Página 2 / 133 P853c PORTO, Luana Teixeira Caderno de Língua Portuguesa Dom Alberto / Luana Teixeira Porto. – Santa Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, 2010. Inclui bibliografia. 1. Direito – Teoria 2. Língua Portuguesa – Teoria I. PORTO, Luana Teixeira II. Faculdade Dom Alberto III. Coordenação de Direito IV. Título CDU 340.12(072) Catalogação na publicação: Roberto Carlos Cardoso – Bibliotecário CRB10 010/10 Página 3 / 133 APRESENTAÇÃO O Curso de Direito da Faculdade Dom Alberto teve sua semente lançada no ano de 2002. Iniciamos nossa caminhada acadêmica em 2006, após a construção de um projeto sustentado nos valores da qualidade, seriedade e acessibilidade. E são estes valores, que prezam pelo acesso livre a todos os cidadãos, tratam com seriedade todos processos, atividades e ações que envolvem o serviço educacional e viabilizam a qualidade acadêmica e pedagógica que geram efetivo aprendizado que permitem consolidar um projeto de curso de Direito. Cinco anos se passaram e um ciclo se encerra. A fase de crescimento, de amadurecimento e de consolidação alcança seu ápice com a formatura de nossa primeira turma, com a conclusão do primeiro movimento completo do projeto pedagógico. Entendemos ser este o momento de não apenas celebrar, mas de devolver, sob a forma de publicação, o produto do trabalho intelectual, pedagógico e instrutivo desenvolvido por nossos professores durante este período. Este material servirá de guia e de apoio para o estudo atento e sério, para a organização da pesquisa e para o contato inicial de qualidade com as disciplinas que estruturam o curso de Direito. Felicitamos a todos os nossos professores que com competência nos brindam com os Cadernos Dom Alberto, veículo de publicação oficial da produção didático-pedagógica do corpo docente da Faculdade Dom Alberto. Lucas Aurélio Jost Assis Diretor Geral Página 4 / 133 PREFÁCIO Toda ação humana está condicionada a uma estrutura própria, a uma natureza específica que a descreve, a explica e ao mesmo tempo a constitui. Mais ainda, toda ação humana é aquela praticada por um indivíduo, no limite de sua identidade e, preponderantemente, no exercício de sua consciência. Outra característica da ação humana é sua estrutura formal permanente. Existe um agente titular da ação (aquele que inicia, que executa a ação), um caminho (a ação propriamente dita), um resultado (a finalidade da ação praticada) e um destinatário (aquele que recebe os efeitos da ação praticada). Existem ações humanas que, ao serem executadas, geram um resultado e este resultado é observado exclusivamente na esfera do próprio indivíduo que agiu. Ou seja, nas ações internas, titular e destinatário da ação são a mesma pessoa. O conhecimento, por excelência, é uma ação interna. Como bem descreve Olavo de Carvalho, somente a consciência individual do agente dá testemunho dos atos sem testemunha, e não há ato mais desprovido de testemunha externa que o ato de conhecer. Por outro lado, existem ações humanas que, uma vez executadas, atingem potencialmente a esfera de outrem, isto é, os resultados serão observados em pessoas distintas daquele que agiu. Titular e destinatário da ação são distintos. Qualquer ação, desde o ato de estudar, de conhecer, de sentir medo ou alegria, temor ou abandono, satisfação ou decepção, até os atos de trabalhar, comprar, vender, rezar ou votar são sempre ações humanas e com tal estão sujeitas à estrutura acima identificada. Não é acidental que a linguagem humana, e toda a sua gramática, destinem aos verbos a função de indicar a ação. Sempre que existir uma ação, teremos como identificar seu titular, sua natureza, seus fins e seus destinatários. Consciente disto, o médico e psicólogo Viktor E. Frankl, que no curso de uma carreira brilhante (trocava correspondências com o Dr. Freud desde os seus dezessete anos e deste recebia elogios em diversas publicações) desenvolvia técnicas de compreensão da ação humana e, consequentemente, mecanismos e instrumentos de diagnóstico e cura para os eventuais problemas detectados, destacou-se como um dos principais estudiosos da sanidade humana, do equilíbrio físico-mental e da medicina como ciência do homem em sua dimensão integral, não apenas físico-corporal. Com o advento da Segunda Grande Guerra, Viktor Frankl e toda a sua família foram capturados e aprisionados em campos de concentração do regime nacional-socialista de Hitler. Durante anos sofreu todos os flagelos que eram ininterruptamente aplicados em campos de concentração espalhados por todo território ocupado. Foi neste ambiente, sob estas circunstâncias, em que a vida sente sua fragilidade extrema e enxerga seus limites com uma claridade única, Página 5 / 133 que Frankl consegue, ao olhar seu semelhante, identificar aquilo que nos faz diferentes, que nos faz livres. Durante todo o período de confinamento em campos de concentração (inclusive Auschwitz) Frankl observou que os indivíduos confinados respondiam aos castigos, às privações, de forma distinta. Alguns, perante a menor restrição, desmoronavam interiormente, perdiam o controle, sucumbiam frente à dura realidade e não conseguiam suportar a dificuldade da vida. Outros, porém, experimentando a mesma realidade externa dos castigos e das privações, reagiam de forma absolutamente contrária. Mantinham-se íntegros em sua estrutura interna, entregavam-se como que em sacrifício, esperavam e precisavam viver, resistiam e mantinham a vida. Observando isto, Frankl percebe que a diferença entre o primeiro tipo de indivíduo, aquele que não suporta a dureza de seu ambiente, e o segundo tipo, que se mantém interiormente forte, que supera a dureza do ambiente, está no fato de que os primeiros já não têm razão para viver, nada os toca, desistiram. Ou segundos, por sua vez, trazem consigo uma vontade de viver que os mantêm acima do sofrimento, trazem consigo um sentido para sua vida. Ao atribuir um sentido para sua vida, o indivíduo supera-se a si mesmo, transcende sua própria existência, conquista sua autonomia, torna-se livre. Ao sair do campo de concentração, com o fim do regime nacionalsocialista, Frankl, imediatamente e sob a forma de reconstrução narrativa de sua experiência, publica um livreto com o título Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração, descrevendo sua vida e a de seus companheiros, identificando uma constante que permitiu que não apenas ele, mas muitos outros, suportassem o terror dos campos de concentração sem sucumbir ou desistir, todos eles tinham um sentido para a vida. Neste mesmo momento, Frankl apresenta os fundamentos daquilo que viria a se tornar a terceira escola de Viena, a Análise Existencial, a psicologia clínica de maior êxito até hoje aplicada. Nenhum método ou teoria foi capaz de conseguir o número de resultados positivos atingidos pela psicologia de Frankl, pela análise que apresenta ao indivíduo a estrutura própria de sua ação e que consegue com isto explicitar a necessidade constitutiva do sentido (da finalidade) para toda e qualquer ação humana. Sentido de vida é aquilo que somente o indivíduo pode fazer e ninguém mais. Aquilo que se não for feito pelo indivíduo não será feito sob hipótese alguma. Aquilo que somente a consciência de cada indivíduo conhece. Aquilo que a realidade de cada um apresenta e exige uma tomada de decisão. Página 6 / 133 Não existe nenhuma educação se não for para ensinar a superar-se a si mesmo, a transcender-se, a descobrir o sentido da vida. Tudo o mais é morno, é sem luz, é, literalmente, desumano. Educar é, pois, descobrir o sentido, vivê-lo, aceitá-lo, executá-lo. Educar não é treinar habilidades, não é condicionar comportamentos, não é alcançar técnicas, não é impor uma profissão. Educar é ensinar a viver, a não desistir, a descobrir o sentido e, descobrindo-o, realizá-lo. Numa palavra, educar é ensinar a ser livre. O Direito é um dos caminhos que o ser humano desenvolve para garantir esta liberdade. Que os Cadernos Dom Alberto sejam veículos de expressão desta prática diária do corpo docente, que fazem da vida um exemplo e do exemplo sua maior lição. Felicitações são devidas a Faculdade Dom Alberto, pelo apoio na publicação e pela adoção desta metodologia séria e de qualidade. Cumprimentos festivos aos professores, autores deste belo trabalho. Homenagens aos leitores, estudantes desta arte da Justiça, o Direito. . Luiz Vergilio Dalla-Rosa Coordenador Titular do Curso de Direito Página 7 / 133 Sumário Apresentação........................................................................................................ 3 Prefácio................................................................................................................. 4 Plano de Ensino.................................................................................................... 9 Aula 1 Comunicação........................................................................................................ 13 Aula 2 Língua Oral e Língua Escrita................................................................................. 19 Aula 3 Literatura e Interpretação de Texto....................................................................... 31 Aula 4 Vocabulário e Discurso Jurídico........................................................................... 42 Aula 5 Tópicos Gramaticais.............................................................................................. 55 Aula 6 Latinismos............................................................................................................. 69 Aula 7 Continuação Aula 6............................................................................................... 74 Aula 8 Verbo: Conceito e Uso.......................................................................................... 80 Aula 9 Mensagem Eletrônica........................................................................................... 93 Aula 10 Redação Jurídica – Parte I................................................................................... 106 Aula 11 Redação Juridica – Parte II................................................................................... 115 Página 8 / 133 Aula 12 Quais são, mesmo, os afluentes do Amazonas?.................................................. 117 Aula 13 Pecados da Lingua............................................................................................... 121 Página 9 / 133 Centro de Ensino Superior Dom Alberto Plano de Ensino Identificação Curso: Direito Disciplina: Língua Portuguesa Carga Horária (horas): 60 Créditos: 4 Semestre: 1º Ementa Comunicação. Linguagem. Língua oral e língua escrita. Linguagem e Direito. Linguagem forense. Funções da linguagem. Variação lingüística e adequação da linguagem. Níveis de linguagem. Vocabulário jurídico. Redação jurídica. Redação Oficial. Tópicos gramaticais. Objetivos Geral: Ampliar a competência comunicativa do profissional da área jurídica, através do exercício da leitura, interpretação e produção de texto jurídico ou normativo, a fim de maximizar aprendizagens necessárias à prática da Ciência do Direito na sociedade. Específicos: Refletir sobre o uso da Língua Portuguesa nas diversas situações de interação social, promovendo a ampliação da competência lingüística na leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e documentos jurídicos ou normativos; Conhecer as relações entre Língua Portuguesa e Linguagem Forense a fim de elaborar textos com a devida terminologia jurídica ou da Ciência do Direito; Exercitar a leitura e a redação de textos e documentos jurídicos para solidificar a utilização de raciocínio jurídico, argumentação, persuasão e reflexão crítica; Promover o estudo de tópicos gramaticais para que se redija adequadamente textos jurídicos, obedecendo às normas gramaticais da língua culta; Estudar a redação oficial e a redação jurídica, considerando seu uso e linguagem a fim de preparar o discente para o exercício profissional. Inter-relação da Disciplina Na medida em que a disciplina visa à competência comunicativa do profissional da área jurídica, através do exercício da leitura, interpretação e produção de texto jurídico ou normativo, a fim de maximizar aprendizagens necessárias à prática da Ciência do Direito na sociedade, está inevitavelmente interrelacionada com todas as disciplinas do curso. Competências Gerais Conhecer os pressupostos teórico-práticos que embasam o processo de leitura, compreensão e elaboração de textos próprios do âmbito jurídico. Competências Específicas Desenvolver a capacidade de ler, interpretar e produzir textos e documentos jurídicos, servindo-se da linguagem técnico-jurídica e da modalidade padrão da língua; Identificar recursos linguísticos usados na redação argumentação bem como conhecer a estrutura dos gêneros textuais utilizados na área jurídica e dominar as regras da língua portuguesa culta; Conhecer as características da linguagem forense e sua relação com a língua portuguesa. Habilidades Gerais Analisar textos, atas e documentos jurídicos ou normativos a fim de propiciar adequada interpretação e produção de diferentes gêneros textuais. Habilidades Específicas Utilizar adequadamente a língua Portuguesa na produção de textos, atos e documentos jurídicos; interpretar textos, apontando recursos linguísticos e estruturais de sua construção; Utilizar de forma adequada a língua culta nas diversas situações de interações social. Conteúdo Programático Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. Página 10 / 133 Programa: 1. Comunicação 1.1 – Comunicação e linguagem 1.2 – Língua oral e língua escrita 1.3 – Linguagem e Direito 1.4 – Linguagem forense 1.5 – Funções da linguagem 1.6 – Variação lingüística 1.7 – Níveis de linguagem 2. Vocabulário Jurídico 2.1 – Conotação e Denotação 2.2 – Sinonímia e paronímia 2.3 – Polissemia e homonímia 2.4 – O verbo jurídico 2.5 – Dificuldades do Vocabulário Jurídico 3. Redação jurídica 3.1 – Parágrafo 3.2 – Narração 3.3 – Descrição 3.4 – Dissertação/Argumentação 3.5 – Coesão e coerência 3.6 – Coesão no discurso jurídico 3.7 – A redação da sentença jurídica 3.8 – A redação das peças processuais 4. Redação Oficial 4.1 – Características e qualidades da redação oficial 4.2 – Tipos de texto 4.3 – Ofício 4.4 – Requerimento 5. Tópicos gramaticais 5.1 – Concordância nominal e verbal 5.2 – Regência verbal e nominal 5.3 – Crase 5.4 – Pontuação Estratégias de Ensino e Aprendizagem (metodologias de sala de aula) Aulas expositivo-interativas; atividades em grupo e/ou individuais; atividades de leitura e produção textual. Avaliação do Processo de Ensino e Aprendizagem A avaliação do processo de ensino e aprendizagem deve ser realizada de forma contínua, cumulativa e sistemática com o objetivo de diagnosticar a situação da aprendizagem de cada aluno, em relação à programação curricular. Funções básicas: informar sobre o domínio da aprendizagem, indicar os efeitos da metodologia utilizada, revelar conseqüências da atuação docente, informar sobre a adequabilidade de currículos e programas, realizar feedback dos objetivos e planejamentos elaborados, etc. Para cada avaliação o professor determinará a(s) formas de avaliação podendo ser de duas formas: 1ª Avaliação – Peso 8,0 (oito): Prova; Peso 2,0 (dois): Trabalho. 2ª Avaliação: Peso 8,0 (oito): Prova; Peso 2,0 (dois): referente ao Sistema de Provas Eletrônicas – SPE (média ponderada das três provas do SPE) Avaliação Somativa A aferição do rendimento escolar de cada disciplina é feita através de notas inteiras de zero a dez, permitindo-se a fração de 5 décimos. O aproveitamento escolar é avaliado pelo acompanhamento contínuo do aluno e dos resultados por ele obtidos nas provas, trabalhos, exercícios escolares e outros, e caso necessário, nas provas substitutivas. Dentre os trabalhos escolares de aplicação, há pelo menos uma avaliação escrita em cada disciplina no Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. Página 11 / 133 bimestre. O professor pode submeter os alunos a diversas formas de avaliações, tais como: projetos, seminários, pesquisas bibliográficas e de campo, relatórios, cujos resultados podem culminar com atribuição de uma nota representativa de cada avaliação bimestral. Em qualquer disciplina, os alunos que obtiverem média semestral de aprovação igual ou superior a sete (7,0) e freqüência igual ou superior a setenta e cinco por cento (75%) são considerados aprovados. Após cada semestre, e nos termos do calendário escolar, o aluno poderá requerer junto à Secretaria-Geral, no prazo fixado e a título de recuperação, a realização de uma prova substitutiva, por disciplina, a fim de substituir uma das médias mensais anteriores, ou a que não tenha sido avaliado, e no qual obtiverem como média final de aprovação igual ou superior a cinco (5,0). Sistema de Acompanhamento para a Recuperação da Aprendizagem Serão utilizados como Sistema de Acompanhamento e Nivelamento da turma os Plantões Tira-Dúvidas que são realizados sempre antes de iniciar a disciplina, das 18h00min às 18h50min, na sala de aula. Recursos Necessários Humanos Professor. Físicos Laboratórios, visitas técnicas, etc. Materiais Recursos Multimídia. Bibliografia Básica HENRIQUES, Antônio e DAMIÃO, Regina Toledo. Curso de Português Jurídico. São Paulo: Atlas, 2007. KASPARY, Adalberto. O verbo na linguagem jurídica: acepções e regimes. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1990. ______. Hábeas verba: português para juristas. Porto Alegre: Edita, 1996. PAIVA, Marcelo. Português jurídico: prática aplicada. São Paulo: Fortium, 2006. VIEIRA, João Alfredo Medeiros. Português prático e forense. 7. ed. São Paulo: Ledix, 2002. Complementar ANDRADE, Maria Margarida de; HENRIQUES, Antonio. Língua portuguesa: noções básicas para cursos superiores. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004. AZEREDO, José Carlos. Fundamentos de gramática do português. 2.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar a gramática. São Paulo: FTD, 2003. MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lubia Scliar. Português instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 24. ed. São Paulo: Sagra Luzzatto, 2003. MEDEIROS, João Bosco. Correspondência: técnicas de comunicação criativa. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004. Periódicos Jornais: Zero Hora, Folha de São Paulo, Gazeta do Sul, entre outros. Jornais eletrônicos: Clarín (Argentina); El País (Espanha); El País (Uruguai); Le Monde (França); Le Monde Diplomatique (França). Sites para Consulta www.tj.rs.gov.br www.trf4.gov.br www.senado.gov.br www.stf.gov.br www.stj.gov.br www.ihj.org.br Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. Página 12 / 133 www.oab-rs.org.br Outras Informações Endereço eletrônico de acesso à página do PHL para consulta ao acervo da biblioteca: http://192.168.1.201/cgi-bin/wxis.exe?IsisScript=phl.xis&cipar=phl8.cip&lang=por Cronograma de Atividades Aula Consolidação Avaliação Conteúdo Procedimentos Recursos 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 1 1 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª 2 2 3 Legenda Código AE TG TI SE PA Descrição Aula expositiva Trabalho em grupo Trabalho individual Seminário Palestra Código QG RE VI DS FC Descrição Quadro verde e giz Retroprojetor Videocassete Data Show Flipchart Código LB PS AP OU Descrição Laboratório de informática Projetor de slides Apostila Outros Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. Página 13 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO AULA 01 1 COMUNICAÇÃO 1.1 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM O ato de comunicação é essencial para a sobrevivência do homem na sociedade. O sujeito que não se comunica está fadado não só ao isolamento, mas também ao fracasso pessoal e profissional. Isso porque a comunicação é a base das relações sociais e profissionais. Nesse sentido, o domínio dos processos comunicativos é uma ferramenta de ascensão e projeção no âmbito das relações de trabalho. O homem, como enfatiza Ronaldo Xavier (2001), autor voltado para a sistematização da comunicação e do português no Direito, tem uma ampla capacidade de desenvolver técnicas de comunicação, criar símbolos, representar idéias, criar cultura. Para João Alfredo Medeiros Vieira (1991), o homem, por meio de sua inteligência efetua a atividade intelectual, processa seu pensamento para provocar entendimento através de um conjunto de ações que representam o seu conhecimento. E, graças a essa habilidade de expressão, o homem tem construído diferentes formas para estabelecer comunicação, como o uso de signos convencionais, os gestos, o movimento, a expressão facial, a música, a pintura, a palavra, etc. A todas essas formas de comunicação que produzem significados dáse o nome de linguagem. “Linguagem é um conjunto de sinais convencionais para exprimir estados de consciência.” (VIEIRA, 1991, p. 36) “Linguagem é todo conjunto de sinais que podem ser utilizados ou empregados na comunicação (processo comunicacional).” (GONÇALVES, 2002, p. 19) O sinais são os recursos utilizados pelos homens para expressão de pensamentos e idéias. Todos esses sinais constituem a linguagem, que, portanto, é um processo comunicativo pelo qual as pessoas interagem entre si, desenvolvem conhecimento e transmitem mensagens. Como sublinha Wilson José Gonçalves, “A linguagem é o instrumento que permite a convivência e o desenvolvimento humano e social” (GONÇALVES, 2002, P. 19). Como o homem é dotado da capacidade de pensar e refletir, diferencia-se dos outros seres por usar uma linguagem que é própria da raça humana: a linguagem verbal, que tem como unidade a palavra, manifestada tanto no plano oral quanto no plano escrito. Assim, é possível agrupar as linguagens em dois grupos principais: ● LINGUAGEM VERBAL: tem como unidade básica a palavra (falada ou escrita). ● LINGUAGENS NÃO-VERBAIS: têm como recurso outros elementos de comunicação que não são a palavra. Página 14 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Regina Damião e Antônio Henriques (2000), especialistas em português jurídico, apresentam dois tipos básicos de linguagem não-verbal utilizados no meio da advocacia: linguagem corporal e linguagem do vestuário. LINGUAGEM CORPORAL: refere-se à comunicação estabelecida pelos gestos, pela mímica, pelo movimento do corpo, pela expressão facial, pelo olhar. De acordo com os autores, o fundador da Antropologia Criminal, Cesare Lombroso, procurava identificar e definir um criminoso, levantando traços físicos do sujeito ou observando a formação óssia do crânio. Hoje, também é possível “interpretar” os gestos de um indivíduo e perceber suas intenções através da análise da linguagem corporal adotada por ele. Mas será que é possível, como acreditava Lombroso, definir o caráter de uma pessoa somente pela sua expressão corporal? LINGUAGEM DO VESTUÁRIO: compreende o uso de determinadas roupas como forma de comunicação. Conforme a autora, a cor e o estilo da roupa adotada por uma pessoa, em Roma, em séculos passado, era sinal de informação e, conseqüentemente, de comunicação: Os postulantes aos cargos públicos, em Roma, vestiam-se de túnicas brancas, indício da pureza de suas intenções e, por isso, chamavam-se candidatos (de candidu-a-um). A toga, como qualquer peça do vestuário, é uma informação indicial da função exercida pelo juiz e a cor negra sinaliza seriedade e compostura que devem caracterizá-lo. (DAMIÃO; HENRIQUES, 2000, p. 19) Na exposição sobre a linguagem do vestuário, Damião e Henriques deixam claro que essa linguagem deve ser adequada ao contexto de comunicação e à função do indivíduo - assim como a linguagem verbal deve corresponder ao contexto de fala/escrita. Nas palavras deles: “Não se misturam trajes como não se usurpam funções e, assim, andou com a razão um ex-senador ao dizer que ‘japona não é toga’.” (2000, p. 19). A linguagem verbal é usada na fala e na escrita, embora o locutor, ao produzir a fala, recorra a outras linguagens no ato comunicativo, como a linguagem corporal. O advogado serve-se especialmente da palavra, mas também recorre aos gestos, ao movimento do corpo e às expressões faciais para discutir idéias, defender posições, tornar aceitas suas teses, sensibilizar clientes, convencer juízes, etc. O uso da linguagem não-verbal pelo profissional do Direito é um recurso auxiliar e complementar ao seu principal instrumento de trabalho, que é a linguagem verbal. Na perspectiva de Ronaldo Xavier, os profissionais do Direito são os indivíduos que têm a linguagem verbal como principal recurso, já que é por meio da palavra que o advogado defende teses e clientes, e os que devem dominá-la com dinamismo. O Direito é, por excelência, entre as que mais o sejam, a ciência da palavra. Mais precisamente: do uso dinâmico da palavra. (XAVIER, 2001, p. 1). Por que a linguagem verbal deve ser dinâmica? A linguagem verbal precisa ser ativa e movimentada e integrar locotor/emissor e interlocutor/receptor. Caso contrário, não há comunicação. Um bom uso da linguagem verbal pressupõe o Página 15 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO domínio de um código específico, um código que precisa ser conhecido por todos os usuários da palavra para que a comunicação seja efetivada e eficaz. Esse código é a língua. “Língua é um código que possibilita a comunicação. É um sistema de signos, combinações e de sons, de caráter abstrato, utilizado na fala.” (MEDEIROS, 2005, p. 28) Os signos da língua são as palavras, que comunicam idéias, emoções e desejos através da combinação de sons produzidos pelos órgãos articuladores. A língua é um sistema de códigos usados por um grupo de seres humanos para a sua interação social. Por isso, uma língua deve ser dominada por toda uma sociedade para tornar possível a comunicação. E o domínio da língua é algo que ocorre dentro da sociedade, pois a língua não é herdada por “leis genéticas”, mas aprendida no ambiente social e transmitida de geração a geração. A língua portuguesa é o código que brasileiros usam nas diversas situações de comunicação e interação social. Por isso, quanto maior for o domínio da língua portuguesa, maiores serão as possibilidades de obter uma comunicação eficiente. Dominar de forma competente uma língua não significa somente conhecer o seu vocabulário; é necessário dominar as suas leis combinatórias, isto é, fazer uma combinação de palavras que propicie sentido. O falante de língua portuguesa pode conhecer o sentido das palavras, mas se não respeitar as leis de combinação das palavras e formular enunciados com unidade de sentido, não produzirá significado. Xavier apresenta um exemplo de discurso de um advogado que procurava defender uma pessoa acusada de apropriação indébita. A defesa foi encaminhada pelo advogado ao Superior Tribunal Militar, que absolveu, em primeira instância, o cliente do advogado. A seguir um fragmento do discurso em que o advogado comenta a absolvição: O alcandor Conselho Especial de Justiça, na sua apostura irrepreensível, foi correto e acendrado no seu decisório. É certo que o Ministério Público tem o seu lambel largo no exercício do poder de denunciar. Mas nenhum labéu o levaria a pouso cinéreo se houvesse acolitado o pronunciamento absolutório dos nobres alvarizes de primeira instância. (XAVIER, 2001, p. 4) Esse discurso estabelece comunicação eficiente? O advogado demonstra dominar o uso da língua? Segundo Xavier, a fala do advogado apresentada acima não representa um bom uso da língua e conhecimento de suas normas: “Escrevendo assim, é bem provável que o referido advogado suponha estar cultuando os mais altos valores de seu idioma; contudo, o que simplesmente consegue é o contrário do pretendido: beirar o ridículo, expor-se ao achincalhe.” (XAVIER, 2001, p. 5). Como você reelaboraria esse discurso, procurando ser compreendido e competente lingüisticamente? Se necessário, procure o dicionário para apreender o sentido de algumas palavras usadas no excerto acima. Página 16 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Além de usar a língua procurando estabelecer comunicação e compreensão, o usuário eficiente da língua deve prestar obediência a normas gramaticais, as quais regem o uso adequado da língua em sua modalidade escrita. A escrita e o domínio da escrita, na campo da advocacia, são traços que distinguem os profissionais dessa área, pois “o advogado comum que pede mal e escreve pior” perde credibilidade, destaca Xavier (2001, p. 3). Então, para usar competentemente a língua, Xavier sugere o apreço à norma lingüística sem a qual a língua não funciona e sem a qual o advogado não obtém êxito. Para ilustrar o uso equivocado da língua e a falta de domínio de suas normas, Xavier apresenta exemplos de “erros” cometidos por advogados: Os exemplos de cincas forenses não têm conta e vão do ridículo ao desastroso. São advogados que, grotescamente, passam a procuração a si mesmos; [...] processos e petições onde pululam erronias desta espécie: “mandado de emissão de posse”, “concumbinato”, “meretríssimo”, “reinterar”, “ezige”, “prexeguimento”, “conseguente”, “execussão”” e atrocidades quejandas. (XAVIER, 2001, p. 4). Quando se fala em uso da língua, de um modo geral, é preciso considerar que é ela que possibilita a comunicação na sociedade e que a língua assume um caráter social, pois o indivíduo sempre recorre ao mundo dos signos lingüísticos para formular suas mensagens e para estabelece interação. Nesse sentido, há uma relação entre língua e sociedade, sintetizada por Dino Pretti: “Nas grandes civilizações, a língua é o suporte de uma dinâmica social, que compreende não só as relações diárias entre os membros da comunidade, como também uma atividade intelectual, que vai desde o fluxo informativo dos meios de comunicação de massa até a vida cultural, científica e literária.” (PRETTI, 1984, p. 53) A língua é, hoje, fator indispensável também para sobrevivência humana, considerando que o domínio da língua condiciona não só a produção de conhecimento e a disseminação de informações, já que é através dela que se produzem e se compreendem os textos, mas também a ascensão profissional. Mas será que os brasileiros escrevem e lêem de forma competente? Dominam, de fato, a língua portuguesa? Essa é uma das reflexões apontadas por Ana Jacqueline Mallmann, no texto a seguir, publicado no jornal Gazeta do Sul, em 15 de maio de 2006. Página 17 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO A importância de saber bem a sua língua Ana Jacqueline Mallmann/Professora, formada em Letras pela Unisc e pós-graduada em Psicopedagogia "Como é difícil escrever bem! Será que um dia vou aprender?" Este é um questionamento que nós professores ouvimos constantemente de nossos alunos no momento em que escrevem ou fazem a releitura de suas produções textuais. O problema começa no fato de que se confunde a escrita com a fala. A língua falada é adquirida naturalmente, através da repetição do que ouvimos, sem atenção às regras. Muitos pensam que para escrever bem basta escrever como se fala. Grande engano! A comunicação oral envolve a expressão corporal. Mexemos as mãos, a cabeça, adequamos o tom da voz, alteramos o olhar, enfim, usamos recursos que só aquele que nos observa visualmente pode compreender e por suas atitudes deixar claro que nos entendeu. Outra coisa muito diferente é escrever. A garantia de sermos compreendidos está no uso de idéias claras e coerentemente expostas, com ortografia e concordância adequada. Redigir um bom texto exige estudo das normas da língua culta,leitura,ampliação do vocabulário e, finalmente, algo fundamental: praticar. É preciso destacar que a língua Praticar com persistência, esforço e concentração. A preguiça e a má vontade passam longe de quem escreve, aliás, de quem se propuser a aprender qualquer coisa. E por que é importante saber bem a nossa língua? Devemos ter a competência de nos expressarmos de forma clara, seja oralmente ou através da escrita. O domínio da língua se reflete em todos os processos nos quais nós, cidadãos, estamos envolvidos, desde o convívio do dia-a-dia, a vida escolar, o processo seletivo do vestibular e as carreiras profissionais. Saber falar e escrever de forma fluente enriquece o currículo e, certamente, causa boa impressão, ou seja, é indispensável ao sucesso e ascensão pessoal. O segredo? Não há segredo. Há estudo, dedicação e muita leitura. Estudar português não é mais apenas tarefa escolar ou lição de casa, mas sim a busca por uma maior competência individual. A partir da leitura do texto, responda: a) Quais as diferenças entre língua oral e língua escrita? b) Segundo o texto, qual a relação entre língua portuguesa e sucesso pessoal e profissional? c) No seu ponto de vista, que estratégias devem ser adotadas para falar e escrever bem e dominar a língua portuguesa? Página 18 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO pertence a toda uma comunidade, evolui e transforma-se historicamente. Quando se fala em língua, deve-se abandonar a busca da homogeneidade e da instabilidade. A língua é mutável. E muitas das transformações ocorridas na língua são derivadas de processos históricos marcados por dominação e conquistas de territórios por determinados países. No caso da língua portuguesa, que é uma língua neolatina, as transformações ocorreram desde a invasão dos romanos na Península Ibérica. No Brasil, a língua portuguesa, imposta pelos colonizadores portugueses, também mudou ao longo do tempo, mudanças em parte provocadas pela influência do tupi e das línguas africanas sobre o português do Brasil. No entanto, não é só o cruzamento de línguas e culturas que contribui para as transformações de uma determinada língua. Há outras mudanças perceptíveis no vocabulário, na sintaxe, na pronúncia que vão transformado os traços de uma língua. Como exemplo dessas mudanças, pode-se observar o vocabulário: algumas palavras perdem ou ganham fonemas (sons); outras deixam de ser utilizadas; outras palavras são criadas de acordo com as necessidades das pessoas – é o caso dos neologismos e dos empréstimos de outras línguas com as quais uma comunidade tem contato. Como podemos observar a flexibilidade e as mudanças da língua? Veja texto: Em nossa última conversa, dizia-me o grande amigo que não esperava viver muito tempo, por seu um “cardisplicente”. _ O quê? _ Cardisplicente. Aquele que desdenha do próprio coração. Entre um copo e outro de cerveja, fui ao dicionário. _ “Cardisplicente” não existe, você inventou - triunfei. _ Mas se eu inventei, como é que não existe? – espantou-se o meu amigo. Semanas depois deixou em saudades fundas companheiros, parentes e bem-amadas. Homens de bom coração não deveriam ser cardisplicentes. Questão: “Mas se eu inventei, como é que não existe?” Segundo se deduz da fala espantada do amigo do narrador, a língua, para ele, era um código aberto, (a) ao qual se incorporariam palavras fixadas no uso popular. (b) A ser enriquecido pela criação de gírias. (c) Pronto para incorporar estrangeirismos. (d) Que se amplia graças à tradução de termos científicos. (e) A ser enriquecido com contribuições pessoais. A língua é um código aceito por convenção. Por isso, um indivíduo, isoladamente, não consegue modificá-la. As transformações da língua são ocasionadas por alterações lingüísticas surgidas em comunidades ou grupos sociais. Página 19 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO AULA 02 LÍNGUA ORAL E LÍNGUA ESCRITA Damião e Henriques (2002) assinalam que a comunicação lingüística se efetiva através de duas modalidades: a oral e a escrita. A expressão escrita difere, sensivelmente, da oral, apesar de a língua portuguesa ser a mesma. Assim, ninguém fala como escreve ou vice-versa. Diante disso, cabe observar as diferenças entre a língua escrita e a língua falada. A língua falada é mais espontânea, mais viva, menos preocupada com a gramática. Seu vocabulário é mais limitado, apesar da permanente renovação (gírias, estrangeirismos, novas palavras, etc). Está provida de recursos extralingüísticos, contextuais (gestos, postura, expressões faciais), que por vezes esclarecem ou complementam o sentido da comunicação. A língua escrita é menos flexível, mais conservadora. Exige permanente esforço de elaboração e está sujeita aos preceitos gramaticais. O vocabulário é mais amplo e conservador. É mais precisa. IMPORTANTE! Seja na língua oral ou na escrita, os profissionais do Direito devem dominar as regras de adequação linguística: saber que funções da linguagem explorar em cada situação, dependendo dos objetivos; explorar a fala e a escrita de modo persuasivo para convencer o receptor. Isso porque a linguagem representa o pensamento e funciona como instrumento mediador de relações sociais e profissionais. LINGUAGEM E DIREITO Emílio Gonçalves (1997) afirma que há três implicações básicas entre Direito e Linguagem: Direito como Linguagem; Linguagem Forense e Direito e Língua Portuguesa. O direito é uma linguagem porque é através da linguagem que o Direito se expressa, ou seja, a linguagem é a base da existência do trabalho jurídico. Além disso, o Direito possui uma linguagem técnica, utilizada nos trabalhos forenses e que se distancia da linguagem quotidiana. Por fim, Direito e Língua Portuguesa se interrelacionam pelo fato de o bom uso da palavra e a correção discursiva serem o chamado “cartão de visitas” do jurista. LINGUAGEM FORENSE No campo do Direito, o uso da língua segue uma “linguagem jurídica”, ou seja, uma linguagem técnica que também é chamada de “linguagem forense”. Esta linguagem forense caracteriza-se pela objetividade e pela denotação e foge do estilo literário, já que é usada em comunicação oficial, cartas comerciais, etc. É uma linguagem que se afasta da linguagem quotidiana, usada no âmbito familiar, por exemplo. Acompanhe a descrição da linguagem forense apresentada por Emílio Gonçalves (1993): A linguagem forense constitui modalidade de linguagem técnica. Nos estudos doutrinários, nas sentenças, nos acórdãos, nas petições, nos arrazoados, utiliza-se uma linguagem específica. Advogados, juízes, membros do Ministério público observam nos Página 20 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO seus escritos uma linguagem própria, diferenciada da linguagem literária e da linguagem comum (coloquial). No campo da advocacia, tanto a petição inicial como a resposta, as alegações, as razões de recurso e demais peças processuais se submetem ao denominado “estilo forense”. Consiste, em princípio, no costume de articular ou numerar os parágrafos, de forma que se destaquem uns dos outros; na utilização de vocabulário de natureza técnica, na qual os termos têm sentido específico (conclusão, juntada, preparo, preclusão, deserção, agravo, contradita, etc); na ordem direta das orações. (GONÇALVES, 1997, P. 11-12). O uso correto da linguagem forense deve ser acompanhado do uso correto da Língua Portuguesa, pois O Direito é a profissão da palavra e ao jurista, mais do que a qualquer outro profissional, cumpre utilizar corretamente a Língua Portuguesa. Para o jurista e para o advogado, a palavra é o seu “cartão de visitas”. (GONÇALVES, 1997, p. 13) O uso da linguagem forense no discurso jurídico afasta leigos do Direito? É preciso manter, no campo do Direito, essa linguagem diferenciada? A linguagem forense acompanha as transformações lingüísticas que vêm ocorrendo no mundo globalizado? A eficiência comunicativa do profissional do Direito depende do uso da linguagem forense? O texto de Vivianne Rodrigues de Mello, publicado na Revista Consultor Jurídico e disponível em site, auxiliar na reflexão sobre o uso da linguagem forense na produção de texto jurídico. Hermetismo jurídico Tecnicidade da linguagem pode afastar sociedade da Justiça Vivianne Rodrigues de Melo Estudos atuais da linguística, da filosofia da linguagem e de diversos ramos do Direito1 apontam a existência de uma linguagem jurídica dotada de características que a investem de juridicidade, diferenciando-a de outras linguagens técnicas. O Direito nos é dado a conhecer por meio de palavras, manifestadas em todos os sentidos: nas leis, nos atos judiciais e em outras formas diversas que não dispensam a ferramenta da linguagem para o conhecimento da matéria jurídica. Página 21 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Resta evidente, pois, que o Direito é ciência dotada de linguagem técnica e específica, com espaço de sentido e espaço estrutural autônomos (gramática e dicionário jurídicos próprios). Seguramente observa-se que tantas outras ciências possuem vocabulário próprio, tais como a medicina, a informática e a economia, não diferentemente do Direito. Entretanto, o tecnicismo deste último tem sido alvo de antigas preocupações, no que diz respeito à própria razão de existir do Direito, em função da garantira do bem-estar da coletividade: o Direito possui um léxico e um campo semântico peculiares e a cientifização descontrolada da linguagem jurídica pode ser fator de distanciamento, inclusive ideológico, daqueles que do Direito precisam se servir. Miguel Reale, em antiga e prudente preocupação com a introdução dos iniciantes na linguagem do Direito, já estabelecia recomendações propedêuticas ao estudo do Direito, pois, “às vezes, expressões correntes, de uso comum do povo, adquirem, no mundo jurídico, um sentido técnico especial”. O hermetismo da linguagem jurídica é sintomático, pois o Direito, por ser uma ciência, é investido de um método próprio que requer a configuração de um vocabulário técnico, não facilmente apreendido pelo homem comum. Em acertada crítica, o linguista Adalberto J. Kaspary estabelece abordagem categórica a respeito da questão do hermetismo da linguagem jurídica: “O desenvolvimento da técnica jurídica fez com que surgissem termos não-usuais para os leigos. A linguagem jurídica, no entanto, não é mais hermética para o leigo que qualquer outra linguagem científica ou técnica. Aí estão, apenas para exemplificar, a medicina, a matemática e a informática com seus termos tão peculiares e tão esotéricos quanto os do Direito. Ocorre que o desenvolvimento da ciência jurídica se cristalizou em instrumentos e instituições cujo uso reiterado e cuja precisão exigiam termos próprios: servidão, novação, sub-rogação, enfiteuse, fideicomisso, retrovenda, evicção, distrato, curatela, concussão, litispendência, aqüestros (esta a forma oficial), etc. são termos sintéticos que traduzem um amplo conteúdo jurídico, de emprego forçado para um entendimento rápido e uniforme. O que se critica, e com razão, é o rebuscamento gratuito, oco, balofo, expediente muitas vezes providencial para disfarçar a pobreza das ideias e a inconsistência dos argumentos. O Direito deve sempre ser expresso num idioma bem-feito; conceitualmente preciso, formalmente elegante, discreto e funcional. A arte do jurista é declarar cristalinamente o Direito”. (grifo nosso) Tem-se observado que a linguagem jurídica recorrentemente praticada com excessivo preciosismo, arcaísmo, latinismo e polissemia contribui para o afastamento da própria sociedade em relação ao Direito, sendo que do fundamento ontológico deste ramo do conhecimento, infere-se que a linguagem jurídica deveria apresentar-se mais diáfana aos olhos dos cidadãos, como verdadeiro instrumento a serviço da sociedade e de busca pela excelência da prestação jurisdicional. Relevante é a ressalva de que o acesso ao conhecimento do Direito constitui uma das modalidades de acesso à Justiça, na lição clássica de Cappelletti. A propalada indissociabiliade entre linguagem e Direito nos indica que os aplicadores do Direito devem investir em uma melhor comunicação jurídica e primar pela depuração da linguagem jurídica e pelo controle do rigor técnico formal excessivo, por vezes frutos de egoística afeição ao vernáculo, todavia tão prejudicial aos jurisdicionados e à sociedade de forma geral, que quedam alijados de conhecimentos sequer rudimentares do Direito. Página 22 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Observam-se muitas vezes sentenças cujo teor não é possível que as partes conheçam sem a interferência de seu advogado, porque a leitura da peça é de total incompreensão, haja vista o abuso de termos jurídicos obsoletos, em manifesta exacerbação estilística. Assim sendo, a liberdade das partes litigarem em sede de Juizado Especial sem constituir advogado, respeitando o limite legal do valor da causa, pode restar frustrada no campo da efetividade, diante do alheamento dos cidadãos em relação às especificidades da linguagem jurídica. Variegadas e insurgentes são as possíveis soluções práticas para a maior afinidade da população com informações basilares sobre cidadania e direito, dentre as quais a realização de cursos de capacitação promovidos pelos tribunais e pelos diversos órgãos públicos, no sentido de qualificar os integrantes de seus quadros a destinarem tratamento condigno aos cidadãos. Por exemplo, em prol de melhor atendimento sobre os direitos e informação nos Juizados Especiais, Procons, etc., todos quantos atestadores do primado da ética e da igualdade material nas atribuições do serviço público. Também de premente importância é o exercício do direito social da educação, com a confecção de cartilhas a serem elaboradas pelos tribunais e órgãos públicos, inclusive em parcerias com a pesquisa e a extensão das universidades, e depois distribuídas à população, juntamente com a realização de campanhas com o apoio da mídia bem como a implantação obrigatória de disciplina de noções elementares de cidadania e direito nos currículos escolares, para fomentar a educação cidadã. Trata-se, ao que se depreende, de modestos exemplos de iniciativas simples a serem tomadas para a inclusão dos cidadãos ao conhecimento do Direito a partir da integração com a linguagem jurídica. Os aplicadores do Direito, em seu múnus, enfim, devem dignificar a humanização das leis, tornando-as socialmente mais úteis e apreensíveis, ao conhecimento primário da população como um todo. A educação se apresenta como direito social da cidadania ou direito público subjetivo que, incorporado nas cartas políticas atuais, revela o caminhar dos direitos humanos para a necessidade natural de evolução do ser humano e de sua integração à instrução e ao conhecimento, devendo o Estado equiparar-se com políticas públicas adequadas para a institucionalização e desenvolvimento da educação como forma de inclusão às vicissitudes do Direito por meio da linguagem jurídica, mitigando o seu hermetismo sem fronteiras. Nalini, na esteira de tantos outros juristas, manifesta oportunamente sobre o dever ético do juiz na divulgação do Direito e na facilitação do discurso jurídico veiculado na linguagem jurídica: “Além dessa divulgação operacional, as entidades promoveriam a divulgação institucional, propiciadora de informações sobre o funcionamento do Judiciário no Brasil. Não se pode nutrir afeição por aquilo que não se conhece. Isso explica os índices de comprometimento afetivo demonstrado pela população brasileira a seu Judiciário, em qualquer pesquisa realizada nesta década (...) a assessoria de mídia, anexa a cada organismo, deve desempenhar sua parte e fazer a aproximação entre mediática e Justiça, decodificando o hermetismo da linguagem e o distanciamento que o Judiciário só nutrir em relação aos mass media”. Em tempo, mais producente seria se os juristas se aliassem ao poeta Manuel Bandeira (in Azevedo, 1996: 86)2, cuja maturidade e inspiração compreendeu a importância social de se evitar o hermetismo no fazer versos: com maior simplicidade e clareza das palavras deverá Página 23 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO ser o fazer justiça, para a segurança dos cidadãos e sua real participação no modus vivendi do Estado Democrático de Direito. Ante o exposto, sem a pretensão de exaurir o rico tema posto em discussão, forçoso concluir que o hermetismo da linguagem jurídica justifica-se pela tecnicismo desta, sendo necessário um engajamento dos aplicadores do Direito para em diversas e criativas medidas tornar mais acessível a linguagem jurídica ao conhecimento da sociedade, tendo em vista o conhecimento do Direito como acesso à Justiça e direito fundamental dos cidadãos. Referências bibliográficas - AZEVEDO, Plauto Faraco de. Aplicação do Direito e contexto social. São Paulo: RT, 1996. - CAPPELLETTI, Mauro. Acesso à justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Fabris, 1998. - BITTAR, Carlos Eduardo Bianca. Curso de Filosofia do direito. / Eduardo C. B. Bittar, Guilherme Assis de Almeida. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. - GASPARY, Adalberto K. A. Linguagem do Direito, in: Vital Artigos. 30 jun. 2003. Disponível na internet: www.fesmp.org.br. Acesso em: 20/12/05. - NALINI, José Renato. Direitos humanos: novas perspectivas de acesso à Justiça. Disponível na internet: http://www.cjf.gov.br/revista/numero3/sumario.htm>. Acesso em: 17/11/05. - REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 1985. Notas de rodapé 1 - Para aprofundamento do tema, consulte-se Tércio Sampaio Ferraz Jr., Lourival Vilanova, Luis Alberto Warat, Chaïm Perelman, Recansens Siches, sem embargo dos outros renomados expoentes que se dedicam aos estudos modernos da linguagem jurídica, da comunicação jurídica e da análise do discurso jurídico e temas correlatos. 2 - “Aproveito a ocasião para jurar que jamais fiz um poema ou verso ininteligível para me fingir de profundo sob a especiosa capa do hermetismo. Só não fui claro quando não pude — fosse por deficiência ou impropriedade da linguagem, fosse por discrição” (Manuel Bandeira, Itinerário de Passárgada). Disponível em: http://conjur.estadao.com.br/static/text/42565,1. Acesso em: 02 mar. 2008. ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO E FUNÇÕES DA LINGUAGEM Toda vez que se estabelece uma interação entre as pessoas ocorre uma situação comunicativa. Todo o ato de comunicação verbal envolve sempre seis componentes básicos, descritos nos anos 1960 pelo formalista russo Roman Jakobson: Página 24 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO # o locutor (aquele que diz algo a alguém) # o interlocutor (aquele com quem o locutor se comunica) # a mensagem (o texto, isto é, o que foi transmitido entre os falantes) # o código (a língua portuguesa) # o canal (a língua oral, ou seja, o meio físico que conduz a mensagem até o interlocutor) # o referente (o assunto da mensagem) Esses elementos podem ser esquematizados: Referente Mensagem Locutor ....................................................................................Interlocutor Canal Código No requerimento a seguir (petição), podem-se mostrar os elementos da comunicação: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito de ....., Eutanásio Boamorte, brasileiro, solteiro, RG nº ............., decorador, residente na Rua B, nº 16, Jardim Mascote, vem requerer que seja expedida ordem de Hábeas Corpus a favor de Asnásio da Silva pelas razões seguintes: 1. Asnásio da Silva foi preso no dia 10 do fluente mês, na Rua B, nº 17, Jardim Mascote, por agentes policiais, constando ter sido conduzido para a Delegacia do 38º Distrito Policial; 2. A prisão é ilegal, pois não ocorreu em flagrante delito e não houve mandado de prisão; 3. O auto de prisão em flagrante, além de indevido, é nulo, pois o detido é menor de vinte e um anos e não lhe foi nomeado curador no momento da lavratura do auto; 4. Os casos em que alguém pode ser preso estão disciplinados na lei e na Constituição. Qualquer prisão fora dos casos legais permite a impetração de Hábeas Corpus; 5. Em face desta ilegalidade requer que Vossa Excelência conceda-lhe a ordem pedida e determine o relaxamento da prisão do paciente. São Paulo, 10 de julho de 1993. Eutanásio Boamorte Identifique os elementos da comunicação: a) Emissor: b) Receptor: c) Mensagem: d) Canal: e) Código: f) Referente: Página 25 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Quando as pessoas interagem por meio da linguagem, há sempre uma intenção, explícita ou implícita, de modificar o pensamento ou o comportamento do interlocutor. Não existe texto neutro. Não há fala ou escrita vazia de sentido. Assim, é possível dizer que toda situação comunicativa é pautada em uma intenção comunicativa. E o sucesso das interações verbais, seja na condição do locutor, seja na do interlocutor, depende da capacidade de o falante lidar com a intencionalidade, pois, por meio dela, é possível impressionar, ordenar, ofender, persuadir, informar, pedir, implorar, solicitar, etc. Dependendo da intenção comunicativa do falante, ele organizará a linguagem embora a maioria das pessoas acredite que o uso da linguagem se dá de modo automático. Segundo Cereja e Magalhães, é por isso que “raramente se percebe que o modo como se organiza a linguagem está diretamente ligado à função que se deseja dar a ela, isto é, à intenção do locutor.” (2005, p. 33) A linguagem desempenha sempre uma função na comunicação de acordo com a ênfase que o falante queira dar a um dos componentes do ato comunicativo. Nas palavras de Medeiros, “A linguagem estrutura-se em função do fator de comunicação (referente, emissor, receptor, canal, mensagem, código) a que se inclina” (2005, p. 41). Dependendo do objetivo da comunicação, o locutor recorrerá a determinados elementos da linguagem. “Função pode ser entendida como serventia. Assim a linguagem serve para comunicar, para exprimir emoções, para levar o receptor a uma ação, para agradar, embelezar, para esclarecer algo da própria linguagem ou, simplesmente, para manter viva a comunicação.” (MEDEIROS, 2005, p. 41) Assim como são seis os componentes da comunicação, são também seis as funções da linguagem: emotiva, conativa, referencial, metalingüística, fática e poética. FUNÇÃO Função referencial CARACTERÍSTICA “Fundamento de toda comunicação; sua principal preocupação é estabelecer relação entre a mensagem e o objeto a que se refere. Por isso, denota, referencia, informa. É uma função que procura essencialmente dar à linguagem qualidades de objetividade, verificabilidade, evitando ambigüidades e confusões entre a mensagem e a realidade codificada. [...] é utilizada para produzir textos impessoais, objetivos”. (MEDEIROS, 2005, p. 41) “Estabelece relação entre a mensagem e o emissor. Quando utiliza essa função, o redator, embora também exponha idéias EXEMPLO Página 26 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Função emotiva Função conativa Função poética Função fática Função metalingüística sobre o referente (função referencial), trem em vista, principalmente, exteriorizar emoções, apresentar sua atitude em relação ao objeto, que poderá ser bom, ruim, belo, feio, agradável, desagradável. Não há preocupação com o referente nem com o receptor, mas com as afirmações do eu.” (MEDEIROS, 2005, p. 41-42) “É a função que está centrada no destinatário; tem como objetivo influenciar-lhe o comportamento; estabelece relação entre a mensagem e o receptor, uma vez que toda comunicação objetiva obter do receptor uma reação.” (MEDEIROS, 2005, p. 42) “Função da linguagem que consiste na atualização das potencialidades estruturais da língua. Estabelece relação da mensagem consigo mesma. As características físicas do signo (som e visualização) são valorizadas; o sentido que daí advém não é previsto em uma mensagem convencional, utilizada nas relações diárias.” (MEDEIROS, 2005, p. 42) “O objetivo da função fática é estabelecer comunicação, controlar sua eficácia, prender a atenção do receptor, ou cortar a comunicação. Está centrada no contato físico ou psicológico. Apenas aproxima receptor e emissor.” (MEDEIROS, 2005, p. 44) “Essa função está centrada no código, isto é, seu objeto é a própria linguagem e seu objetivo é definir o sentido dos signos que dificultam a compreensão do receptor. Serve para dar explicações ou precisar o código utilizado pelo emissor.” (MEDEIROS, 2005, p. 45) Página 27 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO O quadro acima destaca as diferentes funções da linguagem na produção de textos orais ou escritos. Diante das diversas funções da linguagem surgem algumas questões: Para que estudá-las? Como vê-las na área do Direito? Devemos estudar as funções da linguagem para saber como podemos articular as formas lingüísticas a partir das ênfases que damos à mensagem (conteúdo) ou à emoção, por exemplo. No Direito, as funções da linguagem são exploradas intensamente. Veja os exemplos de Damião e Henriques (2002): FUNÇÃO EMOTIVA “Um acusado, em seu depoimento, serve-se, em geral, de uma linguagem marcadamente subjetiva, carregada dos pronomes eu, me, mim, minha, enfatizando o emissor; caracteriza-se, assim, a função emotiva”. (2002, p. 22) FUNÇÃO REFERENCIAL “A informação jurídica é precisa, objetiva, denotativa; fala-se, então, de função referencial.” (2002, p. 22) FUNÇÃO POÉTICA Damião e Henriques assinalam a objetividade e a precisão do texto jurídico, mas afirmam: “Nada impede, porém, que o texto jurídico se preocupe com a sonoridade e ritmo das palavras, valorizando a forma da comunicação; tem-se, assim, a função poética.” (2002, p. 22) FUNÇÃO METALINGÜÍSTICA “A linguagem de dicionários e vocabulários jurídicos está centrada no código e a função será metalingüística.” (2002, p. 22) Observe um exemplo de função metalingüística: O HABEAS CORPUS é a garantia constitucional de um direito. Que direito? O direito de locomoção, o direito de ir, vir ou permanecer. (ACQUAVIVA, 2004, p. 685) FUNÇÃO CONATIVA Damião e Henriques destacam que “o texto jurídico é, eminentemente, persuasório; dirige-se, especificamente, ao receptor; dele se aproxima para convencê-lo a mudar de comportamento, para alterar condutas já estabelecidas, suscitando estímulos, impulsos para provocar reações no receptor. Daí o nome função conativa, termo relacionado ao verbo latino conari, cujo significado é promover, suscitar, provocar estímulos.” (2002, p. 22) FUNÇÃO FÁTICA Tem como principal objetivo facilitar a comunicação e serve-se de expressões que propiciam um contato inicial entre emissor/locutor e receptor;interlocutor. Quando vemos uma pessoa e queremos conversar com ela, primeiramente a cumprimentamos, dizendo “olá!”, “tudo bem?”, “com vai?”, “bom dia!”. Essas expressões assinalam a função fática. EXERCÍCIOS 1. Identifique qual função da linguagem predomina nos fragmentos: a) No Piauí, de cada 100 crianças que nascem, 78 morrem antes de completar 8 anos de idade. b) “Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Página 28 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Que os anos não trazem mais!” (Casimiro de Abreu) c) Apesar de todas as oportunidades oferecidas pela organização, o funcionário não demonstrou crescimento, pois continua desempenhando suas atividades de modo inadequado, além de desperdiçar tempo, o que dificulta o alcance das metas. Portanto, senhor, tenho convicção de que, para o sucesso de nossa empresa, é necessário diminuir a carga horária dele e substituí-lo aos poucos por outro profissional, cujo perfil se aproxima das nossas expectativas. d) Aos dezesseis dias do mês de março do ano de dois mil e seis, às dezenove horas, na sala de reuniões da empresa Fantoura SA, situada na Rua Silva Jardim, 82, Porto Alegre, reuniram-se o diretor geral, Adonildo da Silva, o coordenador administrativo e financeiro, Felipe Ferreira, e a secretária administrativa, Caroline dos Santos, para discutir as novas metas da organização. O diretor destacou que a principal meta da empresa para o ano seguinte é o aumento nas vendas de produtos alimentícios, principal foco da organização. e) “Veja Não diga que a canção está perdida Tenha fé em Deus, tenha fé na vida Tente outra vez Beba Pois a água viva ainda está na fonte Você tem dois pés para cruzar a ponte Nada acabou, não, não” (Raul Seixas) f) Estrangeirismo é a utilização na língua oral ou na escrita de palavra ou expressão de língua estrangeira. Shopping center é um exemplo. g) Amanhã o tribunal está aberto. h) Estou muito preocupado com o andamento do processo. i) Não esqueça de enviar correspondência ainda hoje. j) Alô, quem fala? l) Lutei e sofri! Jamais quis estender-me a sua mão, E cuspiu-me na face a impiedade Atirou-me os grilhões da escravidão. Meus pulsos carregados de cadeias Vêm nas carnes a mancha do vergão Mas ah! minh’alma livre e já sem peias Um dia se erguerá da escravidão (Fernando Osório) m) SAI DEBAIXO No Brasil, caem cerca de 50 milhões e 70 milhões de raios por ano, matando cerca de 100 pessoas e causando prejuízos – sobretudo nos setores elétrico, industrial e de telecomunicações – de até 50 milhões de reais. É o país com maior incidência de raios no mundo. Esse recorde, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), deve-se à localização do Brasil (entre os trópicos) e às suas dimensões continentais. Entre as cidades, Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, é a campeã brasileira em incidência de raios e a 20ª colocada no mundo (com média de 13 raios por quilômetro quadrado). Kamembe, em Ruanda, lidera o ranking mundial, com índice de 33 raios por quilômetro quadrado. (O Livro dos Recordes da Super) Página 29 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO n) Latrocínio é o crime de roubo, qualificado pelo resultado da morte. É considerado crime hediondo (art. 1º, II, da Lei nº 8.072, de 25-7-90). Latrocínio origina-se do substantivo latro, onis (sentido próprio: soldado mercenário; sentido derivado: salteador de estrada, bandido, bandoleiro, ladrão) + o sufixo, também latino, -cinium (indicativo de ação). (KASPARI, Adalberto. Habeas verba: português para juristas. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 135-136) o) Vote no homem que fez sem roubar Vote em Juarez para a vida melhorar. p) Maria da Silva, aluna regularmente matriculada no primeiro ano do Curso de Direito, período noturno, turma 3, requer abono de faltas nos dias 10, 11 e 12 de maio de 2006 por motivo de saúde, conforme atestado médico anexo. q) A função conativa da linguagem parece ser a mais aparentada com a retórica, em função de seu caráter persuasivo, de seu contato imediato com o receptor e por sua finalidade: buscar persuadir, seduzir, comover o auditório para convencê-lo a aderir a proposta do orador/falante/emissor. r) Aproveite a liberdade que a maturidade lhe dá. São seis categorias para você experimentar seu talento. Inscreva-se já pelo site www.bancoreal.com.br/talentos ou ligue para 0800 12 00 77. IMPORTANTE! Damião e Henriques (2002) enfatizam que o discurso jurídico serve-se especialmente da função conativa, que tem caráter intensamente persuasório e autoritário (imperativo). Como exemplo dessa característica do discurso jurídico os autores citam o Código Penal e as expressões “intime-se”, “afixe-se e cumpra-se”, “revoguem-se as disposições em contrário”, “arquive-se”, etc. 2. No texto abaixo, identifique as expressões que caracterizam o uso da função conativa no discurso jurídico: DENÚNCIA (M. P.) Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca A JUSTIÇA PÚBLICA, por seu representante legal infra-firmado, no uso de suas atribuições, com base no incluso Inquérito Policial e nas disposições constantes do artigo 24 do CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, está, junto a V. Exa., oferecendo DENÚNCIA contra João da Silva, brasileiro, solteiro, agricultor, residente à rua Sílvio Pinto, número 20, Santa Cruz do Sul, pelo seguinte fato delituoso: .................... Assim agindo, está o denunciado incurso nas sanções do artigo .......... do CÓDIGO PENAL. Diante do exposto, esta Promotoria de Justiça requer a citação do denunciado para se ver processar e apresentar a defesa que tiver, querendo, sob pena de Página 30 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO revelia, na Ação Penal que contra o mesmo ora se inicia, que sejam obedecidas as formalidades de praxe. Que sejam ouvidas, na instrução, as testemunhas do rol abaixo, as quais deverão ser intimadas. Santa Cruz do Sul, 20 de março de 2007. _________________________________________ (Assinatura do Chefe do Ministério público) Testemunhas: 1. _______________________ 2. _______________________ 3. _______________________ Página 31 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO AULA 03 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO A liberdade das más razões Janio de Freitas - Folha de S. Paulo, 21/06/09 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 "Liberdade de expressão" não é uma expressão de liberdade, é uma fórmula cuja utilidade política está em encobrir limitações e condicionantes do direito de expressão. Umas necessárias à sociedade, outras impostas para preservação de domínio. Magistrados e advogados abusaram do uso da expressão que sabem ser falaciosa, para chegar à extinção, pelo Supremo Tribunal Federal, da exigência de diploma específico para profissionais do jornalismo. A exigência, não nascida dos motivos repetidos no STF, foi um excesso problemático desde sua criação em 1969, mas nem por isso deixou de produzir um efeito muito saudável e nunca citado, no STF ou fora. Em lugar do diploma específico, a obrigatoriedade de algum curso universitário, não importa qual, seguida de um curso intensivo de introdução aos princípios e técnicas do jornalismo, seria a fórmula mais promissora para a melhor qualidade dos meios de comunicação. É um argumento rústico a afirmação de que diploma obrigatório de jornalismo desrespeita a Constituição, por restringir o direito à liberdade de expressão. É falsa essa ideia de que o jornalismo profissional seja o repositório da liberdade opinativa. São inúmeros os meios de expressão de ideias e opiniões. E, não menos significativo, a muito poucos, nos milhares de jornalistas, é dada a oportunidade de expressar sua opinião, e a pouquíssimos a liberdade incondicional de escolha e tratamento dos seus temas. (A esta peculiaridade sua, a Folha deve a arrancada de jornal sobrevivente para o grande êxito). A matéria-prima essencial do jornalismo contemporâneo não é a opinião, é a notícia. Ou seja, a informação apresentada com técnicas jornalísticas e, ainda que a objetividade absoluta seja um problema permanente, sem interferências de expressão conceitual do jornalista. A grande massa da produção dos jornalistas profissionais não se inclui, nem remotamente, no direito à liberdade de expressão. Há desvios, claro, mas a interferência de formas opinativas no noticiário serve, em geral, à opinião e a objetivos (econômicos ou políticos) da empresa. Neste caso há, sim, uma prática à liberdade de expressão, no entanto alheia ao jornalismo, aí reduzido à mera aparência de si mesmo. Os colaboradores, não profissionais de jornalismo, são os grandes praticantes do direito de liberdade de expressão nos meios de comunicação. E nunca precisaram de diploma de jornalista. A extinção da exigência de diploma em nada altera as possibilidades, as condicionantes e as limitações da liberdade de expressão na produção do jornalismo. Altera o que chamam de mercado de trabalho para os níveis iniciais do profissionalismo. Para os níveis mais altos, há muito tempo as empresas adotaram artifícios para dotar suas redações de diplomados em outras carreiras que não o jornalismo. À parte a questão legal, o resultado é muito bom. Com o diploma, extinto à maneira de um portão derrubado e dane-se o resto, o STF eliminou sem a menor consideração o efeito moralizante, não só Página 32 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 para o jornalismo, trazido sem querer pela exigência de curso. Efeito sempre silenciado. Deu-se que os anos de faculdade e seu custo desestimularam a grande afluência dos que procuravam o jornalismo, não para exercê-lo, mas para obter vantagens financeiras, sociais e muitas outras. Tal prática sobreviveu à exigência do curso, porém não mais como componente, digamos, natural do jornalismo brasileiro. É lógico que as empresas afirmem critérios rigorosos para as futuras admissões, mas sem que isso valha como segurança de passar da intenção à certeza. O julgamento do recurso antidiploma trouxe uma revelação interessante, no conceito que a maioria do Supremo e os advogados da causa mostraram fazer da ditadura. Segundo disseram, já a partir do relatório de Gilmar Mendes, o decreto-lei com a exigência de diploma era um resquício da ditadura criado, em 69, para afastar das redações os intelectuais e outros opositores do regime. Ah, como eram gentis os militares da ditadura. Repeliram a violência e pensaram em uma forma sutil, e legal a seu modo, de silenciar os adversários nos meios de comunicação, um casuísmo constrangido. Nem que fosse capaz de tanto, a ditadura precisaria adotá-lo. Sua regra era mais simples: a censura e, se mais conveniente, a prisão. O julgamento no STF dispensou a desejável associação entre direito à liberdade de expressão e, de outra parte, recusa a argumentos inverazes. A boas razões preferiu a demagogia. 1. Analise as seguintes afirmações sobre as ideias expostas no texto. I) A liberdade de expressão, atualmente, é exercida pelos jornalistas profissionais, pois estes possuem diploma. II) As redações das grandes empresas eram obrigadas e cumpriam a Constituição, exigindo de todos os seus profissionais diploma de jornalista, com resultados muito bons. III) É necessário diploma de jornalista para todos colaboradores dos meios de comunicação, para garantir a liberdade de expressão. IV) O STF teria sido demagogo no julgamento que extinguiu a necessidade de diploma para o exercício do jornalismo. Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) a) II apenas. b) IV apenas. c) I, II e III apenas. d) III e IV apenas. e) I, II, III e IV. 2. Analisando o trecho a seguir, retirado do 7º parágrafo, mas não perdendo de vista o texto como um todo, o que o autor expressa, referindo-se aos militares quando estes instituíram a necessidade de diploma para o exercício de jornalista? “Repeliram a violência e pensaram em uma forma sutil e legal a seu modo, de silenciar os adversários nos meios de comunicação (...)” a) O autor ironiza os argumentos usados pelo STF e advogados e afirma que os militares não precisariam se utilizar de sutilezas, pois censuravam e prendiam adversários. Página 33 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO b) O autor afirma que os militares condenaram a violência jornalística e, sutil e legalmente, silenciaram os profissionais da imprensa, adversários do regime. c) O autor defende a ideia de que a exigência de diploma de jornalista foi a forma não violenta encontrada pelos militares para manter fora das redações os intelectuais e outros opositores do regime. d) O autor diz que, na ditadura, os militares não ousariam silenciar os adversários nos meios de comunicação de forma violenta, sem sutilezas nem legalidade. e) O autor concorda que a forma sutil, não violenta e legal foi a única maneira encontrada pelos militares durante a ditadura para silenciar os jornalistas adversários do regime. f) I.R. 3. No 8º parágrafo do texto, temos a seguinte afirmação: “Nem que fosse capaz de tanto, a ditadura precisaria adotá-lo.” Das alternativas de reescritura propostas abaixo, qual delas preserva o sentido original da frase? a) Mesmo que fosse capaz de tanto, a ditadura precisaria adotá-lo. b) Mesmo não sendo capaz de tanto, a ditadura não precisaria adotá-lo. c) Ainda que fosse capaz de tanto, a ditadura não precisaria adotá-lo. d) Mesmo não sendo capaz de tanto, a ditadura precisaria adotá-lo. e) Ainda que não fosse capaz de tanto, a ditadura precisaria adotá-lo. 4. Tomando como base o 7º parágrafo do texto, analisa as afirmativas abaixo. I) No fragmento “Ah, como eram gentis os militares da ditadura.”, o autor se utiliza da figura de pensamento ironia para expressar sua opinião. II) Os vocábulos “resquício” e “casuísmo” podem ser substituídos, sem interferir no sentido do texto, por “vestígio” e “casualidade”, respectivamente. III) Em “Segundo disseram”, o verbo “disseram” tem como sujeito “a maioria do supremo e os advogados da causa”. Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) a) II e III. b) I apenas. c) II apenas. d) I e III apenas. e) III apenas. 5. O texto de Jânio de Freitas tem caráter opinativo e visa a influenciar o posicionamento do leitor. Considerando isso, a função da linguagem que atende a esse interesse no texto é: a) fática d) referencial b) poética e) metalinguística c) conativa VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS Segundo Carlos Alberto Faraco e Cristóvão Tezza (1992), a língua “é um imenso conjunto de variedades” (1992, p. 11), que podem ser agrupadas em quatro tipos básicos: diferenças sintáticas, aquelas que surgem da ordem das palavras ou pelos modos diferentes de concordar os verbos Exemplo: ele me disse x ele disse-me – tu queria x tu querias; Página 34 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO diferenças morfológicas, aquelas decorrentes da forma da palavra, tomada no plano individual Exemplo: vamo x vamos; diferenças lexicais, percebidas nas diferenças de nomes para um mesmo objeto Exemplo: pandorga x pipa x raia x papagaio; diferenças fonéticas, resultantes de diferentes pronúncias de um mesmo som numa palavra Exemplo: poRta, com erre aspirado x porta, com erre “caipira”. Essas diferenças perceptíveis no uso de uma língua caracterizam as diferenças linguísticas, que são decorrentes de distintos fatores, como a idade do falante, o grupo social a que pertence, a relação entre locutor e o ouvinte, etc. Algumas dessas variações são facilmente perceptíveis, outras são mais sutis. Tais variações são chamadas variações linguísticas. Variações linguísticas são as variações que uma língua apresenta, de acordo com condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. As variações lingüísticas são causadas por três fatores principais: o tempo histórico, o ambiente geográfico e o grupo sociocultural. VARIAÇÃO HISTÓRICA Como a língua não é estática nem imutável, com o passar do tempo é natural ocorrer mudança na forma de falar, na grafia de palavras e no significado dos vocábulos. Essas transformações surgidas ao longo do tempo recebem o nome de variações históricas. Exemplo: Antigamente os rapagões procuram sempre tetéias para fazer-lhes a corte. Hoje, os rapazes procuram garotas para paquerar. . VARIAÇÃO GEOGRÁFICA Observe os versos: “E o coração vazio voa vadio Como uma pipa no ar.” (Boca Livre, CD Songboca, 1994) “O céu povoado de inquietas pandorgas. Outros meninos erguem-nas, o dia inteiro.” (Osman Lins) Conforme explica Ferreira (2003), os termos pipa e pandorga são variações de nome de um brinquedo, o qual também ser chamado de papagaio, tapioca, maranhão, arraia ou quadrado, dependendo da região do falante. Nesses casos em que num determinado lugar o objeto recebe um nome e em outro lugar esse mesmo objeto é conhecido por outra expressão tem-se um exemplo de variação geográfica no vocabulário: “o nome do brinquedo muda de lugar para lugar, de região para região” (2003, p. 77). Ferreira ainda destaca que “Além de estar presente no vocabulário, a variação geográfica pode ser constatada também em certas estruturas de frases e Página 35 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO principalmente na pronúncia. A pronúncia característica dos falantes de uma região é comumente chamada de sotaque: sotaque nordestino, sotaque mineiro, sotaque gaúcho, etc.” (2003, p. 77) VARIAÇÃO SOCIOCULTURAL A variação sociocultural, segundo Ferreira (2003), não é difícil de ser constatada. O autor explica essa variação da seguinte forma: Suponha, por exemplo, que alguém diga a seguinte frase: Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão. [Frase 1] Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos caracterizá-la, por exemplo, pela profissão: um advogado? um trabalhador braçal da construção civil? Um médico? Um garimpeiro? Um repórter de televisão? E quem usaria a frase a seguir? Obviamente faltou-Ihes coragem para enfrentar os ladrões. [Frase 2] Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes de grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, muitas vezes, não freqüentaram a escola, ou, quando muito, fizeram-no em condições não-adequadas. Já a frase 2 é mais comum aos falantes que tiveram possibilidades socioeconômicas melhores e puderam, por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura, com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa forma, "aperfeiçoaram" seu modo de utilização da língua. Para Ferreira (2003), “a comparação entre as duas frases permite concluir, portanto, que as condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos, gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma língua” (p. 78). Essas variações recebem o nome de variações socioculturais. EXERCÍCIOS 1. (ENADE – 2007) Vamos supor que você recebeu de um amigo de infância e seu colega de escola um pedido, por escrito, vazado nos seguintes termos: “Venho mui respeitosamente solicitar-lhe o empréstimo do seu livro de Redação para Concurso, para fins de consulta escolar.” Essa solicitação em tudo se assemelha à atitude de uma pessoa que a) comparece a um evento solene vestindo smoking completo e cartola. b) vai a um piquenique engravatado, vestindo terno completo, calçando sapatos de verniz. c) vai a uma cerimônia de posse usando um terno completo e calçando botas. d) frequenta um estádio de futebol usando sandálias de couro e bermudas de algodão. e) veste terno completo e usa gravata para proferir uma conferência internacional. 2. (ENADE) Samba do Approach Venha provar meu brunch Saiba que eu tenho approach Na hora do lunch Eu ando de ferryboat Eu tenho savoir-faire Meu temperamento é light Minha casa é hi-tech Toda hora rola um insight Já fui fã do Jethro Tull Hoje me amarro no Slash Minha vida agora é cool Meu passado é que foi trash Fica ligada no link Página 36 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO Que eu vou confessar, my love Depois do décimo drink Só um bom e velho engov Eu tirei o meu green card E fui pra Miami Beach Posso não ser pop star Mas já sou um nouveau riche Eu tenho sex-appeal Saca só meu background Veloz como Damon Hill Tenaz como Fittipaldi Não dispenso um happy end Quero jogar no dream team De dia um macho man E de noite uma drag queen. (Zeca Baleiro) I - “(...) Assim, nenhum verbo importado é defectivo ou simplesmente irregular, e todos são da primeira conjugação e se conjugam como os verbos regulares da classe.” (POSSENTI, Sírio. Revista Língua. Ano I, n.3, 2006.) II - “O estrangeirismo lexical é válido quando há incorporação de informação nova, que não existia em português.” (SECCHIN, Antonio Carlos. Revista Língua, Ano I, n.3, 2006.) III - “O problema do empréstimo linguístico não se resolve com atitudes reacionárias, com estabelecer barreiras ou cordões de isolamento à entrada de palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se com o dinamismo cultural, com o gênio inventivo do povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de criar palavras com energia irradiadora e tem de conformar-se, queiram ou não queiram os seus gramáticos, à condição de mero usuário de criações alheias.” (CUNHA, Celso. A língua portuguesa e a realidade brasileira. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1972.) IV - “Para cada palavra estrangeira que adotamos, deixa-se de criar ou desaparece uma já existente.” (PILLA, Éda Heloisa. Os neologismos do português e a face social da língua. Porto Alegre: AGE, 2002.) O Samba do Approach, de autoria do maranhense Zeca Baleiro, ironiza a mania brasileira de ter especial apego a palavras e a modismos estrangeiros. As assertivas que se confirmam na letra da música são, apenas, a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV . A polêmica decisão do STF de facultar o trabalho de jornalista aos profissionais que não têm diploma provocou, como era de se esperar, muitas reações contrárias. Dentre essas tantas, está o texto a seguir, retirado, sem alterações, de um blog. Esse texto servirá de base para a resolução das próximas questões. Tô te falando… Tem coisas que agente pensa e não fala… Tem coisas que agente fala e não pensa! Dunamys Curitiba 2009 Manifestoon! » Diploma???…._ By robbison E agora quem poderá nos defender?? Com o fim do diploma de jornalismo até o Chapolin pode ocupar a cadeira nessa charge abaixo. Página 37 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Desde 2001 um impasse vinha ocorrendo no STF (Supremo Tribunal Federal) e foi resolvido encerrado esse mês, com oito votos a favor foi estabelecido o fim da exigência do diploma para exercer a profissão de Jornalismo. No meio da comunicação essa notícia caiu como uma bomba não só para os estudantes de jornalismos, como também aos jornalistas e pseudo jornalistas. Mais afinal quem saiu ganhando, quem sai perdendo e como estamos num mundo capitalista quem sai lucrando ($) com tudo isso? Não é de hoje que várias pessoas se acham no direito de se entitularem jornalistas só pelo fato de assinarem uma coluna na Folha de São Paulo, também não é de hoje que as mesmas vem ocupando o lugar de pessoas capacitadas que não podem exercer a profissão por não ter um “nome” no mercado. Com o fim do diploma de jornalismo quem sai ganhando é claro são as próprias empresas jornalísticas que agora são livres para contratar quem elas quiserem, podem abaixar ainda mais os sálarios (antes conseguidos pela categoria) e o pior, e mais preocupante, podem aumentar o controle ideológico do seus trabalhadores, ou seja, os jornalistas deixam de exercer a função do jornalismo (matérias com caráter de interesse público) para expandir os interesses dos grupos econômicos privados. Com essa decisão os cursos de jornalismo espalhados por todo o Brasil tem em mãos um novo desafio; conquistar seu próprio espaço na sociedade e seu lugar no mercado de trabalho, ou seja, mostrar a que vieram, agora sim vamos ver quem quer realmente mudar a situação da comunicação brasileira, ou quem só quer aparecer e dar opiniões sem fundamento. Como disse Rosana Hermann ” se o diploma for proteger a incompetência é melhor que ele caia para legitimar o talento” concordo, pois quem estava cursando a faculdade pensando que um simples diploma lhe traria um bom emprego vão ter um desafio maior que é mostrar que o conhecimento adquirido vai além de um papel com a assinatura de um reitor e aquele que esta cursando sabendo a responsabilidade e a importância de um jornalista não verá problema nisso, pois o mais difícil ele já aprendeu. Eu como estudante de Publicidade que pensava quer fazer jornalismo sei e estou convicto que diploma nenhum, independente da Instituição de Ensino, é garantia de reconhecimento e emprego certo, por isso com diploma ou não nossa luta nesse mercado esmagador vai muito além de mostrar um papelzinho com um emblema de uma boa universidade, não é o diploma que vai nos conceder nosso espaço no mercado, mais sim nossa dedicação e empenho. Valew e até o next post. Disponível em: http://totefalando.wordpress.com/2009/06/24/diploma/ Acesso em: 15 jul. 2009. Página 38 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO 3. A charge integra o todo do ‘post’, estabelecendo uma relação com o texto escrito. Ela a) acentua a carga satírica do post, uma vez que expõe os interesses econômicos de grupos privados quanto ao tema. b) recrudesce o tom da crítica do autor à reação contra a decisão do STF, ao denunciar o nível de profissionalismo dos novos jornalistas. c) estigmatiza os jornalistas formados, por apresentá-los como pessoas de baixo profissionalismo e pouco conhecimento técnico. d) corrobora a atitude de rechaça do autor à decisão do STF, ironizando, a partir da polissemia da palavra “fonte”, o despreparo de profissionais não formados. e) oferece ao leitor um contraponto ao teor exarado pelo texto escrito. 4. O texto escrito apresenta um uso da linguagem por vezes estranho a quem não está afeito a textos de internet. Sobre esse uso, assinale a alternativa correta. a) Os grosseiros problemas de edição, nítidos nas várias palavras cortadas por um traço (e não apagadas), oferecem prejuízo à leitura do texto. b) Os vocábulos de língua inglesa utilizados no texto evidenciam conceitos ou situações que não encontram tradução em nosso idioma. Têm ali, portanto, sua razão de ser. c) A palavra “sálario” (sic), em um texto de internet, não pode ser considerada “erro”, porque é nada mais do que uma adequação de “salário” ao meio para o qual o texto foi produzido. d) Não se observa apenas utilização de linguagem própria do meio internet, mas também inadequações à modalidade padrão do português. e) A variante popular, utilizada ao longo do texto, não é a mais adequada uma vez tratar-se de um discurso tanto argumentativo quanto dirigido a pessoas de todas as classes sociais. 5. O texto desse blog propõe-se a defender um ponto de vista. Para tanto, vale-se de argumentos sobre os quais tratam as alternativas a seguir. Assinale a correta. a) A pergunta apresentada ao final do primeiro parágrafo não encontra resposta no seguimento do texto, o que diminui sua força retórica e argumentativa. Isso se deu porque o autor enveredou por outra linha de raciocínio. b) A explicação de qual o papel do jornalismo é um argumento que o autor utiliza para refutar a decisão do STF, já que tal veredito viria ao encontro da importância que essa profissão tem para a sociedade. c) O argumento central é a necessidade de os cursos de jornalismo mudarem, relegando a um segundo plano quem “só quer aparecer e dar opiniões sem fundamento”. d) O autor concorda com o argumento de Rosana Hermann, aliando-se a ela na crítica à decisão do STF. A frase dela é utilizada para realçar a necessidade de uma boa formação universitária. e) Como jornalista, o autor mostra-se preocupado com o controle ideológico exercido pelos donos dos meios de comunicação. Para ele, a decisão do STF beneficia sobremaneira esses grupos. NÍVEIS DE LINGUAGEM Quando uma pessoa se comunica com outra(s), para que esse ato se realize de forma eficiente, é necessário que ela faça a adequação da linguagem. Há situações em que a relação entre os interlocutores é mais descontraída, mais informal ou pessoal, casos em que fica mais adequado o emprego de uma linguagem informal, mais "solta". Outras vezes, essa relação é mais impessoal, mais distanciada, o que requer uma linguagem mais formal, “mais cuidada”" . Página 39 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO São vários os fatores que, isoladamente ou combinados, levam o falante a adequar sua linguagem às circunstâncias do ato de comunicação. Entre esses fatores, destacam-se: # o interlocutor (não se fala do mesmo modo com um adulto e com uma criança); # o assunto (não se fala sobre a morte de uma pessoa amiga da mesma maneira que' se fala sobre a derrota do time de futebol); # o ambiente (não se fala do mesmo jeito em um templo religioso e em um churrasco com amigos); # a relação falante-ouvinte (não se fala da mesma maneira com um amigo e com um estranho; ou em uma relação informal e em uma relação formal). Em um ato de comunicação, a influência desses e de outros fatores resulta num maior ou menor grau de formalidade ou informalidade na linguagem. O grau de formalidade do discurso do advogado, por exemplo, deve ser alcançado considerando-se o “público-alvo” do texto. Se o interlocutor for um sujeito com pouca escolarização, a variedade lingüística utilizada dever ser menos formal. Agora se o falante for um indivíduo culto, a língua culta deve ser adotada para a comunicação. Para usar a língua com adequação, é necessário seguir uma variedade lingüística que se adapte ao contexto comunicativo. Damião e Henriques apresentam três possibilidades de usar a língua: É a variedade-padrão. “Utilizam-na as classes intelectuais da sociedade, mais na forma escrita e, menos, na oral. É de uso dos meios diplomáticos e científicos;nos discursos e nos sermões; nos tratados jurídicos e nas sessões do Linguagem culta tribunal. O vocabulário é rico e são observadas as normas gramaticais em sua plenitude.” (DAMIÃO; HENRIQUES, 2002, p. 24) “Utilizada pelas pessoas que, sem embargo do conhecimento da língua, servem-se de um nível menos formal, mais cotidiano. É a linguagem do rádio, televisão, meios de comunicação de massa tanto na forma oral quanto Linguagem familiar na escrita. Emprega-se o vocabulário da língua comum e obediência às disposições gramaticais é relativa, permitindo-se até mesmo construções próprias da linguagem oral.” (DAMIÃO; HENRIQUES, 2002, p. 25) “Utilizam-na as pessoas de pouca escolaridade ou mesmo analfabetas e, com maior freqüência, na forma oral e, mais raro, na escrita. E a linguagem das pessoas simples favelados urbanos, analfabetos) nas Linguagem popular (caboclos, comunicações diárias. O vocabulário é limitado, largamente penetrado pela gíria, frases feitas e formas deturpadas. Nota-se despreocupação com regras gramaticais de flexão.” (DAMIÃO; HENRIQUES, 2002, p. 25) Página 40 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO LINGUAGEM POPULAR Eu vi ela ontem. Isso é muito bom pra gente. O trabalho era uma parada sinistra. Cê tira o negocinho da torneira e conserta ela. Todo mundo sabe esse negócio. Se retire daqui. O cara veio pra cima de mim berrando. Falta cinco minutos pra acabar a aula. O diretor pediu pra mim vim aqui. LINGUAGEM CULTA Eu a vi ontem. Isso é muito bom para nós. O trabalho era dificílimo. Tire a carrapeta da torneira e conserte-a. Todos têm conhecimento dessa questão. Retire-se daqui. O homem interpelou-me aos gritos. Faltam cinco minutos para acabar a aula. O diretor pediu para eu vir aqui. EXERCÍCIOS 1. Identifique qual linguagem predomina nos textos abaixo. a) “Vale notar, Meritíssimo, que, no caso, sequer há prova de que o veículo tenha sido alienado pelo requerido Pedro Ramos a José Machado. Ao contrário, pelo que se apurou, apenas foi a este cedido para viagem a esta cidade, abalançando-se aquele a fazê-lo, por assim dizer, à guiza de comodante. Dadas as presumíveis relações de amizade ou negócios entre ambos, os quais tudo ajustaram concordes, livres e às sabendas. Não há, pois, quanto ao réu Pedro Ramos, ilegitimidade passiva ad causam. Ele é de fato parte legítima no feito.” b) Nóis não tem como pagá as despesa com o auto. Vamo se acertá e aí cada um na sua. Eu pago o meu e tu o teu. c) Nós precisamos contatar o motorista do veículo que bateu em nosso carro para analisarmos as possibilidade de movermos uma ação de indenização para ressarcir nossas perdas materiais. 2. Em cada situação a seguir, indique se a linguagem utilizada pelo falante está adequada ou inadequada. a) Um advogado, num tribunal de júri, diz: “Tá na cara que a testemunha ta enrolando”. b) Um advogado, num tribunal de júri, diz: “É evidente que a testemunha está faltando com a verdade.” c) Um advogado, batendo um papo com um amigo, diz-lhe, a respeito de um julgamento: “Tava na cara que a testemunha tava enrolando.” 3. Reescreva a notícia a seguir utilizando o registro culto. Por conta de calote sofrido em 1998, o craque Túlio entrou com ação contra o Botafogo, pedindo o pagamento de U$150.000, referentes a salários atrasados e a luvas. José Luiz Rolim, o presidente do clube na época preferiu deixar o pepino para o seu sucessor, Ney Palmeira. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4. Para a eficiência da comunicação jurídica, é necessário que o advogado domine a linguagem, sabendo utilizá-la de forma adequada em diferentes situações Página 41 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO comunicativas. Considere os seguintes incisos do artigo quinto da constituição federal de 1988. TÍTULO II Dos Direitos e Garantias Fundamentais CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. Suponha que você é advogado e recebeu um convite para apresentar a constituição federal de 1988 a jovens que têm escolaridade baixa (nível fundamental) em uma instituição escolar. Escolha dois incisos e elabore um texto (de até dez linhas) com linguagem adequada à situação, explicando a lei (apenas os incisos selecionados) a esses alunos. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Página 42 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO AULA 04 VOCABULÁRIO E DISCURSO JURÍDICO CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO Os sentidos das palavras não são estanques, variam de acordo com o contexto comunicativo e situam-se em dois planos: o denotativo e o conotativo. Denotação é o significado estável de uma palavra, é um elemento não subjetivo e analisável fora do contexto. Nas palavras de Othon Garcia: Quando uma palavra é tomada no seu sentido usual, no sentido dito “próprio”m isto é, não figurado, não metafórico, no sentido “primeiro” que dela nos dão os dicionários, quando é empregada de tal como que signifique a mesma coisa para mim e para você, leitor, como para todos os membros da comunidade sócio-lingüística de que ambos fazemos parte, então se diz que essa palavra tem sentido denotativo ou referencial, porque denota, remete ou se refere a um objeto do mundo extralingüístico, objeto real ou imaginário. (GARCIA, 2002, p. 179) Conotação é constituída pelos elementos subjetivos que variam de acordo com o contexto comunicativo. Observe a explicação de Garcia: Se, entretanto, a significação de uma palavra não é a mesma para mim e para você, leitor, talvez não o seja também para todos os membros da coletividade de que ambos fazemos parte, e não o é por causa da interpretação que cada um de nós lhe possa dar, se a palavra não remete a um objeto do mundo extralingüístico mas, sobretudo, sugere, evoca, por associação, outra(s) idéia(s) de ordem abstrata, de natureza afetiva ou emocional, então se diz que seu valor, seu sentido, é conotativo ou afetivo. (GARCIA, 2002, p. 179) Saber distinguir o sentido denotativo e conotativo das palavras no contexto comunicativo é fundamental para o desenvolvimento da competência linguística. EXERCÍCIOS 1. Leia o texto. BR - contribuindo para o cinema brasileiro rodar cada vez melhor A Petrobrás Distribuidora sempre investiu na cultura do país e acreditou no potencial do cinema brasileiro. E a Mostra BR de Cinema é um exemplo disso. Sucesso de público e crítica, hoje a Mostra já está na sua 26ª edição e sua qualidade é reconhecida por cineastas do mundo todo. E você tem um papel muito importante nesta história: toda vez que abastecer em um Posto BR estará contribuindo também para o cinema brasileiro rodar cada vez mais. (Adaptado do Catálogo da 26ª Mostra BR de Cinema. Out. 2002.) Considerando o texto publicitário transcrito, identifique: a) a palavra que estabelece de modo mais eficaz uma relação entre patrocinado e patrocinador. Justifique sua resposta. Página 43 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO b) duas possíveis leituras da frase "E você tem um papel muito importante nesta história". Para responder às questões de números 2 e 3, leia atentamente o texto I, retirado da edição de maio de 2004 da revista Info, uma publicação voltada para a área da informática. A TECNOLOGIA NA MIRA DE QUINO O traço afiado de Quino, o cartunista argentino criador da personagem Mafalda, fisgou o mundo da tecnologia. No livro Quanta Bondade!, lançado no país em abril pela Martins Fontes, Quino satiriza o uso da tecnologia e castiga especialmente os celulares. A relação consumo desenfreado de gadgets e solidão é alvo de suas críticas mais ardidas. (adaptado) *gadgets = bugigangas (em inglês) 2. Analisando as linguagens verbal e não-verbal, nota-se que houve, ao mesmo tempo, uma retomada e um progressivo acréscimo de informações sobre I. o tema abordado pelo cartunista argentino em Quanta Bondade!. II. o trabalho com o humor feito por Quina no livro Quanta Bondade!. III. detalhes do lançamento no Brasil do livro do criador de Mafalda . Está(ão) correta(s) a) apenas I. b) apenas III. c) apenas I e II. d) apenas II e III. e) I, II e III. 3. Todas as palavras apresentadas nas alternativas foram utilizadas no texto em sentido figurado, EXCETO: a) afiado b) fisgou c) satiriza d) castiga e) ardidas 4. Discuta a possibilidade de o discurso jurídico servir-se da conotação. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Página 44 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO LÉXICO E VOCABULÁRIO Damião e Henriques (2000) assinalam uma diferença entre vocabulário e léxico: Léxico: “reserva-se à língua como um conjunto sistêmico posto ao usuário; é um inventário aberto, com número infinito de palavras, podendo ser sempre acrescido e enriquecido não só pelo surgimento de novos vocábulos, mas também por mudanças de sentidos dos já existentes na língua.” (2000, p. 37) Léxico é, então todo o conjunto de palavras disponíveis ao falante. Vocabulário: “é o uso do falante, é a seleção e o emprego de palavras pertencentes ao léxico para realizar uma comunicação humana.” (2000, p. 37) A seleção vocabular do falante está ligada ao conhecimento cultural e ao grau de escolarização que ele possui. Assim, é natural que um advogado não use o mesmo vocabulário que um gari embora ambos partilhem o mesmo léxico português (língua). Um tem um vocabulário mais amplo enquanto o outro apresenta um repertório vocabular fechado. Os autores enfatizam que todo o usuário de uma língua deve procurar enriquecer seu vocabulário, facilitando, assim, o seu ato comunicativo especialmente quando a comunicação é estabelecida através da escrita. A consulta a dicionários é uma estratégia para a ampliação do repertório vocabular. No âmbito do Direito, é preciso considerar que o vocabulário da área apresenta uma nomenclatura técnica e as palavras adquirem sentidos específicos. A ESCOLHA DA PALAVRA Considerando que o texto se forma através de um conjunto de palavras que podem ser usadas em sentido literal ou conotativo, em qualquer produção textual, a escolha das palavras serve para expressar idéias e julgamentos. Nesse sentido, ter um bom vocabulário é imprescindível para selecionar as palavras adequadas àquilo que se quer dizer. Quando se constrói um texto jurídico, por exemplo, a imprecisão vocabular pode comprometer a argumentação. O preciosismo, que é o uso de palavras ou expressões rebuscadas, arcaicas ou incompreensíveis, é freqüente em muitas classes sociais e profissionais. No universo jurídico, o preciosismo também é constante. Outro elemento característico do discurso em geral é u uso de palavras genéricas. Estas, por não expressarem um sentido único, devem ser evitadas na redação jurídica. EXERCÍCIOS 1. Em cada item a seguir, existe ao menos um termo que caracteriza preciosismo. Identifique-o e o substitua por um sinônimo adequado. A) A peroração do discurso do advogado foi clara ao pedir a absolvição por legítima defesa. b) Procura o réu escoima-se da Jurisdição Penal, por suas pueris alegações. Página 45 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO c) Mas o acusado dizia já sofrer ameaças de morte por seus infensos lá no bairro. d) Todas essas ações e querelas judiciais só têm por conseqüência mangrar o desenvolvimento da sociedade. e) E vem ora o querelante vestir-se com o cretone da primariedade como se isso o eximisse da responsabilidade. 2. Considerando que algumas palavras assumem sentidos variados e tornamse muito corriqueiras, verifique a possibilidade de substituir as palavras de sentido genérico por outras, sem acarretar mudança de sentido. a) Substituir o verbo fazer Ele fez o trajeto determinado. Eu faço Direito. Eu fiz uma excelente redação. Amanhã, farei um discurso. Vou fazer uma casa. b) Substituir o verbo pôr Ela precisa pôr uma palavra a mais. Ele pôs o verbo no singular. Ponha a roupa adequada para a sessão. Todos põem dinheiro no banco? c) Substituir o verbo ter Todos na sala têm uma boa reputação. Ele tem dor de cabeça. Ele tem quase dois metros de altura. Ele tem sessenta quilos. O SENTIDO DAS PALAVRAS NO TEXTO JURÍDICO Todo ato competente de comunicação relaciona-se à precisão vocabular e à clareza do discurso. Dependendo da área do conhecimento, algumas palavras adquirem sentido específico. Por isso, cada campo profissional cria o seu próprio jargão. No Direito não é diferente, pois há algumas palavras que exigem um uso mais cuidadoso, justamente por os termos manterem significado restrito a determinado campo científico. Assim, é preciso conhecer profundamente o sentido de cada palavra no senso comum, que é de domínio público, e em cada área em que ele assume um significado especial. É nesse sentido que Damião e Henriques advertem que: No Direito, é ainda mais importante o sentido das palavras porque qualquer sistema jurídico, para atingir plenamente seus fins, deve cuidar do valor nocional do vocabulário técnico e estabelecer relações semântico-sintáticas harmônicas e seguras na organização do pensamento. (2000, p. 41) Página 46 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO O vocabulário jurídico é dividido em três categorias: vocabulário unívoco, vocabulário equívoco e vocabulário análogo segundo Damião e Henriques: VOCABULÁRIO UNÍVOCO VOCABULÁRIO EQUÍVOCO VOCABULÁRIO ANÁLOGO É o que contém apenas um sentido. Nesse caso, a codificação dos termos é usada para descrever delitos e assegurar direitos. Exemplo: furto (art. 155 CP – subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel); roubo (art. 157 CP subtrair, para si ou para outrem, coisa móvel alheia mediante grave ameaça ou violência, depois de reduzir a resistência da pessoa). A univocidade representa os termos técnicos do vocabulário especializado. Compreende os vocábulos plurissignificantes, ou seja, que contém mais de um sentido no contexto. Exemplo: o vocábulo seqüestrar é plurissignificativo, pois, no Direito Processual, significa apreender judicialmente bem em litígio, e, no Direito Penal, significa privar alguém de sua liberdade de locomoção. O profissional do Direito deve ter cuidado ao usar um vocábulo plurissignificativo, procurando evitar o emprego de acepções que não pertençam ao jargão jurídico ou, se pertencerem a esse jargão e tiverem natureza específica, devem usá-lo com o sentido pretendido. Contém os vocábulos que são conhecidos como palavras sinônimas, mas que não têm o mesmo sentido e sim um ponto em comum quanto ao significado. Exemplo: resilição (dissolução pela vontade dos contraentes) e rescisão (dissolução por lesão do contrato) são palavras sinônimas de resolução (dissolução de um contrato, acordo, ato jurídico), que é, neste caso, o “ponto comum” das palavras resilição e rescisão. HOMONÍMIA E PARONÍMIA Ronaldo Xavier (2001) é categórico ao afirmar que o Direito é a ciência da palavra e que esta é um dos fatores que condicionam a eficácia do Direito, pois “Um texto mal redigido não conduz à interpretação uniforme. Distorções de linguagem podem levar igualmente a distorções na aplicação do Direito.” (2001, p. 10) É Página 47 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO através do uso da palavra que o profissional do Direito exercita a tarefa de apelar, contestar, defender, julgar, recorrer, persuadir, provar, absolver, etc. Para usar de forma competente a palavra, é crucial o domínio da gramática, cujas regras orientam o uso da língua culta em situações formais, como sessões de júri e audiências. É a gramática normativa que dita as normas acerca de vocabulário, construção de frases, discurso, parágrafo, redação, etc. Por isso a necessidade de estudar alguns tópicos gramaticais. Todo o advogado usa determinadas expressões quando quer explicar algum fato, questionar. Algumas dessas expressões, quando se considera a escrita, podem suscitar dúvidas. É o caso dos porquês, dos parônimos e dos homônimos, por exemplo, que estão inseridos na seleção vocabular realizada pelo redator. A homonímia é a identidade fônica (pronúncia) ou gráfica das palavras. A paronímia caracteriza as palavras que têm sentido diverso, mas que apresentam semelhança pela forma gráfica ou pelo som. Veja os principais casos de palavras homônimas e palavras parônimas. Absolver: perdoar O juiz absolveu o réu. Absorver: assimilar Eu nem sempre absorvo todos os conteúdos desenvolvidos em aula. Acender: pôr fogo, fazer queimar, Vou acender meu cigarro. arder Vou ascender profissionalmente quando Ascender: subir, elevar-se tiver um diploma de curso superior. Acento: inflexão de voz; sinal gráfico É necessário acento em todas as palavras proparoxítonas. Assento: lugar em que se assenta Atuar: agir, exercer atividade Necessito de um assento para viajar de ônibus. Eu vou atuar como administrador em empresa do ramo fumageiro. Autuar: processar, lavrar auto de O fiscal vai autuar todas as empresas que infração estiverem com contabilidade fraudulenta. Cela: cubículo, prisão Todos os condenados ficam enclausurados em celas. Sela: arreio Comprimento: extensão, tamanho Cumprimento: saudação; cumprir Caçar: perseguir a caça Cassar: anular, tirar políticos de Censo: recenseamento os ato Preciso comprar uma sela nova para andar a cavalo. O comprimento da mesa é 1m. de Aceite meus cumprimentos pela formatura. Que tal caçar os pássaros que estão invadindo a lavoura de arroz? direitos Alguns políticos ameaçaram cassar o presidente Lula. O último censo realizado no Brasil mostrou diminuição da desigualdade social. Página 48 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO Senso: juízo claro Cessão: ato de ceder, doação Nem todo mundo tem bom senso. A cessão de brinquedos para entidades carentes foi uma excelente atividade promovida pelo Lions. Seção ou secção: corte, divisão A seção de esportes da Gazeta do Sul apresenta reportagens especialmente sobre futebol Sessão: reunião, assembléia Iremos amanhã à sessão do filme de Elizabeth Taylor Câmara: local de trabalho onde se Alguns deputados não compareceram à câmara hoje. reúnem deputados; lugar fechado Câmera: aparelho que capta e Usava uma câmera japonesa. reproduz imagens; pessoa que o utiliza Concerto: harmonia; composição Concerto de música clássica nem sempre musical atrai grande público. Conserto: reparo Deferimento: concessão O conserto do sapato ficou excelente. Ele apresentou pedido de deferimento de terras. Diferimento: adiamento Delatar: denunciar O advogado solicitou diferimento do processo. O Presidente da Câmara vai delatar quatro políticos envolvidos no mensalão. Dilatar: estender, retardar; aumentar Os pulmões contraem-se e dilatam-se. de volume Desapercebido: desprovido, Apanhou-o despercebido e roubou-lhe a despreparado, desprevenido carteira. Despercebido: não-notado, que não se viu ou não se ouviu, a que não se prestou atenção. Descrição: representação; ato ou efeito de descrever Ao juiz não passou despercebido o nervosismo do depoente. Você já fez a descrição da turma de alunos? Discrição: ato de ser discreto, reserva Descriminar: tirar a culpa de Discriminar: distinguir, separar Destratar: ofender Distratar: romper o trato Emenda: correção Guardando sigilo, tu agirás com discrição. A defesa tentou descriminar o ato. No mercado de trabalho, discriminam as pessoas em razão da idade. O promotor destrata os réus. Fábio distratou o negócio. A emenda do projeto encaminhada ao Congresso não foi aprovada. Página 49 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO Ementa: resumo Emergir: vir à tona Cada plano de ensino tem uma ementa. Emergiu o escândalo do mensalão na política brasileira. Imergir: mergulhar Preciso imergir na piscina para pegar meu óculos que caiu enquanto nadava. Aquele é um eminente conferencista. Eminente: alto, excelente Iminente: que está prestes a ocorrer Empoçar: formar poça O parto de uma mulher com quase nove meses de gestação está iminente. As águas empoçadas no asfalto podem provocar acidentes. Foi empossada ontem a nova Secretária de Educação do Estado. observar Os meninos adoram espiar as provas dos professores. Empossar: dar posse a Espiar: espreitar; secretamente Os culpados devem expiar suas falhas. Expiar: sofrer pena ou castigo Estático: firme, imóvel Fiquei estático ao receber uma notícia má. Extático: admirado, pasmado Fiquei extática com a atitude correta da moça. Flagrante: ato de ser surpreendido em O criminoso foi apanhado em flagrante. alguma situação; evidente; patente Fragrante: perfumado Como esse sabonete é fragrante! Infligir: aplicar (pena ou repreensão) O delegado infligiu-lhe um duro castigo. Infringir: violar, desrespeitar Mandado: ordem judicial transgredir, O menino infringiu a lei ao arrombar uma casa. O mandado de prisão foi levado até o acusado. Mandato: período de missão política Ratificar: confirmar, comprovar Acabam em 2006 os mandatos de deputados. A palestrante ratificou sua presença no evento. Retificar: corrigir Prescrever: ordenar, regular Proscrever: banir, exilar, expulsar Soar: dar ou produzir som ; ecoar Preciso retificar o texto do redator da CPI. O médico sempre prescreve o uso de medicamentos. A publicidade deve proscrever qualquer apelo ao consumo irresponsável de bebidas alcoólicas. O sino da igreja soa todas as manhãs. Página 50 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO Suar: transpirar Tachar: censurar, notar defeito em Quem corre muito, sua. Márcio T. Bastos tachou o presidente de mentiroso. Taxar: estabelecer preço ou imposto O governo taxou fortemente as bebidas e cigarros. O tráfego de caminhões é proibido nas principais ruas da cidade. Tráfego: trânsito Tráfico: comércio ilícito Vultoso: volumoso O tráfico de drogas é proibido, mas existe. Fez um negócio vultoso essa semana. Vultuoso: atacado de vultuosidade Seu rosto estava vultuoso e irreconhecível. (congestão da face) EXERCÍCIOS 1. Qual das alternativas completa adequadamente o período: “O guarda ________ em ________ o motorista que _________ as normas de trânsito. a) atuou – fragrante – infringiu d) atuou – flagrante – inflingiu b) autuou – fragrante – infringiu e) autuou – flagrante – infringiu c) atuou – fragrante – infligiu 2. Preencha os espaços com seção, sessão ou cessão: a) “Durante a ___________ parlamentar, uma _____________ do partido do Governo manifestou-se contrária à ____________ de terras a imigrantes do Japão. b) Na _________ plenária estudou-se a __________ de direitos territoriais a estrangeiros. 3. Complete as lacunas com uma das opções indicadas entre parênteses: a) Cidadãos ___________________ antecederam-me neste cargo. (eminente – iminente) b) Ao fim das investigações, a verdade ______________ , e tudo ficou bem esclarecido. (emergiu – imergiu) c) É inadmissível que se ______________ pessoas por religião, sexo ou cor. (descriminem – discriminem) d) Se as leis forem ____________________, as penas terão de ser aplicadas. (infligidas – infringidas) e) As despesas com a reforma do prédio serão __________. (vultosas – vultuosas) f) Por sua solidariedade, ______________-no de benfeitor da humanidade. (taxaram – tacharam) g) Está ________________ a mudança da legislação salarial. (eminente – iminente) h) O _________________ dos representantes classistas, em todas as instâncias, é de três anos. (mandado – mandato) i) Quando, algum tempo depois, ele voltou, trazia as orelhas vermelhas e o rosto ____________. (vultuoso – vultoso) 4. No último ______ da orquestra sinfônica, houve ______ ______ entre os convidados, apesar de ser uma festa ______. Página 51 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO a) conserto – flagrantes – descriminações – beneficente b) concerto – fragrantes – discriminações - beneficiente c) conserto – flagrantes – descriminações - beneficiente d) concerto – fragrantes – discriminações - beneficente e) concerto – flagrantes – discriminações - beneficente 5. Cada palavra tem sua forma própria, que envolve o uso correto de letras e sinais diacríticos (acentos, trema, til, etc.). Fonte comum de erro quanto a esse aspecto são as chamadas parônimas, palavras que têm formas semelhantes, mas significados diferentes. Provavelmente por falha no processo de digitação, o texto abaixo, publicado em um jornal do centro do país, apresenta um problema desse tipo. A apresentação do projeto de lei que prevê a discriminação da maconha, ou seja, a sua legalização, faz emergir na sociedade uma discussão necessária para que seja enfrentado com lucidez o problema da utilização de drogas no Brasil. a) Que palavra foi empregada indevidamente? b) Que palavra deveria ter sido empregada? c) Que inadequação do texto acima nos leva a confirmar tal inadequação? 6. Leia as frases abaixo: I – Assisti a um _______ de meu computador. II – Ele fez ao filho a ___________ de uma parte das terras. III – De tempo em tempo se faz um novo ________ da população. Escolha a alternativa que oferece as seqüência certa de vocábulos para a seqüência das lacunas. a) conserto, sessão, censo d) conserto, cessão, censo e) concerto, cessão, senso b) concerto, seção, senso c) conserto, secção, censo 7. Assinale a alternativa em que o significado não corresponde à palavra dada: a) Expiar: pagar (a culpa), remir d) Ratificar: confirmar e) Flagrante: perfumado b) Sela: arreio c) Seção: corte, divisão 8. Escolha, entre as alternativas abaixo, a que propõe a substituição dos termos ou expressões em destaque, sem que haja alteração no sentido da sentença apresentada abaixo: Parecia estar prestes a acontecer a punição do réu, visto que os fatos já indicavam que ele realmente teria desrespeitado as leis e, nesse sentido toda a população já está censurando de indevida a atitude do acusado. a) iminente – porquê – infringido – taxando b) iminente – porque – infligido – tachando c) eminente – por que – infringido – tachando d) eminente – porque – infligido – tachando e) iminente – porque – infringido – tachando Página 52 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO Leia o texto a seguir para responder às questões 9 a 15. A A tteerrcceeiirraa oonnddaa Dolores Orosco e Juliana Vilas 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 Mais arrojada, nova geração de mulheres corteja os homens, reclama de sua performance, mas ainda espera o príncipe encantado. Emerge uma nova classificação da atitude feminina: são as andróginas. Elas acreditam que o príncipe encantado está a caminho e que um dia serão felizes para sempre. Mas, enquanto isso não acontece, o negócio é viver cada experiência livre e sem culpa. Suas avós eram consideradas mulheres de verdade: cuidavam dos filhos e da casa, tal qual a Amélia da canção de Mario Lago e Ataulfo Alves, de 1942. A geração seguinte exorcizou a Amélia e deu passos largos na luta pela igualdade de direitos entre os sexos, deixando para as filhas um campo menos minado no trajeto para o sucesso profissional. Às herdeiras dessa geração restou a tarefa de resolver a equação carreira + filhos + amor + sexo. Elas não foram criadas para ser donas-de-casa – muitas, inclusive, são chefes de família – e o caminho para o mercado de trabalho foi natural. Mais seguras e independentes financeiramente, sentiram-se à vontade para mudar o modelo de etiqueta sexual. (...) No século XXI, surge de forma expressiva a terceira onda do comportamento feminino: a “mulher andrógina”. Essa mulher une características tradicionalmente femininas, como o desejo de ser mãe e de encontrar o homem ideal, e masculinas, como a postura competitiva no mercado de trabalho. Derrubou velhas regras do jogo da conquista: a andrógina toma, sem pudores, o primeiro passo e é atirada em suas atitudes. Para a psicóloga especializada em comportamento feminino Cris Linnares, autora dos livros Divas no divã e Cinderela de saia justa, o desejo da mulher da terceira onda é harmonizar vida pessoal e carreira. “É o momento de tentar o caminho do meio. O movimento feminista injetou a energia masculina nas mulheres. Agora elas procuram unir as energias dos dois sexos, pois entendem que homens e mulheres têm necessidades diferentes”, diz a psicóloga. Ela explica ainda que o termo andrógina vem do mito do andrógino, citado por Platão no clássico O banquete. De acordo com a explicação mitológica, houve um tempo em que não havia homens e mulheres, mas seres superiores aos humanos, os andróginos, dotados de quatro braços, quatro pernas, uma cabeça com duas faces opostas e dois sexos. Providos de força e agilidade sobre-humanas, tornaramse orgulhosos e, inconseqüentes, empreenderam uma escalada até o céu. Zeus não gostou da ousadia e, zangado, dividiu cada andrógino em dois. Desde então, a humanidade ficou dividida em duas partes que se procuram para voltar ao original. Para a terapeuta sexual Márcia Bittar, da PUC-SP, o movimento andrógino descortina um comportamento que sempre existiu. “O processo de emancipação feminina fez ‘cair o pano’. (...) A anti-Amélia, incentivada desde criança a estudar, trabalhar e “não depender de ninguém”, adquiriu segurança para perseguir seus objetivos e fazer o que tem vontade, sem as preocupações moralistas que tinham suas avós. E, na hora da paquera, não espera o homem fazer a corte. (...) (texto adaptado) Disponível em: http://www.terra.com.br/istoe/1820/comportamento/1820_terceira_onda.htm. Acesso em: 11 ago. 2008. Página 53 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO 9. Ao produzirem a reportagem, as autoras discorreram sobre o assunto “mulher” e desenvolveram-no com base em qual dos temas a seguir? a) discriminação X igualdade d) opressão X poder b) razão X emoção e) equilíbrio X desequilíbrio c) mudança X permanência 10. Em “Emerge uma nova classificação da atitude feminina: são as andróginas.” (linhas 2 e 3), um vocábulo parônimo é usado. A alternativa em que se trocou a forma destacada pelo seu parônimo ou homônimo é: a) a aparição da mulher da quarta onda é iminente; b) os seres andróginos não obedeceram ao cumprimento das regras de Zeus; c) a mulher da terceira onda é tachada de andrógina d) a mulher da terceira onda infringiu as regras de comportamento das Amélias e) a mudança de comportamento das mulheres é flagrante. 11. O texto lido deve ser considerado prioritariamente: a) narrativo; d) informativo; b) publicitário; e) descritivo. c) argumentativo; 12. Considere as seguintes afirmações sobre referentes de segmentos do texto. I – A expressão herdeiras dessa geração (linha 11) refere-se às filhas das mulheres da primeira onda. II – O pronome elas (linha 4) refere-se essencialmente a mulheres andróginas. III – A expressão suas avós (linha 40) refere-se às avós das mulheres andróginas. Qual(is) está(ão) correta(s)? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas II e III. 13. Assinale o nexo (elemento de coesão) que poderia substituir os doispontos, mantendo o tipo de relação semântica expresso do período a seguir: “Suas avós eram consideradas mulheres de verdade: cuidavam dos filhos e da casa, tal qual a Amélia da canção de Mario Lago e Ataulfo Alves, de 1942.” (linhas 6-8). d) Por isso a) Ainda bem que b) Porque e) Além disso c) Isto é 14. Quem concedeu entrevista às repórteres? Por que essa profissional foi escolhida para expressar seu ponto de vista? 15. O que caracteriza: a) as mulheres da 1ª onda? b) as mulheres da 2ª onda? c) as mulheres da 3ª onda? Página 54 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS. LUANA TEIXEIRA PORTO SENÃO – SE NÃO 1. Senão é usado equivalendo a : a. do contrário Saia daqui, senão vai se molhar. b. a não ser Não faz outra coisa, senão reclamar. c. mas sim Não tive a intenção de exigir, senão de pedir. 2. Se não é usado equivalendo a caso não. Esperarei mais um pouco; se não vier, irei embora. (caso não venha) A PAR ou AO PAR? 1. A par equivale a ciente, informado, prevenido; em geral, emprega-se com o verbo estar: O diretor não estava a par do assunto. 2. Ao par emprega-se em relação a câmbio; indica título ou moeda de valor idêntico: O real já esteve ao par do dólar. EXERCÍCIO Complete as lacunas com uma das opções indicadas entre parênteses 1. Chorarei muito __________________ voltares. (senão – se não) 2. Corre, ________________ ele te acerta. (senão – se não) 3. Não faz nada ________________ estudar. (senão – se não) 4. Não estou ___________________ conversar neste momento. (a fim de – afim) 5. O casal tem comportamento _________________, vivem muito bem. (afim de – afim) 6. Eu não estou ________________ do assunto. (a par – ao par) 7. A moeda americana caminha _____________ com a moeda inglesa. (a par – ao par) 8. Ele correu, por isso ______________ muito. (suou – soou) 9. Sua voz ______________ bem alto. (suou – soou) 10. O funcionário foi transferido para uma outra _________________.(sessão – seção – cessão) 11. Naquele dia, todos aguardavam a presença do economista para, na Câmara Municipal, iniciar a _________________. (sessão – seção – cessão) 12. Espera-se que o conjunto de cordas realize um ________________ nos próximos dias. (conserto – concerto) 13. O _______________ deste aparelho de televisão é caríssimo. (conserto – concerto) 14. O bom ________________ deve prevalecer em nossas decisões. (censo – senso) 15. O político foi __________________ por corrupção. (caçado – cassado) 16. Só na ____________ tentativa o motorista conseguiu estacionar o veículo. (sexta – cesta) 17. Ele não sabia pregar uma _______________ na parede. (taxa – tacha) Página 55 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO AULA 05 TÓPICOS GRAMATICAIS EMPREGO DE POR QUE, POR QUÊ, PORQUE E PORQUÊ O uso dos porquês na redação jurídica é muito comum e, por isso, é preciso obedecer às regras que orientam o uso correto de cada um deles na produção escrita de textos, já que quando se fala, não há distinção na pronúncias dos porquês. POR QUE Emprega-se POR QUE (separado e sem acento) nos seguintes casos: a) nas interrogativas diretas e indiretas: Por que agiu o réu com tal ímpeto? Perguntou-lhe o juiz por que agira com tal ímpeto. b) sempre que estiverem expressas ou subentendidas as palavras motivo, razão: O réu não soube explicar por que agira com tal ímpeto. Não sabemos por que não se manifestou. c) quando a expressão puder ser substituída por para que ou pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais: Ele omitiu os motivos por que preferira manter-se em silêncio. POR QUÊ Emprega-se POR QUÊ (separado e com acento) no final de frases ou quando estiver sozinho: De repente retornou. Por quê? Retornou de repente por quê? PORQUE Emprega-se PORQUE (junto e sem acento) quando funciona como conjunção subordinativa causal e quando pode ser substituído por pois ou uma vez que: Saí, porque estava angustiado. O promotor falou alto porque estava indignado com o crime cometido. PORQUÊ Emprega-se PORQUÊ (junto e com acento) quando funciona como substantivo, ou seja, quando vier precedido por artigo ou pronome: Não interessa o porquê de sua desistência. Jamais saberemos realmente os porquês das atitudes de um criminoso. A ministra mencionou outro porquê da mudança de horário. Página 56 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO EXERCÍCIOS 1. Complete adequadamente as lacunas com por que, por quê, porque ou porquê: a) O setor agrícola brasileiro se desenvolve ___________ investe em novas tecnologias. b) Sua ausência revelou-me o ____________ de tanta saudade. c) _______________ o homem interfere cada vez mais no meio ambiente? d) As passagens para Salvador não foram compradas _____________? e) Indaguei-lhe ___________ aquela viagem lhe faria bem. f) A apresentação do show ______________ aguardávamos há tempos será neste fim de semana. g) A última eleição para prefeito foi anulada ______________ houve fraude. h) ___________ você não trabalha? i) Ele não estuda _________________ não quer. j) Não trabalhas _______________? l) Não entendo o _____________ de semelhantes atitudes. m) Gostaria de saber _________________ não vieste à aula. n) Eis a razão _______________ não gosto de tirar conclusões apressadas. o) Não temos _____________ desistir. p) De onde viera, como viera, ___________ viera, poucos o saberiam dizer. a) b) c) d) e) f) 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 2. A expressão em destaque está corretamente usada em: Porquê estava cansado, o namorado dormiu sem dar atenção à conversa. Não sabemos o porque de sua dúvida. Você me evita não sei por quê. Porque você me evita não sei. Não explicou as razões porque agira tão estranhadamente. A decisão recorrida não pode prevalecer por que se afastou dos princípios morais. 3. Complete as lacunas escolhendo uma das opções: POR QUE, POR QUÊ, PORQUE ou PORQUÊ. A reforma da casa não foi terminada _______________o seu proprietário ficou sem verba. __________________ o arquiteto pediu demissão da firma? Os que estudam aquele período histórico jamais compreenderam o ________________ de tanta violência. Este supermercado foi fechado. _________________? Não se preocupe. Tenho certeza de que a situação _________________ você está passando é transitória. Retiraram-se da assembléia sem dizer _____________________. Você é contra a liberdade de imprensa? __________________? Responda-me _______________________ não podemos sair agora? ___________________ ela perdeu, fiquei triste. Não sei o __________________ disso. 12. Não sei o _________________ da sua preocupação. 13 . _________________ você faltou à aula ontem? 14. Você faltou à aula ontem, _________________? 15. Explique _________________ eu não consigo aprender. ANÁLISE E PRODUÇÃO DE TEXTO Página 57 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO TEXTO 1 Criança com síndrome de Down garante vaga em escola regular Primeiro colégio procurado pela família não quis atender menina. Legislação, no entanto, prevê esse direito. Em Porto Alegre, a brasileira Clara Piantá, portadora da síndrome de Down, de 1 ano, começou a frequentar uma escola regular. O caminho que a família trilhou até conseguir a vaga é parte da polêmica que envolve o atendimento a crianças especiais. O primeiro colégio procurado pelos pais de Clara disse que não atenderia a menina. “É um abandono, um desamparo, uma indignação, uma tristeza, uma impotência. Se estão nos dizendo não agora, que ela tem um ano, o que dirão depois”, diz a mãe Marília Piantá. A legislação prevê que crianças com síndrome de Down estudem em escolas regulares, mas muitas instituições particulares entendem que não são obrigadas a receber estes alunos. É o caso do colégio que negou a matrícula a Clara. Mesmo atendendo outros alunos com necessidades especiais, a direção alega que não está preparada para acolher estudantes com síndrome de Down. “Isso não quer dizer que futuramente não vamos receber crianças nessas condições, mas no momento não podemos aceitá-la porque não temos a estrutura adequada em termos profissionais”, diz o irmão Celso Schneider, vice-diretor acadêmico do colégio. Para o Ministério da Educação (MEC), a adaptação deve ser feita com o aluno especial já dentro da escola. “A escola não pode deixar de efetivar a matrícula. Ela deve buscar os recursos necessários. A família tem direito de buscar esse acesso e pode recorrer ao Ministério Público caso seja negado o direito à educação do seu filho”, diz Claudia Pereira Dutra, Secretária de Educação Especial do MEC. No Brasil, mais da metade dos alunos especiais está matriculada em cursos regulares. Mas faltam vagas nas escolas particulares: só no colégio da Clara a lista de espera é de 78 crianças e adolescentes. Florença Sanfelice, também com síndrome de down, enfrentou e venceu essas dificuldades. Há três anos passou no vestibular de fisioterapia, mas descobriu que gosta mesmo é das artes. Aos 26 anos, decidiu fazer faculdade de dança. "É preciso estudar muito e não desistir", diz. O Sindicato das Escolas Particulares do Rio Grande do Sul recomenda a inclusão de alunos especiais, mas alega que nem todas as instituições estão preparadas e que a legislação não obriga as escolas a receber alunos com síndrome de Down. Segundo a lei número 7.853, a recusa das escolas em matricular alunos especiais, sem justa causa, é crime. A definição de o que é ou não justa causa cabe à Justiça, que decide se a matrícula deverá ou não ser aceita. (Disponível em: www.globo.com.br. Acesso em 20 mar. 2009) TEXTO 2 Página 58 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. Art. 1º Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiências, e sua efetiva integração social, nos termos desta Lei. § 1º Na aplicação e interpretação desta Lei, serão considerados os valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça social, do respeito à dignidade da pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados na Constituição ou justificados pelos princípios gerais de direito. § 2º As normas desta Lei visam garantir às pessoas portadoras de deficiência as ações governamentais necessárias ao seu cumprimento e das demais disposições constitucionais e legais que lhes concernem, afastadas as discriminações e os preconceitos de qualquer espécie, e entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do Poder Público e da sociedade. Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: I - na área da educação: a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios; b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e públicas; c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino; Página 59 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível préescolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência; e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo; g) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino; (...) Art. 3º As ações civis públicas destinadas à proteção de interesses coletivos ou difusos das pessoas portadoras de deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal; por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas portadoras de deficiência. § 1º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e informações que julgar necessárias. (...) Art. 5º O Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas ações públicas, coletivas ou individuais, em que se discutam interesses relacionados à deficiência das pessoas. Art. 6º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou particular, certidões, informações, exame ou perícias, no prazo que assinalar, não inferior a 10 (dez) dias úteis. (...) Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa: I - recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos derivados da deficiência que porta; II - obstar, sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer cargo público, por motivos derivados de sua deficiência; III - negar, sem justa causa, a alguém, por motivos derivados de sua deficiência, emprego ou trabalho; IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médicohospitalar e ambulatorial, quando possível, à pessoa portadora de deficiência; Página 60 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei; VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público. TEXTO 3 LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; (...) Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino; (...) Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. Página 61 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. OUTRAS DIFICULDADES ORTOGRÁFICAS Na língua portuguesa existem certas palavras e expressões que costumam gerar dúvidas quanto à escrita, ao uso, ao sentido. Dependendo do contexto em que são usadas devem ser grafas de um ou de outra forma, obedecendo as leis de sentido e de gramática. A seguir são apresentadas algumas dessas palavras conforme a perspectiva de Cereja e Magalhães (2005), Sarmento e Tufano (2004). Página 62 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO MAU OU MAL Na dúvida, adote esta regra prática: mal é oposto de bem; mau é oposto de bom. Observe a substituição: mal-humorada (bem-humorada), mal-estar (bem-estar, mauagouro (bom-agouro). Mau é adjetivo e, portanto, modifica um substantivo: Ele é um mau companheiro. Ela é má-criada. Mal pode ser: a) Substantivo: Não há mal que sempre dure. (Não há males que durem para sempre.) b) c) d) Advérbio: O Jogador comportou-se mal. E dormiu mal. Conjunção (corresponde a quando): Mal cheguei, ele saiu. Prefixo: mal-educado, mal-criado A FIM DE OU AFIM A fim de indica finalidade, com objetivo de, com intuito de; corresponde a para: Cheguei cedo a fim de terminar o meu serviço. Afim corresponde a semelhante ou parente por afinidade: A Economia e a Estatística são disciplinas afins. ACERCA DE OU HÁ CERCA Acerca de é uma locução prepositiva e corresponde a a respeito de. Falou-me acerca de seu pedido. Há cerca de é uma expressão que equivale a há aproximadamente. Há cerca de dois anos resolvemos este caso. AO INVÉS DE OU EM VEZ DE Em vez de significa no lugar de: Em vez de nos ajudar, prejudicou-nos. Em vez de chocolate, prefiro creme. Página 63 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Ao invés de significa ao contrário de: Ao invés de baixar, o preço dos legumes subiu esta semana. HÁ OU A Emprega-se há: a) com referência a tempo passado. Equivale a faz: Não o vejo há muito tempo. b) quando se trata de forma do verbo haver: Há um artigo interessante nesta revista. Emprega-se a: a) com referência a tempo futuro: A dois minutos da peça, o ator ainda retocava a maquilagem. b) com referência a distância: Morava a cinco quadras daqui. À TOA OU À-TOA À-toa é adjetivo invariável; significa irrefletido, fácil, desprezível. O advogado era um sujeitinho à-toa. Á toa (sem hífen) é locução adverbial: significa sem razão, sem destino, sem rumo, ao acaso, irrefletidamente. Todos os dias, àquela hora, andava à toa pela rua. MEIO OU MEIA Meio é advérbio quando equivale a mais ou menos, um pouco: A janela meio aberta deixava ver o interior da casa. Hoje eu estou meio cansada, por isso não vou à aula. Meia é adjetivo quando equivale a metade. Nesse caso é variável: Comprei meio quilo de carne e meia dúzia de ovos. Já é meio-dia e meia (hora). 1. 2. 3. 4. 5. EXERCÍCIOS Complete com MAL ou MAU. Antônio sempre foi um __________ elemento. Na luta contra o ____________, devemos nos lembrar de nosso Criador. O rapaz sofria de um __________ incurável. Dos __________ de nossa época, o pior é a violência. Os __________ costumes causam problemas. Página 64 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO 6. 7. ____________ soou o alarme, todos correram. Ele é ___________criado e ____________ aluno. 5. 6. Complete com MAS, MAIS ou MÁS Embora fizesse o possível, ficava cada vez ________ atrasado. Todos sabiam que as irmãs de Pedro eram _________ e covardes, ________ ninguém fazia comentários. Não diga nem ________ uma palavra. Nada pode ser feito agora. O corredor automobilístico esforçou-se ao máximo, _________ as condições da pista eram __________. Ele reclama sempre, _______________ acaba fazendo seus deveres de casa. Tudo seria ____________ fácil se tivesse comparecido à reunião. 1. 2. 3. 4. 5. Complete com HÁ ou A. Estávamos _________ uma pequena distância da praia. (a – há) O posto de gasolina fica __________ três quilômetros daqui. (a há) Vive _________ muitos anos naquela cabana. (a há) O relatório foi encaminhado ________ dois dias. (a há) Sairemos daqui _________ dez minutos. (a – há) 1. 2. 3. 4. AONDE OU ONDE Usa-se aonde com verbos que dão idéia de movimento. Equivale a para onde. Aonde ele foi assim tão cedo? Onde é usado com verbos que não expressão idéia de movimento. Onde você mora? MAS OU MAIS Mais indica quantidade; é o contrário de menos. Converse menos e trabalhe mais. Mas é conjunção; equivale a porém, todavia, contudo, entretanto. Ele pretendia apoiá-la, mas na última hora desistiu. MPORTANTE! Empregue sempre menos para indicar em quantidade menor: Diga menos mentiras, Ari! “Menas” é palavra que não existe na língua portuguesa. Página 65 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO AO ENCONTRO DE ou DE ENCONTRO A A expressão ao encontro de é uma locução prepositiva que significa em busca de, em favor de. Sua ação beneficente vai ao encontro de necessidades da população carente. A expressão de encontro a contra. também é uma locução prepositiva e significa oposto, O aumento proposto pelo governo Rigotto ao magistério vai de encontro aos propósitos da greve dos professores da rede pública. A DESTEMPO Significa fora de tempo, fora de prazo, inoportunamente. Os embargos foram opostos totalmente a destempo. AFINAL – A FINAL Afinal significa por fim, finalmente, afinal de contas, em síntese, em conclusão Afinal, aonde vocês querem chegar? A final tem o sentido de ao fim, no final (de outros atos a terem procedência na execução ou no cumprimento). É expressão, hoje, praticamente exclusiva da linguagem jurídica. Incumbe ao curador prestar contas a final de sua gestão. EM NÍVEL DE – NO NÍVEL DE – AO NÍVEL DE Todas essas expressões têm o mesmo sentido e significam na esfera, no âmbito, no grau, na mesma altura. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação. Em nível estadual, não existe lei para descriminalização da maconha. Aquela rua está ao nível do mar MPORTANTE: A expressão “a nível de” (usada como variaçaõ de “em nível de”) é considerada imprópria ao português culto. A PARTIR DE Esta expressão deve ser usada em sentido temporal. A partir de hoje, considero-me desvinculado do Curso. MPORTANTE: A expressão “a partir de” não deve ser usada com o sentido de “com Página 66 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO ase em”. Nesse caso, deve-se optar pelos termos “considerando, “baseando-se em”, “valendo-se”, “tomando-se por base”, etc. siderando os fundamentos do direito romano, é possível apontar as causas para o de expressões latinas no discurso jurídico. A PRINCÍPIO – EM PRINCÍPIO A princípio significa no começo, no início. A princípio ninguém esperava muito da sua ação. Em princípio significa antes de qualquer consideração, antes de tudo, antes de mais nada, em tese, sem entrar em pormenores. Em princípio, a solução parece adequada ao texto. AS VEZES – ÀS VEZES As vezes, sem o sinal de crase, entra na expressão “fazer as vezes de”, ou seja, desempenhar funções que competem a, servir para o mesmo fim, substituir. Dormia ao relento e um banco de pedra fazia as vezes de cama. Às vezes, sempre com crase, significa algumas vezes, por vezes e é locução adverbial. Às vezes somos levados a agir como animais irracionais. DIA A DIA – DIA-A-DIA Dia a dia significa dia após dia e é advérbio. Dia a dia crescem as reclamações contra as péssimas condições das estradas. Dia-a-dia significa rotina diária e é substantivo. O dia-a-dia do advogado é estafante. SOB – SOBRE Sob significa “debaixo de”, “por baixo de” e indica posição inferior. Os menores agiam sob as ordens de dois ex-policiais. Sobre significa “em superior posição”, “em cima de”, “a respeito de”, “além de “. Sobre a mesa, estavam os copos de cristal. TAMPOUCO – TÃO POUCO Página 67 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Tampouco significa “também não”, “nem sequer” e traz idéia de inclusão negativa. Não compareceu, tampouco mandou representante. Tão pouco é uma expressão formada por “tão” e “pouco” e significa “de tal forma pouco”. Ganha tão pouco, que mal consegue sustentar a família. TODO – TODO O Todo significa “cada”, “o conjunto dos seres em questão”. Todo homem é capaz de direitos e obrigações na ordem civil. Todo o significa “inteiro”, “completo”. A jurisdição civil é exercida pelos juízes em todo o território nacional. EXERCÍCIOS 1. Complete com um das opções entre parênteses. 1. Chorarei muito __________________ voltares. (senão – se não) 2. Corre, ________________ ele te acerta. (senão – se não) 3. Não faz nada ________________ estudar. (senão – se não) 4. Não estou ___________________ conversar neste momento. (a fim de – afim) 5. O casal tem comportamento _________________, vivem muito bem. (afim de – afim) 6. Eu não estou ________________ do assunto. (a par – ao par) 7. A moeda americana caminha _____________ com a moeda inglesa. (a par – ao par) 8. Ele correu, por isso ______________ muito. (suou – soou) 9. Sua voz ______________ bem alto. (suou – soou) 10. O funcionário foi transferido para uma outra _________________.(sessão – seção – cessão) 11. Naquele dia, todos aguardavam a presença do economista para, na Câmara Municipal, iniciar a _________________. (sessão – seção – cessão) 12. Espera-se que o conjunto de cordas realize um ________________ nos próximos dias. (conserto – concerto) 13. O _______________ deste aparelho de televisão é caríssimo. (conserto – concerto) 14. O bom ________________ deve prevalecer em nossas decisões. (censo – senso) 15. O político foi __________________ por corrupção. (caçado – cassado) 2. Leia os fragmentos de texto a seguir, completando as lacunas com as palavras convenientes. a) Hospital Bom Fim fica ___ (a – há) duas quadras daqui e foi criado ___ (a – há) anos para atender a população. Devido à escassez de recursos, observa-se que ____ (menas – menos) pessoas são atendidas diariamente pelo SUS. _____ (mas – mais) o Hospital, ________ ( a fim de - afim de) encontrar uma solução que venha ___________ (de encontro – ao encontro) das necessidades, busca, sempre que possível, prestar um bom atendimento a todos. b) _____ (Há – A) algumas semanas, se tivessem enfrentado o problema ___ (a – há) tempo, tudo seria ________ (mais – mas) fácil. c) Os advogados necessitam redigir processos com rapidez, João. Por isso, acabe este texto logo. Já é ______ (meio – meia) dia e _________ (meio – meia). Página 68 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO d) Apesar de Pâmela estar _________ (a fim – afim) de encontrar Jonas porque considera que o perfil dele é _________ (a fim – afim) ao ideal, ela parece estar _________ (meio – meia) aborrecida com os últimos acontecimentos. 3. Complete as lacunas dos textos com termos adequados: a) ______________ (porque – porquê – por que – por quê) _________ ( a – há) lei que determina o afastamento de governistas que concorrerão a cargos eletivos em outubro, Rigotto anunciou nova composição do executivo. Assim foram ___________ (empoçados – empossados) mias de trinta novos secretários, cujos _________________ (mandatos – mandados) têm validade até 31 de dezembro de 2006. (texto adaptado de Gazeta do Sul, 31 mar. 2006, p. 10) b) Um delegado de polícia federal determinou abertura de inquérito ________ (a fim de afim de) investigar crime ambiental, apontando como um dos indiciados a madeireira Mogno S.A. Nessa situação, ________ (houveram – houve) irregularidades na abertura do inquérito ___________ (porque – porquê – por que - por quê) pessoas jurídicas não podem ser consideradas sujeitos ativos que _____________ (infringiram –infligiram ) leis penais. c) A empresa Lambda foi regularmente constituída e __________ (ratificada – retificada) comouma sociedade, com sede na capital de determinado estado da Federação, local ________ (aonde – onde) funcionava sua administração, não tendo sido eleito domicílio especial no seu ato constitutivo. Em agosto de 2003, foi decretada, com fundamento na Lei n.º 8.866/1994, a prisão de Teodoro, sócio-gerente da Lambda, em razão de a empresa não haver recolhido ao tesouro estadual nem depositado os valores do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) recebido de terceiros. Em decorrência de _________ (mal – maus) -tratos sofridos durante o tempo em que esteve na prisão, Teodoro teve de ser interditado, mediante processo judicial, por enfermidade ou deficiência mental que lhe subtraíram totalmente o necessário discernimento para a prática de atos da vida civil. d) A Polícia Federal, em ____________ (comprimento – cumprimento) a _________ (mandato – mandado) judicial, promoveu busca e apreensão de documentos, computadores, fitas de vídeo, discos de DVD, fotos e registros em um escritório de uma empresa suspeita de ligação com ____________ (tráfego – tráfico) organizado de drogas, grilagem de terras, falsificação de documentos e trabalho escravo. A ação, realizada em um estado do Nordeste — ___________ (aonde – onde) amanhece às 6 h e anoitece às 18 h —, iniciou-se às 6 h 15 min e prolongou-se até às 20 h. A Polícia Federal tinha o objetivo de _________ (atuar – autuar) a empresa, desde que encontrasse ações em _________________ (flagrante – fragrante). O ato policial será _____________ (dilatado – delatado) em relatório. e) Uma proposta de ______________ (ementa – emenda) à Constituição, apresentada à __________ (Câmara – Câmera) com o apoio de 250 deputados, tem por conteúdo alteração das competências da Polícia Federal, retirando-lhe a função de polícia de fronteira — art. 144, § 1.º, III, parte final — e transferindo essa competência para o Exército brasileiro. Página 69 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO AULA 06 LATINISMOS As línguas neolatinas, como a língua portuguesa, conservam, em sua estrutura, muitos traços do latim. No discurso jurídico, o uso de expressões ou provérbios latinos é constante. Por isso, a necessidade de procurar o sentido ou a tradução de muitas frases ou expressões latinas usadas nos textos do âmbito do Direito. Veja algumas palavras latinas que são incorporadas ao vocabulário português: Déficit (superávit): forma latina substantivada. Álibi: advérbio latino (em outro lugar); no português, é usado como substantivo: é a prova de que o acusado se encontrava em outro lugar no momento do crime. Grátis: advérbio latino Habeas corpus: palavra composta da 2ª pessoa do singular do presente do subjuntivo do verbo habere (hábeas) e do substantivo corpus (corpo). É uma garantia contra a violência ou constrangimento de liberdade ou de locomoção. Laudo: forma verbal latina (laudo: eu louvo) substantivada com o sentido de sentença ou parecer dos árbitros e parecer ou relatório de peritos. É o parecer do louvado ou do árbitro. Observe alguns provérbios latinos que mantêm relação com a justiça e a lei e que usados nos discursos jurídicos: Bonis nocet si quis malis pepercerit: Faz mal aos bons quem poupa os maus Culpam poena premit comes: A punição vai no encalço da culpa Conscientia mille testes: A consciência vale por mil testemunhas Dura lex sed lex: É uma lei dura, mas é lei In bona pace: em boa az, sem litígio In dubio pro reu: Na dúvida, decida-se em favor do réu Habemus confitentem reum: Temos um réu confesso Audiatur et altera pars: Que a outra parte seja ouvida Reconheça algumas expressões latinas usadas no Direito • Ab absurdo. A partir do absurdo, pelo absurdo. Fala-se em argumento ab absurdo e não ab absurdum como se vê em livros de autores renomados. • Aberratio delicti. Desvio do delito; erro na execução de um crime com resultado diferente do pretendido. Corresponde ao que diz o povo: "Atirou no que viu e acertou o que não viu." • Ab initio. Desde o início, a partir do início, de início. • Ab intestato: sem testamento • Ab irato. Num impulso de cólera. • A contrario sensu. Pela razão contrária. • Ad arbitrium. Arbitrariamente. • Ad cautelam. Para efeito de cautela, de prevenção. • Ad corpus. Para o corpo; usa-se na venda de um imóvel sem especificação de área. • Ad hoc. Para isso, para algo específico. • Ad judicia. Para o juízo; procuração válida apenas para o juízo. • Ad libitum. Segundo a deliberação, vontade, arbítrio. • Ad litem. Para a lide. Página 70 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO • Ad literam. Literalmente. • Ad locum. Sem demora, de imediato. • Ad nauseam. Exaustivo; diz-se de algo muito pormenorizado. • Ad nutum. Sem justificativa. • Ad probatíonem. Para prova, determinada formalidade legal exigida só para prova do ato. • Ad quem. Para quem, para o qual. • Ad referendum. Sujeito à aprovação, à apreciação. É comum o uso do substantivo referendo. • Afortíori. Com maior razão. • Animus. Intenção, vontade, propósito. • A quo. Procedência (de quem, do qual). A quo designa a primeira instância judicial, de onde parte um processo ou um pleito, para seguir os seus trâmites; e ad quem designa uma instância superior, a que sobe o processo. • Bis in idem. Duas vezes sobre a mesma coisa; incidência de um mesmo imposto sobre o mesmo contribuinte ou sobre a matéria já tributada. • Bonafide. Boa-fé. • Capito deminutío. Perda total ou parcial dos direitos. • Concessa vénia. Concedida, suposta a vénia, a permissão, a licença; o mesmo que data vénia. • Currente calamo. Ao correr da pena, elaborado às pressas. • Data vénia. Com a devida permissão. • De cujus. O falecido, o testador falecido; a expressão completa é de cujus successione agitar. • De facto. De fato, segundo o fato. • Dies ad quem. Último dia de um prazo. • Dies a quo. O primeiro dia de um prazo. • Erga omnes. Para com todos, em relação a todos, de caráter geral. O contrário é erga singulum. • Ex cathedra. Diz-se de manifestação de alguém em função do próprio cargo. • Ex causa. Em relação à causa; pela causa. • Ex aequo: com igual direito: • Ex nunc. Ato, condição ou contrato cujos efeitos se fazem sentir com a celebração do ato, sem retroatividade. • Ex officio. Diz-se do ato judicial praticado em decorrência do ofício, do cargo. • Extra petitum. Além do pedido, fora do pedido, extrapolando o pedido. • Ex tunc. Desde então, com retroatividade. Por exemplo, a lei penal opera ex tunc para beneficiar o réu. • Ex vi. Por efeito, por força, em decorrência da força. • Inania verba. Palavras vazias. • In articulo mortís. Na hora da morte. • In limine litis. No início da lide. • In loco. No lugar, no próprio local. • Inter vivos. Entre vivos, durante a vida, em vida. • Ipsis verbis. Com as mesmas palavras. • Iter críminis. Atos praticados pelo criminoso, necessários à realização do delito. • Júris tantum. Apenas de direito. • Lato sensu. Em sentido amplo, geral. • Manu militari. Agir com violência para obter algo. Página 71 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO • Modus faciendi. Modo de fazer algo. • Modus vivendi. Modo de viver. • More uxorio. Conforme o estado de casados, viver como se casado fosse. • Motu proprio. Espontaneamente, de livre e espontânea vontade. • Múnus publicum. Função pública, de interesse público. • Mutatis mutandis. Mudado o que deve ser mudado (mudadas as coisas que devem ser mudadas). É expressão corrente nos livros de Direito. • Non liquet. Não é claro, não há certeza. • Pact sunt servanda. Os pactos devem ser cumpridos. • Passim. Aqui e ali; com freqüência; freqüentemente. • Pater familis: pai de família • Prima fade. À primeira vista. • Pro forma. Por mera formalidade. • Pro rata. Em proporção, proporcionalmente. • Sine cura. Despreocupado, descuidado. • Sine die. Adiamento para o futuro, sem data certa. • Sine qua non. Indispensável, obrigatória, necessária. • Status quo. Na situação em que, no estado em que se acha uma questão. • Stricto sensu. Em sentido estrito, determinado, especificado. • Suo judice. Em juízo, em julgamento, à espera do julgamento. • Sui generis. Especial, próprio, particular. • Ultra petitum. Além do pedido, ultrapassando o pedido. • Verbi gratia. Por exemplo; abrevia-se v. g. EXERCÍCIOS 1. Dê o sentido dos seguintes provérbios latinos: a) Accipere quam facere praestat iniuriam b) Redde quod debes c) Error communis facit ius d) Audiatur et altera pars e) Nulla poena sine lege 2. Relacione as expressões da primeira coluna ao sentido correspondente: a) Audiatur et altera pars b) Ex tunc c) Ad referendum d) In bona pace ( ) É uma expressão muito usada em atos de autoridades públicas, quando tomam decisões que precisam ser levadas ao conhecimento de algum órgão colegiado. Significa "para apreciação" ou ainda "para submeter à deliberação de". ( ) Significa que se aplica a decisão a partir da origem dos fatos a ela relacionados, ainda que a decisão seja tomada muito tempo depois. ( ) É usada para fazer referência ao princípio do contraditório. O juiz não pode decidir a causa sem ouvir ambas as partes envolvidas no processo. Página 72 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO ( ) Diz-se de uma composição pacífica, sem interesses diversos. 3. Considere a seguinte afirmação de Vicente de Paulo Saraiva, professor de Direito Civil da Universidade Católica de Brasília: Há quem pense que as expressões latinas usadas nos livros jurídicos e nas petições em juízo não passam de velharias ou de mera exibição de falsa cultura ou de cultura inútil. No entanto, se os mais cultos juristas vêm persistindo, até os dias de hoje, em sua já antiqüíssima utilização, é que tais expressões, não poucas alçadas em aforismos, têm condenadas admiravelmente, em si mesmas, os institutos jurídicos mais fundamentais, afora os princípios gerais do Direito. E, como observou o saudoso professor San Tiago Dantas, nenhum povo, em época alguma, construiu seu sistema de direito positivo sem buscar no direito romano o paradigma dessas suas construções. (SARAIVA, www.neofito.com.br/artigod) Leia o texto seguinte. O LATIM E OUTRAS DIFICULDADES DA LINGUAGEM FORENSE Pedro Inácio da Silva No mundo do direito, assim como em outros setores do conhecimento, desenvolve-se uma linguagem particular, específica, onde se guardam palavras e expressões que ganham acepções próprias. Naturalmente que, à medida que aumenta o nível de especialização, mais complicado vai-se tornando o vocabulário técnico, ampliando ainda mais o fosso que o separa da linguagem comum, com a inevitável conseqüência de igualmente aumentar, para os que não são do meio, a dificuldade de compreender a matéria tratada no texto. Em matéria de recursos, por exemplo, o verbo “preparar” não significa “elaborar, redigir, aprontar”, como se poderia supor: preparar um recurso tem outro sentido, o de pagar as custas antecipadamente; no processo do trabalho, “reclamar” não significa “impugnar, queixar-se, manifestar descontentamento”, mas ingressar com uma ação. Além da perplexidade que comumente assalta o leigo pela natural variação de sentido que a palavra sofre ao ser tomada na linguagem particular, outros elementos contribuem para tornar mais nebuloso o texto jurídico, particularmente se o profissional, envolvido pela correria da vida moderna, estressado com a competitividade que marca o individualismo pós-moderno, assoberbado com um volume excessivo de trabalho, não se dispõe ou não tem tempo para trabalhar o texto, observar com acuidade as regras da gramática normativa. Com isso, avolumam-se peças jurídicas onde se percebe o descuido no trato com a palavra, muitas se apresentando prenhes de vícios como ambigüidade, obscuridade, cacofonia, eco e colisão, que se opõem à clareza com que se deve expor os fatos e dizer o direito. Clareza, concisão e precisão são exigíveis na linguagem jurídica, notadamente na petição inicial, onde o autor expõe o que pretende, expressa o pedido, que, segundo o Código de Processo Civil, deve ser certo e determinado (art. 286) e que somente pode ser interpretado de modo restrito (art. 293); a sentença, “que traduz a vontade da lei aplicada ao caso concreto”, conforme anotou o Juiz Nylson Sepúlveda, citado por Dalzimar Tupinambá na obra Processo de conhecimento-anotações ( São Paulo: LTr, 2001, p. 329), deve expressar claramente o que foi decidido, pois também deve ser interpretada Página 73 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO restritivamente. Figuram, pois, como requisitos de inteligência dos textos jurídicos. Porém, tais requisitos não são sinônimos de rigorismo formal, de tal modo que a linguagem forense seja enclausurada num hermetismo vocabular cujo acesso somente é permitido a iniciados. Ainda que saibamos o quanto é difícil atingir o ideal de redigir peças judiciais em linguagem acessível às pessoas comuns, pois o uso da técnica legitima o emprego de vocábulos e expressões cujo sentido escapa à maioria dos destinatários da jurisdição, que é o povo, essa deve ser uma meta sempre perseguida. Mas não há como negar a existência de cultores da linguagem cifrada, dos adeptos do preciosismo e que muitas vezes exibem um verniz erudito que não resiste a maiores aprofundamentos, seja em conteúdo ou forma. A elegância no estilo, profundidade científica, esmero no trato com a linguagem, tão desejáveis, não são sinônimos de pirotecnia vocabular, de exibicionismo que contribua para o fortalecimento da péssima reputação do linguajar judiciário, que o leigo costuma jocosamente reduzir aos “data venia” e “vossa excelência”. Alguns casos observados nos textos forenses decorrem de desatenção, merecendo destaque os derivados de vícios de linguagem, que “são palavras ou construções, que deturpam, desvirtuam ou dificultam a manifestação do pensamento”, como ensina Napoleão Mendes de Almeida na Gramática metódica da língua portuguesa ( 44. ed., São Paulo: Saraiva, 1999, p. 506), e que podem surpreender aos mais desavisados pela ocorrência. De se destacar os casos de cacografia — erro de grafia — que até são motivos de blague e revelam falta de domínio da língua: escrever frustar em lugar de frustrar, meretíssimo por meritíssimo, omissídio por homicídio, pode não ser perdoável. Outros incorrem no arcaísmo — palavra ou expressão antiquada, fora de uso —, que soam ininteligíveis ao ouvido comum, às vezes levando o discurso ao ridículo, como utilizar heréu em lugar de herdeiro, entença em lugar de pleito, demanda. O preciosismo trafega nessa mesma mão, pois se constitui no requinte exagerado no falar e no escrever, empregando palavras não usuais, extravagantes. Caracteriza-se pelo desvio do padrão normal da linguagem, que foge à naturalidade do discurso, apresentando-se muito mais como um exibicionismo lingüístico, de difícil compreensão, quando não cai nos desvãos do pedantismo. Uma das mais fortes razões que levam pessoas que se dedicam a outras atividades a acusarem de pedantismo os profissionais do direito é o uso do estrangeirismo. Pode ter fundamento a acusação quando o uso transforma-se em abuso. São admitidas palavras e expressões estrangeiras em qualquer texto quando utilizadas com cautela, isto é, quando já são do domínio do público a quem se fala e aceitas sem grandes reservas, visto que a assimilação de culturas alienígenas é inevitável. Todavia, nas peças processuais, destinadas não somente aos especialistas, impõe-se que a escrita seja legível, de fácil compreensão, revelando-se aí o domínio da língua e o bom senso do operador do direito. Porém, é o latim que mais tenta os profissionais do direito a exibir conhecimento e experimentar requintes estilísticos, com resultados às vezes grotescos. Como adverte o processualista José Carlos Barbosa Moreira, “o uso do latim, entretanto, constitui terreno minado, onde com freqüência são vítimas de acidentes os que a ele se lançam sem equipamento necessário” (A linguagem forense, in Temas de direito processual civil sétima série, São Paulo: Saraiva, 2001, p. 257). O que comumente ocorre é a repetição de expressões que se tornaram usuais no meio forense, sem o real domínio do seu significado, particularmente em razão da supressão do ensino do latim nos cursos de direito, língua em que foram escritas as linhas mestras do direito ocidental, e que até hoje reverbera na linguagem forense. Barbosa Moreira cita o exemplo da expressão data Página 74 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO venia, que é utilizada em sinal de respeito, como licença à pessoa de quem se quer divergir, e que freqüentemente ganha superlativos como datissima venia e data veníssima (op. cit. p. 257), o que deve fazer estremecerem os cultores da língua de Cícero. O Código de Processo Civil de 1939 empregava muitas expressões latinas, como de cujus, in limine, causa mortis, que foram varridas pelo Código de 1973, moderno e de melhor técnica, e que dispõe no art. 156 que “em todos os atos e termos processuais é obrigatório o uso do vernáculo”. Mas não há como negar a concisão do latim, idioma de extraordinário poder de síntese. Algumas expressões cunhadas há vários séculos ainda são retomadas, à falta de versão adequada no vernáculo. Utilizando-as com parcimônia pode haver enriquecimento do texto. É do domínio público a expressão “habeas corpus”, com a qual se denomina o instrumento processual garantidor da liberdade de locomoção contra ameaças ou lesões praticadas ilegalmente, e que nenhum jurista ousa substituir pelo correspondente em português: “tome o corpo”. Ronaldo Caldeira Xavier observa, com acerto, que “em linguagem forense há fórmulas consagradas pelo uso e pela praxe” (Português no direito, 15. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 231), razão pela qual não se pode condenar o uso de palavras e expressões latinas, desde que se conheça o seu significado e alcance, para que o texto não seja uma mera reprodução de equívocos. Finalizando, deve ser notado que sobre os profissionais do direito recaem, induvidosamente, uma cobrança maior no uso da gramática, seja por ser instrumento de trabalho, seja pela tradição que a carreira jurídica tem entre nós, e também, em razão do desgaste por que passa a profissão nos dias atuais, como uma exigência de aperfeiçoamento para ingresso no mercado de trabalho. Aos advogados, promotores e juízes está a se exigir a compreensão de que é necessário fugir das fórmulas que perpetuam erros, dos chamados manuais práticos, permeados de expressões muitas vezes desnecessárias e de chavões equivocados, e a consciência de que a linguagem forense não prescinde do estudo da gramática normativa, a par do estudo do direito, devendo apresentar-se clara, simples, correta, liberta de exibicionismos, tendo como alvo a comunicação técnica do que se pretende ou do que se decidiu. Com base nas afirmações do autor, discuta a construção do discurso jurídico que se serve de latinismos. VERBO: CONCEITO E USO Na gramática da Língua Portuguesa, verbo é conceituado como uma palavra variável (pessoa, tempo, número e modo) que exprime uma ação, um estado, um fenômeno. a) O policial prendeu o assassino. b) Maria foi atropelada pelo veículo. c) O assassino estava doente. d) No Nordeste quase não chove. Página 75 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO a) O policial praticou uma ação; b) Maria sofreu uma ação; c) O assassino encontrava-se num certo estado; d) Quase não ocorre um dado fenômeno da natureza no Nordeste. Dependendo da intenção comunicativa do emissor, uma dada forma verbal será mais apropriada do que outra. Por isso, os verbos são agrupados em três modos básicos. Os modos indicam as diferentes atitudes da pessoa que fala em relação ao fato que enuncia e são três: a) Indicativo: apresenta o fato como sendo real, certo, positivo. Ex.: Voltei à Faculdade para retirar um livro. b) Subjuntivo: apresenta o fato como sendo uma possibilidade, uma dúvida, um desejo. Ex.: Se tivesse voltado à Faculdade, teria encontrado o livro. c) Imperativo: apresenta o fato como objeto de uma ordem, conselho, exortação ou súplica. Ex.: Volta à Faculdade. EXERCÍCIOS 1. Todos se .......... à espera dos resultados que .......... em breve. Preenche corretamente as lacunas da frase acima a opção: a) detêem – viriam d) detiveram - vêem b) detêm - virão e) deteram - vêm c) detém - vêem 2. Preencha as lacunas com as formas adequadas dos verbos entre parênteses e assinale a seqüência correta: a) _____ em ti; mas nem sempre _____ dos outros. (crer – duvidar) b) _____ fazer sempre o bem e serás recompensado. (procurar) 3. Considere a oração. No início deste ano, imagens de radar conformaram que ele é um gigante. Se essa oração passar a ter o seguinte começo: Espero que..., a forma verbal deve mudar-se para: a) confirmam b) confirmassem c) teriam confirmado d) tenham confirmado e) tivessem confirmado 4. A forma verbal correta é: a) interviu b) reavenha c) precavesse d) entretesse e) manteram 5. Maria José visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos, devotava-se ao alívio de misérias físicas e morais do próximo, estudava o mistério teológico, exigia sempre o mais difícil de si mesma, comungava todos os dias, ingressou na Ordem Terceira de São Francisco. Página 76 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Todas as formas verbais usadas nesse período – exceto a forma “ingressou” – expressam: a) um processo concluído b) uma fato costumeiro no presente c) um processo anterior a um processo acabado d) uma atitude de incerteza e) um fato habitual no passado 6. Nas frases a seguir, preencha as lacunas com a forma adequada do verbo entre parênteses: a) Quando você _____ para Curitiba, traga seus filhos. (VIR) b) Se nós _____ para Curitiba, traremos seus filhos. (VIR) c) Nada acontecerá, se o diretor _____. (INTERVIR) d) O programa _____ muitos números que atestam o crescente prestígio do cinema nacional. Se todos _____ às sessões, _____ atentos e _____ os filmes, comprovarão tal fato. (CONTER, VIR, ESTAR, VER) e) Se você não _____ média e o regulamento não _____ obstáculos, _____ outra prova do professor. (OBTER, OPOR, REQUERER) f) Ele _____ a seca e _____ a casa de mantimentos. (PREVER, PROVER) 7. Assinale a alternativa em que uma forma verbal foi empregada incorretamente: a) O superior interveio na discussão, evitando a briga. b) Se a testemunha depor favoravelmente, o réu será absolvido. c) Quando eu reouver o dinheiro, pagarei a dívida. d) Quando você vir Campinas, ficará extasiado. e) Ele trará o filho, se vier a São Paulo. 8. Ele ficará satisfeito, se eu falar. substituindo, nesse exemplo a palavra falar, respectivamente por propor, rever, intervir, trazer, manter, o resultado será: a) propuser, revir, intervir, trouxer, mantiver b) propuser, revir, intervier, trouxer, mantiver c) propuser, rever, intervir, trazer, manter d) propor, rever, intervir, trouxer, mantiver e) propor, rever, intervir, trouxer, manter VERBO NO DISCURSO JURÍDICO O verbo é a principal palavra do ato comunicativo, pois sua função é, segundo Damião e Henriques (2000), estabelecer as relações psicológicas do usuário de uma língua nos contextos concretos de interação social. Dependendo da situação comunicativa, o verbo assume um traço sintático específico na construção frásica: a) quando o verbo exprime um fato, a frase é verbal. b) quando o verbo apresenta alguma definição de um ser ou objeto, a frase é nominal. c) quando o uso de um verbo permite a apreensão de um fato e de uma definição, a frase é mista e é chamada de verbo-nominal. A cada tipo de frase é possível captar um valor psicológico. Daí a divisão apresentada por Cândido Jucá e exposta no livro dos autores citados: Página 77 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Sentença verbal: valor dramático, afetivo, absoluto Sentença nominal: valor frase durativo, transitório, incoativo Sentença mista: valor afetivo, dramático. A explicação para a classificação das frases pelo seu teor psicológico segue as orientações: 1.A dramaticidade da sentença verbal é decorrente do drama vivido pelos protagonistas do enunciado. Exemplo: O juiz condenou o réu. 2. A frase verbal afetiva afasta o drama da situação comunicativa. Exemplo: Faz calor na sala de audiência. 3. A sentença absoluta é a menos produtiva ara o profissional do Direito, pois as idéias englobadas neste tipo de frase não têm “valor utilitário”, ou seja, servem apenas para estabelecer contato ou para criar comentários vazios. Exemplo: Chove hoje. 4. As sentenças nominais são focalizadas no verbo ser e dão idéia de estado de permanência, como em “O réu é culpado”. No entanto, quando se usa o verbo estar, a afirmação que se declara sobre o sujeito pode ser transitória, como em “O réu está preso”. A frase nominal ainda pode ser incoativa, expressando idéia de mudanças de estado, como em “O réu ficou inconformado com a sentença”. 5. A sentença mista, ao exprimir um fato, encerra a definição de um ser. Exemplo: O réu saiu triste do tribunal. (Há um fato afetivo - O réu saiu do tribunal – e um nominal – O réu estava triste) Por que o advogado precisa ter consciência do uso dos verbos e de seu valor psicológico na elaboração de frases? A explicação é clara: “para enfatizar a idéia com os termos acessórios adequados, principalmente os adjuntos adnominais e adverbiais, procurando o emprego dos tipos de frases, realizando, assim, um manejo expressivo da linguagem.” (DAMIÃO; HENRIQUES, 2000, p. 55) EXERCÍCIO 1. Identifique o tipo de frase e o valor psicológico dos enunciados a seguir a partir da observação ao verbo: a) A testemunha depôs favoravelmente ao réu. b) O advogado de defesa tem prestígio. c) Chove. d) O advogado ilidia as provas apreensivo. e) O advogado permanece preocupado. 2. Através da consulta a um dicionário jurídico, aponte os sentidos dos seguintes verbos e dê exemplos, construindo enunciados. a) argüir b) carecer Página 78 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO c) implicar d) preferir ALGUNS VERBOS JURÍDICOS Ab-rogar: abolir inteiramente uma lei. A luta terminava ab-rogando todos os privilégios e resoluções pontifícias. Acatar: respeitar, aceitar com respeito, observar, cumprir, obedecer. As Forças Armadas acataram a decisão do presidente da república. IMPORTANTE: Segundo Adalberto Kaspary (2006), “É impróprio o emprego do verbo “acatar” no sentido de [o juiz] aceitar, acolher, deferir um pedido, uma alegação, um requerimento, um recurso. As partes, sim, devem acatar a decisão do juiz; este, de sua parte, (des)acolhe, (in)defere, aceita ou rejeita uma alegação, um pedido” (p. 29). Acreditar: crer, dar ou estabelecer crédito. Nós acreditamos na justiça brasileira. No Direito Público Internacional, este verbo assume outros sentidos: conferir poder ou autoridade a alguém para representar país ou instituição perante país estrangeiro; credenciar; fazer reconhecer agente diplomático como representante de um país junto a país estrangeiro. Cabe ao Presidente da República, nas relações internacionais, acreditar os representantes diplomáticos estrangeiros. Argüir: acusar, tachar de (argüir de); alegar, apresentar como escusativa ou defesa; interrogar, inquirir. As partes poderão argüir de suspeitos os peritos. É lícito a qualquer uma das partes argüira incompetência. O juiz também poderá argüir os peritos. Carecer: ter falta de; necessitar de, precisar de. O autor carece de interesse para agir. A acusação carece de provas mais contundentes. Implicar: acarretar; ter implicância, antipatizar; envolver-se em. A inércia da defesa implica a revelia do réu. Em suas Alegações Finais, a defesa alegou que a vítima sempre implicou com o réu O réu implicou-se em tráfico de entorpecentes.. Participar: comunicar, avisar; tomar ou ter parte em alguma coisa. A concessão de férias será participada, por escrito, ao empregado, com antecedência de, no mínimo, trinta dias. Página 79 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Os professores e alunos têm o direito de participar na gestão democrática das escolas, nos termos da lei. Preferir: ter primazia, ter preferência; preferir entre. Concorrendo à remição vários pretendentes, preferirá o que oferecer maior preço. Os credores contemplados preferem entre si pela ordem do número em que estão colocados. Prejudicar: tornar sem efeito ou inoperante, anular; causar prejuízo a. A confusão não prejudica os direitos do terceiro. As leis `s vezes prejudicam a população. Proferir – prolatar: publicar solenemente, dar, lavrar, dizer, enunciar. Encerrada a instrução, o juiz prolatará a sentença em cinco dias. Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais. Ressarcir: pagar o prejuízo causado, indenizar, reparar o dano. O credor deverá ressarcir as despesas empregadas na conservação do carro. Suprir: completar, remediar, preencher a falta de. O juiz poderá suprir a vontade da parte inadimplente. Usucapir: adquirir por usucapião, ou adquirir pela prescrição a propriedade que possuía como sua por um tempo definido em lei. Nas coisas móveis, o prazo para usucapir é de três anos. Vitimar: provocar a morte de, matar, sacrificar. Um acidente vitimou a jovem policial. Vitimizar: transformar(-se) em vítima. O discurso do senador tinha por objetivo vitimizar os agropecuaristas. Vulnerar: ofender muito, ferir, violar, infringir. Essas atitudes vulneram o direito de ir e vir do cidadão. já Página 80 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO AULA 08 VERBO: CONCEITO E USO Na gramática da Língua Portuguesa, verbo é conceituado como uma palavra variável (pessoa, tempo, número e modo) que exprime uma ação, um estado, um fenômeno. a) O policial prendeu o assassino. b) Maria foi atropelada pelo veículo. c) O assassino estava doente. d) No Nordeste quase não chove. a) O policial praticou uma ação; b) Maria sofreu uma ação; c) O assassino encontrava-se num certo estado; d) Quase não ocorre um dado fenômeno da natureza no Nordeste. Dependendo da intenção comunicativa do emissor, uma dada forma verbal será mais apropriada do que outra. Por isso, os verbos são agrupados em três modos básicos. Os modos indicam as diferentes atitudes da pessoa que fala em relação ao fato que enuncia e são três: a) Indicativo: apresenta o fato como sendo real, certo, positivo. Ex.: Voltei à Faculdade para retirar um livro. b) Subjuntivo: apresenta o fato como sendo uma possibilidade, uma dúvida, um desejo. Ex.: Se tivesse voltado à Faculdade, teria encontrado o livro. c) Imperativo: apresenta o fato como objeto de uma ordem, conselho, exortação ou súplica. Ex.: Volta à Faculdade. EXERCÍCIOS 1. Todos se .......... à espera dos resultados que .......... em breve. Preenche corretamente as lacunas da frase acima a opção: a) detêem – viriam d) detiveram - vêem b) detêm - virão e) deteram - vêm c) detém - vêem 2. Preencha as lacunas com as formas adequadas dos verbos entre parênteses e assinale a seqüência correta: a) _____ em ti; mas nem sempre _____ dos outros. (crer – duvidar) b) _____ fazer sempre o bem e serás recompensado. (procurar) 3. Considere a oração. No início deste ano, imagens de radar conformaram que ele é um gigante. Se essa oração passar a ter o seguinte começo: Espero que..., a forma verbal deve mudar-se para: a) confirmam b) confirmassem c) teriam confirmado d) tenham confirmado Página 81 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO e) tivessem confirmado 4. A forma verbal correta é: a) interviu b) reavenha c) precavesse d) entretesse e) manteram 5. Maria José visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos, devotava-se ao alívio de misérias físicas e morais do próximo, estudava o mistério teológico, exigia sempre o mais difícil de si mesma, comungava todos os dias, ingressou na Ordem Terceira de São Francisco. Todas as formas verbais usadas nesse período – exceto a forma “ingressou” – expressam: a) um processo concluído b) uma fato costumeiro no presente c) um processo anterior a um processo acabado d) uma atitude de incerteza e) um fato habitual no passado 6. Nas frases a seguir, preencha as lacunas com a forma adequada do verbo entre parênteses: a) Quando você _____ para Curitiba, traga seus filhos. (VIR) b) Se nós _____ para Curitiba, traremos seus filhos. (VIR) c) Nada acontecerá, se o diretor _____. (INTERVIR) d) O programa _____ muitos números que atestam o crescente prestígio do cinema nacional. Se todos _____ às sessões, _____ atentos e _____ os filmes, comprovarão tal fato. (CONTER, VIR, ESTAR, VER) e) Se você não _____ média e o regulamento não _____ obstáculos, _____ outra prova do professor. (OBTER, OPOR, REQUERER) f) Ele _____ a seca e _____ a casa de mantimentos. (PREVER, PROVER) 7. Assinale a alternativa em que uma forma verbal foi empregada incorretamente: a) O superior interveio na discussão, evitando a briga. b) Se a testemunha depor favoravelmente, o réu será absolvido. c) Quando eu reouver o dinheiro, pagarei a dívida. d) Quando você vir Campinas, ficará extasiado. e) Ele trará o filho, se vier a São Paulo. 8. Ele ficará satisfeito, se eu falar. substituindo, nesse exemplo a palavra falar, respectivamente por propor, rever, intervir, trazer, manter, o resultado será: a) propuser, revir, intervir, trouxer, mantiver b) propuser, revir, intervier, trouxer, mantiver c) propuser, rever, intervir, trazer, manter d) propor, rever, intervir, trouxer, mantiver e) propor, rever, intervir, trouxer, manter VERBO NO DISCURSO JURÍDICO Página 82 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO O verbo é a principal palavra do ato comunicativo, pois sua função é, segundo Damião e Henriques (2000), estabelecer as relações psicológicas do usuário de uma língua nos contextos concretos de interação social. Dependendo da situação comunicativa, o verbo assume um traço sintático específico na construção frásica: a) quando o verbo exprime um fato, a frase é verbal. b) quando o verbo apresenta alguma definição de um ser ou objeto, a frase é nominal. c) quando o uso de um verbo permite a apreensão de um fato e de uma definição, a frase é mista e é chamada de verbo-nominal. A cada tipo de frase é possível captar um valor psicológico. Daí a divisão apresentada por Cândido Jucá e exposta no livro dos autores citados: Sentença verbal: valor dramático, afetivo, absoluto Sentença nominal: valor frase durativo, transitório, incoativo Sentença mista: valor afetivo, dramático. A explicação para a classificação das frases pelo seu teor psicológico segue as orientações: 1.A dramaticidade da sentença verbal é decorrente do drama vivido pelos protagonistas do enunciado. Exemplo: O juiz condenou o réu. 2. A frase verbal afetiva afasta o drama da situação comunicativa. Exemplo: Faz calor na sala de audiência. 3. A sentença absoluta é a menos produtiva ara o profissional do Direito, pois as idéias englobadas neste tipo de frase não têm “valor utilitário”, ou seja, servem apenas para estabelecer contato ou para criar comentários vazios. Exemplo: Chove hoje. 4. As sentenças nominais são focalizadas no verbo ser e dão idéia de estado de permanência, como em “O réu é culpado”. No entanto, quando se usa o verbo estar, a afirmação que se declara sobre o sujeito pode ser transitória, como em “O réu está preso”. A frase nominal ainda pode ser incoativa, expressando idéia de mudanças de estado, como em “O réu ficou inconformado com a sentença”. 5. A sentença mista, ao exprimir um fato, encerra a definição de um ser. Exemplo: O réu saiu triste do tribunal. (Há um fato afetivo - O réu saiu do tribunal – e um nominal – O réu estava triste) Por que o advogado precisa ter consciência do uso dos verbos e de seu valor psicológico na elaboração de frases? A explicação é clara: “para enfatizar a idéia com os termos acessórios adequados, principalmente os adjuntos adnominais e adverbiais, procurando o emprego dos tipos de frases, realizando, assim, um manejo expressivo da linguagem.” (DAMIÃO; HENRIQUES, 2000, p. 55) EXERCÍCIO Página 83 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO 1. Identifique o tipo de frase e o valor psicológico dos enunciados a seguir a partir da observação ao verbo: a) A testemunha depôs favoravelmente ao réu. b) O advogado de defesa tem prestígio. c) Chove. d) O advogado ilidia as provas apreensivo. e) O advogado permanece preocupado. 2. Através da consulta a um dicionário jurídico, aponte os sentidos dos seguintes verbos e dê exemplos, construindo enunciados. a) argüir b) carecer c) implicar d) preferir ALGUNS VERBOS JURÍDICOS Ab-rogar: abolir inteiramente uma lei. A luta terminava ab-rogando todos os privilégios e resoluções pontifícias. Acatar: respeitar, aceitar com respeito, observar, cumprir, obedecer. As Forças Armadas acataram a decisão do presidente da república. IMPORTANTE: Segundo Adalberto Kaspary (2006), “É impróprio o emprego do verbo “acatar” no sentido de [o juiz] aceitar, acolher, deferir um pedido, uma alegação, um requerimento, um recurso. As partes, sim, devem acatar a decisão do juiz; este, de sua parte, (des)acolhe, (in)defere, aceita ou rejeita uma alegação, um pedido” (p. 29). Acreditar: crer, dar ou estabelecer crédito. Nós acreditamos na justiça brasileira. No Direito Público Internacional, este verbo assume outros sentidos: conferir poder ou autoridade a alguém para representar país ou instituição perante país estrangeiro; credenciar; fazer reconhecer agente diplomático como representante de um país junto a país estrangeiro. Cabe ao Presidente da República, nas relações internacionais, acreditar os representantes diplomáticos estrangeiros. Argüir: acusar, tachar de (argüir de); alegar, apresentar como escusativa ou defesa; interrogar, inquirir. As partes poderão argüir de suspeitos os peritos. É lícito a qualquer uma das partes argüira incompetência. Página 84 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO O juiz também poderá argüir os peritos. Carecer: ter falta de; necessitar de, precisar de. O autor carece de interesse para agir. A acusação carece de provas mais contundentes. Implicar: acarretar; ter implicância, antipatizar; envolver-se em. A inércia da defesa implica a revelia do réu. Em suas Alegações Finais, a defesa alegou que a vítima sempre implicou com o réu O réu implicou-se em tráfico de entorpecentes.. Participar: comunicar, avisar; tomar ou ter parte em alguma coisa. A concessão de férias será participada, por escrito, ao empregado, com antecedência de, no mínimo, trinta dias. Os professores e alunos têm o direito de participar na gestão democrática das escolas, nos termos da lei. Preferir: ter primazia, ter preferência; preferir entre. Concorrendo à remição vários pretendentes, preferirá o que oferecer maior preço. Os credores contemplados preferem entre si pela ordem do número em que estão colocados. Prejudicar: tornar sem efeito ou inoperante, anular; causar prejuízo a. A confusão não prejudica os direitos do terceiro. As leis `s vezes prejudicam a população. Proferir – prolatar: publicar solenemente, dar, lavrar, dizer, enunciar. Encerrada a instrução, o juiz prolatará a sentença em cinco dias. Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais. Ressarcir: pagar o prejuízo causado, indenizar, reparar o dano. O credor deverá ressarcir as despesas empregadas na conservação do carro. Suprir: completar, remediar, preencher a falta de. O juiz poderá suprir a vontade da parte inadimplente. Usucapir: adquirir por usucapião, ou adquirir pela prescrição a propriedade que possuía como sua por um tempo definido em lei. Nas coisas móveis, o prazo para usucapir é de três anos. Vitimar: provocar a morte de, matar, sacrificar. Um acidente vitimou a jovem policial. Vitimizar: transformar(-se) em vítima. O discurso do senador tinha por objetivo vitimizar os agropecuaristas. Vulnerar: ofender muito, ferir, violar, infringir. Essas atitudes vulneram o direito de ir e vir do cidadão. já Página 85 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO REDAÇÃO TÉCNICA A redação técnica pode ser definida como qualquer produção textual que usa uma linguagem objetiva, dando preferência à eficácia e a exatidão da comunicação e eliminando marcas da subjetividade do autor (opiniões pessoais, crenças, deduções subjetivas, etc). Conforme destaca Othon Garcia (2002), “Nesses casos, a redação oficial, a correspondência comercial e bancária, os papéis e documentos notariais e forenses constituem redação técnica” (p. 394). A redação técnica pode englobar variados tipos de texto, que combinam descrição, narração e argumentação, dependendo de quem escreve, para que escreve, o que escreve. Pertencem, portanto, à redação técnica textos como manuais de instrução, pareceres, relatórios, atas, bulas, ofícios, etc. Neste capítulo, serão destacados apenas os textos que fazem parte do cotidiano do Administrador ou do Contador, priorizando o esclarecimento sobre aquilo que realmente será utilizado nas atividades práticas dessas profissões. As correspondências oficiais e comerciais fazem parte da chamada redação técnica e há vários autores que se dedicam ao estudo de textos administrativos, cartas comerciais, correspondência oficial, dentre os quais João Bosco Medeiros, Dileta Martins e Lúbia Scliar Zilberknop. Conforme Medeiros (2001), as correspondências podem ser de vários tipos: Particular, pessoal ou social: trocada entre particulares. Os assuntos são íntimos, particulares. Bancária: enfoca assuntos relacionados à vida bancária; Comercial: ocupa-se da transação comercial ou industrial; Oficial: tem origem no serviço público, civil ou militar. Os textos comerciais e oficiais servem para a comunicação empresarial, para o registro de reuniões, para a solicitação de recursos, documentos, etc. Para cada um desses objetivos existe um tipo de texto: ofício, mensagem eletrônica, ata, requerimento. No contexto da redação empresarial, ou seja, produção de textos administrativos, são necessárias algumas observações. Estas variam desde o cuidado aos objetivos do autor e observação à estrutura de cada tipo de texto até às qualidades da redação técnico-administrativa. Para que essa comunicação seja eficiente é necessário ficar atento a algumas particularidades da redação técnica, as quais seguem os princípios básicos de qualquer tipo de composição textual. A bibliografia atual sobre o assunto destaca algumas exigências para se escrever um bom texto: Concisão: evitar detalhes e palavras desnecessários como também o uso de adjetivação excessiva e de muitos advérbios; observar o meio termo: não ser tão conciso a ponto de a informação não ser suficiente. Precisão vocabular: termos com sentido preciso vocabulário amplo. Uso de palavras simples e conhecidas: evitar palavras prolixas. Uso de frases simples e diretas: evitar frases intercaladas e com sintaxe complexa; optar por orações coordenadas em vez de subordinadas. Página 86 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Uso limitado de verbos no gerúndio e no particípio e de tempos compostos. Evitar iniciar frases com “sendo...”. Uso da língua culta: observar as regras da gramática normativa e não utilizar gírias, chavões, expressões estereotipadas. Ênfase na informação. Exatidão: evitar palavras vagas, compridas, difíceis que podem não ser entendidas pelo receptor. Nesse sentido, evitar o uso de alguns, quase todos, muitos, poucos, há dias... que são palavras e expressões vagas. Coerência de idéias: enfatizar os pontos-chave convenientemente; fazer uma transição natural entre uma frase e outra; construir frases com sentido completo. Clareza: o texto deve ser tão claro que até um estrangeiro que conheça um pouquinho a língua portuguesa possa entender a mensagem. Cortesia: ser educado, agradável e cortês na redação para suscitar reações positivas no receptor. Atenção ao receptor: um dos elementos mais importantes numa correspondência é o receptor. Evitar, portanto, excesso de pronomes pessoais, como eu, nós. Simplificação: restringir a redação ao essencial. Veja: a) b) c) d) e) f) Acusamos o recebimento → Recebemos Anteriormente citado → Citado Segue anexo a esta → Anexamos Será prontamente atendido → Será atendido Um cheque nominal no valor de → Um cheque de O corrente mês de julho → Neste mês Na redação técnica, deve-se chamar atenção para algumas expressões que devem ser banidas do texto: a) Agradecemo-lhe antecipadamente... b) Venho por meio deste.... c) Ansiosamente aguardamos resposta... d) Lamentamos informar... e) Permita-me dizer... f) O presente ofício... g) No devido tempo... h) Cordiais abraços... i) Cordiais saudações... j) Manifestando nossas considerações e apreço, despedimo-nos. Página 87 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Na redação técnica, também é preciso observar a estética: distribuir de modo harmônico o texto na folha; não encaminhar ofícios ou requerimentos, por exemplo, em folhas cuja impressão não é de qualidade ou em folhas amassadas. Além disso, o redator deve dominar a estrutura de cada tipo de texto. Como o objetivo das relações comerciais é criar, manter e encerrar negociações, a correspondência comercial, para atingir seus objetivos, submete-se à exigência de certas normas e orientações quanto à elaboração e circulação de documentos próprios ao mundo do trabalho. Vamos conhecer a estrutura de uma ata, de um ofício, de um requerimento e de uma mensagem eletrônica, que são os textos mais comuns nos contextos administrativo e contábil. 1. REQUERIMENTO Quando alguém deseja solicitar alguma coisa a uma entidade, órgão, setor, deve escrever um tipo de texto específico: o requerimento, que deve ser claro e objetivo. Requerimento é um documento específico de solicitação e, através dele, a pessoa física ou jurídica requer algo a que tem direito (ou pressupõe tê-lo), concedido por lei, decreto, ato, decisão, etc. O requerimento, assim como os demais textos técnicos, possui uma estrutura particular. São elementos que o compõem: a) Invocação: os termos devem ser escritos por extenso (coloca-se a função profissional do receptor, não o nome dele); b) Texto: inicia-se o pelo nome do requerente, sua qualificação (ou representação se for pessoa jurídica), exposição do ato legal em que se baseia o requerimento e o objeto desse requerimento (quando o pedido for amparado por uma lei específica). c) Fecho: em que entram as expressões Nesses termos Pede deferimento ou Nesses termos Aguarda deferimento Após a expressão, deve ser mencionar a data e apresentar a assinatura do requerente (ou seu representante legal). Página 88 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Senhor Prefeito Municipal de Vacaria /RS, Prodesa – Indústria e Comércio S.A., com sede na Avenida Assis Brasil, 2069, em Porto Alegre, por seu Presidente e Representante Legal, Luís Carlos Soares, industrial, brasileiro, casado, residente em Porto Alegre, na Rua Filadélfia, 1260, nos termos do Decreto nº 45/2000, assinado por V. Exª. em 10 de maio de 2000, em que concede isenção de impostos sobre serviços de qualquer natureza, por dez anos, a indústrias que venham a instalar-se nesse município no ano 2000, vem requerer que Vossa Excelência outorgue à Prodesa a referida isenção. Para isso, consta em anexo toda documentação exigida no decreto citado. Nesses termos Pede deferimento Vacaria, 30 de junho de 2000. Luís Carlos Soares Luís Carlos Soares Presidente EXERCÍCIO Página 89 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO 1. Assinale a alternativa que apresenta uma informação errada sobre a linguagem da redação técnica: a) Simples, evitando-se preocupação com enfeites literários. b) Atual, isto é, inteligível à época presente. c) Precisa, a saber, própria, específica, objetiva. d) Correta, com exata observância das normas gramaticais. e) Pessoal, com o máximo de subjetividade, pois a carta comercial é lugar adequado para manifestações subjetivas e sentimentais. 2. Suponha que você é advogado de uma empresa e deseja fazer um curso de qualificação, para o qual precisará se afastar das atividades profissionais por duas semanas. Redija um requerimento ao Diretor da empresa onde você trabalha, solicitando tal afastamento. Para isso, argumente para que seu pedido seja deferido. 3. Avalie o requerimento a seguir, indicando se o texto segue a estrutura e a linguagem exigida pelo gênero: Presidente José do Patrocínio, Eu sou Analice da Silva, brasileira, solteira, Secretária Executiva da Mols & Mols Ltda., residente e domiciliada na Rua Ernesto Alves, nº 412, em Santa Cruz do sul, e venho, por meio deste, solicitar a você uma bolsa de estudos para que meu curso universitário seja realizado com mais proveito e em um período mais curto. Meu pedido é justificado pelas seguintes razões a) sou funcionária efetiva na empresa desde 1995 b) participei de todos os cursos de qualificação profissional oferecidos pela empresa, alcançando ótimo desempenho conforme avaliação dos instrutores c) busco aperfeiçoamento contínuo, através de curso superior, para ampliar minha formação. Nesses termos Peço e aguardo deferimento Santa Cruz do sul, 24 de abril de 2007 Analice da Silva 2. OFÍCIO Página 90 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO O ofício é uma correspondência oficial emitida por órgãos públicos. É proveniente de uma autoridade e consiste em uma comunicação de qualquer assunto de ordem administrativa ou estabelecimento de uma ordem. Distingue-se da carta por apresentar caráter público e só poder ser emitido por órgão da administração pública, como uma secretaria, um ministério, uma prefeitura e outros. O destinatário pode ser órgão público ou cidadão qualquer. Ofício é uma correspondência externa usada principalmente pelos órgãos de governo e autarquias. Deve ser impresso ou datilografado em papel tamanho ofício. Seu conteúdo é de caráter oficial. São partes de um ofício: Timbre ou cabeçalho: dizeres impressos na folha, símbolo da empresa, entidade, do órgão que emite o ofício. Número do ofício: número de ordem do documento. Exemplo: Of. nº 601-99 (= ofício número 601, do ano de 1999). Local e data: coloca-se ponto após ao ano. Vocativo: tratamento ou cargo do destinatário, seguido de vírgula. Exemplos: Senhor Presidente, Senhor Diretor. Exemplos: Senhora Ministra, Senhor Chefe de Gabinete, Excelentíssimo Senhor Presidente da República Texto: exposição do assunto, devendo apresentar uma introdução (exposição do assunto: se houver mais de um assunto, cada idéia deve ser abordada em um parágrafo distinto), um desenvolvimento (detalhamento do assunto) e uma conclusão (reafirmação do assunto). Fecho ou cumprimento final: serve para encerrar o texto e saudar o destinatário. Formas de fecho: Atenciosamente para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior; Respeitosamente para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República. Assinatura: nome do autor da comunicação, cargo ou função. Exemplo: (espaço para assinatura) JARBAS PASSARINHO Ministro da Justiça Anexos: se for necessário Endereço: fórmula de tratamento, nome civil do receptor e cargo ou função do receptor, seguidos da localidade e destino. Página 91 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO É muito comum encontrar ofício com introduções e fechos superados. Portanto observe as formas adequadas de iniciar e encerrar a redação de um ofício. I n tr o d u ç ã o F e c h o Expressão desgastada Vimos, por intermédio do presente, levar ao conhecimento de V. Sa. que... Este ofício tem por finalidade levar ao conhecimento de V. Sa. que.... Tenho a honra de informar que... Cumpre-me informar que... Com protestos de estima e apreço... Com os protestos de elevada estima e distinta consideração. Aproveitamos o ensejo para reafirmar a V. Sa. nossos protestos de estima e apreço. Aproveitamos o ensejo para reafirmar a V. Sa. nossos votos de estima e apreço. Cordiais saudações. Expressão atual Comunicamos a V. Sa. que... Informamos a V. Sa. que.. Informo Vossa Excelência. de que.... Encaminho a V. Sa.... Atenciosamente, Respeitosamente, Na redação de ofícios, são utilizados os pronomes de tratamento. Veja os principais para fazer a escolha correta na hora de se dirigir ao prefeito, ao Presidente, etc: Pronomes de Abreviatura Emprego Tratamento Singul Plural ar Senhor Sr. Sres. Trato respeitoso Senhora Sra. Sras. Trato respeitoso Senhorita Srta. Srtas. Trato respeitoso (usado só para mulheres solteiras) Você, vocês v. Trato familiar Vossa Alteza V. A. VV.AA. Príncipes, arquiduques e duques Vossa Eminência V. Ema. V. Cardeais Emas. Vossa V. Exa. V. Autoridades superiores (presidentes, ministros, Excelência Exas. deputados, etc) Vossa V. V. Reitores Magnificência Maga. Magas. Vossa Majestade V.M. VV.MM. Reis e imperadores Vossa V.P. VV.PP. Superiores de ordem religiosa Reverendíssima Vossa V.P. VV.PP. Superiores de ordem religiosa Paternidade Vossa Santidade V.S. Papa Vossa Senhoria V.Sa. V.Sas. Pessoas que exercem cargos importantes (cônsules, oficiais , chefes de seção, comerciantes, etc) Exemplo de ofício: Página 92 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO TIMBRE Of. nº 97/98 Porto Alegre, 29 de setembro de 1998. Senhor Secretário, temos satisfação em comunicar a V. Sa. que este centro comunitário realizará, no período de 20 de outubro a 20 de novembro do corrente ano, a Campanha de Prevenção do Câncer. Solicitamos, pois, a V. Sa. a gentileza de indicar dois médicos dessa Secretaria para participarem da Campanha, que contará com o assessoramento técnico –pedagógico da Agência Brasileira da Organização Mundial da Saúde. Contando com a colaboração, despedimo-nos. Atenciosamente, Ana Amélia Torres Presidente Ilmo. Sr. José Tavares Lima Secretário Municipal de Saúde Rua Marechal Floriano, 147 Santa Vitória do Palmar / RS Página 93 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO AULA 09 MENSAGEM ELETRÔNICA No contexto atual, a Internet tem se constituído como uma das ferramentas de trabalho e, considerando essas circunstâncias, as mensagens eletrônicas são usadas para estabelecer comunicação à distância com maior rapidez, substituindo o telefone, a carta, o telegrama. Através dessas mensagens (os populares e-mails) são feitas comunicações, inclusive as empresariais, pois proporcionam rapidez e eficiência e podem ser enviadas e recebidas a qualquer instante, conforme a conveniência do destinatário. Nesse sentido, mensagens eletrônicas são formas atuais de comunicação. A mensagem eletrônica, criada a partir do uso intenso da Internet, deu origem a um tipo de texto, que apresenta características de outros tipos de texto, como o memorando, a carta, o bilhete, a conversa face a face. A predominância de uma dessas características depende da maneira como e-mail é usado. Mensagem eletrônica (e-mail) é uma mensagem recebida através de um sistema de correio eletrônico. IMPORTANTE! ☻Como o e-mail é utilizado em diversas situações comunicacionais, formais e informais, a linguagem pode variar. ☻ Em geral, os parágrafos são curtos para dar maior clareza e fluência na leitura do texto. ☻ A mensagem eletrônica apresenta estrutura-padrão de uma carta. Assim, a estrutura de uma mensagem eletrônica compreende: Vocativo Texto Despedida Assinatura ☻ Não se pode esquecer de colocar o destinatário (link “para”) e preencher o tema da mensagem (link “assunto”). ATA A ata é um registro em que se relata os acontecimentos de uma reunião, assembléia ou convenção. As atas podem ser de vários tipos: ata de assembléia geral extraordinária, ata de assembléia geral ordinária, de condomínio, de posse, de fundação de entidade, etc. Uma das particularidades da ata é que deve ser assinada pelo presidente ou secretário sempre e pelos participantes da reunião em alguns casos. Ata é o resumo escrito dos fatos e decisões de uma assembléia, sessão ou reunião para um determinado fim. Página 94 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO 1. Geralmente, as atas são transcritas à mão pelo secretário, em livro próprio, que deve conter um termo de abertura e um termo de encerramento, assinados pela autoridade máxima da entidade ou por quem receber daquela autoridade delegação de poderes para tanto. A autoridade também deverá numerar e rubricar todas as folhas do livro. Termo de abertura Este livro contém 100 (cem) folhas numeradas de 1 (um) a 100 (cem), por mim rubricadas, e se destina ao registro das Atas das Reuniões da Diretoria da Sociedade Amigos Fraternos, com sede no município de Ribeirão Preto, na Rua Visconde das Silva, número vinte e três. A minha rubrica é a seguinte SApp. Ribeirão Preto, 23 de janeiro de 2004. Sadi Appel SADI APPEL Presidente Este livro, que contém cinqüenta folhas, todas numeradas, destina-se às anotações, em forma solene de registro, de todos os atos necessários à fundação, instalação e desenvolvimento da Sociedade Brasileira de Direito Médico, cuja sigla anotar-se-á como SODIME. Esta empresa está localizada na Avenida Osvaldo Aranha, 425, Natal. Os atos iniciados à existência jurídica da SODIME vão por mim anotadas, Joelmir Mendes, brasileiro, divorciado, médico e advogado inscrito no CREMERN sob o número 2.025, na OAB/RN sob o número 3.174 e no CPF/MF sob o número 105.477.044-01, RG. 247.707 SSP/RN, residente e domiciliado em Natal/RN na Rua Rui Barbosa, 1110, Condomínio Milano bloco "B", apartamento 802, bairro Lagoa Nova. Este livro está contém minha rubrica - JM - em todas folhas . Natal, 23 de agosto de 1998. Joelmir Mendes JOELMIR MENDES Presidente Termo de encerramento Este livro contém 100 (cem) folhas numeradas de 1 (um) a 100 (cem), que, rubricadas pelo Presidente Sadi Appel, destinaram-se ao registro das Atas das Reuniões da Diretoria da Sociedade Amigos Fraternos, com sede no município de Ribeirão Preto, na Rua Visconde das Silva, número vinte e três, conforme se lê no Termo de Abertura. Ribeirão Preto, 29 de outubro de 2005. Página 95 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Sadi Appel SADI APPEL Presidente Este livro, que contém cinqüenta folhas, todas numeradas, destinou-se às anotações, em forma solene de registro, de todos os atos necessários à fundação, instalação e desenvolvimento da Sociedade Brasileira de Direito Médico, cuja sigla é SODIME. A empresa, localizada na Avenida Osvaldo Aranha, 425, Natal, tem como representante jurídico Joelmir Mendes, brasileiro, divorciado, médico e advogado inscrito no CREMERN sob o número 2.025, na OAB/RN sob o número 3.174 e no CPF/MF sob o número 105.477.044-01, RG. 247.707 SSP/RN, residente e domiciliado em Natal/RN na Rua Rui Barbosa, 1110, Condomínio Milano bloco "B", apartamento 802, bairro Lagoa Nova, conforme descrito do Termo de Abertura deste livro. Natal, 10 de março de 2000. Joelmir Mendes JOELMIR MENDES Presidente 2. A ata é um documento de valor jurídico. Portanto, deve lavrada de tal forma que nada lhe poderá ser acrescentado ou modificado. 3. Deve-se sintetizar de maneira clara e precisa as ocorrências verificadas (os fatos e decisões). 4. O texto deve ser compacto, sem parágrafos e sem espaços para evitarem-se acréscimos. Pode ser digitado, manuscrito ou datilografado, mas sem rasuras. 5. Se houver engano no momento de escrever e o secretário notar, deve escrever a expressão “digo”, retificando a idéia mencionada. Exemplo: Poderão tomar parte da Sociedade Brasileira de Direito Médico – SODIME, como sócios, as pessoas jurídicas, digo físicas, cuja atividade profissional de nível superior se encaixe dentro do âmbito do Direito Médico e da Legislação da Saúde, ou manterem um concreto interesse por este ramo de Direito. 6. Se o engano for notado no final da ata, escrever-se-á a expressão “Em tempo: onde se lê....., leia-se.....”. Exemplo: Ficaram determinadas para o dia vinte e sete deste mês, no local acima referido, a instalação solene da Sociedade Irmã da Luz, a discussão e a aprovação dos seus Estatutos e a eleição de sua Diretoria. Nada mais havendo a tratar, deu-se por encerrada esta ata, que vai assinada pelos seus sócios ou seus representantes por procurações. Em tempo: onde se lê “aprovação de seus Estatutos”, leia-se “aprovação de seu Regimento”. 7. Nas atas, os números devem ser escritos por extenso, evitando-se também as abreviações. Página 96 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO 8. O tempo verbal preferencialmente utilizado na ata é o pretérito perfeito do indicativo. 9. A ata dever ser assinada. Deverão assiná-la todas as pessoas presentes na reunião ou, quando deliberado, apenas o presidente e o secretário. 10. É permitida a transcrição da atas em folhas digitadas, desde que sejam convenientemente arquivadas, impossibilitando a fraude. 11. Em casos muitos especiais (como atos rotineiros), usam-se formulários já impressos, como os das seções eleitorais. 12. A ata é redigida por um secretário efetivo. No caso de sua ausência, nomeia-se outro secretário ad hoc designado para essa ocasião. Ad hoc significa para isso, para este caso. 13. A ata deve conter: introdução: contextualização (dia, mês, ano e hora da reunião por extenso; local da reunião e relação dos participantes) síntese dos fatos e decisões: exposição da ordem do dia, dos fatos mais importantes, das pautas discutidas e das decisões tomadas; declarações dos participantes; encerramento: apresentação dos encaminhamentos finais da reunião, fechamento do texto da ata e assinaturas. Os fechos podem ser redigidos de diferentes formas. Modelos de Fechos .... Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente encerrou a sessão e convocou outra reunião para o dia dez de janeiro, às quatorze horas, quando serão examinados os assuntos em pauta. E, para constar, lavrei esta ata que subscrevo e vai assinada pelo Senhor Presidente depois de lida. (assinaturas do Presidente e do Secretário) .... Nada mais havendo a tratar, Fulano de Tal agradeceu a presença do Sr. Beltrano, do Sr. Ciclano, das demais autoridades presentes e declarou encerrada a reunião, da qual eu, Janice Pereira, Secretária em exercício, lavrei esta ata, que vai assinada pelo Sr. Presidente e por mim. (assinaturas do Presidente e da Secretária) .... A sessão encerrou-se às quatorze horas. Eu, Angélica Ramos, Secretária, lavrei, transcrevi e assino esta ata. (assinaturas do Presidente, da Secretária e dos demais presentes) Exemplos de atas ATA DE FUNDAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO MÉDICO (SODIME) Aos vinte e cinco dias do mês de outubro de dois mil, na cidade do Recife, estado de Pernambuco, durante a realização do Brasil Forense 2000, congresso multidisciplinar, no qual dar-se-á o I CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO MÉDICO, nas instalações do Mar Hotel Recife, foi criada e fundada a Sociedade Brasileira de Direito Médico, que identificar-se-á pela sigla de SODIME, que consistirá numa sociedade de caráter privado para agrupar quantos profissionais de nível superior manifestarem interesse concreto na questão relativa ao Direito Médico e à Legislação Sanitária ou da Saúde. Esta entidade Página 97 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO que ora se constitui, desempenhará suas atividades em todo o território brasileiro, terá uma duração indefinida e sua dissolução tão-somente realizar-se-á por causas previstas nos seus Estatutos. A Sociedade Brasileira de Direito Médico – SODIME, tem a finalidade de favorecer, mediante as atividades que realizará, a promoção e difusão dos estudos relativos ao Direito Médico e à legislação da Saúde, para as quais desempenhará, entre outras, as seguintes atividades: a) promover os conhecimentos teórico-prático dos profissionais relacionados ao Direito Médico e a Legislação da Saúde, proporcionando uma relação médico-paciente adequado às devidas circunstâncias; b) estimular o interesse do conhecimento do Direito Médico e da Legislação da Saúde; c) promover e defender a formação e aperfeiçoamento de especialistas nesta área jurídica; d) promover contatos e intercâmbios científicos inter-disciplinares entre as diversas pessoas e instituições interessadas em Direito Médico e na Legislação da Saúde; e) organizar, por si só ou em colaboração com outras organizações ou entidades, Congressos Simpósios e reuniões ou outras atividades científicas de Direito Médico ou da Legislação da Saúde; f) editar publicações relacionadas com o Direito Médico e a Legislação da Saúde, assim como manter e promover a formação de estudos e bibliotecas especializadas sobre esta matéria; g) promover o incentivo da criação da disciplina "Direito Médico" nas Escolas de Medicina e de Direito. Poderão tomar parte da Sociedade Brasileira de Direito Médico – SODIME, como sócios, as pessoas físicas cuja atividade profissional de nível superior se encaixe dentro do âmbito do Direito Médico e da Legislação da Saúde, ou manterem um concreto interesse por este ramo de Direito. Fica determinado o dia vinte e sete deste mês, no mesmo local acima referido, a instalação solene da Sociedade, a discussão e a aprovação dos seus Estatutos e a eleição de sua Diretoria. Nada mais havendo a tratar, deu-se por encerrada esta ata, que vai assinada pelos seus sócios ou representados por procurações. (Assinaturas). ATA DA 52ª SESSÃO ORDINÁRIA DE 1995 Aos quatorze duas do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e cinco, às quatorze horas, na Sala de Reuniões da Fundação Souza Becker, quinto andar, sala quinhentos e vinte e três, do Edifício do Ministério da fazenda, na cidade de São Paulo, reuniu-se o Conselho da Fundação Souza Becker, em Sessão Ordinária, presidido pelo Conselheiro-Presidente, Senhor Adalberto Silva, e com a presença dos Conselheiros Senhores: Antonio Lopes, Carlos Becker, Giovane Melchior e Adão Morales. Também participou da reunião o Procurador-Presidente da Fazenda Nacional, Senhor Tomás Pilleti. Iniciados os trabalhos, o Conselheiro-Presidente remeteu aos Conselheiros um projeto de convênio entre a empresa Max Seguros e a Fundação. Solicitou que todos avaliassem a proposta para identificar a viabilidade do acordo. A seguir, o ProcuradorPresidente da Fazenda Nacional fez uma exposição do Programa de Ação Social desenvolvido pela Fazenda Nacional, destacando as metas do programa. Após a explanação e a leitura da pauta da próxima reunião, o Conselheiro-Presidente encerrou a sessão, da qual, para constar, eu, Alice Ferreira, lavrei esta ata, que segue assinada por mim e pelos presentes. (assinaturas). CONCORDÂNCIA Página 98 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO A concordância é o processo sintático segundo o qual certas palavras se acomodam, na sua forma, às palavras de que dependem. Essa acomodação formal se chama “flexão” e se dá quanto a gênero e número (nos adjetivos – nomes ou pronomes), números e pessoa (nos verbos). Daí a divisão: concordância nominal e concordância verbal. Concordância Nominal REGRA GERAL: adjetivos, pronomes, artigos e numerais concordam em gênero e número com os substantivos a que se referem. Os seus três recentes livros foram lançados no exterior. Alguns casos que suscitam dúvida: 1) Anexo, incluso, leso, quite, próprio, mesmo, obrigado: como adjetivos, concordam, em gênero e número, com o substantivo a que se referem: Leia a carta e veja as fotografias anexas. Vão anexos os pareceres da Consultoria Jurídica. Remeto inclusa fotocópia do Decreto. Silenciar nesta circunstância seria crime de lesa-pátria (ou de leso-patriotismo). Muito obrigada! Disse Mônica a Eduardo. Muito obrigado! Disse Eduardo à Mônica. Elas próprias decidiram não participar do campeonato. Ela mesma escreveu o bilhete. 2) As expressões é proibido, é preciso, é bom, é necessário variam quando o substantivo (sujeito) vem regido por um artigo ou qualquer determinativo. Permanecem invariáveis se o sujeito não estiver determinado por artigo. É proibida a queimada. É proibido queimada. A caminhada pela manhã é boa. Caminhada pela manhã é bom. É necessária a doação do dízimo. É necessário doação de dízimo. É preciso ferramentas para consertar o carro. São precisas as ferramentas para consertar o carro. Página 99 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO 3) Bastante/Meio: As palavras bastante e meio podem ter valor de adjetivo ou de advérbio, a depender da palavra que modificam. __ Quando modificam substantivos, elas têm função adjetiva, devendo, portanto, concordar em gênero (“meio”), ou em número (“bastante”), com o substantivo. __ Quando modificam adjetivos, sua função é de advérbio e, nesse sentido, são invariáveis. Eduardo comeu meia bacia de pipocas. Mariana é meio desconfiada. Não acredita nas histórias que lhe contam as colegas. Aproveitamos e compramos bastantes disquetes na liquidação da loja de artigos e Informática. Achei bastante complicados os problemas da prova de Economia. EXERCÍCIOS: 1) Leias as frases a seguir e assinale C para concordância nominal correta e I para concordância nominal incorreta. ( ) As alunas não deveriam reclamas do novo professor. Foram elas mesmas que pediram a substituição anterior. ( ( ( ( ( ) É proibido a entrada com bebida alcoólica no acampamento dos escoteiros. ) Os certificados inclusos deverão ser assinados pelo diretor. ) A ricota com cebolinha está muito bom. ) A cópia anexa do documento deve ser enviada ao juiz em envelope lacrado. ) A cautela é necessária no trato com os animais ferozes. 2) Tendo em vista as regras de concordância, decida qual(is) forma(s) entre parênteses pode(m) completar corretamente os enunciados. a) As ações e manias geralmente ______________. (questionados/questionadas) b) Vocabulário e expressões restritamente ______________ (utilizados/utilizadas) mostram problemas de redação. c) Críticas e objeções completamente _____________ (infundados/infundadas) não devem aparecer em resenhas. 3) Leia com atenção o parágrafo a seguir. 1 2 3 4 5 6 7 Alheios à discussão, a atual dupla da Ferrari vive situações bem diferentes hoje: um necessita de tratamento cirúrgico e o outro descansa no Brasil. Schumacher deve ser operado nos próximos dias, para a retirada dos pinos que foram colocados em sua perna direita após o acidente do ano passado em Silvertone. Diferentemente da situação do companheiro de equipe, Barrichelo está de férias no Brasil, aproveitando para curtir o verão carioca com o filho e a esposa afetuosa. Assim, Schumacher e Barrichelo vivem momentos distintos nesse verão de calor intenso. Página 100 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO a) De que modo foi construída a introdução do parágrafo? b) O desenvolvimento do parágrafo apresenta: ( ) comparação ( ) apelo a testemunho de autoridade ( ) exemplificação ( ) apresentação de causa/conseqüência a) O enunciado apresenta infração quanto às regras de concordância exigidas pela norma culta da língua. Identifique a infração e reescreva o trecho em que ela ocorre de acordo com a norma culta. 5) Complete as lacunas com uma das formas indicadas entre parênteses. a) O pintor dispõe de tintas que, puras ou misturadas, _____ (lhe, lhes) _______ (permite, permitem) dar a seus quadros cores que imitam a natureza. b) O problema é sério, e as circunstâncias atuais ______ (o, os) _____ (faz, fazem) ainda mais (grave, graves). c) O problema é sério, e a circunstância atual ______ (o, os) _____ (faz, fazem) ainda mais (grave, graves). As questões número 6 a 12 referem-se ao texto que segue. Duzentas gramas 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 Tenho um amigo que fica indignado quando peço na padaria “duzentas” gramas de presunto – já que a forma correta, insiste ele, é duzentos gramas. Sempre discutimos sobre os diferentes modos de falar. Ele argumenta que as regras de pronúncia e de ortografia, já que existem, devem ser obedecidas, e que os mais cultos (como eu, um cara que traduz livros) devem insistir na forma correta, a fim de esclarecer e encaminhar gente menos iluminada. Eu sempre argumento que, quando ele diz que só existe uma forma correta de falar, está usurpando um termo de outro ramo, que está tentando aplicar a ética à gramática, como se falar corretamente implicasse algum grau de correção moral, como se dizer “duzentas” significasse incorrer numa falha de caráter, e dizer duzentos gramas fosse prova de virtude e integridade. Ele vem então com aquela de que se pode desculpar a moça da padaria quando fala “duzentas”, pois ela desconhece a norma culta, mas quanto a mim, que a domino, demonstro uma falha de caráter ao ignorá-la em benefício dos outros – só para evitar o constrangimento de falar diferente. “Quem sabe fazer o bem e não o faz comete pecado” – parece concluir. Eu reconheço, sim, que falo de forma diferente dependendo de quem seja meu interlocutor. Às vezes uso deliberadamente formas como “tentêmo” ou “vou ir”. Pelo mesmo motivo, todas as gírias e dialetos locais me interessam. Não que – por exemplo – a decisão de dizer “duzentas” gramas seja consciente, uma premeditação em favor da inclusão social. É que, algumas vezes, a coisa certa a se fazer – sobretudo na linguagem falada – é ignorar a norma, ou pervertê-la. Quando peço “duzentas gramas de presunto, por favor”, a moça da padaria invariavelmente repete, como que Página 101 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO 28 29 30 31 para extorquir minha profissão de fé à norma inculta: − DUZENTAS? − Duzentas, confirmo eu, já meio arrependido, mas caindo, ainda assim, em tentação. (Adaptado de Paulo Brabo, site A bacia das almas) 6. A posição do autor do texto em relação aos diferentes níveis de linguagem é a de quem, (A) por desconhecer a norma culta, não pode mostrar constrangimento quando não fala corretamente. (B) por dominar a norma culta, sente-se à vontade para deturpá-la, sem que haja qualquer razão para isso. (C) mesmo dominando a norma culta, não hesita em transgredi-la, quando isso favorece a comunicação com os outros. (D) por desconhecer a norma culta, despreza a presunção das pessoas que insistem em corrigir quem fala incorretamente. (E) mesmo dominando a norma culta, desobedece-a sistematicamente, não importando a situação de uso da linguagem. 7. Atente para as seguintes afirmações: I. A indignação do amigo deve-se ao fato de que o autor, que se apresenta como um homem culto, não domina as regras de pronúncia e de ortografia. II. Para o amigo do autor, a desobediência à norma culta é sobremaneira indesculpável quando quem a infringe é aquele que não a desconhece. III. O autor comunga com seu amigo a convicção de que o uso da norma culta beneficia o interlocutor que ainda não a conhece. Em relação ao texto, está correto o que se afirma em (A) I, II e III. (D) I e III, somente. (B) I e II, somente. (E) II, somente. (C) II e III, somente. 8. No segundo parágrafo, a argumentação do autor diante da convicção do amigo quanto ao uso da linguagem pode ser assim resumida: (A) Deve-se desculpar o pecado de quem insiste em falar ou escrever de modo incorreto. (B) Não se deve confundir o plano da suposta correção da norma culta com o plano ético das virtudes pessoais. (C) Mesmo quem desconhece a norma culta está virtualmente habilitado para um dia vir a dominá-la. (D) Quem se vale da linguagem espontânea demonstra ser mais virtuoso do que aquele que se vale da norma culta. (E) O desconhecimento da norma culta prejudica apenas a comunicação, mas não implica falta de caráter. 9. Considerando-se o contexto, na passagem em que a moça da padaria pergunta “DUZENTAS?”, repetindo a palavra ouvida, (A) a atendente demonstra compartilhar a mesma indignação do amigo do autor. (B) o amigo do autor encontraria uma razão para mudar de idéia quanto às suas convicções lingüísticas. Página 102 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO (C) o autor demonstra seu constrangimento ao ser imediatamente corrigido por uma atendente. (D) o autor faz crer que a pergunta teria sido um pedido de confirmação da forma verbal por ele utilizada. (E) a atendente demonstra sua satisfação em reconhecer o esforço do autor em se valer de uma linguagem espontânea. 10. Quanto à concordância verbal, a frase inteiramente de acordo com a norma culta é: (A) Não se respondem aos argumentos contra determinado uso “incorreto” da língua propondo-se um outro critério de “correção”. (B) Se “duzentos gramas” fossem uma expressão empregada por todos, o autor poderia valer-se do caso da expressão “meio dia e meio”. (C) As formas que costumam cristalizar-se no uso cotidiano nem sempre são as que admite como “corretas” um defensor radical da norma culta. (D) São nos diversos níveis de linguagem que se pode avaliar a dimensão da riqueza e da expressividade de uma língua. (E) Quando se assistem a casos de supostos deslizes lingüísticos, deve-se indagar se estes prejudicam, de fato, o ato de comunicação. 11. O verbo indicado entre parênteses deve ser usado no plural em qual das frases abaixo? (A) ......-se (confiar) aos usuários de uma língua a missão de conservá-la expressiva. (B) Nem sempre ...... (convir) a um bom escritor as submissões sistemáticas à norma culta. (C) Não se ...... (atribuir) à gente simples do povo a culpa pelos “pecados” lingüísticos que decorrem da falta de escolaridade. (D) Dos grande escritores não se ...... (exigir) o cumprimento ortodoxo das determinações gramaticais. (E) Quantas vezes não ...... (caber) aos escritores subverter o que recomendam as normas gramaticais? 12. Na linha 15, o elemento de coesão “pois” poderia ser substituído sem acarretar mudança de sentido da frase por todos os termos a seguir, exceto: (A) visto que (D) tanto que (B) já que (E) porque (C) uma vez que Concordância Verbal Regra geral: o verbo concorda com seu sujeito em pessoa e número. Os novos recrutas mostraram muita disposição. Eu mostrei meu trabalho na Feira do Livro. (você (ou ele) mostrou, nós (eu e...) mostramos...). João e Maria assinaram o contrato hoje. Vossa Senhoria pode ir à reunião no dia de março? REGRAS ESPECIAIS 1) Nomes próprios de lugar ou títulos de obras: __ verbo no plural se precedido de artigo; Página 103 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO __ verbo no singular se não houver artigo precedendo-o ou se o artigo estiver no singular. Os Estados Unidos concederam ajuda financeira àquele país. Contos Novos é uma das obras de Mário de Andrade. Em títulos de obras, com o verbo “ser” e predicativo do singular, admite-se também o verbo no singular: Os Sertões é um livro muito interessante. 2) Pronome de tratamento: usa-se o verbo na 3ª pessoa. Vossa Senhoria está melhor agora? Você está bem? 3) Em frases com sujeito inexistente, o verbo fica na terceira pessoa do singular. É o caso de verbos que indicam fenômenos da natureza: sempre na 3 pessoa do singular. Choveu ontem. Ventou muito nessas noite. Geou em Santa Cruz do Sul. 4) Verbo haver: sempre na 3ª pessoa quando é empregado no sentido de existir ou de tempo transcorrido. Haverá descontentes no governo e na oposição. Havia cinco anos não ia a Brasília. Faz dez dias que não durmo. Semana passada fez dois meses que iniciou a apuração das irregularidades. 5) Verbo + pronome se: Os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos, quando apassivados, concordam com o sujeito: Vendem-se apartamentos funcionais e residências oficiais. Vendem-se casas e terrenos a prazo. Para obterem-se resultados são necessários sacrifícios. 6) Verbo + pronome se: Verbo transitivo indireto (isto é, que rege preposição) fica na terceira pessoa do singular; o se, no caso, não é apassivador pois verbo transitivo indireto não é apassivável: Precisa-se de serventes de pedreiro. Assiste-se a mudanças radicais no País. Página 104 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Precisa-se de homens corajosos para mudar o País. (E não *Precisam-se de...) Trata-se de questões preliminares ao debate. (E não *Tratam-se de...) 1. Indique qual das formas verbais entre parênteses preenche adequadamente as frases a seguir, de acordo com a variedade padrão. a) A rádio e a televisão local ________________ (interrompia – interrompiam) a todo momento a programação para anunciar a tempestade que se aproximava da cidade. b) Nem um nem outro comentário ________ (abalou – abalaram) sua decisão. c) Dentro de alguns minutos _________________ (será divulgada – serão divulgadas) a nota de avaliação final e a lista dos aprovados) deste ano. 2. Complete as lacunas com uma das opções indicadas: a) com essas medidas, acredito que não ____ (haverá – haverão) mais problemas de ordem econômica. b) Já ___ (faz –fazem) três dias que ele não aparece por aqui. c) Penso que ___(deve – devem) existir meios para que vocÊ possa atingir seu objetivo. d) ____ (há – a) muito tempo, __________( aconteceu - aconteceram) ali alguns fatos estanhos. e) O relógio da sala __________ (bateu – bateram) quatro horas. Agora, _______- (falta - faltam) apenas trinta minutos para ele chegar com as novidades. 3. Os enunciados a seguir apresentam infração às regras de concordância exigidas para a escrita. Identifique tais infrações e reescreva os trechos em que eles ocorrem de acordo com a norma culta. a) um dos sinais de desespero é a incoerência. Fala-se coisas que antes eram ditas de outra forma. O governo está com esse sintoma. (Folha de São Paulo, 28 maio 2001) b) Como se tratam de documentos protegidos pelo sigilo bancário, a comissão decidiu não divulgar a ata da reunião. (Folha de São Paulo, 24 ago. 2001) 4. Assinale a alternativa em que tanto A quanto B estão adequadas à modalidade escrita padrão. 1) a. O juiz havia assinado o mandado na véspera. b. O juiz tinha assinado o mandado na véspera. 2) a. Tem vários pontos de vista diferentes. b. Trata-se de vários pontos de vista diferentes. 3) a. Havia várias pessoas descontentes com a polícia. b. Existiam várias pessoas descontentes com a polícia. 4) a. O sorteio foi suspenso porque houveram muitas reclamações no Procon. b. O sorteio foi suspenso porque ocorreu muitas reclamações no Procon. 5. Complete as lacunas com uma das formas verbais indicadas entre parênteses. a) Quando cheguei à cidade, _____ (havia – haviam) apenas dois apartamentos disponíveis para aluguel. b) ________ (deve haver – devem haver) muitos feridos no acidente da viaduto. c) ________ (deve existir – devem existir) muitas razões para o divórcio. d) _______ (vai fazer – vão fazer) cinco anos que não viajo. 01 EXERCÍCIO PROVA DE PORTUGUÊS DE CONCURSO PÚBLICO FEDERAL Que minhas primeiras palavras diante deste Parlamento Mundial sejam de Página 105 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 confiança na capacidade humana de vencer desafios e evoluir para formas superiores de convivência no interior das nações e no plano internacional. Em nome do povo brasileiro, reafirmo nossa crença nas Nações Unidas. Seu papel na promoção da paz e da justiça permanece insubstituível. Rendo homenagem ao Secretário-Geral, Kofi Annan, por sua liderança na defesa de um mundo irmanado pelo respeito ao direito internacional e pela solidariedade entre as nações. O aperfeiçoamento do sistema multilateral é a contraparte necessária do convívio democrático no interior das nações. Toda nação comprometida com a democracia, no plano interno, deve zelar para que, também no plano externo, os processos decisórios sejam transparentes, legítimos, representativos. Luís Inácio Lula da Silva. Fragmento de discurso na abertura da 58ªAssembléia Geral da ONU. Nova Iorque, 23/09/2003. (com adaptações) A respeito das idéias e estruturas do texto acima e considerando aspectos atuais da política externa brasileira, julgue os itens seguintes. 1. A idéia expressa por "confiança" (l .2) é complementada, sintática e semanticamente, por duas outras idéias expressas no texto como: "na capacidade humana de vencer desafios" (l.2) e "evoluir para formas superiores de convivência no interior das nações e no plano internacional" (l.2-3). 2. Textualmente, o emprego do pronome possessivo "nossa" (l. 4) remete à crença dos países-membros das Nações Unidas. 3. O As estruturas lingüísticas do texto permitem inferir que, mesmo anteriormente ao discurso, já se tinha fé nas Nações Unidas e no seu papel de promoção da paz e da justiça. 4. O Subentende-se uma oposição expressa por "interior das nações" (l.3) e "plano internacional" (l. 3), oposição que é retomada, por coesão, com "plano interno" (l.11) e "plano externo" (l.11), respectivamente. 5. O A expressão "no plano interno" (l.11) está demarcada por vírgulas por exigência da mesma regra gramatical que justifica seu uso à linha 69: a inserção de uma circunstância. 6. O Preservam-se as relações semânticas, a coerência de argumentação e a correção gramatical do texto ao substituir "para que" (l.11) por a fim de. 7. Por constituir um termo singular de idéia genérica, mantêm-se as relações de significação e a coerência da argumentação do texto se o termo "nação" (l. 10) for empregado no plural - nações; mas, para preservar a correção gramatical do período, deve-se adequar a flexão de número de "Toda", "comprometida" e "deve" para Todas, comprometidas e devem e acrescentar as entre Todas e nações. 8. Do último parágrafo do texto, a argumentação permite inferir uma relação de condição assim expressa: se a nação zela pela democracia, zela também pelo aperfeiçoamento do sistema multilateral. Página 106 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO AULA 10 REDAÇÃO JURÍDICA – PARTE I O ato comunicativo pressupõe a construção de mensagens e estas se manifestam principalmente através da produção de textos orais e escritos. No contexto jurídico, a escrita assume papel fundamental, o que implica não só conhecer e dominar as características da redação jurídica, mas também identificar os modos como os textos são elaborados. Quando se fala em redação jurídica, é preciso conceituar “discurso jurídico”, termo usado para aludir aos textos produzidos por juristas. Segundo Wallace Ricardo Magri, “o que define um discurso como jurídico não é apenas o fato de tratar de temas legais ou de utilizar linguagem técnica-jurídica. O que de fato diferencia o discurso jurídico dos outros discursos que o cercam (político, social, religioso, etc.) é a existência de determinadas características que permitem considerá-lo como um subconjunto discursivo, pertencente ao conjunto de todos os discursos pertencentes a uma determinada língua natural” (2005, p. 2). Nesse sentido, o discurso jurídico se refere ao discurso legislativo e ao discurso referencial. Na definição de Magri, O discurso legislativo é composto de enunciados performativos e normativos que conferem existência jurídica a determinados fatos e pessoas que advêm do discurso referencial, entendido como o próprio mundo social anterior à fala que o articula. Apropriando-se da gramática de determinada língua natural, o discurso jurídico irá conferir “juridicidade” a seus termos, transportando-os para o universo jurídico, onde recebem significação própria e passam a pertencer a esse universo. (2005, p.2) Na disciplina de Língua Portuguesa, procura-se estudar as características do discurso e da redação jurídica, atendo-se às formas de elaboração dos textos e à eficiência comunicativa. Considerando que o texto é uma atividade comunicativa que envolve emissor e receptor, convém diferençar as diferentes formas existentes para a elaboração de um texto. A descrição, a narração e a dissertação/argumentação são os modos de organização de texto mais conhecidos e usados no discurso jurídico. Estas formas de organização do texto não aparecem de modo isolado, o que existe é uma predominância de um modo sobre o outro e esta presença dominante geralmente está associada à intenção comunicativa. Observe os textos a seguir e procure identificar o modo de organização predominante em cada um deles. TEXTO I “O direito é realidade universal. Onde quer que exista o homem, aí existe o direito como expressão de vida e de convivência. É exatamente por ser o direito fenomenal universal que é ele suscetível de indagação filosófica. A Filosofia não pode cuidar senão daquilo que tenha sentido de universidade. Esta a razão pela qual se faz Filosofia da vida, Filosofia do direito, Filosofia da história ou Filosofia da arte. Falar em vida humana é falar também em direito, daí se evidenciando os títulos existenciais de uma Filosofia Jurídica. Na Filosofia do Direito deve refletir-se, pois, a mesma necessidade de especulação do Página 107 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO problema jurídico em suas raízes, independentemente de preocupações imediatas de ordem prática.” (Reale, 1965:9) TEXTO II P. move ação contra I., dizendo que em 3.12.97 adquiriu na perfumaria W., produto de ondulação S, que lhe foi aplicado em 5.12.97 por sua mãe, experiente cabeleireira, mas imediatamente depois da aplicação os seus cabelos começaram a se quebrar, tendo o produto lhe causado irritação na pele facial. Contactou com a ré, a qual lhe orientou não procurasse auxílio médico, dando-lhe alguns produtos, além de convidar a autora e sua mãe Cecília para participarem de um curso em São Paulo, mas não foram por falta de recursos financeiros. A queda de cabelos e a irritação na pele facial ocorreram coincidentemente no dia de seu aniversário, frustrando-a, expondo-a ao deboche de outras pessoas, causando-lhe sofrimento psíquico. Pede a condenação da ré a lhe ressarcir os referidos danos morais, no valor a ser arbitrado judicialmente, além dos honorários advocatícios, custas e demais consectários legais. Docs. Às fls. 11/17. A ré foi citada e contestou (fls. 29/49) e apresentou preliminares. Alegou que a autora não trouxe prova alguma de pagamento com tratamento médico, dermatológico ou com os produtos por ela utilizados. Como foi o produto acondicionado nesses 13 meses entre o fato e o ajuramento da ação? Por aí se vê da impermeabilidade do produto para os fins periciais, mesmo porque o líquido não está intacto, sofreu manipulação, não se sabe como permaneceu acondicionado ao longo desse período. A responsabilidade pelos danos sofridos pela autora não deve ser atribuída ao produto fabricado pela empresa, pois o problema resultou do método como o produto foi aplicado por C., mãe da autora. Não se pode aplicar tintura em cima de outra por muito tempo, pois os fio ficam porosos, devido ao excesso de produtos químicos. O cabelo da autora rompeu onde havia maior efeito da tintura, o que comprova a má aplicação. O produto para ondulação deve ser utilizado somente por profissionais da área de cabeleireiro, por isso sua venda é restrita. Para a realização da ondulação dos cabelos devem ter sido atendidas as recomendações pormenorizadas na embalagem. A ré sempre realiza exames com os seus produtos, cujos testes foram realizados para os fins especificados às fls. 36/37. A autora não realizou prova alguma comprovando o defeito do produto utilizado. O produto é de excelente qualidade, não configurando em momento algum culpa da ré ou defeito do produto. No verso da embalagem consta o número do telefone do C. T. S. onde uma equipe especializada e treinada oferece suporte aos profissionais cabeleireiros, inclusive por telefone. Portanto, houve má aplicação do produto. A responsabilidade civil deve fundamentar-se no defeito de fabricação do produto, ou na comprovação da culpa pela ré, o que inocorreu. Improcede o pedido. Docs. Às fls. 51/95. TEXTO III Por obrigação profissional, vivo metido no meio de pessoas de sucesso, marcadas pela notável superação de limites. Vejo como o brilho provoca a ansiedade do reconhecimento permanente. Aplauso vicia. Arriscando-me a fazer psicologia de botequim, frase de livro de auto-ajuda ou reflexões vulgares da meia-idade, exponho uma desconfiança: o adulto que gosta de brincar e não faz sucesso tem, em contrapartida, a magnífica chance de ser mais feliz, livre do vício do aplauso, mais próximo das coisas simples. O problema é que parece ridículo uma escola informar aos pais que mais importante do que gerar bons profissionais, máquinas de produção, é fazer pessoas felizes por serem o que são e gostarem do que gostam. Gilberto Dimenstein. O direito de brincar. In: Folha de S. Paulo, 21/11/2001, p. C8 (com adaptações). Página 108 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Os textos, como se percebe, podem ser organizados por diferentes “modos discursivos”, os quais também podem se intercalar num mesmo texto, havendo, nesses casos, uma relação de predominância de um modo discursivo sobre outro. A NARRAÇÃO NO DISCURSO JURÍDICO A narração, segundo Gold e Segal (2008), consiste na apresentação de episódios e acontecimentos costurados por uma evolução cronológica das ações. Essas ações são vistas sob determinada lógica e constroem uma história, que nos é dada por um narrador. É um dos movimentos de linguagem mais usados pelo profissional do direito. Seja na petição inicial, na denúncia ou na reclamação trabalhista, a estrutura narrativa encontra-se presente e coloca-se como o fio condutor da articulação da mensagem ao destinatário. Exemplo: W.S., brasileira, empresário (...), residente e domiciliada nesta cidade (...), por seu procurador adiante assinado, com escritório nesta cidade, vem expor e requere a V. Exa. O seguinte: 1. O companheiro da requerente, P. S., há cerca de um ano foi diagnosticado com um tumor na laringe e, por recomendação médica, iniciou um processo de radioterapia aliado à quimioterapia. 2. No início, este processo surtiu efeito, mas depois de seis meses, foi constado o aumento do tumor, fazendo com que as sessões referidas acima tivessem sua dosagem aumentada. 3. Após intensivo tratamento, a equipe médica verificou que as faculdades mentais do paciente ficaram afetadas, o que o impossibilitou de gerir seus negócios e de reger sua própria pessoa. 4. Em face do exposto e nos termos do art. 1.177 e seguintes do CPC, a requerente quer promover sua interdição, para que, verificada sua incapacidade, seja-lhe nomeada sua curadora a própria suplicante, ex vi disposto no art. 1.775 do Código Civil. Características da narração 1. A estrutura tem como finalidade última situar o interlocutor nos acontecimentos que ensejaram a ação. 2. A narrativa, no discurso forense, ocorre sempre na 3ª pessoa, uma vez que o advogado está representando seu cliente. 3. Os verbos relativos às circunstâncias narradas estão no pretérito perfeito do modo indicativo, pois quando ocorre o relato a ação já se desencadeou. 4. A obediência à seqüência temporal é de suma importância, pois é garantidora de que a narrativa chegue logicamente a uma conclusão. O profissional do direito não deve olvidar-se de que as circunstâncias narrativas têm a intenção de justificar o ajuizamento da demanda. Portanto, a narrativa deve privilegiar a precisão e a objetividade, culminando em um fecho lógico, a fim de evitar o argumento da inépcia. Página 109 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Elementos narrativos Como toda narrativa é uma exposição de fatos (reais ou fictícios) que ocorrem num determinado lugar e com certa duração, convém observar os elementos que caracterizam o discurso narrativo: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. quem: as pessoas que participam do fato. o quê: apresentação dos fatos que direcionam a história. quando: o momento em que aconteceram as circunstâncias relatadas (tempo). onde: o registro espacial do fato. como: o modo como o fato aconteceu. por quê: a razão que ocasionou os fatos narrados. por isso: resultado ou conseqüência do fato. Veja-se o exemplo, extraído de uma petição inicial: “1. No dia 15 de maio deste ano, o Autor, tendo vendido ao Réu o imóvel constituído do apartamento nº 56, do prédio denominado Monte Castelo, na Rua José do Patrocínio, 603, confiou a este o telefone de número 8013 4672, que ali se encontrava instalado, e do qual o autor é assinante, conforme recibo da TELESP (doc. 2). 2. Tal fato se deveu à única e exclusiva circunstância de que, tendo de proceder à entrega do imóvel vendido, nos termos da escritura de compra e venda, lavrada em notas do Tabelião do 26º Ofício, Livro nº2. fls. 56, não conseguia o Autor a retirada do referido aparelho telefônico, embora tenha pedido, por escrito, tal retirada, desde o dia 16 de maio (doc. 3).” No discurso jurídico, a narração deve ser feita através de períodos curtos, para que seja garantida a precisão e a objetividade do relato. Além disso, é importante a noção de ponto de vista, pois, dependendo da postura daquele que relata o fato, irá ele evidenciar certos acontecimentos em detrimento de outros, sendo a seleção dos dados, portanto, uma tarefa crucial. EXERCÍCIOS 1. Dado texto narrativo abaixo, extraído de uma petição, identifique os elementos estruturais na narrativa no discurso jurídico. Empresa (...), pessoa jurídica de direito privado (...), por seu advogado infraassinado, pessoa que receberá as notificações vindouras (...), com base nos artigos 890 a 900 do CPC e 796 da CLT, vem ajuizar: AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO Em face de X, brasileiro, casado, contador (...), pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a aduzir: O consignatário foi admitido aos quadros da consignante em 10 de abril de 2007 para exercer a função de contador, tendo sido dispensado sem justa causa em dez de julho de 2007, mediante aviso prévio trabalhado. Recebia por último R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) mensais. Página 110 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO Designadas datas e hora para homologação da ruptura, o consignatário negou-se a receber seu crédito, alegando que estava incorretamente calculado, algo que não corresponde à realidade. A consignante ainda tentou demonstrar ao consignatário a regularidade dos cálculos, o que, inclusive, foi confirmado pelo homologador do sindicato dos empregados. Ainda assim o consignatário não restou convencido. Para afastar sua mora e obter quitação da obrigação, a autora vem através desta medida requerer a consignação dos títulos e valores abaixo discriminados, retirados do TRCT juntado neste petitório: (...) A consignante apresenta em anexo documento comprobatório do depósito de multa de 40% sobre o FGTS, guias para saque do FGTS e formulários do seguro-desemprego. Informa, por derradeiro, que a anotação de dispensa na carteira profissional do consignatário já foi efetuada. Em assim sendo, requer a citação do consignatário para em dia e hora designado por este Juízo vir receber o que lhe pertence, devendo, de qualquer sorte, ao seu final, ser julgado procedente o pedido, conferindo-se quitação judicial e eficácia liberatória em relação à obrigação do ex-empregador. Requer a produção de provas documental, testemunhal e depoimento pessoal do consignatário, sob pena de confissão. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. quem: o quê: quando: onde: como: por quê: por isso: 2. Com base nos dados a seguir, construa uma narração, a ser incorporada em uma petição, de modo a estabelecer uma organização discursiva adequada. 1. quem: Maria dos Santos e João da Silva 2. o quê: Maria dos Santos foi atropelada por João da Silva e quebrou a perna esquerda 3. quando: 10 de novembro de 2007, às 18h30 4. onde: Rua Ernesto Alves, Santa Cruz do Sul 5. como: João da Silva, pilotando uma moto Titan em alta velocidade, não obedeceu ao sinal vermelho do semáforo e atropelou Maria dos Santos, que estava atravessando a rua 6. por quê: João da Silva estava sem habilitação para dirigir e estava bêbado 7. por isso: Maria dos Santos requer indenização e ressarcimento dos gastos relativos ao acidente ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Página 111 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 3. Ordene o texto narrativo a seguir, numerando suas partes em ordem ascendente e garantindo a progressão lógico-temporal. a) ( ) O quebra-quebra dominou o centro da cidade, e o governo perdeu o controle da situação. ( ) No saldo final do protesto, 700 pessoas presas, 65 feridas e 20 mortas. ( ) Era a rebelião popular contra a vacinação antivariólica obrigatória. ( ) Arandelas de gás partidas, postes de iluminação vergados, fragmentos de vidro por toda parte, paralelepípedos arrancados, bondes virados e incendiados. ( ) Entre 11 e 14 de novembro de 1904, o Rio de Janeiro transformou-se em praça de guerra. ( ) A população montou barricadas para enfrentar os vacinadores e os soldados, que foram agredidos com latas e pedras. b) ( ) No decorrer desse período, suas faturas conosco chegaram ao montante de centenas de milhares de cruzados. ( ) A nossa fábrica de cinzeiros Prudentina & Irmãos, de Presidente Prudente, negocia com a empresa Comercial São José há 15 anos. ( ) Declaramos que as contas foram todas pagas até agora e tão prontamente quanto as condições comerciais permitem. ( ) A Comercial São José nunca fez negócios conosco que não pudesse saldar e dela podemos afirmar que é honesta e merecedora de crédito. A DESCRIÇÃO NO DISCURSO JURÍDICO A descrição é um discurso que apresenta, de um ponto de vista ou foco, objetos, paisagens, lugares, ambientes, personagens e seus estados emocionais. É uma espécie de “retrato verbal” de um cenário ou objeto observado. Exemplo: Comprida, tortuosa, ora larga, ora estrita, a Rua do Siriri se estende desde o Alto de São Cristóvão até a Avenida Barão de Maroim. Mas o seu trecho principal, porque mais habitado, vai da Rua das Laranjeiras até a da Estância. Aí, não há mais casas de palha. São de taipa ou de tijolo, cobertas de telha. Às vezes pequeninas, porta e janela apenas, sem reboco, pouco mais altas que um homem. Outras melhores, são largas, acaçapadas, com grandes beirais. Aqui e ali, uma construção mais nova, de platibanda e enfeitada de cornijas, dá ao local um tom mais elegante e mais alegre. Existem dois tipos de descrição: a descrição objetiva e a descrição subjetiva. Segundo Gold e Segal (2008), Enquanto na primeira a intenção é a de apresentar cientificamente um ser ou uma cena, na última deseja-se influenciar o leitor. Conseqüentemente, na descrição técnica, o vocabulário utilizado é denotativo. Já na descrição literária ocorre o predomínio de impressões subjetivas, com vocabulário conotativo. (2008, p. 70) Na produção do discurso jurídico, o profissional do direito deve perceber qual dos tipos de descrição será mais apropriado na redação das peças, pois em alguns momentos Página 112 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO ela deve ser impessoal enquanto em outras precisa de uma força de persuasão, cabendo uma descrição mais subjetiva. Exemplos: Fique registrada a completa inocência do rapaz, que, com 19 anos, é trabalhador e estudante, bom moço, como demonstram os documentos anexos. Os requerentes possuem (...), nesta cidade, uma casa onde residem, e cujo terreno confronta e divide, pelos fundos, com o do Sr. A.S. Características da descrição 1. Frases curtas, com muitas elipses verbais, dando mais impressões do que dizendo ações. 2. Verbos predominantemente no presente e no pretérito imperfeito do indicativo (o imperfeito é o tempo da ação continuada e repetida). 3. Abundância de adjetivação – denotativos ou conotativos -, os adjetivos funcionam como atributos do ser ou da coisa descritos. 4. Vigor nas especificações, procurando captar a essência do objeto descrito. 5. Verbos que designam estados (ser, parecer, ficar, permanecer, continuar, etc). No discurso jurídico, a descrição tema a finalidade de identificar, localizar e qualificar; por isso, o texto descritivo ultrapassa o mero ato de descrever. Assim, em muitas peças processuais, a descrição é empregada para imprimir características específicas à narração, fortalecendo o relato de fatos. Segundo Henriques e Damião (2004), “A descrição é empregada largamente na redação jurídica porque a narrativa dos fatos é tecida por meio da descrição desses fatos, buscando os elementos e pormenores que pintem o quadro, segundo a versão da parte processual.“ (p. 152). Exemplo: Este é o acusado. Um acusado que vem aqui e mente, se Vossas Excelências observarem, hoje ele diz que é casado, consta no outro interrogatório que ele estava separado, procura modificar aquilo que já declarou para o próprio juiz, procurando confundi-lo, procurando inverter pequenos detalhes para se amoldar a uma possível e imaginária tese de defesa. É um elemento perigoso, mesquinho, mesquinho porque, quando de uma discussão com um funcionário, as SAMAE, por uma questão de água, sacou de um revólver e também atirou. Dicas para um bom estilo descritivo Quem escreve deve procurar seguir as seguintes orientações, apontadas por Gold e Segal (2008): 1. escrever de modo vivo, rápido e claro, com parágrafos curtos e concisos. 2. evitar descrições lentas, morosas, próprias de épocas passadas, as quais cansam. 3. ser direto e objetivo. 4. evitar frases frouxas explicativas. 5. não empregar muitas palavras quando poucas bastam. EXERCÍCIOS Página 113 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO 1. (ENADE) A formação da consciência ética, baseada na promoção dos valores éticos, envolve a identificação de alguns conceitos como: “consciência moral”, “senso moral”, “juízo de fato” e “juízo de valor”. A esse respeito, leia os quadros a seguir. Quadro I - Situação Helena está na fila de um banco, quando, de repente, um indivíduo, atrás na fila, se sente mal. Devido à experiência com seu marido cardíaco, tem a impressão de que o homem está tendo um enfarto. Em sua bolsa há uma cartela com medicamento que poderia evitar o perigo de acontecer o pior. Helena pensa: “Não sou médica devo ou não devo medicar o doente? Caso não seja problema cardíaco o que acho difícil ele poderia piorar? Piorando, alguém poderá dizer que foi por minha causa uma curiosa que tem a pretensão de agir como médica. Dou ou não dou o remédio?O que fazer?” Quadro II - Afirmativas 1 - O “senso moral” relaciona-se à maneira como avaliamos nossa situação e a de nossos semelhantes, nosso comportamento, a conduta e a ação de outras pessoas segundo idéias como as de justiça e injustiça, certo e errado. 2 - A “consciência moral” refere-se a avaliações de conduta que nos levam a tomar decisões por nós mesmos, a agir em conformidade com elas e a responder por elas perante os outros. Qual afirmativa e respectiva razão fazem uma associação mais adequada com a situação apresentada? (A) Afirmativa 1- porque o “senso moral” se manifesta como conseqüência da “consciência moral”, que revela sentimentos associados às situações da vida. (B) Afirmativa 1- porque o “senso moral” pressupõe um “juízo de fato”, que é um ato normativo enunciador de normas segundo critérios de correto e incorreto. (C) Afirmativa 1- porque o “senso moral” revela a indignação diante de fatos que julgamos ter feito errado provocando sofrimento alheio. (D) Afirmativa 2- porque a “consciência moral” se manifesta na capacidade de deliberar diante de alternativas possíveis que são avaliadas segundo valores éticos. (E) Afirmativa 2- porque a “consciência moral” indica um “juízo de valor” que define o que as coisas são, como são e por que são. Leia o fragmento para responder às questões 2 a 5: Escola Aberta A definição pela Secretaria de Educação das primeiras cinqüenta escolas que permanecerão abertas durante os fins de semana, a partir do segundo semestre, assegura um duplo ganho para as doze comunidades beneficiadas pela iniciativa. De um lado, amplia as alternativas de cultura e lazer em áreas de altos índices de violência e exclusão social. De outro, aproxima a família dos centros de formação, integração que certamente há de se mostrar positiva para o processo ensino-aprendizagem. Por isso, é importante que o programa seja conduzido com maior seriedade e eficiência, para que venha a favorecer também outros municípios. 2. Analisar os itens abaixo. I – No primeiro período do texto, há duas orações. II – No período “Por isso, é importante que o programa seja conduzido com maior seriedade e eficiência, para que venha a favorecer também outros municípios”, tem-se Página 114 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO uma locução verbal que indica a necessidade de uso de agente da passiva, o que não se confirma na seqüência da frase. III - O primeiro verbo do texto indica uma noção de transitoriedade. Está (ão) CORRETO (S): a) Somente o item I. b) Somente os itens II e III. c) Somente os itens I e II. d) Todos os itens. e) Nenhum item. 3. É CORRETO afirmar sobre o texto acima que: a) apresenta uma um teor trágico, visto que comenta a violência e a exclusão social. b) tem caráter informativo e, por isso, predomina a função referencial da linguagem. c) é poético, pois sua linguagem foge da linguagem cotidiana. d) é descritivo, já que valoriza das imagens que se captam da “escola aberta”. e) é argumentativo, pois visa a defender a idéia de que as escolas devem ficar abertas nos finais de semana. 4. Analisar os itens abaixo. I - As escolas que permanecerão abertas nos fins de semana ampliam as alternativas de cultura e lazer nas áreas onde o nível de violência é elevado. II - É importante que o programa atinja somente comunidades onde há alto nível de exclusão social. III - O processo ensino-aprendizagem será beneficiado pela aproximação e integração da família nos centros de formação. Está (ão) CORRETO (S): a) Somente o item I. b) Somente os itens II e III. c) Somente os itens I e III. d) Todos os itens. e) Nenhum item. 5. Assinalar a alternativa que apresenta sinônimos para as palavras grifadas no texto: a) Revezamentos e mantido. b) Opções e dirigido. c) Maneiras e combinado. d) Formas e medido. e) Possibilidades e conectado. Página 115 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO AULA 11 PROPOSTA DE REDAÇÃO ENADE 2006 Leia com atenção os textos abaixo. Duas das feridas do Brasil de hoje, sobretudo nos grandes centros urbanos, são a banalidade do crime e a violência praticada no trânsito. Ao se clamar por solução, surge a pergunta: de quem é a responsabilidade? São cerca de 50 mil brasileiros assassinados a cada ano, número muito superior ao de civis mortos em países atravessados por guerras. Por que se mata tanto? Por que os governantes não se sensibilizam e só no discurso tratam a segurança como prioridade? Por que recorrer a chavões como endurecer as leis, quando já existe legislação contra a impunidade? Por que deixar tantos jovens morrerem, tantas mães chorarem a falta dos filhos? (O Globo. Caderno Especial. 2 se!. 2006.) Diante de uma tragédia urbana, qualquer reação das pessoas diretamente envolvidas é permitida. Podem sofrer, revoltar-se, chorar, não fazer nada. Cabe a quem está de fora a atitude. Cabe à sociedade perceber que o drama que naquela hora é de três ou cinco famílias é, na verdade, de todos nós. E a nós não é reservado o direito da omissão. Não podemos seguir vendo a vida dos nossos jovens escorrer pelas mãos. Não podemos achar que evoluir é aceitar crianças de 11 anos consumindo bebidas alcoólicas e, mais tarde, juntando esse hábito ao de dirigir, sem a menor noção de responsabilidade. ( ... ) Queremos diálogo com nossos meninos. Queremos campanhas que os alertem. Queremos leis que os protejam. Queremos mantê-Ios no mundo para o qual os trouxemos. Queremos - e precisamos - ficar vivos para que eles fiquem vivos. (O Dia, Caderno Especial. Rio de Janeiro, 10 set. 2006.) Página 116 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Curso de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada Profa. Ms. Luana Teixeira Porto Com base nas idéias contidas nos textos acima, responda à seguinte pergunta, fundamentando o seu ponto de vista com argumentos. Como o Brasil pode enfrentar a violência social e a violência no trânsito? Observações: Seu texto deve ser dissertativo-argumentativo (não deve, portanto, ser escrito em forma de poema ou de narração). O seu ponto de vista deve estar apoiado em argumentos. Seu texto deve ser redigido na modalidade escrita padrão da Língua Portuguesa. O texto deve ter entre 8 e 12 linhas. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Página 117 / 133 AULA 12 As questões de números 1 a 8 referem-se ao texto a seguir. QUAIS SÃO, MESMO, OS AFLUENTES DO AMAZONAS? 1 Há pouco tempo faleceu um dos melhores 2 professores que tive, Alfredo Steinbruch, que 3 lecionava física no Julinho. Lembro muito bem 4 a primeira aula que nos deu, e que foi cercada 5 da maior expectativa: como tinha fama de 6 ralador, todos nós estávamos ansiosos. O 7 professor Alfredo entrou na sala, foi direto 8 para o quadro e escreveu: Calor dilatação. 9 Assim mesmo: calor – flechinha – dilatação. E 10 todos nós imediatamente copiamos: calor – 11 flechinha – dilatação. 12 Ele pousou o giz, olhou-nos e fez uma 13 pergunta que nos deixou a todos perplexos. 14 Perguntou por que havíamos copiado aquilo. 15 Ninguém soube responder. O professor 16 então passou o resto da aula explicando: é 17 mais importante entender do que copiar. 18 Não sei como será a escola no futuro, mas 19 de uma coisa estou seguro: a regra do 20 professor Steinbruch será mais válida do que 21 nunca. Durante muito tempo, ensino foi 22 sinônimo de informação: nomes, datas, 23 batalhas, lugares. Coisas que os alunos 24 copiavam, ou liam nos livros, e memorizavam 25 – porque aquilo caía no exame. Nada mais 26 paradigmático a esse respeito do que a lista 27 de afluentes do Amazonas. Trata-se de um rio 28 longo, e portanto cheio de afluentes. Era 29 preciso recitá-los de memória, os da margem 30 esquerda e os da margem direita. Nós nunca 31 tínhamos ido à Amazônia, nunca tínhamos 32 visto os rios da região, mas sabíamos seus 33 nomes. Por que é um mistério que nunca 34 esclareci. 35 Informação memorizada é algo que, daqui 36 em diante, ficará cada vez mais por conta do 37 computador. Não é preciso lembrar, é preciso 38 saber como acessar. A memória do computa39 dor nos dará todo tipo de informações. 40 O que o computador não nos ensinará é 41 como entender as coisas. E também não nos 42 ensinará o valor das emoções. Nesse binômio, 43 entendimento e emoção, está o objetivo maior 44 da educação. Exemplar, a esse respeito, é o 45 ensino da literatura. A pergunta que, em geral, 46 se faz a respeito de um texto é: o que quis o 47 autor dizer com isso? Pergunta difícil, para a qual Página 118 / 133 48 o próprio escritor muitas vezes não tem resposta. 49 Eu perguntaria ao leitor, em primeiro lugar: o 50 que sentiste lendo esse texto? Em que ele au51 mentou a tua compreensão do mundo, da vida? 52 No futuro, os escolares saberão dos afluentes 53 do Amazonas não recitando os nomes, mas indo 54 até lá, conhecendo como é o lugar, como vivem 55 os habitantes da região. E aí os nomes surgirão 56 naturalmente. A propósito, como se chamam os 57 afluentes da margem direita? (Zero Hora, 26 set. 1999. Revista ZH) 1. Assinale a alternativa cujo teor é INCOMPATÍVEL com as idéias veiculadas pela crônica. a) No texto, é criticado o ensino que visa, basicamente, ao acúmulo de informações memorizadas. b) Entre outras idéias, o texto aponta o computador como o grande mestre do futuro, ao qual caberá a intransferível tarefa de educar gerações. c) O texto é portador da idéia de que o ensino desvinculado da realidade e das vivências do aprendiz, não cumpre seu real objetivo. d) Numa perspectiva otimista e confiante, o comentário de Scliar faz referência a um futuro em que inovações metodológicas tornarão o ensino mais produtivo e eficaz. e) Segundo o texto, é essencial que a educação contemple globalmente o ser, isto é, que o conceba como alguém dotado de inteligência e afetividade. 2. Assinale a alternativa que justifica, adequadamente, a grafia da palavra em negrito. “ Há pouco tempo faleceu um dos melhores professores que tive.” (linhas 1-2) a) Trata-se do verbo “ haver” com o sentido de existir. b) Observa-se um caso em que o “ h” não é pronunciado. c) A expressão “ Há pouco” ocupa a posição inicial da frase. d) O “ Há” informa que se trata de tempo decorrido. e) A expressão “ pouco tempo” não está flexionada. 3. No texto, por uma questão de adequação estrutural e elegância de estilo, alguns pronomes são utilizados em substituição a seus referentes. Assinale a opção que apresenta associação correta entre o pronome e seu referente. a) aquilo (linha 14) uma pergunta (linhas 12- 13) b) los (linha 29) afluentes (linha 28) c) seus (linha 32) nomes (linha 33) d) a qual (linha 47) resposta (linha 48) e) ele (linha 50) o leitor (linha 49) 4. A expressão que pode, no contexto, substituir como tinha fama de ralador (linhas 5-6) é: a) a respeito de ter fama de ralador. b) em virtude de sua fama de ralador. c) ainda que tivesse fama de ralador. d) a despeito de sua fama de ralador. e) mesmo tendo fama de ralador. Página 119 / 133 5. A seqüência de frases Ninguém soube responder. O professor então passou o resto da aula explicando (linhas 15-16) NÃO pode ser adequadamente substituída por a) Ninguém soube responder, por isso o professor passou o resto da aula explicando. b) Ninguém soube responder, de modo que o professor passou o resto da aula explicando. c) Pelo fato de ninguém ter sabido responder, o professor passou o resto da aula explicando. d) Ninguém soube responder, entretanto o professor passou o resto da aula explicando. e) Como ninguém soube responder, o professor passou o resto da aula explicando. 6. A expressão Nada mais paradigmático (linhas 25-26) é, no contexto, equivalente a a) Nada é mais enfatizado. b) Nenhuma idéia é mais relevante. c) Nada é comparável. d) Não há exemplo mais adequado. e) Nenhuma informação memorizada é mais importante. 7. A vírgula usada na linha 52 é empregada para separar: (A) aposto (B) adjunto adverbial deslocado (C) oração adjetiva explicativa (D) vocativo (E) enumeração 8. Na frase “No futuro, os escolares saberão dos afluentes do Amazonas não recitando os nomes, mas indo até lá, conhecendo como é o lugar, como vivem os habitantes da região. “ (linha 52-55), o elemento de coesão “mas” poderia ser substituído sem acarretar mudança de sentido da frase por qual dos termos a seguir? (A) ou (B) assim (C) uma vez que (D) tanto que (E) todavia Página 120 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA JURÍDICA PROFA. MS LUANA TEIXEIRA PORTO 9. Qual das alternativas a seguir apresenta concordância verbal incorreta? (A) Deve haver diversos casos de pedofilia não denunciados à polícia. (B) Vai fazer cinco meses que não o vejo. (C) No último jogo da Seleção, havia torcedores aflitos com medo de uma derrota do time canarinho. (D) Pode haver casos de abuso do poder público em processos de nomeação de concursados. (E) Fazem dois anos que a Dom Alberto iniciou suas atividades. 10. Analise o parágrafo a seguir. Mary Del Priore docente da USP e historiadora pesquisou a história do amor em suas várias formas – na sexualidade nos casamentos nos preconceitos e nas transgressões – desde o Brasil colonial até a liberação sexual dos anos 70. Fuçando em arquivos judiciários e outras fontes a historiadora traçou um panorama do sentimento o que resultou na publicação de um livro História do Amor no Brasil. (adaptado de Época, 12 dez. 2005) O tópico-frasal é construído através de: a) declaração b) divisão c) exemplificação d) interrogação e) n.d.a 11. A redação jurídica serve-se da narração, da descrição e da dissertação. Mas utiliza especialmente a dissertação. Explique por quê. 1. B 2. D 3. B 4. B 5. D 6. D 7. B 8. E 9. E 10. A 11. A redação jurídica serve-se especialmente da dissertação porque o discurso no direito visa ao convencimento e à persuasão, características essenciais do texto dissertativo. Página 121 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto AULA 13 PECADOS DA LÍNGUA Marque qual opção você acha correta e, depois, confira os erros de português que comprometem as pretensões profissionais de qualquer um. A. Espero que ele seja não muito feliz. B. Espero que ele seje muito feliz. A. Ela ficou meia irritada. B. Ela ficou meio irritada. A. Sentou na mesa para comer. B. Sentou à mesa para comer. A. Ela é menor. B. Ela é de menor A. A gente foi embora. B. A gente fomos embora. A. Fazem cinco anos. B. Faz cinco anos. A. Para eu fazer. B. Para mim fazer. A. Vieram menos pessoas. B. Vieram menas pessoas. A. Vou fazer o seu relatório. B. Vou estar fazendo o seu relatório. Página 122 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto Identifique os pecados da língua a seguir e corrija-os: a) Novo ministro abraça a crise da agricultura. b) O clube tem um bom plantel de atlestas. c) O goleiro atacou muito. d) Sempre que saio sem sombrinha, chove. e) O médico tem o dom divino da adivinhação? f) Não de pode comemorar a morte de um ídolo. g) Centenas de pessoas evacuaram do saguão do Hospital. h) Eu sôo muito. i) É uma substância cancerosa. j) Xérox ou Xerox? k) Teleentrega de medicamentos gratuita. Prova de concurso: Leia a tirinha. Página 123 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto (Folha de S.Paulo, 07.12.2008) As lacunas da tirinha devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com (A) mal ... Mas ... este (B) mau ... Mais ... esse (C) mal ... Mais ... este (D) mau ... Mas ... esse (E) mal ... Mas ... aquele 02. Assinale a alternativa correta quanto à flexão verbal. (A) Nossos tios vêm nos visitar no próximo final de semana. (B) Seus pais não vêm com bons olhos o namoro de sua irmã. (C) É preferível que os produtos adquiridos vêm por sedex. (D) Poucos vem passar o Natal aqui nesta pequena cidade. (E) Nossos filhos vem a realidade de forma diversa da nossa. Para responder às questões de números 03 e 04, considere o trecho da carta a seguir. __________, Encaminhamos a _______________ o Relatório Mensal relativo ao Projeto Jovem. Nos empenhamos muito para que toda a comunidade participe efetivamente, valorizando o material humano que, cada vez mais, mostra ter consciência que é importante a integração da escola com todos os segmentos sociais. Contamos com ___________________para que a divulgação e a manutenção do projeto seja prioridade do governo. 03. Assinale a alternativa cujas expressões completam, correta e respectivamente, as lacunas do texto. (A) Seu Prefeito … Sua Senhoria … seu apoio (B) Senhor Prefeito … Sua Magnificência … seu apoio (C) Senhor Prefeito … Vossa Excelência … vosso apoio (D) Doutor Prefeito … Sua Excelência … teu apoio (E) Seu Prefeito … Vossa Magnificência … vosso apoio 04. Analise as informações. I. De acordo com a norma padrão, Nos empenhamos está incorreto, devendo ser substituído por Empenhamo-nos. II. Em ter consciência que é importante deve-se empregar a preposição de, após o substantivo consciência. III. A expressão seja prioridade deve ser corrigida para seja prioridades. Está correto apenas o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) I e III. 05. Assinale a alternativa correta quanto à regência e à crase. Página 124 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto (A) Às nove horas, foi sugerida à suspensão das negociações. (B) Na reunião, houve referências à excessos de documentos extraviados. (C) A conversa entre eles deixou evidente que ele discordava à ela. (D) Os livros do autor foram transformados à doação à bibliotecas. (E) Todos se opuseram à transferência do supervisor do departamento. As questões de números 06 a 09 baseiam-se em trechos do texto Violência nas Escolas, publicado no jornal Folha de S.Paulo, em 20.11.2008. Para cada uma, indique a alternativa em que os termos preenchem, correta e respectivamente, as lacunas. 06. Agora, voltamos a ver um novo caso de violência nas escolas que ganhou amplo espaço na mídia. ______________ cotidianamente outros exemplos, não tão dramáticos, que não são veiculados ou permanecem restritos a jornais locais e rádios comunitárias. As violências físicas e simbólicas estão instaladas, em maior e menor ______________, nas nossas escolas. (A) Vê-se ... intensidade (B) Há ... intencidade (C) Temos ... intensidade (D) Existem ... intencidade (E) Sabem-se ... intencidade 07. __________ políticas públicas claras, programas em execução que enfrentem decididamente o cotidiano de violência nas escolas. Verifica-se grande limitação por parte das autoridades políticas e educacionais para assumir com decisão, coragem e determinação o enfrentamento cuidadoso ________ um problema que está tendo enorme efeito negativo no cotidiano de ensino e aprendizagem de jovens e crianças. (A) Faltam ... de (B) Falta ... com (C) Faltam ... à (D) Falta ... por (E) Faltam ... em 08. Por causa disso, está diminuindo, de forma acelerada e alarmante, tanto para alunos quanto para professores, o desejo de ir ______ escola, que deixa de ser um espaço _______________ . (A) na ... prazeiroso (B) à ... prazeroso (C) a ... prazerozo (D) à ... prazeiroso (E) na ... prazeroso 09. A preocupação parece ser não entender o ____________ desses _______________ níveis de violência dentro do espaço escolar. (A) por que ... bastantes altos (B) por que ... altos (C) porque ... bastante altos (D) por quê ... muito altos (E) porquê ... altíssimos 10. Assinale a alternativa em que o substantivo, flexionado em grau, indica tamanho. (A) — Vamos ter uma palavrinha! – disse a diretora ao aluno baderneiro. (B) Pegou seu caderninho de anotações e foi para a aula. (C) — Eta joguinho sem graça... – resmungou o garoto. (D) Nesta manhã de verão, este solzinho está uma delícia!!! (E) Ela estava uma belezinha vestida de noiva. Página 125 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto 11. Assinale a alternativa cuja frase está em conformidade com o português padrão. (A) Quando se fala no celular, as idéias também sae do lugar? (B) Quando fala-se ao celular, as idéias também saim do lugar? (C) Quando se fala ao celular, as idéias também saem do lugar? (D) Quando fala-se ao celular, as idéias também sai do lugar? (E) Quando fala-se no celular, as idéias também saiem do lugar? As questões de números 12 e 13 baseiam-se no texto. Um dia para reflexão O dia 22 de setembro é uma data que começa, pouco a pouco, a ganhar importância no calendário. Nela, milhões de pessoas em várias cidades do planeta comemoram o Dia Mundial Sem Carro. Essa comemoração é, na verdade, uma grande mobilização, cujo objetivo é criar um processo de reflexão sobre o uso, muitas vezes irracional e desnecessário, dos automóveis. (Mãe Terra, Ano I, N.º 4) 12. Na oração Nela, milhões de pessoas em várias cidades do planeta comemoram..., a palavra Nela está empregada referindo-se ao termo (A) data. (B) importância. (C) cidade. (D) reflexão. (E) comemoração. 13. Assinale a alternativa cuja frase esteja corretamente pontuada. (A) Na verdade, essa comemoração é, uma grande mobilização, para criar um processo de reflexão. (B) Na verdade, essa comemoração, é uma grande mobilização para criar um processo de reflexão. (C) Na verdade essa comemoração, é uma grande mobilização, para criar um processo de reflexão. (D) Na verdade, essa comemoração é uma grande mobilização para criar um processo de reflexão. (E) Na verdade essa comemoração é, uma grande mobilização para criar um processo de reflexão. 14. A natureza não é mãe nem madrasta. Ela é simplesmente indiferente à nossa existência. Passado o pior momento, resta aos catarinenses, com a solidariedade dos demais brasileiros, ecoar a determinação do marquês de Pombal, logo após o terremoto que destruiu Lisboa em 1755: ______________________________ . (Veja, 03.12.2008) Considerando a concordância verbal, a frase que preenche corretamente a lacuna do texto é: (A) Enterre-se os mortos; trate-se dos vivos. (B) Enterrem-se os mortos; trate-se dos vivos. (C) Enterram-se os mortos; tratam-se dos vivos. (D) Enterre-se os mortos; tratem-se dos vivos. (E) Enterra-se os mortos; trata-se dos vivos. 15. Abrir novos horizontes e formar ________________ cada vez mais preparados. Esse é o principal objetivo dos profissionais que ______________ a educação pública estadual no Tocantins. Superando ano ______ ano as metas previstas pelo MEC em avaliações como a Prova Brasil e o IDEB, o Estado do Tocantins investe no planejamento estratégico... (Nova Escola, dezembro de 2008) As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com (A) cidadãos ... fazem ... à (B) cidadões ... faz ... a Página 126 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto (C) cidadãos ... faz ... à (D) cidadões ... fazem ... a (E) cidadãos ... fazem ... a 16. Assinale a alternativa em que todas as palavras estejam corretamente grafadas. (A) Quem quiser, pode explicar o motivo da discussão. (B) Durante a paralização dos ônibus, houve muita confusão. (C) Houve atrazo para o início da solenidade de formatura. (D) Ele sempre quiz trabalhar numa escola perto de casa. (E) Sempre que pode, ele trás suas anotações para estudar. Novo acordo Ortográfico da Língua Portuguesa 1. O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y. Obra kantiana. Em que situações usar as letras incorporadas ao alfabeto? a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt); b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground,windsurf, kungfu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano. 2. Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui. Mas, calma, aguente um pouquinho mais, porque o trema não foi eliminado de todas as palavras!!! Como era Como fica Agüentar Argüir Bilíngüe Cinqüenta Freqüente Seqüestro Tranqüilo Aguentar Arguir Bilíngue Cinquenta Frequente Sequestro tranquilo O trema permanece nas palavras estrangeiras e em suas derivadas. A família Müller se reunirá no próximo sábado. 3. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas: Você tem ideia dessa nova regra? Como era Como fica Página 127 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto Alcatéia apóia (verbo apoiar) apóio (verbo apoiar) bóia colméia Coréia Estréia jibóia alcateia apoia apoio boia colmeia Coreia Estreia jiboia Continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. papéis, herói, heróis, troféu, troféus. 4. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo. Como era Como fica baiúca bocaiúva Cauíla feiúra baiuca bocaiuva cauila feiura Se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí. 5. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s). Como era Como fica abençôo crêem (verbo crer) dêem (verbo dar) dôo (verbo doar) enjôo vêem (verbo ver) vôos abençoo creem deem doo enjoo veem voo 6. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares : pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim. 7. Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Página 128 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do singular. Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros. Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba. Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra. 8. É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Qual é a forma da fôrma do bolo? EXERCÍCIOS: 1. Os pais ___________ a família, cabendo educar os filhos e lhes ensinar os valores nos quais a família e a sociedade ____________. Sendo assim, educadores e psicólogos dificilmente ___________ no processo de formação do adolescente, pois estes já estão sendo preparados pelos pais a conviver em sociedade. a) provêm – creem – intervêm b) provém – crêem – intervém c) provêm – crêem – intervém d) provém – crêem – intervêm e) provêm – crêem – intervêm 2. Sempre que possível eu ___________ o estudante de Direito a realizar petições, pois, se não houver uma contribuição do professor, o discente ___________ de fortalecer o relacionamento interpessoal e com isso _________ que a formação deve ser totalmente autodidata. a) apóio – pára – crê b) apóio – para – crê c) apoio – pára – cre d) apoio – pára – crê e) apoio – para – crê 3. Eles não ________________ em bancos e nós sabemos que vocês não ________ dinheiro para que eles lhes ____________ o aval exigido. a) crêem – têm – dêem b) crêem – têem – dêem c) creem – têm – deem d) crêm – têm – dêm e) crêem – têem – deêm 4. "À luz de seu magnífico ______ -de-sol, ______ parece uma cidade ______” . a) por, Itaguaí, tranquila b) por, Itaguai, tranquila c) por, Itaguaí, tranqüila d) pôr, Itaguaí, tranquila Página 129 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto e) pôr, Itaguai, tranqüila 5. Use pôr, por, para, para, pôde ou pode: a) Você viajou............ o sul? b) .........com essa opressão. c) Vamos.......... as coisas no seu devido lugar! d) Passamos...........muitas dificuldades nessa época. e) Não sei como isso.............. acontecer hoje. f) Ninguém...................trabalhar com aquela confusão de ontem. 6. Use as formas verbais para preencher as lacunas: a) O guarda.....................o assaltante. (deter) b) Os guardas...................o assaltante. (deter) c) O menino.......................o seu peso. (manter) d) Os meninos....................... o seu peso. (manter) e) Os alunos................... os ensinamentos do professor. (reter) f) O aluno......................os ensinamentos do professor. (reter) ENADE 2009 QUESTÃO 01: A urbanização no Brasil registrou marco histórico na década de 1970, quando o número de pessoas que viviam nas cidades ultrapassou o número daquelas que viviam no campo. No início deste século, em 2000, segundo dados do IBGE, mais de 80% da população brasileira já era urbana. Considerando essas informações, estabeleça a relação entre as charges: PORQUE Página 130 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto BARALDI, Márcio. http://www.marciobaraldi.com.br/baraldi2/component/joomgallery/?func=detail&id=178. (Acessado em 5 out. 2009) Com base nas informações dadas e na relação proposta entre essas charges, é CORRETO afirmar que A) a primeira charge é falsa, e a segunda é verdadeira. B) a primeira charge é verdadeira, e a segunda é falsa. C) as duas charges são falsas. D) as duas charges são verdadeiras, e a segunda explica a primeira. E) as duas charges são verdadeiras, mas a segunda não explica a primeira. QUESTÃO 02: Leia o gráfico, em que é mostrada a evolução do número de trabalhadores de 10 a 14 anos, em algumas regiões metropolitanas brasileiras, em dado período: http://www1.folha/uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u85799.shtml, acessado em 2 out. 2009. (Adaptado) Leia a charge: Página 131 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto Há relação entre o que é mostrado no gráfico e na charge? A) Não, pois a faixa etária acima dos 18 anos é aquela responsável pela disseminação da violência urbana nas grandes cidades brasileiras. B) Não, pois o crescimento do número de crianças e adolescentes que trabalham diminui o risco de sua exposição aos perigos da rua. C) Sim, pois ambos se associam ao mesmo contexto de problemas socioeconômicos e culturais vigentes no país. D) Sim, pois o crescimento do trabalho infantil no Brasil faz crescer o número de crianças envolvidas com o crime organizado. E) Ambos abordam temas diferentes e não é possível se estabelecer relação mesmo que indireta entre eles. As questões de números 1 a 7 referem-se ao texto a seguir. QUAIS SÃO, MESMO, OS AFLUENTES DO AMAZONAS? 1 Há pouco tempo faleceu um dos melhores 2 professores que tive, Alfredo Steinbruch, que 3 lecionava física no Julinho. Lembro muito bem 4 a primeira aula que nos deu, e que foi cercada 5 da maior expectativa: como tinha fama de 6 ralador, todos nós estávamos ansiosos. O 7 professor Alfredo entrou na sala, foi direto 8 para o quadro e escreveu: Calor dilatação. 9 Assim mesmo: calor – flechinha – dilatação. E 10 todos nós imediatamente copiamos: calor – 11 flechinha – dilatação. 12 Ele pousou o giz, olhou-nos e fez uma 13 pergunta que nos deixou a todos perplexos. 14 Perguntou por que havíamos copiado aquilo. 15 Ninguém soube responder. O professor 16 então passou o resto da aula explicando: é 17 mais importante entender do que copiar. 18 Não sei como será a escola no futuro, mas 19 de uma coisa estou seguro: a regra do 20 professor Steinbruch será mais válida do que 21 nunca. Durante muito tempo, ensino foi 22 sinônimo de informação: nomes, datas, 23 batalhas, lugares. Coisas que os alunos Página 132 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto 24 copiavam, ou liam nos livros, e memorizavam 25 – porque aquilo caía no exame. Nada mais 26 paradigmático a esse respeito do que a lista 27 de afluentes do Amazonas. Trata-se de um rio 28 longo, e portanto cheio de afluentes. Era 29 preciso recitá-los de memória, os da margem 30 esquerda e os da margem direita. Nós nunca 31 tínhamos ido à Amazônia, nunca tínhamos 32 visto os rios da região, mas sabíamos seus 33 nomes. Por que é um mistério que nunca 34 esclareci. 35 Informação memorizada é algo que, daqui 36 em diante, ficará cada vez mais por conta do 37 computador. Não é preciso lembrar, é preciso 38 saber como acessar. A memória do computa39 dor nos dará todo tipo de informações. 40 O que o computador não nos ensinará é 41 como entender as coisas. E também não nos 42 ensinará o valor das emoções. Nesse binômio, 43 entendimento e emoção, está o objetivo maior 44 da educação. Exemplar, a esse respeito, é o 45 ensino da literatura. A pergunta que, em geral, 46 se faz a respeito de um texto é: o que quis o 47 autor dizer com isso? Pergunta difícil, para a qual 48 o próprio escritor muitas vezes não tem resposta. 49 Eu perguntaria ao leitor, em primeiro lugar: o 50 que sentiste lendo esse texto? Em que ele au51 mentou a tua compreensão do mundo, da vida? 52 No futuro, os escolares saberão dos afluentes 53 do Amazonas não recitando os nomes, mas indo 54 até lá, conhecendo como é o lugar, como vivem 55 os habitantes da região. E aí os nomes surgirão 56 naturalmente. A propósito, como se chamam os 57 afluentes da margem direita? (Zero Hora, 26 set. 1999. Revista ZH) 1. Assinale a alternativa cujo teor é INCOMPATÍVEL com as idéias veiculadas pela crônica. a) No texto, é criticado o ensino que visa, basicamente, ao acúmulo de informações memorizadas. b) Entre outras idéias, o texto aponta o computador como o grande mestre do futuro, ao qual caberá a intransferível tarefa de educar gerações. c) O texto é portador da idéia de que o ensino desvinculado da realidade e das vivências do aprendiz, não cumpre seu real objetivo. d) Numa perspectiva otimista e confiante, o comentário de Scliar faz referência a um futuro em que inovações metodológicas tornarão o ensino mais produtivo e eficaz. e) Segundo o texto, é essencial que a educação contemple globalmente o ser, isto é, que o conceba como alguém dotado de inteligência e afetividade. 2. Assinale a alternativa que justifica, adequadamente, a grafia da palavra em negrito. “ Há pouco tempo faleceu um dos melhores professores que tive.” (linhas 1-2) Página 133 / 133 FACULDADE DOM ALBERTO Cursos de Direito Disciplina de Língua Portuguesa Aplicada ao Direito Profa. Ms. Luana Teixeira Porto a) Trata-se do verbo “ haver” com o sentido de existir. b) Observa-se um caso em que o “ h” não é pronunciado. c) A expressão “ Há pouco” ocupa a posição inicial da frase. d) O “ Há” informa que se trata de tempo decorrido. e) A expressão “ pouco tempo” não está flexionada. 3. No texto, por uma questão de adequação estrutural e elegância de estilo, alguns pronomes são utilizados em substituição a seus referentes. Assinale a opção que apresenta associação correta entre o pronome e seu referente. a) aquilo (linha 14) uma pergunta (linhas 12- 13) b) los (linha 29) afluentes (linha 28) c) seus (linha 32) nomes (linha 33) d) a qual (linha 47) resposta (linha 48) e) ele (linha 50) o leitor (linha 49) 4. A expressão que pode, no contexto, substituir como tinha fama de ralador (linhas 5-6) é: a) a respeito de ter fama de ralador. b) em virtude de sua fama de ralador. c) ainda que tivesse fama de ralador. d) a despeito de sua fama de ralador. e) mesmo tendo fama de ralador. 5. A seqüência de frases Ninguém soube responder. O professor então passou o resto da aula explicando (linhas 15-16) NÃO pode ser adequadamente substituída por a) Ninguém soube responder, por isso o professor passou o resto da aula explicando. b) Ninguém soube responder, de modo que o professor passou o resto da aula explicando. c) Pelo fato de ninguém ter sabido responder, o professor passou o resto da aula explicando. d) Ninguém soube responder, entretanto o professor passou o resto da aula explicando. e) Como ninguém soube responder, o professor passou o resto da aula explicando. >> Volte ao início do teste >> Volte ao início do teste 6. A expressão Nada mais paradigmático (linhas 25-26) é, no contexto, equivalente a a) Nada é mais enfatizado. b) Nenhuma idéia é mais relevante. c) Nada é comparável. d) Não há exemplo mais adequado. e) Nenhuma informação memorizada é mais importante. 7. Sobre as construções abaixo apresentadas, assinale a INCORRETA. a) Na expressão será mais válida do que nunca (linhas 20-21) há o pressuposto de que o método do professor já era válido no passado. b) A forma recitá-los (linha 29) pode ser substituída por que fossem recitados. c) Tem-se em daqui em diante (linhas 35-36) uma referência a lugar. d) A forma verbal se faz (linha 46) pode substituída por é feita. e) Na passagem No futuro, os escolares saberão dos afluentes do Amazonas (linhas 52- 53), são empregados dois recursos lingüísticos para estabelecer referência de tempo.