividade mássica. Os reagentes utilizados nas corridas experimentais foram: eluentes: álcool metílico HPLC/Espectro e iso-octano; adsorvatos: Tolueno P. A., Benzeno P. A, ciclohexano UV/HPLC/Espectro e n-Heptano 95% UV/HPLC/Espectro. 3.2.1. Empacotamento e Dessorção da Coluna A coluna utilizada neste trabalho consiste em um tubo de aço inoxidável polido internamente, medindo 100 mm de comprimento por 45 mm de diâmetro. Discos sinterizados são acoplados em cada extremidade para prender os pellets no interior da coluna. O empacotamento da coluna, com os pellets de zeólita Y, é feito vagarosamente em virtude do tamanho reduzido da mesma, sendo necessário uma compactação eficiente do leito durante o preenchimento, para melhor distribuição dos grânulos. Quanto mais uniforme for o enchimento da coluna, maior será sua eficiência, isso porque o ar pode ficar retido entre as partículas durante este processo formando canais na coluna que prejudicam (alargando) as bandas de eluição, (Collins, 1995). Após o processo de empacotamento, a coluna é levada a uma mufla, onde se promove o aquecimento a 350o C por aproximadamente 24 horas. Após este período, resfria-se a coluna em dessecador. Esse procedimento visa à retirada de toda a umidade 38 que por ventura esteja agregada ao adsorvente, funcionando, no decorrer das corridas experimentais, como impureza e, conseqüentemente, afetando nos resultados. Por isso o resfriamento deve ser feito em dessecador, para que não aja a absorção da umidade retirada anteriormente. Esse procedimento de dessorção deve ser realizado periodicamente, já que no andamento das análises pode haver a contaminação da zeólita por resquícios dos adsorvatos e umidade que possa ter se infiltrado no sistema. 3.2.2. Determinação da Massa e do Diâmetro Médio do Adsorvente Utiliza-se nesta etapa do trabalho uma balança analítica da marca Mettler Toledo modelo AB204-5 com precisão de 0,1 mg. Devido ao peso reduzido de uma partícula dos pellets, mediu-se a massa total de 100 partículas do adsorvente, previamente ativado, e dividiu-se depois o valor encontrado por 100, obtendo a massa média de cada partícula Para determinação do diâmetro médio das partículas mediu-se com um micrômetro de precisão 0,05 mm 100 partículas escolhidas aleatoriamente. O cálculo do diâmetro médio e do desvio padrão foi feito aplicando-se as fórmulas abaixo (Gonçalves, 2001): dp = ∑ di n ∑ (d i − d p )2 Sd = n −1 (3.21) 1 2 (3.22) Onde: dp - diâmetro médio das partículas di ∑n - somatório dos diâmetros medidos para amostra n - número total de partículas Sd - desvio médio patrão das n medidas realizadas 39 ∑ (d − d p ) - somatório dos quadrados dos desvios das n medidas em relação à 2 i média 3.2.3. Determinação dos Parâmetros Físicos do Adsorvente Para a aplicação das equações de transporte de massa envolvidas no processo de difusão, é necessário conhecer os valores da densidade real, densidade aparente e fração de vazios total das partículas. Com base na literatura, utilizou-se a técnica da picnometria com água. Nesta técnica um líquido de densidade conhecida é posto em contato com o sólido cuja densidade pretende-se determinar até que todo os poros do adsorvente estejam preenchidos pelo líquido. Um picnômetro de volume conhecido (5 ml) é totalmente preenchido com líquido à temperatura ambiente. Pesa-se o picnômetro cheio e descontando a massa do picnômetro vazio, previamente tarado, tem-se então a massa de líquido (ML). Pesa-se uma quantidade de adsorvente (MP ) previamente ativado, introduzindo-a no picnômetro vazio, acrescenta-se então o líquido, preenchendo-o completamente. Para determinação da massa final do líquido (MLf) no picnômetro, espera-se cerca de sete dias até o nível do líquido não mais variar, completa-se o nível e pesa-se o conjunto. Subtraindo-se a massa final do líquido (MLf) da massa inicial (ML), e dividindo pela densidade do líquido utilizado na temperatura ambiente ( ρL ), temos o volume real ocupado pelo sólido (VS), como mostra a equação abaixo: VS = (M L − M Lf ) ?L (3.23) A equação abaixo fornece a densidade real do sólido: ?S = MP VS (3.24) 40 Já a densidade aparente do adsorvente é expressa da seguinte maneira: ?ap = MP Vap Vap = pd P 6 (3.25) Sendo: 3 (3.26) Tendo-se definido a densidade real e a densidade aparente do adsorvente, foi possível a determinação da fração de vazios do sólido, seguindo a fórmula abaixo: eP = (? S − ?ap ) ?S (3.27) 3.2.4. Determinação da Porosidade do Leito A porosidade do leito (ε ) é determinada através da relação entre o volume do leito e o volume entre as partículas. Segue abaixo a equação que demonstra essa relação: e= (VLeito − Vpellet ) Vleito (3.28) O volume do leito é o mesmo que o volume da coluna, e é calculado da seguinte forma: 41 Vleito d = Lp c 2 2 (3.29) Já o volume dos pellets é considerado como o volume total ocupado pelos mesmos no interior da coluna, calculado a partir da fórmula apresentada abaixo: M V pellet = P ?ap (3.30) 3.2.5. Preparação das Soluções A preparação das soluções para análise foi feita com a utilização de uma micropipeta da marca Jencons Sealpette, com precisão de 200-1000 µl. Antes das diluições os reagentes foram deixados por 2 minutos em um aparelho de ultrasom da marca Unique e do modelo USC 1450, para deaeração, tendo em vista que as moléculas de ar misturadas nos reagentes, quando injetadas no cromatógrafo, provocam distúrbios na forma de picos que muitas vezes dificultam a leitura dos picos proveniente da saída dos adsorvatos. 3.2.6. Análise química do adsorvente Foi realizada uma Micrografia Eletrônica de Varredura (MEV) que permitiu analisar a composição química da zeólita Y, verificando quais os elementos químicos que a compõe e sua proporção. 3.2.7. Medida da capacidade de adsorção de água da zeólita Y Foi realizado um ensaio para medir a adsorção de água na zeólita Y. Este experimento permite visualizar, através de um gráfico, a quantidade de água que é adsorvida na zeólita com o passar do tempo. Para isso a amostra foi aquecida a 350o C 42 por 24 horas e resfriada em dessecador, depois foi acondicionada em um recipiente fechado contendo uma atmosfera saturada com vapor d´água a 25o C. Foram então medidas a cada cinco minutos as massas da amostra até que a mesma estabilizasse. Na próxima seção serão apresentados os resultados das análises relatadas, seguindo-se as metodologias descritas nos itens anteriores e comparando seus valores com os apresentados na literatura. 3.3. Resultados e Discusão Os resultados obtidos no presente trabalho serão confrontados com os obtidos por Gonçalves (2001). Nos resultados obtidos experimentalmente neste trabalho foram utilizadas metodologias e condições experimentais semelhantes às relatadas por esse autor. O analisador do HPLC utilizado que neste trabalho, UV- visível, difere do descrito por Gonçalves (2001) onde foi utilizado um detector de difratometria. 3.3.1. Determinação da Massa e do Diâmetro Médio do Adsorvente A tabela abaixo trás o diâmetro médio das partículas encontrado, juntamente com a seu desvio padrão: Tabela 3.6: Granulometria do Adsorvente Diâmetro Médio (dp ) em mm Desvio Padrão 0,510 0,0124 O resultado está em concordância com a literatura utilizada onde foi encontrado um diâmetro de 0,513 mm, para as mesmas partículas de zeólitas. A massa da partícula determinada foi 0,0001352g, que se apresentou próxima à relatada na literatura que foi de 0,0001251g. 43 3.3.2. Determinação dos Parâmetros Físicos do Adsorvente Foram determinados aqui os parâmetros indispensáveis para o cálculo do coeficiente de difusividade mássica (densidade aparente, a densidade real e a fração de vazios). A técnica utilizada foi a picnometria com água. Os resultados são apresentados abaixo: Tabela 3.7: Parâmetros Físicos do Adsorvente Densidade Real (g / cm3 ) 2,7431 Densidade Aparente (g / cm3 ) 1,9475 Fração de Vazios 0,2900 Gonçalves (2001), utilizando o mesmo solvente encontrou uma macroporosidade de 0,3819. Este desvio pode ser explicado pelo fato de que embora a densidade real esteja de acordo com os dados relatados (2,9122 g/cm3 ) a densidade aparente apresentou discordância, o valor apresentado pelo autor foi de 1,800 g/cm3 . 3.3.3. Determinação da Porosidade do Leito Para o cálculo da porosidade do leito utilizou-se a massa de zeólita empacotada na coluna, cujo valor numérico foi de 1,4626g, e a densidade aparente da fase sólida calculada anteriormente, cujo valor foi de 1,9475g.cm-3 . O valor de porosidade do leito encontrado foi de 0,52755, o que se aproxima do valor encontrado por Gonçalves (2001) que foi de 0,5600 e do valor definido para leitos empacotados (0,4). 3.3.4. Resposta Cromatográfica à Injeção da Amostra 44 A resposta cromatográfica à injeção da amostra é observada na forma de uma gaussiana, sendo seu formato mais compacto ou mais alongado dependente da taxa de sorção apresentada na corrida experimental. Os parâmetros de equilíbrio e cinética podem ser calculados a partir de dados extraídos dessas curvas. Sempre que a etapa de dessorção da coluna é feita, conforme relatado no tópico procedimento experimental, torna-se necessário à realização de uma série de corridas experimentais visando à estabilização da coluna de adsorção, isso acontece porque a amostra demora um certo período, assim que é injetada, para preencher totalmente os espaços vazios do adsorvente, carregando consigo vestígios de ar que tenham se acumulado nos poros do adsorvente durante a conexão da mesma. Um bom ajuste nos terminais responsáveis pela conexão da coluna no cromatógrafo é imprescindível, pois do contrário bolhas de ar podem penetrar na coluna dificultando a leitura dos picos. Na Figura 3.8 é apresentado um pico típico do cromatograma. Figura 3.8: Representação de um pico cromatográfico com o iso-octano como fase de arraste Na Figura 3.9 são apresentados quatro gráficos representando algumas das corridas cromatográficas realizadas, mostrando a flutuação dos resultados até o estabelecimento do regime permanente para a coluna de adsorção após o processo de dessorção da mesma. O número de corridas necessárias neste caso é bastante variável, dependendo da presença de ar e umidade residuais no interior do adsorvente. No último dos gráficos pode-se observar a estabilidade da linha cromatográfica, a partir deste ponto à coluna está pronta para a realização das análises. 45 Figura 3.9: Flutuação dos resultados após regeneração da Coluna Cromatográfica até atingir o regime permane nte 3.3.5. Resultados da análise química do adsorvente A Figura 3.10 representa a análise química da zeólita Y obtida através da Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Nela podemos observar uma composição bastante variada, com predominância de silício, alumínio e oxigênio. Figura 3.10: Análise química da zeólita Y 46 3.3.6. Perfil de adsorção de água da zeólita Y Os resultados da medida da adsorção de água na zeólita Y são apresentados no gráfico abaixo: % de massa de água adsorvida 18 15 12 9 6 3 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 tempo (min) Figura 3.11: Representação gráfica da medida da adsorção de água na zeólita Y O gráfico da Figura 3.11 apresenta um comportamento assintótico, indicando o equilíbrio da adsorção após 340 min, para um teor de umidade de 16,302 %. 47 4. SUGESTÕES DE PROXIMAS ATIVIDADES Abaixo estão listadas algumas sugestões para continuidade do presente trabalho: - Realizações de corridas experimentais com outras classes de hidrocarbonetos visando a determinação e comparação das propriedades difusivas dos mesmos; - Novas publicações de artigos, abrangendo dados experimentais de futuros experimentos, bem como participações em eventos científicos; - Determinação da influência da adsorção de água no adsorvente no desempenho da coluna cromatográfica. 48 5. CONCLUSÃO Neste trabalho realizou-se a caracterização da zeólita Y, amplamente utilizada nas industrias de petróleo e gás, através de análises químicas e físicas. A cromatografia líquida foi usada como ferramenta para o estudo do comportamento difusional de hidrocarbonetos. O adsorvente utilizado se mostrou ideal para o tipo de corridas experimentais que foram realizadas. Embora o aparato cromatográfico tenha exigido adaptações e melhorias no inicio do projeto, conseguiu-se a operação em regime do mesmo. A fase inicial do projeto foi marcada pela calibração do cromatógrafo e pela adaptação da coluna de adsorção no mesmo, todo um processo de usinagem foi feita nesta coluna para que alcançasse as condições de uso atuais, esse processo permitiu que hoje o equipamento presente no laboratório tivesse excelentes condições de operação, facilitando o andamento dos trabalhos. A metodologia adotada para a caracterização do adsorvente zeolítico, zeólita Y, mostrou-se adequada, permitindo a determinação dos parâmetros necessários para a determinação da difusividade pelo método dos momentos. Foi determinado o comportamento cinético da adsorção de água a 25o C para a zeólita Y, verificando-se um tempo de 340 min para se atingir o equilíbrio com uma concentração de 16,302 % de umidade. O comportamento dinâmico da coluna de adsorção foi estudado, verificando-se uma forte flutuação dos resultados após o processo de dessorção da coluna, após esta ser reintroduzida no sistema cromatográfico. Os resultados experimentais foram condizentes com os da literatura, comprovando que os métodos de análise e cálculo estão bem implementados. As atividades realizadas seguiram o cronograma apresentado no plano de trabalho, cumprindo-se com todas as atividades previstas. 49 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brandani, S. and D. M. Ruthven, “Analysis of ZLC Desorption Curves for Liquid Systems”, Chem. Eng. Sci., 50 (13), 2055 - 2059 (1995). Cavalcante jr, C. L., “Separação de Misturas por Adsorção: Dos Fundamentos ao Processamento em escala comercial”, Tese Submetida a Concurso Público para Professor, UFC - Fortaleza (1998). Choudhary, V. R., S. Mayadevi and A. P. Singh, “Simple Apparatus for the Gravimetric Adsorption of Liquid Vapors on Solid Catalysts Adsorbents”, Ind. Eng. Chem. Res., 34, 413 - 415 (1995). Collins, C. H., G. L. Braga and P. S. Bonato, Introdução a Métodos Cromatográficos, Editora da UNICAMP: Campinas (1995). Fujikata, Y., T. Massuda, H. Ikeda, K. Hashimoto, “Measurement of the Diffusivities whitin MFI- and Y- Type Zeolite Catalysts in Adsorption and Dessorption Processes”, Microporous and Mesoporous Materials, v. 21, p. 679-686, 1998. Gonçalves, C. V., “Difusão em Fase Líquida de Hidrocarbonetos em Zeólita Tipo Y”, Dissertação de Mestrado, UFC - Fortaleza (2001). Hufton, J. R. and D. M. Ruthven, “Diffusion of Light Alkanes in Silicalite Studied by the Zero Length Column Method”, Ind. Eng. Chem. Res., 32, 2379 - 2386 (1993). Klint, D., J. O., “Effects of additives and Heat Treatment on the Pore Size Distribution in Pelletized Zeolite Y”, Materials Research Bulletin, v. 34, n. 5, p. 721731, 1999. Massuda, T., K. Fukada, Y. Fujikata, H. Ikeda, K. Hashimoto, “Measurement and Prediction of the Diffusivity of Y- Type Zeolite”, Chem. Eng. Sci., v. 51, n. 10, p. 1879-1888, 1996. 50 Maxwell, I. E., W. H. I. Stork, “Hidrocarbon Processing with Zeolites”, Introduction to Zeolite Science and Practice, v. 58, p. 571-628, 1991. Post, M. F. M., “Diffusion in zeolite molecular sieves”, Introduction to Zeolites Science and Practice, 58, 392 - 443 (1991). Ruthven, D. M., Wong, F.,”Simplified Statistical Thermodynamic Model of Ruthven”, Ind. Eng. Chem. Fundam., 24, 27 (1985). Ruthven, D. M., “Caracterization of Zeolite by Sorption Capacity Measurement”, Microporous Materials, v. 22, p. 492-666, 1998. Ruthven, D. M.,”Zeólites as Selective Adsorbents’, Chem. Eng. Prog., 42 (1988) Ruthven, D. M. and Stapleton, P.. “Measurement of Liquid Phase CounterDiffusion in Zeolite Crystals by the ZLC Method”, Chem. Eng. Sci., 48 (1), 89-98 (1993). Ruthven, D. M., Farooq, S. E Knaebel, K. S., “Pressure Swing Adsorption”, VCH Publishers: New York (1994) 51 ANEXO Em anexo é apresentado o plano de trabalho em vigor. PLANO DE TRABALHO Um cronograma das atividades previstas é apresentado abaixo: 1 – Revisão Bibliográfica: A primeira etapa do projeto visa o levantamento de informações necessárias ao conhecimento e desenvolvimento do trabalho, abrangendo o estudo dos métodos cromatográficos, dos processos adsortivos e dessortivos, aplicações industriais dos hidrocarbonetos utilizados e o aprofundamento nos métodos de determinação de difusividade mássica. 2 – Modelagem Experimental para a Determinação da Difusividade Mássica: Abrange a preparação da coluna de adsorção para posterior conexão no cromatógrafo, fazendo a sua adaptação para o equipamento, o seu preenchimento e a retirada da umidade retida no seu interior. 3 – Calibração dos equipamentos: Procura das condições ótimas de funcionamento dos equipamentos utilizados no projeto para a obtenção de resultados confiáveis e com uma pequena margem de erro. 4 – Planejamento Experimental: Obtenção de uma metodologia de trabalho visando um melhor aproveitamento das corridas experimentais, abrangendo a escolha da ferramenta matemática, o intervalo entre as corridas e a maneira de efetuar as leituras desses dados experimentais. 5 – Corridas Experimentais: Utilização dos equipamentos e aplicação do método dos momentos para o cálculo do coeficiente de difusividade mássica dos hidrocarbonetos estudados no projeto. Realização de corridas experimentais utilização de novos reagentes. 52 6 – Análise dos Resultados e Redação do Relatório Final/Monografia: Análise dos resultados obtidos no decorrer da pesquisa, elaboração das conclusões e redação do relatório final/monografia. CRONOGRAMA DE TRABALHO As atividades acima serão desenvolvidas conforme o cronograma abaixo, com prazo de conclusão em fevereiro/2003: Períodos Atividade Ago/01 Set/01 s Out/01 Nov/01 Jan/02 Mar/02 Mai/02 Jul/02 Set/02 Nov/02 Jan/03 Dez/01 Fev/02 Abr/02 Jun/02 Ago02 Out/02 Dez/02 Fev/03 1 == == == == == == == == == == 2 == 3 == 4 5 6 == == 53