Revista Eletrônica Novo Enfoque, ano 2010, v. 11, n. 11, p. 61 – 66
A IMPORTÂNCIA DA INICIAÇÃO CIENTÍFICA PARA OS ALUNOS DE GRADUAÇÃO
EM BIOMEDICINA
Flávia Bastos1, Fernanda Martins1, Mara Alves1, Mauro Terra1, Camila Souza Lemos2
1 Acadêmicas do Curso de Biomedicina da Universidade Castelo Branco – 5° Período – Campus Realengo – Rio de Janeiro/RJ.
2 Doutora pela Fundação Oswaldo Cruz e professora da Universidade Castelo Branco – Campus Realengo – Rio de Janeiro/RJ.
RESUMO
A Iniciação Científica permite ao aluno de graduação despertar a vocação para a pesquisa científica e
desenvolver um espírito ético e profissional. Objetivo desse trabalho foi definir o que é Iniciação Científica, descrever a
importância desse programa na formação dos alunos de graduação no curso de Biomedicina, estimular a criação desse
programa na Instituição e descrever os parâmetros de ética para o exercício dessa atividade. Como resultados, os
profissionais entrevistados concordam com a importância desse projeto na formação dos futuros profissionais da
Biomedicina.
Palavras-chave: Iniciação científica. Biomedicina. Projetos de pesquisa.
INTRODUÇÃO
A Iniciação Científica é um instrumento que permite introduzir os alunos de graduação na pesquisa
científica, sendo um instrumento de apoio teórico e metodológico à realização de um projeto que contribua na
formação profissional do aluno. Tem a Finalidade de despertar vocação científica e incentivar talentos potenciais
entre estudantes de graduação universitária, mediante participação em projeto de pesquisa, orientados por
pesquisador qualificado (1).
É um dever de toda Instituição de nível superior oferecer esse programa de Iniciação Científica mesmo sem a
veiculação de bolsa de iniciação científica, já que esta é apenas um incentivo individual que serve como estratégia de
seleção para os melhores alunos e/ou projetos. Essa bolsa pode ser um atrativo, ajudando o bolsista a não desistir do
projeto por problemas financeiros, garantindo sua participação em todo o processo de pesquisa. O bolsista deve receber
orientação por pesquisador qualificado de modo que a aprendizagem de técnicas e métodos, bem como o
desenvolvimento do pensar científico, seja decorrente de situações criadas pelo confronto direto com os problemas da
pesquisa (2).
A iniciação científica também tem como objetivos estimular pesquisadores a encorajarem os estudantes de
graduação a se engajarem em pesquisas científicas, recebendo orientação de Instituições sérias e comprometidas com o
desenvolvimento técnico-científico do país, estimulando sempre o ingresso de novos pesquisadores (2).
A iniciação científica também estimula alunos de pós-graduação, despertando a vocação científica e
incentivando potenciais talentos mediante a participação dos jovens em diversos projetos científicos. Para isso, o
orientador deve gerar trabalhos científicos de qualidade, que tenham publicações periódicas de expressão internacional
ou cujo trabalho seja relevante para qualquer um dos níveis de ensino (2).
Para que um aluno possa participar do processo de seleção a Iniciação científica, ele deve estar regularmente
matriculado em curso de graduação, apresentar um excelente rendimento acadêmico, dedicar-se às atividades propostas
na pesquisa, ter cursado pelo menos o primeiro período da graduação e não estar no último período do curso, não possuir
vínculo empregatício, pois atrapalharia a dedicação ao projeto, e ter de preferência alguma experiência na área da
pesquisa a ser realizada (2).
Quanto ao projeto, este deve ter relevância científica, tecnológica ou educacional, e também deve proporcionar
ao estudante a aprendizagem de técnicas e métodos científicos modernos e estimular o desenvolvimento do pensamento
científico e da criatividade (2).
Desta forma, entendemos ser de grande importância estimular os alunos a participarem desse programa,
permitindo assim um maior envolvimento dos alunos nas questões que se relacionam com o desenvolvimento da ciência
no nosso país.
Assim sendo, o presente projeto tem por objetivos definir a Iniciação Científica, descrever a importância desse
programa na formação dos alunos de graduação no curso de Biomedicina, estimular a criação desse programa na
Instituição e descrever os parâmetros de ética para o exercício dessa atividade.
MÉTODO
A pesquisa foi realizada em forma de questionário, pelo qual foram entrevistados profissionais biomédicos já
inseridos no mercado de trabalho. Todos receberam um termo de consentimento livre e esclarecido, que em concordância
com a participação na pesquisa, assinaram e responderam ao questionário que, tinha com pergunta central a opinião deles
a respeito da iniciação científica durante o período de sua graduação.
RESULTADOS
Foram entrevistados dez profissionais biomédicos atuantes no mercado de trabalho. Sete obtiveram sua
formação em instituição pública e três, em Instituição particular. Dos sete que estudaram em instituição pública, cinco
tiveram a oportunidade de participar do programa de Iniciação científica na sua formação e dois não participaram desse
programa durante a graduação. Enquanto os três da Instituição particular não tiveram essa mesma oportunidade, pois em
suas instituições não fazia parte da grade o programa de iniciação científica. No entanto, todos admitem ser de grande
contribuição esse programa, e mesmo os que não fizeram incentivariam a que todos os alunos participassem desse
programa e que até mesmo que cobrem esse programa em suas Instituições de ensino.
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DESENVOLVIMENTO
A LEI Nº 6.684, DE 3 DE SETEMBRO DE 1979, regulamenta a profissão de Biomédico, cria o Conselho
Federal e o Conselho Regional de Biomedicina: (3)
CAPITULO I - Da Profissão de Biomédico
Art. 3º - O exercício da profissão de Biomédico é privativo dos portadores de diploma:
III. Devidamente registrado, de bacharel em curso oficialmente reconhecido de Ciências Biológicas, modalidade médica;
(3)
IV. Emitido por instituições estrangeiras de ensino superior, devidamente revalidado e registrado como equivalente ao
diploma mencionado no inciso anterior. (3)
Art. 4º - Ao Biomédico compete atuar em equipes de saúde, a nível tecnológico, nas atividades complementares de
diagnósticos. (3)
O exercício das atividades profissionais do biomédico fica condicionado ao currículo efetivamente realizado que
definira a especialidade profissional. (3)
Para que o aluno de Biomedicina se torne um profissional atuante e qualificado, é de grande importância que ele
receba boas instruções no decorrer do seu curso. Dentro dessas instruções, está reservado um momento muito especial
que é quando ele sai da sala de aula e entra de uma forma amparada e orientada, no estagio. Esse estágio pode ser
vinculado a uma iniciação científica, colocando o aluno mais próximo da realidade de trabalho e pesquisa e que ele
poderá desenvolver ao longo de sua carreira.
Através de diferentes programas, o acadêmico da graduação é estimulado a ingressar na área da pesquisa
científica, desenvolvendo atividades orientadas dentro dos projetos e linhas de pesquisa da universidade. O ingresso em
qualquer um destes programas é feito mediante um contato prévio como os professores da área de interesse, pois é
somente através do professor que ele participa de um projeto de pesquisa e que desenvolve atividades de orientação em
pesquisa. O passo seguinte é o estudante candidatar-se a uma bolsa de iniciação científica, caso seja oferecida. Porém em
todas as modalidades de bolsas é necessário que o estudante cumpra uma carga horária de 20 horas semanais e não
possua vínculo empregatício. (4)
As atividades do aluno que participa da iniciação científica são ter uma vivência nas etapas de realização do
projeto; testar técnicas; participar de trabalhos experimentais; reunir bibliografia; testar hipóteses; desenvolver uma
metodologia; comparar resultados; participar de outras atividades conforme a área do projeto; buscar conclusões;
elaborar relatório de atividades. (5)
O acelerado crescimento do conhecimento nos últimos anos tornou impraticável o ensino tradicional baseado
exclusivamente na transmissão oral de informação. Em muitas disciplinas já não é possível, dentro das cargas horárias,
transmitir todo o conteúdo relevante. É importante destacar que o conhecimento não é um processo acabado, e muito do
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que o estudante precisará saber em sua vida profissional ainda está por ser descoberto. O desafio da universidade hoje é
formar indivíduos capazes de buscar conhecimentos e de saber utilizá-los. Ao contrário de outrora, quando o importante
era dominar o conhecimento, hoje o importante é "dominar o desconhecimento", ou seja, estando diante de um problema
para o qual ele não tem a resposta pronta, o profissional deve saber buscar o conhecimento pertinente e, quando não
disponível, saber encontrar, ele próprio, as respostas por meio de pesquisa. Os alunos não são meros depositários de
informações, pois a universidade deve formar cidadãos críticos e profissionais de que a sociedade necessita. Para isto, as
atividades, curriculares ou não, voltadas para a solução de problemas e para o conhecimento da nossa realidade, tornamse importantes instrumentos para a formação dos estudantes. É dentro desta perspectiva que a inserção precoce do aluno
de graduação em projetos de pesquisa se torna um instrumento valioso para aprimorar qualidades desejadas em um
profissional de nível superior, bem como para estimular e iniciar a formação daqueles mais vocacionados para a
pesquisa. Para desenvolver um projeto de pesquisa é necessário buscar o conhecimento existente na área, formular o
problema e o modo de enfrentá-lo, coletar e analisar dados, e tirar conclusões. Aprende-se a lidar com o desconhecido e a
encontrar novos conhecimentos. Os mecanismos institucionais para esta inserção são os estágios curriculares e a
iniciação científica. Precisa-se ampliar a iniciação científica como uma atividade curricular, valendo crédito e
devidamente avaliada, para possibilitar uma melhor formação dos estudantes. A Semana de Iniciação Científica faz parte
do esforço de valorização desta atividade, porque fornece ao aluno, a oportunidade de expor o seu trabalho aos demais
membros da comunidade universitária. A participação de todos, com críticas e sugestões aos trabalhos apresentados,
representa uma grande contribuição à formação dos alunos.
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CÓDIGO DE ÉTICA DA PROFISSÃO DE BIOMÉDICO
Código de Ética aprovado pela Resolução do C.F.B.M. - /V° 0002/84 DE i 6/08/84 - D. O. U. 27/08/84, e
de conformidade com o Regimento Interno Art. 54, 55, 60 – publicado em 31/07/84.
CAPÍTULO I - Dos princípios gerais
Art. 1º - O Biomédico, no exercício de suas atividades, está obrigado a se submeter às normas do presente
Código.
Art. 2º - As infrações cometidas pelo Biomédico serão processadas pelas Comissões de Ética e julgadas pelo
Conselho Superior de Ética Profissional ou pelo Conselho Regional de Biomedicina no qual o
profissional estiver inscrito.
Art. 3º Obriga-se o Biomédico a:
I. Zelar pela existência, fins e prestigio do Conselho de Biomedicina, aceitar os mandatos
e encargos que lhe forem confiados, cooperar com os que forem investidos de tais
mandatos e encargos.
II. Manifestar, quando de sua inscrição no Conselho, a existência de qualquer impedimento
para o exercício da profissão e comunicar, no prazo de trinta dias, a superveniência de
incompatibilidade ou impedimento.
III. Respeitar as leis e normas estabelecidas para o exercício da profissão;
IV. Guardar sigilo profissional.
V. Exercer a profissão com zelo e probidade, observando as prescrições legais.
VI. Zelar pela própria reputação, mesmo fora do exercício profissional.
VII. Representar ao poder competente contra autoridade e funcionário por falta de exação no
cumprimento do dever.
VIII. Pagar em dia as contribuições devidas ao Conselho.
IX. Observar os ditames da ciência e da técnica.
X. Respeitar a atividade de seus colegas e outros profissionais.
CAPÍTULO II - Do exercício profissional
Art. 3º
No exercício de sua atividade, o Biomédico deverá:
I. Empregar todo o seu zelo e diligência na execução de seus misteres.
II. Não divulgar resultados ou métodos de pesquisas que não estejam, cientifica e
tecnicamente, comprovados.
III. Defender a profissão e prestigiar suas entidades.
IV. Não criticar o exercício da atividade de outras profissões.
V. Selecionar, com critério e escrúpulo, os auxiliares para o exercício de sua atividade.
VI. Ser leal e solidário com seus colegas, contribuindo para a harmonia da profissão.
VII. Não ser conivente com erro e comunicar aos órgãos de fiscalização profissional as
infrações legais e éticas que forem de seu conhecimento.
VIII. Exigir justa remuneração por seu trabalho, a qual deverá corresponder as
responsabilidades assumidas e aos valores fixados pela entidade competente da classe.
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CAPÍTULO III - Da divulgação e propaganda
Art. 5º
O Biomédico pode utilizar-se dos meios de comunicação para conceder entrevistas ou palestras sobre
assuntos da Biomedicina, com finalidade educativa científica e de interesse social.
O Biomédico, apresentando antecipadamente ao Conselho o conteúdo da
Parágrafo Único entrevista ou palestra, solicitando a prévia autorização, poderá se eximir de
qualquer responsabilidade técnica.
CONCLUSÃO
O futuro profissional biomédico deve se dedicar ao máximo durante sua formação acadêmica e contar com um
programa que o coloque bem perto da realidade que ele irá encontrar depois de formado. Esse programa pode ser a
iniciação científica.
REFERÊNCIAS
1- http://www.cnpq.br/normas/rn_06_017_anexo2.htm acesso em 20/04/2010
2- www2.iq.usp.br/bioquímica/índex.dhtml?pagina=149&chave=nbM em 28/02/2010.
3- CONSELHOS REGIONAIS DE BIOMEDICINA E CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA. Biomedicina:
Um painel sobre o profissional e a profissão. Disponível em: http://www.crbm1.gov.br/. Acesso em: 10 de abril. 2010.
4- http://www.ucs.br/ucs/pesquisa/estimulopesquisa acesso em 21/04/2010
5- http://www.ufrgs.br/propesq/iniciacaogeral.htm acesso em 21/04/2010
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