PRÊÕSÃTÃCS P/ O ■BOLETIM! GRUPO DE UNIÃO E CONSCIÊNCIA NE6RA NS 0 JULHO/85 CDITORIAI A hitória tradicional conta que n-o Brasil existe uma " Democra^ cia Racial ", um mito criado em função de disfarçar a discrimina ção que se exerce sobre o negro. Se tal " Democracia Racial "exijj tisse, todos teríamos direitos iguais: na escola, no transporte,' na moradia, no trabalho, etc.., e os negros, como tais, não se- riam marginalizados na sociedade. 0 que existe é uma falsa idéia de " Democracia Racial " que es^ tá sendo desmascarada. 0 povo começa a perceber que ela é irreal. Somos parte de um sistema onde a minoria dominante vive a custa ' da exploração do trabalho da maioria do povo brasileiro. Sistema1 que explora, marginaliza, procura silenciar os oprimidos pela vio lência e opressão. A questão que se coloca é diante deste trabalho de conscientização, levar esse conhecimento a respeito de tudo o que aconteceu e acontece. Tudo isso deve ser cobrado pelo povo brasileiro, para que diante de todas as lutas, venham a contribuir para uma transformação. Negros denunciam discriminação racial em restaurante da zona Sul Todos entraram e fizeram o pedido. Folha Emergência Os secretários administrativos Fá- Passados cerca cie quinze minutos, o bio Roberto Ferreira, 28, e Moisés mesmo garçom dingiu-se a Moisés Basüio Leal, 24, registraram queixa dizendo que um amigo queria lhe no 26° Distrito Policial (SacomS, falar fora do restaurante. Moisés zçna Sul da Capital) dizendo ter disse que não era possível e o garçom sofrido discriminação racial no resr . falou que ele teria que se identificar à taurante Bacalhau do Porto, à rua polícia. Saíram oá quatro e os Professor Vilalva Júnior, 34p,'Moinho ■policiais militares Rubens e Lins, da viatura 302, informaram que.foram Velho, zona Sul daddade.. ' ■ '■ .'• Segundo Fábio e Moisés, que traba- chamados por causa de dois suspeilham na Central Pastoral Vergueiro tos. Inconformados, os amigos pres(entidade'que atua com a Igreja na taram queixa no 26° DP. Segundo o proprietário do Bacaeducação popular), eles se dirigiram ao restaurante às 22h do último dia Ihau-do Porto, Sérgio Quaglia, que 15, acompanhados do casal Aldo afirmou náo estar no restaurante na Escobar e Luíza Mafalda Peixoto, hora do fato, "o procedimento deles brancos, que entraram em primeiro nfio era bom. Estavam mal vestidos, lugar no restaurante. Em seguida, i com cabelos compridos è falava^n sempre de acordo com eles, o garçom mal de portugueses. Alguns freguequis fechar a porta, mas Aldo ses já queriam Ir embera e, como explicou que os quatro estavam tinham aparência suspeita e já fomos assaltados três vezes, o garçom juntos. chamou a policia". Sérgio Quaglia disse aue em seu restaurante não é proibiaa a entrada de "gente de cor". De acordo com o delegado assistente do 26° DP, José Gnecco, 48, que instaurou o inquérito, "se for caracterizada a contravenção depois de ouvirmos vítimas, testemunhas e o pessoal do restaurante, farei um processo contravencional e o encaminharei à Justiça". Para o advogado José Venerando da Silveira, 35, coordenador da Subcomissão do Negro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, que acompanha o caso, "esse tipo de coisa ocorre Iodas os dias mas as pessoas não prestam queixa para não se humilhar ainda mais. Eu náo lenho conhecimento de nenhuma pessoa no Brasil que tenha sido condenada por discriminação' _ y n o 03 i I H 01 tt o r x a» o m co M O S" » & oo ■é-fH&r W mm %»mmtm Num primeiro instante, os questionamentos são viviüos como revolta. Depois é que surge uma necessidade de busca. Vem a consciência das situações racistas adotadas pelos setores sociais econômicos, e religiosos, estrategicamente planejadas, políticos jogando os negros cada vez à margem. A descoberta do "eu" negro ajuda tina na consciência, a aceitação do outro. Há uma cor e essa cortina deve ser aberta. É preciso perceber a importância do geral uas coisas e caminhar com mais firmeza, realidade. no dia a dia. ' É preciso coragem para enfrentar a A opressão é tão grande, que impede a união. ' A força está dentro de tudo isso. Tudo acontece a partir do momento em que assumimos a nossa negntu de, as nossas raízes históricas. Reassumindo a nossa negritude, a r\os_ sa identidade de negro afro-brasileiros nos sentimos gente com capaci dade igual a qualquer outra raça. Um povo que perde a sua memória, Nesta descoberta, mo negro, começamos a ver o branco como branco, com seus valores próprios. levar aos outros essa libertação, identidade. dade A vira massa de qualquer explorador o negro co Sentimos a responsabilidade de ' começando pela busca da própria ' Os grandes questionamentos aumentam em nós a responsabili urmm ARINM Hoje temos A LEI AFONSO ARINOS, dian- policial, nunca chega a conclusão judi-' te de toda uma situação que diz que no ' ciai. As leis em favor dos negros nunca Brasil existe uma "Democracia racial" a aconteceram, na verdade foram leis fei-' classe dominante se contradiz quando ' tas em favor dos senhores de escravos. criou a Lei Afonso Arinos. Criada em 03 de junho de 1.951, Nfll.390/51, coibe a discriminação de cor, raça e religião. As leis foram feitas através das situ ações existentes da época. Não havendo ' Dando aos discriminadores penas leves estas leis era um perigo para a classe' que vão desde as prisões simples de 15 ' dominante, pois sem as leis perderiam dias a um ano ( antes de proteger os dis seus poderes. Para um sistema, as leis ' criminados ela acaba punindo o mesmo ).' criadas nunca beneficiam, elas oprimem. Ela só funciona até a fase de inquérito E nunca serão leis que libertam. BOLETIM INFORMATIVO qrupos de base poderão enviar notícias em geral ao Tijolo TECA j.7.14 455 3444. AcTedltamos no seu apoio, e no apoio de todos os ' marginalizados. Favor questionar, criticar e ajudar '