Projeto de lei aprovado pelo Senado retrocede inclusão e reduz cota para deficientes PL 112 diminui reserva de vagas de 5% para 3% e exclui população com deficiência do mercado de trabalho. 14/03/2013 Depois de mais de 20 anos da Lei de Cotas, o Senado brasileiro aprovou, ontem (13), na íntegra o PL nº 112/2006, que reduz a cota de reservas de vagas nas empresas dos atuais 5% para 3% e, por consequência, amplia a margem de exclusão dos profissionais com deficiência do mercado de trabalho. O projeto ainda adota e legaliza a terceirização de pessoas com deficiência, como parte do cumprimento da cota reserva, e autoriza a compensação da cota revertendo para programas profissionalizantes. A medida favorece o empresariado, que comumente alega falta de profissionais capacitados por não ter interesse em assumir o ônus da inclusão nos seus quadros de trabalho. “Sou a favor dos processos de profissionalização, mas não da forma proposta pelos senadores. Se o ensino público tivesse a capacidade e potencial de realizar essa qualificação, já o teria feito. Os professores de ensino básico, em escolas regulares, públicas ou privadas, sequer sabem preparar o material didático para cada tipo de deficiência”, declara Açucena Calixto Bonanato, presidente do Instituto Pró-Cidadania (IPC), focado na capacitação e recrutamento de profissionais com deficiência para entrada no mercado de trabalho. O último censo demográfico registra uma população de, aproximadamente, 45 milhões de pessoas com deficiência no País, das quais somente 4 milhões encontram-se formalmente empregadas segundo o Ministério do Trabalho, e a disputa dos deficientes por uma vaga no mercado atinge cerca de 15 milhões de brasileiros. O PL nº 112 também legaliza as oficinas protegidas, que mais uma vez deixam as pessoas à margem do convívio social, e reduz a reserva de vagas públicas de 5% para 3%. O Senado ainda aprovou uma emenda ao artigo 93, da Lei nº 8.213/91, que transfere a responsabilidade da contratação de pessoas com deficiência para o simples repasse financeiro para o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). “Esta verba não é comprovada efetivamente como profícua em processos de inclusão social, especialmente para pessoas com deficiência. Sem conhecer a realidade da população brasileira com deficiência, os senadores provocaram enorme retrocesso às mínimas conquistas conseguidas nas duas últimas décadas”, reprova Açucena. “A realidade é cruel: deficiente é como a feira, todo mundo gosta, mas ninguém quer na porta da sua casa”, ironiza a especialista. Sobre o IPC Com 24 anos de atuação, o Instituto Pró-Cidadania é uma organização sem fins lucrativos e sem auxílio do Estado, que tem por finalidade promover gratuitamente a qualificação e o desenvolvimento profissional das pessoas tradicionalmente excluídas da sociedade, especialmente pessoas com deficiência, proporcionando a sua integração e inclusão no mercado de trabalho e, consequentemente, o desenvolvimento econômico e social dessa população. Números do IPC em 2012 12.709 candidatos cadastrados 3.375 pessoas com deficiência incluídas no mercado de trabalho 1.912 pessoas com deficiência capacitadas Assessoria de Comunicação Caractere Comunicação (11) 3885-3172 / [email protected]