Leia o poema abaixo de João Ruiz de Castelo-Branco, composto do século XVI, para responder às questões 1, 2 e 3.
Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
partem tão tristes os tristes,
tão fora de esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
(João Ruiz de Castelo Branco)
1) Quanto ao assunto desenvolvido no poema, explique o que há em comum entre ele e as cantigas de amor do
Trovadorismo.
2) Metonímia (ou sinédoque) é uma figura de linguagem que consiste na substituição de uma palavra que significa um
todo por outra que significa uma parte e vice-versa. Sabendo disso, retire do poema um caso de metonímia.
3) No verso, partem tão tristes os tristes, nota-se a repetição da consoante “t”, causando certo efeito de sonoridade. Qual
o nome que se dá a essa figura de linguagem?
(Unicamp – adaptada) – os dois textos a seguir falam da fragmentação do sujeito lírico – num eu, que não aparece, e
num mim, evidente. Sabendo disso, responda à questões 4 e 5.
Texto I
Comigo me desavim
Sou posto todo em perigo
Não posso ficar comigo
Não posso fugir de mim.
(Francisco Sá de Miranda - Humanismo)
Texto II
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
(Mario de Sá Carneiro - Modernismo)
4)
De que modo cada um dos textos trata desse tema?
5)
Qual a semelhança entre os dois textos quanto à forma (estrutura)?
6) (UEM – Verão 2008) “Sócrates: Imaginemos que existam pessoas morando numa caverna. Pela entrada dessa caverna
entra a luz vinda de uma fogueira situada sobre uma pequena elevação que existe na frente dela. Os seus habitantes estão
lá dentro desde a infância, algemados por correntes nas pernas e no pescoço, de modo que não conseguem mover-se nem
olhar para trás, e só podem ver o que ocorre à sua frente. (...) Naquela situação, você acha que os habitantes da caverna, a
respeito de si mesmos e dos outros, consigam ver outra coisa além das sombras que o fogo projeta na parede ao fundo da
caverna?”. (PLATÃO. A República [adaptação de Marcelo Perine]. São Paulo: Editora Scipione, 2002. p. 83).
Em relação ao célebre mito da caverna e às doutrinas que ele representa, assinale V para as questões verdadeiras e F para
as falsas.
a. ( ) No mito da caverna, Platão pretende descrever os primórdios da existência humana, relatando como eram a vida e a
organização social dos homens no princípio de seu processo evolutivo, quando habitavam em cavernas.
b. ( ) O mito da caverna faz referência ao contraste ser e parecer, isto é, realidade e aparência, que marca o pensamento
filosófico desde sua origem e que é assumido por Platão em sua famosa teoria das Ideias.
c. ( ) O mito da caverna simboliza o processo de emancipação espiritual que o exercício da filosofia é capaz de promover,
libertando o indivíduo das sombras da ignorância e dos preconceitos.
d. ( ) É uma característica essencial da filosofia de Platão a distinção entre mundo inteligível e mundo sensível; o primeiro
ocupado pelas Ideias perfeitas, o segundo pelos objetos físicos, que participam daquelas Ideias ou são suas cópias
imperfeitas.
e. ( ) No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e contempla a realidade fora da caverna, devendo voltar à caverna
para libertar seus companheiros, representa o filósofo que, na concepção platônica, conhecedor do Bem e da Verdade, é o
mais apto a governar a cidade.
Leia os fragmentos poéticos que seguem, ambos do poeta clássico Luís Vaz de Camões, para responder às questões
7 e 8.
Fragmento I
Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha.
Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.
Fragmento II
Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente,
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
7)
Identifique o tipo de verso utilizado em cada fragmento, classificando-os entre “a medida velha” ou “a medida nova”.
Faça a divisão métrica do 1º verso (linha) de cada poema.
8) Retire de cada fragmento um par de antíteses (ou ideias contraditórias que você observou).
“Cessem do sábio grego e do troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta."
9)
Sabendo de Os Lusíadas recebem influência direta da Antiguidade Clássica, responda:
a) Qual a mensagem principal passada por Camões na estrofe acima?
b) Classifique a estrofe acima quanto à forma poética. (estrofe, métrica, rima)
10) Leia a estrofe:
Estas palavras Júpiter dizia,
Quando os Deuses por ordem respondendo,
Na sentença um do outro diferia,
Razões diversas dando e recebendo.
O padre Baco ali não consentia
No que Júpiter disse, conhecendo
Que esquecerão seus feitos no Oriente,
Se lá passar a Lusitana gente.
a) Pelo conteúdo apresentado, identifique a qual episódio pertence a estrofe acima.
b) Por que Baco não era favorável à chegada dos portugueses às Índias?
c) Cite o nome de um deus (ou deusa da mitologia) que defendeu os navegantes diante das ameaças de Baco.
11) Sobre o Episódio da Morte de Inês de Castro, leia a estrofe abaixo e responda:
Queria perdoar-lhe o Rei benigno,
Movido das palavras que o magoam;
Mas o pertinaz povo e seu destino
(Que desta sorte o quis) lhe não perdoam.
Arrancam das espadas de aço fino
Os que por bom tal feito ali apregoam.
Contra uma dama, ó peitos carniceiros,
Feros vos amostrais e cavaleiros?
a) Segundo a estrofe dada, por que o rei D. Afonso IV não pôde perdoar Inês de Castro?
b) Levando em conta o contexto do episódio, a quem o eu-lírico se refere quando diz: “(...) ó peitos carniceiros / Feros
vos amostrais e cavaleiros”?
PARE AQUI!
NA FOLHA SEGUINTE ENCONTRAM-SE AS RESPOSTAS, LEIA SOMENTE APÓS RESOLVER AS QUESTÕES.
GABARITO
1)
Tanto no poema de João Ruiz, quanto nas cantigas de amor trovadorescas aparecem a mulher idealizada, tratada
como “Senhora”, a coita (ou sofrimento amoroso) e o eu lírico masculino.
2)
“Partem tão tristes/meus olhos” (ou outro exemplo).
3)
Aliteração.
4)
No 1º, o eu lírico se desentendeu com ele mesmo e parece não suportar a convivência com sua própria personalidade;
no 2º, ele parece ter-se perdido no próprio eu, sentindo-se com saudades dele mesmo.
5)
Ambos foram compostos em versos redondilhos maiores e apresentam esquema de rima ABBA. Além disso, aparece
a palavra “mim”, nas terminações de versos dos dois poemas.
6)
F, V, V, V, V.
7)
/Per/di/gão/ per/deu/ a /pe/na – medida velha (redondilho maior, 7 sílabas).
A/mor/ é / fo/go/ que ar/de/ sem/ se/ ver/, – medida nova (decassílabo, 10 sílabas).
8)
Fragmento I: “Perde a pena do voar X Ganha a pena do tormento”
Fragmento II: “É um contentamento descontente,”
9)
a) Que as glórias portuguesas seriam mais valorosas do que qualquer outra já passada.
b) Oitava-rima ou oitava-real, com versos decassílabos e rima ABABABCC.
10)
a) O concílio dos deuses
b) Porque Baco considerava que a chegada dos portugueses aos Oriente poderia tirar-lhe a glória, pois lá ele, Baco,
era um deus respeitado.
c) Vênus e Marte
11)
a) Segundo a estrofe, ele alega que o destino e o povo não a perdoam.
b) A todos aqueles que pretendiam matar Inês de Castro: o povo e o rei D. Afonso.
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