BRASÍLIA SUSTENTÁVEL PROJETO INTEGRADO VILA ESTRUTURAL- PIVE PLANO FÍSICO E SOCIAL DE RELOCAÇÃO E REASSENTAMENTO DAS FAMÍLIAS BENEFICIÁRIAS DO PROJETO INTEGRADO VILA ESTRUTURAL Brasília, maio de 2008 Governo do Distrito Federal -GDF Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente SEDUMA Programa Brasília Sustentável - Contrato 7326-BR GDF / Banco Mundial PLANO FÍSICO E SOCIAL DE RELOCAÇÃO E REASSENTAMENTO DAS FAMÍLIAS BENEFICIÁRIAS DO PROJETO INTEGRADO VILA ESTRUTURAL Diretor geral do Programa Brasília Sustentável Secretário de Cássio Taniguchi Estado da SEDUMA Diretora executiva do Programa Brasília Sustentável Maria do Carmo Bezerra Gerente do Programa Brasília Sustentável no Banco Mundial Paula Pini Coordenadora do PIVE – Projeto Integrado Vila Estrutural Thais Waldow Brasília, maio de 2008 2 SUMÁRIO SUMÁRIO ......................................................................................................................................................................... 3 ÍNDICE DE FIGURAS..................................................................................................................................................... 5 ÍNDICE DE QUADROS .................................................................................................................................................. 5 ÍNDICE DE ANEXOS ...................................................................................................................................................... 6 Apresentação ...................................................................................................................................................... 7 1. Descrição do Programa................................................................................................................................. 8 2. Descrição do PIVE ....................................................................................................................................... 10 3. Caracterização da Vila Estrutural............................................................................................................... 11 4. Histórico da ocupação ................................................................................................................................. 13 5. Fundamentos teóricos e conceitos ............................................................................................................ 14 6. Marco Legal para a Relocação/Reassentamento ................................................................................... 16 7. Objetivos da Relocação/Reassentamento................................................................................................ 20 8. Relocação e Reassentamento no contexto da elaboração do Projeto de Urbanismo da Vila Estrutural ............................................................................................................................................................ 21 8.1. Identificação das necessidades de Relocação e Reassentamento ............................................ 21 8.1.1. Identificação das famílias a serem Relocadas/Reassentadas. ................................................. 23 8.1.2.1 Perfil sócio-econômico das famílias Relocadas/Reassentadas ................................................... 31 9. Alternativas De Relocação/Reassentamento........................................................................................... 45 9.1 Formas de relocação/reassentamento ................................................................................................... 45 3 9.2 Sobre os critérios de elegibilidade........................................................................................................... 46 10. Construção de moradias como solução para a relocação/reassentamento ..................................... 47 11. Impacto Social às famílias a serem Relocadas / Reassentadas ........................................................ 52 12. Avaliação e compensação pelas perdas ................................................................................................ 53 13. Questões ambientais relevantes nas áreas de Relocação/Reassentamento................................... 57 14. Participação Comunitária .......................................................................................................................... 58 14.1. Antecedentes .............................................................................................................................. 58 14.2. Metodologia utilizada .................................................................................................................. 59 14.3 O Trabalho Social a ser desenvolvido nas etapas de obra e pós-obra....................................... 60 14.4.Estratégias operacionais para execução do Plano Físico e Social de Relocação e Reassentamento .................................................................................................................................. 63 14.5. Integração com a população do entorno do novo local de moradia........................................... 65 14.6. Procedimentos para reclamações e atendimento às famílias relocadas/reassentadas............. 66 15. Articulação entre obras e relocação .............................................................................................. 67 17. Custos estimados, orçamentos previsto, fontes.................................................................................... 77 18. Arranjo institucional para execução do Plano de Relocação/Reassentamento ............................... 79 19. Monitoramento e avaliação....................................................................................................................... 79 4 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1. Percentual de relocação por localidade em relação ao universo. ................................................................ 29 Figura 2. Tempo de residência na área ...................................................................................................................... 30 Figura 3. Padrão construtivo da edificação. ................................................................................................................ 31 Figura 4. Tipo de Piso................................................................................................................................................... 31 Figura 5. Casa pesquisada no Setor de chácara Santa Luzia........................................................................................ 32 Figura 6. Pagamento de energia elétrica..................................................................................................................... 32 Figura 7. Recebimento de correspondência. ............................................................................................................... 33 Figura 8. Uso da edificação.......................................................................................................................................... 34 Figura 9. Faixa etária familiar. ..................................................................................................................................... 34 Figura 10. Deficientes na família. ................................................................................................................................ 35 Figura 11. Escolaridade................................................................................................................................................ 35 Figura 12. Planta baixa da edificação ofertada............................................................................................................ 46 Figura 13. Fossa Séptica ou Sumidouro (Para as unidades habitacionais localizadas na área de reassentamento – Núcleo Rural Monjolo). .................................................................................................................................... 47 Figura 14 a 21. Detalhes da tipologia da construção................................................................................................... 53 ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1. Distribuição das edificações/lotes por condicionantes de relocação/reassentamento............................. 25 Quadro 2. Quantitativo das relocação/reassentamento por tipo de uso. .................................................................. 26 Quadro 3. Resumo das necessidades para relocação/reassentamento por localidade.............................................. 27 Quadro 4. Situação de Emprego.................................................................................................................................. 36 Quadro 5. Distribuição de renda familiar .................................................................................................................... 36 5 Quadro 6. Escolaridade x Renda dos membros das famílias ....................................................................................... 37 Quadro 7. Resumo da disponibilidade de lotes para relocação/reassentamento ...................................................... 39 Quadro 8. Disponibilidade de áreas para relocação/reassentamento........................................................................ 39 Quadro 9. Paralelo entre os lotes necessários e os lotes disponibilizados para relocação/reassentamento ............. 41 Quadro 10. Estimativa de custos de implantação da unidade habitacional................................................................ 47 Quadro 11. Custos da fossa séptica............................................................................................................................. 48 Quadro 12. Balanço da assinatura dos Termos de Adesão ......................................................................................... 60 Quadro 13. Custos estimados da relocação/reassentamento e valores de repasse................................................... 74 Quadro 14. Custos da urbanização.............................................................................................................................. 75 ÍNDICE DE ANEXOS Anexo 1 - Planta Geral com a Localização das famílias a serem relocadas. Anexo 2 - Planilha – Localização dos Lotes intersticiais disponíveis para relocação. Anexo 3 - Planta Geral com Localização dos lotes urbanos disponíveis para relocação. Anexo 4 - Mapa com lotes rurais disponíveis para o reassentamento no Núcleo Rural Monjolo. Anexo 5 - Resultado da Pesquisa realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico sobre as atividades realizadas no setor de oficinas. Anexo 6 - Planilha com dados das edificações e lotes a serem relocados e reassentados. Anexo 7 - Compatibilização dos dados das 903 famílias/comerciantes e prestadores de serviços com o SIBHAB. Anexo 8 - Modelos dos Termos de Adesão. Anexo 9 - Principais dúvidas e respostas quanto ao recolhimento dos Termos de Adesão. Anexo 10 - Modelo da Notificação. Anexo 11 -Relação de Termos classificados por tipo de Pendência. 6 Apresentação Este documento apresenta o Plano de Reassentamento Involuntário para o Projeto Integrado Vila Estrutural, parte integrante do Programa Brasília Sustentável - Programa de Saneamento Ambiental e Gestão Territorial do Distrito Federal e visa atender as salvaguardas sociais do BIRD expressas na PO 4.12 Reassentamento Involuntário e na clausulas I, item 1.01 alínea “n” e “o” do Contrato de Empréstimo 7326-BR. O Projeto Integrado Vila Estrutural - PIVE é a principal intervenção do componente Inclusão Social e Redução da Pobreza do Programa Brasília Sustentável. As intervenções na Vila Estrutural visam melhoria da qualidade das habitações, pavimentação, drenagem e saneamento básico ambiental além de ações de gestão sócio-ambiental voltadas para a inclusão social da sua população mediante a inserção no mercado de trabalho e o exercício pleno da cidadania. O reassentamento e a relocação de famílias decorre da re-adequação urbana que a Vila Estrutural necessita passar em atendimento a legislação urbanística e ambiental brasileira mais especificamente a Lei Distrital nº. 715 / 2006 que define a área como Zona Especial de Interesse Social – ZEIS, para os fins previstos na Lei Federal 10.257, de 10 julho de 2001, Estatuto da Cidade, no que se refere às possibilidades de flexibilização das normas jurídico-urbanísticas, e ao licenciamento ambiental concedido pelo IBAMA-DF ao Projeto Urbanístico da Vila Estrutural: Licença Prévia - LP n.° 18/2006 de 24,de março de 2006 e a Licença de Instalação – LI n.° 08/2007 de 26, julho de 2007. O plano de relocação e reassentamento foi elaborado com base no Marco Conceitual para o Reassentamento Involuntário constante do Projeto Básico do PIVE, nas licenças ambientais e ainda no aprendizado sobre as especificidades da realidade local que o trabalho social desenvolvido na fase de elaboração do Projeto Urbanístico trouxe à equipe do GDF. O plano visa garantir a preservação das relações de vizinhança e permitir que os relocados/reassentados reconstruam seus laços afetivos e nunca sejam prejudicados financeiramente. 7 1. Descrição do Programa O Programa Brasília Sustentável tem por objetivo “Assegurar a qualidade dos recursos hídricos do DF e Região Metropolitana de Brasília, promovendo a melhoria das condições de vida da população e a gestão sustentável do território”. Na consecução desse objetivo estão previstos investimentos em políticas de desenvolvimento regional, regulamentação e planejamento, com treinamento e capacitação profissional. Foram também alocados recursos para a restauração e proteção de áreas ambientalmente e socialmente vulneráveis, com intervenções dirigidas ao combate à pobreza e focalizadas nas bacias hidrográficas dos lagos Paranoá e Descoberto. O Programa possui quatro componentes de intervenção, além do componente de gerenciamento – obrigatório para qualquer programa de financiamento do Banco Mundial: • políticas de desenvolvimento institucional: abrangendo gestão do desenvolvimento territorial, gestão ambiental e de recursos hídricos, e saneamento ambiental; • inclusão social e redução da pobreza: implantação do Projeto Integrado Vila Estrutural e do projeto de apoio aos catadores de lixo do Aterro do Jóquei; • proteção de recursos hídricos: esgotamento sanitário em Águas Lindas e Vicente Pires, fechamento do Aterro do Jóquei e construção de novo aterro, e tratamento de lodo das ETE; • gestão, monitoramento e avaliação do Programa: fortalecimento, capacitação institucional para implementação e monitoramento do Programa, fiscalização e supervisão de obras, auditoria e avaliação do Programa. O valor total dos investimentos do Programa Brasília Sustentável quando da assinatura do contrato foram da ordem de US$ 115 milhões de dólares, sendo o empréstimo de US$ 57,643 milhões de dólares e o valor restante de contrapartida. A participação do Banco Mundial está distribuída da seguinte maneira: 34,2 milhões de dólares, ou seja, 89,1% dos recursos necessários para a implantação do programa da Vila Estrutural; 6,6 milhões de dólares para o fechamento do aterro do Jóquei Clube e abertura no novo aterro sanitário, correspondente a 100% dos recursos necessários à ação; e 5,4 milhões de dólares para o gerenciamento do programa, também correspondente a 100% dos recursos necessários alocados. Os principais benefícios sócio-ambientais esperados com a implementação do Programa Brasília Sustentável podem ser assim descritos: 8 • As medidas de controle da poluição dos recursos hídricos, representadas pela urbanização – drenagem, pavimentação e esgotamento sanitário da Vila Estrutural; abastecimento e esgotamento sanitário de Vicente Pires e fechamento e recuperação da atual área do aterro do Jóquei possuem como beneficio a manutenção da qualidade ambiental do lago Paranoá mantendo seu potencial turístico e de lazer que possuem significância na economia do DF; a prática de atividades recreativas e a preservação do ecossistema aquático do lago Paranoá para diferentes usos. • O término das atividades do Aterro Controlado do Jóquei Clube trará benefícios diretos à população residente da Vila Estrutural, mediante a recuperação de uma área degradada, a remediação das fontes de contaminação das águas superficiais e subterrâneas e a diminuição dos vetores de transmissão de doenças infectocontagiosas e de veiculação hídrica, bem como a preservação da biodiversidade e qualidade das águas do Parque Nacional de Brasília - PNB, que terá cessado um dos principais conflitos de uso existentes em seu entorno. • A construção do Aterro Sanitário atenderá a uma antiga reivindicação da sociedade civil e ao Ministério Público Federal, que vem pressionando os governantes a implantar um Aterro sanitário para destinação adequada dos resíduos, inexistente no DF desde sua criação. • A implementação do sistema de saneamento ambiental em Águas Lindas de Goiás, notadamente a implantação de sistema de coleta e tratamento de esgotos sanitários trará melhorias à qualidade da água do Lago Descoberto, pela diminuição do aporte de carga orgânica e da quantidade de nutrientes, em função da maior capacidade de diluição - dado o aumento do volume de água da barragem e supressão das entradas clandestinas de esgoto. • Com a reversão dos esgotos produzidos atualmente em Águas Lindas de Goiás para a bacia do rio Verde será possível uma redução significativa de carga orgânica e de fosfatos no futuro Lago Corumbá IV, contribuindo para uma melhoria das condições futuras daquele reservatório em relação aos riscos de eutrofização. • O fortalecimento institucional desponta como o maior investimento a ser realizado em termos de prevenção de riscos ambientais ao Parque Nacional de Brasília – PNB- e de preservação dos Lagos Paranoá e do Descoberto e da represa do Rio Corumbá. As ações encontram-se focadas nas fragilidades da gestão territorial envolvendo os aspectos urbano, ambientais e de gestão de resíduos sólidos, como: a capacitação de quadros técnicos, aparelhamento técnico, disseminação de informações, e principalmente a proposição de novos instrumentos de gestão 9 capazes de articular as competências e interesses dos diferentes agentes institucionais, públicos e privados, medidas que foram discutidas em seminário com os diferentes níveis de governo. 2. Descrição do PIVE O Projeto Integrado da Vila Estrutural - PIVE é a principal intervenção do componente Inclusão Social e Redução da Pobreza do Programa Brasília Sustentável. Esta intervenção objetiva a regularização fundiária da Vila Estrutural com ampla participação da comunidade, englobando aspectos urbanísticos, ambientais, socioeconômicos e jurídico-legais, em decorrência do entendimento da comunidade do Distrito Federal de que essa ocupação desordenada é um fato concreto que deve ser enfrentado como a melhor forma de mitigar os impactos ambientais que afetam o PNB. As intervenções na Vila Estrutural visam o seu desenvolvimento sustentável, a ser alcançado por meio de ações de urbanização da área e de seu entorno, melhoria da qualidade das habitações, saneamento ambiental, gestão territorial e de recursos hídricos e fortalecimento institucional dos gestores locais, somadas a ações voltadas para a inclusão social da sua população mediante a inserção no mercado de trabalho e o exercício pleno da cidadania. Para alcançar esses objetivos, foram elaborados projetos que contemplam recuperação ambiental, coleta de resíduos sólidos, drenagem pluvial, sistema viário, paisagismo, complementação da rede de energia elétrica e de iluminação pública, abastecimento de água e esgotamento sanitário e de equipamentos públicos comunitários, além do inevitável plano de relocação e reassentamento da população, decorrente da necessidade de adequar as ocupações existentes às condicionantes, restrições e recomendações urbanísticas e ambientais que orientaram a elaboração do projeto urbanístico. Os principais impactos sobre o meio físico e biótico provenientes da ocupação irregular da área mostram fortes correlações com a falta de infra-estrutura urbana e de saneamento básico, bem como com problemas sociais, que também produzem impactos de natureza social, como violência, desemprego e conseqüente redução da qualidade de vida. A presença do aterro controlado do Jóquei é um fator à parte nas pressões sobre os recursos ambientais e também em questões sociais. As lideranças locais, em entrevistas e reuniões realizadas, deixaram bem claras suas expectativas com relação à “regularização” da Vila Estrutural, tantas vezes prometida por representantes de todos os níveis do Governo Distrital. 10 Assim, o foco do Projeto Integrado Vila Estrutural, concentra-se no desenvolvimento e implementação do projeto urbanístico definido junto com a população e amparado no instrumento jurídico-urbanístico da Zona Especial de Interesse Social – ZEIS, e das obras de infra-estrutura para abastecimento de água, esgotamento sanitário, energia elétrica e iluminação pública, abertura e pavimentação de vias públicas, coleta de resíduos sólidos e drenagem pluvial, complementadas pela construção de habitações e equipamentos comunitários. Inclui, ainda, intervenções no âmbito do desenvolvimento social para a inserção da população na dinâmica socioeconômica do DF. A relocação das famílias que ocupam lotes considerados inadequados do ponto de vista ambiental e de salubridade ou que deverão ser relocados por razões de adequações urbanísticas fundamentais para a regularização da ocupação, é parte fundamental do PIVE, imprescindível para se garantir melhoria da qualidade de vida à população e a conseqüente regularização da cidade, e objeto deste Projeto. 3. Caracterização da Vila Estrutural Se por um lado a Vila Estrutural está localizada em área privilegiada e de grande acessibilidade – próxima ao Cruzeiro, Setor de Indústria e Abastecimento e Plano Piloto, confrontando-se ao norte com o Parque Nacional de Brasília – por outro, é originária do Aterro Controlado do Jóquei, com o qual limita-se. Sua população estimada, em 2007, é de cerca de 35.000 habitantes, sendo que em 2003, segundo levantamento da SEDUH, a população era de 25.132 habitantes. Pesquisas e levantamentos realizados na comunidade demonstram que a população residente, à medida que conseguem obter maiores recursos financeiros, transfere a residência para endereços mais nobres dentro da Vila, ou para outras cidades do Distrito Federal, o que implica em inúmeros imóveis alugados e numa grande movimentação das famílias, dificultando a verificação cadastral. O abastecimento de água potável, assegurado pela CAESB, é proveniente do chamado Sistema Integrado, no qual a água provém dos dois principais sistemas existentes: Rio Descoberto e Santa Maria/Torto, interligados por meio de uma adutora reversível. O sistema abastece 6.311 domicílios da Vila Estrutural, todos hidrometrados, o que contribui para um reduzido índice de perdas (água não contabilizada), com maior eficiência e redução dos custos do serviço. Os moradores da Vila Estrutural não dispõem de sistema de coleta de esgotos em funcionamento apesar de parte da rede de esgoto condominial estar implantada. O uso de 11 fossas secas, precariamente executadas, sem capacidade adequada e muito próximas umas das outras em função do tamanho dos lotes, se torna fator de risco à saúde, principalmente na época das chuvas, quando essas fossas transbordam e despejam com freqüência seu conteúdo pelas ruas de terra batida, exalando mau cheiro e atraindo diversos tipos de vetores. O Plano Diretor de Águas e Esgotos da CAESB – ano 2000 prevê a instalação de sistema de coleta e tratamento de esgotos condominial para a Vila Estrutural, composto de redes coletoras, elevatórias e emissários que reúnem e encaminham todos os despejos gerados nas duas sub-bacias para a ETE Brasília Norte. A Estrutural não conta com sistema de drenagem de águas pluviais. O escoamento se faz pelas vias, causando transtorno à população quando ocorrem chuvas intensas com alagamento nas áreas mais baixas e planas onde o escoamento se faz de forma lenta. A área apresenta inúmeros focos de disposição irregular de lixo e entulho, gerados tanto pela comunidade local, como pela ação de operação do Aterro Controlado do Jóquei, que ainda é meio de sobrevivência de algumas famílias moradoras da Vila. Na “praça central” se observa intenso comércio de material de construção usado que, além do aspecto estético, compromete a qualidade de vida da população, em decorrência, principalmente, da proliferação de vetores prejudiciais à saúde. A energia elétrica, proveniente da subestação do Guará é fornecida pela Companhia Energética de Brasília – CEB. Em função da grande quantidade de ligações clandestinas, curtos-circuitos provocam a queda sistemática de energia em todo o sistema. Essas gambiarras, em alguns locais, chegam a impedir a passagem de veículos de grande porte, inclusive inviabilizando a coleta de lixo em algumas ruas, que é realizada duas vezes por semana. Hoje os moradores da Vila Estrutural contam com poucos equipamentos comunitários que atendem precariamente a população. Existe em funcionamento um posto da Polícia Civil e um da Polícia Militar, um posto de saúde provisório, uma escola provisória com atendimento de Jardim da Infância e primeira série do ensino fundamental e dois postos de atendimento do programa Saúde da Família. As creches existentes são todas administradas por organizações não-governamentais e instituições religiosas. A sede da Administração Regional funciona fora da Vila no Setor Complementar de Indústria e Abastecimento – SCIA. Na Vila também não existem opções de lazer. As áreas não ocupadas, que constituem os poucos espaços de lazer e esporte são preenchidas por campos de futebol improvisados, parques infantis e circos itinerantes. 12 4. Histórico da ocupação A “Invasão da Estrutural” remonta ao início da década de 70, com a instalação de moradias precárias por catadores de lixo, que sobreviviam dos resíduos depositados no aterro controlado do Jóquei Clube, mais conhecido como “Lixão do Jóquei”. Apesar de ambientalmente frágil, a Vila está inserida em posição estratégica no conjunto do tecido urbano do DF. Durante as décadas de 1970 e 1980 a invasão pouco cresceu, não comprometendo significativamente o entorno do Parque Nacional de Brasília (PNB). A partir de então, a ocupação foi se consolidando devido ao aumento do número de catadores e à fixação de pequenas chácaras (plantio de subsistência) ao longo do córrego Cabeceira do Valo. Em 1993 foram cadastradas 393 famílias residentes, das quais 149 sobreviviam da atividade de cata do lixo. Já em 1994 o número de famílias residentes duplicou e passou para cerca de 700. No final de 1994, a invasão sofreu significativo processo de ocupação desordenada. Neste período, pessoas sem-teto, lideradas por deputados distritais, ocuparam com barracos de madeirite a antiga invasão. O governo recém-eleito então lutou para remover os invasores, mas o número de barracos continuou crescendo. De julho de 1997 a setembro de 1998, o Governo desencadeou a Operação Tornado, coordenada pela Polícia Militar do DF, visando defender a propriedade do GDF e preservar o meio ambiente. Foram empregadas inúmeras tentativas, algumas impopulares, como a derrubada de barracos, a proibição da entrada de materiais de construção, gás de cozinha e alimentos para abastecimento dos supermercados, no entanto, a invasão e a resistência cresciam diariamente. Desde então, diversos projetos de fixação da Vila foram apresentados à Câmara Legislativa. Em 1998, parte da área foi destinada ao Setor Complementar de Indústria e Abastecimento – SCIA, com cerca de 980 lotes, numa nova tentativa do governo de desconstituir a Vila através da implantação de um parcelamento registrado em cartório destinado a grandes empresas. Atualmente a ocupação é composta de 21 quadras onde as ruas não obedecem às normas oficiais de parcelamento. Uma das principais vias da Estrutural, conhecida como Avenida do Lixão apresenta um tráfego constante de caminhões de lixo que entram e saem do aterro sanitário noite e dia, que se mistura ao trânsito de ônibus, veículos leves, carroças, bicicletas e pedestres, representando grave risco de ocorrência de acidentes e atropelamentos. 13 Pela falta de pavimentação e de sistemas de esgotamento sanitário e drenagem pluvial, as vias públicas constituem problemas constantes de lama, poeira, buracos, lixo acumulado e esgoto correndo a céu aberto. No entanto, a maioria dos moradores se recusa a mudar-se para outras localidades do DF, devido à localização privilegiada e à valorização imobiliária crescente. Em 1999 a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação – SEDUH cadastrou 3.967 famílias. E em 2003, realizou um novo levantamento sócio-econômico dos moradores, a fim de verificar as condições das famílias em relação aos critérios da política habitacional do DF. Este levantamento totalizou 25.132 habitantes, adotando-se a média de 4,06 moradores por unidade domiciliar. O interesse e a necessidade de regularização da ocupação ensejaram que, em 2002, a Câmara Legislativa do DF aprovasse a Lei nº 530, que criou a Vila Estrutural e a declarou como Zona Habitacional de Interesse Social e Público – ZHISP, dando início ao processo de fixação da Vila Estrutural. Em dezembro de 2005, após elaboração de EIA/RIMA e audiência pública, o IBAMA emitiu a Licença Prévia para o empreendimento, da qual constam 37 condicionantes ambientais para regularização da Vila Estrutural. A Lei Complementar nº 715, de 25 de janeiro de 2006, instituíu a Zona Especial de Interesse Social – ZEIS Vila Estrutural, o que possibilitou adotar parâmetros e índices urbanísticos especiais, permitindo a regularização da ocupação. 5. Fundamentos teóricos e conceitos O Projeto Físico e Social de Relocação/Reassentamento foi elaborado em conformidade com os fundamentos estabelecidos no Marco Conceitual para o Reassentamento Involuntário – Anexo 7 do Projeto Básico do PIVE, visando garantir a preservação das relações de vizinhança e permitir que as famílias relocadas/reassentadas reconstruam seus laços afetivos e nunca sejam prejudicadas financeiramente. O Projeto Físico e Social de Relocação/Reassentamento tem como principal meta garantir a recomposição da qualidade de vida das famílias afetadas pelo empreendimento, tanto no aspecto físico, perda de moradia, com em outros aspectos, como perda de rendimentos financeiros (interrupção de atividades produtivas), perdas da quebra da rede de apoio social, das relações de vizinhança. O Projeto Social até aqui desenvolvido e que determinaram os fundamentos de elaboração dos projetos de urbanismo e infra-estruturas deverão ser continuados de modo a nortear os projetos sociais de obras e pós obras que serão elaborados e executados. 14 Fundamentos adotados na elaboração dos projetos e do plano de reassentamento, quais sejam: • Minimizar o número de imóveis a serem desocupados. Os projetos de engenharia do Programa deverão buscar sempre soluções que viabilizem a implantação dos serviços e da infra-estrutura e que concomitantemente impliquem um menor número de relocações; • Garantir a oferta de diferentes opções de atendimento. É fundamental que a Política de Reassentamento Involuntário ofereça opções de atendimento à população afetada. Isto se deve porque as famílias possuem realidades diferentes, que requerem soluções diferentes; • Garantir a melhoria ou a manutenção das condições de moradia. As moradias a serem ofertadas para o reassentamento deverão atender ao critério de habitabilidade, e devem ser compatíveis com a realidade local, ou seja, que respeite a forma de vida da população afetada. Recomenda-se que a arquitetura e os materiais empregados deverão seguir o padrão cultural local; • Garantir a possibilidade de manutenção da atividade produtiva. As famílias que tiverem suas atividades produtivas interrompidas ou reduzidas durante a implantação do projeto, em função da alteração do “status quo” anterior à obra deverão ser compensadas por essas perdas, para que possam retomar essas atividades no menor tempo possível; • Garantia da oferta de serviços sociais, como por exemplo: educação, saúde, transporte público, etc.; • Busca permanente da minimização dos impactos sociais e/ou ambientais sobre a população. Além dos fundamentos descritos, o Governo do Distrito Federal assume o compromisso de adotar e praticar determinadas ações definidas como “boas práticas” objetivando dar transparência ao processo participativo que se construiu com a comunidade, destacandose: • As obras só se iniciarão após a relocação das famílias afetadas e diretamente envolvidas naquela etapa de obra; • A população afetada terá opção de escolha das alternativas de atendimento, dentro dos critérios previstos no Projeto Físico e Social de Relocação/Reassentamento • As reivindicações da comunidade envolvida pelo projeto serão acatadas quando pertinentes; • Não serão impostas condições de negociações que impeçam as famílias de retomarem suas atividades cotidianas; 15 • A população não será pressionada a desocupar seus lotes visando atender ao cronograma da obra, caso venha a ocorrer atrasos no cronograma das obras de construção das casas para o reassentamento. Durante as obras serão observadas as seguintes estratégias de atuação: • Apresentar de forma elucidativa para a população afetada quais são as instituições responsáveis pela realização do projeto e a competência de cada uma; • Realizar campanhas de esclarecimento e divulgação do projeto; • Fornecer suporte jurídico e social à população sem ônus; • Fazer gestão para que haja um afinado entrosamento da equipe de reassentamento e a equipe responsável pela execução das obras; • As negociações com a população só acontecerão quando todas as opções de atendimento forem viáveis e estiverem disponíveis. Para elaboração deste Plano foram estabelecidos os seguintes conceitos referentes às famílias afetadas pela intervenção: • Relocação - entendida como a oferta de moradia na área do projeto; • Readequações de Limites de Lotes - alterações em fechamentos de lotes (cercas, muros, portões, etc.), por necessidades exclusivas dos Projetos; • Lotes Livres - lotes que não dependem de intervenções para poderem ser ocupados; • Lotes Abandonados - lotes cujos ocupantes não foram encontrados e que segundo informações de vizinhos, encontram-se abandonados; • Lotes com Restrição - lotes que apresentam pendências tais como muros de alvenaria interceptando o lote, a área estar ocupada com atividades como chácara, reciclagem de lixo e outras, para poderem ser ocupados; • Lotes com Baixa Restrição - lotes que dependem de intervenções mais simples, tais como: demolições de muretas, cercas, pequenos depósitos, dentre outros; • Reassentamento significa a oferta de moradia fora da área do projeto para as famílias afetadas pela intervenção governamental. 6. Marco Legal para a Relocação/Reassentamento O arcabouço legal que dá embasamento ao Projeto Integrado da Vila Estrutural contempla aspectos de ordem urbanística, ambiental e fundiária. Sob o ponto de vista urbanístico, merece destaque a criação da Zona Especial de Interesse Social – ZEIS Vila Estrutural, por meio da Lei Complementar n.º 715, de 24 de janeiro de 16 2006 – regulamentada pelo Decreto n.º 27.097, de 22 de agosto de 2006 – a ser objeto de regularização fundiária, urbanização das áreas ocupadas, mediante normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, considerada a situação socioeconômica da população e as restrições ambientais indicadas pelo EIA/RIMA e pelo licenciamento ambiental, conforme admitido pela Lei Federal n.º 10.257, de 10 de junho de 2001 – Estatuto da Cidade, no artigo 2º inciso XIV. Além de outras providências, a Lei determina, em seu artigo 7º, que “o Poder Executivo deverá promover o remanejamento dos ocupantes situados nas áreas de risco ambiental, nas áreas que serão afetadas pela realização de obras de infra-estrutura, ou naquelas onde o projeto urbanístico exigir adequação”. Como suporte à elaboração do projeto urbanístico da cidade e à habilitação dos moradores, em 27 de maio de 2005, foi publicada a Portaria n.º 32, que homologou a Verificação de Ocupação de Imóvel – VOI, realizada na Vila Estrutural pela extinta Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação – SEDUH e operacionalizada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal – CBMDF no período entre dezembro de 2004 e fevereiro de 2005, como levantamento cadastral das habitações unifamiliares. Em janeiro de 2008 , por meio da Portaria n.º 90 da SEDUMA de 27 de dezembro de 2007, publicada no D.O.D.F de 10 de janeiro de 2008, e em cumprimento ao que determina a Lei 715/ 2006, foi publicada no DODF a listagem do ajuste da Verificação de Ocupação de Imóvel – VOI, quando foram compatibilizados os dados referentes a endereços e identificação pessoal dos moradores constantes da VOI 2004 com os cadastros da CEB, CAESB, SEF e banco de dados dos programas sociais da Vila Estrutural. Procurando reduzir o impacto causado pela intervenção urbana na vida das famílias, os ocupantes afetados pela relocação serão transferidos para outra área dentro da poligonal e na medida do possível com a manutenção das relações de vizinhança, como determinado no § 1º do artigo 1º da Lei Complementar. Durante todo o processo, a população envolvida, será mantida informada e estimulada a participar ativamente de todas as ações previstas. Com relação à transferência dos lotes aos ocupantes, a Lei Complementar n.º 715/06 permite a assinatura de contratos de concessão de direito real de uso pelos ocupantes da área, conforme exposto a seguir: Art. 6º Fica criado na ZEIS Vila Estrutural um Programa Habitacional de Interesse Social a ser gerenciado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação – SEDUH do Distrito Federal, conforme disposto na regulamentação desta Lei Complementar. 17 § 2º Após a aprovação e registro do parcelamento, os lotes serão objeto de contratos de concessão de direito real de uso, a serem celebrados com dispensa de licitação, nos termos da alínea “f” do inciso I do art. 17 da Lei n.º 8.666/93, com a redação da Lei n.º 8.883/94. § 4º Poderão celebrar contratos de concessão de direito real de uso com o Distrito Federal os atuais ocupantes, identificados pelo levantamento cadastral realizado pela SEDUH e Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, no período de dezembro de 2004 a janeiro de 2005, conforme Portaria n.º 32, de 27 de maio de 2005, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação. § 5º Aquelas pessoas que ingressarem na área de que trata o § 1º do art. 1º desta Lei Complementar, após o cadastramento referido no parágrafo anterior, não terão direito de celebrar contrato de concessão de direito real de uso no Projeto Habitacional aqui mencionado, não sendo permitida a sua permanência na área do Projeto. Portanto, como descrito na Lei, poderão celebrar contratos de concessão de direito real de uso os ocupantes identificados pelo levantamento cadastral realizado pela SEDUH e Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, no período de dezembro de 2004 a janeiro de 2005. Em função de inconsistências verificadas no cadastramento realizado à época, as famílias que comprovarem por meio de documentos oficiais sua moradia na Vila Estrutural anterior à janeiro de 2005, também, poderão celebrar contratos e concessão com o Distrito Federal. Por outro lado, as pessoas que ingressarem na área após o cadastramento referido no parágrafo anterior não terão direito de celebrar contrato de concessão de direito real de uso. Em relação à possibilidade de dispensa de licitação para assinatura de tais contratos, a Lei n.º 8.666/93, em seu artigo 17, I, ao tratar da dispensa de licitação para bens imóveis pertencentes à Administração Pública, em sua alínea “f”, introduzida pela Lei n.º 8.883/1994, permitia a hipótese de dispensa de licitação para aqueles “bens imóveis construídos e destinados, ou efetivamente utilizados no âmbito de programas de interesse social, por órgãos ou entidades da administração pública especialmente criados para esse fim”. 18 Posteriormente, a Lei Federal n.º 11.481, de 31 de maio de 2007, em seu art. 3º, alterou o inciso I do art. 17 da referida Lei, modificando a alínea “f” e acrescentando a alínea “h”, permitindo a dispensa de licitação também nos casos de regularização fundiária, tanto para uso residencial, como comercial: Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas: I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos: f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; Assim, a recente Lei Federal n.º 11.481/2007 veio a permitir a dispensa de licitação para a assinatura de contratos de concessão de direito real de uso, para bens imóveis residenciais ou de uso comercial (estes com área de até 250 m²), desde que inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social, desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração publica, hipótese em que se enquadra a Vila Estrutural. Ressalta-se que tais contratos só poderão ser firmados após o registro do parcelamento no Ofício de imóveis competentes, pela TERRACAP, quando os lotes serão legalmente individualizados. 19 Sob o ponto de vista ambiental, é importante esclarecer que o IBAMA emitiu, em 26 de julho de 2007, a Licença de Instalação n.º 008/2007 . A referida licença ambiental autoriza a implantação da infra-estrutura de abastecimento de água, drenagem pluvial, energia elétrica, esgotamento sanitário, sistema viário, equipamentos públicos e comunitários, assim como as obras necessárias para relocação de famílias ocupantes de áreas non aedificandi, conforme o Projeto Urbanístico aprovado para a Vila Estrutural, mediante o Decreto n.º 28.080, de 29 de junho de 2007. Destacam-se os seguintes subitens da licença: Subitem 2.7 As chácaras ao longo do Córrego Cabeceira do Valo deverão ser desocupadas, sendo a área recuperada com vegetação nativa. Deverão ser tomadas medidas para impedir a ocupação no local. Subitem 2.9 A empreendedora deverá implementar o projeto de assessoria técnica para orientação de construção de casas e elaborar boletins informativos sobre sistemas construtivos, saneamento ambiental, sistema condominial de esgotos, técnicas construtivas e sistemas elétricos e hidráulicos. Subitem 2.13. A empreendedora deverá promover a total remoção das edificações existentes na faixa de 300 metros a partir da cerca do Parque Nacional de Brasília e garantir que nenhum tipo de construção seja edificada posteriormente naquela faixa. Subitem 2.38 A Licença de Operação fica condicionada à completa desocupação das áreas non aedificandi, conforme o projeto urbanístico aprovado para a Vila Estrutural. Em relação à situação patrimonial, segundo informação da Companhia Imobiliária de Brasília – TERRACAP, a área onde foi alocado o Projeto Urbanístico da Vila Estrutural é integralmente desapropriada, de propriedade daquela empresa. 7. Objetivos da Relocação/Reassentamento O Plano tem como objetivo possibilitar melhoria na qualidade de vida aos moradores afetados, mantendo os laços afetivos e de parentesco existentes e proporcionando meios para que as famílias afetadas retomem suas atividades econômicas, sociais e culturais, de modo a não haver perdas significativas que impliquem em não adaptação da família no local da relocação/reassentamento. O plano foi elaborado para atender a três categorias 20 distintas de relocados: comerciante/prestadores de serviços, famílias com aptidão rural e demais famílias que residem em áreas degradadas, de risco ambiental, em condições subnormais de habitabilidade, higiene e salubridade. Busca-se com a urbanização da área e sua inserção no tecido urbano, a inclusão sócioespacial da população tendo-se a preocupação de capacitar os afetados e demais beneficiados, para que possam auferir renda complementar e poderem arcar com as taxas de serviços urbanos que serão cobradas após o processo de regularização. O Plano foi elaborado com o propósito de atender às especificidades da população afetada, ofertando opções para as famílias de acordo com o seu perfil socioeconômico e suas atividades desenvolvidas. Assegurando, desta forma, que todas as famílias estarão morando em suas novas residências quando as obras de urbanização atingirem os locais onde anteriormente residiam, os quais deverão estar desocupados/desobstruídos. Os objetivos do plano serão atingidos com a transferência dos moradores afetados para as novas unidades habitacionais em lotes regulares, propiciando melhoria na qualidade de vida devido às condições de saneamento, habitabilidade, segurança, e aumento da renda e das condições de financiamento, resultantes do processo de urbanização e regularização das unidades imobiliárias. 8. Relocação e Reassentamento no contexto da elaboração do Projeto de Urbanismo da Vila Estrutural 8.1. Identificação das necessidades de Relocação e Reassentamento As intervenções que estão sendo realizadas na Vila Estrutural possuem caráter inovador no Distrito Federal no que se referem à fixação de famílias de baixa renda no local da posse, uma vez que tradicionalmente o GDF promovia remoção com o assentamento da população em outras localidades no entorno ou no Distrito Federal, o que originou muitas das cidades satélites. A fixação da Vila Varjão foi à primeira experiência neste sentido, e ainda não se encontra totalmente concluída. O Projeto Integrado Vila Estrutural – PIVE possui como meta a regularização fundiária, englobando aspectos urbanísticos, ambientais, socioeconômicos e jurídico-legais, e encontra-se ancorado na ampla participação da comunidade em todas as fases do processo. 21 O projeto é composto de PDLI, PTS e PSI, e se utiliza dos instrumentos jurídicosurbanísticos da Zona Especial de Interesse Social – ZEIS e da Concessão do Direito Real de Uso – CDRU, para flexibilizar os parâmetros urbanísticos, jurídicos e cartoriais e ofertar à população de menor renda, habitação regular e cidadania. Fundamenta-se no consenso, hoje existente no Distrito Federal, sobre a necessidade da regularização fundiária da Vila Estrutural. Portanto, sua fixação e urbanização se constitui no melhor modo de preservar os atributos ambientais do Parque Nacional de Brasília além, de atender aos anseios da comunidade da Vila Estrutural em relação ao seu direito a moradia. A participação da comunidade nas discussões com vistas à elaboração do Projeto Urbanístico foi iniciada de forma sistemática em maio de 2006. Os primeiros meses de trabalho foram dedicados à identificação dos desejos e anseios da população e esclarecimentos sobre os condicionantes urbanísticos, ambientais e legais que norteavam a regularização da Vila. Posteriormente a esta etapa,seguiu-se a fase de discussão das alternativas de Projeto, seja de desenho das vias, localização de equipamentos e desobstrução de áreas não passíveis de ocupação, com maior ênfase nas relocações/reassentamentos necessários. O tema do reassentamento/relocação sempre esteve presente nas reuniões com a comunidade, que possibilitaram um fortalecimento do papel das lideranças locais. A população, que muito lutou pela fixação da cidade, vivencia diariamente os conflitos gerados por sua localização, ao mesmo tempo, próxima ao aterro sanitário e ao Parque Nacional. A permanência, tanto do aterro sanitário como da Vila Estrutural nas proximidades do PNB, sempre foram rejeitadas pelos ambientalistas. Todavia, um conjunto de fatores sociais, econômicos e políticos criaram as possibilidades de fixação da Vila, que vinculou obrigatoriamente à desativação do aterro sanitário e sua recuperação. As intervenções em áreas ocupadas de forma espontânea, caracterizadas pela alta densidade populacional de baixo poder aquisitivo e por localizar-se em áreas rurais ou de proteção ambiental, impróprias à ocupação urbana, implicam quase sempre em relocações/reassentamentos de famílias. No caso da Vila Estrutural, as áreas impróprias para ocupação foram bem definidas no Estudo de Impacto Ambiental – EIA/RIMA, que se preocupou com a qualidade de vida das famílias que habitariam a vila e com a preservação do PNB, Unidade de Conservação de grande relevância devido a sua dimensão, biodiversidade e ainda por abrigar um dos mananciais que abastecem o Distrito Federal. As áreas impróprias à ocupação inseridas na poligonal de estudo do EIA/RIMA são aquelas ocupadas pelo antigo aterro sanitário e as áreas que drenam para o Parque Nacional, 22 localizadas abaixo da cota 1.110m. Na elaboração do projeto urbanístico, o processo de ordenamento, qualificação urbana e estruturação viária também obrigaram que fossem desocupadas/desobstruídas áreas garantindo acessibilidade, segurança, saneamento, saúde, educação, assistência social e cultura aos moradores. No início dos trabalhos a população tinha uma enorme desconfiança em relação à sua fixação no local. No decorrer do processo de discussão e construção do projeto, estando superada a possibilidade de remoção, a população passou a discutir e conhecer as razões e as necessidades de relocação/reassentamento das famílias que ocupavam áreas impróprias na Vila e as soluções apresentadas para as diferentes situações. A concepção urbanística do Projeto foi finalizada em setembro de 2006 quando foram intensificados os procedimentos de esclarecimento e informação da população, que resultou no recebimento sugestões para alterações e ajustes no projeto. Em decorrência das reuniões com a comunidade e das audiências públicas voltadas a toda a comunidade do Distrito Federal, foram realizados ajustes na proposta urbanística, que posteriormente foi detalhada como projeto de urbanismo. Durante as reuniões, os condicionantes urbanísticos e ambientais que fundamentaram as relocações/reassentamentos, foram exaustivamente explicadas e discutidas com os diferentes grupos em que foram divididos a população, conforme suas especificidades e características. Dois grupos, os comerciantes/prestadores de serviços do setor de oficinas e os chacareiros colocaram grande resistência à desocupação das áreas, fato que obrigou o GDF a promover cadastros específicos e formação de comissões para avaliações de atributos que permitissem qualificar as famílias aptas a receberem lotes diferenciados. A proposta de ordenamento territorial resultante das inúmeras reuniões e discussões contempla a permanência de todos os moradores desde que atendam aos critérios estabelecidos na legislação em vigor para a área, havendo a necessidade de relocar/reassentar 903 (novecentas e três) famílias/comerciantes/prestadores de serviços. 8.1.1. Identificação das famílias a serem Relocadas/Reassentadas. As 903 famílias/comerciantes/prestadores de serviços que deverão ser relocadas e reassentadas ocupam atualmente áreas que representam interferências na implantação de infra-estrutura e nas ações de urbanização ou áreas de comprometimento ambiental. 23 Quadro 1. Distribuição das edificações/lotes por condicionantes de relocação / reassentamento Item Localização Edificações Edificações ocupadas ou Total de Lotes Edificações Vazios Relocação 1 Área do antigo aterro do lixo 342 4 346 2 Setor de Chácaras - Santa Luzia, Cabeceira 288 3 291 Lotes/ para do Valo e Pioneiros e Grandes Áreas 3 Obstrução do Sistema Viário 143 2 145 4 Revisão do Projeto de Drenagem 6 0 6 Sub- Total-1 779 9 788 5 95 20 115 Sub-Total -2 95 20 115 Total 874 29 903 Setor de Oficinas Para fins da elaboração desse Plano, e para garantir uma margem de segurança, foram contabilizadas todas as edificações, mesmo aquelas vazias, ou em construção, já que a realidade da Vila é dinâmica e a ocupação desses lotes e edificações acontece rapidamente. Assim, as 903 famílias/comerciantes/prestadores de serviços que ocupam as edificações foram classificadas em três grupos (ver Quadro 2): ¾ 1º- O primeiro grupo é formado por 718 famílias residentes em áreas urbanas, que necessitam desocupar o local onde vivem atualmente, seja por condicionantes ambientais ou urbanísticos. Essas famílias serão realocadas para outros setores dentro da própria Vila Estrutural e receberão lotes unifamiliares, regularizados, dotados com uma unidade habitacional com infra-estrutura. ¾ 2 º - O segundo grupo é formado por 115 comerciantes/prestadores de serviços, que formam o antigo setor de oficinas. Esses comerciantes e prestadores de serviços serão relocados para uma área destinada para esse fim dentro da Vila Estrutural e receberão 24 lotes de uso misto, regularizados, dotados de infra-estrutura. Existem locais onde não há exercício de atividade comercial, apenas uso residencial. Os que não exercem atividades comerciais receberão lotes de uso residencial. 3º - O terceiro grupo é formado por 70 famílias que residem em chácaras e que ¾ foram classificadas como tendo aptidão agrícola pela Secretaria de Agricultura e Pecuária do DF. Estas famílias serão reassentadas em uma área rural localizada fora da Vila Estrutural, mais precisamente no Núcleo Rural Monjolo, localizado na Cidade do Recanto das Emas, e receberão um lote rural, regularizado, dotado de uma unidade habitacional e infra-estrutura. Quadro 2. Quantitativo das relocação/reassentamento por tipo de uso. Quantitativo Item Tipo de uso da Edificação Lotes 1 Residenciais urbanos* 718 Comércio/prestação de serviços - uso misto urbanos 2 ** 115 3 Rurais *** 70 Total 903 * Foram consideradas residenciais, todas as ocupações utilizadas para esse fim localizadas na malha urbana, nos setores de chácaras (que não foram consideradas aptas a receber lote rural pela SEAPA), incluindo edificações vazias ou sem morador, lotes em construção e lotes cercados sem construção. ** Foram consideradas de uso misto – comercio/prestação de serviços, todas as ocupações localizadas no antigo Setor de Oficinas, incluindo edificações vazias ou sem morador, lotes em construção e lotes cercados sem construção. Existem locais onde não há exercício de atividade comercial, apenas uso residencial. *** Foram consideradas edificações com perfil/atividade agrícola, aqueles considerados aptos pela SEAPA, as demais edificações dos setores de chácaras foram incluídas na modalidade Relocação Urbana de Edificações Residenciais. Portanto, serão relocados no perímetro da Vila 833 famílias / comerciantes / prestadores de serviço, e reassentadas 70 famílias no Núcleo Rural Monjolo. O mapa constante do Anexo 1 contém a localização das famílias/comerciantes/prestadores de serviços, que necessitam ser relocadas/reassentadas, que estão situadas em locais 25 como: Setor de Chácaras Santa Luzia, Colônia Agrícola Pioneiros, Colônia Agrícola Cabeceira do Valo, chácaras localizadas na malha urbana, Setor de Oficinas, parte das quadras: 04, 06, 08, 10, 12, 13, 14, 15, 16, 17; AE 01/02 e AE 04. Quadro 3. Resumo das necessidades para relocação/reassentamento por localidade (Nº Distribuição das demandas por tipo Localização Misto/urbano Rural 185 - 37 222 - 09 18 03 - 23 26 10 - 01 11 Setor de Oficinas - 115 - 115 Quadra 04 10 - - 10 Quadra 06 05 - - 05 Quadra 08 55 - - 55 Quadra 09 01 - - 01 Quadra 10 02 - - 02 Quadra 12 273 - - 273 Quadra 13 07 - - 07 Quadra 14 01 - - 01 Quadra 15 16 - - 16 Quadra 16 12 - - 12 Quadra 17 93 - - 93 AE 01/02 26 - - 26 AE 04 10 - - 10 TOTAL 718 115 70 903 Luzia Colônia Agrícola Pioneiros 09 Colônia Agrícola Cabeceira do Valo Chácaras localizadas na malha urbana de Famílias/Comerciantes/ Residencial/urbano Setor de Chácaras Santa Total Prestadores de Serviços) Num primeiro momento, para viabilizar as obras de implantação do Anel Viário, foi necessário priorizar a relocação de 58 famílias/comerciantes/prestadores de serviços que interferem diretamente com as obras, sendo que destes 5 receberão lote rural, 5 são 26 comerciantes/prestadores de serviços, que receberão lotes de uso misto, comercio/residência e os 48 restantes são famílias que receberão lotes urbanos unifamiliares. 8.1.2 Caracterização dos ocupantes a serem relocados/reassentados No período de 16/05 a 31/10/2007, foi realizada pesquisa censitária das famílias que ocupam as edificações que necessitam ser relocadas ou reassentadas, ou seja, naquelas afetadas pelos condicionantes ambientais ou urbanísticas, cujo cumprimento resultou na aprovação do Projeto Urbanístico. O universo da pesquisa compreende as 903 edificações/lotes, localizadas no Setor de Chácaras Santa Luzia, Colônia Agrícola Pioneiros, Colônia Agrícola Cabeceira do Valo, chácaras localizadas na malha urbana, Setor de Oficinas, parte das quadras: 04, 06, 08, 10, 12, 13, 14, 15, 16, 17; AE 01/02 e AE 04. A Pesquisa Censitária foi realizada com o ocupante, não sendo solicitado documentos de comprovação, sejam de identificação pessoal ou de residência. Em virtude de existirem lotes em construção, vazios ou cuja construção estava abandonada, 29 lotes não tiveram seus ocupantes identificados. Outros 24 lotes, após diversos retornos das equipes de pesquisadores, não puderam também ser identificados perfazendo um total de 53 lotes/edificações que não foram identificados seus ocupantes do universo de 903 lotes que deverão ser desconstituídos. Portanto, apesar de serem 903 lotes que ocupam áreas non aedificandi , de acordo com o projeto urbanístico, foram pesquisados somente 874 famílias pelas razões acima descritas. Em decorrência da informalidade que vigora no sistema de endereçamento, para realização da pesquisa, foi necessário realizar compatibilização entre endereçamentos utilizados pela CAESB e CEB, além dos existentes na SEDUMA e SEDEST, uma vez que não havia sido publicado o ajuste de endereçamento da VOI 2004 quando a pesquisa foi realizada. Foram pesquisadas 346 edificações urbanas situadas nas Quadras 8, 12 e 17 em função da desocupação da área do antigo aterro sanitário e 291 edificações situadas nos setores de chácaras e nas chácaras internas à malha urbana, devido à restrição de ocupar áreas que drenam para o PNB ou que necessitam ser reparceladas para abrigar equipamentos e novos lotes para relocação. Em função de interferências com o sistema viário foram pesquisadas 145 edificações, devido à necessidade de relocação de lotes do antigo setor de oficinas que ocupam áreas que drenam para o PNB, pesquisou-se mais 115 lotes devido a alterações realizadas no 27 projeto de drenagem pluvial e mais 6 lotes por localizar na faixa de domínio das redes de infra-estrutura. 28 29 Figura 1. Percentual de relocação por localidade, em relação ao universo 3 0 ,3 3 Q uadra 1 2 2 4 ,8 0 C h á c a r a S a n ta L u z ia 1 2 ,9 7 S e to r d e O fic in a s 1 0 ,2 6 Q uadra 1 7 6 ,0 9 Q uadra 8 C o lô n ia A g r íc o la C a b e c e ir a d o V a lo C h á c a r a In t e r n a C h á c a r a P io n e ir o s O u tr o s 2 ,9 3 2 ,4 8 2 ,0 3 8 ,1 2 Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária - 10/2007 Consta no Anexo 6, o levantamento cadastral, com todas as informações das famílias e das edificações coletadas na pesquisa censitária realizada. Para entendimento da tabela vale ressaltar que por “Endereço COBRAPE” ficou denominado aquele proveniente do levantamento topográfico, exceto para o Setor de Chácara Santa Luzia, o qual não foi objeto de levantamento topográfico em virtude de sua desconstituição ser pré-requisito para aprovação do projeto urbanístico. Para o setor foram criado códigos específicos que permitiram o relacionamento entre formulários e a localização das edificações em planta e em campo. A coluna Identificação/Morador é utilizada para relacionar o chefe de família e respectivo cônjuge, ocupantes das edificações pesquisadas. No caso de edificação e lotes localizados no Setor de Oficinas, corresponde ao entrevistado responsável pelas informações prestadas. Nos setores de chácaras, a pesquisa censitária foi aplicada em parceria com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – SEAPA, com o objetivo de apontar as famílias com atividade ou perfil agrícola produtivo, determinando se o caso era de relocação ou reassentamento, uma vez que, as famílias classificadas neste perfil serão reassentadas em lotes rurais, e as demais serão relocadas em lotes urbanos inseridos na Vila Estrutural. A SEAPA classificou 70 famílias, do total das 291 famílias pesquisadas nos diferentes setores de chácaras e nas chácaras inseridas no tecido urbano da Vila para relocação/reassentamento, como possuidoras de atividade/perfil agrícola, sendo este número considerado para efeito de reassentamentos no Núcleo Rural. As demais 221 30 famílias residentes em chácaras, não classificadas neste perfil, serão relocadas em lotes residenciais na Vila. Utilizando os conceitos de relocação e de reassentamento acima descritos, tem-se como objeto deste Plano, a relocação/reassentamento de 903 (novecentas e três) famílias/comerciantes /prestadores de serviços, observadas as diretrizes do projeto urbanístico de manter todos os moradores, mesmo aqueles que ocupavam áreas de risco e de proteção ambiental que ficaram fora da poligonal de projeto definida como passível de urbanização. 8.1.2.1 Perfil sócio-econômico das famílias Relocadas/Reassentadas O perfil sócio-econômico da população afetada pelas obras na Vila Estrutural foi elaborado a partir de dados obtidos na pesquisa censitária, e também na percepção da equipe de Trabalho Social (técnicos e pesquisadores de campo) que usou o momento da aplicação dos formulários de pesquisa como estratégia para fazer um novo contato e manter uma maior aproximação com a população afetada pelo projeto, criando condições para divulgar e discutir o PIVE e os benefícios dele decorrentes. Foi possível verificar que as áreas passíveis de relocação/reassentamento são, em sua maioria, áreas que se localizam mais distantes dos serviços e equipamentos públicos, como posto de saúde, escola e transporte coletivo, e também apresentam uma maior precariedade e irregularidade em relação a edificação, ao consumo e pagamento de taxas de água e energia elétrica. Um dos aspectos de maior relevância em relação às moradias afetadas é o tempo de residência dos ocupantes na Vila Estrutural. Dentre as famílias passíveis de relocação/reassentamento pesquisados, mais de 60% estão fixação na área a mais de 5 anos. Figura 2. Tempo de residência na área M e n o s d e 1 an o E n tr e 1 e 3 a n o s 4 ,7 9 1 1 ,8 6 2 4 ,0 7 E n tr e 4 e 5 a n o s 3 7 ,6 0 E n tr e 6 e 1 0 a n o s E n tr e 1 1 e 1 5 a n o s 1 0 ,9 0 M a is d e 1 5 a n o s 1 0 ,7 8 Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária - 08/2007 31 Por meio de constatações visuais realizadas nos percursos de campo foi possível identificar que, apesar da precariedade 1 das moradias em geral, aquelas que serão afetadas diretamente pelo projeto sendo objeto de relocação/reassentamento são as que apresentam maior índice de precariedade. Dentre os aspetos relativos à construção das moradias afetadas é possível destacar: 58,92% são de retalhos de madeira/madeirite; 97% têm telhado de amianto; 72,65% têm o piso de cimento; 99% possuem apenas 1 pavimento. Figura 3. Padrão construtivo da edificação 37,01 Alvenaria 58,92 Madeira 3,47 Misto Outro 0,60 Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária - 10/2007 Figura 4. Tipo de Piso 20,36 Chão 72,65 Cimento 6,87 Cerâmica Madeira 0,12 Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária - 10/2007 1 O termo precariedade é utilizado aqui como um conjunto de fatores que incluem nível do acesso das moradias a água, a esgoto, a existência de banheiro interno, a coleta de lixo sistemática e periódica, o padrão construtivo do imóvel, tipo de piso e cobertura. 32 Abaixo podemos visualizar um exemplo das condições de precariedade das moradias a serem relocadas. Ao fundo na foto, podemos observar a ligação clandestina de energia elétrica, fato de se repete com freqüência dentre as famílias pesquisadas. A pesquisa revela que 98% delas declararam possuir energia elétrica, porém apenas 51,79% pagam por ela, o que caracteriza um alto nível de ligações clandestinas. O valor médio pago por mês varia entre R$ 11,00 e R$ 30,00. Figura 5. Casa pesquisada no Setor de chácara Santa Luzia. Figura 6. Pagamento de energia elétrica. 5 1 ,7 9 S im 4 7 ,4 9 N ão N ã o p o s s u i e n e r g ia e lé tr ic a 0 ,7 2 Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária -10/2007 Sobre os demais serviços de infra-estrutura urbana disponível na Vila Estrutural constatouse que dos ocupantes passíveis de relocação /reassentamento, 68% são consumidores de água fornecida pela CAESB; 81,49% não possuem caixa d’água; 18,82% não possuem banheiro no interior da moradia; 97% utilizam fossa negra e apenas 33% possuem coleta regular de lixo. Das famílias entrevistadas, 61% declaram não possuir telefone público próximo de sua residência e 85% delas não recebem correspondência em casa, o que, na opinião das 33 famílias é um fator de exclusão sócio-espacial. A falta de endereçamento oficial é um dos problemas que mais afetam as famílias repercutindo social e economicamente na sua qualidade de vida, uma vez que não conseguem comprovar residência nem receber correspondências e mercadorias no domicílio. Figura 7. Recebimento de correspondência. 1 3 ,6 9 S im 8 5 ,9 4 N ão N ão sab e 0 ,3 7 Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária - 10/2007 A deficiência de saneamento básico e a proximidade ao aterro sanitário interferem diretamente na saúde da população, principalmente das famílias que manejam se utilizam dos resíduos sólidos para auferir renda e das crianças que brincam nos espaços públicos não urbanizados onde o esgoto corre a céu aberto se misturando com as águas pluviais na época das chuvas. A pesquisa revelou que a maioria das doenças relatadas pelos moradores estão relacionadas à ausência de saneamento básico. Constatou-se que as doenças de maior incidência são: diarréia, verminose e doenças de pele. Dentre os entrevistados 67,75% utilizam os serviços do posto de saúde da Vila Estrutural e do Guará. Quanto ao uso dos imóveis foi possível verificar que: 85,71% das famílias utilizam o imóvel apenas como residência; 8,64% das famílias residem e exploram alguma atividade comercial ou de prestação de serviços e apenas 4,56% das famílias utilizam a edificação para comércio ou prestação de serviço. Mas uma vez comprova-se que as relocações do tipo comércio/prestação de serviços que referem-se aos 115 lotes do antigo setor de oficinas, não são todas para esse fim, sendo lícito o GDF relocar as famílias que comprovadamente não exercem atividades comerciais em lotes residenciais. 34 Figura 8. Uso da edificação. 8 2 ,7 1 R e s id e n c ia l 8 ,6 4 M is to C o m é r c io / S e r v iç o C hácara Ig r e j a 4 ,5 6 3 ,1 2 0 ,9 6 Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária – 10/2007 Em relação ao regime de ocupação do imóvel 84,15% das famílias declararam que os imóveis ocupados são próprios, 9% cedido, 5,04% invadido e 1,68% alugado. As famílias pesquisadas têm como características principais o número de membros em consonância com a média nacional (3,62 membros por moradia) e a baixa escolaridade, principalmente dos chefes de família e cônjuges. Na pesquisa realizada constatou-se que em 49% das famílias o número de membros do sexo feminino é maior que o masculino. As mulheres exercem o papel de chefe de família em 60,71% delas, possuindo essas chefes, a idade na faixa de 20 a 40 anos. As famílias são constituídas por membros com idade entre 0 a 18 anos, 49%, o que representa uma população jovem. Somente 2,58% dos membros das famílias possuem mais de 60 anos. Figura 9. Faixa etária familiar. 3 7 ,6 7 A té 1 2 a n o s 1 1 ,4 1 D e 1 3 a 1 8 a n o s 1 3 ,8 0 D e 1 9 a 2 5 a n o s 1 6 ,5 1 D e 2 6 a 3 4 a n o s 1 0 ,9 5 D e 3 5 a 4 5 a n o s 5 ,8 5 D e 4 6 a 5 5 a n o s D e 5 6 a 6 5 a n o s M a is d e 6 5 a n o s 2 ,3 3 1 ,4 9 Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária - 10/2007 Dentre as famílias pesquisadas 11,5% possuem deficientes na família. 35 Figura 10. Deficientes na família. 11,50 Sim Não 88,50 Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária - 10/2007 Quanto à naturalidade dos chefes de família, cerca de 50% deles são naturais do nordeste, com destaque para os estados da Bahia e do Maranhão. Entre os membros, cerca de 52% são naturais do Distrito Federal, o que comprova que as famílias já residem no DF a algum tempo. Dos chefes de família pesquisados, cerca de 55%, possuem formação escolar de nível fundamental (de 1ª e a 5ª serie. Entre os membros da família, 46% estão estudando atualmente e cursam, prioritariamente as séries do ensino fundamental. Ressalta-se que 8,15% dos chefes de famílias são analfabetos e que a média de escolaridade geral dos membros da família é de apenas 5 anos de estudo. Figura 11. Escolaridade. 1 0 ,2 8 A n a lf a b e to Cre che 1 º a n o E n s in o F u n d a m e n ta l 6 ,2 5 9 ,4 7 8 ,6 0 7 ,5 0 2 º a n o E n s in o F u n d a m e n ta l 3 º a n o E n s in o F u n d a m e n ta l 4 º a n o E n s in o F u n d a m e n ta l 1 0 ,8 3 1 1 ,4 9 5 º a n o E n s in o F u n d a m e n ta l 6 º a n o E n s in o F u n d a m e n ta l 7 º a n o E n s in o F u n d a m e n ta l 8 º a n o E n s in o F u n d a m e n ta l 9 º a n o E n s in o F u n d a m e n ta l S u p le tiv o E n s in o F u n d a m e n ta l 6 ,9 9 4 ,6 8 7 ,6 1 0 ,2 9 0 ,5 1 3 ,6 6 1 ª S é r ie E n s in o M é d io 2 ª S é r ie E n s in o M é d io 3 ª S é r ie E n s in o M é d io S u p le tiv o E n s in o M é d io E n s in o S u p e r io r In c o m p le to E n s in o S u p e r io r C o m p le to N ão sab e 2 ,2 3 6 ,9 9 0 ,7 3 0 ,9 1 0 ,3 7 0 ,6 2 Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária - 10/2007 36 De acordo com dos dados obtidos, 27,27% dos chefes de família, são trabalhadores autônomos que não contribuem para a Previdência Social, seguidos de 21,21% de donas de casa e 18,18% desempregados. Entre os chefes que possuem ocupação, 67,51% trabalham principalmente no setor de serviços demonstrando o alto índice de vulnerabilidade social da área afetada. Quadro 4. Situação do emprego Chefe Outros % Total membros % % Estudante 0,15 35,64 25,37 Autônomo sem INSS 36,09 19,57 24,35 Dona de Casa 21,30 7,59 11,55 Emprego com Registro 12,57 10,23 10,91 Emprego sem Registro 12,28 6,56 8,22 Desempregado 9,62 6,62 7,49 Aposentado 3,40 1,51 2,05 Autônomo com INSS 2,37 0,78 1,24 Trabalho Temporário (bico) 0,74 1,32 1,16 Pensionista 0,44 0,18 0,26 Servidor Público 0,15 0,06 0,09 Outro 0,74 9,87 7,23 Não sabe 0,15 0,06 0,09 Total 100,00 100,00 100,00 Resposta Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária - 10/2007 A renda de 90% dos chefes é de até dois salários mínimos, sendo que 56% recebe até um salário mínimo, demonstrando ser a população altamente carente e desprovida de condições econômicas para adquirir bens de consumo duráveis. Quadro 5. Distribuição de renda familiar. Chefe Outros % Total membros % % Até 1/2 SM 15,10 12,21 13,48 Mais de 1/2 até 1 SM 41,57 47,02 44,64 Mais de 1 até 2 SM 34,51 33,59 33,99 Mais de 2 até 3 SM 4,71 4,58 4,64 Mais de 3 SM 4,12 2,60 3,26 Total 100,00 100,00 100,00 Renda Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária - 10/2007 Renda e escolaridade são os indicadores mais usados nos estudos da desigualdade social, principalmente pelo IBGE. Embora de alcance limitado, tais indicadores permitem uma 37 leitura do perfil socioeconômico das comunidades. Essa relação é apresentada na tabela abaixo: Quadro 6. Escolaridade x Renda dos membros das famílias Até 1/2 SM Escolaridade Mais de 1/2 Mais de 1 até Mais de 2 até Mais de 3 Total até 1 SM 2 SM 3 SM SM % % % % % % Analfabeto 9,09 30,77 5,56 0,00 0,00 16,95 Creche 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 45,45 11,54 11,11 0,00 0,00 16,95 0,00 7,69 0,00 0,00 33,33 5,08 0,00 3,85 22,22 0,00 0,00 8,47 9,09 3,85 22,22 0,00 0,00 10,17 27,27 3,85 0,00 0,00 0,00 6,78 9,09 7,69 0,00 0,00 0,00 5,08 0,00 3,85 11,11 0,00 0,00 5,08 0,00 19,23 5,56 0,00 0,00 10,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1ª Série Ensino Médio 0,00 0,00 5,56 0,00 0,00 1,69 2ª Série Ensino Médio 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3ª Série Ensino Médio 0,00 3,85 16,67 100,00 33,33 10,17 Supletivo Ensino Médio 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 33,33 1,69 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 1º ano Ensino Fundamental 2º ano Ensino Fundamental 3º ano Ensino Fundamental 4º ano Ensino Fundamental 5º ano Ensino Fundamental 6º ano Ensino Fundamental 7º ano Ensino Fundamental 8º ano Ensino Fundamental 9º ano Ensino Fundamental Supletivo Ensino Fundamental Ensino Superior Incompleto Ensino Completo Total Superior Fonte: COBRAPE/ Pesquisa Censitária - 10/2007 38 8.2. Áreas criadas para relocações/reassentamentos As áreas disponíveis para Relocação e Reassentamento foram apontadas na proposta urbanística tendo como base a ortofoto de 2005. Os lotes residenciais e destinados ao comércio e serviços estão situados prioritariamente em áreas de chácaras que serão reparceladas para uso urbano e também em áreas intersticiais do tecido urbano que o processo de ordenamento e estruturação da Vila permitiu a criação. Foram criados 746 lotes urbanos residenciais com o reparcelamento de algumas chácaras (chácaras dos Pioneiros – quadras 06, 07 e 08 do Setor Oeste) que correspondem em projeto à expansão da ocupação atual. O reordenamento e a estruturação viária da ocupação permitiram a criação de 332 lotes urbanos residenciais intersticiais, perfazendo a proposta de um total de 1.078 novos lotes urbanos residenciais. Dos 332 lotes urbanos residenciais intersticiais passíveis de uso para relocação, parte dos lotes estava (até julho de 2007) totalmente livre e outra parte apresentava algum tipo de restrição para ocupação, como: cercas, casas, animais, depósitos, etc. O Anexo 2 contém a planilha detalhada dos lotes residenciais intersticiais criados disponíveis para relocação. A seguir apresenta-se o mapa com a localização de todos os lotes urbanos disponíveis para relocação na Vila Estrutural. (Anexo 3) Os 75 lotes de uso misto criados para relocação dos comerciantes/prestadores de serviços do setor de oficinas resultaram do reparcelamento de chácaras contíguas ao setor de comercio e serviços que foi preservado no projeto urbanístico. A área dos lotes criados foi fixada em 150 metros quadrados, para atender a um número maior de comerciante/prestadores de serviços localizados no antigo setor de oficinas, na área que drena para o PNB. Para atender a demanda das famílias com aptidão agrícola foram criados no Núcleo Rural Monjolo, na Região Administrativa do Recanto das Emas, loteamento com 102 lotes de dois hectares. 39 40 Quadro 7. Resumo da disponibilidade de lotes para relocação/reassentamento. Disponibilidade de Lotes Nº de Lotes Lotes Urbanos Residenciais criados pelo Projeto Urbanístico 746 Lotes Urbanos Residenciais Intersticiais criados - Livres sem restrição 38 Lotes Urbanos Residenciais Intersticiais criados - Livres com restrição 294 Total de Lotes Residenciais 1078 Lotes Urbanos de Uso Misto criados 75 Total de Lotes Urbanos criados relocação 1153 Lotes Rurais criados para famílias com perfil/atividade agrícola 102 Total de Lotes rurais criados reassentamento 102 Total de Lotes Disponíveis para Relocação e Reassentamento 1255 A tabela abaixo apresenta o quadro de disponibilidade de lotes urbanos, residenciais e mistos, e dos lotes rurais criados para atendimento às famílias relocadas/reassentadas. Quadro 8. Disponibilidade de áreas para relocação/reassentamento Endereços urbano e N.° total de N.° lotes para atendimento a demandas por tipo rurais de (por Quadra) Quadra lotes Residencial/urbano Misto/urbano Rural criados 08 Setor 255 255 - - 07 Setor 308 308 - - 06 Setor 183 183 - - Oeste Quadra Oeste Quadra Oeste Quadra 02 SCSV 62 62 Quadra 01 SCSV 13 13 Lotes Intersticiais 332 332 - - Núcleo rural Monjolo 102 - - 70 TOTAL 833 75** 70* 1255 Observações: * Apesar de terem sido criados somente 75 novos lotes de uso misto para atendimento dos antigos oficineiros, está comprovado por pesquisa realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico que das 115 famílias de comerciantes/prestadores de serviços que deverão ser relocados do antigo setor de oficinas, somente 46 lotes são 41 ocupados por atividades comerciais/prestação de serviços sendo; 09 empresas com CNPJ e 37 empresas sem CNPJ. Existem ainda, 03 lotes onde se desenvolve as atividades de residência/comercio, totalizando assim 49 lotes onde se desenvolve algum tipo de atividade comercial ou de prestação de serviços. A pesquisa revelou ainda que, 57 lotes são ocupados estritamente por atividades residenciais, correspondendo a 42,22% do total. Portanto os 75 lotes criados são suficientes para atender a demanda de comercio e prestação de serviços, sendo ainda possível relocar 26 comerciantes que trabalham com madeireira, depósito de materiais de construção e serralheiros, que se localizam nos principais eixos de circulação da Vila, possibilitando uma melhor organização da cidade. (Ver no Anexo 5, resultado da pesquisa realizada sobre as atividades/ocupação no antigo setor de oficinas) As famílias ocupantes das áreas ambientalmente impróprias do antigo setor de oficinas receberão lotes residenciais na Vila Estrutural. Destaca-se que a opção do Governo pela instituição da ZEIS Vila Estrutural - Zona Especial de Interesse Social da Vila Estrutural, pela realização de estudos técnicos de sondagem da área do antigo aterro reduzindo a área de risco ambiental previamente definida, bem como pela realização do trabalho de forma integrada e sistêmica, possibilitou a solução dos problemas acima descritos e a redução das remoções estimadas nos 3 cenários apontados pelo EIA/RIMA, que previam respectivamente a remoção de: 349, 2.078 e 2.474 famílias. A criação de novos lotes em número suficiente para atender as relocações na poligonal da Vila Estrutural (ver Quadro 9) permitiu que fossem mantidos os laços afetivos entre as famílias, bem como os relacionamentos com os órgãos governamentais como escola, serviço social, saúde e outros que mantêm programas na comunidade. A intervenção como projetada virá a melhorar em muito pouco tempo as condições de vida da população, que disporá de equipamentos e serviços de infra-estrutura básica de qualidade e em quantidade suficiente, sem a necessidade de deslocamento para cidades próximas, reduzindo custos e tempo de deslocamento. A seguir apresenta-se o mapa dos Lotes rurais se localizam no Núcleo Rural Monjolo que contem 102 lotes rurais dos quais serão utilizados somente 70 para reassentamento das famílias da Vila Estrutural (Anexo 4) 42 43 O Quadro 9 a seguir demonstra que os lotes criados são em número suficiente para abrigar todas as famílias levantadas: Quadro 9. Paralelo entre os lotes necessários e os lotes disponibilizados para relocação/reassentamento. Necessidades de lotes Lotes criados relocação/reassentamento Famílias 718 Subdivisões 746 Intersticiais 38 Ocupantes de livres* lotes de uso Uso Residencial misto que não exercem 40 758 Uso Residencial 784 atividades comerciais Uso misto 75 75 Uso misto 75 75 Uso rural 70 70 Uso rural 102 102 Total lotes necessários 903 Total lotes criados 961 * Não foram computados os lotes intersticiais com restrições, a fim de comprovar a possibilidade de número suficiente de lotes disponíveis sem restrições para ocupação. A grande conquista do trabalho conjunto do GDF/Comunidade foi não só a viabilização da fixação da Vila Estrutural com todas as condições de urbanidade como também, diminuir as remoções da população e promover relocações e reassentamentos inevitáveis observando e atendendo as necessidades resultantes das atividades desenvolvidas pelos grupos identificados entre os afetados pelo projeto. A manutenção de um escritório local, no período de maio de 2006 até janeiro de 2008, onde foram realizadas reuniões e mantido plantão de esclarecimentos e informações à população, foi essencial para o estabelecimento de um canal de comunicação que deu credibilidade e legitimou o Projeto junto à comunidade. O trabalho social que se manteve junto à comunidade evoluiu da fase de discussão do Projeto Urbanístico, quando foram definidas as áreas que seriam removidas e os locais de reassentamento da população, para se dedicar a um melhor conhecimento do perfil sócio econômico das famílias a serem relocadas e na construção de uma estratégia de operacionalização das relocações/reassentamento, articulados às obras de infra-estrutura de urbanização. 44 9. Alternativas De Relocação/Reassentamento Dentro do contexto da Política Habitacional do Distrito Federal, foram avaliadas as alternativas possíveis para viabilizar a relocação e o reassentamento necessários para a realização do Projeto Integrado da Vila Estrutural. A alternativa desejável - que se configura através da relocação das famílias em lotes regulares, internos à poligonal que define a área, dotados de infra-estrutura e contendo unidades residenciais - tornou-se possível tanto pela disponibilização da quantidade necessária de lotes quanto pela viabilização de recurso financeiro do Governo Federal, através da Caixa Econômica Federal, conforme será explicitado em item adiante. 9.1 Formas de relocação/reassentamento As alternativas de relocação/reassentamento devem possibilitar a melhoria da qualidade de vida e das condições de moradia, e quando possível, a manutenção dos laços de vizinhança e comunitários. É necessário considerar que as famílias possuem necessidades diferentes apesar de estarem inseridas num mesmo contexto, e com isso podem demandar soluções diferenciadas para melhor solucionar seus problemas e necessidades. Desta forma, foram adotadas as seguintes alternativas para atender as necessidades das famílias/comerciantes/prestadores de serviços que serão relocados/reassentados, considerados habilitados a firmarem Contratos de Concessão de Direito Real de Uso – CDRU de acordo com os critérios de elegibilidade, a serem melhor explicados no item seguinte: 1. Lote urbano residencial regularizado e dotado de infra-estrutura e contendo uma unidade habitacional em alvenaria com área de 40 metros quadrados entregue pelo GDF; 2. Lote urbano de uso misto, no Setor de Comércio e Serviços - SCSV, regularizado e dotado de infra-estrutura. Essa opção aplica-se apenas aos ocupantes do antigo setor de oficinas da Vila Estrutural classificados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico; 3. Lote rural regularizado, dotado de infra-estrutura e contendo uma unidade habitacional em alvenaria com área de 40 metros quadrados entregue pelo GDF. Essa opção aplica - se às famílias classificadas pela Secretaria de Abastecimento e Agricultura. As famílias receberão do Governo do Distrito Federal auxílio aluguel, auxílio mudança, ou auxílio para retorno à cidade de origem caso necessário. Para as famílias consideradas não aptas, poderão ser adotadas as seguintes alternativas: • Auxilio Mudança; • Auxílio Aluguel; 45 • Auxílio para retorno à cidade de origem; As famílias aptas da relocação receberão os lotes regularizados e dotados de toda infraestrutura necessária, contendo uma unidade residencial a ser entregue pelo GDF. O reassentamento das famílias com perfil agrícola em zona rural é fundamental para se manter preservada sua fonte de renda, agricultura de subsistência e pequenas criações. Todavia o GDF deverá desenvolver programas de subsídios para estas famílias ou mesmo engajá-las em programas pré-existentes assumindo o compromisso de adquirir suas produções de forma a fixá-las no novo local de residência e produção. Outro segmento que merece destaque são os micros e pequenos comerciantes e prestadores de serviços do antigo setor de oficinas que serão relocados para lotes de uso misto, necessitando de apoio e subsídios para reconstituir seu negócio de forma que não perca seu trabalho e fonte de renda e ainda não desempregue seus funcionários. Uma das alternativas de garantir a continuidade e sustentabilidade dos pequenos comerciantes é inseri-los no Programa de Apoio ao Empreendimento Produtivo do DF – Pró DF. 9.2 Sobre os critérios de elegibilidade De acordo com a legislação vigente que definiu a área ocupada pela vila Estrutural como Zona Especial de Interesse Social – ZEIS, são elegíveis, para a Relocação/Reassentamento, todas as famílias residentes na área afetada, identificadas na listagem publicada pela Portaria n.º 90, de 27 de dezembro de 2007, publicada no D.O.D.F de 10 de janeiro de 2008, referente ao ajuste de endereçamento realizado na Verificação de Ocupação de Imóvel - VOI 2004. Essas famílias foram objeto de Pesquisa Censitária realizada entre maio a outubro de 2007, para que fossem colhidas informações complementares para elaboração deste plano. Desta forma, para a formação do grupo de 903 famílias/ comerciantes, foram consideradas aptas à Relocação/Reassentamento e regularização fundiária as famílias que obedecem aos dois critérios de elegibilidade: 1º. Moradores das áreas afetadas que ainda não foram beneficiados por outros programas habitacionais no Distrito Federal; 2º. Moradores das áreas afetadas, que não possuam outros imóveis residenciais no Distrito Federal comprovado por meio de pesquisa cartorial. As famílias aptas de acordo com os critérios acima, possuem prioridade de atendimento conforme as seguintes condições: • Famílias cujas as moradias serão afetadas primeiramente pelas obras; • Famílias com idosos ou com deficientes; • Famílias chefiadas por mulheres; e 46 • Famílias cadastradas, com processos formalizados e já habilitadas. Essas prioridades estão fundamentadas, nas seguintes premissas: 1ª - Necessidade de desocupação de áreas para execução das obras de infra-estruturas; 2ª - Cumprimento da legislação que ampara a pessoa idosa e deficiente; 3ª - Observância das condicionalidades e orientações dos programas sociais em ter a mulher chefe de família como titular das ações; 4ª - Necessidade de agilizar o procedimento de habilitação. Para o reassentamento das famílias em zona rural, além dos critérios de elegibilidade acima descritos e utilizados, para selecionar as famílias com direito a lote rural ou urbano, foi realizada pesquisa com a participação da Secretaria de Agricultura Pecuária e Abastecimento – SEAPA, que definiu critérios para verificação da aptidão agrícola, juntamente com a associação dos chacareiros dos diferentes setores: Valo, Pioneiros e Santa Luzia, para habilitação das famílias residentes em áreas de chácaras. Na relocação dos comerciantes/prestadores de serviços que ocupam áreas impróprias no antigo setor de oficinas também foram aplicados os mesmos critérios de elegibilidade acima descritos. Contudo, também no intuito de definir a demanda potencial de relocação, foi realizada pesquisa pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico para verificação da regularidade e desenvolvimento efetivo das atividades econômicas. 10. Construção de moradias como solução para a relocação/reassentamento Os recursos para a construção das unidades habitacionais destinadas a relocação/reassentamento são provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC do Governo Federal, por meio de contrato firmado com o Governo do Distrito Federal, Contrato de repasse n° 0227.246-59/2007 / Ministério das Cidades / CAIXA.-, no valor total de R$ 58.000.000,00 (Cinqüenta e oito milhões de reais). Os recursos do referido contrato, além de financiarem a construção das unidades residenciais que serão utilizadas para relocação/reassentamento, também financiarão, na Vila Estrutural, o Trabalho Social, a implantação das obras de infra-estrutura de abastecimento de água e a construção de equipamentos públicos. Parte do valor ainda será revertido na construção de mais residências para outras famílias que aderirem ao programa habitacional e atenderem aos critérios estabelecidos pelo GDF, totalizando juntamente com as demais unidades para os relocados/reassentados, 1.356 unidades. 47 Das 903 familias relocadas/reassentadas, 828 familías2 receberão lotes regularizados contendo unidades habitacionais, uma vez que 75 casos correspondem aos oficineiros que receberão apenas lotes regularizados e, portanto, não receberão casas. As famílias que serão relocadas/reassentadas em lotes urbanos residenciais e nos lotes rurais, receberão do GDF um lote regularizado dotado de infra-estrutura e de uma residência em alvenaria com área construída de 40 metros quadrados. Os lotes residenciais criados no projeto de urbanismo possuem dimensões variadas tendo área mínima de 60m2. Os lotes rurais tem área mínima de 2 hectares ou 20.000 metros quadrados e nestes serão implantados fossas e sumidouros em função da dimensão dos lotes e sua localização em relação as redes existentes e projetadas. As unidades habitacionais serão construídas em alvenaria, com área de aproximadamente 40m2, constituída de sala e cozinha conjugados, dois quartos e área de serviço externa, ao custo de R$ 19.844,73 (dezenove mil oitocentos e quarenta e quatro reais e setenta e três centavos). O projeto da casa foi desenvolvido de forma a garantir acessibilidade aos portadores de deficiência, atendendo as recomendações dos códigos e legislações sobre acessibilidade vigentes. Em função do valor fixado pelo PAC como teto para construção de cada unidade habitacional, no valor de R$ 23.0000,00 (vinte e três mil reais), os cinco outros modelos de unidades residenciais desenvolvidos para a Vila, por serem de custo mais elevado e de maior dimensão, não puderam ser ofertados para relocação/reassentamento, mas estarão disponíveis, em projeto, na Administração Regional para as demais famílias. 2 Além destas, 528 famílias, a serem selecionadas pelo GDF , serão contempladas com casas regulares. 48 Figura 12. Planta baixa da edificação ofertada. 49 Quadro 10. Estimativa de custos de implantação da unidade habitacional Item Descrição Total (R$) 1 SERVIÇOS PRELIMINARES 173,67 2 ESTRUTURA E FUNDAÇÕES 4.846,14 3 CONTRA-PISO 848,43 4 ALVENARIA 2.231,96 5 COBERTURA E FORRAMENTO 1.256,37 6 ELÉTRICA 2.202,84 7 ESGOTO 465,61 8 ÁGUA 334,52 9 REVESTIMENTO 1.367,26 10 PORTAS E JANELAS 2.018,53 11 EQUIPAMENTOS SANITÁRIOS E DE COZINHA 491,69 12 PINTURA 599,24 13 IMPERMEABILIZAÇÃO 218,34 SUB-TOTAL GERAL 17.054,60 B.D.I 16,36 % 2.790,13 TOTAL GERAL 19.844,73 Figura 13. Fossa Séptica ou Sumidouro (Para as unidades habitacionais localizadas na área de reassentamento – Núcleo Rural Monjolo) 50 Quadro 11. Custos da fossa séptica Código Descrição dos Itens SER-001 IMPLANTAÇÃO DE FOSSA 040301 ESCAVACAO MANUAL DE VALAS MATERIAL DE PRIMEIRA CATEGORIA, PROFUNDIDADE ATE 1,50M m³ ATERRO COMPACTADO DE VALAS E CAVAS DE FUNDACAO, SEM CONTROLE DO GRAU DE COMPACTACAO m3 ESPALHAMENTO MECANICO DE MATERIAL ESCAVADO m3 ACERTO E COMPACTACAO MECANICA DO FUNDO DE VALA m2 LASTRO DE PEDRA BRITADA COM FORNECIMENTO DO MATERIAL E LANCAMENTO m3 ATERRO DE VALAS E CAVAS DE FUNDACAO COM AREIA DE CAMPO m3 PERFURAÇÃO DE TUBOS PVC PARA VALAS DE INFILTRAÇÃO, COM ESPAÇAMENTOS DE 0,5M m PREPARO E LANCAMENTO DE CONCRETO FCK = 21 MPA m3 FORMAS DE MADEIRA TIPO TABUA PARA FUNDACAO, INCLUSIVE DESFORMA m2 ARMACAO DE ACO CA-50 COM FORNECIMENTO DO MATERIAL, CORTE E DOBRA kg ASSENTAMENTO DE CONEXOES DE D=100MM EM PVC VINILFORT REFORCADO (CURVA, TE, SELIM, ADAP., RED. LUVA) P/ ESGOTO un ASSENTAMENTO DE TUBOS E CONEXOES DE PVC/VINILFORT, JUNTA ELASTICA, DIAMETRO 100MM m CAIXA DE PASSAGEM EM ALVENARIA 30 X 30 X50 CM, INCLUSIVE TAMPAO DE CONCRETO ESP= 7 CM ( TIJOLO MACIÇO ) un MATERIAIS TUBO DE PVC/BRANCO - PBV DN = 100 MM m TUBO DE CONCRETO S/ ANEL A3 D = 1500 mm m 040707 040610 040630 080310 040716 SER-011 080914 080401 080501 090624 090605 093640 SER-003 127809 102059 Unid. Quantidade Preço Unit. Total Tipo 5 18,00 18,45 332,10 3 16,00 13,66 218,56 3 2,00 1,76 3,52 3 347,00 1,90 659,30 3 6,00 76,45 458,70 3 4,50 71,46 321,57 3 30,00 1,87 56,10 5 0,50 293,19 146,59 3 2,00 30,04 60,08 3 30,00 6,75 202,50 3 2,00 3,77 7,54 3 36,00 1,24 44,64 3 1,00 74,24 74,24 3 5 36,00 7,78 280,08 2 2,00 737,76 1.475,52 2 QUADRO RESUMO DO ORÇAMENTO - MATERIAL FORNECIDO PELA EMPREITEIRA Materiais Serviços Total Preço Base Caesb 1.755,60 2.585,44 4.341,04 51 11. Impacto Social às famílias a serem Relocadas / Reassentadas Todas as famílias a serem relocadas serão beneficiadas com a implantação do Projeto Integrado Vila Estrutural, que produzirá significativa melhoria na qualidade de vida por meio de: Planejamento Urbano – reordenamento da ocupação que garantirá endereçamento regular, acessibilidade e padrões de tipologias que permitirão aos moradores se identificarem com o local de moradia; Regularização Fundiária do imóvel – obtenção de cidadania, melhoria das condições econômicas com aumento de capital e possibilidade de financiamento; Implantação de Infra-Estrutura – As obras de drenagem pluvial, pavimentação, abastecimento de água, energia elétrica, iluminação pública e esgotamento sanitário elevarão o padrão de qualidade de vida com diminuição dos índices de violência urbana, doenças, acidentes; Implantação de Equipamentos Públicos e Sociais – A implantação de Escolas, Centros de Saúde, Centros de Referência em Assistência Social, Creches, Centros Culturais, Restaurante Comunitário, Postos Policiais e outros equipamentos públicos em quantidade e qualidade para atender toda a população, além de reduzir os custos de transportes para acesso a estes equipamentos reduzirá os índices de analfabetismo, de doenças, de violência, de desnutrição, de desemprego entre outros, elevando consideravelmente a qualidade de vida da população. Construção da casa própria – a regularização do parcelamento permitirá as famílias investirem em suas construções pois não correm mas o risco de serem demolidas. Além disso, o título que irão receber permitirá obter financiamento para melhorias e ampliações da edificação. Esses benefícios proporcionam melhoria na qualidade de vida além de serem fatores essenciais para que se realize a inclusão sócio-espacial dessas famílias. Outro fator não mensurável é o aumento da auto-estima da população, com a urbanização da cidade e o endereçamento oficial, já que sofre discriminação por morar em área irregular. A implantação da urbanização na Vila Estrutural também elevará os custos de vida das famílias uma vez que terão que pagar regularmente suas contas de água e energia onde são cobradas as taxas de esgotamento sanitário, lixo e iluminação pública e ainda o IPTU pela regularização do imóvel. Nesse sentido, os programas governamentais de geração de renda e emprego são fundamentais, assim como o gravame da área como Zona Especial 52 de Interesse Social –ZEIS, possibilitar que as atuais famílias consigam obter renda suficiente para se manter no local e a especulação imobiliária não provoque a expulsão das famílias que tanto lutaram para permanecer na Vila. As famílias que serão reassentadas no Núcleo Rural Monjolo também terão ganhos substanciais uma vez que o lote rural regular, a edificação e toda infra-estrutura necessária para residirem e produzirem regularmente será disponibilizada possibilitando aumento da produção de subsistência, maior conforto e qualidade dos sistemas de abastecimento e esgotamento sanitário refletindo em redução de doenças, de gastos com remédios, com deslocamentos, etc. O GDF por meio da SEAPA e EMATER deverá implementar programas de incentivo a produção e comercialização fixando definitivamente essas famílias na área rural. As famílias de comerciante/prestadores de serviços ao receberem um lote regularizado e com toda infra-estrutura localizado nos limites do SCIA, terão recebido um incremento substancial no valor do lote. O GDF ainda deverá implementar programas de incentivos para que essas famílias possam vir a gerar emprego e renda beneficiando outras famílias da comunidade. 12. Avaliação e compensação pelas perdas Como normalmente acontece nos processos de intervenção urbana, o Projeto Integrado Vila Estrutural – PIVE, contemplou ações que geraram a necessidade de relocar/reassentar famílias de determinadas áreas em função de restrições, condicionantes e recomendações urbanísticas e ambientais. A maior parte das famílias afetadas possuem baixo poder aquisitivo e baixo nível de escolaridade e todas estão inseridas num quadro de exclusão sócio-espacial. As melhorias implementadas pela urbanização e regularização, por si só, proporcionar-lhes-ão elevação significativa da qualidade de vida e da auto estima. No entanto, procurando reduzir o impacto causado pela mudança de endereço e perda dos laços de vizinhança, o GDF adotou uma política de compensação na qual além de receber um lote regular dotado de infra-estrutura e de serviços públicos em quantidade regulares e nos padrões de qualidade exigidos, a família será beneficiada com uma unidade habitacional. Hoje a população local não dispõe de lote regularizado, endereçamento oficial, nem de serviço de esgotamento sanitário. Os serviços de abastecimento de água, energia elétrica, iluminação pública e coleta de resíduos sólidos, são precários, irregulares e disponíveis 53 somente para parte da população. Além disso a população não conta com equipamentos públicos em quantidade suficiente de segurança, educação e saúde, e não possui equipamentos de cultura e lazer. A insegurança da posse não permite que os moradores invistam na moradia, predominando na Vila Estrutural barracos de maderit e habitações precárias, mesmo quando de alvenaria. A relocação/reassentamento disponibilizará as famílias afetadas uma casa de alvenaria, com projeto aprovado, no valor de R$19.844,73 (dezenove mil, oitocentos e quarenta e quatro reais e setenta e três centavos), além de toda a infra-estrutura urbana necessária e a regularização da unidade imobiliária, com registro cartorial da Concessão de Direito Real de Uso – CDRU. Estima-se que após a conclusão do processo de regularização e de urbanização, o lote urbano residencial com área de 60m2 seja avaliado entre R$ 50.000,00 e R$ 75.000,00. Assim o lote regularizado com uma residência de 40m2 deverá ser avaliado em aproximadamente R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). O lote de uso misto de cento e cinqüenta metros quadrados urbanizado e regularizado deverá ser avaliado entre R$120.000,00 e R$ 140.000,00. E o lote rural de dois hectares em aproximadamente R$ 200.000,00. Acrescenta-se a essa valorização do imóvel o potencial de aumento de renda adquirido pelo ocupante beneficiário com a possibilidade concreta de obtenção de financiamentos para melhorias e/ou ampliações da moradia, comércio ou produções junto às instituições financeiras. Além disso, a família beneficiada disporá de um bem que poderá ser negociado livremente no mercado, após o cumprimento do prazo de carência estabelecido no programa habitacional para titulação. Entre as famílias a serem relocadas/reassentadas, foram selecionadas as residências daquelas que apresentam melhores condições de habitabilidade, e conseqüentemente são mais valorizadas, para uma avaliação imobiliária expedita. Até mesmo as melhores casas apresentam características de baixo padrão construtivo, como pode ser verificado na descrição da casa situada na Quadra 8, conjunto L, nº 30 da Vila Estrutural, que deverá der desocupada e a família relocada por interferência com o sistema viário. A edificação de um pavimento possui área total de 85m2, sendo constituída de dois quartos, sala, cozinha, um banheiro e garagem. O telhado é de telhas de amianto e o piso em revestimento cerâmico. Tomando como referência o Custo Unitário Básico de Construção - CUB para projeto de residência de padrão baixo, de novembro de 2007, no valor de R$ 468,81 (quatrocentos e sessenta e oito reais e oitenta e um centavos), o valor do imóvel seria de cerca de R$ 40.000,00. No entanto é perceptível que a casa possui baixo padrão construtivo, como pode ser observado nas fotos a seguir. 54 Dessa forma, o lote regularizado com a nova casa a ser construída pelo GDF, apresenta valor patrimonial duas vezes superior a qualquer patrimônio existente atualmente na Vila, não havendo motivos para se falar em prejuízos pelas famílias relocadas/reassentadas em função da transferência das residências para implantação do projeto. 55 Figuras 14 a 21. Detalhes da tipologia da construção. Rua de acesso Detalhe cobertura de amianto Detalhe interior da garagem coberta utilizada como sala Fachada Frontal Fachada lateral Detalhe piso de cerâmica 56 13. Questões ambientais relevantes nas áreas de Relocação/Reassentamento As famílias relocadas, aquelas que serão transferidas para lotes inseridos na poligonal regular de projeto da Vila Estrutural, não sofreram impactos ambientais relevantes que mereçam destaque, uma vez que para fixação da ocupação neste local foram necessárias a realização de inúmeras medidas de prevenção e mitigação dos danos ambientais produzidos pela ocupação irregular e pelo aterro sanitário do Jóquei ali instalado que será desativado. No entanto, a fixação do parcelamento urbano em solos facilmente erosivos e pouco permeáveis implica na adoção de medidas preventivas de modo a não carrear para os córregos materiais sólidos, não aumentar nem provocar novas erosões e voçorocas, não desmatar áreas preservadas ou manter sempre que possível a cobertura vegetal existente, não aumentar o incômodo da população com a dissipação de partículas sólidas (poeira),não criar novos locais para deposição dos restos de materiais de construção e obras que não sejam autorizadas e regulares. Considerando que essa população não dispõe dos serviços de drenagem pluvial, de esgotamento sanitário, que a coleta de resíduos sólidos não é regular e, ainda, que muitas famílias utilizam irregularmente dos serviços de abastecimento de água e de energia elétrica por meio de ligações clandestinas, o processo de implantação da urbanização da Vila deverá ser complementado por programas de educação ambiental, de acompanhamento e execução de obras, de utilização e manutenção de infra-estruturas, dentre outros, que possibilitem a comunidade conhecer o funcionamento correto desses sistemas, os procedimentos para manutenção e a importância de evitar danos ambientais. Outro fator que deverá ser observado é a proximidade com o PNB. A diminuição dos impactos negativos sobre a Unidade de Conservação ocorrerá assim que forem implantados os sistemas de infra-estruturas na vila. No entanto, a permanência da população na área regularizada e dotada de infra-estrutura, continua pondo em risco aquela unidade devendo o GDF, em parceria com a comunidade e o PNB, desenvolver programas de educação ambiental, que conscientizem a população sobre a importância daquela unidade de conservação, devido a sua biodiversidade, ao manancial que protege e abriga, a fauna e a flora que são utilizadas para pesquisas, etc. A desativação do aterro sanitário e a implantação do sistema de drenagem pluvial de modo a evitar o carreamento de resíduos para o PNB é condição para fixação e operação da Vila Estrutural. Essas atividades devem ser acompanhadas da implementação de programas de 57 contenção de animais exóticos, de reflorestamento com espécies nativas do cerrado, de manutenção de corredores ecológicos, de limpeza e dragagem de córregos e de bacias de detenção e retenção, de recuperação do aterro sanitário e dos antigos depósitos de lixo, de controle da poluição sonora e de gases, entre outros, que deverão ser implementados melhorando a qualidade de vida da população e preservando a unidade de conservação. As famílias que serão reassentadas no Núcleo Rural Monjolo, parcelamento que deverá ser implantado observando as normas e condicionantes ambientais para a correta utilização e manejo sustentável da área, deverão também receber ensinamentos e treinamentos por meio de programas de educação ambiental com objetivo de conscientizá-las quanto a importância de preservação e manutenção dos recursos hídricos, da vegetação de mata de galeria, da fauna e flora local, bem como sobre poluição advinda do uso indiscriminado de agrotóxicos e do incorreto manejo do solo para plantação. Orientações devem ser repassadas quanto a preparação da terra observando sempre o sentido das curvas de nível, a preservação das áreas de preservação permanente de rios e nascentes, a utilização correta dos recursos hídricos, bem como noções sobre a legislação sobre crimes ambientais. O projeto de parcelamento rural foi elaborado observando a legislação, criando nas áreas de preservação permanente e de grandes inclinações às áreas de reserva legal que deverão ser preservadas e mantidas por todos os assentados no Núcleo Rural. Essa obrigação deverá integrar o Estatuto da Associação dos Chacareiros que ocupará a área. 14. Participação Comunitária 14.1. Antecedentes A metodologia do Trabalho Social utilizada na Vila Estrutural adotou linha de ação que resultou na participação comunitária em todas as fases do Projeto Integrado Vila Estrutural - PIVE. As ações do Programa de Trabalho Social tiveram como diretriz acompanhar todo o processo de intervenção, desde o cadastro e a formulação da proposta urbanística, até a elaboração dos projetos de urbanismo e de infra-estruturas, que foram apresentados em duas audiências públicas e em inúmeras reuniões na comunidade. O fortalecimento das organizações comunitárias e a mobilização e participação comunitária no processo de elaboração do projeto integrado constituem os objetivos do trabalho social, cujas estratégias de ação têm como eixo, o estabelecimento de parcerias que possibilitem criar um processo de mudança compartilhado entre moradores, organizações e instituições comunitárias e governo. 58 14.2. Metodologia utilizada O processo metodológico utilizado para garantir a participação comunitária na elaboração do Projeto Integrado contou com estratégias como: reuniões plenárias, reuniões de quadras, plantão social, audiências públicas e distribuição de boletim informativo. O trabalho de participação comunitária teve início em maio de 2006, com o início dos trabalhos de formação e identificação dos agentes multiplicadores, foi interrompido em setembro de 2006, retomado em abril de 2007,quando se deu prosseguimento às reuniões por quadras para finalizar a concepção do plano de ordenamento territorial, que foi apresentado em duas audiências públicas. Nas reuniões e contatos procurou-se desenvolver abordagens de cunho geral e específicas, de modo a criar uma dinâmica favorável ao processo participativo que envolveu o conjunto de atores sociais locais, a empresa contratada e os órgãos do GDF diretamente envolvidos. Esta estratégia fez com que cada etapa de elaboração do Projeto Integrado fosse fruto de um pacto social, quando se discutiu com as famílias o porquê das intervenções propostas, explicando a relações destas com as normas urbanísticas vigentes, que formam flexibilizadas pela criação da ZEIS da Vila Estrutural, e com as exigências, condicionantes e recomendações constantes do licenciamento ambiental. As reuniões ocorreram em espaços físicos consagrados pela comunidade como escola, igrejas de diferentes credos e no escritório local instalado na Vila pelo Projeto Integrado. As reuniões ocorreram no período da noite ou nos finais de semana para que todos pudessem participar e possuíram um caráter de reunião plenária com ampla participação de moradores e lideranças, podendo ser classificadas em: • Reuniões plenárias das segundas-feiras – realizadas às 19 horas, no escritório instalado na Vila Estrutural para desenvolvimento do Projeto com lideranças e moradores, objetivando criar espaços de discussão e reflexão sobre o contexto social, formar lideranças e agentes multiplicadores e assegurar que as informações fossem compreendidas e ganhassem significado no cotidiano das pessoas e da comunidade. As reuniões foram abertas à comunidade em geral. • Reuniões de quadras – tendo por objetivo informar, divulgar e esclarecer a população das quadras e de segmentos específicos como as chácaras e os oficineiros sobre a elaboração do plano de ordenamento e do Projeto de urbanismo e de infraestruturas e o trabalho social, ocasião em que foram apresentadas as plantas da cidade acompanhadas da análise dos levantamentos, dos condicionantes ambientais e urbanísticos, assim como os resultados de estudos e pesquisas realizados que embasaram a construção do projeto de urbanização da Vila. 59 • Plantão Social – Em face a diversidade das condições sócio-econômica e cultural dos moradores, esta modalidade de atendimento à população, foi criada para que o morador pudesse buscar informações e esclarecimentos sobre o Projeto Integrado e sobre questões particulares de seu interesse ligadas ao projeto de urbanização e regularização da Vila. • Seminários temáticos – A situação de precariedade das condições de habitabilidade, saneamento, serviços públicos, segurança e outras questões de interesse da comunidade, obrigaram a realização de seminários, palestras sobre problemas que atingiam diariamente a população e necessitavam ser intermediados em busca de soluções mais rápidas e efetivas. • Informativos – por solicitação da população foi elaborado um informativo que chegou a ter 5 edições. A estratégia utilizada para divulgação e distribuição dos boletins foi percorrer, com carro de som, as diversas quadras da Vila. Os boletins foram utilizados em momentos relevantes para aprovação de atividades que integraram o Projeto, sendo distribuídos dias antes das reuniões para que a população fosse informada e esclarecida quanto ao assunto que seria tratado, podendo participar efetivamente e possibilitando a equipe avançar para novas etapas. A base física para o desenvolvimento do trabalho social na Vila Estrutural é o escritório localizado à Av. Luiz Estevão - Quadra 04 AE Lote 10, onde funcionou diariamente o plantão social para atender às demandas dos moradores. Em conformidade com as orientações contidas no Projeto Básico que acompanhou o edital de licitação do Projeto Integrado Vila Estrutural – PIVE, relativas ao desenvolvimento de ações de capacitação com a população para acompanhamento das obras e preservação dos investimentos, foi realizado trabalho de Educação Sanitária e Ambiental com 100 adolescentes do Projeto Social Agente Jovem em parceira com a SEDEST e a TRANSPETRO. 14.3 O Trabalho Social a ser desenvolvido nas etapas de obra e pósobra Os recursos destinados à execução do Plano de Trabalho Social a ser desenvolvido das etapas de Obra e Pós-Obra serão provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC do Governo Federal, por meio de contrato firmado com o Governo do Distrito Federal, mesmo contrato de repasse descrito anteriormente no Item 10 (Contrato de repasse n° 0227.246-59/2007 / Ministério das Cidades / CAIXA.-, no valor total de R$ 58.000.000,00). O Plano de Trabalho Social de Obra e Pós-Obras a ser financiado pela CAIXA, está adequado à metodologia exigida pela mesma, que o denomina PTTS. Sua elaboração 60 compatibilizou as ações e atividades previstas no Plano de Trabalho Social de Obras e Pós Obras elaborado no âmbito do PIVE (Plano Integrado da Vila Estrutural). O Plano de Trabalho Social (PTTS) já foi aprovado pela CAIXA e a data de abertura da licitação está prevista para junho. No contrato firmado entre o GDF e a CAIXA, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda - SEDEST, será responsável, juntamente com a Companhia de Habitação do Distrito Federal – CODHAB, pela licitação e acompanhamento do PTTS. 14.3.1. Ações em curso Em continuidade aos trabalhos sociais desenvolvidos no período de elaboração do Projeto Integrado Vila Estrutural, a equipe do Governo do Distrito Federal permaneceu junto a comunidade executando atividades relacionadas à diferentes etapas do Plano de Relocação/Reassentamento. Foram realizadas reuniões para esclarecer grupos específicos de famílias afetadas, sobre os benefícios que receberão, o local e dimensões dos lotes onde serão relocados ou reassentados e os motivos que levaram a desocupação do local onde residem atualmente. As principais dúvidas das famílias afetadas e da comunidade, em geral, eram a respeito dos critérios de habilitação para assinatura do termo de adesão ao Plano de reassentamento De maio a outubro de 2007 foi realizada pesquisa censitária para caracterização da população e das diferentes situações de ocupação. Neste estágio inicial do trabalho, a quantidade de famílias que possuem mais de um lote, os lotes que são alugados ou cedidos a terceiros e, ainda, elevado grau de mobilidade entre as famílias residentes, foram as principais dificuldades encontradas. Para obtenção das assinaturas das famílias afetadas pela urbanização da Vila nos Termos de Adesão ao Plano de relocação/reassentamento, foram realizados treinamentos com 50 agentes comunitários3. A partir da lista das 903 famílias afetadas foram elaborados três modelos de Termos de Adesão: urbano residencial, urbano comercial/prestador de serviços e rural. (Ver modelos no Anexo 8). Já foram recolhidos 594 Termos de Adesão ao Programa de Relocação e Reassentamento assinados, equivalentes à 65,78% do total de 903 Termos. Já foram recebidas e assinadas 87 notificações de desocupação à famílias que ainda não assinaram Termos. As demais 61 famílias estão sendo revisitadas ou estão aguardando outras definições. O processo de obtenção da assinatura dos Termos continua através da SEDEST e da CODHAB, e na medida em que se avança com o trabalho, percebe-se o aumento da adesão dos moradores à alternativa da relocação. Existem grupos específicos dentre os prestadores de serviço (os oficineiros) e dentre os chacareiros que ainda apresentam certa resistência. A maior parte dos Termos pendentes e das notificações está dentre o grupo dos oficineiros e dos chacareiros. O trabalho portanto, concentra esforços sobre essa população no sentido de convecê-la das necessidades e das vantagens da relocação. Alguns chacareiros da Colônia Agrícola Cabeceira do Valo deverão aguardar definição do IBAMA quanto à permanência ou não no local. Ressalta-se que o Decreto de criação da Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE Cabeceira do Valo estabelece a possibilidade de permanência dos chacareiros na área. A tabela abaixo mostra uma síntese da situação de obtenção das assinaturas dos Termos de Adesão. Cabe ressaltar, que todas as famílias que não assinaram os Termos de Adesão são notificadas à desocupar os lotes que ocupam conforme modelo de Termo de Notificação constante do Anexo 10. O Anexo 11 contém a relação dos termos classificados por tipo de pendência com a identificação do ocupante e endereçamento. 3 As principais dúvidas dos técnicos e suas respectivas respostas estão no Anexo 9. 62 Quadro 12. Balanço da assinatura dos Termos de Adesão Classificação Número de Percentual do tipo termos de % Pendência Adesão Termos com 594 65,78 87 9,64 Observações Concluídos. Assinatura Notificações Notificação assinadas. - Estão sendo realizadas reuniões de convencimento com as famílias- chacareiros; - Estão sendo revisitados os endereços e solicitado a presença o escritório para assinatura quando não encontrado; Demais; 222 24,58 - Endereços sendo localizados por equipe da SEDUMA e COBRAPE; -Termos de alguns oficineiros em negociação para a permanência no local; -Casos que deverão se encaixados nas demais situação acima TOTAL 903 100 14.4.Estratégias operacionais para execução do Plano Físico e Social de Relocação e Reassentamento Os mecanismos de interação com a comunidade devem estar refletidos em todas as ações/atividades do Programa de Trabalho Social, tanto na etapa de obras, quanto pósobras, e devidamente compatibilizadas com o cronograma das obras, tanto de edificação das casas como de execução das infra-estruturas. A comunicação entre atores configura-se como a principal estratégia de participação e controle social, na medida em que a população conhece e internaliza os processos nos quais a sua comunidade está envolvida, sensibilizando-se e comprometendo-se com a realização e concretização das ações e estabelecendo uma parceria com os demais atores envolvidos na busca de realização de um objetivo comum. O processo de informação é uma maneira de equacionar e consolidar as questões/problemas que surgem nas intervenções de relocação/reassentamento, criando condições para que as ações/atividades aconteçam de forma coesa, garantindo o apoio e o esclarecimento, necessários da população. A comunicação nesta etapa do trabalho tem como objetivos principais: Propiciar clima de segurança, dirimindo dúvidas em relação aos projetos de urbanização e esclarecendo a população como estes afetam sua moradia colocando sua 63 família em risco, ou esclarecendo que a sua relocação proporcionará benefícios para toda a comunidade da vila em função de melhorias na qualidade de vida da população resultantes do projeto; Promover, por meio de informativos e discussões com grupos afetados, a divulgação de programas sociais, de noções sobre regularização fundiária, de manutenção e utilização adequada das redes de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial, energia elétrica e iluminação pública, de forma a capacitar multiplicadores para difundir na comunidade estes conceitos; Garantir a representação da comunidade no processo de execução, monitoramento e fiscalização das obras, na instrumentalização da Comissão de Moradores para acompanhamento do processo de relocação e reassentamento e na interlocução com a comunidade; Implantar estratégia de ação conjunta para fiscalização da área, a fim de evitar novas ocupações e novas irregularidades. Para que tais objetivos sejam atingidos, propõe-se que durante a relocação/reassentamento sejam utilizadas metodologias que contemplem as seguintes estratégias: • Implantar e manter permanentemente plantão de atendimento às famílias relocadas/reassentadas, em escritório localizado na Vila Estrutural.; • Formar equipe multidisciplinar para atendimento a população a fim de responder, em especial, aos casos que possam interferir na execução das obras ou nos casos de relocações que dificultem ou venham paralizar a realização das obras; • Promover reuniões e assembléias com as famílias afetadas, que poderão ser divididas por localidade para os diferentes fins; • Formar lideranças, com objetivo de preservar e fortalecer os laços de vizinhança; • Realizar visitas domiciliares às famílias afetadas, para conhecimento e solução de casos específicos bem como definição de critérios de atendimento; • Constituir Comissão de Acompanhamento de Obras para acompanhamento das ações previstas no plano de relocação/reassentamento, com a finalidade de supervisionar e acompanhar juntamente com a equipe de técnicos do governo e contratada; • Desenvolver ações de capacitação/treinamento com a Comissão de Acompanhamento, para que possam exercer com maior qualidade suas obrigações; • Estabelecer com a comissão critérios a serem empregados no plano, observando os critérios de sorteio, prioridade as pessoas de grupos vulneráveis, titulação de gênero já fixadas no plano; • Acompanhar por meio de visitas as obras de construção e urbanização. 64 É prioritário o contato direto e contínuo da Comissão formada pelos órgãos responsáveis pelo acompanhamento do PIVE, beneficiários e as firmas contratadas para execução de obras e do trabalho social, para que estas atividades sejam planejadas e orientadas de forma integrada, atendendo às necessidades reais da população e garantindo a eficácia do plano na sua totalidade. 14.5. Integração com a população do entorno do novo local de moradia O Processo de integração das famílias relocadas/reassentadas com o seu entorno deverá seguir estratégias que possibilitem reconstituir ou criar novos laços de vizinhança, por meio de: • Reuniões com os grupos de relocados/reassentados e vizinhos, após a efetivação da ocupação dos novos lotes; • Reunião local nas casas dos morados (encontro de portas) • Reuniões com agentes comunitários, de saúde da família e da comunidade educacional e cultural; • Eventos recreativos/culturais nas quadras e no Núcleo Rural, que congreguem os novos vizinhos, como feiras, festas regionais, exposições, concursos etc.. Essas reuniões e eventos deverão promover contato com as histórias de vida de cada família, utilizando técnicas de motivação de grupo, demonstrando as particularidades de cada uma e as generalidades que possibilitaram a formação do grupo, qualidades comuns dos novos moradores. Deve ressaltar as possibilidades de associação para geração de renda, prestação de serviços comunitários, educacionais, culturais ou religiosos, fortalecendo e incentivando a formação de lideranças e associações. Dentre as ações destinadas a promover a adaptação e fixação da população ao novo local destacam-se: • Transferência das famílias que possuem crianças em idade escolar para lotes próximos as suas antigas residências ou para lotes próximos a unidades escolares; • Transferências das famílias que ocupavam uma mesma chácara, para lotes contíguos localizados num mesmo conjunto e quadra, ou próximos uma vez que são membros de uma mesma família; • Construção de equipamentos de educação, lazer e de atendimento social no local das novas moradias, transferindo o cadastro de atendimento destas para os novos equipamentos; 65 • Capacitação e treinamentos da população para inserção nos quadros de pessoal das firmas que trabalham na urbanização da vila e construção das residências; • Capacitação e fornecimento de incentivos para produção rural e comercial/prestação de serviços possibilitando a inclusão no mercado regular, exportação, etc.; • Inscrição e encaminhamento ao mercado de trabalho por meio da SEDEST/ Agência do Trabalhador e EMATER. É importante ressaltar, ainda, que estão previstos nos programas de capacitação que serão desenvolvidos com a comunidade, atividades com o objetivo de proporcionar conhecimentos de técnicas de construção civil (de reformas, acréscimos,manutenções) podendo esses conhecimentos serem utilizados como fator de geração de renda. Inclusive, tais atividades serão estendidas à todos os moradores da Estrutural que também poderão obter na Administração Regional projetos arquitetônicos aprovados de seis tipos de habitação unifamiliar para futura construção ou ampliação do seu imóvel. 14.6. Procedimentos para reclamações e atendimento às famílias relocadas/reassentadas Na fase de elaboração e desenvolvimento do Projeto de Desenvolvimento Local Integrado – PDLI, o GDF construiu um canal de comunicação com a comunidade, por meio do escritório instalado no local. Este escritório deverá ser mantido durante a fase de execução das obras prolongando-se sua permanência, por no mínimo seis meses após a sua conclusão, conforme determina o plano de trabalho social, com a finalidade de monitorar e obter dados sobre a adaptação das famílias e a qualidade das obras executadas. Este escritório deverá contar com a presença de equipe multidisciplinar, formada por profissionais especialmente das áreas social, de engenharia e urbanismo que trabalharão de maneira integrada, preparados para esclarecer dúvidas e propor soluções para as dúvidas e propostas da população. A Comissão de Acompanhamento de Obras, responsável por supervisionar e acompanhar juntamente com a equipe de técnicos do governo, as ações previstas no plano de relocação/reassentamento, será composta por representantes das famílias relocadas/reassentadas, representantes da SEDEST, CODHAB, SEAPA, Administração Regional do SCIA e das firmas contratadas para execução das obras e do trabalho social. Poderão participar da Comissão, por solicitação aprovada pela Comissão, representantes de outros órgãos da administração direta e indireta do GDF. A comissão de Acompanhamento de Obras funcionará como instância decisória onde a população afetada por meio de seus representantes elaborará e discutirá as propostas e soluções para os problemas referentes ao plano de relocação reassentamento. 66 15. Articulação entre obras e relocação Dada a necessidade de compatibilizar o Plano Físico e Social de Relocação/Reassentamento com os cronogramas de obras de infra-estruturas e construção das unidades habitacionais a serem executadas na Vila Estrutural, as ações foram inicialmente planejadas para execução em duas etapas. A Primeira Etapa corresponderia à obra de construção do Anel Viário, que define os limites da Vila Estrutural, e cuja obra está em andamento. Para sua conclusão, em determinado trecho onde existe interferência da ocupação, seria necessária, primeiramente, a relocação de 58 famílias, do total das 903 famílias levantadas. Atrasos na obra do Anel Viário causados pelo período de chuvas, possibilitaram reunir a relocação/reassentamento e a construção das casas de todas as famílias envolvidas, em um único processo licitatório. Sendo assim, a relocação/resassentamento e a construção das casas, juntamente com as obras (também em fase de licitação) de pavimentação, drenagem de águas pluviais e rede de esgoto no local da relocação/reassentamento, ocorrerão em uma única etapa. Está prevista, no cronograma de compatibilização das obras, assim como no processo licitatório, a execução das primeiras 58 casas, como prioridade, para fins de relocação das unidades que interferem diretamente na finalização da construção do Anel Viário. 67 CRONOGRAMA DE COMPATIBILIZAÇÃO DAS OBRAS DE INFRA-ESTRUTUERA E CONSTRUÇÃO DAS 903 CASAS 2007 Objeto jun jul ago set 2008 out nov dez jan fev mar abr mai jun 2009 jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago RECURSOS DO BIRD PAVIMENTAÇÃO DO ANEL DO CONTORNO VIÁRIO Elaboração do Projeto jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Abertura da licitação jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Assinatura de Contrato (OS) jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Início e Término da Obra jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago PAVIMENTAÇÃO 2ª. ETAPA (àrea interna) Elaboração do Projeto jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Abertura da licitação jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Assinatura de Contrato (OS) jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Início e Término da Obra jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Elaboração do Projeto jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Abertura da licitação jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Assinatura de Contrato (OS) jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Início e Término da Obra jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago REDE DE ESGOTO ELEVATÓRIAS E LINHA DE RECALQUE Elaboração do Projeto jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Abertura da licitação jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Assinatura de Contrato (OS) jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Início e Término da Obra jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago 68 RECURSOS DE CONTRAPARTIDA REDE DE ÁGUA Elaboração do Projeto jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Abertura da licitação jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Assinatura de Contrato (OS) jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Início e Término da Obra jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago CONSTRUÇÃO DAS 903 CASAS Elaboração do Projeto jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Aprovação orç. e projetos jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Abertura da licitação jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Assinatura de Contrato (OS) jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Início e Término da Obra jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Previsão de prorrogação 69 16. Síntese da operacionalização do Plano Físico e Social de Relocação Abaixo segue a sequência estabelecida para o trabalho de abordagem das famílias relocadas/reassentadas, que se encontram divididas em fases que correspondem às principais ações do plano. 1a FASE – Convocação das 903 Famílias Afetadas A operacionalização do Plano inicia-se com a convocação das famílias afetadas para que conheçam detalhadamente os locais das novas moradias e recebam a listagem de documentos que deverão ser apresentados para habilitação. As primeiras reuniões têm o intuito de esclarecer e informar o grupo de famílias afetadas, quanto aos critérios e etapas do Plano e formalizar no menor período de tempo os processos de habilitação. AÇÃO 1. Reunião com as famílias (realizada em grupos de 25 pessoas) para informar os critérios de elegibilidade/habilitação; AÇÃO 2. Abertura de processos de habilitação com apresentação da documentação; 2º FASE – Resultado de Aprovação das Famílias nos dois critérios de elegibilidade estabelecidos no Programa de Regularização; Após a apresentação e análise da documentação, com o cruzamento das informações constantes nos bancos de dados do GDF, será divulgada a lista das famílias habilitadas e não habilitadas a permanecerem na Vila Estrutural. As famílias habilitadas receberão os lotes através do instrumento Concessão Real de Uso – CDRU. AÇÃO 3. Publicação da Lista de famílias habilitadas no DODF; 3° FASE – Atendimento às famílias que não cumprem as exigências do Programa de Regularização. As famílias não habilitadas, devidamente informadas e orientadas serão removidas da Vila Estrutural e suas construções demolidas. A essas famílias será oferecido suporte para a desocupação da área, dentro dos critérios e procedimentos estabelecidos e adotados pela Subsecretaria de Desenvolvimento do Solo e da Água - SUDESA e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Trabalho – SEDEST. Também serão removidas as famílias notificadas à época da coleta do Termo de Adesão que ocupavam irregularmente os lotes que interferem com o projeto de urbanização. 70 AÇÃO 4. Remoção das famílias não habilitadas; 4º FASE - Reuniões com as famílias a serem relocadas/reassentadas Tais reuniões têm como objetivo principal estabelecer contato com esse grupo, esclarecendo dúvidas oriundas do processo, fornecer informações detalhadas e criando laços afetivos entre as famílias afetadas. Deverão ser realizadas reuniões com o grupo para: • Reapresentar e discutir as causas da relocação/reassentamento ; • Conhecimento da área de relocação/reassentamento; • Eleição dos representantes da Comissão de Acompanhamento de Obras; • Detalhamento do Projeto da Habitação e dos sistemas de infra-estruturas; • Esclarecimentos quanto à origem dos recursos, prazo de obras, organização das desmobilizações; órgãos participantes, critérios de elegibilidade; • Incentivar a formação de lideranças e agentes multiplicadores; • Desenvolver atividades sociais, culturais,religiosas que agreguem as famílias reconstruindo e construindo laços afetivos. AÇÃO 5. Eleição dos membros da comunidade que participarão da Comissão de Acompanhamento de Obras; 5º FASE – Estabelecimento do Escritório para os Plantões de Atendimento e para as reuniões da Comissão de Acompanhamento de Obras. Estabelecer um local de encontro na própria Vila Estrutural que contemple espaços para reuniões, atendimentos individualizados, aulas e exposições, com todo o equipamento necessário e técnicos especializados em diversas áreas para receber os reclames das famílias afetadas e trabalhar com elas a solução de seus problemas é primordial para o sucesso dos trabalhos do plano de relocação/reassentamento. O escritório deverá localizar-se em local acessível ás famílias afetadas. Deverá funcionar diariamente acolhendo o trabalho dos técnicos e demais membros da Comissão de Acompanhamento de Obras. Por meio de plantões, em horários pré-fixados, as famílias poderão ter atendimentos individuais, coletivos, reuniões, treinamentos, etc. de forma a atender as diferentes necessidades/demandas. A equipe responsável pelo atendimento durante os plantões deverá ser composta por técnicos das áreas: física (orientações sobre as etapas dos projetos de urbanismo e infraestruturas, construção das unidades habitacionais e equipamentos urbanos), jurídica (orientações sobre as questões de regularização fundiária, titulação das unidades 71 habitacionais, habilitação, etc.) e social (orientação sobre as mudanças, pagamento de aluguel social, formação de comissão de moradores, critérios de preferência, etc.). As famílias que serão reassentadas no Núcleo rural deverão participar de reuniões específicas quando o assunto for a elas especialmente dirigido e acompanhar as obras no local. No caso do reassentamento, deverá a firma contratada manter no Núcleo Rural, escritório para serviços de apóio as famílias durante o período de execução das obras e no mínimo por seis meses, após a relocação das famílias. Ação 6: Definir o local do escritório para os plantões 6º FASE - Formação e Capacitação da Comissão de Acompanhamento de Obras. A constituição da Comissão de Acompanhamento tem como objetivos: • Garantir o processo participativo, por meio da interlocução com a comunidade; • Promover e fortalecer os canais de participação com as famílias afetadas; • Divulgar o Plano de Obras e discuti-lo junto aos moradores afetados; • Esclarecer a comunidade afetada sobre o uso racional dos sistemas de abastecimento d’água, esgotamento sanitário e energia elétrica e sobre a sua manutenção; • Informar sobre os custos e capacitá-los a gerar renda para arcar com os custos dos serviços de infra-estruturas; • Conscientizar sobre a importância de preservar o meio ambiente e sobre a importância do PNB para a população da Estrutural e do DF; • Informar sobre processos de financiamento da produção, formação de cooperativas, arranjos produtivos, etc.; • Informar sobre os materiais empregados, os sistemas construtivos utilizados e sobre o uso correto e a manutenção das novas edificações; • Planejar o processo de mudança, em conjunto com as famílias afetadas, garantindo o apoio logístico necessário; • Desenvolver ações voltadas à criação de vínculos afetivos, econômicos, culturais, educacionais e comunitários entre as famílias afetadas; • Promover orientações (principalmente para crianças, deficientes e idosos) em relação à prevenção de acidentes, uma vez que durante a execução das obras, estarão presentes na área máquinas e equipamentos pesados, o que aumenta o risco de acidentes. As reuniões da Comissão deverão acontecer de forma sistemática, a fim de fortalecer o vinculo com o grupo de famílias relocadas/reassentadas, garantindo um espaço de ampla participação e informação sobre a execução das obras. 72 AÇÃO 7. Capacitação dos membros da Comissão de Acompanhamento, em fiscalização e acompanhamento de obras; 7º FASE – Sorteio para escolha da localização da unidade habitacional e das chácaras. Tem como objetivo oportunizar a escolha do local (dentro da área definida) onde a família irá ser relocada/reassentada. Terão preferência na escolha de lotes e chácaras mais acessíveis ao transporte coletivo e aos equipamentos públicos, as famílias com pessoas idosas ou deficientes. Após o sorteio para a escolha dos lotes e chácaras desse grupo, será realizado novo sorteio para escolha dos lotes e chácaras das demais famílias. AÇÃO 8. Sorteio dos lotes, que deverá priorizar o grupo vulnerável (idoso e deficiente); 8º FASE – Visitas aos Canteiros de Obras e ao Núcleo Rural As famílias afetadas deverão acompanhar e obterem informações sobre a execução das obras tanto de infra-estrutura como de construção das unidades habitacionais. Deverão acompanhar também as obras que causaram a relocação/reassentamento das famílias. Antes da mudança para as novas unidades habitacionais deverá ocorrer uma vistoria da Comissão que atestará o pleno funcionamento dos sistemas e a estabilidade da construção, dando o recebimento da obra. AÇÃO 9. Capacitação/treinamento dos representantes da comunidade na Comissão em relação ao uso e manutenção dos sistemas de infra-estruturas: uso correto, manutenção, custos, etc.; 9º FASE - Entrega das unidades Habitacionais - suporte à mudança para as famílias. Após a conclusão das obras de infra-estrutura e da construção das unidades habitacionais, e realizado o seu recebimento pela Comissão, as unidades serão entregues aos moradores em dia e horário definidos pela Comissão. Serão também programadas e realizadas as mudanças das famílias de acordo com cronograma estabelecido pela Comissão e de conhecimento das famílias. O suporte necessário para transferência das famílias e seus pertences para a nova unidade habitacional será fornecido pelo GDF e terá a supervisão e organização da Comissão, com orientação da SEDEST e SEAPA, no caso dos reassentados no Núcleo Rural Monjolo. AÇÃO 10. Início da construção das primeiras 60 casas de alvenaria (1º grupo de casas) em lotes desocupados, demarcados no Setor Oeste, Quadra 06, Conjuntos 3, 6, 7, 17, 18 e 20; 73 AÇÃO 11. Início da implantação das obras de infra-estrutura básica na área que receberá as edificações; AÇÃO 12. Início da construção do 2° grupo de casas – 300 unidades. Nesta etapa serão construídas 70 unidades habitacionais no Núcleo Rural e 230 na Vila Estrutural. AÇÃO 13. Entrega das 60 casas (1º grupo de casas); AÇÃO 14. Relocação das primeiras 60 famílias; AÇÃO 15. Desobstrução dos lotes ocupados pelas famílias relocadas. Avaliação e acompanhamento, pós-obras, das casas entregues e das famílias instaladas; AÇÃO 16. Início da Construção do 3°grupo de casas – 300 unidades; AÇÃO 17. Entrega das casas construídas no 2° grupo; AÇÃO 18. Relocação das 230 famílias e reassentamento das 70 no Núcleo Rural; AÇÃO 19. Desobstrução dos lotes ocupados pelas famílias relocadas. Avaliação e acompanhamento, pós-obras, das casas entregues e das famílias instaladas; AÇÃO 20. Início da Construção da 4°grupo de casas – 243 unidades AÇÃO 21. Entrega das casas construídas no 3°grupo; AÇÃO 22. Relocação das 300 famílias; AÇÃO 23. Desobstrução dos lotes ocupados pelas famílias relocadas. Avaliação e acompanhamento, pós-obras, das casas entregues e das famílias instaladas; AÇÃO 24. Entrega das casas construídas no 4°grupo; AÇÃO 25. Relocação das últimas 243 famílias afetadas; 10º FASE – Acompanhamento e Avaliação do Plano de Relocação/Reassentamento. Finalizadas todas as etapas do plano de Relocação/Reassentamento deverão ser realizadas ações visando a adaptação das famílias aos novos padrões de vida e de vizinhança, promovendo-se cursos de capacitação para geração de emprego e renda, e de formação de grupos, associações, cooperativas e identificação de lideranças para atuarem na comunidade. Ações de fiscalização e atividades de acompanhamento das obras e serviços de construção civil e de recuperação do meio ambiente deverão também ser realizadas visando à correção e reparos necessários ao pleno funcionamento das edificações e das infra-estruturas instaladas, bem como a recuperação do meio ambiente e sua preservação. A avaliação a ser desenvolvida no período de pós-ocupação deverá indicar os impactos das intervenções realizadas em relação à qualidade de vida das famílias afetadas, além de contemplar informações sobre os motivos da sua adaptação ou da sua não permanência no local da relocação/reassentamento. 74 AÇÃO 26. Desobstrução dos lotes ocupados pelas famílias relocadas. Avaliação e acompanhamento, pós-obras, das casas entregues e das famílias instaladas; AÇÃO 27. Avaliação final das 903 casas construídas e das famílias instaladas. 75 CRONOGRAMA DE AÇÕES FÍSICO-SOCIAIS DO PLANO DE RELOCAÇÃO/REASSENTAMENTO FASES AÇÕES 9ª 10ª jul ago 2008 set out nov dez jan fev mar abr mai 2009 jun jul 1 2 3 4 5 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª jun 6e7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 76 ago set out 17. Custos estimados, orçamentos previsto, fontes. Os custos da elaboração do Plano de Relocação/Reassentamento da Vila Estrutural foram previstos no orçamento do Projeto Integrado Vila Estrutural – PIVE, do Programa Brasília Sustentável, pagos com recursos do GDF. Os custos referentes aos benefícios assistenciais às famílias relocadas, são de responsabilidade do GDF por meio da SEDEST. As unidades habitacionais e o Trabalho Social serão executadas com recursos da CAIXA. Quadro 13. Custos estimados da relocação/reassentamento e valores de repasse 1. BENEFICÍOS ASSISTENCIAIS Público Valor Quanti Alvo Unitário dade R$ 200,00 3 meses 36.000,00 4 54.000,00 Benefício assistencial eventual – aluguel 60 famílias Total R$ social Auxílio assistencial eventual para retorno à 45 cidade de origem famílias R$ 300,00 (5% do total) pessoas por família Auxílio Mudança para fora da Vila Estrutural 45 no DF Auxílio famílias R$ 300,00 13.500,00 (5% do total) Mudança para dentro da Vila 903 R$ 100,00 90.300,00 Estrutural Alimentação no dia da mudança 903 famílias R$ 5,00 3.432 17.160,00 pessoas Total 2. UNIDADES HABITACIONAIS Casa em alvenaria com 40m2 R$ 210.960,00 Indicador Físico Unid. Quant. U.H. 903 Total Valor unitário (R$) 19.844,73 R$ 17.919.791,19 3. TRABALHO SOCIAL Total R$ 1.850.000,00 Nota: Os valores listados acima são estimados, havendo a possibilidade de variação das necessidades em virtude da magnitude e compatibilização com o cronograma de obras. Caso a construção das unidades habitacionais obedeça ao cronograma de obras não será necessário o benefício de aluguel social. 77 O quadro abaixo contém as informações referentes aos recursos garantidos, fontes de financiamento e as obras a serem executadas para urbanização da vila. Quadro 14. Custos da urbanização Projetos/Obras Projetos de Urbanismo, Infra-estruturas e Projeto Social Implantação de sistema de abastecimento de água Implantação sistema de esgotamento sanitário Implantação de sistema de energia elétrica e iluminação pública Implantação de pavimentação e sistema de drenagem pluvial Valores em R$ Fonte Financiamento R$ 2.866.122,08 GDF R$ 1.291.867,85 PAC R$ 13.600.000,00 BIRD R$ 10.000.000,00 GDF R$ 49.211.833,20 BIRD Unidades habitacionais* R$ 43.416.258,69 Construção de Centro de Ensino Infantil R$ 2.059.381,98 PAC Construção de Centro de Ensino Médio R$ 6.264.775,53 PAC Construção de Posto Policial R$ 173.993,52 PAC Reforma do Posto existente R$ 149.006,48 GDF Construção de Centro de Ensino Fundamental R$ 2.820.842,39 PAC Construção da Vila Olímpica R$ 7.500.000,00 GDF Construção do Centro de Saúde R$ 2.220.000,00 GDF Construção do Restaurante Comunitário R$ 1.900.000,00 GDF R$ 350.000,00 GDF R$ 1.374.000,00 BIRD Feira Livre na Praça Central R$ GDF TOTAL R$ 145.348.081,72 Quadras Poliesportivas, Parques infantis e áreas de lazer Centro de Referência de Assistência Social – CRAS 150.000,00 PAC * Os recursos antes destinados aos módulos hidro-sanitários que foram extintos serão repassados à construção de mais unidades habitacionais. 78 18. Arranjo institucional para execução do Plano de Relocação/Reassentamento O Decreto n.º 27.918, de 03 de maio de 2007, publicado no DODF de 04 de maio de 2007, institui o Grupo de Trabalho Interinstitucional incumbido de acompanhar a implementação do Projeto Integrado da Vila Estrutural (PIVE), componente do programa Brasília Sustentável. É de competência do Grupo promover ações estratégicas que garantam a participação dos órgãos do complexo administrativo do Distrito Federal, da área federal e da comunidade para a implantação do PIVE. Também compete ao Grupo de Trabalho definir as propriedades das ações com a participação dos órgãos governamentais e da população da Vila Estrutural. O Decreto estabelece a composição dos órgãos governamentais que formam o Grupo. De acordo com o referido documento, em seu Art.4º: “A Coordenação da Implementação do Projeto Integrado da Vila Estrutural – PIVE será de responsabilidade da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal – SEDUMA, no que diz respeito aos seus aspectos urbanísticos, ambientais e habitacionais e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Trabalho do Distrito Federal, no que diz respeito aos seus aspectos sociais, sendo que a implantação da infra-estrutura será coordenada pela Secretaria de Estado de Obras do Distrito Federal e seus órgãos vinculados. A coordenação da relocação/reassentamento da população da Vila Estrutural, ficará a Cargo da CODHAB/DF, tendo como base legal para essa atuação a Lei n.º 4.020, de 25 de julho de 2007, que autorizou sua criação e atribui-lhe competência para promover a regularização urbanística, ambiental e fundiária das áreas declaradas integrantes de programas habitacionais de interesse social do Distrito Federal . A CODHAB/DF integra a estrutura da SEDUMA. 19. Monitoramento e avaliação O monitoramento das atividades tem como objetivo verificar de maneira contínua, se as atividades programadas estão sendo realizadas. Essa ferramenta auxilia no gerenciamento e na resolução de problemas, além de fornecer um retorno atualizado do dia-a-dia das atividades para os seus implementadores. 79 A avaliação deve conhecer, através de comprovação objetiva e sistemática, o andamento de um projeto, se os objetivos estão sendo alcançados e se a situação está sendo modificada. O monitoramento e a avaliação devem alcançar os seguintes objetivos: − Verificar se as ações propostas estão sendo desenvolvidas a contento ao longo da execução dos trabalhos e, se necessário, propor medidas corretivas em tempo hábil. − Mensurar os impactos socioeconômicos do Projeto sobre a população beneficiada através de pesquisa tendo como banco de dados referencial a pesquisa censitária realizada antes da ação de Relocação/Reassentamento. − Registrar as condições de moradia antes e depois do Plano de Relocação/Reassentamento, por meio de registro fotográfico. − Aferir, por meio de pesquisa qualitativa, o grau de satisfação da população às novas condições de vida, observando os seguintes pontos: dúvidas e insegurança, a situação de conforto e adaptação à nova moradia, as melhorias no padrão de vida, acesso aos serviços públicos e equipamentos sociais, dentre outros. A execução do monitoramento e avaliação resulta do planejamento integrado das várias ações necessárias, de forma a permitir a agilização dos trabalhos, a identificação previa de entraves específicos, ou gerais, e visa implementar as correções de rumos operacionais, para a efetivação da inserção das famílias à nova realidade. Para realizar o acompanhamento, avaliar o desempenho, a eficácia e efetividade das ações propostas pelo Projeto de Trabalho Social, serão utilizados instrumentos que possibilitem identificar o êxito alcançado pelas atividades realizadas junto aos beneficiários. A avaliação também permitirá reordenar ou readequar as ações e atividades que porventura não estejam de acordo com o resultado esperado. As avaliações de algumas atividades, como palestras e reuniões, serão realizadas quando do seu término, junto aos beneficiários, mediante a utilização de formulários e discussão oral. Atas e avaliações escritas serão instrumentos de registros elaborados posteriormente pela Equipe Técnica Social. A Equipe Técnica Social fará reuniões quinzenais para avaliar as atividades realizadas no período, enfatizando os aspectos facilitadores e dificultadores que serão observados durante todo o processo de execução do Projeto de Trabalho Social. Após a etapa de pós-ocupação, será efetuada uma avaliação final junto aos beneficiários, com dinâmicas e preenchimento de questionário para averiguar o alcance dos objetivos propostos. 80 O governo do Distrito Federal, ainda no intuito de garantir melhores condições de segurança para os moradores da Vila, busca, por meio do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania – PRONASCI, obter recursos para construção do Centro de Segurança Integrado. Finalizando, a urbanização da vila estrutural é um dos projetos que traduzem o esforço integrado do governo do Distrito Federal de promover a inclusão social por meio da redução das diferenças sócio-econômicas e da preservação do meio ambiente. 81