(RE)ESTRUTURAÇÃO URBANA EM CHAPECÓ: UM ESTUDO SOBRE A MOBILIDADE VIÁRIA E A LOCALIZAÇÃO DA INFRAESTRUTURA E DAS EMPRESAS LOGÍSTICAS LIGADAS À PRODUÇÃO INDUSTRIAL1 Andressa Glanert2; Camila Fujita3; Alexandre Maurício Matiello4; Ana Laura Vianna Vilella5 Resumo: O objetivo deste artigo é demonstrar como o sistema de mobilidade viária, de infraestrutura e empresas logísticas ligadas a produção industrial em Chapecó-SC tem influenciado a (re)estruturação urbana da cidade, bem como caracterizar a situação da infra-estrutura viária nos principais eixos de conexão que a cidade de Chapecó possui com outras regiões. A pesquisa em campo permitiu identificar e relacionar as indústrias e empresas localizadas nestes eixos principais, os quais foram posteriormente agrupados em tabelas por áreas, que são respectivamente, o Acesso Plínio Arlindo de Nês, a área ao longo da SC 468, o Distrito Industrial Flavio Baldissera e o Distrito Industrial Quedas do Palmital. Esta relação dinâmica existente entre as indústrias e agroindústrias foi analisada com base em dados levantados em campo, dos quais serviram de base para elaboração de mapas específicos que permitem identificar a localização destas indústrias e sua relação com as empresas de logística de cargas. Os resultados apresentam os acessos norte e sul da cidade como eixos estruturadores dinâmicos, a partir dos quais novas indústrias vêm sendo implantadas, sendo que a porção norte, possui característica relacionada aos setores de logística, devido sua notada facilidade de conexão com outras regiões. Já na porção sul, há principalmente atividades de caráter industrial, ligadas a cadeia do agronegócio e a indústria alimentícia. As novas obras de melhoria viária, poderão impulsionar o processo de (re)estruturação urbana em Chapecó, decorrente da tendência da localização destas empresas, nas proximidades com eixos viários, atraídos pelas facilidades de conexão com outras regiões, o que demonstra o dinamismo econômico marcado pelo setor produtivo, reforçando os indícios de Chapecó como uma cidade que exerce um papel de intermediação nas relações econômicas que ocorrem de modo transescalar. Palavras-chave: Cidade média. Eixos Viários. Logística. Agroindústria. Infraestrutura. 1. Introdução A partir da noção do espaço como uma dimensão da sociedade (SANTOS, 1985), Santos e Silveira (2001, pg. 11) afirmam que o “espaço geográfico se define como união indissolúvel de sistemas de objetos e sistemas de ações, e suas formas híbridas, as técnicas [...] que nos indicam como o território é usado: como, onde, por quem, por que, para que”. A implementação e o funcionamento de infraestruturas 1 Esse artigo é produto de pesquisas financiadas pelos recursos do Art. 170 do Núcleo de Iniciação Científica sobre Reestruturação em Cidades Médias (edital 25/Reitoria/2010) e pelo CNPq (edital Casadinho). 2 Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNOCHAPECÓ. Email: [email protected]. 3 Professora universitária e membro do grupo de pesquisa Cidade: Cultura, Urbanização e Desenvolvimento da UNOCHAPECÓ. Email: [email protected]. 4 Professor universitário e membro do grupo de pesquisa Cidade: Cultura, Urbanização e Desenvolvimento da UNOCHAPECÓ. Email: [email protected]. 5 Professora universitária e membro do grupo de pesquisa Cidade: Cultura, Urbanização e Desenvolvimento da UNOCHAPECÓ. Email: [email protected]. logísticas e de mobilidade viária, bem como locais e equipamentos destinados à produção industrial, são exemplos desses sistemas de objetos, ações e técnicas que constituem o território. Os sistemas técnicos eleitos em diferentes momentos históricos podem ser compreendidos, não só em sua condição objetiva e material, mas principalmente em relação aos modos de organização e regulação a eles associados. Fatores esses que acabam por determinar uma territorialização das atividades humanas, que favorece ou não determinadas localidades dependendo de sua fluidez e agilidade em atender as exigências de determinada época. Com base nestes pressupostos teóricos há como interpretar o processo de urbanização brasileira, tal como realizou Santos (2005), bem como o aumento da importância das cidades pequenas e médias neste movimento. Desde a década de 1970, uma intensa urbanização tem ocorrido no Brasil. Porém, a partir dos anos 90, com o processo de globalização, não foram apenas as grandes cidades brasileiras ou metrópoles, que tiveram destaque no desenvolvimento econômico e nas relações globalizadas. As cidades médias e pequenas cada vez mais estão participando deste mercado mundializado. Com isso, novas funções e diferentes atividades vão sendo desenvolvidas por estas cidades, fazendo que se imprima uma nova dinâmica urbana antes não verificada6. Esta proposta considera que o oeste catarinense se insere neste contexto. As pequenas e médias cidades ilustram os processos que se manifestam em escala mundial. No cenário regional, Chapecó é um exemplo de conformação deste cenário. A pressuposição de Chapecó como cidade média, ocorre por este município assumir um papel importante de intermediação na rede urbana regional e nacional, bem como na coordenação de relações econômico-produtivas, sócio-culturais, políticas e técnico-científicas que superam a escala regional. De modo que justifica o estudo mais aprofundado sobre determinados aspectos que colaborem para a compreensão dos processos pelos quais a cidade se distingue. Portanto, coloca-se como questão de estudo, a ser tratada neste artigo, a investigação acerca das transformações territoriais da cidade de Chapecó, neste 6 Este processo não é exclusividade das cidades brasileiras, vários países latino-americanos, por exemplo, estão vivenciando tais mudanças e que vem sendo investigado por vários pesquisadores de várias áreas do conhecimento destes países. contexto de reconfiguração dos papéis das cidades médias na rede urbana brasileira, a partir do recorte que enfoca a mobilidade propiciada pelo sistema viário e a localização da infraestrutura e das empresas logísticas ligadas à produção industrial em Chapecó/SC. A principal pergunta de pesquisa é como o sistema de mobilidade viária, de infraestrutura e de empresas logísticas ligadas à produção industrial em ChapecóSC tem influenciado a (re)estruturação urbana na cidade? Buscou-se responder essa pergunta a partir da localização e da coleta de dados acerca das empresas de logística e das indústrias presentes em Chapecó, em associação à análise dos principais eixos viários que estruturam e dão acesso à cidade7. 2. Materiais e Métodos Os procedimentos metodológicos do estudo basearam-se numa proposta de pesquisa em rede e colabora para os estudos empíricos e teóricos no que tange a (re)estruturação urbana em cidades médias sob o enfoque de agentes econômicos (SPÓSITO, 2007). Para tanto, foram determinadas variáveis de estudo acerca do sistema de mobilidade viária, de infraestrutura e de empresas logísticas ligadas à produção industrial na cidade, que foram: i) os terminais intermodais e plataformas logísticas; ii) as rodovias de acesso e seus respectivos usos do solo; e iii) os distritos industriais. A abordagem dessas variáveis ocorreu através de coleta de dados por meio de trabalhos de campo, bem como diversas outras fontes como listas telefônicas e sites de internet, a fim de buscar informações acerca do tipo de indústria e empresas - agropecuárias, industriais, comerciais e de serviços - existentes segundo ramos de atuação, localização e seu mapeamento. Também foi realizada uma contextualização histórica acerca do desenvolvimento do sistema de transporte brasileiro, através de revisão bibliográfica, a qual será brevemente abordada a seguir. 7 A partir disso, a pesquisa oferecerá através de dados que serão incorporados ao Banco de dados da Rede de Cidades Médias (RECIME), a possibilidade da criação de um panorama atual da dinâmica dos equipamentos e da infraestrutura em Chapecó e como ela se caracteriza como cidade média no cenário urbano brasileiro. 2. Contextualização Histórica do Sistema de Transporte Brasileiro O sistema de transportes e infraestrutura viário brasileiro que conhecemos atualmente é resultante de uma configuração histórica que perpassa diferentes políticas, planos e programas setoriais de governo que foram implementados no decorrer do tempo. As obras realizadas, pela sua caracterização e localização, bem como pelas condições da infraestrutura, refletem suas conseqüências para o entorno circundante. Inicialmente, a concepção do sistema de transportes no Brasil era direcionado à viabilizar o transporte de matérias primas e mercadorias nacionais para exportação, sendo que essas mercadorias seguiam das ferrovias até os portos, a partir dos quais eram despachadas através da navegação, ao mesmo instante que, no interior do território nacional, não se tinha grandes demandas para o transporte de cargas, o que fazia com que este fosse realizado através de caminhos de gado. A estruturação desta rede de transportes esteve intimamente associada com os processos de distribuição das atividades econômicas e sua relação com os mercados externos (ACSELRAD, 2001, pg. 15). Segundo Acselrad, (2001), “ao longo dos anos 1930, as rodovias foram sendo construídas em substituição às ferrovias, estabelecendo estradas de ligação entre os centros urbanos e os circuitos de produção e comercialização do complexo agroexportador”. [...]. (p. 28). O autor enfatiza que, o Plano Geral de Viação Nacional proposto pelo Governo Getúlio Vargas em 1934, buscava implantar um multimodalidade “férreo – rodo - fluvial” para priorizar as ligações costeiras e tornar o mar um importante tronco viário nacional. Porém, “as dificuldades de financiamento terminaram por privilegiar a construção de rodovias, dada a maior flexibilidade de implementação” (ACSELRAD, 2001, p. 28) sendo que o caminhão passou a ser o principal meio de transporte. Posteriormente, na década de 1950, com a expansão do comércio interregional, surge a necessidade de se ampliar o sistema de transportes nacional para suprir a demanda de transporte de mercadorias, fato que ocasionou investimentos na infraestrutura que foram responsáveis pela intensificação da acessibilidade entre regiões que, segundo Acselrad (2001), antes não se conectavam significativamente umas as outras, o que corroborou no processo de desconcentração industrial8. Já a partir da década de 1990, a abertura macroeconômica das relações comerciais do país em busca de inserção competitiva no mercado mundial significou o rompimento do processo de implementação de base econômica distribuída através da desconcentração de atividades pelo país. A lógica da globalização econômica tem reforçado a tendência à especialização regional, através da localização de empresas norteadas pela busca das melhores condições competitivas (Bacelar: 1999, apud Acselrad, 2001. p.20), auxiliada por investimentos estatais. Conforme descrito por Acselrad (2001), o programa Brasil em Ação, consubstanciado no Plano Plurianual de investimentos (PPA), para o período de 1996-1999, por exemplo, tinha por objetivo definir territórios privilegiados para que fosse efetuada a conexão entre os circuitos nacionais e internacionais de mercadorias de maneira a designar espaços com potencialidades para atrair capitais em investimentos articulados. Dentro deste programa, o Governo federal previa um amplo programa de investidores privados para associar modernização das infraestruturas e benefícios econômicos tanto para as empresas quanto para os estados. No entanto, a avaliação destes planos mostrou que as maiores beneficiadas foram as empresas, sendo que a irradiação do desenvolvimento regional, em seu sentido mais amplo, não se efetivou (ABLAS, 2003). Tal como afirma Acselrad (2001, pg. 92) o enfoque demasiado na construção de vias de transporte não se configura como elemento de desenvolvimento, caso não esteja acompanhado por ações de disseminação social e espacial da economia. 3. Resultado e Discussão O sistema rodoviário brasileiro tal como conhecemos hoje, apesar de apresentar em grande parte condições precárias de utilização, continua sendo o meio de transporte mais utilizado em nosso território. 8 Segundo Acselrad (2001) a malha rodoviária pavimentada federal e estadual aumentou quatro vezes entre os anos de 1960 e 1970. [...]. Esta preponderância do transporte automotor, no entanto, não se sustenta sobre uma infra-estrutura de alta qualidade, uma vez que somente 9% das estradas se encontram asfaltadas. [...]. Isso se traduz em uma forte concentração de fluxos sobre alguns grandes eixos de transportes, em particular sobre aqueles que apresentam as condições de circulação mais aceitáveis. (Acselrad, 2001. p. 51). Esta forte concentração de fluxos sobre alguns eixos de transporte, citado por Acselrad (2001), define a organização das atividades econômicas de Chapecó, na medida em que, ao se concentrarem ao longo de importantes eixos viários, lançam seus fluxos sobre estes. Esta concentração ocorre, segundo Dubke, Ferreira e Pizzolato (2004), devido a, “necessidade de formar uma rede integrada de fornecedores, indústrias, distribuidores e empresas de transportes, a fim de melhorar a qualidade dos serviços.” (p. 07). Para Whitacker (2007): As atividades comerciais estão constituindo novas centralidades em áreas profundamente marcadas por eixos viários de várias escalas, com duas características básicas: a localização nos eixos rodoviários e a localização nos eixos viários intra-urbanos, geralmente com conexão entre si. (p. 14). Acerca da configuração das conexões geradas entre os eixos viários em Chapecó, nota-se a ligação destes com o centro urbano da cidade que segundo Whitacker (2007), desempenha importante papel devido à concentração de atividades, pessoas e fluxos dos mais diversos, além de propiciar a dispersão e a irradiação dos fluxos. O que vem sendo constatado na cidade de Chapecó, se aproxima da descrição feita por Acselrad (2001), que “em cada região, o desenvolvimento do sistema de transportes apresenta implicações ambientais específicas para os territórios que estarão sendo valorizados ou disponibilizados para a sua exploração econômica.” (p. 10-11). 3.1. Rodovias de acesso e respectivos usos do solo O acesso ao município de Chapecó pode ser realizado através de quatro rodovias principais, situadas nas direções Norte, Sul, Leste e Oeste, como podem ser observados na figura 01. O acesso pelo trevo Norte do município, compreendido no entroncamento da BR 282 com a SC 468/SC 480, é denominado Acesso Plínio Arlindo de Nês, que realiza a conexão do trevo norte até o perímetro urbano de Chapecó, atuando como um dos mais importantes acessos para entrada e saída da cidade. Figura 01: Chapecó. Principais acessos viários e contornos viários. Elaboração: Andressa Glanert, 2011. Embora seja atualmente constatada a precariedade do acesso norte, devido às más condições de infra-estrutura – sobretudo, da pavimentação – destaca-se o início das obras de duplicação e construção de alguns elevados neste trecho, visando a melhoria da mobilidade e a segurança dos veículos que trafegam diariamente, tratando-se de uma via de intenso fluxo, tanto de cargas quanto de passageiros. Devido a sua localização estratégica, este acesso abriga, em sua extensão, uma concentração de empresas e indústrias que foram se instalando ao longo dos anos, as quais se beneficiam desta localização, visto que este importante eixo de conexão com a BR 282 e a SC 468/SC480 facilita o escoamento da produção, bem como a entrada de insumos, produtos, serviços e consumidores, no entanto, a localização deste acesso, configura um conflito por estar localizada sobre uma área denominada no Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Chapecó como MBCAP (Macroárea da Bacia de Captação de Água Potável), área esta, que deve ter sua integridade ambiental preservada, bem como seu potencial hídrico. O acesso Sul do município, realizado através da SC 468/SC480, destina-se a ocupação de caráter industrial e atualmente apresenta uma concentração ainda baixa, tanto de indústrias como de empresas. Porém, vem se desenvolvendo continuamente, por meio de duas áreas localizadas em sua proximidade, que são: O Distrito Industrial Quedas do Palmital e o Distrito Industrial Flávio Baldissera, os quais serão abordados posteriormente. Os acessos no sentido leste-oeste, realizados a partir da SC 283, possuem um caráter diferente dos citados anteriormente. No sentido Oeste, a rodovia compreende a Avenida Senador Atílio Fontana, a qual se constitui como via estruturadora do bairro Efapi, conformado como um subcentro de Chapecó, que possui forte caráter terciário9. No sentido leste, as Ruas Uruguai e Euclides Prade dão continuidade à SC 283 e também têm papel de via estruturadora, porém, a consolidação de usos ligados ao setor terciário é menor neste trecho. O uso do solo ao longo do Acesso Plínio Arlindo de Nês engloba diversos ramos de atividades. Dentre estas, destacam-se as empresas distribuidoras de produtos como: alimentos, bebidas, autopeças, móveis e eletrodomésticos. Além destes, possui também, um forte caráter consolidado de empresas concessionárias de veículos leves e pesados, abrigando também, serviços de assistência técnica para o setor automotivo, bem como empresas que atuam no setor de logística e transporte de cargas em geral. Os investimentos de novas indústrias que optam por implantar-se nas proximidades deste eixo viário, gerando emprego e renda, fator que conseqüentemente, atrai a população para este local, conformando bairros afastados do centro da cidade. Desta forma, há três assentamentos habitacionais dispostos ao logo do Acesso Plínio Arlindo de Nês, a saber: o Bairro Belvedere, o Bairro Vila Rica e o Bairro Trevo, de forma que estes bairros configuram um conflito entre os usos residencial e empresarial/industrial, dada a precária qualidade de infraestrutura e de moradia existente nestes bairros, bem como pela longa distância 9 Observa-se o forte caráter terciário, com usos associados a comércio e serviços, como redes bancárias, de comércio e vestuário, de móveis e eletrodomésticos, de materiais de construção, de produtos alimentícios, serviços públicos, dentre outros. que possuem em relação ao centro da cidade, acarretando dificuldades de mobilidade para as populações residentes. 3.2. Empresas, indústrias e facilidades logísticas A cidade de Chapecó não possui áreas formalmente definidas como plataformas logísticas (porto seco ou estação aduaneira), ou terminais intermodais. No entanto, é considerada uma das principais cidades do Oeste Catarinense a receber e emitir um considerável tráfego de veículos – tanto de carga, quanto de passageiros – provenientes dos fluxos leste-oeste do estado de Santa Catarina, quanto norte-sul do sudoeste do Paraná e noroeste do Rio Grande do Sul. Figura 02: Chapecó. Infraestrutura Logística. Elaboração: Andressa Glanert, 2011. Tal consideração é constatável pela diversidade de empresas que atuam ligadas ao setor de logística na cidade e que prestam serviços para as grandes agroindústrias, redes de comércio e serviço localizadas em Chapecó e região. Estas empresas estão localizadas ao longo do eixo viário norte-sul da cidade, o qual dá acesso às rodovias que fazem conexão com o litoral de Santa Catarina, o Sudoeste do Paraná e o noroeste do Rio Grande do Sul, como observa-se na figura 02. Outro indicativo que demonstra a importância e a facilidade de conexão de Chapecó com outras regiões sob o aspecto logístico, é a realização de uma grande feira voltada a este setor, denominada Logistique 10, a qual conta com a presença de expositores da cidade de Chapecó e da região. A partir da figura 03, também é possível perceber que existe a consolidação de concentrações industriais e agroindustriais em vários setores da cidade, mas que se estruturam, sobretudo, a partir dos eixos viários nos sentidos norte-sul e lesteoeste. Figura 03: Chapecó. Industriais e Agroindústrias. 2011. Elaboração: Andressa Glanert, 2011. Novas indústrias, empresas, e até mesmo novos distritos industriais vêm sendo implantados ao longo do Acesso Plínio Arlindo de Nês, como é o caso do 10 Feira Internacional de Logística, Serviços, Transporte e Comércio Exterior. Distrito Industrial Dom Gerônimo (em fase de implantação), que terá conexão viária direta com o Acesso Plínio Arlindo de Nês. A tabela 01, aborda as indústrias e empresas localizadas na concentração industrial ao longo do Acesso Plínio Arlindo de Nês. Tabela 01: Chapecó. Concentração Industrial do Acesso Plínio Arlindo de Nês. 2011. Nome da Indústria FORD Caminhões Ford Veículos JUNI Bigolin Acasel CCM Scherrer ACB Distribuidora de Bebidas Recuperadora Chapecó Expresso São Miguel Mercúrio Transportadora Concrexap Marvel L.F. Caminhões Alfa Schumann Móveis e Eletrodomésticos Acesso Car Tozzo Vonpar Bomfrio ArcelorMittal Aurora Forma Marcon Caminhões Fibratec Ramo Concessionária11 Concessionária12 Assitência Técnica em Câmaras Frigoríficas13 Distribuidora de Alimentos Loja de Tintas para móveis Comércio de Máquinas e Serviços Distribuidor de Autopeças14 Distribuidora de Bebidas Recuperadora de Peças e Veículos Logística15 Transporte de cargas Fabricação de Concreto Usinado16 Transporte de cargas frigorificadas e secas17 Revenda de Caminhões Volkswagen18 Transportadora Distribuidora de Móveis e eletrodomésticos Comércio de Peças e Serviços19 Atacado e Distribuidor 20 Distribuidora de Bebidas21 Serviços de Armazenagem Frigorificada22 Comércio de Aço e Ferro Unidade Armazenadora de Cereais23 Indústria e Comércio de Máquinas e Equipamentos24 Compra e Venda de Caminhões25 Indústria de Piscinas26 Fonte: Sites das respectivas empresas. Organização: Andressa Glanert, 2011. A tabela 02, lista as indústrias e empresas localizadas no acesso Sul do município, ao longo da SC468/SC480. Este eixo viário não possui uma consolidação 11 http://www.fordsperandio.com.br/caminhoes_inicial/index.html. http://www.fordsperandio.com.br/empresa.aspx. 13 http://www.niju.com.br/br/. 14 http://www.scherer-sa.com.br/. 15 http://www.expressosaomiguel.com.br/principal.php?id_menu=inicial. 16 http://www.concrexap.com.br/site/?l=0. 17 http://www.marvel.com.br/?op=atuacao. 18 http://www.lfcaminhoes.com.br/home.php?URL=empresa.php. 19 http://www.acessocar.com.br/. 20 http://www.tozzoecia.com.br/index.html. 21 http://www.vonpar.com.br/site/content/home/. 22 http://www.listaamarela.com.br/empresa/sc/chapeco/bomfrio_servicos_de_armazenagem_frig orifica_ltda_218544/-20. 23 http://www.auroraalimentos.com.br/w2007/br/aurora.php?conteudo=unidades_industriais& conteudo_secundario=racoes. 24 http://www.forma.ind.br/empresa.php. 25 http://marconcaminhoes.com.br/. 26 http://www.fibratec.com.br/afibratec.php. 12 específica ou um caráter distinto de usos do solo, devido a pouca concentração de indústrias e empresas. Tabela 02: Chapecó. Concentração Industrial da SC 468/SC 480. 2011. Nome da Indústria Oestesul Transportes Nutron Brasplast Globoaves Ramo Transportes 27 Nutrição Animal 28 Fabricação de embalagens laminadas29 Fábrica de rações30 Fonte: Sites das respectivas empresas. Organização: Andressa Glanert, 2011. Estas constatações decorrem do caráter disperso de indústrias e empresas sobre o território do município, que se desenvolve a partir de aglomerações pontuais e concentrações ao longo das rodovias. No Distrito Industrial Flávio Baldissera pode-se observar que está havendo uma consolidação gradativa, na medida em que as indústrias são implantadas juntamente com a infraestrutura viária, que ainda é precária e com pavimentação primária. A partir da tabela 03, observa-se que há uma diversidade de atividades industriais, com destaque para as indústrias do ramo metal mecânico, que produzem equipamentos para o mercado nacional e internacional. Observa-se também a presença dos ramos de produção de plásticos e embalagens, móveis, bem como o setor de biotecnologia na industrialização de carnes. Tabela 03: Chapecó. Indústrias do Distrito Industrial Flavio Baldissera. 2011 Nome Silveira Industrial Ltda Orgânica Farmacêutica Ltda Indústria e Comércio de Café Oeste Ltda Vetanco do Brasil, Importação e Exportação Ltda Modesc Indústria e Comércio de Móveis Ltda Cristalflex Indústria de Espumas e Colchões Ltda Paster Ovos Indústria e Comércio Ltda Rudolph Foods Brasil Indústria de Alimentos Ltda Frinox Equipamentos Industriais Ltda J.A. Indústria e Comércio de Máquinas Ltda Silba Microfusão de Aço Ltda Rissi Esquadrias e Vidros Ltda Genética Indústria de Produtos Biológicos Ltda EPP Toledo Fábrica e Comércio de Móveis Ltda ME Irmãos Jacobi Ltda Me – Madezan Nandis Comércio de Gases Atmosféricos Ltda 27 Ramos Industrial de máquinas e equipamentos para frigoríficos Indústria de produtos veterinários Indústria de torrefação e moagem de café Indústria de insumos agropecuários, aditivos, antibióticos, antiparasitários, anticoccidianos, antifúngicos, promotores de crescimento, pré-bióticos, pró-bióticos e suplementos para produção de ração Fabricação de Móveis com Predominância em Madeira Fabricação de Colchões e artefatos de espuma Indústria de pasteurização e spray dreyer de ovos de aves sob a forma líquida e em pó e comercialização de sua produção Industrialização e Processamento de produtos e matérias primas derivados da cadeia do agronegócio Industrialização de Máquinas e Equipamentos Industriais Fabricação de Máquinas e Equipamentos para Ind. de Alimentos Fabricação de Peças para Microfusão Fabricação de Esquadrias de Metal e Vidro Fabricação de Produtos Biológicos para Tratamento de Efluentes Fabricação de Móveis Fabricação de Produtos de Madeira e Laminados Comércio Varejista de Produtos Envasados http://www.oestesul.com.br/index.asp http://www.nutron.com.br/empresa/ 29 http://www.brasplast.com.br/ 30 http://www2.globoaves.com.br/listaunidades.php?pag=2&tipo=fabrica 28 MTL Estruturas Metálicas Ltda Plumacor Indústria de Artefatos Decorativos Ltda ME Lagus Indústria e Comércio de Equipamentos Industriais. Fabricação de Estruturas Metálicas Fabricação de Artefatos Decorativos Fabricação de Máquinas e Equipamentos para Alimentos Fonte: Prefeitura Municipal de Chapecó. Organização: Andressa Glanert. Também de caráter diversificado, o Distrito Industrial Quedas do Palmital, tem como principais ramos de atuação, a produção de produtos e materiais destinados ao ramo da construção civil, e possui ainda, atividades pontuais que atuam na produção de máquinas para o setor agropecuário, distribuição de bebidas, laboratório, nutrição animal e produtos plásticos, observados na tabela 04. TABELA 04: Chapecó. Indústrias do Distrito Industrial Quedas do Palmital. 2011 Nome da Indústria EDEGE Brasmo Chá Chileno Nutract Agroindustrial Ltda Nord Eletric Indemafri Azambuja Engeaço Estruturas Metálicas Incofima Plastileve Giassi Ferro e Aço Quipo Ramo Indústria de Equipamentos Agropecuários31 Indústria Comércio e Representações32 Laboratório Industrial Vida e Saúde33 Suplemento animal34 Soluções em Engenharia Elétrica35 Máquinas para Indústria Alimentícia36 Indústria e Comércio de Materiais de Construção Indústria e Comércio de Ferro e Aço37 Produtos em fibra38 Produtos Plásticos Produtos para construção civil, setor agropecuário, serralherias e metalúrgicas.39 Distribuidora de Bebidas Fonte: Sites das respectivas empresas. Organização: Andressa Glanert. 4. Considerações A predominante instalação de indústrias e empresas localizadas ao longo do eixo viário norte-sul, composto pelas rodovias SC 468 e SC 480, vem promovendo a (re)estruturação urbana de Chapecó. No caso do eixo norte, além de indústrias com localização pontuais, há a preponderância de empresas ligadas ao setor logístico e ao transporte de cargas, bem como os ramos de prestadoras de serviços ligados ao setor automobilístico. Este processo de (re)estruturação urbana traz consigo o crescimento dos investimentos decorrente da implantação de novas industrias e empresas que optam 31 http://edege.com.br/ http://www.brasmo.com.br 33 http://www.chileno.com.br/ 34 http://www.nutract.com.br/ 35 http://www.nord.eng.br/produtos_servicos.php 36 http://www.indemafri.com.br/commerce/contact_us.php 37 http://engeaco.ind.br/ 38 http://www.incofima.com.br/ 39 http://www.giassiferroeaco.com.br/ 32 por esta localização estratégica, e também pelas melhorias na infraestrutura, tais como a duplicação e os elevados que estão em fase de construção. Também existe a consolidação de assentamentos habitacionais populares, bem como a implantação de um novo Distrito Industrial. Sob este aspecto, há um fator contraditório desta consolidação econômica neste eixo viário, devido a sua localização sobre a área da Bacia de Captação de Água Potável (MBCAP), a qual impõe restrições à urbanização. Já no eixo Sul, a consolidação de indústrias, possui um caráter relacionado à localização dos Distritos Industriais em sua proximidade, os quais são voltados basicamente para a cadeia produtiva do agronegócio e também para a indústria alimentícia, mas que também vem se desenvolvendo ao longo deste eixo viário. Atualmente, esta área se encontra em fase de estruturação, porém não se verifica uma ampla diversidade de usos ou assentamentos habitacionais. Um fator que vai contribuir para o desenvolvimento e urbanização desta área, é a construção do Contorno Viário Interno Oeste, que trará maior movimentação de fluxos e, consequentemente, novos usos decorrentes deste processo de urbanização. Portanto, nota-se que o processo de (re)estruturação urbana em Chapecó, decorrente da tendência da localização destas indústrias e empresas nas proximidades com eixos viários, atraídas pelas facilidades de conexão com outras regiões, demonstrando o dinamismo marcado pelo setor produtivo. Com as obras de melhoria neste eixo viário, existe uma forte tendência do aumento da implantação de novas empresas e indústrias nessa concentração existente, reforçando o caráter de eixo de distribuição e conexão regional. Desta forma, o dinamismo econômico reforça os indícios de Chapecó como cidade média que exerce o papel de intermediação das relações econômicas que ocorrem de modo transescalar. 5. Referências ACSELRAD, Henri. Eixos de Articulação Territorial e Sustentabilidade do Desenvolvimento no Brasil. Rio de Janeiro: Projeto Brasil Sustentável e Democrático: Fase, 2001. 103p. (Série Cadernos Temáticos, n.10) ABLAS, Luiz. O “Estudo dos Eixos” como instrumento de planejamento regional. In: GONÇALVES, M.F. et all. Regiões e cidades, cidades nas regiões: o desafio urbano regional. São Paulo: UNESP : ANPUR, 2003. DUBKE, A. F.; FERREIRA, F. R. N.; PIZZOLATO N. D. Plataformas logísticas: características e tendências para o Brasil. In: XXIV ENEGEP, Florianópolis, nov. 2004.Disponível em: http://logisticatotal.com.br/files/articles/f258563065b07f63e42e 4ba83d591578.pdf. Acesso em: 02/06/2011. SANTOS, Milton. A Urbanização Brasileira. 5 ed. São Paulo: Edusp, 2005. ________. Espaço e Método. São Paulo: Studio Nobel, 1985. SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: Território e sociedade no início do século XXI. 2. Ed. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2001. SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão (Org.) Cidades médias: espaços em transição. 1. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2007. 630 p. ISBN 9788577430390. WHITACKER, Arthur Magon. Inovações tecnológicas, mudanças nos padrões locacionais e na configuração da centralidade em cidades médias. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2007, vol. XI, núm. 245 (24). Disponível em: http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-24524.htm [ISSN: 1138-9788]. Acesso em: 03/04/2011.