Relatório Anual de Atividades 2 011 1 Relatório Anual 2011 Equipe de coordenação Coordenação Geral – Sueli de Lima Coordenação Pedagógica – Lolla Azevedo Coordenadoras locais: Mangueira – Rose Carol André da Silva Vila Isabel – Arlete Rodrigues da Casa da Arte de Arte de Educar da Educar de .. .. .. .. .. .. Mangueira Rua Ana Neri, 155. Rio de Janeiro (RJ) Tel. (21) 3860-3212 Vila Isabel Rua Ângelo Bitencourt, 105. Rio de Janeiro (RJ) Tel. (21) 2577-2656 Escritório Rua Álvaro Alvim, 27/91. Centro – Rio de Janeiro Tel. (21) 2533-1920 .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. A organização é reconhecida como de Utilidade Pública Federal, tem registro no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) do Rio de Janeiro e no Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) do Rio de Janeiro. O sistema de avaliação das ações da Casa foi desenvolvido em parceria com a Universidade Federal da Paraíba e vem sendo aperfeiçoado. A metodologia é baseada na pesquisa-ação. As avaliações quantitativas e qualitativas são compostas de autoavaliação dos participantes, levantamento de dados sociais, relatórios, entrevistas e questionários para diagnóstico, simultaneamente ao desenvolvimento dos projetos. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 2 em 2011 Petrobras – Programa Desenvolvimento & Cidadania Ministério da Cultura – Programa Cultura Viva Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro Childhood Brasil MEC – Secad Instituto Desiderata Parcerias www.artedeeducar.org.br [email protected] Casa Financiadores Associação de Moradores da Mangueira Associação de Moradores do Morro dos Macacos Casa da Ciência Canal Futura Conselho Municipal de Assistência Social Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Chemtech – A Siemens Company Escola Municipal Jornalista Assis Chateaubriand Escola Municipal Uruguai Escola Municipal Mario de Andrade Fundação Itaú Social Giovanni FCB Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ) Ministério da Ciência e Tecnologia (Semana Nacional de Ciência e Tecnologia) Ministério da Cultura – Cine Mais Cultura Ministério da Educação – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro Museu de Astronomia Museu Nacional da Quinta da Boa Vista Núcleo de Pesquisas das Violências (NUPEV) ONG Dentistas do Bem Rio Como Vamos Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia Secretaria Municipal de Educação SulAmérica Seguros e Previdência UNESCO UNICEF (Programa Plataformas Urbanas) Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) da UERJ UFRJ – Departamento de Psicologia Centro de Referência de Assistência Social Adalberto Ismael de Souza (CRAS) UPP Social Sumário Apresentação 1. Mandala dos Saberes Ações no Rio de Janeiro 1. Dados Sociais – Mangueira e Morro dos Macacos/Vila Isabel 2. Programa de Educação Integral - Com a família - Com as escolas municipais Uruguai, Assis Chateaubriand e Mario de Andrade - Resumo da avaliação da Educação Integral 3. Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) - Resumo da avaliação da EJA 4. Pesquisa de Metodologias Educacionais Ações no Brasil Conclusão 1. Conquistas para 2012 4 6 7 7 10 10 11 11 14 14 14 15 16 18 3 Apresentação A Casa da Arte de Educar tem por missão desenvolver projetos na área da educação e cultura, capazes de garantir a crianças, jovens e adultos de comunidades populares a conclusão dos ensinos fundamental e médio. O trabalho da Casa foi criado a partir do encontro de educadores das favelas com profissionais de áreas acadêmicas que buscavam colaborar para a qualificação da educação pública. Buscou-se, através das distintas formações, o desenvolvimento de ações com foco no diálogo entre educação e cultura. Esta meta tem direcionado as ações da ONG. As atividades são realizadas em oficinas dos seis Núcleos de Ação, descritos a seguir. Núcleo de Pesquisas Artísticas Realizadas por meio das linguagens visual, musical e corporal, a partir do interesse da comunidade, a produção contemporânea, a história e os desafios da linguagem abordada. Núcleo de Pesquisas da Memória Oficinas de fotografia, vídeo e criação de textos. O objetivo é produzir reflexões acerca da identidade sociocultural das comunidades através do olhar do jovem. Há ainda a construção de um banco de dados comunitário. Núcleo de Pesquisas para Escola Espaço de aprofundamento dos conteúdos escolares, sob nova abordagem da aprendizagem, que é a de aliar desafios dos currículos formais aos saberes comunitários. Núcleo de Educação Urbana Visitas à cidade do Rio de Janeiro por meio de parcerias com museus, centros culturais e monumentos históricos. A cidade possui em si uma dimensão educadora, e conhecê-la garante aos alunos experiências reais onde vivem. Núcleo de Educação para Ciências O objetivo é promover o interesse pelas ciências por meio da difusão do conhecimento científico, associando desafios e práticas, e também provocar reflexão diferenciada acerca da vida no planeta. Núcleo de Direitos Humanos Promove ações articuladas voltadas para a garantia de direitos das crianças e adolescentes, suas condições familiares, desempenho escolar e fortalecimento das redes de proteção às crianças e adolescentes envolvendo os educadores. 4 No dia 17 de maio, a Casa da Arte de Educar recebeu a visita da Rainha Silvia da Suécia, que veio ao Brasil para divulgar a campanha mundial de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Em Vila Isabel, a rainha viu de perto algumas das atividades realizadas na Educação Integral, participou de um jogo de perguntas criado pelos alunos e inaugurou oficialmente o novo Núcleo de Direitos Humanos. O Núcleo é uma parceria entre a Childhood Brasil, ONG mantida pela Rainha Silvia, e a Casa da Arte de Educar e tem por objetivo qualificar os professores e profissionais que atuam no atendimento direto de crianças e adolescentes, para o enfrentamento à violência doméstica e sexual, entendendo a escola como um espaço para discussão e de proteção. Os preparativos para receber a visita da rainha não foram somente para deixar a Casa ainda mais bonita e colorida, mas serviram também como uma fonte de aprendizado para os alunos do projeto. A equipe pedagógica propôs às crianças e adolescentes uma verdadeira maratona de pesquisa, levantamento de informações e construção de conhecimento acerca dos costumes, geografia, moeda, sistema de governo e tudo mais sobre o país de origem da rainha. Os alunos mais novos criaram bonecos – a partir de caixas de papelão, retalhos e novelos – que foram usados para o aprendizado sobre o corpo. Já os adolescentes, desenvolveram um jogo de tabuleiro, com perguntas e respostas, sobre sexualidade e temas relacionados aos Direitos Humanos. “Trabalhamos pedagogicamente com eles desde o sistema de monarquia, regente na Suécia e as diferenças para o sistema político brasileiro, até as características linguísticas e os pronomes de tratamento, como vossa majestade”, diz Leandra Laurentino, professora da Casa. Em 13 anos de atividades, a organização realizou projetos em parceria com empresas e órgãos governamentais que beneficiaram diretamente 6.900 crianças, jovens e adultos. A ONG atua por meio de atividades voltadas a: • Educação Integral para crianças e adolescentes • Educação de Jovens e Adultos (EJA) • Pesquisa de Metodologias Educacionais 5 1 -Mandala dos Saberes A metodologia contribui para a ampliação do diálogo entre os saberes locais e os acadêmicos, aproximando as escolas das comunidades. Pode ser aplicada em diversos contextos, promovendo o respeito pelas diferenças, facilitando a aprendizagem e valorizando os educadores. 6 Ações no Rio de Janeiro 1- Dados sociais – Mangueira e Morro dos Macacos Em âmbito local, a Casa da Arte de Educar mantém duas unidades na Zona Norte do Rio de Janeiro – uma no bairro de Benfica (Morro da Mangueira) e outra em Vila Isabel (Morro dos Macacos). As atividades acontecem em todos os meses do ano, de segunda a sexta-feira, e envolvem crianças, jovens, adultos e seus familiares. As ações desenvolvidas funcionam como laboratório de práticas educativas para os programas EJA e Educação Integral. Através da experiência e do enfrentamento de diversos problemas e pesquisando sobre suas soluções colaboramos para a construção de políticas públicas capazes de articular educação, cultura e direitos humanos. Mangueira Vila Isabel Morro da Mangueira, Morro dos Telégrafos, Parque Candelária e Morro do Tuiuti Complexo do Morro dos Macacos Educação Integral: 179 alunos Educação Integral: 190 alunos Formação de Professores: 24 encontros Formação de Professores: 24 encontros Participam: crianças, adolescentes e famílias Participam: crianças, adolescentes e famílias Nº de moradores: 16.700, maioria de afrodescendentes Nº de moradores: 19.074, maioria de imigrantes mineiros e nordestinos As favelas do Rio de Janeiro, com suas diversas origens e histórias, existem há mais de cem anos e hoje quase 20% da população da cidade, que tem 6.305.279 habitantes (censo 2010), vive nas favelas cariocas. Muitas delas viraram complexos urbanos com mais de 50 mil habitantes, população maior do que a grande maioria das cidades brasileiras. Fazem parte deste quadro as comunidades da Mangueira e o Complexo do Morro dos Macacos. Atualmente a comunidade da Mangueira tem cerca de 17 mil habitantes (Fonte: IBGE 2010) e já passou a status de bairro pela prefeitura do Rio e de comunidade urbanizada pelo SABREN – Instituto Pereira Passos. Mesmo assim, os indicadores sociais apontam para uma grande vulnerabilidade quanto à limpeza urbana – a coleta só atinge 82,92% dos domi7 cílios. Quanto à educação, 3% da população de residentes responsáveis pelo domicílio é formada por analfabetos. A área de abrangência da Casa da Mangueira inclui Morro da Mangueira, Morro dos Telégrafos, Parque Candelária e Morro do Tuiuti. Já o Complexo dos Macacos é constituído, segundo o SABREN-IPP, pelas favelas do Morro dos Macacos e Parque Vila Isabel, e tem população de cerca de 19 mil habitantes. Cerca de 3% da população de residentes responsáveis pelo domicílio é de analfabetos. Quanto à demanda da limpeza urbana, 10% desta população ainda não é atendida pela coleta urbana. Dados do IBGE Pessoas Residentes (censo 2010) Área Territorial (IBGE 2003) Pessoas Residentes em Aglomerados Subnormais (Favelas) [censo 2010] Pessoas Residentes Não Alfabetizadas Rio de Janeiro Bairro Mangueira Bairro Vila Isabel 6.305.279 17.835 86.018 1.224,56 km2 79,81 ha 321,71 ha 1.393.314 13.437 19.074 Sem informação 1.517 3.437 Sem informação 82,92% dos domicílios 85,88% dos domicílios 952 03 09 254 09 02 101 - 01 437 07 12 103.901 1.504 10.601 (censo 2012) Destino do Lixo Domiciliar (serviço de limpeza) [censo 2000] Escolas (censo 2012) Creches (censo 2012) Cieps (censo 2012) Equipamentos Educacionais (censo 2012) Mulheres Responsáveis por Domicílios Particulares em Aglomerados Subnormais (Favelas) (censo 2000) 8 Áreas de abrangência da Casa de Vila Isabel: Complexo dos Macacos (Morro dos Macacos e Parque Vila Isabel) Áreas de abrangência da Casa de Mangueira: Morro da Mangueira, Morro dos Telégrafos, Parque Candelária e Morro do Tuiuti Área de abrangência da Casa de Vila Isabel Área de abrangência da Casa de Mangueira Domicílios particulares permanentes 5.416 4.668 População residente em domicílios 19.074 16.700 600 475 08 10 17 17 05 04 Responsáveis pelos domicílios analfabetas Equipamentos Educacionais (localizados no assentamento ou em raio de 500m da sua borda) Unidades de Saúde (localizadas no assentamento ou em raio de 2000m da sua borda) Praças (localizadas no assentamento ou em raio de 1000m da sua borda) Fonte: IBGE (censo 2012) Com o objetivo de coletar dados sobre o conhecimento e utilização do conselho tutelar, foi realizada uma pesquisa com os responsáveis dos alunos das Casas da Mangueira e de Vila Isabel, para o Núcleo de Direitos Humanos. Estes dados geraram reunião com os responsáveis, com a presença de participantes da rede de proteção às crianças e adolescentes. Foram elaboradas sete questões, que nos levaram a concluir: Casa da Arte de Educar da Mangueira Tamanho da amostra: 110 pessoas Verifica-se que grande parte dos responsáveis conhecem o Conselho Tutelar (65%), embora não saibam quais são as suas funções (60%) e a grande maioria nunca o tenha utilizado (90%). A grande maioria dos entrevistados nunca utilizou os serviços do Conselho Tutelar (90%), mas conhece alguém que já os utilizou (80%). Também a maioria gostaria de participar de reuniões do Núcleo de Direitos Humanos da Casa da Arte de Educar (75%). 9 Dos pesquisados que já utilizaram o Conselho Tutelar, mais da metade julga ter sido bem atendida (65%). Casa da Arte de Educar de Vila Isabel Tamanho da amostra: 125 pessoas Verifica-se que grande parte dos responsáveis conhece o Conselho Tutelar (69%), embora a grande maioria nunca o tenha utilizado (76,8%) e não saiba quais são as suas funções (59,8%). Mais da metade da amostra conhece alguém que já utilizou os serviços do Conselho Tutelar e a maioria gostaria de participar de reuniões do Núcleo de Direitos Humanos da Casa da Arte de Educar (87,2%). Dos pesquisados que já utilizaram o Conselho Tutelar, pouco mais da metade (58,6%) o fizeram entre 2003 e 2011, e uma grande parte julga ter sido bem atendida (86%). 2-Programa de Educação Integral Em 2011, o Programa de Educação Integral beneficiou 369 crianças e adolescentes, por meio de escolarização qualificada, a partir de trabalho integrado com as escolas, universidades e museus. O programa desenvolve ações com a família e com escolas municipais. Com a família: O trabalho da Casa com a família é desenvolvido nas Rodas de Conversa, espaço de debate envolvendo alunos, professores, familiares e equipe pedagógica. Compreende orientações às famílias na mediação de conflitos e oportunidades de trabalho; serviço socioeducacional para adolescentes e jovens; disponibilização de informação nas áreas de saúde e assistência social. O espaço das Rodas propiciou mapear questões sistematizadas em pesquisas, gerando dados demográficos e sociais. As pesquisas participativas, como “A percepção infantojuvenil sobre a violência vivida em favelas do Rio de Janeiro” (ver resultados no anexo deste documento), têm elaboração compartilhada entre a equipe pedagógica e os pesquisados. Em 2011, as demandas identificadas através desses encontros geraram a parceria com a ONG Dentistas do Bem, que beneficiou 17 alunos e médicos voluntários (dermatologistas e oftalmologistas). Por meio de parceria com o Departamento de Psicologia da UFRJ, foram realizadas ações integradas de saúde, educação e cultura. Os alunos 10 participaram de atividades realizadas com psicólogas, numa proposta interdisciplinar, tendo como eixo central a relação entre cultura, saúde e direitos humanos. Com as escolas municipais Uruguai, Jornalista Assis Chateaubriand Mario de Andrade: e A Casa da Arte de Educar busca fortalecer a parceria com as escolas, um dos pontos essenciais do programa Educação Integral. A partir da necessidade da elaboração de estratégias pedagógicas capazes de garantir às instituições educativas o cumprimento de seus objetivos, são desenvolvidas ações conjuntas. A ONG vem aprimorando, com as escolas parceiras, metodologia capaz de apoiar as escolas, famílias e estudantes na superação de seus desafios acadêmicos. Em 2011 as escolas parceiras passaram a integrar o Programa Mais Educação, do qual somos parceiros em nível federal. Resumo da avaliação da Educação Integral A comparação de resultados acadêmicos e educacionais de estudantes no ensino formal e em projetos de educação tem como desafio a construção de indicadores. Os dados oficiais são estruturados por série, aprovação, evasão escolar, entre outros, enquanto as ações da Casa são avaliadas sob olhar ampliado. Para a avaliação da Educação Integral, a equipe da Casa da Arte de Educar levanta dados públicos municipais e de escolas específicas onde estudam alunos do projeto, com o objetivo de comparar seus desempenhos. Em 2011, a equipe pedagógica da Casa da Arte de Educar, através de pesquisas e de reflexões sobre o processo de aprendizagem dos alunos, criou indicadores que possibilitaram mapeamento e acompanhamento do processo diagnóstico cognitivo – os marcos zero, um e dois, construídos a partir de: dificuldade na comunicação oral e escrita, troca de fonemas, dificuldade de concentração, de memória, na capacidade de interpretar imagens, mapas, identificar letras, números, distinguir pares e ímpares, longe e perto, alto e baixo, cheio e vazio, grande e pequeno, mais que e menos que. Comprovamos a aprovação de 97% dos alunos nas escolas públicas que frequentavam. 11 Avaliação Diagnóstica Análise de de Aprendizagem, 2011 – Mangueira Dados Conclusões Durante o ano de 2011, foi avaliada a evolução do nível de dificuldade dos alunos, na faixa etária de 7 a 15 anos, em 20 competências/habilidades. A proposta foi identificar e acompanhar a evolução na superação destes desafios. Nota-se que no acompanhamento das competências/habilidades (diferença entre longe e perto, alto e baixo, cheio e vazio, grande e pequeno), desde o início da avaliação, os alunos não apresentavam qualquer dificuldade. Já em relação às demais, as crianças e adolescentes tinham muita dificuldade, e ao longo dos trabalhos foram evoluindo, com destaque para: • Os trabalhos realizados no período favoreceram o desenvolvimento da inteligência visual-espacial das crianças e adolescentes, especificamente em relação à interpretação de mapas, com destaque para uma turma dos 9 aos 12 anos, em que todos os alunos tinham muita dificuldade; ao final do processo quase todos não apresentavam mais qualquer dificuldade. • Os trabalhos realizados também favoreceram o desenvolvimento da inteligência verbal-linguística das crianças e adolescentes, em análise relativa à interpretação de textos e à escrita. Vale destacar as turmas de 9 a 12 anos em que a grande maioria (70%), no início do processo, tinha muita dificuldade, tanto na interpretação quanto na escrita de texto; ao final a maioria absoluta (mais de 80%) não apresentou mais qualquer dificuldade. Avaliação Diagnóstica Análise de de Aprendizagem, 2011 – Vila Isabel Dados Conclusões Durante o processo foi avaliada a evolução do nível de dificuldade dos alunos, na faixa etária de 6 a 16 anos, em 20 competências/habilidades. A proposta foi identificar e acompanhar a evolução na superação destes desafios. Nota-se que em todas essas competências/habilidades os avaliados tinham muita dificuldade e ao longo dos trabalhos foram evoluindo, com destaque para: • Os trabalhos realizados no período favoreceram o desenvolvimento da inteligência verbal-linguística das crianças e adolescentes, especificamente em relação à compreensão de leitura de textos e à interpreta12 ção de textos e dificuldade para escrever. O caso de maior sucesso foi a turma em que 80% dos alunos tinham muita dificuldade para escrever, no início do processo; ao final, apenas 15% ainda se encontravam nesta situação. • Pode-se também verificar a evolução relativa ao desenvolvimento da inteligência visual-espacial das crianças e adolescentes, especificamente em relação à interpretação de mapas. Destaque para uma turma dos 11 aos 15 anos, que apresentava o maior número de alunos com muita dificuldade; ao final, maior número de alunos não apresentava mais qualquer dificuldade. Comparando com os dados das escolas parceiras: Antes de analisar alguns dos resultados apresentados abaixo, pode-se levar em conta que, segundo pesquisa desenvolvida pelo Observatório das Metrópoles (IPPUR/UFRJ, 2008), há tendência de resultados escolares menos satisfatórios em escolas das proximidades de favelas: 56% das escolas localizadas a até 100 metros de favelas têm Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) inferior a 4,2, enquanto apenas 27% das demais obtiveram IDEB tão baixo. Indicadores Reprovação por desempenho ou frequência Evasão dos alunos IDEB E.M. Jornalista Assis Chateaubriand Vila Isabel E.M. Uruguai Mangueira Casa da Arte de Educar Não respondido 20 % 3% 5% 6% 0,7% 3,5: anos finais 4,8: anos iniciais 2,8: anos finais - Dados respondidos pelas escolas em 2011 Outros indicadores utilizados na formação realizada pela Casa da Arte de Educar em 2011 Alunos que melhoraram na escola depois de frequentar as atividades da Casa, segundo avaliação dos professores das escolas parceiras = 93% Alunos que realizam suas tarefas escolares sozinhos = 45,5% Alunos da Casa da Arte de Educar que interromperam os estudos = 0% Familiares que consideram que o aluno se destaca positivamente na escola = 99,5% 13 3 -Programa Educação de Jovens e AduItos O objetivo do programa é apoiar a escolaridade das famílias, ampliando a visão de mundo a partir da articulação entre cultura e conteúdos escolares. Em 2011, foi assinado um convênio com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, através do programa de Educação de Jovens e Adultos. Nosso objetivo é garantir a continuidade do programa de educação de jovens e adultos, nas comunidades da Mangueira e Macacos, aperfeiçoando a metodologia de diálogos de saberes e fazendo relacionar-se com a desenvolvida pela SME. No segundo semestre de 2012, será lançado o “Caderno para Alfabetizadores – uma experiência compartilhada entre as artes visuais, a memória, a música e a alfabetização”. O caderno demonstra o processo articulado da metodologia envolvendo alfabetização, pesquisa, princípios e fundamentos de uma alfabetização reflexiva, para jovens e adultos. 4 -Pesquisa de Metodologias Educacionais A parceria com a Petrobras e a World Childhood Foundation (WCF) proporcionou o avanço nas pesquisas da metodologia Mandala dos Saberes, contribuindo para a formação dos educadores nas questões relacionadas a direitos humanos. A formação foi desenvolvida em um processo de pesquisa-ação capaz de articular a dimensão experimental à sistematização e conceituação no enfrentamento dos desafios pesquisados. Toda pesquisa permitirá a formulação de ação integrada entre os direitos humanos de crianças e adolescentes, e a metodologia Mandala de Saberes, que trata do diálogo de saberes e vem constituindo importante instrumento de aproximação entre a educação formal e a não formal. Através de uma abordagem que articula os direitos humanos, o currículo e as práticas culturais, podem-se identificar princípios capazes de colaborar na formação de políticas públicas para a área promovendo o compromisso e atualizando o papel das escolas frente à rede de proteção à criança e ao adolescente. 14 Ações no brasil A atuação nacional da Casa da Arte de Educar tem por objetivo a articulação de uma agenda que integre educação, cultura e direitos humanos. O ano de 2011, ano 1 de nova gestão do governo federal, foi período dedicado a novas articulações políticas na área. A Mandala dos Saberes integra a coleção Mais Educação e está disponível para cerca de 10.042 escolas em todo o Brasil. Através de parceria com o MinC, a ação estendeu-se também aos Pontos de Cultura, buscando integrá-los às escolas, nas cinco regiões do Brasil. No final do ano vencemos uma concorrência promovida pelo MinC para a estruturação de políticas voltadas à relação entre cultura e educação que nos permitirá influenciar diretamente as políticas públicas. O objetivo é desenvolver uma ação capaz de aproximar as práticas culturais das educativas, com a implementação em todo o território nacional de uma rede de pesquisa-ação envolvendo diferentes equipamentos culturais e educacionais (Pontos de Cultura, escolas, museus do IPHAN, bibliotecas e agentes de leitura, ONGs que atuam nas áreas da cultura e educação) capazes de identificar, mobilizar, formular e pactuar políticas para educação e cultura a partir das experiências em curso na sociedade. Ao final do projeto, teremos a produção de um caderno, dois vídeos e uma plataforma digital para fóruns. Público envolvido: professores, educadores populares e agentes de leitura. Estimativa de público diário: 1000 pessoas. 15 Conclusão A construção de uma agenda que articule Educação, Cultura e os Direitos das Crianças e Adolescentes – garantidos no ECA – continua a desafiar educadores, gestores públicos e organizações sociais que atuam na área. Para concluir este relatório, apontamos algumas formulações sínteses de nosso trabalho diante das políticas públicas: 1 O ano de 2011 foi marcado por muitas polêmicas envolvendo a relação entre ONGs e governos, e entendemos que o momento pede reflexão acerca de nossa democracia e do papel das ONGs no país. A democracia que construímos no Brasil não é resultado de um decreto, mas de um processo político que se desenvolve através da expressão, do debate e da mobilização envolvendo diversas forças sociais. O trabalho das ONGs permitiu que camadas sociais tradicionalmente esquecidas participassem efetivamente da transição democrática, e foi através dessas organizações que diversas conquistas foram obtidas: liberdade de expressão, de opinião, eleições livres, acesso à moradia, avanços na luta por igualdade racial, direitos iguais entre homens e mulheres, direitos da criança e adolescentes, entre outros. Em todas essas conquistas a sociedade civil organizada foi protagonista, ampliando a representatividade do processo democrático e permitindo realizações que governos e iniciativa privada não têm como conduzir sozinhos. O sucesso das experiências democráticas é pauta que nos desafia cotidianamente, da mesma forma que a elaboração de modelos de participação popular e a erradicação da corrupção. E em todas essas esferas nos parece que a participação das ONGs é fundamental para que possamos trilhar caminhos originais, construir e desfrutar um desenvolvimento pautado no homem e em sua relação com os outros homens e o planeta. 2 Nossas ações foram desenvolvidas em consonância com as Metas Educativas 2021 (Conferência Ibero-Americana de Educação, 2008), as Metas do Plano Nacional de Cultura (2011) e as diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de Educação (2011). Vejamos: • Em relação às Metas Educativas 2021, identificamos na proposta que apresentamos a participação efetiva de diversas instituições e setores da sociedade, bem como a concepção de projetos educativos a partir da compreensão dos interesses, valores e formas de relação com distintos contextos e atores, como requer o documento dos Estados ibero-americanos. Além disso, nosso trabalho aponta para as metas relacionadas à diversidade dos estudantes e inclusão social: contextos geográficos, questões de gênero, necessidades educacionais especiais e multiculturalidade 16 (grupos étnicos, povos originários/indígenas), e para as estratégias prioritárias: (i) participação dos diversos setores sociais nos debates e nas decisões educativas; (ii) pacto social pela educação. • No Plano Nacional de Cultura (2011) e no Plano Nacional de Educação (2011), a aprendizagem em artes é ferramenta estratégica para plena cidadania cultural e qualidade de ensino, assim como o fortalecimento das relações entre cultura e educação na escola; e faz-se necessário desenvolver tecnologias pedagógicas que combinem, de maneira articulada, a organização do tempo e das atividades didáticas entre a escola e o ambiente comunitário, considerando as especificidades da educação especial, das escolas do campo, das comunidades indígenas e quilombolas. Além disso, deve-se promover relação das escolas com instituições e movimentos culturais, dentro e fora dos espaços escolares. 3 Em 2011 trabalhamos buscando colaborar para a construção de Política Nacional de Cultura para a Educação que promova o diálogo das práticas de educação formal com as de educação não formal a partir das distintas práticas em curso na sociedade. Compreendemos as seguintes demandas em aberto: • Articular o desenvolvimento de práticas educacionais interculturais à formação continuada de professores, incentivando maior diálogo entre prática e reflexão docente. • Valorizar a perspectiva multidimensional das práticas educativas: é a partir da prática pedagógica articulada com a perspectiva de transformação social que emergirá uma nova configuração para a educação pública brasileira. • Desenvolvimento de políticas mais democráticas nas escolas capazes de aproximá-las das comunidades. Maior participação dos estudantes nas práticas educativas, maior respeito às diferenças que convivem na escola. • Integração das escolas e Pontos de Cultura à Rede de Proteção à Infância. • Desenvolvimento de ações capazes de ampliar o compromisso das escolas para os Direitos de Crianças e Adolescentes conquistados no ECA. • Articulação entre as políticas de Educação Integral e a EJA, pois a primeira tem avançado pouco no apoio às famílias e suas relações com a escolarização dos estudantes. 17 • Valorizar e integrar a figura do alfabetizador, principalmente através da intensificação da relação escola-comunidade. • Favorecer práticas de alfabetização articuladas às práticas de formação continuada. • Valorizar as relações sociais que busquem favorecer a democratização do saber, o compromisso com o avanço do educador, com a transformação e a conquista de processos educativos descentralizados, realizado na relação professor-aluno mediada pelas práticas sociais. • Favorecer as trocas de experiências e conhecimento entre escolas, organizações sociais e universidades. Conquistas para 2012 Parceria Ministério da Cultura Em 2012 o projeto Um Plano Articulado para Cultura e Educação, desenvolvido pela Casa da Arte de Educar em parceria com o Instituto Lidas, o Ministério da Cultura (MinC) e o Ministério da Educação (MEC), pretende colaborar para a formulação de um sistema educacional constituído de experiências de Educação Formal (com foco no ensino fundamental, educação integral), como das experiências de Educação não Formal realizadas em distintas instâncias sociais (organizações da sociedade civil, bibliotecas, programas de leitura, museus, entre outros), com o objetivo de estruturar princípios orientadores das políticas da cultura voltadas para a educação. O Ministério da Cultura tem se empenhado em um programa político que contribua com o desenvolvimento nacional, a partir do desenvolvimento cultural. Para tanto, uma de suas principais iniciativas é buscar promover a integração entre educação e cultura com vistas a fazer da escola o grande espaço para a circulação da cultura brasileira, o acesso aos bens culturais e o respeito à diversidade e pluralidade da cultura nacional. Nesse sentido, a atual gestão, por meio da Secretaria de Políticas Culturais, criou a Diretoria de Educação e Comunicação e assumiu o desenvolvimento de políticas transversais para Cultura e Educação, empenhando-se em promover a integração entre o Plano Nacional de Cultura (PNC) e o Plano Nacional de Educação (PNE). É seu desafio a formulação e implementação de uma política que promova a interface entre educação e cultura, de maneira a abranger a formação para a cidadania, o ensino da arte nas 18 escolas de educação básica, o compromisso das universidades com a promoção da cultura e da diversidade e o ensino profissionalizante no que tange à economia da cultura. Nesse sentido, é premente a promoção da vinculação dos planos de educação e cultura aos planos e processos socioeconômicos que perseguem o desenvolvimento humano, assim como a universalização do acesso à cultura e à educação de qualidade. Esta pesquisa visa contribuir para a formulação de uma Política Nacional de Integração entre Educação e Cultura como elemento estratégico para a qualificação do processo cultural e educativo. O trabalho articula a dimensão cultural à prática pedagógica através da dimensão formativa de distintos sujeitos educacionais (professores, estudantes, gestores públicos, artistas, educadores populares, lideranças comunitárias, bibliotecários, entre outros), constituindo-se num espaço de formação e elaboração simultâneas de conhecimento para a área, com o objetivo de contribuir para a formulação de políticas de cultura e educação a partir das experiências em curso na sociedade civil e nos órgãos públicos. Parceria Petrobras Ao fim de 2010, a Casa da Arte de Educar passou a integrar o Programa Petrobras Desenvolvimento & Cidadania. A parceria com a Petrobras prevê a continuidade das atividades de Educação Integral para 350 crianças do ensino fundamental, estudantes da Casa e moradoras das comunidades da Mangueira e Macacos. A ação prevê ainda o desenvolvimento e aperfeiçoamento da metodologia Mandala dos Saberes, realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Haverá ainda o lançamento de um caderno voltado para a formação continuada de professores. Parceria SulAmérica e CMDCA Com patrocínio da SulAmérica através do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o projeto beneficiará 350 alunos para a Educação Integral: alunos do ensino fundamental e moradores das favelas da Mangueira e Macacos em Vila Isabel. O projeto visa colaborar para a garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes, concorrendo para a qualificação da educação pública no Rio de Janeiro, por meio da continuidade das ações na Mangueira e Macacos (Vila Isabel). O objetivo é reduzir o quadro de desigualdade na educação brasileira e contribuir para a garantia do acesso, da permanência e do sucesso de estudantes na escola em áreas marcadas por diversos e sérios problemas sociais. 19 Apoio MEC – Educação de Jovens e Adultos A metodologia está em fase de aperfeiçoamento e será publicada em 2012. Parceria Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro – CREJA Desenvolvimento da Educação de Jovens e Adultos. Parceria Childhood Brasil e Instituto Noos Para 2012, em parceria com a Childhood Brasil, braço da World Childhood Foundation, organização criada pela Rainha Silvia da Suécia, o Núcleo de Direitos Humanos será mais um dos pontos da Mandala dos Saberes e abrigará ações articuladas voltadas para a garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, a melhoria de suas condições familiares e do desempenho escolar. O projeto beneficiará 350 alunos e será estruturado em ações com professores e demais atores que integram a rede de proteção à criança. O Instituto Noos atuará diretamente na Casa da Arte de Educar, no desenvolvimento e na difusão de práticas sociais sistêmicas voltadas para a promoção da saúde dos relacionamentos nas famílias e nas comunidades. Dentre os conflitos relacionais familiares e comunitários, o Noos tem se dedicado prioritariamente à prevenção e à interrupção da violência intrafamiliar e de gênero. Dedica-se também à articulação de redes sociais e comunitárias e à promoção dos direitos humanos. Parceria Criança Esperança Em parceria com diversas instituições da educação, ciência e cultura (escolas, governos, museus e universidades), desenvolveremos em 2012 estratégias inovadoras para o ensino das ciências baseadas nos desafios socioambientais e tecnologias populares capazes de promover o interesse de estudantes pela área e contribuir para a qualificação da educação pública brasileira. 20 21