Apicultura
RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA
JULHO | 2014
Cuidado com as abelhas
Durante o inverno
O incremento da produtividade das colmeias é alcançado com procedimentos de manejo, como, por exemplo, o preparo dos enxames para o outono-inverno, exigindo cuidados especiais. Troca de rainhas, renovação
de favos velhos por novos, alimentação energética e protéica são recomendações técnicas de extensionistas
e manuais apícolas, porém não são adotadas pela maioria dos apicultores, o que compromete o aumento da
produção e crescimento sustentável da apicultura brasileira.
Entre as causas
do desaparecimento e
mortalidade das colmeias em
Santa Catarina estão doenças, o
frio, agrotóxicos, manejo inadequado e déficit nutricional. Atualmente,
os prejuízos estão minimizados,
porém, ainda não foi encontrada
uma solução para o problema.
Inverno: época de dificuldades
Entre os anos de 2006 e início de 2012 a apicultura catarinense sofreu perdas significativas,
sendo a fase mais crítica entre 11 de julho e 11
de setembro de 2011.
Santa Catarina perdeu cerca de 100 mil colmeias, o correspondente a duas mil toneladas
de mel, em função de apicultores de todo o
estado sofrerem perdas nesse período.
Fonte: Apicultores buscam parcerias para evitar novos surtos de morte de abelhas. Portal Agro Link. 2014.
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No inverno,
os apicultores
catarinenses perdem em média 15%
a 30% de suas
colmeias.
Extensionismo apícola
recomendações e orientações
A Epagri tem mobilizado técnicos responsáveis pela apicultura no sentido de orientar os apicultores de todos
o estado por meio de programas de treinamento para o manejo de prevenção e controle. Os profissionais distribuem folder com orientações sobre as necessidades nutricionais das abelhas e receitas de alimentação de
manutenção, energética concentrada, alimentação estimulante para postura, alimentação energética pouco
concentrada e alimentação protéica. O material foi idealizado pela médica veterinária e mestre em Nutrição
Apícola da Epagri, Mara Rubia Romeu Pinto. Destaca, porém, que embora as necessidades das abelhas possam
ser atendidas com as receitas divulgadas, nenhuma dieta artificial substitui totalmente o alimento natural (mel
e pólen).
Orientações
para garantir uma
boa invernada
Fornecer
alimentação de manutenção e estimulante
sempre que necessário, no
outono-inverno e mesmo
na primavera, durante
períodos de chuva
constante.
Instalar
o apiário em local
ensolarado, evitando
locais úmidos, sombreados, altos e totalmente
descampados.
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Substituir
as abelhas rainhas anualmente
e os favos escuros
(favos velhos).
Reduzir
a entrada do alvado
durante estação fria.
Evitar
exposição do alvado
aos ventos predominantes.
Utilizar
entretampa horizontal
e vertical, ou poncho,
quando necessário.
Estado biológico saudável
Importância da nutrição das abelhas
A disponibilidade de alimento floral, mel e pólen,
é fator indispensável para a manutenção e crescimento dos enxames. A alimentação complementar dos enxames nas épocas de entressafra é baseada no uso de alimentos substitutos dos elementos
naturais (pólen e néctar), utilizando-se açúcar, leite
em pó, farinha de soja, sucedâneos do leite e concentrados de aminoácidos, minerais e vitaminas.
Segundo Walter Miguel, chefe da Epagri/Peca Parque Ecológico Cidade das Abelhas, a mortalidade de abelhas nas colmeias de Santa Catarina
é recorrente e não há um diagnóstico de tal fato.
Considera que a principal causa seja a deficiência
nutricional, pois no inverno as abelhas encontram pouco pólen e néctar, alimentos necessários à manutenção dos enxames nesse período.
Fonte: Contribuição da Astrapéia Rosa (D. Walliechii) na produção de mel
e condição dos enxames. Portal Universidade Online de Viçosa. 2011.
Fonte: Pedro Zuazo. Nutrição adequada reduz mortalidade
de abelhas. Portal Dia de Campo. 2010.
Alimentação de manutenção e estimulante
como preparar
Alimentação energética concentrada
A alimentação de manutenção é denominada alimentação energética concentrada e tem como objetivo o
aquecimento do ninho, alimentação das abelhas que estão nascendo e das que fazem trabalho interno e externo. Essa alimentação é à base de açúcar e é fornecida no outono e inverno. A receita recomenda é:
3 partes de açúcar
1 parte de água
Levar ao fogo até levantar fervura e logo desligar. Em média, utiliza-se o equivalente a 10 kg de açúcar por colmeia durante o período de manutenção.
É importante observar as reservas de pólen. Se houver pouco pólen nos favos é preciso fornecer
juntamente com a alimentação de manutenção a alimentação protéica.
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Alimentação energética pouco concentrada
A alimentação estimulante para postura consta de alimentação energética pouco concentrada e de alimentação protéica, essa última com três formulações diferentes. É fornecida no final do inverno e início da primavera, ou seja, 60 a 40 dias antes da previsão da florada principal. Visa estimular a postura da rainha para aumento
da população de abelhas e garantir o aproveitamento máximo das floradas.
4 partes de açúcar
6 partes de água
Levar ao fogo até levantar fervura e logo desligar. Fornecer um litro e meio
litros por colmeia a cada 15 dias.
Fonte: Folder da Epagri “Alimentação para abelhas Apis mellifera” (2011)
Alimentação protéica
Fórmula 1
Fórmula 2
Fórmula 3
6 kg de açúcar refinado
2 kg de proteína texturizada de soja
2 kg de levedura inativada de cerveja
ou de cana-de-açúcar
5 kg de açúcar reinado
4 kg de proteína texturizada de
soja e sem corante
1 kg de levedura inativada de cerveja ou de cana-de-açúcar
6,5 kg de açúcar refinado
3,5 kg de levedura inativada
de cerveja ou de cana-de-açúcar
Se possível, substituir parte da água por mel para melhorar a palatabilidade.
Separar porções de 100 gramas a 200 gramas na forma de bife o qual deve ser
colocado sobre os quadros da câmara de cria a cada 15 dias.
É importante que os ingredientes estejam homogeneizados e após
adicionar água até formar uma pasta.
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Utilização de promotores
para aumentar a produção
É possível o aumento de até 500% na produção de mel, empregando manejo inspirado em técnica argentina,
utilizando suplemento aminoácido-vitamínico para alimentação animal, com o nome comercial de promotor
L®. O produto não contém hormônio anabólico, não contém nitrofuranos, nem antibióticos. Sua composição básica é: biotina, inositol, levedura seca de cerveja, lisina, metionina, pantotenato de cálcio, vitamina B1,
vitamina B2, vitamina B6, água.
A apicultura brasileira é resistente à inovação e o promotor L® é um produto evitado pelo produtor brasileiro devido a resultados negativos decorrentes da utilização errada ocasionando a morte de enxames.
A técnica exige conhecimento avançado sobre o ciclo de vida das abelhas
para que durante a época de baixa florada (entressafra) os manejos de troca de rainhas, substituição de favos velhos e oferta de espaço para crescimento e alimentação balanceada e a suplementação com o complexo
de aminoácidos promotor L® as abelhas estejam prontas para a produção
logo no início do ciclo de floradas. Para abelhas a dosagem é de quatro
a cinco mililitros por litro de xarope de açúcar durante oito semanas. Um
litro de promotor L® prepara 200 a 250 litros de xarope e trata 25 a 30
colmeias.
Fonte: Gustavo Bijos, presidente da Federação de Apicultores e Meliponicultores do Mato Grosso do Sul (FAEMS).
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AÇÕES
RECOMENDADAS
Aperfeiçoe seus conhecimentos através de cursos oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e vídeo-cursos oferecidos pelo Centro de Produções Técnicas (CPT);
Substitua todas as rainhas improdutivas do apiário. Acesse o relatório publicado pelo SIS sobre o
tema “Substituição de abelhas rainhas” que orienta sobre a importância desse manejo;
Solicite à Epagri um folder com orientações sobre alimentação complementar para abelhas (energética e protéica) pelo endereço: Epagri/Peca – Parque Ecológico Cidade das Abelhas. Rodovia
Virgílio Várzea, 2600 – Saco Grande II. CEP 88.032-001 – Florianópolis, SC. Fone 48 3331-3900.
E-mail: [email protected].
Acesse o site da Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul (FAEMS) para
mais informações sobre o uso do promotor L®;
O SIS publicou um relatório sobre o desaparecimento e mortalidade das colmeias, fornecendo
informações sobre o que o pequeno empresário precisa fazer para prevenir essa situação.
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JULHO | 2014
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SEBRAE Santa Catarina
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