LÍNGUA PORTUGUESA - 3ª ETAPA/2015
Ensino Fundamental
Ano: 8°
Professor: Lavínia
Turma:
Atividade: Estude mais - Artigo de opinião
Data: / 09 /2015
Aluno:
Nº
ELE SABE TUDO SOBRE VOCÊ
Mark Zuckerberg criou uma máquina de ganhar dinheiro que se alimenta de informações sobre nós todos. É o
Facebook. Ele invadiu a nossa vida – e ficou bilionário com o que damos a ele de graça
Você sabe dizer quanto vale? Deixe de lado fatores subjetivos, como seus valores morais, habilidades
profissionais e perspectiva de vida. Quanto você vale em dinheiro? Se você é um dos 845 milhões de usuários do
Facebook no mundo – só no Brasil são 36 milhões –, essa pergunta foi respondida na semana passada: você vale
exatos US$ 88,75, cerca de R$ 152. Depois de meses de preparação, a maior rede social da internet entregou os
documentos necessários para realizar sua oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores de
Nova York.
O objetivo da empresa é captar US$ 5 bilhões a partir de maio, quando os papéis do Facebook estarão à
disposição dos investidores. O preço que cada uma dessas ações atingir no lançamento vai determinar o valor
total da empresa, que está sendo estimado entre US$ 75 bilhões e US$ 100 bilhões. Com base nessas projeções,
empresas calcularam o valor por usuário ou “quanto você vale” no Facebook. Basicamente, é uma divisão de US$
75 bilhões por 845 milhões de usuários. A Apple fatura vendendo iPhones, iPads e computadores Macs. A
Microsoft fatura vendendo licenças do sistema Windows ou consoles do videogame XBox 360. O Google ganha
dinheiro com anúncios atrelados a seu serviço de busca. E o Facebook ganha dinheiro apenas com suas
informações. É o que você posta, escreve, joga, compartilha, lê, comenta, curte e cutuca que fez com que a
empresa lucrasse US$ 1 bilhão em 2011. Isso pode transformá-la, agora, na sétima companhia de tecnologia mais
valiosa do mundo.
Quem conseguiu transformar essas informações em dinheiro foi o jovem americano Mark Zuckerberg,
fundador e principal executivo da empresa. Com apenas 27 anos, ele é hoje um dos homens mais ricos e
influentes do mundo. O Facebook inventou um negócio com base na oferta de espaço digital (ilimitado e gratuito)
para que os consumidores se relacionem. Em troca, os dados sobre tudo o que esses consumidores fazem – tudo
o que você faz! – são vendidos às empresas interessadas em se relacionar com eles, na forma de anúncios
publicitários. Oitenta e cinco por cento do faturamento de US$ 3,7 bilhões obtido pelo Facebook no ano passado
veio assim. Sistemas inteligentes analisam rios de dados gerados pelas ações dos usuários e criam “cestas de
perfis” para quem quiser explorá-los. Como funciona? O Facebook, por exemplo, calcula quantas mulheres
paulistanas entre 20 e 30 anos acabaram de mudar seu status de relacionamento para “noiva”, oferece essa
informação a uma produtora de festas e cria um anúncio para sair na coluna lateral do perfil das noivas. Da
mesma forma, se alguém “curte” uma página de comida saudável, pode ser o cliente ideal para anúncios de
vegetais orgânicos. Se posta vídeos de futebol, se menciona livros de economia, se comenta sobre mergulhos, se
publica fotos das Ilhas Fiji – as possibilidades de exploração comercial das informações são infinitas, e todas elas
são armazenadas nos bancos de dados do Facebook. Com o passar do tempo, eles se tornam verdadeiros oceanos
de dados nos quais as empresas podem pescar o que desejarem saber sobre os consumidores.
Além de franquear informações sobre seus usuários, o Facebook também permite que as empresas criem
as próprias ações de marketing no site. Elas podem montar páginas oficiais no Facebook, onde reúnem
consumidores, fazem promoções e criam desafios e jogos. Tudo com o intuito de que seus clientes compartilhem
cada vez mais informações e façam, no boca a boca, publicidade gratuita da marca. Mais de 25 milhões de
pessoas no mundo se deram ao trabalho de entrar na página do biscoito Oreo no Facebook e clicar no botão
“Curtir”. Com isso, recebem as últimas informações sobre o produto e participam de promoções. No Brasil, a
página do Guaraná Antarctica reúne quase 4 milhões de fãs. “Mais de 4 milhões de empresas têm páginas no
Facebook que são usadas para ter um diálogo com seus clientes”, diz Zuckerberg.
Na carta que divulgou na semana passada, quando apresentou os documentos para abertura de capital do
Facebook, Zuckerberg tratou dessas questões com uma retórica heroica e otimista. “O Facebook não foi criado
para ser uma empresa. Ele foi construído para realizar uma missão social: tornar o mundo mais aberto e
conectado”, escreveu. É o mesmo discurso idealista que o Google usou em seus primeiros anos de vida, quando
tinha o slogan informal “Don’t be evil” (“Não seja mau”). Mas a carta vai além. Zuckerberg deixa claro aos
investidores que a empresa está disposta a investir em novas ferramentas que incentivem seus usuários a
partilhar entre si um volume cada vez maior de informações – que poderão ser, de alguma forma, usadas pelas
empresas. “Compartilhando mais, as pessoas têm acesso a diferentes opiniões sobre produtos e serviços”, afirma.
“Isso torna mais fácil a descoberta de novos produtos e melhora a qualidade e eficiência de nossa vida.”
A abertura de capital do Facebook impõe à empresa novos desafios. Haverá, sobretudo, pressão dos
acionistas para atrair cada vez mais dinheiro. Isso significa que o Facebook terá de continuar crescendo em
assinantes – e convencendo seus usuários a depositar mais e mais informações em seus perfis. O futuro do
Facebook depende, resumidamente, de quanto as pessoas estarão dispostas a expor de sua vida, em troca de um
serviço gratuito e instantâneo que as coloca em contato, 24 horas por dia, de qualquer lugar do mundo, com
amigos, familiares e colegas de trabalho. Para o Facebook prosperar nos próximos dez anos, será preciso um
mundo onde as relações sociais e a ideia de privacidade sejam substancialmente diferentes do que são hoje.
A
QUESTÃO DA PRIVACIDADE
O sucesso do modelo de negócio criado pelo Facebook traz uma polêmica que acompanha a empresa
desde seu nascimento. Até que ponto uma companhia de internet tem o direito de acompanhar a vida pessoal
dos usuários para desenvolver estratégias de marketing a partir delas? O Facebook já enfrentou críticas e foi
levado aos tribunais pela forma como atropela os direitos de seus usuários e faz uso pouco transparente das
informações que eles colocam no site. As políticas de privacidade da empresa são explicadas em centenas de
páginas (difíceis de encontrar nas entranhas do site) e, uma vez encontradas, são escritas de uma forma que
repele a leitura e a compreensão. Ao contrário da adesão ao Facebook, que é feita em minutos por qualquer
criança, obter informações sobre os direitos dos usuários no site pode levar muito tempo e exige paciência e
habilidade.
Determinado a descobrir o que o Facebook sabia sobre ele, o estudante austríaco Max Schrems pressionou
a empresa de todas as formas. Depois de uma longa disputa legal, conseguiu, no ano passado, que o Facebook lhe
enviasse um CD com todos os dados gerados em seu perfil durante três anos. O CD continha mais de 1.200
páginas de informações privadas, inclusive todas as mensagens que ele deletara. Segundo Schrems, isso contraria
explicitamente os compromissos legais do Facebook. Nos últimos anos, as políticas de privacidade e de direitos
dos usuários sofreram várias mudanças unilaterais por parte do Facebook, sempre na mesma direção – a
publicação indiscriminada das informações que as pessoas colocam em seus perfis e das mensagens que trocam
com seus amigos no interior do site, e mesmo fora dele. Cada vez que o Facebook lança um pacote de novidades
para os internautas, é alvo de reclamações de quem vê suas informações pessoais tornarem-se repentinamente
públicas.
Em 2007, o Facebook lançou um serviço chamado Beacon. Ele revelava o que os usuários faziam e o que
compravam em sites que se integravam à rede social. Depois, criou um sistema que reconhecia e marcava
automaticamente as fotos de usuários, com base numa poderosa ferramenta de reconhecimento facial.
Recentemente, o Facebook estreou um recurso chamado “linha do tempo”, que organiza e publica por conta
própria tudo o que o usuário já postou: fotos, vídeos, mensagens, interações com amigos... No início, a adesão a
essa forma de apresentação do perfil foi voluntária. Quando os internautas hesitaram, o Facebook anunciou que
a mudança seria compulsória – e gerou uma onda de protestos irados. Ficou claro que a “linha do tempo” poderia
ressuscitar fotos de ex-namorados – ou vídeos comprometedores de festas – publicadas numa época em que
apenas meia dúzia de amigos íntimos tinha acesso ao perfil de cada um dos usuários. Em resumo, o Facebook se
preparava, novamente, para tornar pública mais uma camada de informação que antes parecera protegida pela
privacidade. Mesmo assim, o Facebook anunciou dias atrás que a linha do tempo será ativada em todos os perfis,
sem necessidade de autorização. Por sete dias, apenas o próprio titular terá acesso a ela, podendo fazer
modificações. Depois disso, a vida de cada um dos internautas no Facebook estará aberta.
O objetivo de Zuckerberg com essas constantes reduções do espaço privado é manter os internautas mais
tempo em suas páginas, conversando e vasculhando os perfis uns dos outros. Ele percebeu muito cedo, ainda na
universidade, que a maioria de nós tem uma curiosidade ilimitada sobre os outros e um desejo irrefreável de
conversar e partilhar novidades sobre nós mesmos. Zuckerberg identificou esse comportamento antes de 2004,
ao criar o site FaceMash, um embrião do que viria a ser o Facebook. O site roubava fotos de alunos publicadas
nos sites pessoais de Harvard e promovia uma competição para determinar quem eram as alunas mais bonitas.
Os acessos foram tantos que derrubaram os computadores centrais da universidade.
Desde então, Zuckerberg vem ajudando a moldar uma geração inteira que ficou conhecida como “posto,
logo existo” – gente incapaz de usufruir um momento privado sem a antecipação do prazer de partilhá-lo on-line.
Conhecido por ter um temperamento recluso e quase antissocial, o próprio Zuckerberg não é bem assim. Olhando
de fora, percebeu que a internet, com seu potencial infinito de compartilhamento de informações, poderia alterar
dramaticamente os conceitos de público e privado – e se aproveitou astutamente disso. Afirma que não havia
mais nenhuma expectativa de privacidade na internet. “As pessoas estão cada vez mais confortáveis não apenas
em partilhar informações, mas em fazê-lo mais abertamente e com mais pessoas”, disse no ano passado, numa
das declarações mais francas que fez sobre o assunto. “Essa é uma nova norma social, que evoluiu com o tempo.”
Bruno Ferrari, disponível em http://revistaepoca.com
QUESTÃO 1
O autor do texto começa o seu artigo da seguinte maneira: “Você sabe dizer quanto vale?”.
Comente qual foi a intenção do autor ao usar esse recurso, levando-se em conta o conteúdo do texto.
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QUESTÃO 2
Redija um parágrafo apontando a intencionalidade do TEXTO I, ou seja, com suas palavras, comente o tema
central tratado pelo autor.
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QUESTÃO 3
De acordo com o texto, há algumas maneiras pela qual as empresas utilizam o Facebook para conseguirem lucro.
Explique, de forma clara e utilizando exemplos, duas dessas maneiras.
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QUESTÃO 4
Observe a imagem contida ao final do primeiro texto. Relacione-a com as informações contidas no texto,
explicando porque tal imagem foi usada como ilustração da matéria.
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QUESTÃO 5
Em certo momento do texto, lemos a seguinte afirmativa, proferida pelo fundador do Facebook:
“O Facebook não foi criado para ser uma empresa. Ele foi construído para realizar uma missão social: tornar o
mundo mais aberto e conectado”
a) Transcreva o trecho do texto que Mark justifica sua fala.
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b) Posicione-se sobre o tema. Em um parágrafo bem elaborado, responda: Você concorda com a teoria de Mark,
que toda a movimentação mercadológica, no final, tem pontos positivos para os usuários do Facebook?
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QUESTÃO 6
No primeiro parágrafo do segundo texto, Bruno Ferrari nos passa duas informações a respeito do Facebook: As
políticas de privacidade da empresa são explicadas em centenas de páginas, difíceis de encontrar nas entranhas
do site e escritas de uma forma que repele a leitura e a compreensão. Já a adesão à rede social, faz-se em poucos
minutos e pode ser feita por qualquer criança. Levante uma hipótese coerente com o texto lido: qual o objetivo
da empresa em agir dessa forma?
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QUESTÃO 7
Explique, de acordo com a sua leitura do texto, a expressão: “Posto, logo existo”, parodiada da famosa expressão
“Penso, logo existo”, do filósofo René Descartes.
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QUESTÃO 8
Analise a charge abaixo, relacionado-a com os textos lidos.
a) Com qual dos textos, primeiro ou segundo, a charge pode ser relacionada? Justifique sua resposta.
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b) A charge nega ou comprova as colocações do autor do texto II? Comprove sua resposta
transcrevendo um trecho que poderia ser utilizado como legenda da imagem acima.
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