ARTE CONTEMPORÂNEA NA ESCOLA, DESDOBRAMENTOS EXITOSOS*. Manuel Alves da Rocha Neto Escola Municipal Professor Otávio Batista Coelho Filho/Apoio FAPEMIG RESUMO Este artigo trata do ensino da Arte Contemporânea nas séries finais do Ensino Fundamental II, em uma das escolas públicas da Secretaria Municipal de Educação de Uberlândia-MG, onde esta linguagem vem sendo apresentada aos alunos com resultados significativos no tocante à apreensão de conhecimentos específicos da disciplina de Arte. O objetivo inicial da proposta era despertar nos alunos o interesse pelas aulas de Arte e ao mesmo tempo permitir e utilizar os equipamentos eletrônicos dos alunos e ainda levá-los a uma produção pessoal, em que a reflexão e os questionamentos permeassem as esferas do saber e da produção em Arte, mais especificamente da através da arte contemporânea. Palavra Chave: Arte contemporânea, conhecimento, educação. ABSTRACT THIS ARTICLE DEALS WITH THE TEACHING OF CONTEMPORARY ART IN THE FINAL GRADES OF THE ELEMENTARY SCHOOL II IN ONE OF THE PUBLIC SCHOOLS OF THE MUNICIPAL EDUCATION UBERLÂNDIA-MG, WHERE THIS LANGUAGE HAS BEEN PRESENTED STUDENTS WITH SIGNIFICANT RESULTS REGARDING THE SEIZURE OF SPECIFIC KNOWLEDGE ARTS DISCIPLINE. THE INITIAL OBJECTIVE OF THE PROPOSAL WAS TO AROUSE STUDENTS' INTEREST IN ART CLASSES AT THE SAME TIME ENABLE AND USE THE ELECTRONIC EQUIPMENT OF THE STUDENTS AND EVEN TAKE THEM TO A PRODUCTION STAFF, IN THAT REFLECTION AND QUESTIONING PERMEATE THE SPHERES OF KNOWLEDGE AND PRODUCTION OF ART, MORE SPECIFICALLY THROUGH CONTEMPORARY ART. KEY WORDS: CONTEMPORARY ART, KNOWLEDGE, EDUCATION. Neste texto apresento o desdobramento de um projeto realizado na Escola Municipal Professor Otávio Batista Coelho Filho, uma escola da Rede Pública Municipal de Ensino de Uberlândia-MG, durante as aulas de Arte, com os alunos do Ensino Fundamental II. Quando iniciei minha pratica docente com alunos das series finais do Ensino Fundamental, percebi que os alunos não gostavam dos conteúdos de pintura, desenho e nem mesmo sobre a História da Arte e demonstravam um grande desinteresse e apatia durante as aulas. No entanto, gostavam muito de tirar fotos, ouvir música, fazer vídeos, ou seja, tudo que estivesse relacionado com equipamentos eletrônicos que não eram permitidos dentro da sala de aula. Diante de tal situação, me vi obrigado a pensar em alternativas que possibilitassem ministrar as minhas aulas de Arte, visando despertar o interesse nos alunos. *Pesquisa desenvolvida sob apoio FPEMIG Procurei a direção da escola e pedi a liberação dos equipamentos eletrônicos dos alunos, durante minhas aulas. Fui prontamente atendido, e ainda ganhei a “amizade” dos alunos. Só restava então, negociar com eles as regras para a utilização dos equipamentos e, em contra partida, utilizá-los como aliados durante as aulas. Desta forma, trabalhando com os conteúdos da Arte Contemporânea desde o ano de 2009, e percebendo que as aulas de Arte nas séries em que atuava foram muito bem recebidas com uma aceitação relevante por parte dos alunos. Nos anos seguintes (2010 e 2011), permaneci como professor da disciplina na mesma escola e para minha surpresa, os alunos pensavam que as aulas de Arte no 9º ano, ministradas por mim, seriam como eles haviam presenciado nos anos anteriores com os colegas. Sendo assim, diante da verbalização do interesse dos alunos em realizar uma linha de trabalho onde pudessem desenvolver atividades como os outros alunos fizeram anteriormente, e considerando a experiência exitosa em relação à significativa melhora na disciplina dos alunos na sala de aula, interesse, aprendizagem dos conteúdos e permissão da direção da instituição, optei por realizar novamente com os alunos a mesma linha de trabalho realizada anteriormente com as novas turmas de alunos. No primeiro semestre letivo trabalhei os conceitos da Arte em conformidade com os 1 PCN , focando em alguns objetivos, por acreditar tanto na necessidade de lançar mão desses conteúdos para uma visão geral da Arte e produção humana durante sua trajetória, quanto para fundamentar o trabalho a ser desenvolvido posteriormente. Enfatizei as contribuições dos artistas nos diversos segmentos sociais ao longo da história da humanidade, tentando, acima de tudo, mostrar aos meus alunos técnicas, características, significados, relevância e contribuições da Arte no processo de formação cultural do ser humano. O intuito foi prepará-los para um momento em que a produção de tais conhecimentos se daria por meio dos conceitos teóricos e práticos vistos em um primeiro momento. 1 “• Compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito. • Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos; • Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação. Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos. (PCN, p.1. Disponível em: http://www.esefap.edu.br/arquivos/downloads/parametros-curriculares-nacionais-temas-transversais1242084911.pdf. Acesso em: 31 mai. 2012). *Pesquisa desenvolvida sob apoio FPEMIG Deste modo então, no segundo semestre iniciamos um trabalho de construção de conhecimentos através da Arte Contemporânea, levando aos alunos algumas imagens de trabalhos produzidos para as exposições das quais participei individual ou coletivamente. 2 Mostrei de início imagens de trabalhos pessoais, como o Sociocapitalismo (Figura 01). Como o trabalho citado é um objeto e os elementos ficam o tempo todo em movimento, expliquei então aos alunos que em alguns momentos a fotografia não daria conta de mostrar todos os conceitos de determinada situação e que o vídeo entraria então como aliado nesses momentos. Figura 1 – Manuel Rocha Neto, Figura 2 - Sociocapitalismo (Detalhe). Sociocapitalismo, 2006. Objeto, 130x0,50x0,50cm. Fonte: Acervo do artista. Percebi que isso nos aproximava e desmistificava a obra de Arte como sendo algo muito distante de nossa realidade e também a figura do artista como alguém longe ou já morto. Diante de uma produção pessoal lanço mão de diversos recursos que a tecnologia nos oferece e alguns conceitos sobre arte contemporânea. Já tinha percebido uma grande falta de interesse dos alunos dos anos finais do ensino fundamental durante as aulas de desenho, o que pode acontecer em função de que: a criança pequena geralmente aprecia desenhar e sua produção gráfica é marcada por gestos largos e confiantes. Mas existe um momento em que os desenhos parecem nunca estar bons e a criança começa a afirmar que não sabe desenhar e realmente deixa de fazê-lo. A faixa etária em que isso ocorre varia de autor para autor abrangendo desde os 8 até os 15 anos. Desta forma, os desenhos de adultos quase não se diferenciam dos desenhos das crianças dessa faixa etária, pois pararam de desenhar nesse período. Poucos são os que continuam a desenhar, geralmente aqueles que têm uma certa aptidão para o desenho. (LA PASTINA, 2007, p. 337). 2 Objeto apresentado em exposição coletiva no MUnA - Museu Universitário de Arte, da Universidade Federal de Uberlândia, durante o Festival de Arte em 2006. *Pesquisa desenvolvida sob apoio FPEMIG Mostrei algumas imagens produzidas para uma exposição individual intitulada “Vestígios”, realizada em 2007 no SESC – Unidade Uberlândia/MG. Tais imagens tratam do cotidiano de Moradores de Rua, e especificamente dos Vestígios deixados por esses indivíduos nos locais por eles habitados (fig. 3). Focando na minha produção em fotografia pedi que os alunos produzissem algumas fotografias, para que iniciássemos o trabalho prático. Figura 3 – Manuel Rocha Neto, Série Fornalhas, 2007. Fotografia, 0,60x100cm. Fonte: Acervo do artista. Saindo do convencional do desenho e da pintura e com a intenção de utilizar os equipamentos eletrônicos e toda sorte de materiais, apresentei aos alunos alguns conceitos da Arte Contemporânea, levando a eles as categorias e conceitos de Happening (do Inglês, acontecimento, modalidade artística cuja ação se dá de forma inusitada, sem um roteiro); performances (linguagem artística que difere do happening em função de ser mais cuidadosamente elaborada, nem sempre envolvendo a participação do público); instalações (gênero contemporâneo da Arte que compõe um ambiente interativo entre expectador, obra e local, explorando diversos suportes, meios e linguagens); intervenções (trabalhos 3 heterogêneos, geralmente efêmeros em espaços abertos); objeto (obra de Arte tridimensional cuja constituição se dá a partir da agregação, apropriação e ressignificação de elementos do cotidiano); body art (expressão artística que utiliza o corpo como suporte para a ação); vídeo arte (expressão artística que utiliza a tecnologia do vídeo para apresentação de obras em artes visuais) e; fotografia (captação de imagem através de recursos foto-mecânico). O que Michael Archer (2001, p. 61) chama de: 3 Duração relativamente curta, e dependem de registros (fotografia ou vídeo) para comprovação e documentação do trabalho. Diferente da arte permanente, a arte efêmera, seja através de performances, instalações, e happenings, é aquela vista como não perene fisicamente ou em demais considerações. *Pesquisa desenvolvida sob apoio FPEMIG a consequência do afrouxamento das categorias e do desmantelamento das fronteiras interdisciplinares foi uma década, da metade dos anos 60 a meados dos anos 70, em que a arte assumiu muitas formas e nomes diferentes: Conceitual, Arte Povera, Processo, Anti-forma, Land, Ambiental, Body, Performance, e Política. Esses e outros têm suas raízes no Minimalismo e nas varias ramificações do Pop e do novo realismo... Após apresentar os conceitos da Arte Contemporânea, e alguns dos meus trabalhos como artista, pedi que fizessem uma pesquisa onde, inicialmente, cada aluno construísse um projeto individual a partir de um tema de seu interesse pessoal, sendo que os temas foram focados em questões relevantes da atualidade e nos temas transversais como: meio ambiente, insegurança pública, política, drogas, preconceitos raciais, desigualdades sociais, dentre outros. De inicio, como material impresso, além das imagens de meu trabalho pessoal, eu só 4 dispunha do material da pasta Arte br . Então, como recurso didático mostrei aos alunos 5 imagens da pasta Arte br, tais como: “Regiões dos desejos” , série Colônia Juliano Moreira, 6 1984, de Hugo Denizard. “Sem título” , ensaio A luta pela terra, 1983, de Sebastião Salgado. 7 8 “Amaú turn around” , 1983 de Miguel Rio Branco, “Sócrates” , série Afthermath, 1988 de Vik Muniz, dentre outras imagens, sendo que esse material foi referência para o início das atividades, pois se tratavam de imagens de artistas reconhecidos internacionalmente e nos permitiram reflexões sobre as questões sociais, a função do poder público frente às desigualdades, a natureza e os problemas ambientais, a questão das cidades na sociedade contemporânea, as diferenças sociais e a educação enquanto meio de transformação social. O fenômeno urbano em camadas relativamente independentes acabou tornando a cidade de pedra e cal invisível à observação sociológica. Esta passou a considerá-la – quando muito – realidade externa às praticas, um cenário independente ou domínio onde as relações e processos sociais poderiam ou não ter lugar. (ARANTES, 2000, p.1986). Partilhando da ideia do autor acreditamos também que a cidade ou espaço urbano deve ser lido em sua complexidade e não nas diferentes camadas que o dissocia de sua completude. Nesse sentido, associamos o processo de aprendizagem dos alunos com a ideia referendada acima. Assim, sugeri aos alunos que realizassem pesquisas individuais sobre Arte Contemporânea, buscando informações na rede mundial de computadores (Internet) e que visitassem as bibliotecas públicas da cidade. Pesquisamos sobre Arte Contemporânea no 4 Material de apoio ao ensino da Arte, desenvolvido no Instituto Arte na Escola pelas professoras Lucimar Bello, Moema Rebuças e Ana Amélia Buoro. 5 Hugo Denizart, Regiões dos Desejos, 25cmx 37 cm. 1984. 6 Sebastião Salgado, Sem título, ensaio A luta pela terra, 51 cm x 7 Miguel Rio Branco “Amaú turn around”, 60cm x 90cm. 1983. 8 71 cm. 1983. Sócrates – série Aftermath (Consequência) – 1988. Fotografia colorida (cibrachome) 168 cm x 127 cm. *Pesquisa desenvolvida sob apoio FPEMIG laboratório de informática, sugerindo alguns endereços eletrônicos direcionados às 9 performances de John Cage e alguns vídeos da série „ciclo cremaster‟ 10 do artista norte 11 americano Matthew Barney . Trabalhamos também alguns textos de Michael Archer, Arte Contemporânea - Uma História Concisa, para motivação e compreensão do tema apresentado. Para iniciar o trabalho prático cada aluno deveria escrever um projeto de pesquisa em Arte, em que suas ideias fossem organizadas em um formulário padrão, previamente elaborado por mim e disponibilizado a eles, contendo o tema escolhido a ser desenvolvido dentro de uma linguagem a ser explorada, a justificativa, o objetivo, e um memorial descritivo da ação. Por fim, a forma de documentação/registro, através da fotografia digital 12 ou vídeo, que os alunos utilizariam para comprovar que sua ação foi realmente executada e que esse material seria o trabalho final, propriamente dito. Para acompanhar e avaliar o processo até esse momento realizamos apresentações dos projetos individuais, com leitura e explicação verbal do trabalho a ser produzido. Falei aos alunos sobre o caráter de “efemeridade”, presente nas linguagens contemporâneas, e que esse seria verdadeiramente o motivo da documentação realizada por eles. Durante as apresentações, tínhamos um momento de trocas de experiências, e complementação de idéias. Utilizo o Projeto Político Pedagógico da Escola mostrando as possibilidades de contribuir para a construção de um mundo melhor para todos, mostrando os direitos e deveres de cada um, focando na conscientização do seu desenvolvimento pessoal e na aprendizagem com os colegas. A partir desse momento tínhamos duas situações distintas: permiti aos alunos a opção de realizar seu trabalho individualmente ou formar grupos por afinidade de temas. Os resultados dos trabalhos apresentados poderiam ser a partir de seus próprios meios, e deveriam utilizar as câmeras de seus aparelhos celulares, máquinas fotográficas e ainda poderiam e deveriam contar com a ajuda dos pais, irmãos e amigos. Poderiam utilizar ferramentas de editoração de imagens como o Photoshop ou Coreldraw 13 para manipular as imagens, mas o resultado deveria estar em uma das linguagens anteriormente descritas – fotografia ou vídeo. 9 John Cage foi uma referência na música, defendendo performances colaborativas por parte do publico. Explorou o silêncio, elevou o ruído ao estatuto de música integrando sons considerados como tal. Foi um dos precursores do happening. 10 O Ciclo Cremaster é um projeto de arte que consiste em cinco filmes de longa-metragem, juntamente com esculturas relacionados, fotografias, desenhos e livros de artista; é o trabalho mais conhecido do artista visual e cineasta americano Matthew Barney. 11 Matthew Barney é um artista americano que trabalha diversas linguagens contemporâneas, dentre elas a escultura, fotografia, desenho e vídeo. 12 Na década de 1990, o processo de fotografia digital foi criado, dispensando os filmes fotossensíveis, capturando a imagem diretamente no cartão de memória de uma câmera digital. (Material educativo da 29ª Bienal de São Paulo). 13 Photoshop / Coreldraw – programas de manipulação digital de imagens. *Pesquisa desenvolvida sob apoio FPEMIG A princípio, a maioria dos trabalhos foi pensada para o ambiente escolar, escola que além de apoiar as atividades, disponibiliza todos os recursos materiais e financeiros necessários. Aos poucos fui percebendo a necessidade de alguns grupos em „pular os muros da escola‟ para mostrar os trabalhos para o mundo exterior, ou buscar fora do ambiente escolar os meios que melhor atendessem às necessidades desses grupos, gerando uma grande quantidade de ações fora do ambiente escolar. Dentre os diversos trabalhos produzidos pelos alunos, vimos surgir uma árvore no corredor do segundo piso da escola e, abraçar todo o andar. Uma grande árvore a partir de adesivos coloridos, com referência aos diversos estilos musicais, Nesta árvore os alunos destacaram os diversos estilos e preferências musicais (Figura 04). Figura 4 – Árvore Sonora. Trabalho de Alunos do 9º ano. Fotografia: Manuel Rocha Neto. Outro grupo de alunos produziu uma “corrente” a partir de folhas dos cadernos que foram coletadas nos cestos de lixo da sala de aula durante 04 semanas. Para essa proposta o grupo justificou a ação a partir da necessidade de refletirmos sobre as agressões ambientais e o consumo inteligente: produziram então uma grande corrente, a qual deveria servir para “trancar” as árvores do entorno da escola para protegê-las contra o desmatamento. Esta intervenção se deu no final do turno, momento de grande movimentação da comunidade no entorno da escola, causando olhares curiosos e comentários sobre o tamanho da corrente, que foi colocada de forma a ligar as árvores umas às outras, na porta da escola. Atingindo o objetivo, pois de certa forma causou estranhamento para os passantes, que poderiam fazer perguntas ou seguir seu caminho indiferente. *Pesquisa desenvolvida sob apoio FPEMIG Figura 5 - Corrente. Trabalho de Alunos do 9º ano. Fotografia: Manuel Rocha Neto. Dentre os diversos trabalhos executados, as performances sempre estavam presentes, como poderemos perceber nas imagens abaixo. Alguns grupos de alunos realizaram no intervalo das aulas, durante o recreio, diversos trabalhos, sendo que muitos despertaram o interesse da comunidade escolar em função de serem ações performáticas, que num primeiro momento causavam estranhamento e curiosidade. Uma destas ações foi apresentada pelos alunos que pintaram seus rostos, fazendo referência às questões raciais. Além da pintura corporal, a ação consistia na produção de um cartaz com a frase: diga não ao preconceito. Sendo ainda que os alunos distribuíram balões de ar com a mesma frase de conscientização presente no cartaz. Esta ação se deu durante todo o intervalo do recreio, levando os colegas a questionarem e refletir sobre as questões de preconceito presente em nossa sociedade. Outro grupo levou os colegas a questionarem o fato de estarem com sombrinhas e guarda-sol durante o intervalo do recreio, Neste caso o grupo pensou em fazer questionamentos sobre as questões do aquecimento global e a necessidade de proteção contra os raios solares. (fig. 05, 06). Figura 5 - Preconceito. Trabalho de Alunos do 9º ano. Fotografia: Alunos do grupo. *Pesquisa desenvolvida sob apoio FPEMIG Figura 6 - Performance. Trabalho de Alunos do 9º ano. Fotografia: Alunos do grupo. Em outro trabalho desenvolvido pelos alunos, realizamos uma pesquisa de novos suportes e materiais para que pudessemos desenvolver o trabalho plástico em Arte. A escola conta com um projeto de conscientização ambiental desenvolvido pelos profissionais da disciplina de Ciências, tal projeto conta com ações como o recolhimento de óleo de cozinha utilizado nas residência dos alunos, garrafas de pet, caixas de leite dentre outros. Pensando nos elementos que poluem o meio ambiente e não são recolhidos pela escola, iniciamos uma pesquisa que deveria contemplar tais materiais. Após a identificação de pneus de automóveis como um dos objetos em evidência, os alunos deveriam fazer interferência nestes, podendo utilizar todo tipo de materiais. A pedido da direção da escola, em função das comemorações do dia da Consciencia Negra, foi sugerido então aos alunos tal tematica como finalização desta proposta. As imagens abaixo (Figura 07) mostam alguns dos trabalhos apresentados pelos alunos, sendo que para esta proposta grande parte dos alunos optaram por realizarem a mesma individualmente ou em duplas, fez com que surgisse uma grande quantidade de objetos produzidos. Tais objetos foram utilizados posteriormente como ornamentação da escola no dia da Consciencia Negra, data em que foram realizadas diversas atividades para toda a comunidade escolar. Figura 7 – Pesquisa de novos materiais e suportes. Trabalho de Alunos do 9º ano. Fotografia: Manuel Rocha Neto. *Pesquisa desenvolvida sob apoio FPEMIG Mais um trabalho que gerou grande interesse em ser realizado pelos alunos foi o apresentado a partir da acumulação de folhas de papel descartados pelos alunos da escola (Figura 08). Este grupo coletou tais folhas de papel das diversas salas de aula da escola, guardaram e em dia e horário específico realizaram uma ação performatica à partir de uma instalação idealizada para o intervalo das aulas. Mais uma vez podemos perceber a relação com as questões ambientais, tao frequente nos projetos da maioria dos trabalhos escolhidos para execução dos grupos de alunos. Foram 15 minutos de ação e um tempo relativamente maior para a limpeza do local. Figura 8 – Instalação / Performance. Pátio da Escola - Trabalho de Alunos do 9º ano. Fotografia: Manuel Rocha Neto. Tendo em vista que a execução das propostas estão bem elaboradas, foi produzido uma quantidade significativa de material a ser analisado, comentado e revisado pelo professor, resultando também em uma grande quantidade significativa de vídeos que, neste caso, demandam bastante tempo para o acesso e visualização. Na maioria dos casos da produção dos vídeos, peço aos alunos para postarem na Internet, e somente me enviarem o link para o vídeo, pois dessa forma, reduzimos a utilização de papel, das mídias e desta forma contribuímos então para o uso racional dos recursos do planeta, e ainda possibilito a eles oportunidade de manipularem os resultados dos trabalhos diretamente na Internet. Tem sido gratificante o desenvolvimento dessa ação com os alunos em sala de aula. Não só pela aceitação da proposta, mas também por perceber o crescimento no tocante aos conhecimentos adquiridos por eles nos diversos campos e áreas permeadas pelo projeto, e *Pesquisa desenvolvida sob apoio FPEMIG também, obviamente, no que tange ao ensino da Arte enquanto formadora de cidadãos conscientes e participantes na sociedade contemporânea. Referências ARANTES NETO, Antonio Augusto. Paisagens Paulistanas: transformações do espaço público. Campinas, SP: editora da UNICAMP, 2000. ARCHER, Michael. Arte contemporânea: uma historia concisa. São Paulo. Martins Fontes, 2001. MANGUEL, Alberto. Lendo Imagens: uma historia de amor e ódio. São Paulo: Cia das Letras, 2001. MATERIAL educativo da 29ª Bienal de São Paulo, 2010. PARÂMETROS Curriculares Nacionais: arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. Web sites: LA PASTINA, Camilla Carpanezzi. FAEL/PR e UDESC/SC. O desenho infantil de 8 a 10 anos: da satisfação à crise. 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Artista plástico com produção poética focada na linguagem fotográfica, manipulação digital de imagens e produção de objetos instalacionais. http://lattes.cnpq.br/7307300674471038 *Pesquisa desenvolvida sob apoio FPEMIG