2010 PTERIDÓFITAS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL FAZENDA SANTA CECÍLIA DO INGÁ, VOLTA REDONDA, RJ, BRASIL Jascone, C. E. S.1 & Barros, A. A. M. de2 1 Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2 Faculdade de Formação de Professores da UERJ, São Gonçalo, RJ, Brasil. E-mail: [email protected] / Telefone: (21) 8229-9111 Palavras-Chave: Pteridófitas Página MATERIAL E MÉTODOS O município de Volta Redonda encontra-se situado no Sul do Estado do Rio de Janeiro, no trecho inferior do médio vale do Rio Paraíba do Sul, entre as serras do Mar e da Mantiqueira. Esta região é bastante favorecida pelo triângulo formado pelas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Compreende 182,8 km2 e 350 á 707 m de altitude. A estrutura hidrográfica da região caracteriza-se pela grande quantidade de riachos e córregos perpendiculares ao Rio Paraíba do Sul. Os morros apresentam alturas que variam de 50 a 200 metros de declividades. A Fazenda Santa Cecília do Ingá em 26 de setembro de 2005, lei 10.440/05, a área foi transformada em Parque Natural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá com 211 hectares sob as coordenadas 22º 27’ 34’’S e 44º 04’ 51’’W. Foram feitas coletas assistemáticas na área da Unidade de Conservação entre 2006 e 2008. Todo o material coletado foi herborizado seguindo Windisch (1992) e incorporados ao acervo do VOLRE e suas duplicatas foram doadas ao HB e ao RFFP. 51 INTRODUÇÃO As samambaias e licófitas possuem uma ampla distribuição mundial, com muitas espécies cosmopolitas, vivendo preferencialmente nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, em locais úmidos e sombreados das matas. Atualmente, existem no mundo cerca de 1.200 espécies de licófitas e mais de 11.500 espécies de samambaias (Pryer et al. 2004). Estão representadas nas Américas por cerca de 3.250 espécies, das quais 3.000 estão presentes no Neotrópico. No Brasil estima-se que ocorra um total de 1.300 espécies de licófitas e samambaias, das quais já se tem o registro de aproximadamente 1.115 espécies. No sudeste e sul do Brasil ocorrem aproximadamente 600 espécies, a maioria localizada nas florestas úmidas da Serra do Mar (Tryon & Tryon 1982). Tryon (1972) indica que tais remanescentes fazem parte dos principais centros de endemismo e especiação na América Tropical. Os estudos sobre a diversidade florística dos vegetais vasculares sem sementes ocorrentes no estado do Rio de Janeiro começou com Vellozo (1881) que elaborou a Flora Fluminensis, Rizzini (1953) produziu a Flora Organensis, seguido por Brade (1956) com a Flora de Itatiaia. Trabalhos mais recentes foram produzidos por Santos et al. (2004), Mynssen & Windisch (2004), Prado (2005), Santos & Sylvestre (2006), Jascone & Miguel (2007) e Santos (2008). O presente estudo é uma contribuição ao conhecimento da flora das Samambaias e Licófitas da Floresta Pluvial Atlântica do estado do Rio de Janeiro, contribuindo para a formulação da flora do Estado do Rio de Janeiro. 2010 O sistema de classificação adotado foi o proposto por Smith et al. (2006); seguiu-se Pichi-Sermolli (1996) nas abreviaturas dos autores. Os táxons foram identificados a partir de consulta a bibliografia específica e comparação com espécimes depositados no HB e RFFP. RESULTADOS E DISCUSSÃO A flora de samambaias e licófitas no Parque Natural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá é constituída por 38 espécies distribuídas em 17 gêneros e 10 famílias, este número representa menos de 10% das espécies do Sul e Sudeste do Brasil. As famílias com maior riqueza de espécies são Pteridaceae (11) e Thelypteridaceae (8). Essas famílias representam 50% do total de espécies amostradas, as outras oito perfazem os 50% restantes. Os gêneros mais representativos foram Thelypteris (7) e Adiantum (6). A representatividade expressiva das famílias e dos gêneros acima relacionados também é observada nos outros trabalhos na Floresta Pluvial Atlântica de samambaias e licófitas como os realizados no estado do Rio de Janeiro. Página REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brade, A.C. 1956. A flora do Parque Nacional do Itatiaia. Boletim do Parque Nacional do Itatiaia 5: 1-85. Jascone, C.E.S. & Miguel, J.R. 2007. Pteridófitas do Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro: Primeiros resultados. Saúde e Ambiente em Revista 2(1): 44-49. Mynssen, C.M. & Windisch, P.G. 2004. Pteridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ. Rodriguésia 55(85): 125-156. Pichi-Sermolli, R.E.G. 1996. Authors of scientific names in Pteridophyta. Royal Botanical Garden: Kew. 78p. Prado, J. 2005. Pteridaceae da Reserva Ecológica de Macaé de Cima, Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguesia 56(87): 179-184. Pryer, K.M.; Schuettpelz, E.; Wolf, P.G.; Schneider, H.; Smith, A.R. & Cranfill, R. 2004. Phylogeny and evolution of ferns (Monilophytes) with a focus on the early leptosporangiate divergences. American Journal of Botany 91(10): 1582–1598. Rizzini, C.T. 1953. Flora Organensis: lista preliminar das Cormophytas da Serra dos Órgãos. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 13: 118-246. Santos, M.G. & Sylvestre, L.S. 2006. Aspectos florísticos e econômicos das pteridófitas de um afloramento rochoso do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20(1): 115-124. Santos, M.G.; Sylvestre, L.S. & Araujo, D.S.D. 2004. Análise florística das pteridófitas do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica 18(2): 271-280. Smith, A.R.; Pryer, K.M.; Schuettpelz, E.; Korall, P.; Schneider, H. & Wolf, P.G. 2006. A classification for extant ferns. Taxon 55(3):705-731. 52 CONCLUSÃO No presente estudo o número de espécies inventariadas foi pouco representativo quando comparado com outras áreas do estado do Rio de Janeiro, o que corrobora com a Zuquim et al. (2008), onde a redução e alteração dos hábitats influencia diretamente na diversidade dos vegetais, principalmente sobre as samambaias e licófitas, pois estas são bastante sensíveis as mudanças ambientais. 2010 Página 53 Tryon, R.M. 1972. Endemic areas and geographic speciation in tropical American ferns. Biotropica 4(3): 121-131. Tryon, R.M. & Tryon, A.F. 1982. Ferns and allies plants with special reference to Tropical America. Springer Verlag. New York. 857p. Vellozo, J.M. da C.1881. Florae Fluminensis ... . Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro 5: 1-461. Windisch, P.G. 1992. Pteridófitas da região Norte-Ocidental do estado de São Paulo: guia para estudos e excursões. Universidade Estadual Paulista. São José do Rio Preto. 124p. Zuquim, G.; Costa, F.R.C.; Prado, J. & Tuomisto, H. 2008. Guide to the ferns and Lycophytes of REBIO Uatumã – Central Amazônia. Manaus. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. 320p.