Geofísica Ambiental – 5ºAno
Engenharia do Ambiente
Métodos electromagnéticos
Estes métodos fazem uso da resposta do solo à propagação de ondas
electromagnéticas. Os campos electromagnéticos primários podem ser gerados pela
passagem de uma corrente alterna numa bobine. A resposta do solo a esse estímulo é a
geração de correntes induzidas, que são alternas, que por sua vez geram campos
magnéticos, que induzem correntes na bobine de recepção.
O campo e.m. primário viaja da bobine de emissão à de recepção por dois
percursos: pelo solo e acima do solo. Quando o solo é homogéneo não existem diferenças
entre os campos que se propagam acima e abaixo (para além de uma pequena redução em
amplitude do segundo em relação ao primeiro). Contudo, na presença de um condutor, a
componente magnética do campo e.m. induz a formação de correntes alternas no
condutor.
As correntes eléctricas
geram o seu próprio campo
e.m. secundário que viaja até
ao receptor. O receptor
responde assim à resultante
dos campos e.m. primário e
secundário, de maneira que a
resposta difere tanto em fase
Figura 1 Princípo geral de uma medição electromagnética
como em amplitude da resposta devida somente ao campo primário. Estas diferenças
entre os campos transmitido e recebido revelam à presença de um condutor e fornecem
informação sobre as suas propriedades eléctricas.
A indução de correntes resulta do efeito da componente magnética do campo
e.m.. Consequentemente, não há necessidade de contacto físico, quer do emissor quer do
receptor, com o solo. Deste modo, os levantamentos e.m. efectuam-se muito mais
rapidamente que os levantamentos com corrente contínua (e podem ser feitos por avião).
Profundidade de penetração das ondas e.m.
A profundidade de penetração de uma onda electromagnética. depende da sua
frequência e da conductividade eléctrica (σ=1/ρ) do meio através do qual ela se propaga.
As ondas e.m. são atenuadas durante a sua passagem pelo solo, sendo que a sua
amplitude decresce exponencialmente com a profundidade. A profundidade de
penetração, d , pode ser definida como a profundidade para a qual a amplitude do campo,
Ad, decresce por um factor 1/e (comparada com a amplitude à superfície, A0):
Neste caso d≈ 500 (σ f)-1/2 (d = metros; σ = S m-1; f = Hz)
Ad = A0 e −1
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A profundidade de penetração aumenta assim quando f e σ diminuem. Em
consequência, a frequência usada nos levantamentos e.m. pode ser ajustada para um dado
alcance de profundidade. Por exemplo, em argilas relativamente secas com uma σ =
5x10-4 Sm-1, d vale cerca de 225 m para uma frequência de 10 kHz.
A expressão anterior para d é uma relação teórica. Na prática, uma profundidade
efectiva de penetração, Ze, pode ser definida como sendo aquela para a qual um condutor
ainda produz uma anomalia mensurável. E então Ze ≈ 100 (σf)-1/2
Esta relação é aproximada porque a penetração depende também de factores tais
como, variações superficiais da conductividade, da geometria do condutor e do ruído
instrumental. A dependência em frequência da profundidade de penetração coloca limites
à aplicabilidade dos métodos e.m.
Normalmente, as frequências muito baixa são difíceis de gerar (necessitam de
muita energia) e medir e por isso a máxima profundidade de penetração é da ordem de
500 metros (exagero).
A maioria dos instrumentos não vai abaixo dos 100 Hz, e as frequências na banda
800-7000 Hz são as mais utilizadas.
Detecção de campos e.m
Os campos e.m. podem ser detectados de várias maneiras. A mais simples
emprega uma bobine receptora (circular ou rectangular com várias espiras de 0,5 a 1 m
de diâmetro). As extremidades dos fios da bobine são ligadas a um amplificador e
eventualmente a auscultadores. A amplitude da voltagem alterna induzida na bobine pelo
campo e.m. é proporcional à componente magnética do campo perpendicular ao plano da
bobine. Assim, a intensidade do sinal dos auscultadores é máxima quando o plano da
bobine é perpendicular à direcção do Hp. Como o ouvido é mais sensível a mínimos que a
máximos, a bobine é normalmente rodada até encontrar uma posição nula. O plano da
bobine assenta então na direcção do campo indutor.
Métodos do ângulo de inclinação
Quando só há um campo primário Hp a posição nula é obtida como acabámos de
ver. No entanto, há um número infinito de tais posições nulas, quando a bobine é rodada
em torno de um eixo horizontal que tenha a direcção do campo Hp.
Em muitos sistemas e.m. o campo secundário
induzido, Hs, assenta no plano vertical. Dado que ambos
(Hp e Hs) são alternos, o vector campo total descreve (com
o tempo) uma elipse no plano vertical (figura 3).
Figura 2
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O
campo
resultante
diz-se
então
elipticamente polarizado no plano vertical. Neste
caso, só existe uma posição nula para a bobine de
recepção (aquela para a qual o plano da bobine
coincide com o plano de polarização).
O ângulo que o eixo maior da elipse faz com
a horizontal é conhecido por ângulo de inclinação θ
do campo resultante. Existem algumas técnicas e.m.
(métodos de tilt-ângulo) que medem só as variações
espaciais deste ângulo.
Figura 3 Elipse de polarização e ângulo
de inclinação θ.
Nota: Se eu tiver
y
x = Asen (ωt )
e
y = Bsen (ωt + δ )
B
A
x
Caso1: Se δ = 0
x A
B
= ⇒y= x
Equação de uma recta.
y B
A
π
Caso 2: Se δ = , os movimentos dizem-se em quadratura, e:
2
então
y
x = Asen (ωt )
B
y = Bsen (ωt +
A
x
x2 y2
+
=1
A2 B 2
π
2
) = B cos(ωt )
Equação de uma elipse
y
B
A
x
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Caso3: Se fosse uma situação intermédia (por exemplo
δ = 330 0 ) ou se o eixo dos y não for ortogonal a x (como
é o caso do Hp e Hs).
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O ângulo que o eixo maior da elipse faz com a horizontal é conhecido por ângulo
de inclinação θ do campo resultante. Existem algumas técnicas e.m. (métodos de tiltângulo) que medem só as variações espaciais deste ângulo.
O campo primário pode ser gerado por um transmissor fixo (grande bobine ou
rectângulo) ou por um pequeno transmissor móvel: Em cada estação a bobine de
recepção é rodada em torno de 3 eixos ortogonais até se obter uma posição nula (pano da
bobine= plano de polarização da elipse). O tilt-ângulo pode ser obtido por rotação da
bobine em torno de um eixo horizontal até se encontrar um novo mínimo.
Métodos de tilt que empregam transmissores locais
No caso de um transmissor fixo vertical, o campo primário é horizontal. As
correntes no condutor induzem um campo magnético cujas linhas de força descrevem
círculos concêntricos em torno da fonte de corrente no condutor (que se admitem estar
localizadas na sua fronteira superior).
No lado do condutor
mais próximo da fonte, o
campo resultante inclina-se
para cima e no lado mais
longínquo, inclina-se para
baixo. O corpo localiza-se
directamente abaixo do ponto
onde θ = 0 (P e S são
horizontais).
Quando o transmissor
fixo é horizontal, o campo
magnético é vertical (b) e o
corpo é localizado pelo
mínimo do θ.
Se o condutor estiver
perto da superfície, quer as
amplitudes quer os gradientes
de θ, são elevados. Estas
quantidades diminuem com o
aumento da profundidade do
corpo.
Os métodos de tiltFigura 4 Perfis do tilt em a) dipólo horizontal. b) dipólo vertical.
ângulo com um transmissor fixo foram muito ultrapassados por dispositivos, onde quer o
transmissor quer o receptor são móveis, e onde se consegue obter informação mais
quantitativa sobre os condutores. No entanto, um deles ainda se usa muito, o V.L.F.
(Very Low Frequence).
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O método V.L.F.
A fonte utilizada no método VLF, é a radiação electromagnética (e.m.) gerada na
banda das baixas frequências de 15-25 kHz, por potentes transmissores de rádio usados
em sistemas de navegação de submarinos. Várias estações que operam nesta banda de
frequências, estão disponíveis em vários pontos do mundo.
Bordéus
Rugby (GB)
Moscovo
Maine (USA)
Seatle (USA)
Tavolara (Itália)
Austrália
kHz
15.5
16,0
17,1
17,8
18,6
20,3
22,3
KW
500
750
1000
1000
300
500
1000
Tais sinais podem ser usados a distâncias de várias centenas de quilómetros como
fontes inductoras de correntes em condutores. Embora as frequências empregues sejam
baixas, em termos de comunicação, para o uso geoeléctrico, contudo, são muito elevadas
já que penetram pouco no solo (em argilas com ρ< 30 Ωm, a profundidade de penetração
é de aproximadamente 15 m.).
Para grandes distâncias da fonte (antena), o campo e.m. é essencialmente planar e
horizontal.
Figura 5 Princípio de funcionamento do VLF.
A
componente
eléctrica E assenta no plano
vertical e a componente
magnética H faz um ângulo
recto com a direcção de
propagação e está no plano
horizontal.
Um condutor que se
estenda na direcção de
propagação é atravessado pelo vector H e por isso são-lhe induzidas correntes eléctricas
que vão dar origem a um campo e.m. secundário. Condutores que se estendam
perpendicularmente à direcção não são atravessados eficazmente pelo vector H .
O receptor VLF é constituído por um aparelho pequeno, transportável, que é
constituído por 2 antenas ortogonais que podem ser sintonizadas para a frequência
particular de um dado transmissor. A direcção do transmissor é encontrada por rotação,
em torno do eixo vertical, até se encontrar um mínimo (ou posição nula). Em seguida
fazem-se medições ao longo de perfis que estão alinhados perpendicularmente à direcção
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de propagação. Para cada ponto (estação) ao longo perfil de medida, o instrumento de
recepção é rodado agora em torno de um eixo horizontal ( perpendicular ao perfil) e o
ângulo de tilt é medido na posição nula.
Os perfis de medida são então semelhantes aos da figura 4a), com o condutor
localizado sob o zero do tilt.
Os métodos de VLF, por distinção (e quociente) das componentes magnéticas e
eléctricas do campo resultante também permitem calcular a resistividade aparente.
Os métodos VLF. têm a vantagem de que a parte instrumental é pequena e leve
permitindo o seu uso por um único observador que avança rapidamente (o tempo de
medida é da ordem de 1 minuto. Além do mais é barato (mas não penetra muito).
Este método está bem adaptado para a detecção de lixos metálicos escondidos e
mesmo para o estudo da contaminação de águas.
Sistemas de medição da Fase
Os métodos de tilt (VLF) são muito usados porque são fáceis, rápidos e baratos.
Contudo, fornecem pouca informação quantitativa sobre o condutor. Os métodos E.M.
mais sofisticados medem as relações da fase e da amplitude entre os campos e.m.
primário, secundário e resultante. Um campo e.m. alterno pode ser representado por uma
onda sinusoidal de comprimento de onda (cdo) λ. Quando uma onda está atrasada em
relação a outra elas dizem-se fora de fase. A diferença de fase pode ser representada por
um ângulo θ, que corresponde à separação angular das ondas.
Estas relações de fase das ondas e.m.
podem ser representadas num diagrama de
vectores onde o ângulo medido no sentido
directo representa o atrazo angular do campo
secundário em relação ao primário. O campo
primário P, viaja por cima e por baixo do
solo onde é atenuado, mas mantém a fase.
Este campo P induz uma corrente alterna no
condutor com a mesma frequência, mas
desfasado de π/2 (fig b). As propriedades
eléctricas do condutor provocam ainda um
outro desfasamento
Figura 6 (a) Diferença de fase θ entre duas ondas.
(b) relação entre a fase e amplitude dos campos
primário, secundário e total.
φ = arctg (2πLf/ρ) (L- inductância do condutor). Para bons condutores, φ tende para π/2
enquanto que para maus condutores φ é quase zero.
O efeito total é que o campo secundário S produzido pelo condutor faz um ângulo
de (π/2 + φ) com P (cuja resultante é R).
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A projecção de S na horizontal (S sen φ) está desfasada de π em relação a P e é
conhecida por componente real de S. A componente vertical (S cosφ) está desfasada de
π/2 e é conhecida por parte imaginária ou quadratura.
Os instrumentos modernos são capazes de separar o campo S nas suas partes real
(Re) e imaginária (Im). Quanto maior for a razão Re/Im, melhor é o condutor.
Um instrumento (dispositivo) típico é o seguinte
O cabo serve para transmitir o sinal
e manter a distância entre as
bobines a um valor conhecido (este
factor é crítico).
Figura 7
As medições, referentes ao ponto médio do dispositivo, são normalmente
representadas em % do campo primário. A máxima profundidade de detecção é cerca de
½ da separação transmissor - receptor.
O trabalho de campo é simples (2 pessoas) mas é preciso muito cuidado na
medição da distância T-R e na orientação das bobines.
A profundidade de penetração depende também (e sobretudo) do efeito de skin
deph, (a maioria dos instrumentos não vai abaixo dos 100 Hz e as mais utilizadas são
800-7000 Hz).
A figura 8 mostra um exemplo de perfis E.M típicos.
Uma consequência do facto de se usar bobines horizontais
(dipolo vertical) é que os corpos condutores produzem
anomalias negativas (quer na Re quer na Im) com o máximo
(mínimo) directamente sobre o condutor. A assimetria da
anomalia é um diagnóstico da inclinação do corpo (um largo
valor Re/Im indica um bom condutor).
É também possível obter resultados sobre a
conductividade do solo usando medições E.M. Estas
medições, como vimos, podem ser feitas por métodos
resistivos clássicos mas, como estes requerem a injecção de
corrente no solo o resultado é muito trabalho e preço
operacionais elevados. Para além disso, as medições da
resistividade são influenciadas pelo ruído que resulta das
variações (contrastes) laterais da resistividade superficial.
Os métodos condutivos mais recentes (que não
requerem contacto, usam campos e.m.), não sofrem dessas
desvantagens. Como não há contacto directo, as medições
podem ser feitas à velocidade da marcha do operador.
Figura 8 Curvas EM típicas
sob corpo laminar inclinado.
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O campo e.m., medido num sistema móvel de duas bobines, é em geral uma
função complexa da separação das bobines s, da frequência usada f e da conductividade σ
do solo.
No entanto, em certas circunstâncias (s/d < 1), podemos calcular a conductividade
4 Hs
(Hs e Hp são as amplitudes do campo secundário e primário)
σa =
ωμ 0 s 2 H p
Esta relação permite a construção de instrumentos que fazem uma leitura directa da
conductividade até uma profundidade pré-determinada. Estes instrumentos podem então
ser usados para fazer perfis (a uma dada profundidade). Variar a profundidade de
penetração implica variar a distância s entre as bobines. Usando este princípio podem-se
também fazer SEVs.
Time Domain EM
Um problema importante com os métodos EM é que se tem de medir um campo
secundário (fraco) na presença de um campo primário muito mais intenso. Este problema
é torneado com as técnicas de TDEM, onde se usa um campo primário que não é
contínuo, mas funciona por uma série de impulsos separados por períodos de
inactividade. O campo secundário induzido só é medido durante os intervalos em que o
campo primário está desligado.
O campo primário induz correntes que, caso existam bons conductores no solo,
circulam em em torno do corpo e decaem progressivamente.As medições da taxa de
decaimento das correntes induzidas fornecem um meio de localizar corpos conductivos
anómalos e estimar a sua conductividade. A análise do decaimento do campo secundário
é equivalente à análise da resposta de uma onda EM contínua, para frequências variadas.
O emissor do campo primário é normalmente constituido por uma grande espira
(quadrada), com algumas dezenas de metros de diâmetro, que está assente no solo.
O transmissor pode
também ser usado como
receptor, ou então pode usar-se
outra bobine para este fim.
O decaimento do campo
secundário
é
quantificado
medindo a variação temporal da
amplitude do campo secundário
durante um número fixo de
canais temporais depois de se
desligar o campo primário
Figura 9
(figura 10).
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Figura 10
8
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Em bons condutores o campo secundário tem uma duração longa (aparece em
todos os canais). Nos outros não.
Nos aparelhos modernos, as medições começam logo após microsegundos depois
do desligar do transmissor. Isto, traduzido para o domínio frequencial, significa que a
resposta do solo é medida em frequências da ordem das centenas de kHz, isto é,
profundidades muito pequenas. Existem programas que permitem inverter as curvas de
decaimento em secções geoeléctricas.
As sondagens TDEM têm uma grande gama de penetração, (< 50 m a > 1000 m).
Os seus resultados são equivalentes aos SEV (corrente contínua), mas têm a vantagem de
serem um dispositivo mais pequeno, com uma penetração maior, e de não serem
afectados pelas heterogeneidades superficiais da condutividade. A figura 11 mostra um
exemplo de perfis TDEM correspondentes a vários canais temporais.
Afigura 12 mostra o resultado de um
levantamento e.m. sobre uma lixeira industrial
que contém metais pesados e C.F.C.. Foi usado
um sistema de dipólo vertical (separação entre
as bobines de 50 m). Estão representadas as
fases Re e Im às frequências indicadas na
figura. Os limites da lixeira aparecem bem
nítidos. Isto deve-se à baixa resistividade do
material da lixeira, que ainda é menor que a das
argilas que servem de contentor. A parte direita
da figura mostra a influência de uma rede
metálica que era tão grande que teve que se
fazer uma interrupção das medidas nas suas
imediações.
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Figura 11 Perfis TDEM e secção geológica.
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Figura 12 Perfis de EM sob uma lixeira industrial que contém metais peasdos
A figura 13 mostra outro caso
de um levantamento e.m. sobre uma
lixeira
constituída
por
lixos
domésticos e industriais (separação
das bobines = 2 m e medições a cada
5 m). Este mapa mostra bem que a
linha dos 30 mS/m delimita
claramente os limites da lixeira. A
condutividade aumenta para o
interior do corpo da lixeira. Mais
uma vez, a influência de uma
instalação metálica (conduta de gás)
é mais elevada do que os valores
e.m. da lixeira.
Figura 13 Mapa electromagnético de uma lixeira de
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resíduos mistos.
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As figuras 14 e 15 mostram o resultado de um levantamento e.m sobre uma
instalação industrial abandonada (grelha de 64x60 m2 com nodos de 2x2 m2 e separação
Figura 15 Fase Re de um EM sobre uma
instalação industrial abandonada.
Figura 14 Fase Im de um EM sobre uma
instalação industrial abandonada.
das bobines de 10 m e f = 7040 Hz). O contorno das fundações construídas com cimento
armado são muito nítidas. Para além disso, um canal subterrâneo em direcção a sudoeste
é também claramente visível. Não é claro no exemplo, se este canal é uma estrutura física
(embora pareça) ou um canal de contaminação.
Figura 16 Contornos da Fase Re EM do abrigo aéro.
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Figura 17 Perspectiva 3D da figura anterior. Os três picos correspondem a
anomalias provocadas por 3 contentores cheios de resíduos tóxicos.
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Nas figuras 16 e 17 estão representadas as fases Re de uma grelha de 2x2 m2 sobre
o mesmo abrigo subterrâneo que já tínhamos visto no caso magnético. Contrariamente a
esse caso (onde só se conseguia ver os limites do abrigo), o levantamento e.m. mostra
que há grande probabilidade do abrigo ter sido usado para guardar contentores com
resíduos desconhecidos.
Figura 19 Perspectiva 3D da figura 18.
Figura 18 Contornos da conductividade
EM sob uma pluma de contaminação
As figuras 18 e 19 mostram um caso de contaminação de um lixeira de resíduos
perigosos, com medições obtidas a 6 m e 16 m através de perfis de 1000 m de
comprimento e espaçados de 30 m. Sobretudo no mapa de perspectiva é bem visível a
extensão da pluma.
Uma pluma de água subterrânea salina foi cartografada utilizando os instrumentos
Geonics EM 31 e Geonics EM 34 (dipolo vertical- duas bobines ligadas por um cabo
fixo).
Instrumento
Espaçamento das bobines (m)
EM 31
EM 34-3
EM 34-3
3,7
20
40
Profundidade de
aproximada (m)
6
15
30
penetração
A contaminação vem de vários charcos de um reservatório, no qual a drenagem
de água usada na agricultura fez aparecer traços de selénio e outros elementos tóxicos. A
ideia era delimitar a extensão da pluma contaminada, já que esta parece ter provocado
deformidades em aves e que pode ter entrado na cadeia alimentar humana. Para remediar
a área, a pluma tinha que ser localizada precisamente. Era também necessário distinguir
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entre heterogeneidades superficiais e a pluma salina, a profundidades de 5 a 30 m. Para se
conseguir isso, usaram-se três valores para a separação das bobines (3,7; 20 e 40 m). Para
a separação menor (3,7 m) (Fig. 5 do Ward, p. 21) os valores reflectem sobretudo as
características superficiais do solo que já era salino. Ao aumentar a separação (figs. 6 e 7)
estes efeitos diminuem. Finalmente o mapa interpretativo foi construído (fig. 10).
A frente da pluma migrou 350 m a partir dos charcos onde se fez a descarga
(áreas B e D da fig ??). No charco 1, onde a fuga de água salina tinha terminado, as
conductividades diminuiram porque a água subterrânea nativa deslocou a pluma. As
áreas anómalas C, F e G foram interpretadas como sendo devidas a salinização do solo (a
área G desaparece com o aumento da separação das bobines e a área C está localizada
pertos dos currais) e a introsão de água salina sub-superficial (área F).
Fig 3.37 (eg pag 90) mostra a aplicação combinada de um levantamento
magnético e outro EM sob uma zona onde estavam enterrados lixos provenientes de
materiais de pintura, incluindo os seus contentores. Estes lixoa tinham de ser removidos
para aí se contruir um edifício (as medições EM foram feitas com um EM31). A área de
medição estende-se por uma zona de 400x200 pés (fig 3.37).
A partir dos dois mapas a lixeira foi classificada em 11 categorias (fig 3.38). Os
pormenores desta figura foram obtidos a partir dos resultados de escavações.
Nota – Não é claro porque é que para construir um prédio era preciso retirar o
lixo, mas quaisquer que tenham sido as razões o levantamento geofísico permitiu
identificar onde estavam enterrados os contaminantes.
O aterro municipal de Novo Horizonte esteve a funcionar durante 5 anos. Na
quinta que se encontra a sul (fig 8 do Ward p46) o poço começou a ter água contaminada
que se suspeitav vir do aterro. O terreno é de constituição arenosa-argilosa proveniente
de um ambiente lacustre-fluvial.
Fig 9a-9b (ward p47). Uma unidade argilosa encontra-se presente em todas as
sondagens. A contaminação produz a formação de uma camada pouco resitiva (~40 Ωm)
(em areia) que aumenta para 200-250 Ωm quando nos aproximamos da interface areiaargila.
Figura 10 – Perfis de conductividade obtidos com EM. 31 e EM. 34. Estes perfis
são também consistentes com uma pluma que se propaga a partir do aterro e que decai em
concentração com a distância à fonte.
O problema mais frequente no estudo de aterros é a determinação da espessura do
aterro; a extensão dos diferentes tipos de lixos e a espessura da camada de argila sob o
aterro.
Para responder a estas questões num aterro em Inglaterra usaram-se EM. e SEV.
Figura 3 (Ward pag.248) – sugere uma variação considerável da espessura da
lixeira ou tipo de lixo. O máximo a Este pode ser devido a uma maior espessura ou a uma
maior conductividade do material. Para responder a isto fizeram-se as SEV.
Figura 6 – O que se verificou foi que a camada de baixa resistividade sob o aterro
não era argila como se pensava previamente, mas areias contaminadas pelo aterro. Este
aterro está a contaminar em profundidade.
Figura 3.67 (E.G. pag. 116) – Escolha de um sítio para implantar um aterro. A
impermeabilidade hidráulica é o factor mais importante na escolha de um sítio. O
objectivo é eliminar áreas onde o solo seja permeável. Estas áreas terão resistividades
mais elevadas (se não estiverem inundadas). A área no rectângulo a tracejado tem ρ < 40
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Ωm e verificou-se por um furo que tinham uma camada de argila em profundidade (caso
ideal).
Figura 3.39 (E.G. pag.92-93) – Resposta dos métodos TEM. aplicado ao caso de
uma lixeira doméstica que estava a contaminar o solo. Isto já era sabido por resultados de
furos.
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Georadar
Emprega o radar para investigar estruturas de muito baixa profundidade. É
baseado na reflexão de ondas e.m. de alta frequência (8 MHz a 4 GHz) em interfaces de
materiais onde a constante dieléctrica ε e a conductividade variam.
A profundidade de penetração é limitada pela baixa conductividade do solo. Por
exemplo, uma camada de argila pode limitar a penetração a 20 cm. Mas em areias secas,
ou granitos pode ir aos 100 m. Dado que a água tem uma constante dieléctrica de 80, uma
variação da humidade do solo influencia consideravelmente a resposta do georadar. (os
resultados depois da chuva são completamente diferentes) As interpretações têm que
levar isto em conta.
As medições de radar são um método rápido para detectar pequenos objectos
perto da superfície (0,1 a 3 m) com uma grande resolução.
Os levantamentos deverão ser feitos apenas em terrenos secos e com uma
resistividade eléctrica elevada.
O georadar teve sucesso na detecção de condutas não metálicas, túneis, cavernas,
mas também serve para objectos metálicos.
Figura 3.45 e 3.46 (E.G. pag.97) – A figura 3.45 diz respeito a uma fuga de
petróleo de uma conduta. Na parte esquerda aparece a textura normal do solo e na parte
direita aparece o derrame (devido à grande variação da resistividade e constante
dieléctrica causada pelo espalhar do petróleo na camada freática): Contudo as mesmas
características podiam também ser produzidas por areias secas ou outro material
estratificado de resistividade elevada.
A detecção de cavidades abandonadas é tarefa importante para a qual o radar pode
ser muito útil. (Figura 3.46) Aqui o túnel é indicado pelo aumento súbito da profundidade
de penetração.
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