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SEXTA-FEIRA E FIM DE SEMANA, 13, 14 E 15 DE MAIO, 2011 | ANO 3 | Nº 430 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA
Murillo Constantino
Adelino Colombo, das Lojas Colombo, não tem
sucessor na família e ainda perdeu o profissional
que ocuparia a presidência. O desafio agora é
encontrar outro executivo para a empreitada ➥ P18
R$ 2,00
Penalty melhora
seus produtos para
conquistar clientes
de alta renda ➥ P20
Brasil freia importação de carros
e bate de frente com a Argentina
Licenças para veículos ingressarem no país não serão mais concedidas automaticamente e poderão demorar até dois meses
O Ministério do Desenvolvimento decidiu
restringir a entrada de carros fabricados
fora do país, que terão de esperar 60 dias
para poder ingressar no Brasil. No mês
passado, as importações de veículos de
passeio cresceram 71%. Embora o governo não admita que seja uma retaliação às
medidas protecionistas recém-adotadas
pela Argentina, as vendas do parceiro do
Mercosul serão significativamente afetadas. Carros chineses, coreanos e mexicanos também serão prejudicados. ➥ P40
Redução da remessa de peças
da matriz pode causar
demissão na Honda no Brasil.
Murillo Constantino
Risco Cade agora faz parte dos
contratos de fusão e aquisição
em andamento no país
Solvay Rhodia trilha
expansão com etanol
Caterpillar vai produzir
no Brasil geradores usados
na extração de petróleo
Jean-Pierre Clamadieu,
futuro presidente da nova
gigante química europeia,
avisa que o Brasil e a
cana-de-açúcar são
prioridades na estratégia de
crescimento do grupo. ➥ P28
➥ P4
➥ P26
Colômbia se inspira na
experiência do Mato Grosso
para sair da crise da saúde
➥ P10
FMI vê commodities em alta e
impacto de juro americano na
economia da América Latina
➥ P30
INDICADORES
▲
▲
▲
▲
▲
■
▲
▲
▲
▲
▼
▼
TAXAS DE CÂMBIO
Dólar Ptax (R$/US$)
Dólar comercial (R$/US$)
Euro (R$/€)
Euro (US$/€)
Peso argentino (R$/$)
JUROS
Selic (a.a.)
BOLSAS
Bovespa - São Paulo
Dow Jones - Nova York
Nasdaq - Nova York
S&P 500 - Nova York
FTSE 100 - Londres
Hang Seng - Hong Kong
12.5.2011
COMPRA
1,6199
1,6210
2,3064
1,4238
0,3967
META
12,00%
VAR. %
0,36
0,52
0,63
0,49
-0,52
-0,94
VENDA
1,6207
1,6230
2,3077
1,4239
0,3974
EFETIVA
11,92%
ÍNDICES
64.003,16
12.695,92
2.863,04
1.348,65
5.944,96
23.073,76
Rentabilidade
desafia fundos
de pensão
Pesquisa da Mercer mostra
que quase 70 instituições de
previdência tiveram retorno
mediano de 2,06% no primeiro
trimestre, ante meta atuarial
de 3,65% para o período. ➥ P32
2 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
NESTA EDIÇÃO
Mactra lança produto que promete
eliminar o chapisco das paredes
OPINIÃO
Roberto Freire
Paulo Rabello de Castro
Presidente do PPS
Chairman da SR Rating e presidente
do Conselho de Planejamento
Estratégico da Fecomércio
A fabricante de componentes para a construção
civil desenvolveu a Fixmassa, fixador que substitui
a cal e o pré-acabamento da alvenaria. O produto
pode reduzir o custo final do metro quadrado do
reboco de R$ 55,00 para R$ 13,10. ➥ P14
Energimp, empresa de geração de
energia eólica, planeja abrir capital
A entrada no mercado de ações já está sendo
preparada pela controladora argentina Impsa. Para
analistas de mercado, é uma estrtégia para gerar
fluxo de caixa suficiente para realizar aquisições
em um segmento onde é preciso ter escala. ➥ P24
Receita da operadora de telefonia
GVT cresce 47%, para R$ 747 mi
Um dos fatores que impulsionou o resultado foi
a entrada da companhia em cidades do Nordeste
e Sudeste. 50% dos novos clientes residenciais
vieram destas regiões. Agora a operadora prepara-se
para entrar no negócio de TV assinatura. ➥ P27
Aluguel de ações é mais arriscado
com forte oscilação da bolsa
Incertezas nas economias da Europa, Estados
Unidos e China aumentam o risco de viradas
bruscas no pregão, tornando as operações
de aluguel de ações mais interessantes para
investidores dispostos a fortes emoções. ➥ P34
Chegou a hora da
verdade para o PT
Tragédia grega
em quatro atos
Muito se fala de crise na oposição. E ela está evidente.
Mas, nos preocupemos antes com a crise no governo,
porque a que envolve a da oposição é uma dança da
política e dos políticos. Só atinge a nós. Já aquela que se
abate sobre o governo é grave, e afeta toda a sociedade.
Podemos aqui mesmo discutir a situação dos partidos oposicionistas, mas, antes, vamos ao governo.
A fatura da irresponsabilidade nos gastos públicos que
foi o aspecto central dos últimos dois anos do governo
Lula chegou. Esse governo, tão “generoso” no uso dos
recursos públicos, com os quais calçou sua popularidade, agora recebe críticas que antes não sofria.
Não é fácil administrar o rescaldo de um governo
que surfou de forma imprevidente sobre o boom da
economia internacional e que, ao longo desses
anos, deixou de realizar as necessárias reformas
democráticas do Estado, que ampliasse o poder da
sociedade civil e concentrasse a ação do Estado em
suas tarefas fundamentais, de garantir educação,
saúde e segurança a seus cidadãos e atuasse como
regulador da esfera econômica.
Essa gestão imprevidente lhe possibilitou gastar
além da conta, não apenas comprometendo os fundamentos da estabilidade da moeda, mas concomitantemente garantiu guarida aos mais antagônicos setores e segmentos da sociedade, de forma subalternizada — o que levou o sociólogo Luiz Werneck Vianna a chamar esse arranjo de Estado Novo
do PT. O governo podia atender a todos. Dava-se
ao luxo de ter um ministério do trabalhador e outro
dos patrões. Um da reforma agrária e outro do
agronegócio. Chegou a hora da verdade.
Em um momento em que a inflação estoura o teto da meta e em que se discute o excessivo endividamento das famílias brasileiras — principalmente
daquelas de mais baixa renda e que têm maior dificuldade de honrar seus compromissos —, o fantasma
do arrocho salarial também ronda os lares brasileiros,
elevando a ameaça de inadimplência. Passado o
boom da economia internacional, como ficamos?
O primeiro ato de qualquer tragédia financeira
sempre começa muito antes do momento de o protagonista assumir sua condição de desespero. Aliás,
é da euforia que brotam as sementes de uma tragédia. E foi de pura euforia que viveu o mundo dito
desenvolvido nas duas décadas que precederam ao
brutal choque financeiro de 2008. Muitos especialistas falam agora em pós-crise. Não há pós-crise.
Não houve superação dos fatores de alimentação da
instabilidade financeira dos mercados. Passados
dois anos do espocar da crise, os governos dos EUA
e da Europa estão afundados em déficits e dívidas.
O remédio aplicado para evitar a temida deflação de preços — uma avalanche de emissão de dinheiro sem lastro — converteu a temida depressão
em ameaçadora inflação de commodities. O mundo evitou o desemprego em massa e nova Grande
Depressão. Mas, passou do primeiro ato, de euforia
pré-crise, para uma negação da mesma: “...a crise
acabou; viva a recuperação!”. Estamos apenas findando este segundo ato, em que mercados altamente especulativos já duvidam das previsões de
alta continuada dos preços de commodities.
Mohamed Abd El Ghany/Reuters
Embora o cobertor esteja curto,
o governo continua a atrair
apoio para sua base. Vai faltar
soro para tanto fisiologismo
Membro da Irmandade Muçulmana
vai disputar Presidência do Egito
Nas primeiras eleições após a derrubada do
ditador Hosni Mubarak, os egípcios poderão ter um
novo governo autoritário. Candidatura de Abdel
Moneim Abul Futuh é considerada uma ameaça
ao processo de democratização do país. ➥ P36
Dilma Rousseff parece não estar disposta a comprometer o crescimento para combater a inflação.
Talvez por isso não esteja adotando a política de aumento sistemático da Selic. Transigir com a inflação é
atentar contra o país. É preciso seriedade no tratamento com a estabilidade econômica, porque ela envolve todos os brasileiros. O governo não vê com
preocupação o fato de a inflação flutuar um pouco,
porque isso evitaria o arrefecimento do crescimento.
O risco de tal opção está evidenciado. A inflação
pode tornar-se irrefreável. É isso que estamos vivendo.
As commodities, ao inundar o mercado de dólares, apreciam nossa moeda, ampliando a crise
cambial e podendo trazer algo pior: “bolhas” de
consumo insustentável a longo prazo. Se isso ocorrer com as commodities agropecuárias será um desastre para a América Latina, que em grande parte
teve crescimento baseado no aumento de preços
desses produtos.
A oposição não pode se desesperar frente ao adesismo, que é uma marca registrada da política brasileira. Há um paradoxo. Embora o cobertor esteja curto, o governo continua a atrair apoio para sua base.
Vai faltar soro para tanto fisiologismo. E, sem tomalá-dá-cá, esse tipo de apoio desaparece. ■
O desfecho do ajuste é inevitável
e se aproxima a cada dia. Trará
também para nós, brasileiros, uma
consciência maior de nossa própria
euforia retardatária e perigosa
Surgem, agora, temores decorrentes de um ajuste de contas, no plano fiscal, quando os financiadores institucionais que carregam as dívidas públicas a
juros muito baixos começam a perceber a deterioração do valor real dos seus papéis e a corrosão da
qualidade de crédito dos devedores chamados “soberanos” (os países emissores de dívidas públicas).
O terceiro ato será o do desespero, que começa
pelo país da tragédia, como gênero de teatro, a velha
Grécia. Nos últimos dias, a conta bateu à porta do setor estatal grego, evidenciando suas profundas falhas de eficiência, que aumentam o déficit do governo altamente endividado. O socorro oferecido pela
Comunidade Europeia no ano passado não equacionou a rolagem de dívidas, impagáveis sem uma reestruturação corajosa. Mas, quem lançará em seus livros este prejuízo? Esta é a questão que o sistema
bancário europeu carrega, pintando de nuvens pesadas o palco da tragédia financeira na Europa. Não é
preciso ser um gênio das finanças para deduzir o resto da cena: bancos batendo às portas das autoridades
e estas ficando entre a cruz e a caldeirinha: emitir
mais para cobrir o rombo e destruir o resto de credibilidade no euro (não é por isso que o ouro não pára
de subir?) ou, então, partir para o ajuste sempre
adiado, o terrível terceiro ato, em que os personagens da tragédia se engalfinham e se matam.
Seria inevitável tal desfecho? Políticos odeiam tal
cenário, por motivos óbvios. Apenas estadistas são
capazes de liderar uma população angustiada e revoltada a pagar o preço de um ajuste econômico. Daí
a tentativa de pedalar a conta para frente, como fez o
mestre de todas as pedaladas, o chairman do Federal
Reserve Alan Greenspan, protagonista oculto de
toda essa tragédia. O desfecho do ajuste é inevitável
e se aproxima a cada dia. Trará também para nós,
brasileiros, uma consciência maior de nossa própria
euforia retardatária e perigosa, embora gostosa.
Ah! O quarto ato: é a catarse da recuperação
econômica efetiva, que demora, mas chega. ■
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 3
Fotos: divulgação
AS LINGERIES DE GISELE BÜNDCHEN
Avanço
Exportação do agronegócio supera
US$ 80 bilhões em 12 meses
Os dados referem-se ao acumulado dos 12 meses de
maio de 2010 a abril de 2011, quando houve aumento
de 20,4% em relação a um ano antes, com o valor
de US$ 81,3 bilhões, de acordo com o Ministério
da Agricultura. As importações no período somaram
US$ 14,7 bilhões, o que resultou num saldo de
US$ 66,6 bilhões. Apenas em abril, as exportações
chegaram a US$ 7,9 bilhões, com alta de 24,4%
em relação ao mesmo mês de 2010 e superávit
de US$ 5,3 bilhões na balança comercial do
agronegócio. O volume de abril foi possível graças
ao desempenho do complexo soja, carnes, complexo
sucroalcooleiro (etanol e açúcar), produtos florestais
(madeira, celulose, papel, borracha) e café.
Retrocesso
AFP
Governo sírio teria assassinado
mais de 700 pessoas em todo o país
A Hope firmou uma nova parceria com sua garota-propaganda. Vai colocar nas lojas
uma coleção de lingeries assinada pela modelo brasileira Gisele Bündchen. Em princípio
a projeção é de faturar R$ 30 milhões por ano com as peças. A companhia tem atualmente
61 lojas espalhadas pelo país e planeja chegar em 2015 com 350 unidades. ➥ P20
A denúncia é da Comissão Internacional de Juristas
(CIJ), que reúne advogados e juízes de todo o mundo,
e se baseia em relatos de advogados e ativistas
de direitos humanos na Síria. “Mais de 700 pessoas
teriam sido assassinadas, e centenas foram submetidas
a desaparições forçadas desde que as autoridades
sírias iniciaram a repressão em 15 de março em Deraa,
Homs, Banias e outras cidades”, informou a CIJ.
“A CIJ continua recebendo relatos críveis indicando
que corpos foram deixados nas ruas durante dias.”
“O governo sírio está usando forças armadas e tanques
para indiscriminadamente bombardear cidades”,
declarou Wilder Tayler, secretário-geral da CIJ.
TRÊS PERGUNTAS A...
“Curso de agente
autônomo é demanda
do mercado financeiro”
...MARIA LÚCIA AMARY
Deputada estadual PSDB-SP
Mesmo com o mercado em ritmo
desfavorável — a queda do
Ibovespa no ano soma 7,65% —,
a deputada Maria Lúcia Amary,
criadora do projeto que inclui
o curso de agente autônomo
entre os tecnólogos oferecidos
pela Fatec, não desanima. Desde
fevereiro, ela participa de reuniões
com o Centro Paula Souza para
elaboração do novo curso, com
a esperança de que ele esteja
disponível para as turmas de 2012.
O aumento no número
de agentes autônomos
é uma demanda urgente?
Atualmente, a BM&FBovespa
tem a meta de chegar a 5 milhões
de investidores até 2015. Serão
abertas vagas para especialistas
que possam suprir essa demanda.
Por isso solicitamos, em 2009,
a criação desse curso técnico em
mercado financeiro ao Governo
de São Paulo. A ideia é que o
mercado de capitais se difunda no
Brasil como é difundido nos EUA.
dos cursos já existentes. Com a
renovação do governo do Estado,
as propostas foram reavaliadas
e nós passamos às reuniões em
fevereiro. Eles sinalizaram que é
viável a implantação desse curso.
Quando ele estará disponível?
Por que demorou dois anos
para as reuniões com o Centro
Paula Souza começarem?
A prioridade do Centro Paula Souza
era investir na ampliação e melhoria
Ainda não foi dada a palavra final.
Por enquanto, ainda estamos
montando a estrutura. Na melhor
das perspectivas, em 2012.
Barbara Ladeia
4 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
DESTAQUE DIREITO ECONÔMICO
Editora: Fabiana Parajara [email protected]
Risco Cade entra
na conta das
fusões e aquisições
1
Diante da possibilidade de endurecimento das decisões
do órgão, empresas tentam antecipar estratégias de ação
Luciano Feltrin e Luiz Silveira
[email protected]
O endurecimento do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em relação às fusões
que geram concentração de mercado já provoca reflexos na forma
como as operações são montadas
antes de chegarem ao órgão. Sem
dispor de uma lei que possibilite a
análise prévia das transações (leia
mais na reportagem ao lado) ,
empresas e escritórios de advocacia procuram costurar os negócios para reduzir aquele que está
sendo chamado de “risco Cade”.
Sugerir a venda de ativos das empresas combinadas, mostrar os
benefícios reais aos consumidores
ou, até mesmo, recomendar que
as companhias escolham entre
um ou outro candidato à compra
são alguns dos modelos de atuação mais recomendados.
Com diversos setores em franca consolidação, o movimento
ganha força no país. À frente de
uma operação entre duas empresas de serviços que, juntas, podem vir a ter 80% do mercado
em que atuam se a fusão vingar, o
escritório Madrona Hong Mazzuco busca reunir elementos para
defender a operação no órgão. “O
Cade tem demonstrado que,
mesmo em casos que geram monopólios ou oligopólios, considera mais relevante o fato de as empresas indicarem que suas eficiências conjuntas podem gerar
benefícios ao consumidor”, diz
Ricardo Madrona, sócio da banca. Ele não revela o nome dos
atuais clientes, mas cita a fusão
entre Colgate e Kolynos como
simbólica nesse sentido — visto
que foi aprovada, apesar de representar uma grande concentração
do mercado de cremes dentais.
A consolidação de uma jurisprudência de decisões do Cade
nos últimos 10 anos também ajuda empresas e advogados a prever
melhor como o conselho julga
determinados assuntos. “Somos
cada vez mais contratados por
empresas à venda para avaliar o
‘risco Cade’ para os potenciais
compradores”, diz Juliano Maranhão, do escritório Sampaio Ferraz e ex-assessor da presidência
do Cade. Além do valor ofereci-
Escritórios de
advocacia adotam
modelos como
sugerir a venda
de ativos das
empresas combinadas
ou mostrar os
benefícios reais
aos consumidores
dessas operações
do, agora entra na conta também
o risco de a operação ter que ser
revista ou revertida pelo órgão.
Modelo global
Desistir de um negócio ou alterar seu formato por conta dos
riscos antitruste é uma novidade no Brasil, mas já é tradicional
em mercados da Europa e nos
Estados Unidos. Em março, as
farmacêuticas Sanofi-Aventis e
Merck desistiram de fundir suas
divisões veterinárias após um
ano de negociação, sob risco de
que o acordo sofresse restrições.
“Pode ser uma forma de agilizar
grandes fusões no Brasil”, afirma Arthur Barrionuevo, da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas. “Já atuei dessa forma em alguns casos. É uma maneira de preparar a empresa
para os riscos do negócio.”
Por outro lado, levar ao Cade a
intenção de se desfazer de uma
determinada marca ou linha de
negócio para viabilizar uma fusão
pode ser complicado em segmentos muito pulverizados. Com centenas de empresas de pequeno e
médio porte espalhadas no país,
analisar o que seria considerado
concentração não é tarefa das
mais simples, diz Laércio Farina,
especialista em direito concorrencial em saúde suplementar.
“Hoje é impossível definir concentração no segmento. Mas, no
ritmo em que as fusões têm acontecido, isso será inevitável”, diz o
advogado. “Enquanto conseguirem mostrar os benefícios de se
tornarem mais sólidas, essas operações serão aprovadas. No futuro, isso ficará mais complexo”.
Embora seja considerada válida, essa modelagem de exclusão
de negócios é tida como uma escolha arriscada por alguns especialistas. “No atual modelo, pode
ser precipitado se antecipar ao
Cade e sugerir a venda de marcas
que a empresa não tem como saber se seria mesmo pedida pelo
órgão”, diz Neil Montgomery,
conselheiro do escritório
Felsberg & Associados. A solução, acredita, é firmar um Acordo
de Preservação de Reversibilidade da Operação, mostrando ao
Cade que a fusão não prejudicará
os consumidores. ■
Marcela Beltrão
2
1 Marcos
Paulo Veríssimo e Elvino de Carvalho Mendonça, novos
conselheiros do Cade, durante sabatina na Comissão de Assuntos
Econômicos; 2 Advogado Laércio Farina diz que empresas devem
provar ao Cade os benefícios de se tornarem mais sólidas
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 5
LEIA MAIS
Concorrentes descobrem
no Cade um aliado contra
a concentração de mercado por
rivais. Por isso, aumentaram as
ações de empresas interessadas
em barrar fusões e aquisições.
Pauta de julgamentos
previstos para os próximos
dois anos no Cade envolve
negócios que somam mais
de R$ 220 bilhões. Tendência é
que órgão seja mais rigoroso.
Secretaria de Direito
Econômico (SDE)
abriu processo contra a BR
Distribuidora para investigar
conduta anticompetitiva
no Distrito Federal.
Marcello Casal Jr./ABr
NOVOS CONSELHEIROS
● Alessandro Octaviani é
professor doutor de Direito
Econômico e Economia Política
na Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo.
● O economista Elvino Carvalho
é assessor técnico da Secretaria
de Acompanhamento Econômico
do Ministério da Fazenda.
● O advogado Marcos Paulo
Veríssimo tem experiência
na área de direito público,
direito econômico,
regulação e concorrência.
Órgão antitruste deve mudar em breve
Projeto de lei altera estrutura
e operação do Cade
Priscilla Arroyo
[email protected]
O Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) passa
por uma fase de reformulação
neste ano. Fernando Furlan, que
ocupava interinamente o cargo
de presidente, tomou posse oficialmente e recebeu três novos
conselheiros nos quadros do órgão. A maior mudança, porém,
ainda está por vir. É a aprovação
do projeto de lei 3.937 que prevê
importantes transformações na
estrutura e na operação do Cade
e está prevista para os próximos
meses. “O projeto de lei propõe
três mudanças principais. A primeira e mais relevante será a notificação prévia, ou seja a análise
dos atos de concentração terá
que será feita e aprovada pelo
Cade antes da realização do negócio”, afirma Eduardo Camina-
ti, presidente da Comissão da
Concorrência e regulação econômica da OAB-SP. Hoje, os
empresários realizam a transação e os contratos podem ser
analisados posteriormente.
A segunda modificação será a
formação do Super Cade, com a
incorporação de parte Secretaria
de Direito Econômico do Ministério da Justiça (SDE). A Secretaria será uma superintendência
do Cade e o secretário, Vinicius
de Carvalho, terá poder para decidir os casos mais simples. O
conselho passará a ser denominado tribunal e julgará apenas os
casos mais complexos ou quando
houver recurso.
Ainda que seja aprovado, o
projeto que cria o Super Cade, ele
não resolveria todos os problemas
atuais do sistema. “Ter a análise
prévia dos negócios é um ótimo
passo. É o que Europa e Estados
Unidos fazem. Mas é preciso discutir formas eficientes para evitar
o vazamento das operações que
Divulgação
O advogado
Alessandro
Octaviani
substitui
Vinícius de
Carvalho no
Conselho
seriam levadas ao antitruste. Ou
o remédio pode piorar a doença”,
diz Eduardo Molan Gaban, sócio
do Machado Associados.
Outra terceira mudança será
dos critérios para notificação
das operações que precisarão
de análise. A regra atual é que
as partes envolvidas tenham
faturamento bruto no último
exercício fiscal de R$ 400 milhões, ou participação no mercado, de no mínimo 20%. A
nova lei extingue o critério de
participação no mercado e o
valor do faturamento será alterado para R$ 40 milhões da empresa objeto e R$ 1 bilhão do
comprador. Segundo especialistas, as novas regras serão importantes para o fortalecimento do
órgão, cuja tendência com o
aquecimento econômico do país,
é ter maior volume de casos.
Nova equipe
Fernando Furlan, presidente do
Cade, tem vasto histórico no ór-
gão. Foi procurador geral e
membro do Conselho Administrativo e agora conta com time
completo na casa. A equipe,
composta de seis conselheiros
mais o presidente, estava desfalcada até a chegada dos advogados Alessandro Octaviani e
Marcos Paulo Veríssimo e do
economista Elvino Carvalho.
“Os três têm formação técnica
diferente e isso é positivo, pois
gera visões diferentes [no debate], o que é importante para decisões mais qualificadas”, afirma Tito Andrade, advogado do
escritório Machado Meyer. Ricardo Ruiz, Carlos Ragazzo e
Olavo Chinaglia completam o
quadro de conselheiros.
Para Caminati, o quadro de
colaboradores com visão técnica é uma tendência. “O Cade
está em boas mãos. O órgão exige decisões técnicas e a escolha
dos novos membros não poderia ser mais acertada”, diz. ■
Colaborou Luciano Feltrin
6 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
DESTAQUE DIREITO ECONÔMICO
Simon Dawson/Bloomberg
A distribuidora Gran Petro agiu para
impedir a compra da divisão de aviação
da Esso pela anglo-holandesa Shell
Concorrência descobre no Cade
aliado contra a concentração
Companhias recorrem cada vez mais ao órgão na tentativa de impugnar fusões e aquisições de rivais
Luiz Silveira e Luciano Feltrin
[email protected]
Mais ativo e em evidência, o
Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) está
sendo usado cada vez mais por
empresas interessadas em barrar atos de concentração sob
análise do órgão. Por meio de
pareceres independentes e da
abertura de seus dados de mercado, muitas companhias têm
conseguido mostrar ao conselho efeitos potencialmente nocivos de fusões e aquisições feitas por concorrentes.
“A prática da impugnação
não é nova, mas está ganhando
força com a maior transparência dos processos”, diz o advogado Marcel Medon Santos, do
escritório Azevedo Sette. Exdiretor da Secretaria de Direito
Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, Santos representou a distribuidora de combustíveis Gran Petro contra a
compra pela Shell da divisão
de aviação da marca Esso, de
propriedade da Cosan .
O advogado Mauro Grinberg,
conselheiro do Cade entre 1986
e 1990, diz ter conhecimento de
diversos outros casos atuais em
“
Consultas de outras
empresas são algo
muito bem-visto pelo
Cade, pois o ajudam
a observar diversos
aspectos e possíveis
consequências
dos negócios
Mauro Grinberg,
advogado e ex-conselheiro do Cade
que empresas envolvidas indiretamente em fusões que geram
concentrações acionam o Cade.
“É algo muito bem visto pelo
órgão, pois o ajuda a observar
diversos aspectos e possíveis
consequências dos negócios”.
Com empresas cada vez mais
globalizadas, a tendência é que a
cultura do brasileiro passe a caminhar nessa direção, acredita
Eduardo Molan Gaban, sócio do
Machado Associados. “A autoridade reguladora não pode ter
medo de receber informações.
Precisa estar pronta para julgálas procedentes ou não.”
Histórico de sucesso
De fato, tanto os casos recentes
quanto os mais antigos mostram
que o Cade analisa a fundo as
interpelações de impugnantes
ou terceiros interessados. No
processo da compra da área de
aviação da Esso pela Shell, por
exemplo, o voto do relator, emitido no ano passado, foi pela
aprovação do negócio. Mas, o
então conselheiro e atual presidente Fernando Furlan acatou
alguns argumentos da Gran Petro e fez, neste ano, um novo
voto, propondo que o conselho
condicionasse a aprovação à
venda dos ativos físicos adquiridos. Em plenário, seu voto foi
seguido pelos demais conselheiros. Shell e a Gran Petro pediram alterações na decisão e o
processo voltou ao conselho.
Outro exemplo de sucesso foi
a movimentação da Amitech e
da Rhodia para barrar a compra
de uma fábrica de fibra de vidro
da Saint-Gobain pela Owens
Corning. As ações contrárias à
aquisição buscaram mostrar
que o mercado desse tipo de
produto é nacional, e não global. Assim, derrubaram a tese
de que, apesar de a Owens passar a dominar praticamente a
totalidade da produção nacional, haveria concorrência com o
produto importado. O Cade determinou que a Owens vendesse
a fábrica e, como a decisão não
foi cumprida, definiu a inter-
venção na companhia para concretizar a venda.
Os casos da Owens e da Shell
são de processos dos últimos
dois anos, e mostram o uso cada
vez mais comum dos pedidos de
impugnação junto ao Cade. Mas,
mesmo em casos mais antigos,
também houve forte atuação dos
concorrentes para barrar negócios. Daniel Oliveira Andreoli,
sócio do Tozzini Freire, lembra
que reclamações foram feitas
pela Kraft Foods sobre a compra
da Garoto pela Nestlé, e pela
Procter & Gamble, na união entre Colgate e Kolynos.
Andreoli ressalta, porém, que
queixas ou denúncias desse tipo
não são limitadas a empresas
competidoras. Entidades de defesa do consumidor, fornecedores
ou clientes das empresas envolvidas podem fazer o mesmo. ■
NESTLÉ-GAROTO
COLGATE-KOLYNOS
Kraft
Foods
P&G
que é dona da Lacta, atuou junto
se opôs formalmente à compra
ao Cade para impugnar a união
das fabricantes de chocolates.
A operação foi o primeiro
negócio reprovado pelo conselho.
da Kolynos pela concorrente.
O Cade determinou que
a marca ficasse fora do
mercado por cinco anos.
Sexta-feira e fim de semana,
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8 Brasil Econômico Sexta-feira
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DESTAQUE DIREITO ECONÔMICO
Mega fusões na pauta do
conselho superam R$ 220 bi
Henrique Manreza
Nova formação
do Cade terá
pela frente casos
complexos e de alto
valor para julgar
em 2011 e 2012
DISTRITO FEDERAL
BR Distribuidora
é processada
por conduta
anticompetitiva
A Secretaria de Direito
Econômico (SDE) do Ministério
da Justiça abriu um processo
contra a BR Distribuidora
para investigar a prática de
discriminação de adquirente.
Segundo a secretaria,
a distribuidora oferece
vantagens à rede de postos
Gasol do Distrito Federal,
que não são oferecidas às
demais redes. De acordo com
a SDE, a BR Distribuidora
paga o Imposto sobre a
Propriedade Predial e
Territorial Urbana (IPTU) da
Rede Gasol, sendo que as outras
redes é que devem arcar com o
pagamento de todos os tributos.
A rede beneficiada também
paga aluguel mais barato e
não está sujeita à multa caso
os contratos de locação
do imóvel sejam descumpridos.
“Nos imóveis em que figura
como locatária a Rede Gasol,
o valor do aluguel oscila entre
R$ 761,80 a R$ 6.856,10. Já
nos imóveis em que o locatário
não faz parte do conjunto
de empresas da Rede Gasol,
o aluguel oscila entre R$ 4 mil e
R$ 22 mil”, diz a nota técnica da
SDE. Para a SDE, a conduta da BR
Distribuidora tende a prejudicar
a concorrência e a provocar uma
situação de monopólio da Rede
Gasol, que é dona de um terço
dos postos de combustíveis
do Distrito Federal. ABr
Luiz Silveira
[email protected]
A aceleração dos movimentos
de consolidação na economia
brasileira impõe à nova formação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
um trabalho extenso para os
próximos meses. Provavelmente, para os próximos anos. Os
principais atos de concentração
que o conselho tem pela frente
criam gigantes que, somados,
registram uma receita líquida
anual de R$ 223 bilhões (veja o
gráfico abaixo).
O primeiro desafio dessa lista deve ser também o mais
complexo: a fusão entre Sadia e
Perdigão, que deu origem à
Brasil Foods (BRF). O processo
estava previsto para ir a julgamento pelo plenário em junho,
mas pode ser adiado caso a
companhia prorrogue as negociações com o conselho.
Por conta da alta concentração gerada em diversos
mercados, a operação é considerada o maior julgamento do
órgão desde a aprovação da fusão entre as cervejarias Brahma e Antárctica, que deu origem à Ambev, em 1998. “A fala
corrente de que a formação da
Ambev não seria aprovada pelo
Cade de hoje será colocada à
prova”, afirma o advogado Juliano Maranhão, do escritório
Sampaio Ferraz.
Ex-assessor da presidência
do Cade e professor da Faculdade de Direito da Universidade de
São Paulo, Maranhão destaca a
importância do processo da BRF
como um novo balizador de futuros julgamentos de mesmo
porte. “O caso é muito parecido
com o da Ambev”, diz.
Caso siga a tendência dos últimos 10 anos, o Cade tende a
ser cada vez mais técnico e rigoroso com os processo que vêm
pela frente. “Com o seu amadurecimento institucional e o tamanho das concentrações cada
vez maior, o Cade tende a ser
mais intervencionista”, avalia o
advogado Bruno Drago, do Demarest & Almeida Advogados.
Análise técnica
Além, de ser mais rigoroso, o
órgão também tende a melhorar sua forma de analisar os
negócios. Um exemplo disso
Processo da BR Foods,
resultado da união de
Sadia e Perdigão, deve
ser novo balizador
Tendência é que
Cade seja cada
vez mais técnico
e rigoroso com
os processos,
melhorando sua
forma de análise
dos negócios
pode ser mostrado no julgamento da aquisição de uma fatia de 21% da cimenteira Cimpor pela Votorantim. Embora a
Votorantim não tenha o controle da Cimpor, tende a levar
em conta o fato de outra concorrente, a Camargo Corrêa,
deter 32% da Cimpor.
“Nos últimos dois anos, o Cade começou a observar o poder
de mercado coordenado, e não
apenas o poder unilateral”, explica Maranhão. Ou seja, o Cade
pode entender como lesivo à
concorrência o fato de as duas
grandes cimenteiras somarem
participação suficiente para
controlar a Cimpor. ■
MEGAOPERAÇÕES
Os principais atos de concentração na pauta do Cade, considerando
a soma das duas receitas anuais
EM R$ BILHÕES
55,1*
50,0**
JBS (BERTIN)
SHELL (COSAN)
PÃO DE AÇÚCAR (CASAS BAHIA)
TELEFÔNICA (VIVO)
SADIA (PERDIGÃO)
LAN (TAM)
RICARDO ELETRO (INSINUANTE)
VOTORANTIM (CIMPOR)
39,6***
33,9
22,7
17,1
5,0**
0
10
20
Fontes: Empresas *2009 **Estimativa ***2008
30
40
50
60
Sexta-feira e fim de semana,
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10 Brasil Econômico Sexta-feira
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BRASIL
Editora: Elaine Cotta [email protected]
Subeditora: Ivone Portes [email protected]
Colômbia busca no
Mato Grosso saída
para crise na saúde
Falta de transparência na relação entre estado e parceiros
privados abriu espaço para fraudes de US$ 2 bilhões no país
Regiane de Oliveira
tos, prevê uma economia anual
de R$ 40 milhões.
Divulgação
[email protected]
A Colômbia vive a pior crise
institucional da última década,
considerada por muitos mais
séria do que a violência do narcotráfico. Investigações que levaram à descoberta de desvios
de pelo menos US$ 2 bilhões
nas contas da saúde colocaram
em xeque a credibilidade do
governo, resultando na prisão
de funcionários públicos, fornecedores e representantes de
empresas parceiras, que atuam
na administração de hospitais
públicos do país.
Falta de transparência, licitações fraudulentas, produtos
adulterados, cobranças indevidas do governo. A lista de crimes cometidos nas brechas de
relacionamento entre as Empresas Promotoras de Saúde
(EPS) — terceirizadas que atendem a saúde pública — e o governo do país é extensa.
A solução para o problema
não é simples, mas segundo a
vice-ministra de Saúde e Bem
Estar do país, Beatriz Londoño,
passa pelo investimento em
melhores instrumentos de gestão dos recursos públicos. Para
isso, o governo da Colômbia vai
mandar uma delegação ao Brasil para conhecer a experiência
do Mato Grosso na gestão da
saúde. O governo do estado
mudou sua forma de gerenciar
as compras, com a adoção da
plataforma eletrônica Publinexo, da empresa brasileira Bionexo, voltada para compras
públicas na área da saúde, em
concordância com a lei de licitações (8.666). Trata-se de uma
comunidade de compras que
consegue, por escala, reduzir o
custo dos produtos. Segundo
Pedro Henry, secretário de
saúde do Mato Grosso, o governo do estado utiliza há três meses a plataforma e conseguiu
uma economia de 52% nos custos. O estado, que gasta R$ 140
milhões por ano com a aquisição de materiais e medicamen-
Início da crise
Beatriz Londoño
Vice-ministra
de Saúde e Bem
Estar da Colômbia
“Os hospitais da Colômbia
compram mal, por um
valor alto, têm dificuldades
para pagar os fornecedores
e ainda sofrem com a
interferência política”
O governo colombiano tem
como meta diminuir os intermediários nas compras e os pagamentos públicos, assim reduzindo as brechas que levam à
corrupção. “Os hospitais da
Colômbia compram mal, por
um valor alto, têm dificuldades
para pagar os fornecedores e
ainda sofrem com a interferência política”, afirma Beatriz.
Em 1993, a Colômbia mudou
a forma de gerir a saúde e o risco financeiro do sistema passou
a ser dividido entre trabalhadores, empresas e governos.
Todos contribuem para garantir que a população, especialmente a mais pobre (chamada
de subsidiada) seja atendida.
Mesmo assim, a rede de assistência do país atende cerca de
90% da população. O governo
quer ampliar a arrecadação
para a saúde com a contribuição obrigatória também para o
mercado informal. “Do total de
nossa economia, 51% é informal”, conta Beatriz.
“Os hospitais públicos funcionam como uma clínica privada, vivemos do que vendemos em produtos e serviços ao
governo”, afirma Alejandro
Camargo Orozco, gestor do
Hospital Marco Fidel Suárez “A
ideia é que sejamos lucrativos e
autosustentáveis.”
Os desvios aconteceram
principalmente na cobrança
pelos parceiros de serviços que
não se encontram na lista do
plano obrigatório de saúde
(chamado de POS), mas que
são prestados à população. “Há
três anos não recebemos os recursos dos produtos comprados
que não estão na lista do POS”,
conta Orozco. “E onde está este
dinheiro? Temos uma população de 44 milhões de pessoas. E
um orçamento de US$ 25 bilhões para a saúde. São cerca de
US$ 500 mil ao ano per capta
para atendimento.” ■
TRÊS PERGUNTAS A...
Divulgação
...JOSÉ CARLOS ABRAHÃO
Presidente da Confederação Nacional
de Saúde (CNS) e da Federação
Internacional de Hospitais (IHF)
Recursos privados
puxam investimentos
na saúde do país
“Há dez anos não se falava em
saúde no país.” A constatação do
presidente da CNS, José Carlos
Abrahão, é de que o desenvolvimento
do mercado privado de saúde,
com a abertura de capital das
operadoras de planos de saúde,
colocou o segmento nos holofotes
da imprensa, mas desta vez, além
dos temas assistenciais. As falhas
no Sistema Único de Saúde (SUS)
não perderam o destaque.
Mas agora, a área de saúde ganha
destaque como um importante
braço econômico do país.
O Brasil investe o
suficiente em saúde?
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 11
José Cruz/ABr
Brasil sem Miséria continuará o Bolsa Família
O Plano Brasil sem Miséria, que tem o objetivo de tirar 16 milhões de
pessoas da pobreza extrema até 2014, vai localizar os totalmente
excluídos, como moradores de rua, e buscar dar o mínimo de dignidade,
qualificação e meios para que possam sobreviver do seu próprio trabalho,
segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
A previsão é que o lançamento ocorra em junho. “Ele [o novo programa]
só existe porque o Bolsa Família cumpriu a primeira etapa”, disse.
Rodrigo Arangua/AFP
Sistema de saúde
público da Colômbia
atende 90% da
população
Governos em
busca da fama
de bom pagador
Mais quatro estados do país
negociam nova plataforma de
gestão de compras
“O problema do financiamento
não é exclusivo da Colômbia”,
afirma o secretário Pedro
Henry. Os custos da assistência farmacêutica eram um dos
grandes entraves do governo
do Mato Grosso. Antes da utilização da plataforma on-line,
99% das compras do estado
dependiam de cinco ou seis
fornecedores. “Quando assumi, disse que era um cartel por
conta da política perversa de
preços, e fui muito criticado”,
diz Henry. Hoje, o estado conta com fornecedores de todo o
país. “Em junho, quando faremos a segunda compra, teremos todos os 1,2 mil itens adquiridos pela secretaria registrados no sistema.”
Pedro Henry apresentou a
experiência do estado no modelo de compras para o Conselho Nacional de Secretários de
Saúde (Conass). E, segundo
ele, Tocantins, Maranhão, Acre
e Piauí se interessaram em
participar do sistema de gestão
Publinexo, cujo modelo é baseado no sistema Bionexo, já
utilizado por 550 instituições
de saúde privada de todo o
país. Maurício De Lázzari Barbosa, CEO da Bionexo confirma as negociações. “Muitos
estados ainda têm de mudar a
legislação para participar da
comunidade de compras.”
De acordo com Henry, o
custo não é alto: R$ 6 mil por
mês, mais o valor da aquisição
do sistema. A única exigência é
que o gestor seja responsabilizado em caso de não-pagamento. “A fama de mal pagaO Brasil tem 8% do PIB aplicado
na saúde. Há seis anos, não
aplicávamos 6%, considerando
setor público e privado. Neste ano
devemos chegar em 8,5%.
A questão é que esses dois pontos
percentuais se devem ao aumento
de gastos privados na saúde.
Os investimentos do governo
não acompanham a demanda.
E este é o problema. Sabemos que
a saúde não tem preço, mas como
diz autor francês, tem custo.
Mesmo assim, há motivos
para comemorar?
O Brasil tem um modelo que é
desejado pela sociedade em todo
mundo. O SUS é uma conquista da
sociedade brasileira e é
irreversível. Precisamos melhorálo, mas sabemos que nenhum
cidadão deixará de ser atendido.
É o sistema mais avançado
dos Brics (principais emergentes),
por exemplo. Somos referência
no tratamento de Aids, em
imunizações, somos o segundo
em número de transplantes do
mundo. Na Europa, os países
investem entre 9% e 11% do PIB
em saúde. Nos EUA, cerca de 18%
do PIB é aplicado na área. Eles
têm o PIB brasileiro aplicado na
saúde, e mesmo assim, 45 milhões
de pessoas não têm nenhum tipo
de assistência. Até 2020,
terão mais de 20% do PIB
comprometidos com a saúde.
E sem resolver o problema.
Qual a saída para aumentar
os investimentos e resolver os
nossos problemas na saúde?
Hoje trabalhamos com um
sistema misto, onde o conceito
de saúde pública e privada está
bem definido. Mas os recursos
são tímidos, tanto para o público,
quando para o privado.
Uma das soluções é convergir
para o modelo de PPP [parceria
público-privada], como vem
acontecendo em todo mundo.
O secretário do Mato
Grosso já tem planos
para os recursos
de aproximadamente
R$ 40 milhões que
vão sobrar na conta
da saúde no fim
do ano: promover
a regionalização
dos serviços,
para desafogar o
atendimento de Cuiabá
dor dos governos brasileiros
acaba inflacionando os custos
do estado”, diz
O secretário do Mato Grosso
já tem planos para os recursos
de aproximadamente R$ 40
milhões que vão sobrar na
conta da saúde no final do ano.
“Quero promover a regionalização do serviço, para desafogar o atendimento de Cuiabá.”
O governo também vai realizar a primeira parceria público-privada (PPP) para a construção de um hospital em Porto Alegre do Norte. “É uma região de baixo interesse de investidores privados, pois tem
baixa densidade e uma população de baixo poder aquisitivo”, conta Henry. A ideia é fazer a PPP para a construção e
gestão operacional, além de
parcerias com Organizações
Sociais de Saúde — entidades
filantrópicas capacitadas para
atender o SUS — para a gestão
clínica do hospital. ■
MARINHA DO BRASIL
CENTRO DE OBTENÇÃO DA MARINHA
NO RIO DE JANEIRO (COMRJ)
AVISO DO PREGÃO ELETRÔNICO N° 103/2011
OBJETO: AQUISIÇÃO DE UNIFORME (SAPATO FEMININO)
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nos dias úteis, no COMRJ.
a) Recebimento das proposições de preços até às 10:30 horas do dia
25/05/2011, exclusivamente por meio eletrônico, conforme formulário
disponibilizado no endereço www.comprasnet.gov.br.
b) Sessão pública na Internet para recebimento dos lances: aberta às 10:30
horas do dia 25/05/2011, no mesmo endereço www.comprasnet.gov.br.
End. Av. Brasil 10.500/Olaria/ Rio de Janeiro, RJ - Tel. (21) 2101-0812 ou Fax
(21) 2101-0815
Acesso ao Edital no site-www.comrj.mar.mil.br
12 Brasil Econômico Sexta-feira,
Sexta-feira e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
BRASIL
Divulgação
CORRUPÇÃO
REFORMA POLÍTICA
PF combate fraude do seguro-desemprego
em município do Tocantins
Fontana deve apresentar em junho
relatório final sobre a proposta
A Polícia Federal desmembrou ontem uma quadrilha que fraudava o
seguro-desemprego em Araguaína (TO), município a 400 km de Palmas.
Os suspeitos aliciavam pessoas para efetuar falsos registros na Carteira
de Trabalho em empresas de fachada e, após a falsa dispensa, faziam os
trabalhadores darem entrada no pedido de seguro. A estimativa é que o
esquema tenha desviado R$ 1,8 milhão por meio de 400 falsos beneficiários.
O relator da reforma política na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS),
deve apresentar seu relatório final sobre a proposta na segunda
quinzena de junho. No documento, deverão constar o financiamento
público de campanha e o sistema proporcional misto de votação.
“Precisamos emparelhar as condições dos candidatos. Atualmente,
quem tem mais dinheiro, tem mais chance de se eleger”, disse.
Comércio dá sinais
de desaquecimento
nas vendas
Efeito calendário e medidas do Banco Central para conter o
crescimento desenfreado do consumo influenciam resultados
Rafael Abrantes
[email protected]
O comércio varejista já parece estar sofrendo com os efeitos das
medidas macroprudenciais impostas pelo governo desde os últimos meses do ano passado. Elevações do compulsório, IOF e
taxa Selic, além de restrições sobre os gastos públicos e oferta de
crédito, levam analistas a prever
uma inevitável desaceleração das
vendas do varejo no resto deste
ano. As estimativas consideram
os resultados do setor em março,
divulgados ontem pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o instituto, as vendas do setor cresceram 4,1% no terceiro mês deste
ano sobre o mesmo de 2010. Em
fevereiro último, nesta mesma
comparação, a expansão havia
sido de 8,6%. Uma das justificativas pela queda no desempenho
estaria no calendário: neste ano, o
feriado de Carnaval ocorreu em
março, enquanto em 2010 a perda
de dias de venda foi em fevereiro.
Considerando o comércio
varejista ampliado - que inclui
as categorias “veículos e motos,
partes e peças” e “material de
construção” -, na mesma base
de comparação, há queda de
2,5% nas vendas. “Os efeitos
são óbvios. Estamos começando
a senti-los, e a tendência é que
nos próximos meses teremos
índices de desaceleração”, afirma Fábio Pina, economista da
Fecomercio, de São Paulo. Nas
taxas acumuladas, o primeiro
trimestre atingiu elevação de
6,9%, e nos últimos 12 meses,
de 9,6%. “As condições da economia já estão diferentes do ano
passado. Medidas macroprudenciais e juros mais altos já influenciam os resultados, e observamos uma inflexão da curva
para a maioria das atividades”,
aponta o economista do IBGE,
Reinaldo Pereira.
Segundo Pina, entretanto, o
varejo poderá apresentar varia-
O feriado de Carnaval,
em março deste
ano, é uma das
justificativas para
a desaceleração
do varejo em
relação a março
do ano passado
ções negativas a partir do segundo semestre. Para Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo
(ACSP), será evidente uma desaceleração do setor ao longo do
ano, mas ele não acredita em taxas anuais negativas, apenas em
índices de crescimento “menores”. “As perspectivas para o varejo mantêm-se favoráveis, mas
vislumbramos a tendência de
moderação dos indicadores”,
disse, em relatório, Octávio de
Barros, diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco.
Em relação às categorias de
produtos, entre março deste ano
e de 2010, todas mostraram crescimento. As principais taxas foram de equipamentos e material
para escritório, informática e comunicação (18,2%); móveis e
eletrodomésticos (11,1%) e tecidos, vestuário e calçados (5,6%).
Combustíveis e lubrificantes registraram alta de 2,7%, e queda
de 0,1% na comparação com fevereiro deste ano.
As previsões também são semelhantes para as categorias que
deverão ser mais prejudicadas
pelos efeitos macroprudenciais.
Bens duráveis, como veículos e
eletrodomésticos, prometem
vendas escassas durante os próximos meses devido a dificuldades no crédito ao consumidor.
Pereira observou, em coletiva no
Rio de Janeiro, que a inflação
mais alta vem prejudicando o desempenho de vendas do setor de
super e hiper mercados, cujo
crescimento é abaixo da média
do varejo. “Foi a terceira vez no
ano que os supermercados, que
são os mais importantes da pesquisa, não protagonizam o resultado global”. Solimeo afirma que
os recentes níveis de inflação têm
suas causas, em parte, pela pressão do setor de serviços. Ele ainda
prevê que o varejo deverá fechar
o ano com elevação de 7%, em
relação ao ano passado. Já Pina vê
uma taxa entre 3% e 4% para o
fim do ano. ■ Com Agências
MÊS
VEÍCULOS
1,2%
é o índice de crescimento
6,4%
foi a expansão registrada
nas vendas do setor varejista
brasileiro registrado
de fevereiro para março,
segundo dados do IBGE.
nos primeiros três meses
de 2011 nas vendas
do segmento de veículos,
motos, partes e peças.
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 13
Rafael Neddermeyer
COMBUSTÍVEIS
CONSTRUÇÃO
Distribuidoras dizem que queda de preços
foi natural, e não por pressões do governo
Pesquisa do Dieese mostra que
rotatividade reduz salário do setor em 7,5%
Apesar das reclamações e ameaças do governo, os preços dos
combustíveis cairiam naturalmente, em razão do início da safra de canade-açúcar, assegurou o presidente do Sindicato Nacional das Empresas
Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alízio Vaz.
Segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), os preços do
etanol já chegaram a recuar 40% nas usinas e cerca de 4% nas bombas.
A rotatividade da mão de obra na construção civil reduziu em 7,5% o
salário dos empregados do setor em 2010. No ano passado, o salário
médio do trabalhador demitido pelas construtoras era de R$ 968,33.
Já o dos admitidos ficou em R$ 894,78, segundo estudo do Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No setor, a
duração do tempo de trabalho se dá por contrato temporário ou empreitada.
Henrique Manreza
Emprego industrial cresce em
março, mas diminui ritmo
Expansão foi de 2,2% sobre o mesmo mês de 2010. Apesar do crescimento, trata-se do menor
resultado neste tipo de comparação desde fevereiro do ano passado, quando a alta foi de 0,8%
Vendas no segmento de
tecidos, vestuário
e calçados cresceram 1,1%
de fevereiro para março
REGIÕES
20
das 27 unidades da federação
que fazem parte da pesquisa
apresentaram resultados
positivos nas vendas em março
sobre o mesmo mês de 2010.
O nível de emprego na indústria
brasileira cresceu 2,2% em
março, na comparação com o
mesmo mês do ano passado, o
que representa a 14ª taxa positiva seguida, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE)
divulgados ontem. Apesar do
crescimento, o resultado é o
menor nesta base de comparação desde fevereiro, quando foi
registrada alta de apenas 0,8%.
Considerando o primeiro trimestre deste ano, houve expansão de 2,6% no total de vagas
em relação a igual intervalo de
2010. Sobre o mês imediatamente anterior, o mercado de
trabalho industrial apresentou
estabilidade, depois de mostrar
crescimento de 0,5% de janeiro
para fevereiro.
Segundo o instituto, embora
as comparações com iguais períodos do ano anterior apontem
resultados positivos, há “clara
redução na intensidade do crescimento, refletindo em grande
parte a elevação da base de
comparação”. Ou seja, como o
ritmo de crescimento no ano
passado foi muito forte, é difícil
repetir tal desempenho agora.
Em março, na comparação
com igual mês do ano anterior,
as contratações superaram as
demissões em 12 dos 14 locais
pesquisados e em 13 dos 18 setores investigados. Entre os locais,
as principais contribuições positivas vieram da Região Nordeste (3,8%), Região Norte e Centro-Oeste (4,1%), do Rio Grande
do Sul (3,7%), Paraná (4,2%) e
de Minas Gerais (2,7%).
Os setores que tiveram mais
destaque foram os meios de
transporte (8,2%), produtos de
metal (7,6%), alimentos e bebidas (2,4%), máquinas e equipamentos (5,2%), máquinas e
aparelhos eletroeletrônicos e de
comunicações (6,6%), metalurgia básica (7,7%) e outros
produtos da indústria de transformação (5,3%). Já as pressões
negativas mais importantes sobre o total da indústria ficaram
com papel e gráfica (-8,5%), vestuário (-3,8%) e madeira (-7,6%).
O documento do IBGE também revela que o rendimento
Em março,
comparando com o
mesmo mês de 2010,
as contratações
no setor superaram
as demissões
em 12 dos 14
locais pesquisados
pelo IBGE
dos trabalhadores da indústria
aumentou 0,5% na passagem de
fevereiro para março. Na comparação com o mesmo mês do
ano passado, a expansão foi de
5,9%. Em 12 meses, o índice
acumula alta de 7,6%.
São Paulo
Dados divulgados ontem pela
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo) mostram que o nível de emprego
industrial no Estado de São
Paulo cresceu 1,81% em abril,
em relação a março, com a criação de 46,5 mil novos postos de
trabalho. Com ajuste sazonal, o
índice ficou estável, com leve
aumento de 0,03% na comparação com o mês anterior. No
acumulado do ano já são 97.000
novos empregos em relação a
2010, o que representa um crescimento de 3,85% de janeiro a
abril. ■ Com Agências
POSITIVO INFORMÁTICA S.A.
Companhia Aberta
CNPJ/MF nº 81.243.735/0001-48 - NIRE 41.300.071.977
Atas das Assembleias Gerais Ordinária e Extraordinária Realizadas em 29 de Abril de 2011
Data, Hora e Local: Em 29 de abril de 2011, às 09h00, na sede administrativa da Companhia, localizada na Rua Senador Accioly
Filho, 1021, Cidade Industrial de Curitiba, na cidade de Curitiba, Estado do Paraná. Publicações Prévias: Anúncios de convocação
publicados nos termos do §1º do artigo 124 da Lei nº 6.404 de 15/12/1976 (“LSA”), nos jornais “Valor Econômico” e “Indústria e
Comércio” e no Diário Oficial do Estado do Paraná nos dias 12, 13 e 14 de abril de 2011. O Relatório da Administração, Balanço
Patrimonial, Demonstrações Financeiras e Parecer dos Auditores Independentes, todos com relação ao exercício social encerrado
em 31 de dezembro de 2010, foram publicados nos jornais “Valor Econômico” e “Indústria e Comércio” em 04 de março de 2011 e
no Diário Oficial do Estado do Paraná em 10 de março de 2011. Foram igualmente divulgados ao mercado, por meio dos websites
da Comissão de Valores Mobiliários, da BM&FBOVESPA S.A. - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros e do website de relações
com os investidores da Companhia, os documentos acima, bem como aqueles exigidos nos termos da Instrução Normativa CVM
nº 481/2009. Presenças: (i) presentes acionistas representando o quórum legal do capital social, conforme assinaturas constantes
do Livro de Presença de Acionistas; (ii) representantes da Administração da Companhia, Srs. Hélio Bruck Rotenberg e Ricardo
Fernandes Pereira; e (iii) representantes da Deloitte Touche Tohmatsu, auditores independentes da Companhia, Srs. Cosme dos
Santos e Fernando de Souza Leite. Mesa: Sr. Hélio Bruck Rotenberg -Presidente; e Sra. Daniella Maria Neves Reali Fragoso Secretária. Leitura de Documentos: Aprovada, por unanimidade dos presentes, a dispensa da leitura dos documentos
relacionados à ordem do dia destas Assembleias Gerais, uma vez que referidos documentos são do inteiro conhecimento dos
acionistas da Companhia. Ata em Forma de Sumário: Aprovada, por unanimidade dos presentes, a lavratura desta ata em forma
de sumário e publicação com omissão das assinaturas, conforme autorizam os §§ 1º e 2º do artigo 130 da LSA. Ordem do Dia:
Em Assembleia Geral Ordinária: Deliberar sobre a (i) aprovação das contas dos administradores e das demonstrações
financeiras, referentes ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2010; (ii) proposta de destinação do lucro líquido do
exercício encerrado em 31 de dezembro de 2010; (iii) proposta de remuneração global dos administradores da Companhia para o
exercício social de 2011; e (iv) proposta de reeleição dos membros do Conselho de Administração. Em Assembleia Geral
Extraordinária: Deliberar sobre a (i) proposta de alteração do caput do artigo 15 do Estatuto Social da Companhia, de forma a
suprimir o cargo de Diretor de Marketing e criar o cargo de Diretor Vice-Presidente de Marketing; e (ii) consolidação do Estatuto
Social da Companhia, de maneira a refletir a alteração sugerida no item “i” acima, caso aprovada pelos acionistas. Deliberações:
As seguintes deliberações foram tomadas pelos presentes, com abstenção dos legalmente impedidos e daqueles expressamente
indicados, quando aplicável: Em Assembleia Geral Ordinária: (i) Aprovar, por unanimidade dos votos dos presente, com
abstenção do acionista Ishares III Public Limited Company, as contas dos administradores e as demonstrações financeiras,
referentes ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2010; (ii) Aprovar, por maioria dos votos dos presentes, a
destinação do lucro líquido do exercício encerrado em 31 de dezembro de 2010 no valor de R$ 89.196.137,00 (oitenta e nove
milhões, cento e noventa e seis mil e cento e trinta e sete reais), conforme segue: (a) R$ 66.897.103,00 (sessenta e seis milhões,
oitocentos e noventa e sete mil e cento e três reais) para constituição de reserva de lucros de incentivos fiscais, nos termos do
artigo 195-A da Lei nº 6.404/76; e (b) R$ 22.299.034,00 (vinte e dois milhões, duzentos e noventa e nove mil e trinta e quatro reais)
para distribuição aos acionistas a título de dividendo obrigatório, o que equivale a um valor de R$ 0,25897643 por ação, a serem
pagos aos acionistas em uma única parcela, em 15 de dezembro de 2011, sem correção monetária. Este valor representa 25,00%
do lucro líquido do exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2010. Terão direito aos dividendos, os acionistas assim
identificados em 29 de abril de 2011 e, a partir de 02 de maio de 2011, as ações serão negociadas ex-dividendos na BM&FBOVESPA
- Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (“BM&FBOVESPA”). Ficam os Diretores da Companhia autorizados a praticar todos os
atos necessários à distribuição dos dividendos ora declarados. Foi informando que não foram destinados valores para a
reserva legal, uma vez ter a reserva de capital excedido o limite de 30% do capital social, conforme hipótese do artigo 193,
§1º da Lei nº 6.404/76; (iii) Fixar, por maioria dos votos dos presentes, o valor da remuneração global anual dos administradores da
Companhia em até R$ 11.000.000,00 (onze milhões de reais), para o exercício social de 2011; (iv) Reeleger, para o Conselho de
Administração da Companhia, por maioria dos votos dos presentes, para mandato de 01 (um) ano, como Presidente o Sr.: Oriovisto
Guimarães, brasileiro, divorciado, empresário, portador da Carteira de Identidade RH nº 495.887-0 - SSP/PR, inscrito no CPF/MF
sob o nº 316.626.259-87, residente e domiciliado na Cidade de Curitiba, Estado do Paraná, com escritório na Avenida Cândido
Hartmann, nº 1400, Bairro Bigorrilho, CEP 80710-570; e como membros do Conselho de Administração os Srs.: Hélio Bruck
Rotenberg, brasileiro, casado, empresário, portador da Carteira de Identidade RG nº 1.217.176-5 - SSP/PR, inscrito no CPF/MF
sob o nº 428.804.249-68, residente e domiciliado na Cidade de Curitiba, Estado do Paraná, com escritório na Rua Senador Accioly
Filho, nº 1021, Bairro Cidade Industrial de Curitiba, CEP 81310-000; Ruben Tadeu Coninck Formiguieri, brasileiro, casado,
empresário, portador da Carteira de Identidade RG nº 841.599 - SSP/PR, inscrito no CPF/MF sob o nº 321.218.309-87, residente
e domiciliado na Cidade de Curitiba, Estado do Paraná, com escritório na Avenida Nossa Senhora Aparecida, nº 174,
Bairro Seminário, CEP 80440-120; Fernando Soares Mitri, brasileiro, casado, engenheiro, portador da Carteira de Identidade
RG nº 380.504 - SSP/PR e inscrito no CPF/MF sob o nº 001.681.739-72, residente e domiciliado na Cidade de Curitiba, Estado do
Paraná, na Rua Luiza Mazetto Baggio, nº 120, apto. 2001, Bairro Mossunguê, CEP 81200-600; Álvaro Augusto do Amaral,
brasileiro, casado, empresário, portador da Carteira de Identidade RG nº 618.233 - SSP/PR, inscrito no CPF/MF sob
o nº 075.825.799-68, residente e domiciliado na Cidade de Curitiba, Estado do Paraná, com escritório na Avenida Cândido
Hartmann, nº 1400, Bairro Bigorrilho, CEP 80710-570; e Samuel Ferrari Lago, brasileiro, casado, administrador de empresas,
portador da Carteira de Identidade RG nº 3.668.497-6 - SSP/PR e inscrito no CPF/MF sob o nº 599.964.209-49, residente e
domiciliado na Cidade de Curitiba, Estado do Paraná, com escritório na Avenida Nossa Senhora Aparecida, nº 174, Bairro
Seminário, CEP 80440-120. O Sr. Fernando Soares Mitri é Conselheiro Independente, estando devidamente atendido o percentual
mínimo de 20% dos conselheiros exigido no Regulamento de Listagem do Novo Mercado da BM&FBOVESPA. Os conselheiros
tomarão posse assinando os respectivos termos de posse no Livro de Atas de Reunião do Conselho de Administração.
Os acionistas declararam ter obtido a informação dos Conselheiros ora eleitos, de que estão em condições de firmar a declaração
de que trata a Instrução CVM nº 367, de 29 de maio de 2002. A posse dos membros do Conselho de Administração está
condicionada à prévia subscrição do Termo de Anuência, aludido no Regulamento de Listagem do Novo Mercado da
BM&FBOVESPA. Em Assembleia Geral Extraordinária: Aprovar, por unanimidade dos votos dos presentes, a alteração do
caput do artigo 15 do Estatuto Social da Companhia, de forma a suprimir o cargo de Diretor de Marketing e criar o cargo de Diretor
Vice-Presidente de Marketing, que passa a vigorar com a seguinte redação: “Artigo 15 - A Diretoria da Companhia será composta
por até 12 (doze) membros, residentes no País, acionistas ou não, eleitos e destituíveis pelo Conselho de Administração,
sendo 01 (um) Diretor Presidente, 01 (um) Diretor Vice-Presidente de Operações, 01 (um) Diretor Vice-Presidente de Finanças,
01 (um) Diretor Vice-Presidente de Tecnologia Educacional, 01 (um) Diretor Vice-Presidente de Novos Produtos e de Procurement,
01 (um) Diretor Vice-Presidente de Marketing, 01 (um) Diretor de Supply Chain, 01 (um) Diretor Comercial de Tecnologias
Educacionais, 01 (um) Diretor de Operações de Tecnologias Educacionais, 01 (um) Diretor de Produções Terceirizadas, 01 (um)
Diretor de Conectividade e 01 (um) Diretor de Relações com Investidores”. Aprovar a consolidação do Estatuto Social da
Companhia, tendo em vista a aprovação da alteração acima, o qual passa a vigorar conforme Anexo I à presente ata. Documentos
Arquivados: Todos os documentos aqui mencionados, devidamente rubricados pelos integrantes da Mesa e posteriormente
anexados à ata, ficarão arquivados na sede da Companhia. Aviso aos Acionistas: De acordo com o aprovado na reunião do
Conselho de Administração da Companhia em 01/03/2011, foram alterados os jornais utilizados para publicação dos atos legais da
Companhia, substituindo os veículos “Valor Econômico” (nacional) e “Indústria e Comércio” (regional) por “Brasil Econômico”
(nacional) e “Metrópole” (regional). Estas mudanças passarão a vigorar para os atos legais da Companhia publicados a partir
de 01 de maio de 2011. Encerramento: Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a assembleia e lavrada a presente ata que, lida
e achada conforme, foi assinada por todos os presentes. Assinaturas: Mesa: Hélio Bruck Rotenberg, Presidente, Daniella Maria
Neves Reali Fragoso, Secretária. Acionistas: Hélio Bruck Rotenberg, Ruben Tadeu Coninck Formighieri (P.p Selma Cristina Saito
Azevedo), Cíxares Libero Vargas (P.p Selma Cristina Saito Azevedo), Lucas Raduy Guimarães (P.p. Wladimir Bezerra Cordeiro),
Sofia Guimarães Von Ridder (P.p. Wladimir Bezerra Cordeiro), Giem Raduy Guimarães (P.p. Wladimir Bezerra Cordeiro), Samuel
Ferrari Lago (P.p. Wladimir Bezerra Cordeiro), Paulo Fernando Ferrari Lago (P.p. Wladimir Bezerra Cordeiro), Thaís Susana Ferrari
Lago (P.p. Wladimir Bezerra Cordeiro), Bell Atlantic Master Trust (P.p. Daniel Alves Ferreira), Norges Bank (P.p. Daniel Alves
Ferreira), Vanguard Total International Stock Index Fund (P.p. Daniel Alves Ferreira), Fidelity Investments Money Management (P.p.
Daniel Alves Ferreira), College Retirement Equities Fund (P.p. Daniel Alves Ferreira), Ishares III Public Limited Company (P.p. Daniel
Alves Ferreira), Pyramis Group Trust for Employee Benefit Plans (P.p. Daniel Alves Ferreira), SSGA MSCI Emerging Markets Small
Cap Index (P.p. Daniel Alves Ferreira), The Pension Reserves Investment Management Board (P.p. Daniel Alves Ferreira), Cox
Enterprises Inc. Master Trust (P.p. Daniel Alves Ferreira), Teacher Retirement System of Texas (P.p. Daniel Alves Ferreira), Neuroci
Antonio Frizzo, Alvaro Augusto do Amaral. Confere com a original lavrada em livro próprio. Daniella Maria Neves Reali Fragoso Secretária. JUCEPAR nº 20110991060 em 06/05/2011. Sebastião Motta - Secretário Geral.
14 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
INOVAÇÃO & TECNOLOGIA
SEGUNDA-FEIRA
TERÇA-FEIRA
EDUCAÇÃO
EMPREENDEDORISMO
Chapisco está perto do fim na
Mactra lança fixador para cimento que promete reduzir o consumo de materiais usados na fase de reboco,
Fotos: divulgação
Aplicação de fixador evita uso
de reboco sobre
paredes e agiliza obras
Nivaldo Souza
[email protected]
A Mactra, fabricante de componentes para construção civil,
lança um produto que promete
pôr fim a um dos processos mais
comuns em obras, o chapisco. À
primeira vista apenas um préacabamento do revestimento de
paredes, a cobertura grosseira de
massa é uma etapa que consome
insumos, tempo e dinheiro. A
ideia da empresa foi criar um
produto para dispensar essa etapa. O fixador, que foi denominado Fixmassa, elimina o chapisco,
turbinando a densidade da massa do reboco, e uma redução de
até 76,2% no custo final da obra.
Estudo elaborado pela fábrica de Itatiba, interior paulista,
indica que cada mil metros
quadrados de paredes rebocadas com chapisco custa R$ 5,5
mil. Sem o pré-acabamento, o
“
A quantidade de
cimento e a mão de
obra para fazer
o chapisco têm um
custo alto. Quando
essa fase é eliminada,
a redução de gasto
é muito significativa
Vicente Parisotto Júnior,
gerente técnico da Mactra
mesmo espaço com o fixador sai
por R$ 1.310, conforme cruzamento de dados do Sindicato da
Indústria da Construção Civil
do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP). Parte do corte no gasto resulta da agilidade que o
emprego menor de trabalho
imprime à cobertura de paredes. “A quantidade de cimento e
a mão de obra para fazer o chapisco têm um custo alto”, observa o gerente técnico da Mactra, Vicente Parisotto Júnior.
“Quando essa fase é eliminada,
a redução do custo final é muito
significativa”, afirma.
O chapisco funciona como
um aderente do acabamento sobre a alvenaria. É uma espécie
de anteparo responsável por fazer com que a massa grossa de
cobertura das paredes não caia.
A Fixmassa faz essa função, injetando na massa polímeros
acrílicos e aditivos plastificantes
que agem como se fossem uma
cola. Isso auxilia a massa a grudar na parede, processo que
ocorre devido à redução da água
usada para fazer a massa.
Menos infiltração
O gerente técnico da Mactra, responsável pelo desenvolvimento
de novos produtos da empresa,
assegura que o fixador reduz entre 30% e 50% da água usada no
preparo da massa. Segundo Parisotto, isso acontece porque a
Fixmassa dispensa a adição de
água em grande quantidade devido às características de resistência repassada à mistura de
areia, cimento e cal. “Fizemos a
combinação de componentes,
como resinas para ter aderência,
com aditivos que retêm líquido,
os polímeros. Isso faz com que a
massa fique com menos água,
sem correr o risco de desplacamento”, explica o executivo.
Fixmassa pode fazer
o custo do reboco
por metro quadrado
cair de R$ 55,00
para R$ 13,00,
uma redução de
76,2% na etapa de
acabamento de obras
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 15
QUARTA-FEIRA
QUINTA-FEIRA
GESTÃO
SUSTENTABILIDADE
Divulgação
construção civil
PAULO SKAF
Presidente do Centro e da
Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo
(Ciesp/Fiesp)
diminui uso de água e corta em 76% o custo final da obra
PARA GRUDAR NA PAREDE
Desenvolvido a partir de
um aditivo criado pela
Mactra para eliminar
o emprego da cal na liga
da massa de alvenaria, o
Fixmassa funciona como
um fixador. O produto é
uma espécie de cola para
substituir o chapisco,
aderente usado como
pré-acabamento
do reboco de paredes.
O fixador nasceu
da mistura de polímeros
de acrílicos e aditivos
plastificantes. Com isso,
substitui o chapisco, cujo
papel é servir de anteparo
para que o reboco não
despregue das paredes.
Um ganho indireto
do produto é a redução
de trincas que surgem
na parede durante a
evaporação da água
usada na massa de areia,
cimento e cal. Isto ocorre
porque os polímeros
ajudam a reduzir o uso
de água, que entra na
composição da massa
para auxiliar a misturar os
insumo da massa. Ideia
simples e barata, vendia
em sachês de 500ml
por cerca de R$ 12 nas
lojas de construção. N.S.
Outro ganho indireto é a redução de fissuras na parede rebocada. Como ocorre uma redução de água na massa, a evaporação do processo de secagem é
menor. Com isso, pequenas rachaduras após a secagem final
do acabamento normal com o
chapisco não surgem com o fi-
xador. O resultado é obtido por
causa de uma reação química na
secagem do reboco creditada à
presença dos polímeros no produto da Mactra. E com menos
espaço, a passagem de líquidos
para os tijolos fica menor. A empresa afirma, entretanto, que
isso não significa que o fixador
atue como impermeabilizante.
A empresa colocou o produto
no mercado em pequenas embalagens de 500 mililitros. Cada
sachê serve para 25 quilos. “Já
temos algumas toneladas produzidas e a aceitação do mercado ficou acima do que esperávamos”, afirma Parisotto. ■
MASSA LEVE
✽
Substituto da cal mistura com custo menor
A Mactra diz que a sua Fixmassa
elimina o uso da cal como aditivo da
massa usada no reboco de paredes.
Segundo a empresa, a troca ocorre
por conta das características
químicas do fixador. O produto age
como um tipo de “cera lubrificante”
como a cal. A cada 500 mililitros
adicionados a 25 quilos de cimento,
o produto dispensa 20 quilos de cal.
O abandono do insumo é um dos
principais agentes da redução de
preço que a Fixmassa promete levar
à construção, junto com o emprego
menor de mão de obra. O custo
de produção do metro quadrado
de reboco com o chapisco é de
R$ 55. Somente a mistura da
massa com o fixador e sem o uso
da cal tem um valor estimado
de R$ 13,10 por metro. N.S.
Precisamos de um
Brasil mais inovador
Vivemos a era da informação, do conhecimento e, principalmente, da inovação. As marcas mais admiradas da
atualidade utilizam e vendem inovação. É por meio de
processos inovadores que essas bem sucedidas empresas
conseguem aumentar a eficiência, a produtividade e,
consequentemente, a competitividade. Inovação gera
valor para o setor produtivo.
No mundo todo, muitas empresas e governos já despertaram para a questão e investem boa parte de seus recursos, financeiros e humanos, em pesquisa e desenvolvimento (P&D). No Brasil, contudo, ainda não temos um
ambiente favorável que estimule a inovação por parte
dos agentes do desenvolvimento, que são as empresas, os
trabalhadores e o poder público. Nos falta uma postura
mais ousada e inovadora. É preciso criar urgentemente
essa cultura no país.
Os números comprovam o nosso atraso na área. De
acordo com o Índice Fiesp de Competitividade das Nações, o gasto em P&D no Brasil subiu de 0,9% do Produto
Interno Bruto (PIB), em 1997, para aproximadamente
1,1%, em 2008. Nos países mais competitivos, o gasto em
P&D cresceu de 2,6% do PIB, para 2,8 % no mesmo período. Temos, portanto, um modelo ultrapassado de gestão da inovação. Nossas
empresas, de modo geral, têm dado pouca
importância à questão
Nossas empresas
quando ela deveria estêm dado pouca
tar no centro das atenimportância à
ções. Sem uma conjuntura que fomente a inoinovação, quando
vação nos setores proela deveria estar
dutivos, corremos o
no centro das
risco de perder ainda
atenções. Sem uma mais competitividade,
tanto no mercado doconjuntura que
méstico, com a invasão
fomente inovar nos dos importados, como
no internacional, onde
setores produtivos,
parte dos atores
corremos o risco de boa
econômicos está mobiperder ainda mais
lizada em busca de mais
competitividade no eficiência por meio da
mercado doméstico inovação.
Neste cenário, dee internacional
vemos esperar que o
Estado assuma o compromisso de articular e
perseguir um plano de
longo prazo, com metas, projetos e programas bem estruturados, semelhantes aos de nossos principais concorrentes. Esse esforço passa necessariamente pelo estabelecimento de um ambiente jurídico mais estável e
por evitar que o trinômio câmbio-juros-carga tributária, além da burocracia, sejam restrições permanentes
aos investimentos privados em inovação. Em 2008,
por exemplo, o gasto em P&D da indústria brasileira foi
de R$ 12,4 bilhões. No mesmo ano, o gasto apenas com
spread bancário foi em torno de R$ 60 bilhões, valor
quase cinco vezes superior ao aporte em pesquisa e
desenvolvimento.
Para reverter esse cenário, é preciso enfrentar o desafio
institucional. Precisamos aprimorar e ampliar o financiamento reembolsável e não reembolsável à inovação. Temos de reestruturar os incentivos fiscais à inovação tecnológica, permitindo a utilização por empresas de lucro
presumido. É necessário aumentar investimentos em
Tecnologia Industrial Básica (TIB). Tudo isso reforçando o
suporte à propriedade intelectual e, não menos importante, reconhecendo efetivamente a educação como parte primordial do Sistema Nacional de Inovação. ■
16 Brasil Econômico Sexta-feira,
Sexta-feira e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
ENCONTRO DE CONTAS
LURDETE ERTEL
Antipatia
incômoda
O pleito de países como o
Brasil pelo afrouxamento
do processo de concessão
de vistos pelos Estados
Unidos ganhou reforço
entre os próprios
americanos.
A US Travel Association
divulgou estudo ontem no
qual defende a reforma
dos processos antiquados
de concessão de visto.
A medida teria poder de
criar 1,3 milhão de
empregos e adicionar
US$ 859 bilhões na
economia americana
até 2020, aponta o dossiê.
A entidade de turismo
propõem aumentar o staff
dos consulados, reduzir
o tempo de espera para
as entrevistas e ampliar
o programa de Visa
Waiver — que elimina a
obrigatoriedade de vistos
para uma lista de países.
— Como uma nação,
estamos colocando uma
placa de ‘mantenha-se
afastado’ — definiu o
presidente da US Travel.
A indústria gaúcha de eletrônicos
Teikon deu partida à produção
de notebooks e computadores
all-in-one para a MSI.
Com fábricas em Porto Alegre
(RS), São José dos Pinhais (PR)
e Manaus (AM), a empresa
recentemente também se instalou
em Jaguariúna, São Paulo.
Coelho precavido
Os brasileiros ainda têm
na boca o gosto dos ovos de
chocolate da última Páscoa,
mas a Garoto já começou a
preparar a Páscoa de 2012.
A empresa acaba de dar início
ao processo seletivo da equipe de
temporários que vai trabalhar na
produção dos ovos de chocolate
para o próximo ano, na fábrica
localizada em Vila Velha (ES).
A expectativa é que os
contratados comecem o
trabalho em julho.
O número inicial de vagas
abertas é de 300, que poderá
aumentar ao longo do ano.
Depois de muitos anos de controvérsia,
ficou pronto em Sevilha, na Espanha,
o projeto do complexo cultural,
arquitetônico e de lazer Las Setas –
cogumelos, em espanhol.
Obra com custo de € 100 milhões,
o empreendimento já se tornou novo
ponto turístico da capital da Andaluzia:
“Vou ter
quantos filhos
Deus quiser
me mandar.
O erro do
homem é
querer parar a
natureza (...)
Mas tem de
usar meios
para prevenir.
Se eu não os
usasse, teria
pelo menos
300 filhos”
Dado Dolabella, ator,
confirmando a notícia de
que será pai pela terceira vez.
A produtora musical Juliana
Wolter está grávida de
quatro meses.
o endereço reune museu, mercado de
alimentos frescos, palco para shows
e eventos sociais e, a partir de julho,
um restaurante panorâmico, que está
sendo instalado em um dos cogumelos.
A marca registrada do complexo são
seis grandes estruturas em formato
de guardassol, a 20 metros de altura.
▲
Teclando para fora
Cogumelos de concreto
A vida após a falência
Personagem de um dos maiores
escândalos financeiros do Brasil,
o banqueiro Edemar Cid Ferreira
(foto) abriu o coração para a Alfa.
Na revista deste mês, o dono do
falido banco Santos revela que,
depois de ter sido despejado de
sua mansão no Morumbi, está
morando na casa de um amigo.
O novo lar fica a apenas 100
metros da sua antiga residência
de 4 mil metros quadrados
idealizada por Ruy Ohtake e
adornada por 687 obras de arte.
Sobre o despejo, o confisco de
suas obras e o bloqueio de bens,
o banqueiro ironiza: “Foi um
Collor que passou na minha vida”.
Ele conta que está sobrevivendo
graças à bondade dos amigos:
“Vivo de dinheiro que me
emprestam, assim pago os
advogados e assessores”, diz.
Perguntado sobre o que deu
errado, apontou a ‘edemasia’:
“Eu era muito ansioso.
Na minha pressa de realizar,
devo ter passado por cima de
muita gente.”
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 17
Fotos: divulgação
Recorde em arte
A exposição Warhol TV acaba de bater novo recorde de
público no Oi Futuro no Rio de Janeiro, com 26.769 visitantes.
A atração superou a exposição do fotógrafo
americano David Lachapelle.
Atualmente em cartaz em Belo Horizonte, a mostra
se prepara para desembarcar em São Paulo.
Antes de chegar ao Brasil, a Warhol TV foi apreciada em Lisboa e Paris.
MARCADO
● O Instituto Italiano para o Comércio
Exterior e o Ministério das Relações
Exteriores da Itália iniciam, dia 16, em
São Paulo, o seminário Grandes Eventos
Esportivos no Brasil. O evento contará
com a presença do presidente da Fiesp,
Paulo Skaf e do embaixador da Itália
no Brasil, Gherardo La Francesca.
[email protected]
Robyn Beck/AFP
Ronco na cozinha
Ruídos
na
tradução
A glamourosa grife
automotiva italiana Bugatti
está estacionando no segmento
de decoração no Brasil.
O grupo acaba de fechar
parceria com a marca de
móveis planejados S.C.A,
que vai trazer ao mercado
brasileiro os eletroportáteis
da coleção Casa Bugatti.
A linha tem máquinas de café,
balanças, espremedores de
frutas, chaleiras elétricas,
liquidificador e torradeiras
criados pelo departamento
de design da marca.
É uma parceria exclusiva no
segmento moveleiro brasileiro.
Os queridinhos do
cinema Angelina
Jolie e Brad Pitt
estão sendo
processados
por uma
ex-funcionária
que trabalhava
como secretária
em uma de suas
propriedades,
na Riviera
Francesa.
A moça alega
ter sido
dispensada,
sem justa causa,
enquanto estava
de licença médica.
O advogado da
ex-secretária,
Emmanuel Ludot,
pede uma
indenização
€ 80 mil.
“Para estrelas
do porte deles,
esse valor é
uma gota no
oceano”,
justifica Ludot.
Jolie e Pitty
afirmam ter
despedido
a moça, que
servia também
como tradutora e
intérprete, porque
sua ausência
prejudicava
a gestão do
castelo, na França.
Dividindo o cabide
Com 32 lojas próprias, a grife
de moda masculina Vila Romana
vai abrir seu guarda-roupas
em lojas multimarcas.
A medida é tática para expandir
a marca e levá-la a mercados nos
quais a rede não tem loja própria.
Até o final do ano, a meta é
chegar a 200 pontos de venda.
Às compras
Centauro e Livraria Saraiva
são duas bandeiras que
vão encorpar o mix de lojas
do novo Boulevard Londrina
Shopping, que está sendo
construído em Londrina (PR).
O centro comercial vai ter
236 lojas, entre as quais
um hipermercado Walmart,
uma megaloja da Etna e um
complexo de cinemas Cinemark.
É empreendimento do
grupo português Sonae
e da Marco Zero.
O que Di Caprio
está perdendo
Enquanto o ator Leonardo
di Caprio oficializava
o fim do namoro com
a top israelense
Bar Refaeli, a grife de
moda íntima Passionata
está colocando na rua
sua nova campanha
publicitária, estrelada
pela loira. Recentemente
eleita a sexta mulher
mais sexy do mundo em
uma enquete da Maxim
Magazine, Bar exibe
suas curvas letais para
a grife francesa de
lingeries pela terceira vez.
Além dos novos modelos
da Passionata, a
ex-namorada de
Leonardo di Caprio anda
rodando o mundo como
garota-propaganda de um
novo perfume da Escada.
GIRO RÁPIDO
Em casa
A top model Camila Alves
acaba de desembarcar no
Brasil para estrelar a nova
campanha de jeans da Hering.
A bela será fotografada
nos próximos dias.
Novos ares
Após seis anos na matriz
francesa, Alejandro Berardi
chega ao Brasil para
assumir a presidência
da Air Liquide no país e
também a vice-presidência
para a América Latina.
Moda de shopping
A Sonae Sierra Brasil está
lançando, neste mês, a revista
Mag para os shoppings Parque
D. Pedro, em Campinas,
e Plaza Sul, em São Paulo.
A publicação traz
informações sobre as
novidades dos shoppings,
serviços de beleza, bem-estar
e estilo de vida, além das
últimas tendências em moda.
Outras curvas
Acontece neste fim
de semana, dias 14 e 15,
a 4ª etapa do Mini Challenge
Cup, em um circuito
desconhecido.
O evento será realizado
pela primeira vez
na pista do Velopark,
no município gaúcho de
Nova Santa Rita,
a 20 Km de Porto Alegre.
Caue Moreno
Com Karen Busic
[email protected]
18 Brasil Econômico Sexta-feira,
Sexta-feira e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
EMPRESAS
Editora: Rita Karam [email protected]
Subeditoras: Estela Silva [email protected]
Isabelle Moreira Lima [email protected]
Desiludido, dono
da Colombo não
encontra sucessor
Aos 80 anos e sem herdeiros interessados em tocar a rede de
varejo, Adelino Colombo perde seu segundo superintendente
Cintia Esteves
[email protected]
No início deste ano, Adelino Colombo sofreu uma grande frustração. O fundador da Lojas Colombo contratara Gustavo Courbassier, ex-Bradesco, para assumir a
superintendência da companhia,
o que lhe daria a chance de, enfim,
aposentar-se. Porém, após cinco
meses no cargo, o executivo deixou a empresa por não conseguir
convencer a mulher a mudar-se
de Curitiba para Farroupilha, onde
fica a sede da Lojas Colombo. “Foi
uma decepção muito grande”, diz
o empresário de 80 anos.
O mais dolorido para Adelino é
que Courbassier já era uma espécie de braço-direito, antes mesmo
de sua contratação. O executivo
representava o Bradesco dentro
da Crediare, financeira da Lojas
Colombo na qual o banco possui
50% de participação. Após o revés, Adelino segue sem um nome
para assumir os negócios. De seus
quatro filhos, apenas um trabalha
no grupo, mas não quer dirigí-lo.
O empresário tem mais duas filhas
advogadas e uma publicitária, todas sem interesse pelos negócios
da família. “Vou dar um tempo
neste assunto e continuar tocando
a empresa sozinho”, diz.
Esta é a segunda vez que Adelino falha ao tentar profissionalizar a empresa. Em 2005, o executivo Eldo Moreno, que tinha
Pernambucanas e Magazine Luiza no currículo, deixou o comando da Lojas Colombo após menos
de três anos de grupo. Com este
histórico e o apetite de gigantes
do varejo em ir às compras, seria
óbvio deduzir que a qualquer
momento a Lojas Colombo pode
trocar de mãos. Adelino, no entanto, não admite a hipótese.
“Estou interessado em adquirir
uma rede. E o Bradesco, meu sócio na financeira, me empresta o
quanto eu precisar.” Executivos
próximos à companhia afirmam
que o empresário chegou a assinar um contrato de confidencialidade para ter acesso aos números do Baú da Felicidade, a vare-
“
Estou interessado
em adquirir uma rede.
E o Bradesco, meu
sócio na financeira,
me empresta o
quanto eu precisar
Adelino Colombo
jista de eletroeletrônicos de Silvio
Santos, que está à venda. No entanto, ao tomar conhecimento de
quanto o apresentador de TV
queria pelo negócio, Adelino teria
dito: “Não pago nem 10% deste
valor.” O empresário, no entanto, nega as informações.
Retomada
Se conseguir fechar a compra de
alguma rede varejista, a Lojas Colombo tem a chance de recuperar
o tempo perdido em disputas internas que atrasaram sua expansão. Durante alguns anos, Adelino
travou uma guerra judicial com
Miguel Ângelo Maggioni, filho de
seu sócio Dionísio Maggioni, morto no início dos anos 1990. Somente há cinco anos é que Adelino
conseguiu resolver a pendenga,
adquirindo os 40% de Maggioni
na sociedade. “Comprar a parte
dele exigiu um grande esforço de
caixa e um atraso na expansão da
rede”, diz o empresário.
Atualmente com 326 lojas espalhadas por Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná, São Paulo
e Minas Gerais, a expectativa é
abrir pelo menos mais 12 unidades até dezembro de 2011.
No entanto, o empresário precisa driblar mais um inimigo: o
aquecimento do mercado imobiliário. “Está muito caro alugar
imóveis.” Dados da Cushman &
Wakefield, consultoria especializada em mercado imobiliário,
mostra uma valorização média
de 25,3% no preço de aluguel
comercial no país no quarto trimestre de 2010. Para 2011, a tendência é de nova alta.
Mas, além das Lojas Colombo, Adelino ainda tem muito
com que se preocupar, afinal
seus negócios não se resumem
ao varejo de eletroeletrônicos
e a financeira. O empresário
também possui uma empresa
de consórcio de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e motocicletas, uma administradora
de imóveis, uma rede de revenda de motocicletas com 12 unidades e uma representante de
pneus Goodyear. ■
Venda da rede é
Problema enfrentado pela
Lojas Colombo é comum
em empresas familiares
Como Adelino Colombo não
conseguiu formar um executivo
capaz de se alinhar com os herdeiros da companhia, a tendência é que a empresa seja vendida. É o que diz Nuno Fouto, professor do Programa de Adminis-
tração de Varejo (Provar), da
Fundação Instituto de Administração (FIA/USP). “Como os filhos não têm interesse no negócio, quando o fundador se afastar do comando, eles devem
procurar um comprador”, diz.
O especialista explica que
este é um problema comum nas
empresas familiares. E mesmo
nos casos em que o dono da
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 19
Murillo Constantino
Basf programa investimentos de € 300 milhões na América do Sul
Alfred Hackenberger, presidente da indústria química alemã, informa que os recursos deverão ser alocados
nos próximos cinco anos. Entre os investimentos programados está a conclusão das obras de sua nova fábrica
de metilato de sódio em Guaratinguetá (SP), que terá uma capacidade de produção anual de 60 mil toneladas.
Outro investimento foi anunciado pela empresa em março deste ano e ainda encontra-se em fase de estudo
de viabilidade técnica e econômica. Prevê a construção de um complexo de escala global no Brasil, que inclui
a produção de ácido acrílico, acrilato de butila e polímeros superabsorventes (SAP). “Com estes investimentos
seremos a primeira empresa a produzir ácido acrílico e superabsorventes na América do Sul”, diz Hackenberger.
Murillo Constantino
Dos quatro filhos de
Adelino Colombo,
somente um trabalha
na rede de lojas que
leva seu nome, mas
não deseja herdar o
comando do negócio
VENDAS
R$
1,4 bilhão
foi quanto a companhia faturou
em 2010, um crescimento de
14%. Para este ano, a expectativa
é crescer 10% com abertura de
pelos menos 12 lojas.
PRESENÇA
326
lojas
formam a rede de Adelino
Colombo. As unidades estão
espalhadas pelo Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, Paraná,
São Paulo e Minas Gerais.
caminho natural, diz especialista
companhia consegue formar
um bom presidente, muitas vezes ele não se alinha com os objetivos dos herdeiros.
“Por não estarem no dia a
dia do negócio, os herdeiros
costumam adotar uma postura
conservadora, do tipo ‘não se
mexe em time que está ganhando’. Assim, fica difícil
para o executivo que não per-
Falta de um sucessor
preocupa Adelino
Colombo, mas não
tira o empresário
de sua rotina de
viagens e hobbies
tence à família fazer a empresa
crescer”, diz Fouto.
Vida boa
A falta de um sucessor preocupa
Adelino Colombo, mas não tira
o empresário de sua rotina de
viagens e hobbies. Apaixonado
por pesca, ele fez recentemente
uma viagem ao Pantanal e, pelo
menos uma vez por ano, parte
para uma temporada de caça no
Uruguai. “Tenho uma diretoria
muito competente na Lojas Colombo, o que me dá tranqüilidade”, afirma.
O empresário também costuma reservar dois períodos do ano
para fazer viagens com a esposa.
“Voltei recentemente de Cingapura. Posso dizer que hoje há
poucos países no mundo que não
conheço.”Com apenas o ensino
fundamental, Adelino transformou a Lojas Colombo em uma
das maiores potências do varejo
no Sul do país, onde gigantes
como Casas Bahia naufragaram
por falta de conhecimento do
mercado regional. “A varejista é
focada na classe média e tem ótima reputação, principalmente,
no Rio Grande do Sul. ■
20 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira,e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
EMPRESAS
Guenter Schiffmann/Bloomberg
FRIGORÍFICOS
AUTOMÓVEIS
JBS deverá captar US$ 2,5 bilhões para
pagar dívidas de curto e médio prazos
BMW estuda abertura de fábrica no Brasil
e em outros países emergentes
O conselho de administração da JBS autorizou a administração da
companhia a captar recursos mediante emissão de títulos de dívida pela
JBS USA e pela JBS Australia, subsidiárias indiretas da companhia. Os
recursos captados serão utilizados para pagamento de dívidas de curto
e médio prazos com custo maior na controladora. A expectativa da
companhia é que não haja aumento da dívida em termos consolidados.
A BMW está considerando aumentar o número de fábricas fora do
mercado europeu para atender a mercados na Ásia e América Latina,
afirmou Norbert Reithofer, presidente-executivo do grupo automotivo
alemão. Os planos incluem uma fábrica no Brasil e também na Rússia,
Índia, Coreia ou Turquia. A BMW reafirmou suas perspectivas anuais
depois que superou rivais com aumento de vendas no primeiro trimestre.
Penalty quer
fazer gols no
mercado de
alta renda
Fabricante de chuteiras e materiais
esportivos investe na melhora do produto
para fugir de concorrentes mais baratos
Amanda Vidigal Amorim
[email protected]
Com a invasão de produtos chineses no país, e sem competitividade produtiva, a Penalty,
marca brasileira de chuteiras,
acessórios e bolas para esportes
com os pés, acaba de lançar
uma campanha que pretende
mostrar ao consumidor que ela
já não é mais a mesma. “Estamos agregando valor ao nosso
produto, não queremos mais
concorrer com marcas baratas.
Temos um produto de qualidade
com tecnologia de ponta, e é
isso que vamos mostrar ao consumidor”, afirma Roberto Estefano, presidente da Cambuci,
grupo controlador da Penalty e
também da Stadium, marca esportiva voltada para a classe C.
Mas essa não é a única mudança
na empresa. Com o intuito de
crescer no mercado, Estefano
afirma que a Cambuci está se
estruturando para virar “uma
gestora de marcas.”
Para este ano, Estefano afirma que não terão aquisições, já
que a empresa está apostando
todas as suas fichas na restruturação da marca. “Mas para o ano
que vem é certo que vamos ter
novidades”, afirma o presidente. Sobre o tipo de produto que a
empres busca, ele não revela.
Apenas afirma que tem que ser
ligado ao esporte e que não concorra com as suas duas marcas.
A discrição quanto aos objetivos da empresa é justificado por
Estefano pela concorrência do
segmento esportivo. Apesar de
dizer que não concorre mais diretamente com a Topper, marca
controlada pelo grupo Alpargatas, ele admite que fica atento a
todas as informações que saem
sobre o “concorrente”.
Fábrica na Argentina,
a primeira da marca
fora do Brasil, deve
entrar em operação
no início de 2012
e atender o mercado
onde as vendas da
Penalty mais crescem
Roberto Estefano, presidente
da Cambuci: meta de longo
prazo é entrar nos EUA
Para este ano, com a mudança de posicionamento de
marca, Estefano espera aumentar o preço de seus produtos entre 10% e 20%, dependendo da categoria. Serão investidos cerca de 2% do faturamento da empresa em pesquisa
e desenvolvimento. “Temos um
escritório com 30 pessoas que
se dedicam integralmente a
desenvolver e pesquisar novas
tecnologias. E apostamos nisso
para atrair o consumidor.”
A Penalty prevê faturar R$ 27,6
milhões na Argentina neste
ano. Atualmente, 60% das
vendas naquele país são de
itens produzidos no Brasil, enquanto os outros 40% são fornecidos por terceirizados locais. Com a nova fábrica que a
empresa está montando na
Argentina, que deve ficar
pronta no início do ano que
vem, a produção local deverá
responder por 60% do consumo. Será a primeira fábrica da
marca fora do Brasil.
Estados Unidos
As vendas na Argentina, segundo Estefano, só tem crescido e é
o principal ponto de expansão
da Penalty fora do Brasil. “Estamos na Argentina há muitos
anos, passamos por todas as
crises e continuamos lá, agora
vemos o país crescer e resolvemos investir em uma unidade
própria.” O investimento não foi
alto, são US$ 4,5 milhões, e deve
contar com 300 funcionários.
Globalmente,a produção da
empresa, que é hoje 78% própria e 22% terceirizada, deve
contar nos próximos anos com
novos fornecedores. Outro
plano, ainda sem data, de Roberto Estefano é entrar no
mercado americano. ■
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 21
Evandro Monteiro
ENERGIA
AGRONEGÓCIOS
Repsol apresenta aumento de 11,2% no
lucro líquido do primeiro trimestre
Produtoras priorizam produçao de etanol
no início da safra de cana-de-açúcar
A Repsol obteve um lucro líquido de € 765 milhões no primeiro trimestre
de 2011, 11,2% a mais do que no mesmo período do exercício anterior.
Sem considerar os resultados extraordinários, o lucro líquido recorrente
da Repsol melhorou 23,4%, chegando a € 791 milhões. Os resultados
são explicados pela melhora do preço de venda do petróleo e do gás
da Repsol, com aumentos de 13,4% e 14,8%, respectivamente.
A quantidade de cana-de-açúcar processada pelas produtoras do CentroSul do Brasil até o final de abril atingiu 23,69 milhões de toneladas,
das quais 64,62% destinou-se à fabricação de etanol, percentual superior
aos 59,18% no mesmo período da safra anterior. Para o diretor técnico
da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio Rodrigues,
trata-se da volta à normalidade no mercado de etanol combustível.
Fotos: divulgação
Hope e Gisele Bündchen
fecham nova parceria
Garota-propaganda da marca, a modelo brasileira passa a assinar uma
linha de lingeries que deve garantir receita anual de R$ 30 milhões
Depois de lançar sua campanha publicitária no ano passado com a top Gisele Bündchen
como garota-propaganda, a
Hope se prepara agora para colocar nas lojas uma coleção assinada pela modelo. “A nova
coleção agrega aos produtos
que a Hope já vende, pois serão
peças mais glamourosas e com
apelo sexy”, afirma Carlos
Eduardo Padula, diretor comercial da empresa. O objetivo
é que só essa linha fature R$ 30
milhões por ano.
A reestruturação da Hope
passou inclusive pela contratação de Padula, que era diretor comercial da fabricante de
meias Puket, onde ajudou a
montar o projeto de franquias
e expansão da marca que hoje
está presente em shoppings de
todo o Brasil. “Estamos ampliando o mix de produtos da
empresa. Ao invés de vendermos apenas lingeries, hoje
nosso consumidor pode comprar roupas para dormir e até
perfume.”
Com uma produção de 1,1
milhão de peças por mês, a
Hope está finalizando sua terceira unidade fabril, todas localizadas em Maranguape, no
Ceará. A empresa que tem hoje
61 lojas pelo país espera chegar a 2015 com 350 unidades
em todo território nacional. Só
este ano serão mais 60 novas
lojas. Com o fortalecimento da
rede de varejo, a Hope projeta
dobrar seu faturamento até
2013, e aumentar a capacidade
produtiva em 50% até 2015.
causa de concorrência externa.
O segmento de lingerie como
um todo no Brasil é muito forte, temos um produto bom e
com preço competitivo”, afirma Padula.
Internacionalização
Gisele
em peça
publicitária
da Hope:
apelo mais
sexy à
marca
A internacionalização da empresa começou, mas está em
suspenso no momento. São
cinco lojas, três em Portugal e
duas em Israel, todas franqueadas. “Até 2012 estamos
com o plano de novas lojas no
exterior em suspenso. Depois
disso vamos rever o projeto.
Queremos vender as lojas para o
exterior, e não apenas commodities”, afirma Padula. O aquecimento do mercado interno
voltou as ações para o mercado
brasileiro.
Aqui no Brasil, a coleção Gisele Bündchen chega às lojas
no dia 25 deste mês. Outros 3
mil pontos de venda, além das
lojas Hope, receberão a nova
coleção. “Não colocaremos nos
7 mil pontos que já vendemos,
será uma seleção mais criteriosa”, afirma Padula. ■ A.V.A.
PRODUÇÃO
1,1
milhão
de peças por mês é a
capacidade produtiva atual
da Hope. Até 2015, o volume
deve aumentar em 50%.
A empresa possui três
unidades fabril no Ceará.
NOVA COLEÇÃO
Mais receita
FRANQUIAS
Loja modelo será lançada este ano
Sem nunca ter entrado no mercado
varejista, a Penalty quer agora
tentar uma nova tacada, o mercado
de franquias. Pensando nisso, a
empresa inaugura em setembro
deste ano a sua primeira loja
própria. “Teremos um conceito do
que a Penalty vende nessa loja.
Não vamos vender, por exemplo,
uma linha que não seja premium.
As pessoas vão encontrar só o que
a Penalty tem de melhor”, afirma
Roberto Estefano, presidente da
Cambuci, detentora da marca.
A loja terá 190 metros quadrados e
ficará no shopping Dom Pedro, na
estrada que liga a capital paulista
à Campinas. “O local foi escolhido
pois é passagem para várias
cidades do interior do estado, além
disso é um local onde possui vários
campos de futebol ao redor, o que
estimula a prática do esporte”,
afirma Estefano. A.V.A.
Padula não revela o total faturado, mas afirma que o objetivo
é aumentar o montante agregando valor à produção, com
peças para dormir, por exemplo. “Queremos que nos próximos dois anos as roupas para
noite possam representar 20%
do faturamento da empresa.”
Diferente da situação enfrentada por muitas empresas
da indústria têxtil e de confecções, Padula afirma que a concorrência dos produtos chineses não mudou nada no segmento de lingeries. “Nós não
tivemos nenhuma queda por
R$
30 mi
é a expectativa de faturamento
da linha Giselle Bündchen para
a Hope. A modelo ganhará
o período royalties sobre as
vendas dos produtos.
CRESCIMENTO
50%
é quanto a diretoria da
Hope espera crescer no
faturamento da empresa
até 2013. Para conquistar
a meta a empresa prepara
a abertura de 300 lojas.
22 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
EMPRESAS
Divulgação
ENERGIA
EQUIPAMENTOS
OGX faz descobertas de petróleo e gás em
águas rasas da bacia de Santos
Teikon Tecnologia fabrica notebooks e
computadores para MSI
A OGX encontrou petróleo e gás natural no poço pioneiro do seu bloco
BM-S-58, em águas rasas da bacia de Santos, a 105 quilômetros da costa
do Estado do Rio de Janeiro, uma área contígua a outra descoberta da
empresa, a de Belém. O poço OGX-30, denominado Salvador, confirmou
as expectativas para a região e por estar perto de de outra descoberta
da empresa vai ajudar a delimitar a área da OGX e otimizar a produção.
A Teikon Tecnologia Industrial, especializada em materializar soluções
em produtos eletrônicos no Brasil, começou a fabricar notebooks e
computadores All-in-One para a MSI, empresa global fornecedora de
equipamentos. Atualmente o parque de manufatura da Teikon conta
com fábricas em Porto Alegre, São José dos Pinhais e Manaus,
e recentemente também se instalou em Jaguariúna, São Paulo.
Lucro da Nissan cresce sete
vezes e alcança US$ 3,9 bilhões
A partir de outubro montadora volta a operar normalmente em todo o mundo, diz seu presidente
Henrique Manreza
Carlos Ghosn, presidente da
Nissan: prioridade para
mercados estratégicos como
Estados Unidos e China
BONS NÚMEROS
72,5%
foi quanto aumentou o lucro
operacional da montadora
no último ano fiscal encerrado
em 31 de março. O valor atingiu
a cifra de US$ 6,27 bilhões.
35%
foi quanto cresceram as vendas
da montadora na China.
A Europa registrou alta de 19%
e os Estados Unidos de 17%.
Globalmente foram 19,1%.
A montadora japonesa Nissan
anunciou ontem que multiplicou por sete o lucro líquido em
2010-2011 graças a vendas de
carros recordes, mas não divulgou previsões em consequência das incertezas provocadas pelo terremoto de 11 de
março no Japão. A empresa
também informou que pretende retomar 100% da produção a
partir de outubro, após as dificuldades provocadas pelo terremoto e tsunami.
O lucro líquido da montadora
registrou alta de 653,1% entre 1º
de abril de 2010 e 31 de março de
2011, a US$ 3,9 bilhões. O lucro
operacional progrediu 72,5%,
US$ 6,27 bilhões.
Toyota prevê para
entre novembro
e dezembro a
retomada de 100%
da produção
No período, a empresa registrou alta de 19,1% nas vendas no
mundo, sobretudo na China
(35%), Estados Unidos (17%) e
Europa (19%), superando 4 milhões de unidades negociadas.
Retomada
“Retomaremos a produção por
completo e sem restrição em
todo o mundo no mês de outubro”, anunciou Carlos Ghosn,
presidente da montadora japonesa, que é controlada em 45%
pela francesa Renault.
O terremoto de 9 graus e o
tsunami de 11 de março devastaram a região de Tohoku
(nordeste do Japão), provocando danos em várias fábricas
de autopeças e obrigando as
montadoras a reduzir o ritmo
das fábricas.
A também japonesa Toyota,
maior montadora do mundo,
espera atingir 100% da produção em novembro ou dezembro.
As fábricas da Nissan no Japão retomaram a produção em
meados de abril. Após a tragédia, a empresa suspendeu à metade o ritmo de trabalho, o que
provocou prejuízo no período
janeiro-março.
Para limitar o impacto da
queda na produção da montadora, Ghosn explicou que a Nissan vai priorizar os mercados
estratégicos, como os Estados
Unidos e a China. ■ AFP
VENDAS EM ABRIL
No Brasil, marca
também está em
ritmo acelerado
No Brasil, a montadora vendeu
3,54 mil unidades no mês de abril,
aumento de 25% em relação
ao mesmo período de 2010.
No ranking dos três modelos
mais vendidos está a Nissan
Frontier, com aumento de 56%
(828 unidades), o Nissan
Grand Livina, com 49% a mais
(248 unidades) e o Nissan
Sentra, com vendas superiores
em 19% (622 unidades).
Sexta-feira e fim de semana,
13, 14 e 15
Sexta-feira,
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 23
24 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
EMPRESAS
Divulgação
PREJUÍZO
AQUISIÇÃO
Lucro da Telefônica cai 14% no
primeiro trimestre devido às chuvas
Navita compra companhia de gestão
de serviços de telecomunicações
A Telefônica encerrou o primeiro trimestre com queda de 13,7% no lucro
líquido na comparação com o mesmo período do ano passado, em função
do forte período chuvoso que, segundo a empresa, obrigou-a a dedicar-se
mais à manutenção de sua rede que às operações comerciais. A
operadora vai incorporar a Vivo, que apresentou lucro recorde, depois que
sua controladora espanhola assumiu a participação da Portugal Telecom.
Empresa incorpora Congruus, especialista no conceito T.E.M.
(Telecom Expense Management), para gestão de telecomunicações e
redução das despesas empresariais com telefonia fixa, móvel e dados.
Com a aquisição, a Navita aumenta seu portfólio com soluções em
telecom no mercado latino-americano. A oferta de T.E.M. é voltada para
companhias com despesas elevadas em telefonia móvel, fixa e dados.
Impsa prepara abertura
de capital da Energimp
Áreas de finanças, controladoria e contabilidade estão sendo ampliadas; objetivo é
dar maior independência à geradora eólica diante do fortalecimento da concorrência
Priscila Machado
Evandro Monteiro
[email protected]
A Energimp, empresa de geração
de energia eólica da argentina
Impsa (55%) e do fundo brasileiro FI-FGTS (45%), está passando
por uma estruturação para se
tornar mais independente das
suas controladoras e se firmar em
um mercado mais competitivo
após a associação entre a CPFL
Energia e a Ersa. As áreas de finanças, controladoria e contabilidade da empresa estão sendo
ampliadas para dar suporte aos
planos de abertura de capital.
A entrada no mercado de
ações deve ser iniciada pela própria controladora, informação
que o vice-presidente da Impsa
no Brasil, José Luis Menghini,
não confirma. Segundo ele, uma
operação como esta teria que ser
articulada por todas as filiais da
companhia e a Impsa no Brasil
não poderia se pronunciar. Ainda assim, Menghini admite que
há entidades financeiras interessadas no assunto e que o fato
de a empresa já emitir bônus no
exterior sinaliza que ela estaria
preparada para o IPO.
O namoro entre as empresas
da Impsa e o mercado de ações
já vem ocorrendo. No início do
ano passado a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recebeu um relatório de referência,
documento necessário para
realizar a oferta inicial de
ações, da holding Venti, que
posteriormente cancelou o registro. Ainda em 2010, a WPE
International Coöperatief U.A.,
subsidiária da companhia brasileira WPE, controlada pela
Impsa, anunciou a emissão de
bônus por um montante estimado em US$ 275 milhões. Entre os benefícios apontados pela
empresa na ocasião estava a
ampliação da base de investidores da Impsa e aumento na
exposição de sua subsidiária
brasileira WPE para a comunidade financeira internacional.
Para analistas de mercado, a
abertura de capital seria uma
estratégia da empresa para gerar
fluxo de caixa suficiente para
realizar aquisições em um seg-
Alvaro Araujo
Diretor-geral
da Energimp
“A abertura de capital é parte
do processo para aumentar
a capacidade de investimento”
mento em expansão no qual é
necessário gerar escala. A avaliação é confirmada pelo próprio
diretor-geral da Energimp, Alvaro Araujo, executivo que ingressou na empresa este ano
com a meta de alavancar a carteira de projetos. Segundo
Araujo, hoje o mercado é pulverizado, com muitos pequenos
empreendedores, mas com a
consolidação de grandes empresas as parcerias irão se tornar
uma exigência deste mesmo
mercado. “A abertura de capital
é parte do processo para aumentar a capacidade de investimento”, diz. O executivo afirma
que se os planos de expansão da
Energimp forem ameaçados, a
empresa poderá fazer uma
aquisição ou parceria.
Cenário
A formação de grandes empresas no segmento eólico deve
avançar. Segundo o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), Nivalde de Castro, a
verticalização, a exemplo do
que fez a CPFL, deve se firmar
como uma tendência entre as
empresas do setor elétrico. “O
investimento em geração eólica
é atrativo para as distribuidoras
porque é uma energia que entra
de forma descontada”, diz. Uma
Resolução Normativa da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) estabelece desconto de
até 50% nas tarifas de uso dos
sistemas de distribuição e
transmissão para consumidores
que adquirirem energia dessas
fontes e para seus geradores.
Apesar da criação de uma
holding e de atrair grandes empresas, o segmento ainda precisa
amadurecer em outras questões.
Castro aponta o atraso em muitos
empreendimentos como desconhecimento da complexidade da
atividade. “A exemplo do que
ocorreu com as térmicas, muita
gente entrou nessa área sem conhecê-la”, critica. O professor
destaca ainda que alguns projetos superestimam a frequência
dos ventos o que pode causar
problemas futuros. ■
APORTE
R$
1,9 bi
É o investimento total previsto
pela Energimp até o próximo
ano para avançar na sua
carteira de projetos que já conta
com 803 megawatts (MW).
RECURSO
R$
480 mi
É o valor do financiamento
obtido junto à Caixa Econômica
para a construção de sete
parques eólicos no Ceará com
potência instalada de 532,1 MW.
CUSTO
R$
563 mi
É o valor total que será aplicado
na implementação completa
do projeto — o crédito obtido
representa a primeira parcela —
que deve ser entregue até 2012.
Companhia sai
A Energimp possui hoje carteira
de projetos de 803 megawatts e
prevê investir R$ 1,9 bi até 2012
O processo da Energimp para
conquistar cada vez mais autonomia passa pela busca de novos
fornecedores para seus projetos.
Até agora todos os parques em
operação ou em construção da
empresa tiveram equipamentos
da sua controladora Impsa instalados. No entanto, da mesma
forma que a companhia argentina fornece máquinas para ou-
tras empresas, a Energimp quer
ampliar seu leque de opções
para os novos parques.
Hoje a Energimp possui uma
carteira de projetos de 803 megawatts (MW) e investimentos
previstos de até R$ 1,9 bilhão até
2012. “A cada dois anos e meio
pretendemos duplicar de tamanho”, afirma o diretor geral da
Energimp, Alvaro Araujo.
O executivo, que já chefiou a
superintendência de Novos Negócios da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), está
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 25
Marcela Beltrão
TELECOMUNICAÇÕES
RESULTADOS
Operadora japonesa DoCoMo eTwitter
desenvolvem serviços de localização
Lucro da Vivo aumenta em
270% no primeiro trimestre
A operadora japonesa de telecomunicações NTT DoCoMo e o Twitter vão
desenvolver um serviço de alerta baseado em localização para usuários
de smartphones, publicou o jornal de negócios Nikkei. As duas empresas
assinaram um acordo de licenciamento por meio do qual o Twitter
fornecerá informações de sua base de dados à DoCoMo. O acordo será
anunciado na sexta-feira e os serviços devem ser lançados no fim do ano.
A Vivo, controlada pela espanhola Telefónica, divulgou lucro líquido de
RS$ 710,2 milhões no primeiro trimestre, crescimento de 270% ante o
ganho de R$ 192 milhões registrado um ano antes. A companhia afirmou
que o resultado positivo reflete a continuidade do crescimento da receita
de serviços, especialmente dados e voz, conjugada com o controle
dos custos de subsídio, comissões de venda, interconexão e melhorias.
Murillo Constantino
José Luis Menghini,
vice-presidente da Impsa no
Brasil: interesse do mercado
financeiro pela Energimp
em busca de novos fornecedores
reorganizando a empresa, contratando novos funcionários
tanto para a sede administrativa
quanto para os parques em operação. “Vamos apresentar ao
mercado um plano de crescimento consistente”, diz.
A próxima investida da companhia já está em fase de finalização e será um novo financiamento para cinco parques eólicos no Ceará e outros quatro no
Rio Grande do Norte. Juntos,
irão adicionar 270 MW de potência instalada à carteira da
Companhia
quer dobrar de
tamanho a cada
dois anos e meio
Energimp. A companhia está
avaliando propostas de financiamento para o projeto que terá
orçamento total de R$ 1,3 bilhão.
Em abril, a companhia fechou um contrato com a Caixa
Econômica Federal para o financiamento de R$ 480 milhões
provenientes do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os recursos
serão destinados à implantação
de sete parques no Ceará. Os
empreendimentos, que tiveram
sua produção vendida no Leilão
de Energia de Reserva de 2009,
devem entrar em operação no
próximo ano e terão potência
instalada de 211 MW.
O montante obtido junto à
Caixa Econômica representa a
primeira parcela de um total de
R$ 563 milhões que serão utilizados para a implementação
completa do projeto. Também
nos próximos meses irão entrar
em operação 10 parques eólicos
em Santa Catarina que, juntos,
irão somar uma potência instalada de 222 MW. ■ P.M.
26 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
EMPRESAS
Bloomberg
TELECOMUNICAÇÕES
BALANÇO
Intelig, Embratel e GVT vencem leilão
da Telebrás para banda larga popular
Cisco anuncia resultado negativo
e diz que está dentro do esperado
A Telebrás divulgou o resultado do pregão eletrônico para contratação
de serviços para acesso a internet no âmbito do Programa Nacional de
Banda Larga (PNBL). O preço total dos contratos será de R$ 70,8 milhões.
A Intelig venceu seis lotes, para atuação em São Paulo, Brasília, Fortaleza
e Rio de Janeiro. A Embratel venceu três lotes e vai prestar o serviço
em São Paulo e no Rio de Janeiro. A GVT atuará em Brasília e Fortaleza.
O lucro líquido nos primeiros nove meses do ano fiscal de 2011, com base
no padrão GAAP, foi de US$ 5,3 bilhões, ou US$ 0,94 por ação, comparado
a US$ 5,8 bilhões, ou US$ 0,99 por ação para os primeiros nove meses
do ano fiscal de 2010. “Este trimestre foi como esperávamos”, disse John
Chambers, presidente e CEO da Cisco. As ações da Cisco caíram depois
que a fabricante de equipamentos de rede divulgou a fraca perspectiva.
Divulgação
Luiz Calil, presidente
da Caterpillar Brasil e
Richard Case, vice-presidente
da Caterpillar Inc., avanço
na produção local
Caterpillar nacionaliza geradores
usados na extração de petróleo
Bons resultados obtidos no mercado local levaram a companhia a decidir pela produção no país
Priscila Machado
[email protected]
A Caterpillar, fabricante de equipamentos pesados, está entrando
no segmento offshore no Brasil.
Nos últimos meses a empresa
buscou uma base de fornecedores
locais para garantir 60% de nacionalização para os grupos geradores e sistemas de propulsão
diesel-elétricos que serão produzidos pela primeira vez por uma
fábrica do grupo fora dos Estados
Unidos. De acordo com a companhia, hoje o mercado brasileiro não tem produto similar com
esse índice de nacionalização.
Além das fabricantes de componentes, a empresa já montou
uma carteira de pedidos formada
por grupos ligados à extração de
petróleo. O vice-presidente da
Caterpillar Inc., Richard Case,
esteve algumas vezes no Brasil
nos últimos meses para ajudar na
formação da primeira leva de
clientes. Para atendê-los no curto
prazo, a produção local de geradores irá demandar a contratação
de aproximadamente 100 funcionários. Os equipamentos serão
fabricados na unidade Power
Systems, instalada no complexo
industrial da Caterpillar na cidade de Piracicaba (SP), e chegam ao mercado em setembro.
Segundo Case, a empresa decidiu fazer esse investimento
porque já é bem-sucedida nesse
segmento no país por meio da
importação de máquinas da sua
unidade em Indiana, nos Estados Unidos. “Já somos um dos
líderes, agora queremos avançar
com uma produção local”, diz.
Há cerca de 1 mil grupos geradores importados da Caterpillar
operando no Brasil.
Mesmo com uma nacionalização em torno de 60% a empresa garante que os custos se-
Nova linha deverá
garantir 60%
de nacionalização
e investimentos
fazem parte de
um total de R$ 350
milhões programados
para a região até
o primeiro semestre
do próximo ano
rão competitivos. No futuro a linha de produção no Brasil deverá se tornar uma plataforma de
exportação desses geradores.
A empresa não revela o investimento exato destinado à fabricação de geradores no país, mas
ele faz parte de um aporte de
R$ 350 milhões que a companhia
fará na região até o primeiro semestre de 2012. O plano de investimento teve início com a aquisição de uma unidade industrial em
Campo Largo (PR) no final do ano
passado que deve entrar em operação até setembro. A maior parte
dos recursos, cerca de 60%, ainda não foi aplicada e pode ser
destinada ao aumento no volume
de produção de algumas áreas ou
até mesmo à entrada em novos
segmentos. Para a construção de
novas unidades, como uma fábrica de locomotivas que a companhia vem estudando, deverá ser
feito novos aportes.
Segundo o presidente da Caterpillar Brasil, Luiz Carlos Calil, até antes da crise financeira
mundial, que teve início em
2008, a filial brasileira vinha
recebendo na última década um
investimento médio de US$ 30
milhões por ano. “Devemos
agora retomar esse ritmo, investindo de US$ 30 milhões a
US$ 40 milhões por ano, mas
isso pode apresentar grandes
oscilações com novos aportes
futuros”, avalia.
Calil se mostra otimista com
a geração de negócios no país.
Segundo ele, a demanda já está
amadurecida não só pelo crescimento econômico natural como
pelas oportunidades criadas
com o pré-sal. O executivo destacou ainda potenciais fornecedores que hoje estão fora do país
e que estariam sendo estimulados pela empresa a ingressar no
mercado brasileiro. ■
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 27
Divulgação
ACORDO
JUSTIÇA
AT&T deve pagar US$ 6 bilhões à
T-Mobile caso fusão não seja aprovada
Batalha legal da Microsoft termina
e companhia mira no Google
A AT&T prometeu à Deutsche Telekom US$ 6 bilhões em ativos, serviços
e dinheiro como uma taxa pela quebra do acordo caso órgãos reguladores
dos Estados Unidos rejeitem sua proposta de aquisição de US$ 39 bilhões
da T-Mobile USA, que pertence à companhia alemã, segundo fontes
a par do assunto. A aquisição requer aprovação da Comissão Federal
de Comunicações dos EUA e do Departamento de Justiça americano.
A disputa judicial envolvendo a Microsoft terminou e nos termos do
acordo a Microsoft teve de abandonar qualquer retaliação contra
fabricantes de computadores que usassem software de outras
companhias, além de acatar outras leis antitruste. O prazo de validade
do acordo era de cinco anos, mas ele foi prorrogado várias vezes e agora
a Microsoft quer que o Google seja o alvo das autoridades regulatórias.
Com novas regiões, GVT cresce 47%
e tem receita de R$ 747 mi no trimestre
Operadora de banda larga e telefonia fixa prepara-se para entrar no mercado de TV por assinatura no segundo semestre
Marcelo Almeida
Carolina Pereira
[email protected]
A GVT, operadora de telefonia
fixa e móvel, teve crescimento
de 47% no primeiro trimestre
do ano comparado ao mesmo
período de 2010, o que representa receita de R$ 747,2 milhões. O lucro cresceu quatro
vezes e totalizou R$ 118, 2 milhões. Um dos fatores que impulsionou o resultado foi a entrada da companhia em novos
mercados, principalmente cidades das regiões nordeste e sudeste. No mercado residencial,
50% dos novos clientes vieram
dessas regiões.
A chegada da operadora na
cidade de São Paulo, no entanto, está atrasada pela não liberação da autorização para as
obras necessárias. “Se as licenças não saírem até junho, só entraremos comercialmente na
cidade no ano que vem”, afirma
Amos Genish, presidente da
companhia. Segundo ele, a GVT
tem R$ 408 milhões para investir na capital paulista.
O maior crescimento apresentado no trimestre foi no
segmento de banda larga. A receita cresceu 84% comparada
ao igual período do ano anterior e atingiu aproximadamente R$ 220 milhões. O objetivo
da empresa é disponibilizar
banda larga mais 80 cidades.
“São as cidades em que já temos o backbone”, diz o presidente, se referindo ao tronco
principal da rede necessária
para viabilizar o serviço.
Agora, o próximo passo é entrar para o mercado de TV por
assinatura, o que estava previsto
para o segundo semestre. A
princípio, o serviço será oferecido aos clientes de banda larga
da operadora. Como diferenciais, a empresa quer usar os vídeos sob demanda e a tecnologia que possibilita rever alguns
programas da grade.
Segundo Ganish, a GVT será a
primeira operadora do país a disponibilizar o serviço por meio da
tecnologia IPTV, que usa a internet como meio de transporte do
conteúdo. O executivo, no entanto, ainda não revela quais serão os preços cobrados e a expectativa de alcance do serviço.
Entrada no mercado
da capital paulista
só deve acontecer
no ano que vem
por conta das
licenças necessárias
para executar
obras na cidade
Amos Genish, presidente
da GVT: crescimento
recorde no trimestre
Novos negócios
LUCRO
R$
118,2 mi
Foi o lucro registrado pela GVT
no primeiro trimestre do ano.
O número é quatro vezes
maior que o apresentado no
mesmo período do ano anterior.
LINHAS ALCANÇADAS
4,76
milhões
de linhas de serviços foram
alcançadas pela GVT em 31 de
março, ampliação de 52,8%
da base de clientes em relação
ao primeiro trimestre de 2010.
A controladora da GVT, a Vivendi, que comprou a empresa
em 2009, teve receita de € 7,2
bilhões no trimestre, crescimento de 3,8% comparado ao
mesmo período do ano passado. Segundo reportagem veiculada esta semana no jornal Finantial Times, a empresa estaria interessada em fazer novas
aquisições no Brasil. Genish
confirma. “Os investimentos da
Vivendi no Brasil vão crescer,
queremos entrar em mais segmentos além de telecomunicação”, diz o executivo.
A GVT já tem colocado em
prática o plano de ampliação da
atuação. No início deste mês, a
empresa passou a oferecer o
serviço de data center, no qual
foram investidos R$ 25 milhões.
Os centros de dados estão distribuídos nas cidades do Rio de
Janeiro, São Paulo e Curitiba e a
expectativa é atender 60 clientes em até 12 meses. A empresa
não revela quanto a área de serviços de TI deve representar no
faturamento da companhia
quando a meta for atingida. ■
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28 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
EMPRESAS
Robert Gilhooly/Bloomberg
AGRONEGÓCIO
DIREITO
Conselho de administração da Brasil
Ecodiesel rejeita fusão com Vanguarda
Violação de privacidade de clientes da Sony
atrai advogados em busca de processos
O conselho de administração da Brasil Ecodiesel, uma das maiores
produtoras de biodiesel do país, rejeitou ontem proposta de fusão com a
Vanguarda, que poderia criar uma empresa de R$ 2,16 bilhões. A decisão
foi comunicada à CVM, mas a empresa não explicou os motivos. A fusão,
que havia sido anunciada em 19 de abril, criaria uma produtora agrícola
e de biodiesel controlada pelo bilionário espanhol Enrique Bañuelos.
O recente ataque de hackers à Sony e outras violações na integridade
dos dados dos clientes estão atraindo advogados especializados
em processos coletivos e ansiosos por receber grandes indenizações,
mas acordos de alto valor podem ser difíceis de obter. Pelo menos
25 processos foram abertos contra a Sony junto à Justiça federal
americana pelo roubo de dados de usuários da PlayStation Network.
Etanol da cana
é prioridade
para a nova
Solvay Rhodia
Gigante química europeia planeja
desenvolver cadeias produtivas
a partir da matéria-prima brasileira
Françoise Terzian
[email protected]
Quando a companhia belga Solvay anunciou o acordo para a
compra da francesa Rhodia, em
4 de abril, já havia uma suspeita
de que a nova gigante do setor
químico tinha interesse de
transformar o etanol brasileiro
em uma de suas prioridades.
Ontem, durante a visita ao país
de Jean-Pierre Clamadieu, presidente mundial da Rhodia e futuro CEO da Solvay, o objetivo
foi confirmado. “A partir de setembro, quando as empresas
começarem a ser integradas, o
Brasil se tornará um negócio de
alta prioridade para a companhia, assim como o etanol advindo da cana de açúcar que
pode ser uma fonte de fabricação de produtos químicos muito
maior do que é hoje”, afirmou.
O novo Grupo Solvay, negócio que segundo o executivo
deve fechar 2011 com um faturamento de € 14 bilhões, um
Ebitda (lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização) de € 2 bilhões e 30 mil
funcionários, decidiu que seu
futuro sinaliza para as matériasprimas renováveis, por conta da
escassez e do custo dos produtos
petroquímicos.
Embora a Solvay tenha acesso ao etanol de beterraba da Europa e o de milho dos Estados
Unidos, ele admite que é o brasileiro da cana que apresenta a
competitividade mais alta.
“Hoje eu não desenvolveria a
minha produção a partir do etanol da Europa porque a competitividade dele está muito ligada
às decisões do governo”, conta.
Por trás desta análise, Clamadieu tem um plano bem traçado em sua cabeça. Seu objeti-
“
O Brasil é o lugar
onde precisamos
investir. Isso já
é muito claro tanto
para a Rhodia
quanto para a Solvay
Jean-Pierre Clamadieu
vo é desenvolver uma cadeia de
produção a partir do etanol e o
Brasil é o lugar onde o grupo
sabe que precisa investir. “Isso
já é muito claro tanto para a
Rhodia quanto para a Solvay.
Pode ser que, nos próximos
anos, a gente venha a investir
ainda mais no país e também
ampliar as fábricas, que hoje são
oito ao todo, contando as duas
empresas”, afirmou.
US$ 120 mi no Brasil
A primeira sinalização de que
novos tempos chegarão já foi
dada. Só a Rhodia costuma investir, em média, US$ 50 milhões por ano no Brasil. No começo deste ano, a companhia
anunciou um aporte duas vezes
maior. Ontem, Clamadieu comunicou que reviu os valores e
que, agora, o desembolso para o
ano será de US$ 120 milhões.
Hoje a Rhodia já produz al-
guns itens a partir do etanol
como é o caso do solvente. Agora, o que a nova companhia quer
é desenvolver novas cadeias de
produção de produtos químicos
a partir do etanol.
Vários plásticos verdes podem sair após a integração dos
recursos financeiros e das áreas
de pesquisas das empresas, a
exemplo do PVC a partir do
etanol que a Solvay vem tentando desenvolver há tempos.
“Nós esperamos chegar à poliamida verde, o que não vai ser
amanhã porque temos muitos
processos para desenvolver.
Mas unindo os recursos das duas
empresas, nós conseguiremos
mais rapidamente.”
O uso industrial do etanol,
avalia ele, ainda se encontra na
infância. Hoje o Brasil utiliza o
etanol prioritariamente como
combustível, mas a tendência é
que a indústria química desen-
volve muitos itens a partir desta
fonte renovável.
O interesse no etanol brasileiro também deve favorecer o
governo, como diz Marco De
Marchi, presidente da Rodhia
América Latina. “A balança comercial da Rhodia é positiva em
US$ 140 milhões. Com o desenvolvimento de mais produtos, a
nossa tendência é ter um modelo de negócios que favoreça a
balança comercial brasileira”,
diz De Marchi.
Aquisições
A Rhodia e a Solvay vinham
crescendo, nos últimos anos, a
uma taxa média de 3% ao ano
em volume. Com a integração
das empresas, sinergias e investimentos em inovação e novas tecnologias, a expectativa é
avançar 10% ao ano.
Para conseguir este avanço,
Clamadieu afirma que, além do
processo de integração que começa em setembro e deve durar
18 meses e da economia que resultará da sinergia anual de € 250
milhões a partir de 2014, a companhia não descarta fazer novas
aquisições. Compras, inclusive,
poderão ocorrer no Brasil.
Ampliações de fábricas também devem acontecer nos próximos anos no país. A unidade
industrial de Paulínia (SP), onde
se produz fenol, solventes e sílica, é uma das três maiores do
grupo no mundo. Outras poderão receber novos investimentos para ganhar porte parecido.
Clamadieu garante todas as
fábricas da Solvay e da Rhodia
serão mantidas depois da integração. Em relação aos funcionários, ele assegura que praticamente toda mão de obra será
mantida. Globalmente o grupo
se chamará Solvay. No Brasil, a
marca Rhodia será mantida. ■
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 29
Adam Berry/Bloomberg
PROTEÇÃO
INTERNET
Facebook adota aplicativo finlandês
para aumentar segurança no site
Facebook lança campanha contra Google
alegando falta de respeito à privacidade
O Facebook adotou um serviço de alerta para ajudar usuários a não
clicarem em links duvidosos na Internet, com um sistema de classificação
de websites desenvolvido por uma start-up finlandesa. O novo serviço
de alerta da Web of Trust (WOT), empresa sediada em Helsinque, ajudará
o Facebook a aprimorar a segurança do site para mais de 500 milhões
de usuários, em meio a crescentes preocupações com fraudes na web.
A empresa de Mark Zuckerberg admitiu ter contratado uma grande
agência de relações públicas, a Burson Marsteller, para iniciar uma
campanha sobre as práticas do Google com relação à vida privada
de seus usuários. niciado uma campanha contra a rival. Um porta voz
do Facebook garantiu que não foi feita nenhuma calúnia, mas que quer
alertar que o Google usa informações do Facebook sem autorização.
Murillo Constantino
Braskem abre escritório em
Cingapura para avançar na Ásia
Continente responde por 7% das vendas da petroquímica, que sempre privilegiou as Américas
Henrique Manreza
João Paulo Freitas
[email protected]
Jean-Pierre
Clamadieu, presidente
da Rhodia: US$ 120
milhões no Brasil
CRONOGRAMA PÓS-FUSÃO
● Após o anúncio da compra da
Rhodia pela Solvay em 4 de abril,
em meados de junho o grupo
belga faz uma oferta pública de
ações pelos papéis da Rhodia na
Bolsa de Paris. Até o final de
julho, vários órgãos reguladores
ao redor do mundo devem emitir
seu parecer sobre a fusão. Isso
inclui Europa, Estados Unidos,
China e até mesmo o Brasil.
● Até setembro, a Solvay deverá
ter adquirido 95% das ações
da Rhodia, o que será feito
a € 31,6 por ação da Rhodia.
● Em setembro, a integração
das duas empresas tem início.
Em cerca de 18 meses ela deverá
ser efetuada. A expectativa é
obter uma sinergia de € 250
milhões por ano a partir de 2014.
A Braskem inaugurará na próxima quarta-feira seu primeiro
escritório comercial na Ásia, em
Cingapura. Segundo Carlos Fadigas, presidente da companhia, a nova unidade está em linha com a estratégia de internacionalização da petroquímica, que possui escritórios comerciais na Argentina, Chile,
Colômbia, Venezuela, México,
Estados Unidos e Holanda.
“O escritório de Cingapura é
mais uma demonstração do
nosso compromisso em criar
uma empresa global e competitiva”, disse o executivo ontem
durante evento para a imprensa.
Segundo estimativa da companhia, a Ásia deve representar
60% do mercado mundial de
petroquímicos já em 2014.
A abertura de uma unidade
comercial na Ásia indica uma
ampliação na estratégia de expansão da petroquímica, até
hoje fortemente voltada às
Américas. A companhia é a
quarta maior fabricante de polipropileno dos Estados Unidos e
não esconde o desejo de chegar
à liderança. Outra iniciativa de
peso no continente é a construção de um complexo industrial
para a produção resinas de polietileno no México em parceria
com o grupo Idesa. O investimento previsto nesse projeto,
batizado de Etileno XXI, é de
US$ 2,5 bilhões. O início da produção está marcado para o começo de 2015.
Por enquanto, a estratégia da
Braskem para o mercado asiático é mais modesta. De acordo
com Fadigas, a companhia não
planeja ter uma operação industrial na região.
A partir do novo escritório a
Braskem atenderá clientes de
Cingapura e também da China,
Indonésia, Coreia e Japão. Inicialmente, a unidade comercial estará voltada a petroquímicos básicos. A companhia exporta para a
Ásia produtos como propeno, butadieno e buteno, todos obtidos
da nafta, derivado do petróleo
utilizado como matéria-prima na
indústria petroquímica. Em 2010,
a receita da companhia com ex-
Lucro líquido da
companhia foi de
R$ 305 milhões no
trimestre, valor
significativamente
superior aos R$ 23
milhões obtidos
no início de 2010
Carlos Fadigas,
presidente
da Braskem:
objetivo é criar
empresa global
portação foi de US$ 4,2 bilhões,
mas apenas 7% vieram da Ásia.
Resultado
O lucro líquido da Braskem no
primeiro trimestre deste ano foi
de R$ 305 milhões, valor significativamente superior aos R$
23 milhões obtidos no mesmo
período do ano passado, mas
14% inferior ao obtido no último trimestre de 2010, quando a
companhia lucrou R$ 356 milhões. A variação no lucro é ex-
OPERACIONAL
R$
919 mi
foi o lucro antes dos impostos,
taxas, depreciações e
amortizações (Ebitda, na sigla
em inglês) da Braskem no
primeiro trimestre deste ano.
DÍVIDA
R$
9,6 bi
foi a dívida líquida apresentada
pela companhia no final de
março, valor praticamente em
linha com os R$ 9,8 bilhões
apurados no final do ano passado.
plicado pelo movimento financeiro da companhia e também
pela oscilação cambial no período. A receita líquida da companhia no primeiro trimestre foi
de R$ 7,4 bilhões, alta de 12% na
comparação anual.
De acordo com o balanço da
empresa, as sinergias decorrente da aquisição da Quattor totalizaram R$ 75 milhões no primeiro trimestre. A estimativa é
que esse valor alcance R$ 377
milhões até o final deste ano. ■
semana,
30 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
FINANÇAS
Editora: Maria Luíza Filgueiras [email protected]
Subeditora: Priscila Dadona [email protected]
América
Latina está
sensível
a petróleo
e EUA
Análise do FMI é que turbulências na
Europa têm impacto reduzido na região, ao
contrário de commodities e juro americano
Ricardo Rego Monteiro, do Rio
[email protected]
O Fundo Monetário Internacional (FMI) está preocupado
com os impactos dos preços
das commodities, principalmente do petróleo, sobre a
economia latino-americana.
Diretor da instituição para o
Hemisfério Ocidental, Nicolas
Eyzaguirre projeta uma alta
para até US$ 200 o barril no
mercado internacional, caso
persistam as turbulências políticas no Oriente Médio nos próximos meses. O impacto sobre a
trajetória da inflação, adverte
Eyzaguirre, tornaria-se mais
prejudicial para a saúde econômica da região do que os efeitos
de uma piora nas expectativas
de solvência dos países da
União Europeia (UE).
“Acreditamos que a possibilidade de problemas para a América Latina em decorrência de
turbulências na Europa é bastante baixa”, disse ontem o diretor do FMI ao BRASIL ECONÔMICO, durante o 13º Seminário
Anual de Metas de Inflação, na
sede do Banco Central, no Rio.
“A América Latina é muito mais
sensível a problemas que possam ocorrer com a China, que
teria impacto sobre os preços
das commodities, e com os Estados Unidos, em caso de alta da
taxa de juros do país. O tema da
Europa é importante para a economia da região, mas menos do
que esses dois outros temas.”
O petróleo em alta, justifica
o diretor, teria potencial para
comprometer o crescimento da
economia chinesa, hoje estrei-
Nicholas Eyzaguirre
considera que o
preço do barril pode
chegar a US$ 200
e que o BC americano
deve ajustar taxa
de juro em 2012
tamente ligada aos países da
região. A inflação no Brasil,
destaca Eyzaguirre, reflete diretamente o choque de preços
das commodities mundiais e
deve demandar um acompanhamento dos preços internos,
com lupa, pelo BC brasileiro.
Embora tenha evitado comentar as medidas adotadas
recentemente pela autoridade
monetária do país, ele demonstrou confiança no governo brasileiro e no retorno da inflação
para o centro da meta em 2012.
Influência americana
Para o próximo ano, porém, a
instituição trabalha com a hipótese de ligeira alta dos juros
pelo Federal Reserve, o banco
central dos Estados Unidos,
caso o governo americano não
consiga frear o crescimento do
déficit público do país — que
deverá encerrar o ano fiscal de
2011, em setembro, em 10% do
Produto Interno Bruto (PIB)
americano. Tal hipótese será
inevitável caso o presidente Barack Obama não consiga firmar
um acordo com o Congresso
americano para promover um
aperto fiscal no país — corte de
gastos públicos combinado com
aumento de impostos.
Embora faça questão de minimizar os riscos para a economia brasileira desta possível
alta de juros pelo Fed, Eyzaguirre recomenda que, a partir
de 2012, as economias latinoamericanas fiquem atentas à
trajetória das taxas naquele
país. Como o governo americano vai precisar emitir bônus
para financiar o endividamento, avalia, o ajuste de juros poderá se fazer necessário ainda
que de forma atenuada. Nesse
caso, adverte Eyzaguirre, preocupa o alto endividamento em
dólar, principalmente do setor
privado brasileiro.
“Teria um efeito adverso sobre a economia da região porque poderia causar uma brusca
reversão do fluxo de capital”,
alerta. “A curto prazo, no entanto, essa possibilidade é muito
baixa. Em 2012, pode haver
uma alta moderada, porque a
economia americana ainda está
muito frágil. Mas há um crescente endividamento das empresas brasileiras, sobretudo
em moeda estrangeira, e isto
precisa ser monitorado daqui
para frente.” ■
Sexta-feira e fim de semana,
13, 14 e 15
Sexta-feira,
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 31
Doug Kanter/Bloomberg
China eleva compulsório pela 5ª vez no ano
A China elevou o depósito compulsório dos bancos em 0,5 ponto
percentual pela 5ª vez este ano para conter a inflação, ampliando
a possibilidade da segunda maior economia do mundo desacelerar seu
crescimento. A nova alíquota vale a partir do dia 18. O vice-gerente geral
do Sistema de Câmbio da China, Zhang Shengju, disse ontem que pode
permitir que o yuan seja convertido em real, em won, da Coreia do Sul
e em dólar de Cingapura com a crescente demanda por essas moedas.
AGENDA DO DIA
● Estimativa do PIB da
Alemanha no primeiro trimestre
e consolidado do PIB da Europa.
● Estados Unidos divulgam
inflação às 9h30.
● No Brasil, indicador Serasa
Experian de Perspectiva
da Inadimplência (março).
Felipe O’Neill
Eyzaguirre, do FMI: confiança no
governo brasileiro e na inflação
de volta ao centro da meta
PROJEÇÃO
US$
200
é quanto o preço do barril
de petróleo pode chegar
no mercado internacional
caso persistam turbulências
no Oriente Médio.
IMPACTO
China
tem maior potencial para afetar
desempenho latino-americano,
considerando dependência
em relação à demanda por
commodities.
BC vê inflação
até o teto da
meta este ano
Governo acredita que agora
tem que trabalhar para que a
inflação convirja à meta em 2012
Ana Paula Ribeiro
PREVISÃO
2012
é quando a inflação brasileira
deve voltar ao centro da meta,
de 4,5% a.a., ante estimativa
de encerrar 2011 próxima
ao teto, de 6,5%.
VOLATILIDADE
O contrato do barril tipo Brent de julho, negociado em Londres,
subiu 1,58% nesta última semana, até ontem
PETRÓLEO, US$/BARRIL
WTI
0
110,61
112,40
110,00
8
2
117,53
115,72
4
99,46
Brent
101,88
112,36
103,94
98,87
98,12
98,78
6
0
5/MAI
06/MAI
09/MAI
Fontes: Bloomberg e Brasil Econômico
10/MAI
11/MAI
12/MAI
[email protected]
As medidas já tomadas pelo governo federal para controlar
pressões inflacionárias aliadas a
reduções de preços setoriais,
como em combustíveis, irão
contribuir para que o Banco
Central consiga controlar a inflação. “Qualquer contribuição em
preços setoriais ajuda nesse processo, mas agora temos um período à frente em que temos que
continuar trabalhando para fazer
com que a inflação convirja para
o centro da meta em 2012”, afirmou o presidente do BC, Alexandre Tombini.
Em sua participação em seminário promovido pelo BC
para discutir metas de inflação,
Tombini sinalizou que está preparado para tomar novas medidas macroprudenciais e elevar
os juros para cumprir esse objetivo. No entanto, avalia que aos
poucos as ações já anunciadas
começam a ter efeitos mais benéficos para o controle de preços. “Temos reuniões de seis em
seis semanas para avaliar essas
políticas e avaliar os próximos
passos para assegurar que a inflação do Brasil convirja para o
centro da meta.”
À frente do BC desde janeiro,
Tombini ainda defendeu que a
postura adotada pela autoridade
monetária brasileira é uma das
mais combativas entre as principais economias do mundo e
que a inflação é um fenômeno
global, embora admita que no
Brasil a elevação dos preços não
é apenas fruto da elevação dos
preços das commodities.
Na avaliação de Tombini, o
ritmo de crescimento dos empréstimos a pessoas físicas já
mostra desaceleração, assim
como a entrada líquida de capital externo no país, que caiu de
US$ 12,6 bilhões em março para
US$ 1,5 bilhão em abril. De
acordo com dados da autoridade
monetária, a expansão do crédito a pessoas físicas nos 12 meses
encerrados em março foi de
21,5%, ante os 22,3% do período
encerrado em fevereiro. O presidente do BC vê ainda espaço para
que a inflação deste ano fique
No sistema de
metas, o que vale
é a inflação apurada
no ano calendário,
e não em períodos
acumulados
de 12 meses
dentro da meta, próxima ao teto
-a meta é de 4,5% com margem
de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. “Certamente ficará dentro da
meta, convergindo para o centro
em 2012”, garantiu.
Sérgio Werlang, diretor vicepresidente do Itaú Unibanco,
minimizou o fato de a inflação,
em algum mês do ano, ficar acima da meta, uma vez que no
sistema de metas de inflação o
que vale é a inflação apurada no
ano calendário, e não em períodos acumulados de 12 meses.
Werlang foi diretor do BC e responsável pela implementação
do sistema de metas de inflação
no Brasil, em vigor desde 1999.
O executivo admitiu que
embora já tenha defendido a
adoção de metas de inflação
menores ou tolerâncias mais
restritas, acredita hoje que isso
não seria adequado para a economia brasileira. “A nossa inflação tem de ser um pouco
maior que a de outros países.
Hoje acho que não faz sentido
mudar a banda. A economia
brasileira ainda é muito sujeita
a choques”, se justifica. ■
32 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
FINANÇAS
Divulgação
LEILÃO
COMMODITIES
Tesouro vende lote total de 7,5 milhões
de LTN e também oferta LFT
Pressão vendedora de ouro e prata abre
espaço para compra, diz Standard Bank
O Tesouro Nacional vendeu todo o lote de 7,5 milhões de Letras do
Tesouro Nacional (LTN) com vencimento em julho de 2013 e em janeiro
de 2015, com taxa média de 12,656% e 12,624%, respectivamente.
Vendeu ainda um lote de 1 milhão de notas que vencem em outubro
de 2011, à taxa média de 12,224%, e teve demanda para todo o lote de
500 mil Letras Financeiras do Tesouro (LFT) com vencimento 2017.
A queda da ordem de 5% registrada no ouro à vista cotado em bolsa no
mercado internacional na semana passada abriu oportunidade para
compra, apontam analistas do Standard Bank. O ouro spot ficou abaixo de
US$ 1,5 mil e o banco vê retomada para o fim do ano, mas com mercado
ainda nervoso. A prata caiu mais de 25%, depois de picos de abril “e deve
ter trajetória de alta novamente, quando o ouro melhorar, no fim do ano.”
Fundos de pensão
estão em apuros
por rentabilidade
Nem renda variável e nem fixa ajudaram instituições privadas
a cumprir meta atuarial no primeiro trimestre, mostra Mercer
Vanessa Correia
[email protected]
O desempenho pífio da bolsa
brasileira no primeiro trimestre
deste ano afastou os fundos de
pensão das respectivas metas
atuariais. Levantamento da
consultoria Mercer aponta que
a mediana da rentabilidade de
quase 70 fundações foi de
2,06% ao final de março ante
uma necessidade atuarial de
3,65% para o período (considerando a meta anual de Índice
Nacional de Preços ao Consumidor mais 6%).
“O trimestre foi ruim em termos de rentabilidade e a expectativa para os próximos meses
também não é promissora”,
afirma Wagner Kladt, consultor
sênior de investimentos da Mercer. Enquanto o IBrX, principal
referência dos fundos de pensão
em renda variável, registrou valorização de 0,66% entre janeiro
e março deste ano, a mediada da
rentabilidade das fundações
com ações foi de 0,1%. “Para
agravar ainda mais este cenário,
os índices de inflação dispararam no período, elevando a
meta atuarial das fundações”,
completa Kladt.
Viviane Werneck, gerente de
clientes institucionais da consultoria Luz Engenharia Financeira, diz que o cenário para este
ano está muito parecido com o
observado em 2010. “Com a
bolsa andando de lado e inflação
em alta, as fundações correm o
risco de não baterem a meta
atuarial este ano”, acredita.
Segundo ela, alguns fundos
de pensão alteraram a forma de
atuação em renda variável nos
últimos meses. “Muitos têm optado por aplicar em fundos de
investimento com correlação
baixa com o Ibovespa ou o IBrX.
É bem provável que isso garanta
certa vantagem em relação às
demais fundações que mantiverem sua carteira espelhada em
um índice acionário”, destaca.
Para tentar amenizar
os efeitos do
aumento da inflação
e incertezas na
renda variável,
fundações precisarão
diversificar
portfólio em fundos
imobiliários e
de participação
Nem mesmo as carteiras de
renda fixa apresentaram boa
performance no período. “O
Banco Central emitiu sinais
contraditórios quanto ao futuro
da Selic nos primeiros meses do
ano, dificultando o trabalho dos
gestores”, avalia o consultor da
Mercer. A gerente de clientes
institucionais da Luz completa
que os gestores estavam acostumados com a “gestão Meirelles”, referindo-se ao ex-presidente do BC, e projetavam
avanço mais consistente dos juros em janeiro.
Conforme levantamento da
Mercer, o percentual de entidades que superaram o referencial
em renda fixa (principalmente
índices elaborados pela Anbima) caiu de 84% no quarto trimestre de 2010 para 66% no
primeiro trimestre deste ano.
Para tentar amenizar os efeitos do aumento da inflação e incertezas na renda variável, os
fundos de pensão precisarão diversificar seus investimentos a
fim de obter melhor rentabilidade. “As entidades fechadas de
previdência complementar não
estão conseguindo bater a meta
atuarial. Para isso, terão que ser
mais criativas: hedge funds,
private equities e fundos imobiliários são boas opções”, sugere
Kladt, da Mercer. ■
■ PATRIMÔNIO
Total de recursos das
fundações pesquisadas é de
R$
28
bi
■ RENDA FIXA
Parcela dos fundos que
bateram referência caiu para
66
%
■ META ATUARIAL
■ AÇÕES
3,65
0,1
Ganho mínimo (INPC + 6%)
até março deveria ser de
%
Mediana da rentabilidade dos
fundos de pensão até março
%
PROJEÇÕES ECONÔMICAS
1
Otimismo para a
renda variável
Pesquisa feita pela Mercer com
45 gestores, cujos ativos sob
gestão no Brasil somam R$ 1,53
trilhão, revela otimismo para a
renda variável este ano: 79.613
pontos foi a média das respostas.
No ano passado, o Ibovespa
encerrou aos 69.304 pontos.
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 33
Henrique Manreza
BALANÇO
BANCOS
Cetip reduz lucro em relação ao trimestre
anterior, mas avança no comparativo anual
Lucro do Paraná Banco e Banrisul aumenta
mais de 50% no primeiro trimestre
Após forte aceleração de resultado no quarto trimestre, a Cetip mostrou
avanços mais modestos no primeiro trimestre, conforme balanço
divulgado ontem. A receita líquida de R$ 173 milhões é apenas 1,1% maior
que o trimestre anterior, mas 52,5% superior a igual período do ano
passado. O lucro líquido ajustado atingiu R$ 77,5 milhões, 8,8% menor
que no quarto trimestre e expansão de 59,3% na comparação anual.
O Paraná Banco apresentou lucro líquido de R$ 33,5 milhões no primeiro
trimestre, um aumento de 50,04% ante os R$ 22,360 milhões registrados
um ano antes. O setor de seguros respondeu por 48,8% do resultado
consolidado. Já o lucro do Banrisul foi 73,4% superior ao apurado no
mesmo perído do ano anterior (R$ 211,3 milhões), resultado beneficiado
por uma alta de 21,5% das operações de crédito (R$ 17,93 bilhões).
Murillo Constantino
Petros tem
R$ 70 mi em
crédito do
Banco Morada
Fundo de pensão esclarece
que se trata de consignado
cedido, e não exposição direta
A intervenção do Banco Central
(BC) ao Banco Morada, no final
de abril, acendeu a luz amarela
de alguns fundos de pensão. Especialistas disseram que as entidades com maior exposição ao
títulos relacionados ao Morada
são as constituídas no Rio de Janeiro — em virtude do banco ser
mais conhecido no estado —,
entre elas a Petros.
O fundo de pensão dos funcionários da Petrobras tem uma
carteira de crédito privado de
aproximadamente R$ 4 bilhões.
Este montante engloba entre
outros tipos de investimentos,
títulos de crédito estruturados,
na forma de Sociedades de Propósitos Específicos (SPE). “Uma
destas operações tem o patrimônio formado por créditos
consignados cedidos pelo Banco
Morada. Estes créditos consignados não fazem parte do patrimônio do banco, eles estão separados e controlados fiduciariamente”, esclarece a entidade
em nota ao BRASIL ECONÔMICO.
O valor inicialmente investido, segundo a Petros, foi cerca de
R$ 100 milhões. Hoje este valor
perfaz o total de R$ 70 milhões,
Kladt, da Mercer: trimestre
ruim e expectativa idem
Montante não
configura perda
já que tomadores
mantêm
financiamento
em dia
já que R$ 30 milhões foram liquidados nas respectivas datas sem
nenhum atraso. “Até o momento, não houve nenhuma alteração do processo de pagamento
destes créditos e, portanto, não
existe um potencial prejuízo.”
A Superintendência Nacional
de Previdência Complementar
(Previc) é a única a saber a exposição total das entidades fechadas
de previdência complementar ao
banco sob intervenção, embora
não revele o montante, tampouco
o número de fundações.
Casos como dos bancos PanAmericano e Morada afastam muitos fundos de pensão de títulos de
crédito privado. “Dentro da faixa
garantida pelo Fundo Garantidor
de Crédito não há o que temer”,
avalia Everaldo França, sócio da
consultoria PPS Portfólio Performance, referindo-se aos Depósitos a Prazo com Garantia Especial
(DPGEs), cujo valor garantido é
de R$ 20 milhões. ■ V.C.
DECLARAÇÃO DE PROPÓSITO
René de Oliveira e Sousa Júnior, portador da cédula de identidade nº M510440, expedida pela
Secretaria de Segurança Pública do Estado de Minas Gerais, CPF nº 222.195.286-34, DECLARA sua
intenção de exercer cargo de administrador na Brasilprev Seguros e Previdência S.A. e que preenche
as condições estabelecidas na Resolução CNSP nº 136, de 07 de novembro de 2005. ESCLARECE
que, nos termos da regulamentação em vigor, eventuais impugnações à presente declaração deverão
ser comunicadas diretamente a Superintendência de Seguros Privados - SUSEP, no endereço abaixo, no
prazo máximo de quinze dias, contados da data desta publicação, por meio de documento em que os
autores estejam devidamente identificados, acompanhados da documentação comprobatória, observado
que o declarante poderá, na forma da legislação em vigor, ter direito a vista do respectivo processo.
SUSEP - Av. Presidente Vargas, 730 - Rio de Janeiro - RJ.
(12, 13)
2
3
4
Performance da
família IMA será pior
Avanço do PIB deve
ser de 4% este ano
IPCA e IGP-M se
manterão em alta
A rentabilidade dos índices
IMA-B 5, IMA-B e IMA-B 5+
deve ser pior em 2011 quando
comparado ao ano passado,
na opinião dos gestores. O ganho
do IMA-B 5+ (títulos com prazo
superior a 5 anos) deve recuar
de 21,9% para 11,9%.
O Produto Interno Bruto (PIB)
brasileiro, que apresentou
performance excepcional no
ano passado, deve avançar em
média, 4% este ano, segundo os
gestores consultados na pesquisa.
Os mais otimistas apostam
em uma alta de 4,5% em 2011.
O IPCA deve encerrar 2011 bem
próximo ao teto da meta do
Banco Central: 6,2%, segundo
gestores consultados no
levantamento da Mercer. Já
o IGP-M deve encerrar o ano
aos 7,2%, inferior aos 11,3%
registrados em 2010.
34 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
INVESTIMENTOS
RENDA FIXA
Natália Flach
[email protected]
Em tempos de incerteza, alugar ações
é para investidores com nervos de aço
xas médias de aluguel atingiram patamares
elevados — 20,85% para o tomador.
Gabriela Bernardes, coordenadora de
atendimento da WinTrade, acrescenta que a
demanda pelas ações da Laep, Rossi e
Hypermarcas também está intensa. Ontem,
os papéis da construtora foram os que tiveram a maior alta no pregão, com valorização
de 6,07%, enquanto os da Hypermarca fecharam com queda de 3,67%. Segundo dados da CBLC, a taxa média das ações da Laep,
entre 9 e 11 de maio, foi de 29,39% — para o
tomador —, enquanto a da Hypermarcas foi
de apenas 3,06%. “Não existe uma taxa fixa,
o que manda é a lei da oferta e da procura”,
afirma a especialista.
Na outra ponta, colocar os papéis para
locação independe do momento vivido pela
bolsa. “Aqueles investidores que não querem se desfazer de suas ações têm sempre a
opção de alugá-las. Afinal, não precisa movimentar a sua carteira e ainda recebe um
percentual que pode ajudar a pagar as taxas
de custódias”, afirma.
Alexandre Marques Filho, analista da
Elite Corretora de Câmbio e Valores Mobiliários, acrescenta que os investidores podem fazer acordos com fundos ou com outras pessoas jurídicas, que não pagam 15%
de imposto de renda para obter apenas os
juros sobre capital próprio. “Em contrapartida, eles pagam um prêmio, que geralmente são menores do que pagariam de IR.” ■
A bolsa tem oscilado bastante nos últimos
dias com os rumores sobre a restruturação
da dívida grega, o aumento do compulsório
na China e a divulgação dos resultados econômicos nos Estados Unidos. Internamente,
os grandes responsáveis pelos sobressaltos
do Ibovespa têm sido os balanços das companhias abertas. Por isso, neste momento,
apenas aqueles investidores com nervos de
aço devem se tornar tomadores de ações,
apostando no aluguel dos papéis com o intuito de rentabilizá-los (vendendo-os para
recomprá-los em um patamar mais baixo).
Afinal, os riscos de uma virada brusca no
pregão não estão descartados.
De acordo com o agente autônomo de investimentos Rafael Nogueira Benedito,
quando os papéis dão sinais de que vão começar a se desvalorizar — porque chegaram
ao topo ou porque perderam o suporte gráfico — é comum os tomadores acionarem a
venda das ações alugadas. Dependendo do
montante de ações ofertado no mercado, as
taxas de aluguel para novos tomadores podem sair mais caras ou mais baratas. “Nos
últimos dias, temos tido dificuldade para encontrar papéis do Marfrig”, exemplifica.
Do dia 9 a 11 de maio, foram feitos 126
contratos com as ações do frigorífico, que
somaram R$ 31,2 milhões, de acordo com
dados divulgados pela Companhia Brasileira
de Liquidação e Custódia (CBLC). Por causa
desse “desaparecimento” dos papéis, as ta-
Fundo
Data
BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI
BB R FIX LP PLUS ESTILO FIC FI
ITAU PERS MAXIME RF FICFI
CAIXA FIC EXEC RF LONGO PRAZO
CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO
BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI
BB RENDA FIXA 200 FIC FI
BB RENDA FIXA 50 FIC FI
ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI
BB RENDA FIXA LP 100 FICFI
11/MAI
11/MAI
12/MAI
11/MAI
11/MAI
12/MAI
12/MAI
12/MAI
12/MAI
11/MAI
Rent. (%)
12 meses No ano
10,13
10,12
10,10
9,66
9,07
8,89
7,71
7,22
6,74
6,62
3,65
3,64
3,75
3,51
3,31
3,29
2,90
2,72
2,61
2,49
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
1,00
1,00
1,00
1,10
1,50
2,00
3,00
3,50
4,00
4,00
50.000
50.000
80.000
30.000
5.000
5.000
200
50
300
100
DI
Fundo
Data
BB REF DI LP PREM ESTILO FIC FI
BB REF DI PLUS ESTILO FIC FI
ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI
BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI
BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI
HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS
BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI
ITAU PREMIO REFERENCIADO DI FICFI
BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER
SANT FIC FI CLAS REF DI
11/MAI
12/MAI
12/MAI
12/MAI
11/MAI
12/MAI
12/MAI
12/MAI
12/MAI
12/MAI
Rent. (%)
12 meses No ano
10,29
9,89
9,87
8,23
7,95
7,64
7,64
6,57
6,17
5,79
3,72
3,63
3,64
3,07
2,95
2,89
2,87
2,53
2,38
2,21
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
0,70
1,00
1,00
2,50
2,47
3,00
3,00
4,00
4,50
5,00
100.000
50.000
80.000
5.000
100
30
200
1.000
100
100
AÇÕES
Fundo
Data
ITAU ACOES FI
BRADESCO FIC DE FIA
BRADESCO FIC DE FIA MAXI
BRADESCO FIC DE FIA IV
BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI
UNIBANCO BLUE FI ACOES
CAIXA FMP FGTS VALE I
SANTANDER FIC FI ONIX ACOES
ALFA FIC DE FI EM ACOES
BB ACOES PETROBRAS FIA
Rent. (%)
12 meses No ano
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
(2,76)
(3,08)
(3,29)
(3,36)
(4,21)
(4,41)
(4,99)
(5,03)
(9,33)
(17,35)
(7,72)
(8,51)
(8,63)
(8,65)
(11,27)
(9,96)
(11,69)
(9,41)
(11,51)
(10,96)
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
4,00
4,00
4,00
ND
2,00
5,00
1,90
2,50
8,50
2,00
1.000
200
200
100
200
PARA POUCOS
MULTIMERCADOS
Forte oscilação da bolsa deixa as operações de aluguel de ações mais arriscadas
Fundo
ACOMPANHAMENTO DO VOLUME DE ALUGUEL DE AÇÕES
20,39%
É quanto
variou o volume
de ações da OGX
de 5 a 11 de maio.
Ontem, os papéis
da companhia
caíram 2,24%
na bolsa
10,05%
PETROBRAS (PETR4)
8,45%
SABESP (SBSP3)
GERDAU (GGR4) -19,57%
ELETROBRAS (ELET6)
-18,01%
EMBRAER (EMBR3)
-20
-13,15%
-15
-10
-5
ITAU EQUITY HEDGE ADV MULT FI
ITAU EQUITY HEDGE MULTIM FI
BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI
CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC
ITAU PERS K2 MULTIM FICFI
ITAU PERS MULTIE MULT FICFI
SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM
ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI
SANT CAPITAL PROT 3 FI MULT
SANT FICFI CAP PROT VG 6 BR MULT
-1,53%
ITAÚ (ITUB4)
0
5
10
15
20
25
IBRX-100
(EM PONTOS)
64.500
64.000
63.500
Máxima
64.328,93
Mínima
63.125,39
Fechamento 64.003,16
63.000
62.500
Fonte: BM&FBovespa
11h
12h
13h
14h
15h
16h
17h
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
11/MAI
13,39
12,10
10,13
10,12
9,96
9,84
7,71
6,28
5,16
0,35
4,46
3,85
3,52
3,66
3,56
3,57
2,62
0,98
0,80
(4,92)
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
2,00
2,00
1,50
1,50
1,50
1,25
2,00
2,00
2,30
2,50
SMALL CAP - SMLL
MIDLARGE CAP - MLCX
21.100
1.425
930
21.000
1.417
925
20.900
1.410
920
20.800
1.402
915
1.395
20.700
10h
Rent. (%)
12 meses No ano
10.000
5.000
20.000
50.000
5.000
10.000
5.000
5.000
5.000
*Taxa de performance. Ranking por número de cotistas.
Fonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico
Fonte: CLBC
IBOVESPA
Data
10h
17h
910
10h
17h
10h
17h
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 35
BOLSA
JURO
Giro financeiro
Contrato futuro
R$ 5,9 bilhões 12,51%
foi o volume financeiro registrado ontem no segmento
acionário da BM&FBovespa. O principal índice encerrou
a sessão com variação positiva de 0,36%, aos 64.003 pontos.
foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI com
vencimento em janeiro de 2013, o de maior liquidez ontem. O giro
neste contrato foi de R$ 24,54 bilhões, em 297.592 negócios.
HOME BROKER
NA REDE
(fechamento em R$)
Eletrobras PNB (ELET6)
32,00
31,999999
31,73
2º objetivo
30,37
1º objetivo
30,63
30,625000
29,25
29,250000
29,18
Resistência
28,55
28,09
“Entraram US$ 3 bi no mercado
brasileiro nos primeiros dias de maio.
Mesmo assim o dólar se valoriza 3,5%
no mês. #nosense #mercadofinanceiro”
Suporte
@chrinvestor, Christian Cayre, investidor
27,88
27,875000
27,16
26,50
26,500000
3/JAN
1/FEV
1/MAR
1/ABR
12/MAI
Fontes: Daniel Marques, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico
“Europa saindo das mínimas com
Finlândia topando ajudar Portugal.
Finalmente uma notícia positiva
para os mercados de risco!”
@alvarobandeira, Álvaro Bandeira,
economista-chefe da Ativa Corretora
Papéis da Eletrobras acendem luz de alta
Os papéis da Eletrobras (ELET6) têm conseguido resistir
às pressões impostas pelo mercado. Apesar dos testes diários
nos pregões, as ações da companhia têm ficado acima do seu
suporte (ponto que, se perdido, aponta para um movimento
sequencial de queda) de R$ 28,09. Elas chegaram a atingir este
patamar, em 2 de maio, mas se recuperaram nos dias seguintes.
Ontem, os papéis tiveram uma valorização de 0,49% e encerraram
o pregão cotados a R$ 28,55. Segundo Daniel Marques, analista
gráfico da Ágora, as ações têm condições de romper a sua
resistência de R$ 29,18. “O mercado tem respeitado o suporte sem
rompê-lo. Além disso, as ações mostram uma média móvel de 200
períodos que o mercado gosta bastante”, afirma. Caso chegue a este
patamar, aí, sim, ele alerta, há configuração do ponto de entrada.
A tendência é que os papéis busquem, no primeiro objetivo, a casa
dos R$ 30,37 e, no segundo, R$ 31,73. Este valor foi atingido no
pregão do dia 6 de abril e, desde lá, a queda foi brusca: as ações
tiveram uma desvalorização de 11% em comparação com o pregão
de ontem. “Tudo indica que vai ser um movimento de recuperação.
Serão os mesmos patamares, mas, desta vez, o movimento vai
ser de alta”, acrescenta. Sobre a possibilidade de as oscilações
da bolsa atrapalharem os planos dos papéis, Marques diz que não
há ligação direta. “Mas o Ibovespa não pode despencar também.”
“Mercado muda mas no momento
está querendo ficar podre”
@PredaBastter, Ricardo C. Hissa, analista de sistemas
“#ARZZ3 foi o melhor IPO do ano
até agora e ainda continua em
tendência de alta após respeitar a LTA”
@AntonioMontiel, Antonio Montiel, analista técnico
“Amanhã [hoje], sexta-feira 13, é um
ótimo dia para acordar e estar comprado
na VALEE44 #VALE5, se virar pó, joga
a porcaria num caldeirão de bruxa!!”
@picapautrader, investidor,
sobre desempenho da opção da ação PNA da Vale
REGULAÇÃO
Nova norma sobre agentes autônomos deve sair neste mês
A nova norma que passará a
regular a atividade dos agentes
autônomos de investimento
(prepostos comerciais das
corretoras) deve sair ainda
neste mês, afirmou ontem
a presidente da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), Maria
Helena Santana. O documento —
que substituirá a instrução
atualmente em vigor, de número
434 — está em alteração há mais
de um ano. Entrou em audiência
pública em abril de 2010, mas só
agora a publicação efetivamente
se aproxima. O lançamento
da nova instrução é o que falta
para que a Associação Nacional
das Sociedades Corretoras e
Distribuidoras (Ancord) possa se
tornar a entidade credenciadora
dos agentes autônomos no país.
A norma vai prever que o registro
dos profissionais junto à CVM,
obrigatório para o exercício
da atividade, seja automático a
partir do momento em que forem
cadastrados em credenciadora
privada — a exemplo do
procedimento adotado no
registro de analistas, feito pela
associação da classe (Apimec).
A Ancord já aplica as provas
de certificação dos autônomos
e pleiteia o cargo junto à CVM.
Nesse contexto, a associação
está buscando estreitar os
laços com a americana Financial
Industry Regulatory Authority
(Finra), reguladora privada do
mercado financeiro dos EUA.
Executivos da Ancord se reunirão
com representantes da entidade
na próxima terça-feira para trocar
experiências. “A Finra nos serve
de referência ao nos prepararmos
para a responsabilidade da
autorregulação”, explicou o
presidente da Ancord, Manoel
Felix Cintra Neto. A associação,
no momento, trabalha na
criação de um comitê de ética
e conduta para corretoras
e agentes. Mariana Segala
Autopeças
Fabricante brasileira de rodas
e vagões Iochpe-Maxion tem
excelente resultado, diz Ativa
Os resultados do primeiro
trimestre da fabricante brasileira
Iochpe-Maxion vieram acima
do esperado, segundo Ativa.
Artur Delorme, analista de
autopeças da corretora, escreve
que o balanço foi positivo,
em função do forte aumento
do faturamento, bem como
a melhora na rentabilidade.
“Acreditamos que as perspectivas
são positivas para o setor
automobilístico nacional e,
consequentemente, para Iochpe,
atrelado aos bons fundamentos
da economia brasileira, que
proporcionam a expansão da
demanda e da produção de
veículos pesados e a manutenção
dos investimentos em transporte
ferroviário de carga, beneficiando
os segmentos de atuação
da companhia”, aponta.
A recomendação é de compra
com preço alvo de R$ 26,15
por ação para dezembro. Forte
expansão da receita no 1T11.
O lucro líquido foi de R$ 56
milhões, bastante superior
aos R$ 33 milhões registrados
no primeiro trimestre de 2010.
36 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
Divulgação
MUNDO
Pesquisa em Portugal dá vitória à oposição
A popularidade do Partido Social Democrata (PSD) português cresceu
em uma pesquisa de intenção de voto publicada ontem pelo Diário
Económico, o que coloca a sigla no caminho da vitória na eleição de
5 de junho. O partido de centro-direita obteve 39,7% das intenções
de voto, enquanto o Partido Socialista, atualmente na situação, ficou
com 33,4%. Uma vitória do PSD pode diminuir as preocupações sobre
a capacidade de o país criar medidas de austeridade para sair da crise.
Editora: Elaine Cotta [email protected]
Subeditora: Ivone Portes [email protected]
Egito terá candidato da
Irmandade Muçulmana
Candidatura de Abdel Moneim Abul Futuh, membro do partido, à Presidência do
Egito é considerada uma ameaça ao processo de democratização do Oriente Médio
Cris Bouroncle/AFP
BREVES
Libyan TV/Reuters
TV mostra primeiras
imagens de Kadafi
após duas semanas
Bárbara Ladeia
A televisão líbia mostrou
ontem imagens do líder líbio
Muamar Kadafi em encontro
com autoridades do governo
em um hotel de Trípoli,
acabando com as dúvidas
sobre seu paradeiro. O líder
não era visto desde o ataque
da Otan que matou seu filho
há duas semanas. Após
a divulgação das imagens,
a Otan bombardeou o
complexo residencial de Kadafi.
Informações iniciais apontavam
que três mortos e 25 feridos
pelo ataque. Reuters
[email protected]
Nas primeiras eleições após a
derrubada do ditador Hosni
Mubarak, os egípcios poderão
ter um novo governo autoritário no poder. Embora tenha
afirmado que sua iniciativa é
independente da Irmandade
Muçulmana, o membro sênior
da organização, Abdel Moneim
Abul Futuh, se lançou candidato à presidência no Egito.
A candidatura de Futuh é
interpretada como um indicativo claro da intenção da organização em atuar diretamente
no governo do país. “É impossível desassociar o candidato
do organismo nesse contexto”,
explica o professor do curso de
Relações Internacionais da
ESPM, Heni Ozi, Cukier. “Caso
Futuh saia vitorioso, não há
dúvidas de que o governo terá
o apoio e base política da Irmandade Islâmica.”
É essa base política que vem
preocupando os grupos seculares e basicamente os principais
governos do Ocidente. Faz parte do projeto do grupo a aplicação da Sharia — nome dado ao
conjunto de leis islâmicas —, o
que traria um outro tipo de totalitarismo ao governo egípcio.
O país passaria, então, de um
governo ditatorial militar para
uma ditadura teocrática.
“A ditadura teocrática é muito mais perigosa pois ela preconiza um regime muito mais severo que o aplicado pelos militares”, explica Cukier.
Além do formato político ditatorial — já conhecido pelos
egípcios por meio da ditadura
de Hosni Mubarak —, a adoção
da Sharia envolve a aplicação de
regras e punições rígidas em
torno de temas de âmbito particular como casamento, prática
da religião, entre outros.
O elemento pode ser um agravante para o cenário de violência
no Egito. Atualmente, o país já
passa por conflitos de ordem religiosa. Conflitos entre muçulmanos e cristão mataram 12 pessoas
no Cairo somente neste mês.
Centenas recebem
comida na Espanha
após terremoto
Centenas de pessoas fizeram
fila para pegar comida das
equipes de emergência ontem
na cidade espanhola de Lorca.
Eles não podem voltar para as
suas casas que foram bastante
danificadas por um poderoso
terremoto que matou oito
pessoas. Ontem, autoridades
haviam dito que o número
de mortos chegava a 10.
Uma força-tarefa militar
com 200 soldados foi enviada
à área para fornecer ajuda
e isolar prédios perigosos.
A parte da frente de uma igreja
desabou horas depois do
terremoto e outras edificações
são consideradas instáveis.
Irmandade Muçulmana
é o maior movimento
islâmico ativo no Egito
“
A Irmandade
Muçulmana tem
sido muito capaz
de se isolar desse
contexto de revolta.
É uma grande
jogada de marketing
Heni Ozi Cukier,
Estratégia
Para Cukier, a vitória da Irmandade Muçulmana se configura
especialista em conflitos
externos e professor do curso de
relações internacionais da ESPM
Senador dos EUA diz
que fotos de Bin Laden
são “repulsivas”
como uma grande ameaça ao Ocidente, uma vez que afetaria totalmente a estabilidade da região.
“Grupos como a Al Qaeda e o
Hamas nasceram no berço da
Irmandade Islâmica”, avalia o
professor. “A vitória pode vir
como um fomento aos radicalismos e fundamentalismos.”
Para o especialista, a posição
distante da Irmandade Muçulmana — maior movimento islâmico do Egito — tem sido estratégica para seu ganho de força
na região. Somado a isso, a oposição, ainda muito desorganizada, garante ao organismo o me-
lhor dos mundos. Além da forte
estrutura interna, o partido
conquista o apoio da população
atuando diretamente em diversos movimentos sociais.
Por ora, não há nenhum outro partido posicionado para as
eleições. A expectativa é que os
militares lancem um candidato
com uma “roupagem civil”.
“Esse candidato deve vir com
um discurso de recuperação da
ordem. Nesse momento, as
questões de segurança e do
caos interno são fatores muito
influenciadores para a região”,
explica Cukier. ■
Um senador republicano
do Comitê de Forças Armadas
do Senado americano disse
ter visto as fotos do corpo
de Osama bin Laden ontem
e que as imagens, algumas
repulsivas, não deixam
dúvidas de que o líder
terrorista da Al Qaeda está
morto. “Não há absolutamente
nenhuma dúvida sobre isso.
Muitas pessoas por aí dizem
‘queremos ver as fotos’, mas
eu já vi. Era ele. Ele está morto.
Ele já era”, afirmou James
Inhofe, senador de Oklahoma.
Sexta-feira e fim de semana,
13, 14 e 15
Sexta-feira,
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 37
38 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
PONTO FINAL
Arquivo/AFP
A TENTATIVA DE REABILITAR LOUIS RENAULT
CARTAS
Com relação à reportagem “Governo reduzirá exploração
hídrica da Amazônia”(página 10 da edição de 10 de março de
2011), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) vem a público
esclarecer que a manchete da primeira página sobre o assunto
— “Governo abandona construção de novas hidrelétricas na
Amazônia” — não condiz com as declarações dadas pelo
presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, ao jornalista do BRASIL
ECONÔMICO. Na ocasião da entrevista, foi dito ao jornalista que a
necessidade de compatibilização entre a geração de energia
elétrica e a preservação do bioma amazônico implicará o não
aproveitamento da totalidade do potencial hidrelétrico
brasileiro remanescente. No entanto, o presidente da EPE frisou
que ainda há espaço expressivo para a construção de novos
empreendimentos hidrelétricos naquela região, respeitando
os princípios de sustentabilidade socioambiental. Essa
premissa, por sinal, está indicada em todos os estudos de
planejamento de médio e longo prazo elaborados pela EPE.
Oldon Machado
Assessor de Imprensa da Presidência da EPE
Rio de Janeiro (RJ)
Nota da Redação: o BRASIL ECONÔMICO mantém as informações
publicadas, inclusive a manchete da primeira página.
Prezado Ricardo Galuppo, meus parabéns pelo artigo
“A face tenebrosa de um avanço social” (página 40 da
edição de 6/5/2011) e pela forma prática e até corajosa com
a qual você eliminou a “purpurina e o glamour” desse avanço
social, para mostrar um lado prático que ninguém havia
abordado até este momento. Espero que o seu alerta ecoe
muito e que a discussão a respeito comece imediatamente!
Leandro Valim
Porto Alegre (RS)
Excelente o artigo”Recursos não contabilizados” (página 40
da edição de 5/5/2011), de Costábile Nicoletta. Prova o que
todos os brasileiros sabem e não conseguem justificar.
Francisco José
Por e-mail
A classe política no Brasil difere de um estado para o outro. Com
poucas exceções, os muitos partidos existentes agrupam filiados
que em muitos casos nem sequer conhecem a linha ideológica
da agremiação. E fazer um partido em alguns casos dá a nítida
impressão de que atende interesses até pessoais. Mas alguns
casos mexem com a estrutura existente e causa preocupações.
Como no mais recente, o PSD, que está tirando nomes
importantes do antigo PFL, hoje DEM. E isso mereceu uma
afirmação agressiva do seu atual presidente de que o Palácio
do Planalto está induzindo a ida de parlamentares de diferentes
partidos para essa legenda. Será que ele pode afirmar que
nos tempos em que seu partido estava no poder isso nunca
aconteceu? Não fica bem para um senador com o seu nome fazer
tal tipo de acusação que tem uma repercussão muito negativa.
Uriel Villas Boas
Santos (SP)
Investir em educação é investir para que uma nação se torne
diferenciada, educada, culta, produtiva, desenvolvida, ética.
Contudo, para que um país possa ser grande, é fundamental
que os profissionais da educação sejam respeitados e,
claro, sejam remunerados com salários bastante dignos.
É isso que o governador Geraldo Alckmin elaborou e está
transformando em realidade no Estado de São Paulo.
Congratulações! Que sirva de modelo para outros gestores.
David Neto
São Paulo (SP)
ERRATA
Diferentemente do que foi informado na chamada da página 2
da edição de 28/4/2011, a Shell não produzirá lubrificantes
para a Cosan. Em razão da associação entre as duas empresas,
os postos que pertenciam à Cosan, de bandeira Esso, passarão
a ser postos Shell. Por consequência, esses estabelecimentos
passarão a comercializar os lubrificantes da marca Shell.
Cartas para Redação - Av. das Nações Unidas, 11.633 – 8º andar – CEP
04578-901 – Brooklin – São Paulo (SP). [email protected]
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reserva-se o direito de editar as cartas recebidas.
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acusado de colaborar com os nazistas, contestam na Justiça a nacionalização da empresa em
1945, uma das decisões mais simbólicas do governo francês após a Segunda Guerra Mundial.
Na foto de 1939, Renault aparece ao lado de Adolf Hitler no Salão do Automóvel de Berlim.
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Brasília Maeli Prado, Simone Cavalcanti
Rio de Janeiro Ricardo Rego Monteiro
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Impressão
Editora O Dia S.A. (RJ)
Diário Serv Gráfica & Logística (SP)
FCâmara Gráfica e Editora Ltda. (DF/GO)
Sexta-feira e fim de semana,
Sexta-feira,
13, 14 e 15
13 de maio, 2011 Brasil Econômico 39
Janaina Santos
Saumíneo da Silva Nascimento
Anna Carolina Malta
Presidente do Banco do Estado de
Sergipe e doutor em Geografia
Sócia do Barbosa,
Müssnich & Aragão
Rafael Gonçalves de Carvalho
Associado do Barbosa,
Müssnich & Aragão
Para entender a geografia
dos bancos brasileiros
Alterações na Lei de Sociedades
Anônimas e títulos de dívida
Entender o atendimento bancário no Brasil é conhecer a geografia dos bancos. Temos 5.587 municípios. Destes, 1.973, ou seja, 35,31%, não possuem
agência bancária e nem Posto de Atendimento Bancário (PAB).
Além disso, do ponto de vista dos municípios totalmente desassistidos em
termos de dependência bancária, temos 210 cidades, o que equivale a 3,87%,
conforme dados do Banco Central do Brasil em 31 de março.
Nesta mesma ocasião, o Brasil possuía 19.908 agências, revelando uma
média de 3,56 agências por município, muito abaixo das necessidades da
população que está usando cada vez mais intensamente os bancos. A saída tem sido a adoção dos correspondentes, que têm suprido essencialmente as operações de prestação de serviços bancários, especificamente
para a população que não possui conta bancária ou um cadastro em uma
instituição financeira.
O ex-presidente Lula, após avaliar reivindicações do setor privado, editou a
Medida Provisória (MP) 517, que altera a Lei nº 6.404/76, conhecida como
Lei das Sociedades Anônimas, no sentido de tornar mais flexíveis os processos de emissão de debêntures, que são títulos de dívida privada, e formar um
mercado secundário de negociação mais rentável e dinâmico.
A MP 517 traz medidas que, entre outras: flexibilizam a recompra de debêntures pelas emissoras, de forma a melhor administrar sua exposição no mercado e seu endividamento; estabelece competência do conselho de administração para deliberar sobre emissão de debêntures conversíveis; permite emissões concomitantes para o melhor aproveitamento das janelas de oportunidade para emissões de papéis com diferentes características; retira o limite à
emissão de debêntures quirografárias; e permite a contratação de um mesmo
agente fiduciário para diferentes emissões de uma mesma companhia.
Em razão da complexidade do tema e dos possíveis impactos no mercado
de valores mobiliários, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) colocou em
audiência pública o texto da MP 517. Como resultado, foi produzido um relatório de análise, do qual destacamos algumas questões.
No que se refere à amortização e ao resgate parcial, ambos devem ser feitos por rateio. Somente para o caso de debêntures cotadas por preço inferior
ao valor nominal é que o resgate parcial deverá ser feito por compra em mercado organizado de valores mobiliários, sempre observadas as regras expedidas pela autarquia que regula o mercado de capitais brasileiro.
Constatou-se, também, que para uma real flexibilização da recompra
de debêntures pelo emissor é necessário a possibilidade de aquisição por
valor superior ao nominal, e não somente por valor inferior, o que obstaculiza a formação do mercado secundário.
Se, por um lado, temos muitos municípios
brasileiros sem agências ou Postos
de Atendimento Bancário, por outro,
muitos bancos do país têm boa presença
no exterior. São 139 dependências ao todo
Registre-se que apenas três estados possuem agências ou PABs em todos
os municípios. São o Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Por
outro lado, o Estado de Minas Gerais é o que possui o maior número de
municípios sem agências ou PABS. Dos 853 municípios mineiros em 328
(38,45% do total) não existem agências ou PABs.
Já no quesito de totalmente desassistidos de dependências bancárias, o
estado do Piauí possui o maior número, são 53 (23,66%) municípios desassistidos. O Piauí possui também o maior percentual de municípios sem
agências e sem PABs, o índice é de 80%.
Analisando as sedes dos bancos, verifica-se que na Região Sudeste está a
sede de 80,34% das instituições. A Região Sul tem a sede de 10,67% dos
bancos. No Nordeste está a sede de 5,62% dos bancos. Na Região Norte está a
sede de 2,25% dos bancos, e na Região Norte fica a sede de 1,12% dos estabelecimentos bancários. Por esta análise verifica-se uma configuração de concentração geográfica da atuação dos bancos, pois a localização das sedes é
um fator determinante do foco de referidas instituições.
Se, por um lado, temos muitos municípios brasileiros sem agências ou
Postos de Atendimento Bancário, muitos bancos brasileiros possuem uma
boa presença no exterior. São 139 dependências no exterior, sendo 53
agências, 20 escritórios e 66 participações. Destacando-se a cidade de
George Town, nas Ilhas Cayman, onde os bancos brasileiros possuem 21
agências e 14 participações, ou seja, quase 40% das agências de bancos
brasileiros com presença no exterior está situada nas Ilhas Cayman. Em
seguida vem a cidade de Nassau, localizada nas Ilhas Bahamas, com quatro
agências, o mesmo número de New York, nos Estados Unidos, depois Tóquio, no Japão, com três agências. No total são 47 países que possuem dependências de bancos brasileiros.
A disparidade da distribuição geográfica dos bancos no Brasil também é
verificável na distribuição de agências na capital e agências no interior,
presença de bancos públicos versus presença de bancos privados.
Por fim, vejo que existe um espaço nos municípios brasileiros a ser contemplado com a inclusão de atendimento bancário. ■
A CVM sugere, ainda, que para evitar interpretações confusas seja criado
um parágrafo específico para situações cuja deliberação de emissão permanecerá privativa à assembleia geral, tais como: emissão de debêntures não
conversíveis com garantias. Ainda nesse sentido, a CVM propõe uma limitação ao capital autorizado quando o estatuto autorizar deliberação de
emissão de debêntures conversíveis em ações pelo conselho, e que, sejam
incluídos no artigo respectivo, todos os casos em que a competência originária da assembleia geral, para deliberar sobre a emissão de debêntures,
possa ser delegada ao conselho de administração da companhia.
Por fim, o autarquia ressalta que, por já existir a possibilidade de correção monetária em periodicidade inferior a um ano para títulos públicos, é
importante que também seja autorizada para as emissões de títulos privados, estimulando o desenvolvimento de um mercado de financiamento
privado de longo prazo e contribuindo para o fomento do mercado secundário desses títulos no país.
A MP 517, conforme vigência prorrogada pelo Senado até o fim deste mês,
segue em efeito e tramitando no Legislativo, tendo a CVM enviado suas sugestões aos relatores do processo, por considerar tais ajustes fundamentais
para a melhor interpretação e aplicação das novas regras. ■
Andrew Harrer/Bloomberg
AS FRASES
“Está errado e não
pactuamos com isso”
Carlos Minc, secretário do
Meio Ambiente do Rio de Janeiro
Roosewelt Pinheiro/Abr
A Comissão de Valores Mobiliários ressalta que,
por já existir a possibilidade de correção monetária
em período inferior a um ano para títulos públicos, é
importante que o mesmo passe a valer também para
os papéis de empresas, para estimular o mercado
A secretaria embargou a ampliação da
Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA),
um projeto conjunto da ThyssenKrupp
e a Vale. A CSA terá de cobrir
um poço de emergência, que pode
emitir a chamada “nuvem de prata”.
“Trabalhamos para corrigir a
terrível traição que ocorreu no
regime do general Stroessner”
Fernando Lugo,
presidente do Paraguai
O presidente paraguaio comemorou com uma festa na quarta-feira à noite a
aprovação pelo Senado brasileiro do aumento de US$ 120 milhões para US$ 360
milhões a quantia a ser paga anualmente ao Paraguai pela cessão da energia da
Hidrelétrica de Itaipu. A traição a que se refere Lugo foi a assinatura do Tratado
de Itaipu entre os governos militares do Brasil e do Paraguai em abril de 1973.
40 Brasil Econômico Sexta-feira
Sexta-feira, e13fim
de de
maio,
semana,
2011 13, 14 e 15 de maio, 2011
BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Avenida das
Nações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000
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ÚLTIMA HORA
Governo restringe importação de carros
Diego Giudice/AFP
Diante de um aumento de 71% nas
importações gerais de veículos de
passeio em apenas um mês, em abril
sobre igual período de 2010, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (Mdic) resolveu
adotar o procedimento de licença
não-automática. Ou seja, para conseguir ingressar no Brasil, os automóveis prontos terão de esperar até
60 dias. As autopeças não foram incluídas na medida. A decisão atinge
em cheio a Argentina, maior exportadora para o país.
O governo insiste na tese de que
não é uma retaliação direta à Argentina por causa do aumento das barreiras protecionistas contra os produtos nacionais, uma vez que o Brasil
vem mantendo um saldo superavitário com o vizinho. Segundo o Mdic,
entre janeiro e abril o resultado é favorável em US$ 1,33 bilhão. No entanto, o próprio ministro Fernando
Pimentel já havia informado essa semana que enviou carta para a ministra argentina Débora Giorgi, da Produção e Indústria, pedindo para que
providências fossem tomadas e o
país voltasse atrás nas restrições,
cumprindo o que foi combinado entre os sócios no início do ano.
Ontem o discurso do Mdic era o de
que a nova regra servirá para monitorar o fluxo de entrada dos veículos de
todas as procedências. De fato, as
importações subiram generalizadamente na categoria. Além da Argentina, as compras da Coreia do Sul e do
México também se expandiram fortemente (ver tabela). E há ainda o fator China. Números preliminares de
vendas em abril antecipados esta semana pelo BRASIL ECONÔMICO apontam que a participação do país asiático no mercado de importados deve
ultrapassar os 30% em abril e chegar
a 40% até o fim do ano.
Entrar na discussão do Código Florestal — que prosseguirá na semana que vem no Congresso Nacional —
exige coragem. A questão, por vezes, parece mais
emaranhada do que os cipoais das matas que se pretende preservar — e todas as exceções criadas visam
beneficiar, exatamente, aqueles que até aqui têm se
comportado como grandes depredadores. Explico:
quando se fala em destruição do meio ambiente pelo
agronegócio, todos os dedos ambientalistas apontam
ao mesmo tempo para o ex-governador do Mato
Grosso Blairo Maggi. Pode ser que seja mesmo. Acontece, no entanto, que não existem provas concretas
desse fato e, pelo sim, pelo não, Maggi tem carregado
uma culpa nunca comprovada. Creio, inclusive, que
um levantamento isento mostraria que a devastação
causada por Maggi e por todo o agronegócio brasileiro
somado é inferior à destruição provocada pelo conjunto das pequenas propriedades rurais que exploram
a chamada agricultura familiar. Esse é um dos muitos
estudos que deveriam ser realizados para esclarecer
questões delicadas e, no entanto, nunca foram.
Fábricas instaladas na Argentina serão as maiores
prejudicadas pelas medidas do governo brasileiro
IMPORTAÇÕES DE VEÍCULOS DISPARAM
O Brasil só vai melhorar no dia
em que a lei for igual para todos.
Todos mesmo. Até para o MST
Principais mercados de origem das compras brasileiras, em US$ milhões
1º TRI 2010
1º TRI 2011
611
425
206
106
79
36
2
36
1.577
856
622
329
187
125
60
38
35
2.360
ARGENTINA
COREIA DO SUL
MÉXICO
ALEMANHA
JAPÃO
REINO UNIDO
CHINA
FRANÇA
TOTAL (todos os países)
VARIAÇÃO
40%
46,3%
59,7%
76,4%
58,2%
66,6%
1.800%
-2,7%
-500
000
0
49,6%
500
0
1000
0
1500
0
2000
20
0
Surpresa
Ana Paula Machado
[email protected]
Diretor de Redação
A pretexto do novo
Código Florestal
Fonte: MDIC
A decisão brasileira pegou as montadoras de surpresa. A Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) evitou inflamar o
clima de confronto com a Argentina,
de onde suas associadas trazem 50%
das importações de veículos. “Vamos
avaliar os possíveis impactos nos próximos dias. Além disso, não podemos
dizer que decisão é uma forma de retaliar o governo argentino que está
impondo barreiras aos produtos brasileiros”, informou a entidade em nota.
A Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva) informou que suas
associadas não devem ser afetadas
com as medidas, mas que está aguardando o desenrolar das negociações.
Com relação às informações de
que 67 caminhões cegonha já estariam parados na fronteira da Argentina em direção ao Brasil, o Mdic declarou que não iria se pronunciar sobre o assunto. ■ Simone Cavalcanti e
Ricardo Galuppo
REESTRUTURAÇÃO
Tsunami no Japão ainda atinge os negócios da
Honda, que pode demitir 1,2 mil pessoas no Brasil
A Honda Automóveis do Brasil
está em processo de redução de
custos em função da queda na
remessa de peças da matriz para
o país. Na última terça-feira, a
direção da montadora se reuniu
com o Sindicato dos Metalúrgicos
de Campinas e região para informar
o plano de produção para este ano.
Segundo o sindicato, a empresa
propõe a redução da fabricação
no Brasil em torno de 50%.
Atualmente, a Honda produz
600 carros por dia e a proposta
da montadora é de reduzir um dos
três turnos de trabalho, e operar
em oito horas diárias, o que resulta
na produção de 320 carros/dia.
O presidente do sindicato,
Jair dos Santos, disse que com essa
medida a Honda poderia demitir
até 1,27 mil pessoas. “Fizemos uma
proposta de redução da jornada
de trabalho para 5h30 por dia e
que a empresa conceda férias
coletivas intercalando blocos de
400 trabalhadores por mês, durante
os próximos sete meses. Mas, depois
de duas reuniões não chegamos
a nenhum acordo. As negociações
continuam amanhã (hoje).” Ontem,
a fábrica de Sumaré não funcionou
e a paralisação deve continuar hoje.
A Honda enviou uma nota informando
que não tomou nenhuma decisão
formal a respeito de demissões no
Brasil. “A empresa reitera que está
em contato com sindicato.” APM
A única utilidade das conclusões a que ele chegasse seria pôr fim a uma velha mania brasileira de tratar
questões como essa de forma maniqueísta — opondo
os grandes aos pequenos, como se não houvesse possibilidade de coexistência civilizada entre eles. O certo é que o novo código contém, de um lado, uma série
de exceções que beneficiam a agricultura familiar e,
do outro, é essencialmente rigoroso com o agronegócio. Como um cidadão que passou quase toda a vida
em grandes cidades, sinto-me obrigado a declarar
que, no meu caso específico, não quero saber se quem
emporcalha o lençol freático de onde sai a água que
vou beber é um grande agricultor que utiliza agrotóxicos ou um pequeno proprietário que ganha o pão
com o suor do próprio rosto na pequena gleba que
herdou dos pais. O que eu quero é beber água limpa.
Não quero saber se a queimada que prejudica a qualidade do ar que eu respiro foi causada por um latifundiário ou por 15 pequenos proprietários. O que eu
quero é que todos deem sua cota de contribuição para
a qualidade do ar que eu respiro. Ponto final.
É lógico que, antes de pensar em medidas punitivas,
deve existir um exaustivo trabalho de educação voltado
a explicar a todos (grandes e pequenos) as vantagens de
um manejo responsável do solo. E também é lógico que
deveriam ser adotadas — além de um limite restritivo
que fosse racional e igual para todos, grandes e pequenos — medidas de estímulo a quem preservasse o meio
ambiente. Sem fechar os olhos para os problemas sociais que precisa resolver, o Brasil deve, com urgência,
se dar conta de que o discurso maniqueísta acaba por
proteger gente como os “militantes” do MST. Um novo
crime dessa gente foi revelado pela última edição da revista Veja. A reportagem mostra que o MST rouba eucalipto de florestas da Fibria, da Suzano e da Veracel para
assar em carvoarias clandestinas e vender às siderúrgicas. O Brasil só vai melhorar mesmo no dia em que todos forem iguais perante a lei. Todos mesmo. ■
w w w . b ra s i l e c o n o m i c o . c o m . b r
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