280 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 5, NO. 5, SEPTEMBER 2007 Eficiência da Transmissão de Dados em Sistemas de Comunicação sem fio CDMA usando Estratégias de Correção de erro RLP e FEC na Camada de Enlace Gonzalo Olmedo Cifuentes, Celso de Almeida e Renato Baldini Filho Resumo--Neste artigo são obtidos a vazão de dados e o atraso médio normalizados para a camada de transporte no enlace reverso de um sistema CDMA constituído por múltiplas células. Na camada de transporte é usado o modelo do Protocolo de Controle de Transmissão (TCP) com controle de erro por retransmissões consecutivas. São analisadas e comparadas três estratégias de controle de erros na camada de enlace. A primeira é baseada no protocolo de enlace de rádio (RLP), que divide um pacote TCP em blocos menores para serem enviados pelo canal e usa detecção de erros para proteger os blocos RLP. A segunda estratégia usa códigos corretores de erro (FEC) na camada de enlace. Para esta estratégia são comparados dois tipos de codificadores: convolucionais e turbo. É considerado um canal seletivo em freqüência com desvanecimento Rayleigh e sombreamento lognormal além de erro no controle de potência. Palavras-Chave--CDMA, Vazão de Dados, Atraso Médio, TCP, ARQ, RLP, FEC, códigos convolucionais e códigos turbo. A I. INTRODUÇÃO Tecnologia de comunicações sem fio para sistemas celulares digitais tem sido aprimorada nos últimos anos com a finalidade de alcançar plenamente os objetivos da terceira geração. Um dos quesitos mais importantes é o de permitir os serviços de comunicação de internet, dados e multimídia, que requerem alta vazão de dados, em comparação com os serviços de voz. A internet é baseada na arquitetura TCP/IP (Transport Control Protocol/Internet Protocol) e foi projetada para ser usada em redes fixas, onde a taxa de erro de bits é muito baixa e o congestionamento é a principal causa de perdas de pacotes. As características do canal de comunicações sem fio são de uma alta taxa de erro de bits e como conseqüência uma alta perda de pacotes. Ao ser usado diretamente, o protocolo TCP associa esse problema ao congestionamento, havendo desse modo, uma degradação significativa da vazão de dados. Uma alternativa para melhorar o desempenho do protocolo TCP em sistemas de comunicações sem fio é diminuir a taxa de erro de pacotes por meio de métodos de controle e correção de erro na camada de enlace. Neste artigo, vamos analisar três métodos de controle de erros: ARQ (Automatic Repeat Request), FEC (Forward Error Control) e um método híbrido formado pela combinação dos dois anteriores (FEC/ARQ). Na camada de enlace de dados, a técnica ARQ é encarregada do controle de erro por meio da retransmissão de pacotes de pequeno comprimento, reduzindo a perda de pacotes e melhorando assim o desempenho do sistema. Atualmente, os modelos ARQ propostos nos padrões de terceira geração são utilizados no protocolo RLP (Radio Link Protocol) especificado pela norma IS-707 [1] e RLC (Radio Link Control) [2] para CDMA2000 e WCDMA, respectivamente. Neste artigo, é suposta a transmissão de dados de um terminal móvel para um servidor localizado na estação-rádiobase (ERB). Assim, o enlace reverso de um sistema CDMA é analisado. Assumem-se múltiplas células e o uso de modulação BPSK. Na camada de transporte, é usado o modelo de controle de transmissão apresentado em [3] e [4], que realiza a retransmissão sucessiva dos pacotes TCP errados até que estes sejam recebidos corretamente. A vazão de dados e o atraso médio em função do carregamento do sistema CDMA são obtidos, considerando-se três estratégias de controle de erro na camada de enlace de dados: RLP, FEC e o método híbrido FEC/RLP. Na segunda e terceira estratégias é analisado o desempenho do sistema, para os codificadores convolucionais e turbo, especificados pelo padrão CDMA2000 [5]. O canal considerado é seletivo em freqüência com desvanecimento do tipo Rayleigh. Além disso, um sombreamento lognormal do sinal transmitido, perda de percurso exponencial e erro no controle de potência também são considerados. Este artigo é organizado da seguinte maneira. Na seção II, são descritas as três estratégias de controle de erro. Na seção III, são apresentados os codificadores FEC usados no padrão CDMA2000. A seção IV apresenta as principais características do sistema CDMA proposto. O atraso médio e a vazão de dados para o protocolo TCP são calculados nas seções V e VI, respectivamente. Finalmente, os resultados e conclusões são apresentados nas seções VII e VIII, respectivamente. II. ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DE ERRO Gonzalo Olmedo Cifuentes, Celso de Almeida e Renato Baldini Filho¸ Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação, UNICAMP, Campinas, Brasil e Departamento de Elétrica e Eletrônica, Escuela Politécnica del Ejército, ESPE, Quito, Equador, E-mails: [email protected], [email protected], [email protected]. Para todas as estratégias, considera-se que a camada TCP usa um tamanho de pacote MSS (maximum segment size) constante de NTCP bits, constituído por ITCP bits de informação e HTCP bits de cabeçalho. Para a análise do sistema, a camada OLMEDO et al.: DATA TRANSMISSION EFFICIENCY 281 TCP é modelada como um código de bloco com taxa de codificação: τ TCP = ITCP I = TCP , H TCP + ITCP NTCP (1) camadas TCP e RLP, não são representativos e, portanto, não são considerados na avaliação do desempenho total do sistema. ou seja, os bits de endereçamento e de paridade do cabeçalho são considerados como redundância do código, sem perda de generalidade. Para enviar um arquivo de uma aplicação de Narq bits são requeridos nTCP pacotes TCP, onde: ⎡N ⎤ nTCP = ⎢ arq ⎥, ⎢ ITCP ⎥ (2) onde ⎡x⎤ representa o menor inteiro maior ou igual a x. A primeira estratégia é ilustrada na Fig. 1. Os NTCP bits do protocolo TCP são particionados em nRLP blocos do protocolo RLP de comprimento NRLP bits, constituídos por IRLP bits de informação e HRLP bits de cabeçalho, onde: ⎡N ⎤ nRLP = ⎢ TCP ⎥. ⎢ I RLP ⎥ Fig. 1. Estratégia 1: Pilha de protocolos usando o protocolo RLP na interface do ar. (3) Para a análise do sistema, a camada RLP também é considerada como um código de bloco com taxa de codificação: τ RLP = I RLP I = RLP . H RLP + I RLP N RLP (4) No modelo de controle de erros na camada RLP, consideramos a retransmissão dos blocos RLP errados somente após o término da transmissão do pacote TCP completo. Respeitando o número máximo permitido de retransmissões na camada RLP, se depois da primeira retransmissão existirem ainda blocos com erro, estes serão retransmitidos novamente, e assim sucessivamente. Se o número máximo de retransmissões dos blocos RLP for alcançado e ainda tiverem pacotes RLP errados, então é solicitada a retransmissão de todo o pacote TCP [3], [4]. O protocolo RLP é comandado só por NAKs (mensagem que indica erro ou perda do pacote transmitido, "negative acknowledgement"), ou seja, o receptor não envia respostas de confirmação, somente a requisição de re-transmissão de blocos de dados que não foram recebidos com sucesso, ou foram perdidos. A segunda estratégia, que é ilustrada na Fig. 2, usa códigos corretores de erro na camada de enlace de rádio. Neste trabalho, consideraremos códigos convolucionais e turbo. A terceira estratégia, ilustrada na Fig. 3, é uma estratégia híbrida, ou seja, uma combinação das duas anteriores, em que os NTCP bits provenientes da camada TCP são particionados em nRLP blocos RLP e cada bloco RLP é codificado antes de ser transmitido. Para as três estratégias, a camada Interface representa todos os protocolos usados entre a camada de transporte e a camada de enlace de dados. Esses protocolos geram um pequeno incremento nos bits de cabeçalho, que, quando comparados com o tamanho total de bits de cabeçalho adicionados pelas Fig. 2. Estratégia 2: Pilha de protocolos usando FEC na interface do ar. Fig. 3. Estratégia 3: Pilha de protocolos usando o método híbrido FEC/RLP na interface do ar. III. CODIFICADORES FEC PARA CDMA2000 Tanto para o enlace reverso como para o enlace direto, os codificadores convolucionais especificados no padrão CDMA2000 possuem comprimento de restrição K = 9 e taxas de codificação rc=1/2, 1/3 e 1/4. Os polinômios geradores para esses codificadores são dados em notação octal na Tab. I. No processo de decodificação, é utilizado o algoritmo de Viterbi com decisão suave [6]. TABELA I CÓDIGOS CONVOLUCIONAIS USADOS NO PADRÃO CDMA2000. Taxa de Comprimento Vetores geradores código de restrição dfree rc k 1/2 1/3 1/4 9 12 18 24 g(0) g(1) g(2) g(3) 753 557 765 561 663 671 711 513 473 282 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 5, NO. 5, SEPTEMBER 2007 Para o enlace reverso, o codificador turbo especificado no padrão CDMA2000 usa dois codificadores convolucionais recursivos sistemáticos (CRS) idênticos de taxa rCRS=1/3 concatenados em paralelo, com um entrelaçador antes do segundo codificador CRS. A matriz geradora que define as saídas de cada codificador CRS é dada por: ⎡ 1 + D + D3 1 + D + D 2 + D3 ⎤ G ( D) = ⎢1, , 2 3 1 + D 2 + D 3 ⎥⎦ ⎣ 1+ D + D IV. MODELO DO SISTEMA CDMA A análise de desempenho é feita no enlace reverso de uma célula escolhida, dentro de uma estrutura multicelular, denominada célula alvo, onde é suposto um servidor na ERB, que se encontra recebendo os dados de informação de um determinado usuário, denominado usuário alvo. Os usuários situados no interior da célula alvo são controlados pela ERB situada no centro dessa célula. A ERB procura compensar a perda de percurso exponencial mediante um mecanismo de controle de potência. O mecanismo de controle de potência é não ideal, sendo modelado por uma variável lognormal com função densidade de probabilidade dada por: p (λ ) = 1 2π σ λ λ e ⎞ ⎟⎟ ⎠ 2 , (6) onde μλ e σλ são a média e o desvio padrão logarítmicos, respectivamente. A média e o desvio padrão em dB podem ser calculados facilmente por meio de: μλ,dB =(10μλ)/(ln 10) e σλ,dB =(10σλ)/(ln 10), respectivamente. Tipicamente, o erro no controle de potência é caraterizado por μλ,dB = 0 dB e σλ,dB = 1 dB. O valor do erro quadrático médio no controle de potência 2 probabilidade é: (5) ou G = [1,15/13,17/13] em notação octal. Para o codificador turbo, o padrão CDMA2000 define taxas de codificação rc=1/2, 1/3 ou 1/4, obtidas pelo puncionamento das saídas dos codificadores CRSs [5]. Para esse tipo de código, é usado o processo de decodificação iterativo, baseado no algoritmo BCJR [7], considerando-se as características do canal de comunicação proposto neste artigo. 1 ⎛ ln (λ )− μ λ − ⎜⎜ σλ 2⎝ do canal transmitido é assumida muito maior que a largura de banda de coerência do canal, e desse modo tem-se L>1 componentes de múltiplos percursos resolvíveis. Um receptor do tipo Rake [6] é usado na ERB com o objetivo de coletar a energia dos L percursos. O desvanecimento é modelado como uma variável aleatória Rayleigh, al, com parâmetro σ al , cuja função densidade de é dado por λ2 = e 2σ λ [9]. Os usuários controlados por uma ERB diferente da ERB da célula alvo apresentam além do erro no mecanismo de potência, um sombreamento lognormal. Além disso, os usuários são controlados pela ERB que apresentar maior nível de potência recebida e não necessariamente pela ERB mais próxima. A interferência média produzida pelas outras células, normalizada pelo número de usuários N por célula é mI/N≈0,89 para 18 células, usando o desvio padrão do sombreamento lognormal σs,dB = 8 dB e expoente de perda de percurso ζ=4 [9]. O canal é seletivo em freqüência, pois a largura de banda pal (al ) = − al σ 2 al e a l2 2σ a2l , (7) com valor médio e valor quadrático médio dados por al = π / 2σ a e al2 = 2σ a2 , respectivamente. l l Considerando que o sistema CDMA usa modulação BPSK, a probabilidade de erro média por bit codificado é dada por [10]: Pbc = E λ [Pbc (e | λ )] = ∫ ∞ 0 Pbc (e | λ ) pλ (λ )dλ , (8) onde Pbc é a probabilidade de erro média por bit codificado condicionada ao erro de controle de potência, dada por [6]: Pbc (e | λ ) = Ea [Pbc (e | a )], ⎛1− v ⎞ Pbc (e | λ ) = ⎜ ⎟ ⎝ 2 ⎠ L L −1 i ⎛ L −1 + i ⎞⎛1 + v ⎞ ⎜⎜ ⎟⎟ ⎜ ⎟, ∑ i i =0 ⎝ ⎠⎝ 2 ⎠ (9) onde v= E a [γ bc ] , E a [γ bc ] + L (10) e 2 Ea [γ bc ] = λ2e −2σ λ rcod 2 ⎛⎜ N − 1 mI ⎞⎟ ⎛ Eb ⎞ ⎟ +⎜ + G p ⎟⎠ ⎜⎝ N 0 ⎟⎠ 3 ⎜⎝ G p −1 , (11) onde Eb/N0 e γbc representam a relação sinal-ruído e a relação sinal-ruído-mais-interferência por bit codificado (SINR), respectivamente. Gp=Rc/Rb, é o ganho de processamento, onde Rc é a taxa de chips e Rb a taxa de bits da camada de aplicação. rcod representa a taxa de codificação total do conjunto de codificadores definidos para TCP, RLP e FEC, dependendo da estratégia usada, conforme mostra a Tab. II. A variável L a = ∑ al2 é uma variável aleatória chi-quadrada central com l =1 função densidade de probabilidade dada por: aL pa ( a ) = − 1 a L −1e a , L (L − 1) !(a / L ) (12) onde a = Lal2 é a média de a. V. ATRASO MÉDIO DE PACOTES TCP Considerando que o controle de erro na camada TCP usa retransmissões consecutivas, o atraso de pacotes TCP pode ser OLMEDO et al.: DATA TRANSMISSION EFFICIENCY 283 modelado como uma variável aleatória geométrica, onde o atraso médio de pacotes TCP é dado por [4]: τ TCP = TTCP , 1 − Ppa cot e,TCP (13) sendo Ppacote,TCP a probabilidade de se errar um pacote TCP, e TTCP o tempo gasto para se transmitir um pacote TCP com sucesso. A. Estratégia 1 Na primeira estratégia, o valor de TTCP depende da probabilidade de erro de bloco RLP, Pbloco,RLP, e do número máximo de retransmissões, r, usado na camada RLP, sendo dado por: TTCP r +1 1 − Pbloco , RLP = τ TCP , min , 1 − Pbloco , RLP (14) onde τTCP,min é o menor intervalo de tempo em que um pacote TCP pode ser transmitido corretamente: τ TCP , min I = TCP + τ p , Rb (15) e τp é o tempo de propagação. Se na camada RLP forem realizadas no máximo r retransmissões, Ppacote,TCP pode ser calculada por [4]: Ppa cot e ,TCP = ⎛ nRLP ⎞ j0 ⎟⎟ Pbloco , RLP (1 − Pbloco , RLP )n RLP − j0 × j 0 =1⎝ j0 ⎠ j0 ⎛ j ⎞ j1 j 0 − j1 × ∑ ⎜⎜ 0 ⎟⎟ Pbloco × ... , RLP (1 − Pbloco , RLP ) j1 =1⎝ j1 ⎠ j r −1 ⎛ j ⎞ jr j r −1 − j r × ∑ ⎜⎜ r −1 ⎟⎟ Pbloco . , RLP (1 − Pbloco , RLP ) j r =1⎝ jr ⎠ n RLP ∑ ⎜⎜ (16) Usando (14) em (13) e normalizando pelo tempo mínimo τTCP,min, obtém-se o atraso médio de TCP normalizado como: τ TCP N r +1 1 − Pbloco , RLP . = (1 − Pbloco, RLP )(1 − Ppa cot e,TCP ) (17) O termo Pbloco,RLP depende, entre outros fatores, da velocidade do móvel vM. Para uma alta velocidade, a amplitude do desvanecimento é descorrelacionada a cada símbolo. Assim, a probabilidade de erro Pbloco,RLP pode ser calculada por: Pbloco, RLP = 1 − (1 − Pbc ) N RLP , (18) onde Pbc é a probabilidade de erro por bit codificado, obtida em (8). Se o sistema opera com baixíssima velocidade, considerarmos a amplitude do desvanecimento constante para todos os bits do bloco. Assim: ∞ ∞ Pbloco , RLP = ⎧ 1 − [1 − P (e a, λ )] nRLP ⎫ dadλ . ⎬ bc ∫ ∫ ⎨⎩ ⎭ − ∞− ∞ (19) TABELA II TAXA DE CODIFICAÇÃO rcod PARA AS TRÊS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DE ERRO. Estratégia de controle de erro 1 RLP 2 FEC 3 FEC/RLP rcod rTCP rRLP rTCP rc rTCP rRLP rc B. Estratégia 2 Para a segunda estratégia, o valor de TTCP é dado por: TTCP = τ TCP ,min = I TCP + τ p + τ dec , Rb (20) onde τdec é o intervalo de tempo usado no processo de decodificação. Usando (13) e normalizando pelo tempo mínimo τTCP,min, obtém-se o atraso médio de TCP normalizado como: τ TCP = N 1 1 − Ppa cot e ,TCP (21) , onde o valor de Ppacote,TCP depende do tipo de codificador usado. Com o objetivo de que os algoritmos de decodificação convolucional e turbo usados nesta e na próxima estratégia garantam maior capacidade de correção de erro, é considerado no transmissor e no receptor um entrelaçador e um desentrelaçador, respectivamente, com característica totalmente aleatória e de profundidade infinita. Nesses casos, o desvanecimento no canal pode ser considerado não correlacionado entre os bits, independentemente da velocidade do móvel. Quando é usada codificação turbo, Ppacote,TCP é obtida por simulação usando o algoritmo de decodificação BCJR [7],[8], visto que as expressões analíticas obtidas para um alto carregamento do sistema não são precisas. Para codificação convolucional, considerando-se um desvanecimento não correlacionado entre os bits, a probabilidade de erro de pacote TCP é dada por: Ppa cot e,TCP = 1 − (1 − Pb ) N TCP , (22) onde Pb é a probabilidade de erro de bit obtida após a decodificação por meio do algoritmo de Viterbi com decisão suave e é limitada superiormente por [6]: Pb = 1 kc ∞ ∑ β P (d ), d = d free d b (23) onde kc é o número de entradas do codificador, βd são os pesos do codificador, e seus valores podem ser obtidos em [11]. O valor de Pb(d) é determinado pela probabilidade de se selecionar uma seqüência-código incorreta, que difere da seqüência-código correta em d posições, sendo dada por [6]: 284 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 5, NO. 5, SEPTEMBER 2007 d −1 d − 1 + k ⎛ ⎞ k ⎟⎟(1 − Pbc ) , Pb (d ) = Pbcd ∑ ⎜⎜ k k =0 ⎝ ⎠ (24) onde o valor de Pbc é dada por (8). C. Estratégia 3 Para esta estratégia pode-se mostrar facilmente que o atraso médio normalizado de pacotes TCP é dado pela expressão (17), onde o valor de Ppacote,TCP é dado por (16), e Pbloco,RLP depende do tipo de codificador usado. Quando é usada codificação turbo, Pblocoe,RLP é obtida por simulação usando o algoritmo de decodificação BCJR. Para codificação convolucional, considerando um desvanecimento não-correlacionado entre os bits, a probabilidade de erro de bloco RLP é dada por: Pbloco , RLP = 1 − (1 − Pb ) N RLP , (25) onde Pb é dada por (23). VI. VAZÃO DE DADOS A vazão de dados para o protocolo TCP, ηTCP, é definida como a taxa de bits de informação recebidos com sucesso na camada TCP e é dada pela relação entre o número total de bits de informação recebidos com sucesso e o tempo total usado na transmissão. Para o modelo de TCP usado foi demostrado em [8] que existe uma relação inversamente proporcional entre o atraso médio normalizado pelo tempo mínimo em que o pacote TCP pode ser transmitido e a vazão de dados normalizada pela taxa de informação Rb. Assim a expressão da vazão normalizada para o protocolo TCP é dada por [8]: ηTCP N = ηTCP Rb = 1 τ TCP . (26) N VII. RESULTADOS Nesta seção são apresentados somente os resultados da vazão de dados normalizada para o protocolo TCP, já que o comportamento do atraso médio normalizado pode ser facilmente obtido, conforme apresentado na seção anterior. No intuito de se fazer uma comparação justa para as três estratégias, todos os resultados foram obtidos considerando-se o ganho de processamento do sinal de informação Gp constante. Para a decodificação turbo, na segunda e terceira estratégias foram usadas três iterações no algoritmo BCJR. Isso se deve ao fato de que para esse número de iterações, o tempo total de decodificação é similar ao tempo gasto pelo algoritmo de Viterbi, usado no processo de decodificação convolucional [12]. Os resultados foram obtidos usando-se os parâmetros dados na Tab. III e foram avaliados em função do carregamento do sistema, definido como: (N-1)/Gp. Para a camada TCP, é considerado o formato de cabeçalho TCP/IP comprimido dado em [13]. Na camada RLP é considerado um máximo de 3 retransmissões, pois para um número maior de retransmissões não se obtém um aumento significativo no desempenho do sistema [3],[4]. TABELA III PARÂMETROS DO SISTEMA ANALISADO. Parâmetro Valor Parâmetro L 3 NTCP Eb/N0 20 dB ITCP 4 HTCP ζ 8 dB NRLP σs,dB mI /N 0,89 IRLP 1 dB HRLP σλ,dB Gp 128 Narq Rb 9.600 bits/s nRLP Carregamento (N-1)/Gp nTCP Valor 4.312 bits 4.288 bits 24 bits 192 bits 160 bits 32 bits 30 kbytes 27 blocos 56 pacotes A Fig. 4 apresenta as curvas da vazão normalizada de dados para o protocolo TCP em função do carregamento do sistema, usando a primeira estratégia. São mostrados os resultados, tanto para baixa (a) como para alta velocidade (b), parametrizadas pelo número de retransmissões na camada RLP. Os resultados foram obtidos por meio de expressões analíticas e simulação. Para a simulação, foi usado o modelo de Jakes [14], com freqüência de portadora de fc=2 GHz e velocidades do móvel vM=1 e 100 km/h. Na Fig. 4, pode-se observar que o controle de erro da camada RLP vai melhorando com o número de retransmissões, incrementando a vazão normalizada de dados, conseqüentemente diminuindo o atraso médio para transmitir um pacote e permitindo assim um maior carregamento do sistema. Quanto menor é a velocidade do móvel, pode-se observar que melhor é o desempenho do sistema, pois se a velocidade do móvel é baixa, a amplitude do desvanecimento varia lentamente, o que produz surtos de erros, que podem estar concentrados em um só bloco RLP. Isso favorece um menor número de retransmissões. Pode-se observar também que as expressões matemáticas obtidas para alta e baixa velocidade mostraram uma alta concordância com os valores obtidos por simulação, podendo ser definidas como limitantes inferior e superior, respectivamente. A Fig. 5 apresenta as curvas da vazão normalizada de dados para o protocolo TCP em função do carregamento do sistema para a segunda e terceira estratégias, usando (a) códigos convolucionais e (b) códigos turbo, parametrizadas pelas respectivas taxas de código e distâncias livres de Hamming, dfree, definidas pelo padrão CDMA2000. Para a terceira estratégia, os resultados são apresentados usando-se 3 retransmissões de RLP. OLMEDO et al.: DATA TRANSMISSION EFFICIENCY (a) (b) Baixa velocidade, vM = 1 km/h. Alta velocidade, vM = 100 km/h. Fig. 4. Comparação da vazão de dados normalizada teórica e simulada para o protocolo TCP em função do carregamento do sistema, para (a) baixa velocidade e (b) alta velocidade. As duas últimas estratégias apresentaram melhor desempenho quando comparadas com a primeira, conseguindo maior carregamento do sistema, para uma mesma vazão. Comparando o desempenho obtido, com códigos convolucionais ou turbo, em uma mesma estratégia, pode-se observar que os códigos turbo permitem um maior carregamento do sistema, mantida a complexidade aproximadamente igual. Tanto para os códigos convolucionais como para os turbo, o produto rcdfree é mantido constante. Pode-se observar que o codificador com maior dfree apresenta o melhor desempenho. Isso ocorre porque um maior dfree apresenta maior diversidade para canais com desvanecimento [6]. 285 (a) Usando códigos convolucionais. (b) Usando códigos turbo. Fig. 5. Comparação do desempenho obtido pela segunda (2) e terceira estratégia (3), usando códigos corretores de erro FEC (a) convolucionais e (b) turbo. São consideradas 3 retransmissões de RLP e 3 iterações de decodificação turbo. Para o maior valor dfree, comparando a estratégia dois com a estratégia três, quando são usados códigos turbo, nota-se que a estratégia 3 permite maiores valores de carregamento. Por outro lado, para menores valores de carregamento, a estratégia 2 é superior. Quando são usados códigos convolucionais, o resultado é o inverso. VIII. CONCLUSÕES A primeira estratégia mostrou-se melhor para baixa velocidade do que para alta, pois surtos de erros podem estar concentrados em um só bloco de RLP, requerendo assim um menor número de retransmissões. Isso indica que não seria 286 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 5, NO. 5, SEPTEMBER 2007 recomendável usar um entrelaçador de canal para essa estratégia. As expressões matemáticas obtidas para alta e baixa velocidade mostraram-se como limitantes inferior e superior, respectivamente. Mostrou-se que as estratégias 2 e 3, no geral, apresentam melhor desempenho ao serem comparadas com a estratégia 1, permitindo maior carregamento do sistema. Nas estratégias 2 e 3, comprovou-se a melhora de desempenho do sistema devido ao uso de códigos turbo. Além disso, foram comparados codificadores, tanto convolucionais como turbo, com diferentes taxas de codificação, porém, mesmo pro-duto rcdfree, mostrando que existe melhora no desempenho para codificadores com maior dfree. Finalmente, podemos concluir que das três estratégias analisadas, a terceira usando códigos turbo, é a que consegue o maior carregamento do sistema com altos valores da vazão de dados e menor atraso médio, mas cabe ressaltar que a segunda estratégia, usando tanto códigos convolucionais como turbo, apresenta um bom desempenho sem precisar do protocolo RLP. REFERÊNCIAS [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] TIA/EIA/IS-707-A-2.10, ”Data Service Options for Spread Spectrum Systems: Radio Link Protocol Type 3 ”, January 2000. Third Generation Partnership Project, ”RLC Protocol Specifications (3GTs 25.322)”, 1999. A. Chockalingam and G. Bao, ”Performance of TCP/RLP Protocol Stack on Correlated Fading DS-CDMA Wireless Links”, IEEE Trans. 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Formou-se Mestre em Engenharia Elétrica na área de Telecomunicações e Telemática na Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas, Brasil em 2003. Desde 2003 é estudante de Doutorado em Telecomunicações na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação, FEEC, na UNICAMP, Brasil, sob a orientação do Dr. Celso de Almeida. Atualmente trabalha na área de pesquisa em comunicações móveis e pertence ao Laboratório de Comunicações Digitais, DCLab, do Departamento de Comunicações, DECOM, da FEEC, e ao Departamento de Elétrica e Eletrônica da ESPE. Celso de Almeida é brasileiro, natural de Jundiaí, SP, nascido em 22 de Janeiro de 1957. Graduou-se em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia de Campinas, UNICAMP, em 1980. Obteve o título de Mestre em Engenharia Elétrica pela mesma faculdade em 1983. Trabalhou de 1983 a 1990 na indústria no desenvolvimento de Sistemas de Comunicações Ópticos. Sua carreira na UNICAMP iniciou-se em abril de 1990 quando foi contratado por concurso público como Professor Assistente da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da UNICAMP. Ainda nesse mesmo ano de 1990 obteve o título de Doutor em Engenharia Elétrica pela mesma escola. Em 1998 obteve o título de Professor Livre-Docente e em 2001 tornou-se Professor Associado na área de Telecomunicações. Nos dias de hoje, o professor continua vinculado ao Departamento de Comunicações da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da UNICAMP. Seus principais interesses em pesquisa são em CDMA, Comunicações Ópticas, Transmissão Digital, Códigos Controladores de Erros, Criptografia, etc. Renato Baldini Professor Associado (2001) da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da UNICAMP, livre docência (1998) pela UNICAMP, doutorado (1992) pela University of Manchester Inglaterra, mestrado (1983) e graduação (1980) em Engenharia Elétrica pela UNICAMP, professor da FEEC desde 1984, Coordenador de Extensão da FEEC desde 2005, Coordenador Associado de Extensão de 2003 a 2005, chefe do Departamento de Comunicações (DECOM) da FEEC de abril/98 a abril/99 e vice-chefe de abril/1997 a abril/1998, foi membro de várias comissões e da congregação da FEEC, assessor "ad hoc" da FAPESP, CAPES, CNPq, FAPEAL e FACEPE, 62 publicações em revistas, simpósios e contribuições em livros nacionais e internacionais, membro de várias comissões organizadoras e técnicas de simpósios nacionais e internacionais, orientou 13 alunos de mestrado e 4 de doutorado e atualmente orienta 2 alunos de mestrado e 4 de doutorado, proferiu diversas palestras no Brasil e exterior, participou de projetos de pesquisa com CPqD-Telebrás, Teknithes, Celtec, Ericsson e CAPES/MES-Cuba, ministrou diversos cursos de especialização para empresas e instituições de ensino. Áreas de atuação: transmissão digital, teoria de informação e codificação, técnicas de múltiplo acesso para comunicações móveis terrestre e por satélite, redes de comunicações e segurança em redes.