X Reunião Sul-Brasileira
de Ciência do Solo
Fatos e Mitos em Ciência do Solo
Pelotas, RS - 15 a 17 de outubro de 2014
Núcleo Regional Sul
Desempenho De Cultivares De Soja a Adubação Fosfatada Em Solo Nitossolo
Gustavo Kruger Gonçalves(1); Jéssica Pedroso Rosado(2) ; Márcia do Canto Silva(3); Anderson
Dutra Fiorin(3) e Angelo Mendes Cerentini (3)
(1) Professor Docente; Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Departamento de Agronomia, Rua Rivadávia Correa 825;
Santana do Livramento-RS; [email protected]; (2)Estudante; Universidade Federal de Pelotas, PósGraduação em Manejo e Conservação do Solo e Água;(3)Estudante; Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Curso
Superior de Tecnologia Agropecuária Integrada.
RESUMO– O município de São Borja possui lavouras
tecnificadas com excelentes produtividades de soja no Rio
Grande do Sul. Entretanto, o máximo potencial genético
das cultivares pode ser diferenciado, já que a classe de
solo cultivado é o Nitossolo. Este apresenta como
principal limitação à deficiência de fósforo e a alta
adsorção de fósforo pelos óxidos de ferro. Com o objetivo
de verificar a resposta de cultivares de soja a adubação
fosfatada em um Nitossolo, conduziu-se um experimento
fatorial, delineado em blocos ao acaso, em que três
cultivares foram submetidas a cinco doses de superfosfato
triplo. Foram quantificados a produção de matéria seca da
parte aérea e a quantidade de fósforo acumulada no solo.
Todas as cultivares responderem ao fósforo aplicado,
porém diferindo na intensidade dessa resposta, onde a
cultivar NS4823 e FEPAGRO 36 apresentaram uma
resposta quadrática e a FEPAGRO 37 apresentou uma
resposta linear ao fósforo aplicado. Conclui-se que a
cultivar NS4823 apresentou a maior produtividade
máxima entre as cultivares avaliadas.
Palavras-chave: Fertilidade, Fósforo, Acumulado
INTRODUÇÃO- O cultivo de soja em São Borja ocorre
na classe Nitossolo. Este solo apresenta como principais
limitações a deficiência de fósforo e a alta adsorção do
elemento pelos óxidos de ferro, que são oriundos das
rochas basálticas responsáveis pela formação desta classe
de solo. Desta forma, o máximo potencial genético das
cultivares de soja pode ser limitado pelos teores de
fósforo no solo inferiores ao nível de suficiência para as
cultivares de soja. Os sintomas de deficiência de fósforo
na soja são caracterizados nas folhas maduras (velhas) por
uma cor verde-escuro, mas os sintomas principais são o
crescimento lento, com plantas raquíticas, de folhas
pequenas e muitas vezes verde-escuras azuladas. Por
causa da alta mobilidade do fósforo na planta, sob
condições de deficiência há o translocamento do elemento
das folhas mais velhas para as mais novas, esgotando as
reservas de fósforo nas folhas mais velhas, onde o
sintoma aparece primeiro. Além disso, o limitado
fornecimento de fósforo reduz o número e a eficiência dos
nódulos e, como consequência, a fixação simbiótica do
nitrogênio (Rosolen & Tavares, 2006).
O máximo potencial genético das cultivares de soja
podem ser diferenciados devido a eficiência na absorção,
translocação e, ou, utilização deste nutriente, as quais
estão associadas às características morfológicas e
fisiológicas das plantas (Gerloff & Gabelman, 1983).
Com base no presente exposto, este trabalho teve
como objetivo avaliar a resposta de cultivares de trigo a
adubação fosfatada em um Nitossolo.
MATERIAL E MÉTODOS- Conduziu-se um
experimento em casa de vegetação na Universidade
Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) em São Borja,
no período de outubro de 2012 a janeiro de 2013
utilizando-se amostras de um Nitossolo vermelho, as
quais foram coletadas no horizonte A, camada 0-20cm,
em uma área não cultivada, em São Borja-RS. Os
principais atributos físico-químicos foram os seguintes:
Argila (g kg-1) = 700; matéria orgânica (g kg-1); Fósforo
(mg kg-1) = 1. O delineamento utilizado foi o de blocos ao
acaso com três repetições. Foram avaliados os seguintes
tratamentos: a) cultivares: NS4823, Fepagro 37 e Fepagro
36; b) doses de superfosfato triplo: 0, 55, 110, 220 e 330
kg P2O5 ha-1 As cultivares foram definidas por serem as
mais produtivas de acordo com ensaio estadual de
cultivares de soja na safra 2009/10. As doses de fósforo
foram definidas com base na recomendação da Comissão
de Química e Fertilidade do solo do RS e SC (CQFS
RS/SC, 2004) em função do teor de fósforo na área e de
sua respectiva classe de argila. Amostras da camada
superficial do solo (0-20 cm) foi expostas ao ar,
destorroada e passada em peneiras de 2mm de malha,
sendo posteriormente, colocada em recipientes plásticos
(unidade experimental) na quantidade de 5 kg de solo
seco. A fonte de fósforo utilizada foi o superfosfato triplo,
a qual foi moída e peneirada a 0,297 mm, para
uniformizar o tamanho das partículas. Em seguida, as
amostras do solo de cada unidade experimental foram
homogeneizadas, sem ou com superfosfato triplo,
conforme os seus respectivos tratamentos. As adubações
de base de potássio foram realizadas de acordo com a
Comissão de Química e Fertilidade do Solo do RS e SC
(CQFS SC/RS, 2004). Posteriormente à adubação de base
e aplicação dos tratamentos, as unidades experimentais
receberam a adição de oito sementes das cultivares de
soja, inoculadas com Bradyrrhizobium japonicum
utilizando inoculante tipo turfa.. O desbaste de 4 plantas
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RESULTADOS E DISCUSSÃO- Houve resposta
diferenciadas das cultivares as doses de fósforo utilizadas
em todas as variáveis analisadas (Figura 1 e 2). Segundo
Fageria (1999), a adubação fosfatada promove maior
número e tamanho das folhas resultando em uma área
superficial maior para a realização da fotossíntese. A
cultivar NS 4823 demonstrou ser mais responsiva a
adubação fosfatada, sendo então recomendada para ser
utilizada com nível tecnológico alto, objetivando a
obtenção de altas produtividades. A produtividade
máxima estimada de massa seca foi de 5,45 g planta-1,
obtida com a dose de máxima eficiência técnica de 156 kg
ha-1. Está cultivar produziu maior quantidade de massa
seca por unidade de fósforo aplicado (0,0249 g de massa
seca.kg P2O5 aplicado-1) quando comparada a FEPAGRO
36, que produziu 0,021 g de massa seca. Kg P2O5
aplicado-1, o que resultou numa produtividade máxima de
4,35 g planta-1 obtida com a dose de máxima eficiência
técnica de 175 kg ha-1. As diferenças entre as cultivares
podem ser atribuídas ao tamanho do sistema radicular, à
capacidade de aquisição ou à taxa de absorção de fósforo
por unidade de comprimento radicular (Fernandes, 2001).
Além desses fatores, a maior eficiência pode ser devida à
menor necessidade de fósforo para as reações bioquímicas
da planta e à maior redistribuição do nutriente para os
pontos de crescimento (Gerloff & Gabelman, 1983).
A produtividade de matéria seca da parte aérea e a
quantidade de fósforo acumulado pelas cultivares NS
4823 e FEPAGRO 36 apresentaram resposta quadrática a
adubação fosfatada (Figura 1 e 2). É provável que as
maiores doses de fósforo utilizadas tenham ocasionado
uma toxidez de fósforo nas folhas, o que prejudicou a
produção de matéria verde, bem como a quantidade de
fósforo acumulado. Esse fenômeno é chamado de
consumo de luxo. Por outro lado, a cultivar FEPAGRO 37
apresentou uma resposta linear ao fósforo aplicado, não
sendo possível expressar sua produtividade máxima
(Figura 1 e 2).
máxima entre as cultivares avaliadas.
A cultivar FEPAGRO 36 apresentou a menor
produtividade máxima entre as cultivares avaliadas.
REFERÊNCIAS
COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLORS/SC. Manual de adubação e calagem para os Estados de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.10 ed. Porto Alegre: SBCS Núcleo Regional Sul/UFRGS, 2004. 400p.
FAGERIA, N. K. Adubação e calagem. In: VIERIA, N. R.
A.; SANTOS, A. B.; SANT'ANA, E. P. (Ed). A cultura do arroz
no Brasil, Santo Antonio de Goiás: EMBRAPA-CNPAF, 1999.
p.329-353.
FERNANDES, C. Eficiência de diferentes cultivares de
híbridos de milho quanto a utilização de fósforo em solos de
Cerrado. Piracicaba, Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz”, 2001. 51p. (Tese de Mestrado)
GERLOFF, G.C. Plant efficiencies in the use of nitrogen,
phosphorus, and potassium. In: WRIGHT, M.J., ed. Plant
adaptation to mineral stress in problem soils. Ithaca, Cornell
University Press, 1977. P.161-173.
ROSOLEN, C.A.; & TAVARES, C.A. Sintomas de
deficiência tardia de fósforo em soja. Revista Brasileira de
Ciência do Solo., v. 30, p.385-389, 2006.
6,0
5,0
Produção de matéria seca, g planta-1
foi realizado quinze dias após a semeadura. Durante a
realização do experimento, as unidades experimentais
foram mantidas com umidade gravimétrica em torno de
18%, pela adição de água destilada. Aos 76 dias após a
emergência, a parte aérea foi coletada a 1 cm da
superfície do solo. Em seguida foi submetida à secagem
em estufa à temperatura de 65oC, por 72 h, para obtenção
da produção de matéria seca da parte aérea das plantas. O
tecido seco foi moído e nele determinadas as
concentrações de fósforo. Em seguida foi calculada a
quantidade de fósforo acumuladas pelas plantas.
Os parâmetros avaliados nas plantas foram
relacionados com as doses de fósforo e ajustadas
equações baseadas em análise de regressão nos modelos
linear e quadrático.
4,0
3,0
y = -8E-05x2 + 0,0249x + 3,5159 R2 = 0,86**
NS 4823
2,0
FEPAGRO 37
y = 0,0088x + 1,5448 R2 = 0,96**
FEPAGRO 36
y = -6E-05x2 + 0,021x + 2,5135 R2 = 0,92**
1,0
0,0
0
70
140
210
280
350
Doses de P2O5, kg ha-1
Figura 1 – Produção de matéria seca das cultivares de
soja em função das doses de fósforo aplicadas. ** significativo a 1% de probabilidade de erro pelo teste F.
CONCLUSÕES–
A cultivar NS4823 apresentou a maior produtividade
2
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Núcleo Regional Sul
30,00
Fósforo acumulado na parte aérea, mg planta-1
25,00
20,00
15,00
10,00
NS 4823
5,00
y = -0,0006x2 + 0,2176x + 6,3798 R2 = 0,95**
FEPAGRO 37 y = -7E-06x2 + 0,0305x + 1,7756 R2 = 0,99**
FEPAGRO 36
y = -0,0002x2 + 0,124x + 3,3804 R2 = 0,94**
0,00
0
70
140
210
280
350
Doses de P2O5, ha-1
Figura 2 – Quantidade de fósforo acumuadado pelas
cultivares de soja em função das doses de fósforo
aplicadas. ** - significativo a 1% de probabilidade de erro pelo teste
F.
3
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