UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Rodrigo Souza Luz
A IMPORTÂNCIA DO KATI NO APRENDIZADO DO KUNG FU EM
ACADEMIAS DE CURITIBA
CURITIBA
2010
A IMPORTÂNCIA DO KATI NO APRENDIZADO DO KUNG FU EM
ACADEMIAS DE CURITIBA
CURITIBA
2010
Rodrigo Souza Luz
A IMPORTÂNCIA DO KATI NO APRENDIZADO DO KUNG FU EM
ACADEMIAS DE CURITIBA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Educação Física da Faculdade de
Ciências Biológicas da Universidade Tuiuti do
Paraná, como requisito parcial para a obtenção do
grau de Bacharelado em Educação Física.
Orientador: Paulo Air Micoski
CURITIBA
2010
TERMO DE APROVAÇÃO
Rodrigo Souza Luz
A IMPORTÂNCIA DO KATI NO APRENDIZADO DO KUNG FU EM
ACADEMIAS DE CURITIBA
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel no Curso de
Graduação em Educação Física, Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde, Universidade Tuiuti
do Paraná.
Curitiba, ___de maio de 2010.
Orientador:
Prof. Paulo Air Micoski
Educação Física, Universidade Tuiuti do Paraná.
Membros:
______________________________________________
______________________________________________
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................
1.1 O PROBLEMA ............................................................................................
1.2 OBJETIVO
............................................................................................
1.2.1 Objetivo geral
.................................................................................
1.2.2 Objetivo específico .................................................................................
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
............................................................
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................
3.1 TIPO DE PESQUISA ..................................................................................
3.2 POPULAÇÃO .............................................................................................
3.2.1 Amostra
.............................................................................................
3.3 INSTRUMENTOS
..................................................................................
3.4 COLÉTA DE DADOS ..................................................................................
3.5 ANÁLISE DE DADOS ..................................................................................
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
.............................................................
4.1 ACADEMIA A .............................................................................................
4.2 ACADEMIA B .............................................................................................
4.3 ACADEMIA C .............................................................................................
5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ......
6. REFERENCIAS .............................................................................................
APENDICE 1
.............................................................................................
6
7
7
7
7
8
16
16
16
16
16
17
17
17
18
20
22
24
25
27
LISTA DE GRAFICOS
GRAFICO 1 – ORDEM DE IMPORTANCIA PARA OS PRATICANTES DA
ACADEMIA A – 2010
.................................................................................
GRAFICO 2 – PONTUAÇÃO PELA ORDEM DE IMPORTANCIA DOS
PRATICANTES DA ACADEMIA A – 2010
..................................................
GRAFICO 3 – ORDEM DE IMPORTANCIA PARA OS PRATICANTES DA
ACADEMIA B – 2010
..................................................................................
GRAFICO 4 – PONTUAÇÃO PELA ORDEM DE IMPORTANCIA DOS
PRATICANTES DA ACADEMIA B – 2010
..................................................
GRAFICO 5 – ORDEM DE IMPORTANCIA PARA OS PRATICANTES DA
ACADEMIA C – 2010
..................................................................................
GRAFICO 6 – PONTUAÇÃO PELA ORDEM DE IMPORTANCIA DOS
PRATICANTES DA ACADEMIA C – 2010
...................................................
19
19
21
21
23
23
RESUMO
O kung fu é uma arte marcial que evoluiu na China com o passar de milênios, dentro
desta arte é onde se encontra o kati. Tendo como objetivo deste trabalho verificar a
importância do kati no aprendizado do kung fu com uma analise do ensino das
técnicas, avaliação da prática e observação do interesse dos alunos e instrutores
pelo kati, através de um questionário passado para 60 pessoas de três academias,
20 de cada. Separados em academia A, B e C, obteve-se que as explicações da
pratica é semelhante nas três academias, já o meio de ensino é diferente na
academia A que mostra o kati como uma forma de avaliação do aluno, e na
academia B e C o resultado foi que é a revisão para melhora de técnicas e posturas.
O interesse foi feito pela comparação entre três meios de ensino das academias,
seqüência, combate e kati, onde na academia A o interesse foi maior pelo combate e
na academia B o Kati e a C ficou dividida entre combate e kati. No ensino das
técnicas do kati e explicações de sua pratica não se verificou nenhum erro, mas com
o crescente interesse no combate que preza a força acima da técnica é algo
totalmente contraditório ao kati e gera uma polemica que atinge não somente o kung
fu, mas também outras artes marciais.
Palavras-chave: Kung fu; Kati; Academia
1. INTRODUÇÃO
Os primeiros registros fiéis de Kung Fu foram encontrados na dinastia Shang
(1766-1045 a.C.), foram as primeiras escritas chinesas feitas em ossos e cascos de
tartarugas
Embora se saiba que o Kung Fu foi desenvolveu muito antes desta dinastia,
é dentro desta arte marcial que se encontra o kati.
O termo kati foi criado especificamente no Brasil, por uma alusão ao termo
Kata das artes marciais japonesas, sua forma o correta de dizer seria TaoLu, ou
estrada padrão para sua tradução ao português. No Kati o praticante faz uma luta
contra um inimigo imaginário com o objetivo do aperfeiçoamento.
Existem praticantes que usam o Kati somente como uma forma de
apresentação, por este motivo muitos acham que o Kati serve só para
apresentações artísticas, mas alem de possuir técnicas com movimentos leves e que
expressa certa beleza, o praticante do Kati deve buscar o aperfeiçoar também a
força, o equilíbrio, a flexibilidade, com harmonia e velocidade.
Existem ainda as categorias de Kati tanto com armas quanto sem armas,
quando praticado por mais de uma pessoa ele passa a se chamar Tui Cha, que
pode ser o Tui cha de armas ou sem armas. Mesmo com todas estas explicações já
levantadas muitos praticantes continuam sem entender a importância do
aprendizado pratico e teórico do kati no Kung fu.
1.1 O PROBLEMA
A prática do Kati influencia no aprendizado de Kung fu?
1.2 OBJETIVO
1.2.1 Objetivo geral
Verificar se a prática do Kati influencia no aprendizado de Kung fu
1.2.2 Objetivo específico
•
Analisar como é feito o ensino das técnicas do Kati
•
Avaliar as explicações da prática do Kati
•
Observar o interesse dos alunos e instrutores por estas técnicas do Kati
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Na história da China houve muitas disnatias, algumas passaram sem uma
grande influencia outras perduraram bastante tempo, As principais disnatias foram
Shang, Zhou, Qin e Han.
A dinastia Shang (1766 – 1045 a.C.) considerada a primeira dinastia
verdadeira da China veio logo após a dinastia Xia. Governada por um rei sacerdote,
possuía a nobreza e os plebeus, e eram famosos por suas esculturas em jade,
trabalhos em cobre e tecidos de seda, nela também foi desenvolvida carruagens de
guerra puxadas por cavalos e um sistema de escrita. A Escrita em Shang usava
mais de três mil símbolos que eram esculpidos em ossos e cascos de tartarugas,
deixando assim os primeiros registros fiéis da existência do Kung Fu, mais tarde esta
língua evoluiu para a grafia usada na China.
O povo de Shang cultuava seus ancestrais e vários deuses, fazia sacrifícios
humanos como à queima de escravos vivos na tumba de seus mestres.
Acabou quando uma rebelião de escravos derrubou o ultimo imperador
(dinastia Shang 2010).
A dinastia Zhou (1045 – 256 a.C.) foi a que depôs a Shang e assumiu seu
local. Possuía um sistema de classes muito parecido com esta, controlando
diretamente apenas algumas partes do norte da China dividiu o reino em estados
colocando um governador local em cada um, com o tempo estes governos ficaram
cada vez mais independentes enfraquecendo o poder da dinastia.
Uma invasão estrangeira obrigou os Zhou a abandonarem sua capital, e em
775 a.C. iniciou-se o período do Zhou oriental. As cidades cresceram, surgiu a
classe de mercadores onde a moeda começou a prevalecer sobre o escambo. A
manufatura do bronze chegou ao seu apogeu e houve o surgimento de grandes
pensadores como Confúcio, pai do confucionismo, e Lao-Tsé que acreditam ser o
criador do taoismo, em suas obras estão incluídos I Ching ou Livro das Mutações;
Tao Te Ching ou Livro do Caminho e da Virtude; o Shijing ou Livro dos Poemas; o
Shujing, ou Livro do Aprendizado; o Liji, ou Livro dos Ritos; e o Chunqiu, ou Anais da
Primavera e Outono.
O fim da dinastia Zhou aconteceu quando o governo central perdeu poder e
se dividiu em sete grandes estados (dinastia Zhou 2010).
A dinastia Qin (221 – 206 a.C.) os sete estados remanescentes da dinastia
Zhou disputaram entre si o controle da China. Nesta disputa o estado de Qin foi o
vitorioso e estabeleceu um império forte e autoritário. Seu imperador foi Qin Shi
Huang, que aboliu os outros estados e criou novamente um governo central com um
rígido código leal e grande eficiência administrativa, este abusava da autoridade e
crueldade, como forma de evitar a heresia tentou queimar toda a literatura clássica e
chegou a dar a ordem para que 460 seguidores do confucionismo fossem enterrados
vivos.
A boa conseqüência da dinastia de Qin foi a unificação dos pesos e
medidas, a moeda e a escrita na China. Neste império é que se iniciou a construção
das muralhas da china para defender seu reino contra a invasão estrangeira.
Para sustentar suas extensas campanhas militares e projetos de construção
o imperador Qin cobrava impostos pesados do povo chinês, devido a isto e a
crueldade de seu reinado uma guerra civil eclodiu quando o Imperador Qin morreu,
em 207 a.C. viajando pela China oriental, enquanto buscava as lendárias “ilhas
perdidas dos imortais”, esta guerra causou o colapso da dinastia um ano após sua
morte.
Qin foi enterrado em seu tumulo, o famoso mausoléu de Xian, cheio de
soldados de terracota, o qual se encarregou da construção enquanto ainda era
jovem. (dinastia Qin 2010)
A dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.) o poderoso estado de Han estabeleceu
sua dinastia logo após a queda da dinastia Qin. O governo manteve grande parte da
estrutura administrativa Qin, mas não manteve a excessiva a centralização do poder.
Para ajuda no controle do poder eram escolhidos funcionários públicos através de
exames para o serviço civil. Sendo assim os ideais de Confúcio tão suprimidos na
dinastia anterior, se tornou uma das grandes mudanças no Império Han Ocidental.
Wang Mang um oficial acusado de usurpar o trono em 8 d.c. estabeleceu a
curta dinastia Xin que mesmo seguindo os ensinamentos do confucionismo durou
somente até 25 d.C. quando a dinastia Han assumiu de novo o poder (Wang Mang
2010).
Na dinastia Han Oriental a economia, a educação e a ciência prosperaram.
O comercio com o norte e com a Europa aumentou através da rota da seda. Foram
criadas varias obras literárias, incluindo textos históricos e dicionários.
Neste período o budismo vindo da Índia foi introduzido na China, sendo uma
dinastia militarista teve suas fronteiras expandidas para as regiões que hoje
correspondem ao Tibete, Coréia do Norte e norte do Vietnã.
Nesta dinastia novas armas foram incorporadas à arte do Kung fu, e o
taoísmo começou a influenciar a filosofia de luta. (dinastia Han 2010)
Seu fim se deu por causa da rivalidade política e corrupção que
enfraqueceram esta dinastia, estados vassalos se revoltaram, e uma rebelião em
larga escala eclodiu, dividindo a China em três reinos.
A chegada do Kung fu ao Brasil aconteceu em 1950 com o grande fluxo de
imigrantes chineses que estavam fugindo das guerras e da fome que assolavam a
China. Eles tiveram grande dificuldade com a língua, tendo que aprender o básico
para tentar conseguir um emprego. A popularização do Kung fu somente se deu no
final do século 60 com a chegada de filmes de arte marcial, especialmente os de
Bruce Lee, e da série Kung fu estrelada por David Carradine (Imigração chinesa
2010).
Existem algumas figuras lendárias que deixaram até hoje sua marca na
história do kung fu, sendo também considerados mitos por muitos estudiosos,
Sun Tzu viveu no século 6 a.C. e até hoje é considerado um dos melhores
estrategistas que surgiram ao longo da historia sua obra, a arte da guerra, possui 13
capítulos onde consta que a suprema arte da guerra é subjugar o inimigo sem lutar.
Sua meta sempre era conseguir o melhor exercito para isto ele treinava seus
homens com kung fu para atingir sua meta.
Sua obra afirmava que a melhor forma de vitória era conhecer seu inimigo e
sua própria força, foi utilizada para fins de guerra em alguns anos atrás mas nos
tempos de hoje é usado como um guia em negócios, esportes, diplomacia e até em
relacionamentos amorosos (Sun Tzu 2010).
Bodidharma era o 28º Patriarca do Budismo, chegou à China durante a
dinastia Sung (420-479 d.C.). Sua contribuição para o Kung fu se deu quando ele se
estabeleceu no monastério de Sil-lum no monte Shao-shih. Diz à lenda que após
chegar o monastério ele meditou em frente a uma parede por nove anos. Em sua
meditação, fundou o budismo ch'na e criou o Kung fu, mas como o Kung fu é muito
mais antigo que esta data acredita-se então que este mosteiro abrigasse muitos
fugitivos da justiça, fugitivos que eram também guerreiros hábeis e lá se tornavam
monges. O que Bodidharma fez segundo GEE (1956) foi criar uma série de
exercícios que ajudavam a unir a mente e o corpo, surgindo assim o estilo Shaolin
com influencias budistas (Bodidharma 2009).
Pai Yu-feng (1206-1333 d.C.) morava na a província de Honan, e foi
responsável pela criação dos cinco princípios que contem no kung fu até hoje, para
cada principio ele ligou o ensinamento a essência de um animal. São eles, o tigre
(Fu-Yang) responsável pela fortificação dos ossos, o dragão (Long-Fu) para força
espiritual, a garça azul (Hork Yang) ensinou sobre os tendões, o leopardo (Pao)
mostra o limite da força e a serpente (Shir) é responsável pela capacidade do fluxo
da energia espiritual (SANTOS B. N. A.), mais tarde seus ensinamentos foram
desmembrados por cinco templos shaolim, de vários distritos, em cinco estilos
distintos entre si, estes receberam o nome de acordo com a província onde o templo
se situava e desenvolveram-se em um sistema de famílias. (Pai Yu-feng 2010).
Kwan Kun (453 e 221 a.C.) é reconhecido por suas historias, dizem que em
uma época ele ficou responsável pela proteção do exercíto e família de Liu-Pei, seu
irmão de sangue, que tinha sido obrigado a fugir e se refugiar nas montanhas. ChouChou, um general inimigo, queria de toda maneira trazer Kwan Kun para lutar em
seu exército para isto tentou suborná-lo com festas grandiosas, com oferenda de
mulheres maravilhosas, roupas lindíssimas e muito ouro. Tudo o que Kwan Kun
recebia, dava para a família de seu irmão guardar para quando este retornasse, e
assim prosseguiu sem cair na tentação de Chou-Chou.
Hoje em dia você encontra em academias de Kung Fu estampas com a
ilustração de Kwan Kun representado junto com seu cavalo ou cercado por seus
auxiliares, o filho adotivo Kwan Ping e o escudeiro Chou Tsang, simplesmente para
lembrar a grande honestidade e o caráter incorruptível que um valoroso guerreiro
deve possuir (Kwan Kun 2010).
Lao Tse seu nome real seria Li Er ou Lao Dan, viveu no século 6 a.C. e
segundo a lenda o fato de ter nascido com cabelos brancos que foi dado o nome
Lao Tse que significa “velho mestre” ou “criança velha”. A ele foi atribuída a criação
do Taoísmo e a autoria do livro Tao Te Ching, o livro do caminho e da virtude, uma
obra filosófica que eleva a consciência através do conhecimento da direção
apontada pela natureza MINICK (1974), e mais tarde foi incorporada ao Kung fu
(Lao Tse 2010).
O taoísmo tem como significado “Caminho da Eternidade” COOPER (1984),
sua fundamentação esta no principio da dualidade o Yin e Yang, a esfera com um
lado preto e um branco é o símbolo que representa esta filosofia. Segundo este
princípio, duas forças que se completam compõem tudo que existe no mundo, e do
equilíbrio dinâmico entre estas duas forças surge todo movimento de mutação. Yin
seria o principio passivo, feminino, noturno, frio e yang seria o principio ativo,
masculino, diurno, quente.
Como citado por COOPER (1981) “Os exemplos não incluem
qualquer juízo de valor, e não há qualquer hierarquia entre os dois
princípios. Assim, referir-se a Yin como negativo apenas indica que ele é
negativo quando comparado com Yang, que será positivo. Esta analogia é
como a carga elétrica atribuída a prótons e elétrons: os opostos
complementam-se, positivo não é bom ou mau, é apenas o oposto
complementar de negativo.”
Deve-se salientar também que como visto no símbolo a um pequeno ponto
da outra cor que significa que todo yin tem seu yang e todo yang possui seu yin
gerando assim um equilíbrio entre corpo e mente o qual se busca no kung fu, desta
filosofia surgiu às virtudes observadas até hoje em varias academias servindo como
base para criar um ser equilibrado em sua vida social e como artista marcial, assim
como dito nos ensinamentos de Lao Tse (1999).
“O céu é constante, a terra é duradoura, o que permite a
constância e a duração do céu e da terra, é o não criar para si por isso são
constantes e duradouros, assim, o homem sagrado deixa seu corpo para
trás e o corpo avança, além do corpo, o corpo permanece, através do nãocorpo, conclui o corpo” Lao Tse (ca. 1118 a.C.)
Nestes versos o referido corpo é tanto o físico quanto o espírito.
Sendo assim o treinamento é feito não com o pensamento de atacar ou
machucar o oponente e sim simplesmente se defender dele, sendo a pratica moral o
principio do treino de kung fu atendendo a parte mental de sua filosofia, a parte física
é feita seguindo etapas, como dito no próprio nome que tem significado tempo e
habilidade ou trabalho duro (A diferença do Kung-fu está na pratica de sua filosofia
de Paz e Respeito 2009), em todas estas etapas temos o treino por meio do Kati
conhecido fora do Brasil como Taolu sua tradução seria algo como estrada padrão,
mas o termo rotina se refere muito bem ou que acontece no Kati, então estas séries
de movimentos de rotina que simulam situações de combate são repetidas em todos
os dias de treinamento, visto por Edward Fox (1986) que toda ação praticada um
número suficiente de vezes será memorizada e quando o indivíduo deseja realizar
essa determinada habilidade ele recorre novamente a esse padrão motor particular
que é reproduzido imediatamente. Um engrama é um traço permanente deixado no
protoplasma tecidual. A mudança ou a pratica de certos movimentos por certo
período de tempo modifica a configuração protoplasmática de certas células no setor
sensorial do cérebro.
O engrama sensorial implica um servomecanismo proprioceptor de retro
alimentação. As vias neurônicas provenientes dos proprioceptores passam através
do cerebelo para as áreas sensoriais do córtex cerebral e após para o córtex motor.
Uma vez aprendido, o engrama é armazenado e pode ser utilizado, com envio de
mensagem ao sistema nervoso central que vai usar o engrama estocado como
modelo, todas as vezes que precisarmos realizar este ato motor.
Outro grande fator que a pratica do Kati ajuda, como visto por PIRET e
BEZIERS (1992), é a coordenação motora, isto é algo que cada pessoa desenvolve
individualmente com as experiências que ganha no decorrer de sua vida e nenhuma
pessoa é capaz de possuir a mesma coordenação de outra, um exemplo pratico é
que nenhuma pessoa pega a caneta para escrever da mesma forma que outra, até
mesmo a forma de andar é diferente entre as pessoas, essas diferenças são criadas
pela experiência motora que ela passou ou esta passando e é um conhecimento que
atinge todos os membros motores de nosso corpo, no Kati tem uma grande variação
de movimentos e trabalha o corpo como um todo o que estimula seus praticantes
ajudando no acumulo de boas experiências motoras o que trás para a pessoa uma
boa coordenação.
Alem disto no Kung fu com o avanço de etapas de treinamento o praticante
ainda deve continuar fazendo os Katis de todas as etapas que já passou
atendendendo a proposta de Richard Magill (2000) vendo o feedback aumentado
como uma forma de aumentar o desempenho e atingir sua meta de melhoria da
coordenação motora.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 TIPO DE PESQUISA
Pesquisa descritiva do tipo questionário. Segundo Thomas e Nelson (2002),
análises fatoriais convencionais além de serem usadas para o desenvolvimento de
novos instrumentos de medida, também são utilizadas para validação de escalas
existentes com amostras diferentes da original.
3.2 POPULAÇÃO
Praticantes da Arte Marcial Kung fu da cidade de Curitiba.
3.2.1 Amostra
Será realizada a pesquisa com 60 alunos de três academias de Kung fu, 20
alunos de cada academia, de ambos os sexos e entre 15 e 40 anos de idade.
3.3 INSTRUMENTOS
O instrumento utilizado para está pesquisa foi um questionário (Apêndice 1)
contendo 10 perguntas, 6 fechadas e 4 abertas.
3.4 COLÉTA DE DADOS
O questionário foi entregue ao responsável pela academia de kung fu, que
repassou aos alunos assegurando o correto preenchimento. A coleta dos
instrumentos foi realizada na aula seguinte ao do preenchimento.
3.5 ANÁLISE DE DADOS
A análise dos dados foi feita por tabulação expressos por meio de gráficos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As distribuições dos questionários foram feitas entre três academias, as
quais receberam os nomes de academia A, academia B e academia C. Destas
Academias foram adquiridos 45 questionários preenchidos por ambos os sexos e
entre 15 a 40 anos, onde se verificou que em todas as academias é constantemente
explicado sobre o kati, tanto sua pratica quanto seu valor teórico, o resultado desta
dedicação foi que todas as amostras afirmam que o kati tem bastante importância
em sua pratica de kung fu. O treinamento do kati não é diferenciado por idade ou
sexo sendo o treino igual para todos, diferenciado então somente por serem de
diferentes academias.
4.1 ACADEMIA A
Na academia A, dos 20 questionários deixados, 14 foram preenchidos, 3
mulheres e 11 homens entre 15 e 38 anos, e 6 não foram preenchidos. Destes 7 são
alunos e 7 instrutores.
A academia possui um total de 110 katis e todos os praticantes desta são
ensinados por um mestre do estilo. O total de katis praticados no momento pelos
alunos não é influenciado por sua graduação ou tempo de aula utilizado para esta
atividade.
De acordo com o maior numero de resultados mostrados no questionário
para a academia A, 9 dos 14 escolheram que a afirmação valida sobre o kati se
deve ao fato dele ser tratado como uma forma de avaliar o desempenho dos
praticantes.
Na ordem de importância (Gráfico 1) entre seqüência, combate e kati
verificou-se que entre a maioria dos praticantes da academia a primeira escolha está
dividida entre kati e combate com 6 dos 14 votos cada, mas em uma escala de
pontuação (Gráfico 2) deixou claro que combate, kati e seqüência, estão nesta
ordem como atividades preferenciais da academia.
GRAFICO 1 – ORDEM DE IMPORTANCIA PARA OS PRATICANTES DA
ACADEMIA A – 2010
Academia A
8
7
6
Votos
5
Primeira Escolha
4
Segunda Escolha
Terceira Escolha
3
2
1
0
Seqüência
Combate
Kati
GRAFICO 2 – PONTUAÇÃO PELA ORDEM DE IMPORTANCIA DOS
PRATICANTES DA ACADEMIA A – 2010
Academia A
35
30
Pontos
25
20
Seqüencia
Combate
Kati
15
10
5
0
Votos
NOTA: Gráfico feito a partir das escolhas, primeira escolha vezes 3, segunda vezes 2 e terceira vezes 1.
4.2 ACADEMIA B
Na academia B, dos 20 questionários deixados 15 foram preenchidos, 6
mulheres e 9 homens entre 15 e 40 anos, e 5 não foram preenchidos. Destes 9 são
alunos e 6 instrutores.
A academia possui um total de 41 katis e os alunos são ensinados por
instrutores e estes pelo mestre do estilo, o total de katis e tempo de aula disponível
para sua pratica é totalmente influenciado pela graduação dos alunos.
De acordo com a afirmação valida sobre o kati, todos os praticantes da
academia B escolheram o fato do kati ser feito para rever técnicas e posturas, sendo
esta uma das bases fundamentais do treino de kung fu.
Na ordem de importância (Gráfico 3) entre seqüência, combate e kati
verificou-se que a maioria dos praticantes da academia teve kati como primeira
escolha com 9 dos 15 votos possíveis. Na escala de pontuação (Gráfico 4) mostra
kati, seqüência e combate como ordem de atividades preferenciais da academia.
GRAFICO 3 - ORDEM DE IMPORTANCIA PARA OS PRATICANTES DA
ACADEMIA B- 2010
Academia B
10
9
8
7
Votos
6
Primeira Escolha
5
Segunda Escolha
Terceira Escolha
4
3
2
1
0
Seqüência
Combate
Kati
GRAFICO 4 – PONTUAÇÃO PELA ORDEM DE IMPORTANCIA DOS
PRATICANTES DA ACADEMIA B – 2010
Academia B
40
35
30
pontos
25
Seqüência
20
Combate
Kati
15
10
5
0
votos
NOTA: Gráfico feito a partir das escolhas, primeira escolha vezes 3, segunda vezes 2 e terceira vezes 1.
4.3 ACADEMIA C
Na academia C, dos 20 questionários deixados 16 foram preenchidos, 3
mulheres e 13 homens entre 15 e 36 anos, e 4 não foram preenchidos. Destes 13
são alunos e 3 instrutores.
A academia possui entre 30 e 40 katis e todos os praticantes desta são
ensinados por um faixa preta do estilo, o total de katis praticados no momento pelos
alunos é influenciado por sua graduação, mas não influencia o tempo de aula
utilizado para esta atividade que parece ser escolhida pelo praticante.
De acordo com a afirmação valida sobre o kati, a maioria dos praticantes da
academia B, 15 dos 16 escolheram o fato do kati ser feito para rever técnicas e
posturas, sendo esta uma das bases fundamentais do treino de kung fu.
Na ordem de importância (Gráfico 5) entre seqüência, combate e kati
verificou-se que a maioria dos praticantes da academia teve combate como primeira
escolha com 6 dos 16 votos possíveis. Na escala de pontuação (Gráfico 6) mostra
combate e kati em primeiro lugar ambos com 34 pontos e em ultimo seqüência como
ordem de atividades preferenciais da academia.
GRAFICO 5 - ORDEM DE IMPORTANCIA PARA OS PRATICANTES DA
ACADEMIA C- 2010
Academia C
10
9
8
7
Votos
6
Primeira Escolha
5
Segunda Escolha
Terceira Escolha
4
3
2
1
0
Seqüência
Combate
Kati
GRAFICO 6 – PONTUAÇÃO PELA ORDEM DE IMPORTANCIA DOS
PRATICANTES DA ACADEMIA C – 2010
Academia C
40
35
30
Pontos
25
Seqüência
20
Combate
Kati
15
10
5
0
Votos
NOTA: Gráfico feito a partir das escolhas, primeira escolha vezes 3, segunda vezes 2 e terceira vezes 1.
5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO PARA TRABALHOS FUTUROS
O ensino dos valores das técnicas do kati esta sendo feito corretamente em
todas as academias, com as explicações do modo pratico para revisão de
movimentos, aprimoramento do corpo e melhora da técnica, e a forma teórica para
abrir a mente, acalmar a alma e elevar o espírito.
O resultado da academia A onde os praticantes vem o kati como uma forma
de avaliação para o desempenho, pode ser uma forma que o responsável da
academia encontrou para estimular seus alunos em sua prática, se esta dando
resultados positivos isso não pode ser levantado com os dados obtidos, já nas
academias B e C que mostram o kati como revisão de técnicas e posturas é o
resultado esperado para o desempenho do Kung fu.
Na questão de interesses dos alunos e instrutores, foi feita pela escolha de
preferência entre seqüência, combate e kati, os praticantes da academia A
mostraram mais interesse no combate, os praticantes da academia B em kati e os
praticantes da academia C deu um empate entre combate e kati, o que demonstra,
neste trabalho, que o interesse no kati esta se voltando para o combate e não sendo
perdido pelo fato dele ser usado para apresentação como pode ser achado em
pesquisa, mas nos combates de hoje em dia se preza mais a força que técnica
sendo então totalmente contrario ao kati, a escolha do uso da força é uma das
grandes polemicas que vem surgindo nas artes marciais, não somente no kung fu
como em outras, gerando muitas vezes conflitos entre as gerações de praticantes,
estudos mais detalhados devem ser feitos para verificação de qual é a causa desta
mudança de atitude.
6. REFERENCIAS
Dinastia Shang disponível em:
http://www.discoverybrasil.com/china_antiga/dinastias_chinesas/dinastia_shang/inde
x.shtml. Acessado em: 15 mar. 2010
Dinastia Zhou disponível em:
http://www.discoverybrasil.com/china_antiga/dinastias_chinesas/dinastia_zhou/index
.shtml. Acessado em: 15 mar. 2010
Dinastia Qin disponível em:
http://www.discoverybrasil.com/china_antiga/dinastias_chinesas/dinastia_qin/index.s
html. Acessado em: 15 mar. 2010
Dinastia Han disponível em:
http://www.discoverybrasil.com/china_antiga/dinastias_chinesas/dinastia_han/index.
shtml. Acessado em: 15 mar. 2010
Wang Mang disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wang_Mang. Acessado em:
15 mar. 2010
Imigração chinesa disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_chinesa_no_Brasil. Acessado
em: 10 mai. 2010
Sun Tzu disponível em:
http://www.discoverybrasil.com/china_antiga/personagens_chineses_famosos/sun_t
zu/index.shtml. Acessado em: 20 abr. 2010
GEE, G. MENG, B. LOEWENHAGEN, R. Mastering Kung Fu: featuring Shaolin wing
chun. Human Kinetics, 1956.
Bodidharma disponível em: http://www.portaldekungfu.com/KungFu_Historia.php.
Acessado em: 22 set. 2009
Pai Yu-feng disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/kungfu/historia-do-kung-fu.php. Acessado em: 10 mai. 2010
Kwan Kun disponível em: http://ichs.sites.uol.com.br/kwankun.html. Acessado em:
20 abr. 2010
Lao Tse disponível em: http://www.pensador.info/autor/Lao-Tse/biografia. Acessado
em: 20 abr. 2010
A diferença do Kung-fu está na pratica de sua filosofia de Paz e Respeito disponível
em: http://kungfualagoas.esporteblog.com.br/3461/A-diferenca-do-Kung-fu-esta-napratica-de-sua-filosofia-de-Paz-e-Respeito. 25 ago. 2009
SANTOS, B. N. A. Kung Fu arte marcial para todos sem mestre. ed. MiNAMICUNHA EDITORES SOC. LTDA, n/d.
MINICK M. Livro de exercícios de Kung Fu. São Paulo: Record, 1974.
COOPER, J. C. Yin & Yang, a harmonia taoísta dos opostos. São Paulo: Martins
Fontes, 1981.
COOPER, J. C. Taoísmo. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
PIRET, S. e BEZIERS, M. M. A coordenação motora aspecto mecânico da
organização psicomotora do homem. 2. ed. São Paulo: Summus Editorial, 1992.
MAGILL, R. Aprendizagem motora: Conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard
Blücher, 2000.
TSE, Lao. TAO TE CHING O Livro do Caminho e da Virtude 4. ed. Brasil: Mauad,
1999.
APENDICE 1
Nome:______________________________________
Idade:______
Sexo: M( ) F( )
Academia:__________________
Questionário
1. A quanto tempo você pratica kung fu?
2. Qual seu nível de faixa?
( )0-2
( )3-5
( )5-8
( )8+
3. Qual a graduação de seu instrutor?
4. Quantos Katis você pratica no momento?
5. Quantos Katis possuem em sua academia?
6. Que tipo de instrução sobre Kati foi passada para você?
( )Pratica
( )Teórica
( )Pratica e Teórica
( )Nenhuma
7. Que importância o Kati tem para a sua pratica de Kung fu?
( )Nenhuma
( )Pouca
( )Bastante
8. Quanto tempo de sua aula é dedicado para o Kati?
( ) menos de 20 min
( ) de 20 à 40 min
( ) mais de 40 min
9. Qual destas afirmações é valida para você sobre o kati.
( ) O Kati é somente uma forma de apresentação para campeonatos.
( ) O Kati deveria ser substituído por mais tempo de pratica de combate.
( ) O Kati é somente uma forma de avaliação de golpes e posturas.
( ) O Kati é feito para rever golpes e posturas.
10. Numere de 1 a 3 pela ordem de importância para você.
( )Seqüências
( )Combate
( )Kati