Estilha está a ser paga a 210 dias, contra os anteriores 60 Page 1 of 1 Imprimir Fechar Estilha está a ser paga a 210 dias, contra os anteriores 60 por Margarida Bon de Sousa, Publicado em 20 de Setembro de 2011 Produtores e transformadores admitem deixar de produzir este derivado da madeira porque o gasóleo utilizado pelas máquinas e as jornas dos trabalhadores são pagas ao dia A estilha, um derivado da madeira utilizado em conglomerados, está a ser paga a 210 dias, contra os 60 de há três meses. Os principais compradores deste produto em Portugal são a Portucel e a Sonae Indústria. O desfasamento temporal entre as entregas do material e os pagamentos está a criar um problema crescente aos produtores e aos transformadores, que têm de pagar o gasóleo e a jorna aos trabalhadores que fazem a recolha e a transformação da madeira. Oficialmente, e pelo lado da produção, ninguém quis falar ao i, com medo das repercussões da denúncia, mas uma fonte ligada ao processo garantiu a passagem dos 60 e 90 dias nos últimos três meses e foi mesmo mais longe, ao sugerir que houve uma concertação entre os dois compradores para a dilatação do prazo dos pagamentos. Até à hora de fecho desta edição não foi possível falar com a Portucel. Quanto à Sonae Indústria, desmente esta informação, mantendo que está a pagar a estilha a 60 dias. O grupo Portucel/Soporcel cresceu 12,6% em vendas totais entre o primeiro semestre de 2010 e o primeiro semestre de 2011, de 657,1 para 739,6. O EBITDA também melhorou 11,8% no mesmo período, embora os resultados operacionais tenham decrescido 0,4%, de 125,8 milhões de euros para 125,3. A Sonae Indústria é um dos maiores produtores mundiais de painéis derivados de madeira. A sua gama de produtos abrange os aglomerado de partículas de madeira, o MDF (Medium Density Fibreboard), os aglomerados de fibras duros, o OSB (Oriented Strand Board);e os produtos e serviços de valor acrescentado - componentes, soluções e sistemas para as indústrias de mobiliário, construção, decoração e para o sector de bricolage. A empresa produz ainda laminados decorativos de alta pressão e produtos químicos (formaldeído, resinas à base de formaldeído e papéis impregnados). No segundo trimestre deste ano, e apesar de a gestão do fundo de maneio continuar a ser uma das prioridades da empresa, houve um aumento de 22 milhões de euros, consequência de um volume de vendas superior e a constituição de stocks para as paragens anuais. No entanto, a dívida líquida manteve-se estável, em 728 milhões de euros. A Sonae indústria contraiu em Julho um financiamento de 81 milhões de dólares canadianos na Tafisa Canadá, com vista a diversificar as fontes de financiamento e a adaptar o perfil de amortização da dívida à geração de cash flow esperado. Comparando o primeiro semestre de 2011 com período homólogo de 2010, o volume de negócios aumentou 7%, de 659 para 708 milhões de euros, e a margem do EBITDA recuperou 3 pontos percentuais, alcançando 7%. Estimular a produção Ontem na Conferência Internacional da Floresta organizada pela Portucel Soporcel, a ministra da Agricultura defendeu que é necessário "criar estímulos" para incentivar o aumento das propriedades agrícolas e florestais e admitiu penalizar fiscalmente quem deixar as terras abandonadas. Assunção Cristas salientou ainda que é necessário "aumentar as parcelas para haver uma forma mais profissional de gestão" das florestas. Nesse sentido, acrescentou, "são necessários estímulos fiscais para que as pessoas possam ir agregando as propriedades e fazer uma gestão colectiva" dos terrenos florestais. Outro dos oradores no evento, Pedro Queiroz Pereira, presidente da Portucel, defendeu que a subsidiação do eucalipto permitiria estimular a plantação deste tipo de floresta, contribuindo para minimizar a falta de matéria-prima da indústria de celulose. O empresário lembrou que existe um "défice crónico" de madeira e afirmou que, se a área florestal aumentasse, seria também possível aumentar as exportações de "um sector que contribui de forma muito significativa para a balança comercial". À margem da conferência, o presidente da Portucel lamentou que continue a haver "um estigma" contra o eucalipto, que não tem fundamento na realidade, e sugeriu que a subsidiação desta árvore poderia ajudar a indústria da celulose a aumentar a sua capacidade de produção, constituindo um incentivo ao aproveitamento florestal. "Seria uma forma de estimular os investidores privados a plantar eucalipto", defendeu. Imprimir http://www.ionline.pt/interior/index.php?p=news-print&idNota=150506 Fechar 20-09-2011