UNIVERSIDAD AUTÓNOMA AUTÓNOMA DE ASUNCIÓN FACULDAD DE CIENCIAS CIE HUMANÍSTICAS ÍSTICAS Y DE LA COMUNICACIÓN COMUNICACIÓ MAESTRÍA EN CIENCIAS DEL MOVIMIENTO HUMANO O IMPACTO DE UM PROJETO SÓCIO ESPORTIVO NA COMUNIDADE DA VILA KENNEDY Tibério Costa José Machado Asunción - Paraguay 2012 FICHA CATALOGRÁFICA Machado, Tibério Costa José. 2012. O IMPACTO DE UM PROJETO SÓCIO ESPORTIVO NA COMUNIDADE DA VILA KENNEDY. Tibério Costa José Machado / 116 páginas. Orientador: Prof. Dr. Angelo Vargas Disertación Académica en Ciencia del Movimiento Humano (Maestría) – UAA 2012. v SUMÁRIO RESUMO.............................................................................................................................. xiv RESUMEN........................................................................................................................... xv LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... viii LISTA DE GRÁFICOS......................................................................................................... x LISTA DE FIGURAS........................................................................................................... xi LISTA DE FÓRMULAS .................................................................................................... xii LISTA DE ANEXOS.......................................................................................................... xiii INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 1 1.1 Definição de Termos......................................................................................................... 3 1.2 Objetivos do Estudo.......................................................................................................... 4 1.2.1 Objetivo Geral................................................................................................................. 4 1.2.2 Objetivos Específicos...................................................................................................... 4 1.3 Justificativa do Estudo..................................................................................................... 5 1.4 Relevância do Estudo....................................................................................................... 5 2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................... 7 2.1 Esporte............................................................................................................................... 7 2.2 Projeto Sócio Esportivo.................................................................................................... 9 2.3 Vila Kennedy e Vila Olímpica Ary Carvalho............................................................... 14 2.4 Evasão Escolar................................................................................................................ 22 2.5 Detecção e Encaminhamento de Atletas....................................................................... 26 2.6 Integração entre Comunidades..................................................................................... 31 2.7 Inclusão Social................................................................................................................ 36 2.8 Comportamento Humano.............................................................................................. 40 2.9 Enquadramento na Ciência da Motricidade Humana................................................ 44 vi 3 METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE AÇÃO ........................................................... 46 3.1 Método............................................................................................................................. 46 3.2 Seleção dos Sujeitos........................................................................................................ 48 3.2.1 Técnica de Amostragem................................................................................................ 48 3.2.2 Amostra......................................................................................................................... 49 3.2.3 Critérios de Inclusão ..................................................................................................... 52 3.2.4 Critérios de Exclusão ................................................................................................... 52 3.3 Ética da Pesquisa............................................................................................................ 52 3.4 Instrumento..................................................................................................................... 53 3.5 Protocolo para Coleta..................................................................................................... 53 3.6 Tratamento Estatístico................................................................................................... 54 4 RESULTADOS ................................................................................................................. 55 4.1 Resultados do Contexto................................................................................................. 55 4.2 Indicadores Comportamentais .................................................................................... 56 4.2.1 – Relacionamento Interpessoal................................................................................... 56 4.2.2 – Gestualidade: manifestações corporais................................................................... 57 4.2.3 – Uso de Linguagem Específica................................................................................... 58 4.2.4 – Reação de Impulsividade ou Agressão Física......................................................... 59 4.2.5 – Ausência de Cooperação........................................................................................... 59 4.3 – Resultados do Questionário......................................................................................... 60 4.4 – Outros Resultados das Observações........................................................................... 74 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................. 76 6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ....................................................................... 84 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 86 vii 8 AGRADECIMENTOS .................................................................................................... 105 9 ANEXOS .......................................................................................................................... 107 10 APÊNDICE.................................................................................................................... 116 viii LISTA DE TABELAS Tabela Nº 1 Frequência escolar na Região Sudeste ............................................................. 23 Tabela Nº 2 Frequência escolar e situação de ocupação na semana de realização da pesquisa.................................................................................................................................. 23 Tabela Nº 3 Principais motivos encontrados para afastamento da instituição escolar.......... 24 Tabela Nº 4 Pesquisa Social de Vargas – Indicadores Comportamentais Observados.......... 48 Tabela Nº 5 Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais pertinentes a Abrangência Sócio Esportiva.............................................................................................. 63 Tabela Nº 6 Representação da distribuição de frequência e dos valores percentuais às opções pertinentes a estrutura familiar................................................................................................ 63 Tabela Nº 7 Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos à frequência escolar.................................................................................................................... 64 Tabela Nº 8 Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais referentes a participação competitiva em representatividade a Vila Olímpica Ary Carvalho.................................................................................................................................. 68 Tabela Nº 9 Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos aos participantes com vivência esportiva competitiva que possuem vínculo com Federações, Associações ou Clubes Esportivos.......................................................................................... 69 Tabela Nº 10 Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos aos participantes que utilizam as atividades com vista à assistência social............................ 71 Tabela Nº 11 Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos ao cotidiano dos participantes................................................................................................. 72 Tabela Nº 12 Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos ao contato ou consumo de substâncias ilícitas........................................................................ 73 ix Tabela Nº 13 Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos a contribuição do Projeto Sócio Esportivo para a Comunidade da Vila Kennedy e demais localidades da região............................................................................................................... 74 x LISTA DE GRÁFICOS Gráfico Nº 1 Representação gráfica relativa a distribuição de frequência e os valores percentuais referentes as características sócioeducacionais.................................................... 65 Gráfico Nº 2 Representação gráfica da distribuição de frequência e valores percentuais entre os indicadores motivacionais para ingresso no projeto........................................................... 66 Gráfico Nº 3 Representação gráfica da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos a preferência esportiva.............................................................................................. 67 Gráfico Nº 4 Representação gráfica da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos a frequência semanal dos participantes .................................................................. 70 Gráfico Nº 5: Representação gráfica da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos ao meios de locomoção predominante...................................................................... 70 Gráfico Nº 6 Representação Gráfica da distribuição de Frequência e dos valores percentuais relativos ao reconhecimento de alterações realizadas pelo Projeto sócio esportivo na vida dos participantes............................................................................................................................ 73 xi LISTA DE FIGURAS Figura Nº 1 Representação gráfica das instalações de uma Vila Olímpica.......................... 20 Figura Nº 2 Obrigatoriedades e metas do Projeto Sócio Esportivo....................................... 21 Figura Nº 3 Disposição gráfica da comunidade da Vila Kennedy e as subdivisões componentes da região............................................................................................................ 34 Figura Nº 4 Disposição gráfica da Abrangência Esportiva na comunidade da Vila Kennedy e as subdivisões componentes da região................................................................................... 61 Figura Nº 5 Disposição gráfica da região da comunidade da Vila Kennedy e efeito promovido pela Avenida Brasil............................................................................................... 62 xii LISTA DE FÓRMULAS Fórmula Nº 1 Cálculo do tamanho aproximado da amostra ............................................... 49 Fórmula Nº 2 Cálculo da Amostra....................................................................................... 50 xiii LISTA DE ANEXOS ANEXO Nº 1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................................. 107 ANEXO Nº 2 Autorização do Comitê de Ética.................................................................. 109 ANEXO Nº 3 Questionário.................................................................................................. 110 ANEXO Nº 4 Autorização para realização de Pesquisa..................................................... 114 ANEXO Nº 5 Autorização para realização de Pesquisa....................................................... 115 O Impacto de um Projeto Sócio Esportivo na Comunidade da Vila Kennedy xiv RESUMO O estudo objetivou investigar o impacto decorrente da participação no Projeto Sócio Esportivo, Vila Olímpica Ary Carvalho no cotidiano dos sujeitos e na comunidade da Vila Kennedy. Em igualdade com outras comunidades carentes da cidade do Rio de Janeiro, a enunciada região, apresentou um cenário intrigante, quando o tema refere-se aos problemas sociais, que promovem como vítimas prioritárias o público jovem, já que são substancialmente vulneráveis. O estudo compreendeu três fases distintas com utilização de diferentes abordagens metodológicas. Na primeira fase, objetivou-se a compreensão do funcionamento do projeto e das peculiaridades da região, utilizando como recurso metodológico a Pesquisa Observacional Participante. Na segunda fase, onde se objetivou investigar os Indicadores Comportamentais, pautados na Pesquisa Social desenvolvida por Vargas (2002), optou-se pela utilização da Pesquisa Observacional Não Participante. Já terceira fase, foi utilizada a abordagem metodológica denominada Estudo de Caso. O instrumento empregado constitui-se de um questionário semi-estruturado, formado por dezessete perguntas, que objetivaram analisar o Projeto Sócio Esportivo, através das respostas oriundas das 306 (trezentos e seis) crianças de ambos os sexos que compreenderam a amostra. No que concerne ao tratamento dos achados, optou-se pela Estatística Descritiva e o método escolhido foi a Distribuição de Frequência. Os resultados provenientes da análise comportamental e sobre o impacto do projeto na visão dos sujeitos, permitem inferir que ocorre influência positiva, mormente no comportamento e para comunidade da Vila Kennedy. Além disso, foram constatadas atividades sem a ligação esportiva e que objetivam benefícios sociais. Desta forma, tornou-se possível depreender que iniciativas desta natureza devem ser fomentadas, sobretudo quando voltadas para o atendimento do público carente. PALAVRAS-CHAVE: Pobreza; Problemas Sociais; Criança; Políticas Públicas; Esportes. O Impacto de um Projeto Sócio Esportivo na Comunidade da Vila Kennedy xv RESUMEN El objetivo del estudio fue investigar el impacto causado por el Proyecto Social y Deportes, Villa Olímpica de Ary Carvalho en la comunidad de Vila Kennedy y en la vida de sus participantes. Igualmente con otras comunidades pobres en la ciudad de Río de Janeiro, la región ha establecido un escenario intrigante cuando la cuestión se relaciona con los problemas sociales que promueven a los niños como principales víctimas, porque son más vulnerables. El estudio se dividió en tres fases distintas, con el uso de diferentes enfoques metodológicos. La primera fase tuvo como objetivo comprender el escenario de la región y fue empleado como enfoque metodológico la Investigación Observación Participante. En la segunda fase, donde el objetivo fue investigar los indicadores de comportamiento, basado en la Investigación Social de Vargas, se optó por utilizar la Investigación Observacional NoParticipante. En la tercera fase, se optó por un enfoque metodológico llamado Estudio de Caso. Como instrumento fue empleado un cuestionario semi-estructurado con diecisiete preguntas que tenía como finalidad evaluar el Proyecto Social y Deportes a través de la respuestas procedentes de 306 (trescientos seis) niños de ambos sexos, que constituyeron la muestra. En cuanto a las estadísticas, se optó por la estadística descriptiva y el método elegido es la distribución de frecuencias. Los resultados de los análisis del comportamiento y el impacto del proyecto sobre la muestra nos permiten inferir que este proyecto tiene una influencia positiva, especialmente en el comportamiento y en la comunidad de Vila Kennedy. Además, se constató la presencia de actividades sin estar ligado al deporte y que tienen como finalidad mejorar las condiciones sociales. Llegamos a la conclusión de que estas iniciativas deben impulsarse, especialmente cuando se dirige a ayudar a la población pobre. Palabras Claves: Pobreza; Problemas Sociales; Niño; Políticas Públicas; Deportes. O Impacto de um Projeto... 1 1 INTRODUÇÃO O bairro de Bangu na cidade do Rio de Janeiro é um dos bairros mais populosos, com população estimada em aproximadamente 244.580 habitantes, distribuídos em uma área de 4.570,69 hectares. Pertencente a Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro, o referido bairro compreende uma significativa extensão, apresentando subdivisões em sua composição que recebem o nome de sub-bairros, como Rio da Prata, Catiri, Jardim Bangu, Vila Aliança, Vila Kennedy, entre outras localidades1. Todavia, este bairro caracterizou-se pelo baixo poder econômico do público residente, ocupando 96ª posição na classificação do Índice de Desenvolvimento Humano - IDH2, com um valor considerado baixo, no entanto quando comparado com outras regiões da cidade, tornou-se possível compreender que esta diferença remete a necessidade de ações públicas, com finalidade de promover melhorias no desenvolvimento. Os sub-bairros são localidades menores que integram o bairro de Bangu e outros bairros da cidade do Rio de Janeiro, sendo alguns criados por iniciativas do Poder Público, como no caso da comunidade da Vila Kennedy, que foi criada durante o mandato de Carlos Lacerda, Governador do Estado do Rio de Janeiro, através do Decreto de Lei Estadual 4.892 de dezembro de 1964, pela Companhia de Habitação do Estado – COHAB, em decorrência de uma política de realocação populacional que promoveu a desocupação de regiões da cidade onde na atualidade temos a Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ e antes era a Favela do Esqueleto no bairro do Maracanã, do Morro do Pasmado em Copacabana, da Favela da Praia do Pinto na Lagoa e de algumas áreas do bairro de Ramos, Brás de Pina e Vila Proletária da Penha3. Importa ressaltar que no decorrer das visitas a comunidade da Vila Kennedy, a referida versão histórica foi contada por diversos moradores que presenciaram o surgimento e o desenvolvimento da localidade, permanecendo até os dias atuais. O Impacto de um Projeto... 2 Entretanto, com o passar dos anos e o gradual crescimento da cidade do Rio de Janeiro, a região apresentou aumento de sua extensão de maneira não planejada. Como resultado esta localidade exprimiu alterações, como início do processo de favelização e aumento descontrolado de problemas como a violência e a exclusão social, que pode ser compreendida como a exclusão do indivíduo do seio da sociedade4. No caso específico da violência, a mesma atingiu com maior incidência o público jovem, que apresentou como característica a maior exposição às situações consideradas de risco social5,6,7,8. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura – UNESCO no ano de 2004, a média de crescimento deste problema foi sempre superior entre as camadas mais jovens da população, apresentando maior frequência de acontecimento9. No estudo, restringiu-se a investigação com crianças, que de acordo com o Artigo 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA de 1990, com base em critérios pediátricos pode ser definida como indivíduo com até os doze anos de idade10. Em concordância com o filósofo e sociólogo Karl Mannheim, investimentos deverão ser realizados com a finalidade de proteger as crianças. Com base no postulado filosófico apresentado por Karl Mannheim: “O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade” 11. Em decorrência das enunciadas situações, os governantes brasileiros buscaram medidas para amenizar, atenuar e estancar este problema instaurado e crescente na sociedade contemporânea, preenchendo o tempo livre destes jovens e diminuindo assim a probabilidade de contato com situações caracterizadas como de risco social12, 13,14. Uma dentre as medidas empregadas e com significativa notoriedade é a utilização do esporte como estratégia de transformação e emancipação social, que é oferecido no universo dos Projetos Sócio Esportivos15,16, que foram definidos como projetos sociais que utilizaram o esporte como estratégia para afastar os jovens de comunidades carentes do contato com a criminalidade, consumo de drogas e a violência prioritariamente17,18. O Impacto de um Projeto... 3 No caso extraordinário da comunidade da Vila Kennedy, que é uma localidade carente e sofre com todos os problemas enunciados, classificada por especialistas em segurança pública como uma região de “mancha criminal”, que são áreas onde existem incidência e participação ativa da criminalidade19,20, temos como Projeto Sócio Esportivo, a Vila Olímpica Ary Carvalho, que objetivou através da oferta esportiva, afastar seus participantes de situações caracterizadas como de risco social como a violência, a criminalidade e o consumo de drogas, através dos princípios e da potencialidade do esporte17,18,21. Diante de tudo que foi relatado surgiu o seguinte questionamento: será que independente do poder do esporte, a Vila Olímpica Ary Carvalho consegue atender seus objetivos, ou seja, ela realmente cumpre o papel que lhe foi designado? Este estudo está inserido na linha da atividade motora relacionada à saúde e ao desempenho físico do Programa de Pós-graduação em Ciência do Movimento Humano da Universidad Autónoma de Asunción – Paraguay. 1.1 Definição de Termos Mancha Criminal – Localidades de uma determinada região, que possuem grande incidência de crimes ou atuações criminosas22. Comunidade – Expressão defensiva criada para nomear as antigas áreas conhecidas como favelas, porém de uma forma não agressiva ou pejorativa, dando ênfase a vivência coletiva, ciclo de amizades, respeito e criação de uma identidade23. Complexo – São várias comunidades (favelas) carentes juntas, como se fossem vários bairros distintos, uma quase cidade informal24. O Impacto de um Projeto... 4 Marginalidade – Condição, qualidade ou caráter do que ou de quem é marginal, ou seja, de quem vive à margem da lei, fora das leis, sendo considerado um indigente, vadio ou delinquente25,26. 1.2 Objetivos do Estudo Os objetivos deste estudo, geral e específicos, estão abaixo relacionados. 1.2.1 Objetivo Geral O estudo objetivou identificar o impacto provocado pelo Projeto Sócio Esportivo, Vila Olímpica Ary Carvalho, na comunidade da Vila Kennedy. 1.2.2 Objetivos Específicos 1. Identificar o perfil sócio educacional dos participantes do Projeto Sócio Esportivo. 2. Verificar a freqüência de participação em Unidade Educacional dos participantes do Projeto Sócio Esportivo. 3. Listar os casos de abandono e retorno à Instituição Escolar, após a participação no Projeto Sócio Esportivo. 4. Listar quais modalidades esportivas apresentam maior adesão entre os participantes. 5. Analisar a ocorrência de fomentação do processo de detecção e encaminhamento de atletas. O Impacto de um Projeto... 5 6. Identificar quais modalidades esportivas apresentam maior destaque no processo de detecção e encaminhamento de atletas. 7. Analisar os indicadores comportamentais pautados na Pesquisa Social de Vargas. 8. Identificar se os sujeitos participam de outros projetos com vistas à assistência social. 9. Identificar quais comunidades da região apresenta maior incidência de participação no Projeto Sócio Esportivo. 1.3 Justificativa do Estudo A utilização do esporte como estratégia para o treinamento das competências sociais ganhou notoriedade e visibilidade na sociedade contemporânea, sobretudo após atuação do Poder Público27. Entretanto, os reais resultados carecem de investigação profunda, principalmente na conjuntura dos Projetos Sócio Esportivos que possuem uma variedade substancial no que respeita as formas de atuação28,29,30. Este cenário estimulou o interesse a realização da investigação neste contexto, com a finalidade de esclarecer as carências existentes na literatura. 1.4 Relevância do Estudo O entendimento dos resultados oriundos do Projeto Sócio Esportivo, Vila Olímpica Ary Carvalho, tornaram-se relevantes tendo em vista à lacuna existente de estudos que objetivem a compreensão da função deste tipo de projeto no trabalho com crianças e jovens. Este aspecto ganhou significância em decorrência do cenário de degradação social característico da comunidade da Vila Kennedy e ausência ou hiposuficiência da atuação governamental. Este cenário corrobora para o desenvolvimento de situações caracterizadas O Impacto de um Projeto... 6 como de risco social e que promovem como vítimas principais o público jovem. Desta forma, o esporte emergiu como estratégia de treinamento das competências sociais, atendendo prioritariamente o público carente. O Impacto de um Projeto... 7 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Esporte O vocábulo esporte, apesar de conhecido e empregado pelos Profissionais de Educação Física e demais áreas do conhecimento, não é simples de ser definido e compreendido, devido as diferentes áreas e formas de intervenção, não permitindo, destarte, delimitação unicista31. Segundo o dicionário Der Sport, “... a palavra esporte deriva do inglês sport, que originalmente significava passatempo/jogo”. Este termo era uma abreviação de disport, (divertimento), o qual surgiu do termo francês desport, que possui sua raiz no latim popular deportare (se divertir)32. Já na Língua Portuguesa as terminologias esporte e desporto são utilizadas como sinônimos, sempre relacionados com a prática motora ou corporal, com o jogo, a disputa, a educação, a competitividade, superando limites pessoais e tendo inúmeras formas de atuações, representando um universo econômico sem limites na atualidade, com status de indústria33,34. No que respeita à Legislação Brasileira, nomeadamente na Constituição da República Federativa do Brasil, o legislador constituinte optou pela utilização da terminologia Desporto. Historicamente, o esporte esteve presente na vida do homem, independente da fase vivida, ou seja, desde o homem pré-histórico onde não existiam regras, mas o jogo desenvolvido figurava como auxílio substancial para o alcance da sobrevivência, como no caso da caça e dos deslocamentos executados35. Contudo, as manifestações esportivas com maior representatividade emergem na Grécia Antiga, com os denominados Jogos Gregos, que culminaram por originar os Jogos Olímpicos 35,36. O Esporte Moderno tem origem no século XIX e emerge com base conceitual nos postulados filosóficos de Rousseau e englobam relação direta entre o exercício físico e o O Impacto de um Projeto... 8 pensamento humano37. Com origem na Inglaterra, sob a influência de Thomas Arnold, que incentivou a criação de regras para o jogo por seus alunos do Colégio de Rugby, o “Esporte Moderno” promoveu notória influência aos ideais do humanista francês Pierre de Coubertain, que foi o responsável pela ressurreição dos Jogos Olímpicos. O pedagogo e idealista com o objetivo de promover a paz através do esporte, proporcionando um período de trégua durante as realizações dos jogos, período este conhecido como Armistício Olímpico. Os enunciados preceitos são idealizados até os dias atuais no Simbolismo Olímpico 34,38. Como apresentado, não é correto associar o termo esporte unicamente à realidade que compreende os jogos, competições ou disputas esportivas envolvendo regras34,37. A potencialidade do esporte é imensurável e abrange outras áreas do conhecimento e de atuação. Este fenômeno social proporciona um amplo campo de estudo e desenvolvimento para os profissionais de Educação Física. Porém, o conhecimento, a compreensão e a aceitação deste fato não é algo simples de ser alcançado. Esta ocorrência foi denominada como “ciência normal”, praticada por “profissionais normais”39. No magistério de Popper39, a ciência normal no sentido de Kuhn baseou-se no profissional que não busca o novo, não ousa revolucionar, mas segue os padrões já existentes, sem realizar contestações. Assim o referido profissional fica restrito, preso ao dogma dominante do dia-a-dia, novas teorias só seriam aceitas posteriormente a incorporação pela maioria ou a incontestável aceitação de um número expressivo de profissionais, consolidando assim o fenômeno. Esta ocorrência denota um completo contra ponto entre o esporte e os profissionais que atuam nesta área, onde o esporte possui varias fases, no entanto os profissionais não são capazes ou não estão aptos para explorar sua versatilidade, como já apontado por Sérgio em sua Tese nº4 sobre Ciências da Motricidade Humana: “A Educação Física necessita de pesquisadores e não de defensores. Caminhar para a ciência da Motricidade Humana e deixar questionar-se por ela significa reconhecer que há uma profissão com a sua linguagem, o seu paradigma, a sua ciência normal e o seu lugar definido na sociedade”40. O Impacto de um Projeto... 9 Compreendido o universo de abrangência do esporte, tornou-se imperativo um referencial teórico no sentido da compreensão de suas áreas e formas de atuação, além da sua representatividade na sociedade contemporânea. Com base nos ensinamentos de Tubino é possível depreender que o esporte é uma importante estratégia na sociedade atual, principalmente no processo de desenvolvimento das crianças, dos adolescentes e dos cidadãos em geral, afirmando assim sua necessidade de implementação e disseminação29,41. Segundo o Artigo 217, da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, as dimensões sociais do esporte podem ser apresentadas de três formas distintas na sociedade: “esporte educação ou esporte educacional, esporte participação ou participativo e esporte de rendimento”42 O esporte educação é representado pela prática esportiva com base nos princípios educacionais como participação e integração. Não obstante, o esporte participação objetiva a prática esportiva como possibilidade de ocupação do tempo livre e opção de lazer, entretenimento, para o combate ao ócio. Finalmente, o esporte de rendimento, que atualmente possui substancial visibilidade e objetiva o desenvolvimento do padrão competitivo, seguindo normas de disputa, regras de instituições e organizações43. Tornou-se evidente a diferença entre as três dimensões sociais do esporte, sendo assim a mesma afirmou-se como uma imprescindível estratégia, sendo empregada até os dias atuais, fato que poderá ser observado ao longo do estudo. 2.2 Projeto Sócio Esportivo A ampla importância e capacidade de atuação do esporte em toda sua trajetória histórica, fez com que o mesmo mais de uma vez fosse solicitado para solução de problemas encontrados na sociedade contemporânea, na função de instrumento de socialização12, 13,14, 44. O Impacto de um Projeto... 10 Importa ressaltar que na Grécia Antiga, o esporte apresentou significante atuação na unificação do povo grego, visto que durante os Jogos Gregos existiu um período chamado Armistício Olímpico, que compreendia um período de sete dias antes e depois dos jogos sem conflitos 38,45,46 . Mesmo que momentaneamente, o esporte já assumia um cunho pacificador. Outro momento histórico que corrobora para confirmação do cunho pacificador do esporte, diz respeito ao episódio ocorrido na data de 18 de agosto de 2004, fato este ocorrido no Haiti, que pode ser recordado pela música de Caetano Veloso e Gilberto Gil, onde um amistoso da Seleção Brasileira de Futebol conseguiu o magnífico feito de paralisar mesmo que momentaneamente a Guerra Civil entre grupos rivais e desarmar parte destes grupos, já que o ingresso foi trocado por armas de fogo45,47. Ambos os relatos apontaram de forma pertinente que a utilização do esporte como estratégia de socialização não é algo novo. No entanto, como surgiu esta prática na sociedade contemporânea? De onde surgiu este ideal? São questões que norteiam nossas mentes. Com intuito de responder as enunciadas indagações, tornou-se necessário analisar a década de 80, que se caracterizou pelo surgimento dos primeiros estudos com relatos que unem as políticas públicas desenvolvidas ao esporte, que passa a ter ação efetiva na sociedade27. Porém, como discorrido por Linhales48, inicialmente o esporte foi visto com a seguinte visão: “...como prática social incipiente, com baixos níveis de conflito e de demandas, ausência de interesses secundários e pequena intervenção por parte do Estado”46. Entretanto, quando a violência e participação dos jovens na criminalidade, tornaram-se rotineiras, o esporte e os projetos sociais ganharam substancial destaque5,9,49. Esta ocorrência foi evidenciada por Zaluar27, onde o autor relatou que os projetos sociais que buscaram a educação através do esporte e/ou pelo trabalho ganharam impulso na década de 80, que figurou como período que apresentou substancial crescimento de importância e desenvolvimento do esporte, mudando seu cenário de apresentação. O Impacto de um Projeto... 11 Concomitantemente ao prosseguimento da nossa linha de raciocínio que buscou comprovar o crescimento e ganho de importância do esporte no cenário nacional, não pode deixar de ser evidenciada a mudança de concepção relativa ao esporte. É notório o crescimento e a valorização, que com o passar do tempo deixou de ser uma atividade desinteressada ou uma atividade sem fins objetivos e tornou-se uma atividade de abrangência significante, desempenhando diversos papéis, suprindo as necessidades existentes na sociedade50. Neste momento o esporte passou a atender interesses de maior amplitude, podendo ser considerado uma estratégia efetiva, como ocorreu em outros momentos ao longo da história44,45,46,47. Este processo de valorização do esporte ganhou destaque na narrativa de Tubino, onde o autor apresentou a função do esporte na vida de seus praticantes. Segundo Tubino29: “[...] o esporte é como um instrumento fundamental no auxílio ao processo de desenvolvimento integral das crianças, dos adolescentes e dos jovens; respeitando as experiências e expectativas individuais, democratizando o acesso a espaço esportivo, valorizando o esporte como complementar a técnica de saúde preventiva, incutindo valores éticos e sociais, resgatando a cultura esportiva.”29. Toda a abordagem realizada serviu para demonstrar e confirmar a nova face assumida pelo esporte na sociedade contemporânea, no sentido de solucionar e/ou atenuar problemas, sendo assimilada como valiosa estratégia para o alcance da transformação social44. No que respeita ao Projeto Sócio Esportivo, modelo de propostas que utiliza o esporte com fins sociais prioritariamente16,44 na cidade do Rio de Janeiro, os indícios remeteram que o primeiro Projeto Social de grande porte com utilização do esporte como estratégia de transformação social, não nasceu de uma medida governamental27. Falamos na presente ocasião da Vila Olímpica da Mangueira, que foi criada através de uma parceria do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, uma notável Escola de Samba do carnaval carioca e o Setor Privado51. O objetivo do projeto, como relatado por Rezende51, é “apresentar o esporte como uma alternativa de socialização do morador de favela e dos O Impacto de um Projeto... 12 bairros populares, sendo igualmente o grande responsável pela receptividade do projeto junto ao público infanto-juvenil”51, na expectativa de propiciar benefícios no âmbito social, diante do esporte como agente efetor. Este Projeto Sócio Esportivo em específico alcançou substancial destaque, sendo reconhecido positivamente pela UNESCO, e pela emissora de TV British Broadcasting Corporation – BBC de Londres, sendo atuante até os dias atuais. Este momento tornou-se significante para visibilidade e afirmação dos Projetos Sócio Esportivos, assim como apresentado na abordagem onde o esporte foi consolidado como estratégia valorosa, suprindo as necessidades da sociedade não importando quais sejam50. Todo o destaque alcançado pelo Projeto Sócio Esportivo denominado Vila Olímpica da Mangueira, proporcionou que este modelo fosse implementado em outros pontos da cidade, entretanto sob uma nova forma de gestão, onde se tornou inconteste a participação ativa dos Órgãos Governamentais. O ano de 1988 tornou-se de suma importância para compreensão desta nova forma de gestão apresentada pelos Projetos Sócio Esportivos, em decorrência de um fato de extrema significância para o Esporte e para Educação Física no cenário brasileiro. De acordo com o Artigo 217 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988: “... é dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um”42. Como toda lei necessita ser cumprida, o relatado momento propiciou a obrigatoriedade de desenvolvimento do esporte pelo Estado, logo o esporte necessitou ser fomentado entre todas as camadas da sociedade. Com a obrigatoriedade de disseminação da prática esportiva, observou-se o crescimento do esporte no seio da sociedade contemporânea. O esporte ganhou espaço, diferentemente do que ocorreu na época do Brasil Colônia, onde as práticas esportivas como a capoeira, prioritariamente desenvolvidas pelos escravos, ou os exercícios desenvolvidos pelos índios como o nado e a pesca eram vistos como atividades realizadas pelas camadas inferiores da população45,52. No entanto, o proporcional crescimento da perspectiva esportiva, O Impacto de um Projeto... 13 juntamente com a utilização do mesmo com cunho social é notório. O esporte cresceu e atendeu principalmente as camadas consideradas inferiores, porém nesta fase com o apoio de Organizações Não Governamentais e Associações Comunitárias. Este fato nos remeteu a algo contraditório, já que na história do Brasil Colônia, encontrou-se um cenário diferenciado, onde a capoeira apresentou relativo crescimento, sendo praticada pelas camadas menos favorecidas da sociedade, constituída em sua maioria por escravos, teve sua prática proibida52. Na cidade do Rio de Janeiro, tornou-se evidente que a explanada mudança de cenário ganhou sustentabilidade quando a Prefeitura local iniciou a implementação de um Projeto Sócio Esportivo, denominado Vila Olímpica, que objetivou gerar saúde, equilíbrio e principalmente ser um importante instrumento de capacitação para ingresso construtivo na sociedade, promovendo cidadania e inclusão social53,54,55. A estrutura utilizada no modelo esportivo assemelha-se com a estrutura desenvolvida na Vila Olímpica da Mangueira, fato que pode explicar a semelhança na nomenclatura. Não obstante, a presente iniciativa contou com substancial apoio do Governo Municipal55, acontecimento não encontrado até os dias atuais na Vila Olímpica da Mangueira51. Atualmente na cidade do Rio de Janeiro, funcionam oito Vilas Olímpicas (Maré, Gamboa, Mestre André, Carlos Castilho, Ary Carvalho, Clara Nunes, Oscar Schmidt e Manoel José Gomes Tubino), além de dois projetos de grande porte (Parque das Vizinhanças Dias Gomes e Centro Esportivo Miécimo da Silva) que objetivam ofertar atividades esportivas assim como as Vilas Olímpicas54,55, ato que nos remeteu a um tema diversas vezes abordado que é a valorização e a utilização do esporte como estratégia de transformação social16,44. O Impacto de um Projeto... 14 2.3 Vila Kennedy e Vila Olímpica Ary Carvalho A comunidade da Vila Kennedy é uma subdivisão do extenso bairro de Bangu, localizada na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro3, que é a zona mais extensa1,3. Atenham destaque para a nomenclatura utilizada. Foi empregada a terminologia comunidade, deixando de lado o termo rotineiro e popular denominado favela. Isto ocorreu pelo fato, do termo favela, na realidade atual, ser utilizado por muitos indevidamente, sendo empregado com propósito de diminuir algo ou alguém. É um termo conotado na sociedade contemporânea, originando o termo favelado, que é utilizado com a finalidade de diminuir, recriminar ou rejeitar algo ou alguém. Em decorrência deste fato, na atualidade é recomendada a utilização da nomenclatura comunidade. Gomes56 evidenciou que esta mudança e a utilização do termo comunidade proporcionaram a diminuição do emprego equivocado da palavra favela e que a nova nomenclatura apresenta ideia de solidariedade, autenticidade, simplicidade e harmonia. Com relação a sua origem, a comunidade da Vila Kennedy surgiu em decorrência de uma política de realocação populacional realizada durante o “Governo Lacerda”, que recebeu esta nomenclatura, pois na época o Governo do Estado do Rio de Janeiro era gerido pelo então Governador Carlos Lacerda, no ano de 19643. Estabelecendo como parâmetros dados não oficiais, obtidos através da Associação de Moradores da Vila Kennedy – AMOVIK, na atualidade vivem no “Complexo da Vila Kennedy” cerca de 120 mil moradores, distribuídos em dezessete comunidades: Vila Kennedy, Metral, Estrada Sargento Miguel Filho, Favela do Quiabo, Vila Progresso, Estrada da Saudade, Estrada Guandu do Sena, Rua Congo, Alto Kennedy, Barrão, Jardim do Éden, Manilha, Malvinas, Conjunto Sociólogo Betinho, Conjunto Antônio Gonçalves, Quafá e Castor de Andrade III. Todas as comunidades enunciadas estão localizadas nas proximidades da Vila Kennedy e nasceram em decorrência O Impacto de um Projeto... 15 do aumento demográfico da região e falta de uma política de controle e realocação populacional, fato que transformou a região numa área com característica marcante de favelização. Mesmo sendo oriunda de uma ação governamental3, toda a região onde está localizada a comunidade da Vila Kennedy caracterizou-se com rotulação negativa, incluída na classificação policial como uma região de mancha criminal. De acordo com especialistas na área de segurança pública, estas regiões são áreas onde podem ser encontradas incidência e participação maciça da criminalidade19,20,57. Esta ocorrência denotou que a referida região foi criada, porém algo de controverso ocorreu no seu processo de desenvolvimento, onde o Poder Público perdeu espaço para a criminalidade, que ocupou a lacuna deixada pelos órgãos competentes e instaurou sua filosofia de comando, exercendo seus atos ilícitos 57, 58, 59. De acordo com o ex-chefe de Polícia Civil da cidade do Rio de Janeiro no ano de 1995, em entrevista para o documentário “Notícias de uma guerra particular”, retratou a violência e a realidade do tráfico de drogas na cidade do Rio de Janeiro de três pontos de vista distintos: ótica do morador de comunidade, ótica do policial e ótica do traficante, estes locais podem ser classificados como locais de exclusão social, já que recebem pouca ou nenhuma assistência do Estado, sofrendo com a falta de acesso a bens e serviços, à segurança, à justiça e à cidadania4,60. Sposati61 definiu exclusão social como o não direito a cidadania. Ferreira62 definiu cidadania como o direito de ter direito. Logo o indivíduo que não possuiu acesso a este direito, que não possuiu cidadania, pôde ser considerado um excluído socialmente, podendo estar em situação de risco social. Le Breton63 definiu a enunciada situação como o momento ao qual o indivíduo apresentou envolvimento com situações degradantes socialmente, como envolver-se frequentemente em acidentes de trânsito, suicídios e tentativas de suicídios, fugas do meio familiar e afastamento das instituições de O Impacto de um Projeto... 16 socialização primária, envolvimento na delinquência, alcoolismo e uso de drogas e problemas de comportamento alimentar63,64. O público infantil apresentou vulnerabilidade substancial de envolvimento com tais situações9,63,64,65, em decorrência de estarem em fase de formação e desenvolvimento, além de amadurecimento biológico, que objetiva adequação e adaptação ao meio físico e social. Com base nos postulados filosóficos de Marx e Engels66 onde o Homem figurou como produto do meio, sofrendo todas as interveniências do meio social onde encontrou-se inserido, tornou-se possível compreender que esta mesma casuística atinja o público infantil, quando expostos a situações classificadas como de risco social, já que estão em processo de formação e de criação de uma identidade. Vargas30 corroborou asseverando que o público infanto-juvenil acaba por reproduzir os atos, gestos e ações presenciadas em seu cotidiano e ambiente de convívio, apresentando motricidade com estereotipia degradante. Com finalidade de retratar o cenário encontrado na comunidade da Vila Kennedy, as visitas realizadas a região, tornaram possível confirmar a existência dos enunciados problemas. Além disso, importa ressaltar que a proximidade existente entre as comunidades que compõem a região remetem a ideia de um complexo, haja vista que a maioria das localidades não apresentou suas delimitações devidamente definidas. Com base em dados do IDH do ano 2000, a Vila Kennedy como parte integrante do bairro de Bangu, ocupou a 96ª posição na classificação de bairros da cidade do Rio de Janeiro2, com uma classificação baixa em comparação direta com outros bairros da cidade. O IDH é um indicador social que classifica regiões utilizando como base, indicadores como a riqueza, educação e expectativa de vida ao nascer encontrada na região66. Na busca por indicadores que comprovem a realidade encontrada na região, no ano de 2000 o bairro de Bangu ocupou a 125ª posição na classificação do Índice de Desenvolvimento Social – IDS dos bairros da cidade do Rio de Janeiro67. O IDS é outro indicador social que almeja classificar regiões, estabelecendo O Impacto de um Projeto... 17 parâmetros diferentes do IDH, pois utiliza dez indicadores em sua classificação: rede de água adequada, rede de esgoto adequada, coleta de lixo adequada, banheiros por moradores, responsáveis por domicílio com menos de 4 anos de estudo, responsáveis por domicílios com 15 ou mais anos de estudo, analfabetismo em maiores de 15 anos, responsáveis por domicílios com renda até dois salários mínimos, responsáveis por domicílios com rendimento igual ou superior a 10 salários mínimos e rendimento médio dos responsáveis por domicílio em salários mínimos68. Apesar da cidade do Rio de Janeiro possuir 140 km de ciclovias e diversos parques e locais propícios para prática de atividade física e lazer69, a comunidade da Vila Kennedy não foi contemplada com estes benefícios, além de possuir poucas praças públicas, que são locais que podem servir para prática de atividade física e lazer. Em visita a região foi constatada que a maioria das praças públicas está em péssimo estado de conservação, fato que dificulta a utilização dos locais. Não obstante, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, no ano de 2003 inaugurou na comunidade da Vila Kennedy o Projeto Sócio Esportivo denominado Vila Olímpica Ary Carvalho54,55. O presente projeto recebeu o referido nome, em homenagem ao jornalista Ary Carvalho, falecido no mesmo ano. Apresentando a Vila Olímpica Ary Carvalho, com objetivo de proporcionar melhor compreensão, é possível mencionar que na atualidade, de acordo com informações da Secretária do Projeto Sócio Esportivo, são atendidas aproximadamente 2.500 pessoas, oriundas da comunidade da Vila Kennedy, demais comunidade da região e bairros vizinhos, sendo ofertadas vinte e duas modalidades esportivas: futebol de campo, futebol society, futsal, natação, hidroginástica, polo aquático, atletismo, karatê, judô, taekwondo, capoeira, dança do ventre, step, alongamento, ginástica, iniciação desportiva, voleibol, basquetebol, O Impacto de um Projeto... 18 handebol, tchoukball, badminton e hóquei sobre grama. Importa destacar que todas as atividades são oferecidas gratuitamente. A Vila Olímpica Ary Carvalho ocupa um espaço físico de 15.500m2, onde são encontradas instalações como quadras esportivas, piscina semiolímpica, pista de atletismo, campo de futebol e parque infantil. As atividades são ministradas de 3ª a 6ª feira, no horário das 07:00hs às 17:00hs. O projeto também oferece atividades no final de semana, funcionando sábado e domingo das 09:00hs às 16:00hs69 . Além do esporte, no local são oferecidas outras atividades ligadas ao âmbito social, que objetivam auxiliar a população, já que compreendem eventos tais como realocação profissional e serviços voltados para melhora da saúde. Toda organização e custo do local são de responsabilidade da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro70. O enunciado projeto segue um modelo de gestão e funcionamento padronizado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Neste modelo de política sócio esportiva, o objetivo prioritário é promover a formação de uma juventude com valores morais e assim diminuir a probabilidade de contato com a violência e a criminalidade, caracterizando-se assim como uma ação governamental nos locais com características de risco social52, 61,62. Estabelecendo como referência as informações da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, esta política alcançou substancial destaque, com resultados consideráveis no âmbito social55. Para implementação deste tipo de projeto, possuem prioridade as regiões que apresentem baixo IDH67 e ofereça risco social aos residentes54,63,64, tornando assim o público carente o principal alvo a ser atendido, entretanto outras classes sociais podem ser beneficiadas com a iniciativa55. Além do aspecto social, outros pontos são observados para implementação do projeto, assim como ocorreu na comunidade da Vila Kennedy. A viabilidade técnica de construção, o comprometimento da comunidade com o projeto, a O Impacto de um Projeto... 19 densidade demográfica da região, a facilidade de acesso, a circulação e o impacto econômico, são pontos observados, com a finalidade de favorecer o sucesso desta iniciativa55. Para um projeto da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro receber a nomenclatura Vila Olímpica, o mesmo deve possuir obrigatoriamente em sua composição 01 ginásio poliesportivo com palco (com sala) e vestiários. Além disso, o ginásio deve estar equipado com adaptador de altura nas tabelas de basquete e portões de acesso que permitam a passagem de cadeirantes, 01 piscina de 25 x 12 x 1,50 m (c/grade e portão adaptado para portador de deficiência), com vestiários, 01 piscina infantil com 40 cm de profundidade, 01 campo de futebol society, 01 minipista de atletismo, com caixa para salto, 01 quadra poliesportiva descoberta com adaptador de altura das tabelas de basquete e portões de acesso que permitam a passagem de cadeirantes, 01 recanto para lazer, com mesas, bancos e churrasqueiras, 03 salas para esportes de salão (no mínimo 25 m²), 04 salas de administrativo (no mínimo 12 m²), 02 banheiros administrativos, 01 guarita de segurança com banheiro (no mínimo 9 m²), 01 sala para professores com 02 banheiros (no mínimo 12 m²), 02 banheiros, 01 copa com pia, 02 vestiários e 01 conjunto de brinquedos53. A Figura Nº 1 apresenta a representação gráfica, com a disposição espacial de todos os componentes necessários para que um projeto da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro receba a nomenclatura Vila Olímpica. Importa salientar, que os projetos não necessitam obrigatoriamente seguir a apresentada disposição dos componentes, entretanto os mesmos necessitam ser ofertados ao público, de acordo com as normas enunciadas. O Impacto de um Projeto... 20 Figura Nº1: Representação gráfica das instalações de uma Vila Olímpica. Fonte: SMEL. – Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. Manual das Vilas Olímpicas da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro55. A capacitação técnica e o trabalho multidisciplinar são pontos regulamentados e elencados no Manual das Vilas Olímpicas da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Segundo dados da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer – SMEL, Órgão pertencente à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e responsável pela gestão e manutenção dos Projetos Sócio Esportivos na cidade, o trabalho em conjunto, aliado a capacidade profissional dos envolvidos, tornou-se fundamental para o alcance dos objetivos elencados no Manual dos Projetos Sócio Esportivos da Cidade do Rio de Janeiro, publicado no ano de 2008. Todos os professores de Educação Física precisam estar registrados no Conselho Regional de Educação Física – CREF, além de estar devidamente regular com suas obrigações profissionais55. Todos os Projetos Sócio Esportivos gerenciados pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, denominados Vilas Olímpicas, assim como a Vila Olímpica Ary Carvalho, seguiram o referido direcionamento de trabalho, que objetivou avaliar a incidência de atos infracionais, diminuir a evasão escolar e promover a inclusão social de portadores de deficiência. Os projetos possuem a obrigatoriedade de fomentar a atividade econômica, aumentar a expectativa de vida da 3ª idade, diminuir a ocorrência de casos de problemas respiratórios, O Impacto de um Projeto... 21 democratizar o lazer e a valorização da família e descobrir talentos. Com isso, esperam a obtenção de resultados como a detecção e encaminhamento de atletas, criação de empregos e renda, avaliação de atos infracionais, integração de comunidades, vigilância epidemiológica, promoção de saúde, promoção da autoestima, melhoria do desempenho escolar e redução da evasão escolar55, atendendo assim uma variedade de possibilidades que podem ser propiciadas através do esporte, como se observa na Figura Nº 2. Figura Nº 2: Obrigatoriedades e metas do Projeto Sócio Esportivo. MELHORIA DO DESEMPENHO ESCOLAR PROMOÇÃO DA AUTOESTIMA PROMOÇÃO DA SAÚDE REDUÇÃO DE EVASÃO ESCOLAR VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DETECÇÃO E ENCAMINHAMENTO DE ATLETAS CRIAÇÃO DE EMPREGOS E RENDA AVALIAÇÃO DE ATOS ÍINFRACIONAIS INTEGRAÇÃO DE COMUNIDADES Fonte: SMEL. – Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. Manual das Vilas Olímpicas da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro55. Apresentados os objetivos elencados no universo dos Projetos Sócio Esportivos, o presente estudo objetivou averiguar como são desenvolvidos quatro dos objetivos na Vila Olímpica Ary Carvalho53, com intuito de identificar a eficácia deste tipo de iniciativa, no contexto social da comunidade da Vila Kennedy. O Impacto de um Projeto... 22 2.4 Evasão Escolar A evasão escolar é um dos muitos problemas encontrados na sociedade brasileira, apresentando maior incidência entre as camadas de menor poder econômico da população71, 72 . Entretanto, o que é evasão escolar. A literatura permitiu inferir que evasão escolar é uma condição caracterizada pelo abandono ou pelo não cumprimento do indivíduo de seus deveres educacionais, ou seja, a saída do mesmo da instituição educacional, podendo apresentar como produto final o abandono dos estudos71,72. A educação constitui um direito assegurado a todos os cidadãos brasileiros, porém legalmente fica a cargo da família e do Estado orientar a criança na iniciação e no decorrer de sua vida educacional. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação-LDB, de 1996, apresentou em seu texto uma valiosa explicação do papel de cada um no que se refere à educação: “Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”73. A partir deste momento tornou-se possível a compreensão de um esforço por parte do Poder Público, através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB72 com vista a combater o problema da evasão escolar, entretanto torna-se necessário descobrir o panorama atual. Indícios corroboram para o entendimento de que a evasão escolar é algo rotineiro e presente na sociedade contemporânea71,72,74. O estudo estatístico realizado no ano de 2001, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE objetivou identificar a ocorrência da evasão escolar e as principais motivações para ocorrência deste problema social na região sudeste do país75. Mesmo não sendo uma pesquisa com finalidade exclusiva de apresentar uma possível relação existente entre a evasão escolar e o desenvolvimento do esporte, a mesma denotou importância de O Impacto de um Projeto... 23 entendimento acerca deste problema, que pode ser encontrado na sociedade contemporânea, como mostra a Tabela Nº 175. Tabela Nº 1: Frequência escolar na Região Sudeste. Pessoas de 5 a 17 anos de idade Frequência à escola Total Homens Mulheres Total 17 .095.132 8.621.743 8.473.389 Frequentavam 15.618.003 7.882.542 7.735.461 Não freqüentavam 1.472.641 736.837 735.804 4.488 2.364 2.124 Sem declaração Fonte: Baseado nos dados do IBGE. Diretoria de Pesquisas, Departamento de Emprego e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 200175. Através da Tabela Nº 2 o estudo realizado pelo IBGE75 demonstrou a relação existente entre a ocupação do tempo e a frequência escolar, sendo apresentada de acordo com o gênero. Importa salientar, que neste momento, almejou-se identificar a situação dos participantes na semana de execução da pesquisa. Tabela Nº 2: Frequência escolar e situação de ocupação na semana de realização da pesquisa. Pessoas de 5 a 17 anos de idade Frequência à escola Situação na semana de referência Ocupadas Total Homens Não ocupadas Mulheres Total Homens Mulheres Total 1.583.354 990.735 592.619 15.502.105 7.625.290 7.876.815 Frequentavam 1.244.839 774.997 469.842 14.365.888 7.104.224 7.261.664 338.515 215.738 122.777 1.133.527 520.500 613.027 2.690 566 2.124 Não freqüentavam Sem declaração Fonte: Baseado nos dados do IBGE. Diretoria de Pesquisas, Departamento de Emprego e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 200175. O Impacto de um Projeto... 24 Através da Tabela Nº 3, o IBGE75, objetivou apresentar as principais motivações encontradas, para explicar a ausência da instituição escolar entre os participantes da pesquisa. Apesar das motivações não apresentarem ligação com esporte, o estudo ganhou significante relevância, por almejar compreender quais fatores corroboram para o desenvolvimento deste problema social, instaurado na sociedade contemporânea. O problema do afastamento da instituição escolar apresentou diferentes origens, que compreenderam diversas motivações, entretanto todas elas ligadas as questões sociais, onde as necessidades domésticas figuram como indicadores motivacionais majoritários, como apresentado na Tabela Nº3. Tabela Nº 3: Principais motivos encontrados para afastamento da instituição escolar. Pessoas de 5 a 17 anos que frequentavam a escola Principal motivo de não frequentarem a escola Sexo Total Ajudar nos Não existia Por afazeres escola perto de vontade domésticos, casa ou faltava própria ou trabalhar ou vaga na escola dos pais procurar Outro Sem motivo declaração trabalho Total 1.472.641 182.449 263.098 481.955 530.302 14.837 Homens 736.837 110.143 125.793 240.144 253.521 7.236 72.306 137.305 241.811 276.781 7.601 Mulheres 735.804 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Departamento de Emprego e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 200175. Além das motivações investigadas pelo IBGE, para o desenvolvimento da situação de evasão ou abandono da instituição escolar75, outras questões necessitaram ser abordadas, mormente relacionadas ao âmbito da Educação Física. Uma corrente de pensadores como O Impacto de um Projeto... 25 Damo76, Torri, Albino e Vaz77, Zaluar78, asseveram que o desenvolvimento do esporte na forma do alto rendimento, pode proporcionar um futuro melhor para os indivíduos que despontam como talento esportivo, todavia no decorrer do caminho para formação esportiva, um percentual significante destes indivíduos considerados talentos, diminuem a disponibilidade de tempo dedicada aos estudos, fato que pode culminar com a tão temida evasão escolar. Este fato denota substancial relevância, já que este indivíduo poderá ter sua base educacional prejudicada, pois a maioria acaba optando pelo abandono da vida escolar ainda no processo de formação. É possível citar Sérgio in Feitosa79 no que se refere ao esporte na forma do alto rendimento: “[...] um certo desporto de alta competição, que enfatiza desumanamente o rendimento, o recorde, a competição hostil, brota nesta sociedade, que ele chama do rendimento, como micróbio do fruto apodrecido” 79. No entanto, alguns países inferem lograr êxito no processo da condução escolar e esportiva simultânea. Esses países conseguem evitar assim a tão temida evasão escolar. Segundo Valdéz e Caballero80 a educação em tempo integral, concomitantemente ao desenvolvimento das diferentes modalidades esportivas, emergiu na sociedade cubana posteriormente no ano de 1959, apresentando substancial fomentação e participação do Poder Público. Esta política, propiciou a formação de talentos esportivos em diferentes modalidades, em decorrência do acompanhamento e orientação esportiva. Este referido processo possui início nos primeiros anos da criança, enquanto a mesma encontra-se na fase escolar. Entretanto, o prosseguimento das obrigações escolares torna-se obrigatório, sendo o Governo o incentivador e gestor deste modelo esportivo80. Este argumento tornou evidente a diferença com relação a realidade brasileira. Com base nos relatos de Damo76, são gastas aproximadamente 5.000 horas no processo de formação de um jogador profissional de futebol. Esta carga excessiva destinada à formação do potencial talento esportivo pode provocar a diminuição de seu tempo disponível, com O Impacto de um Projeto... 26 reflexos na perda da prioridade pela vida escolar, já que o esporte é encarado como estratégia efetiva de ascensão social76. Tornou-se importante destacar que o fracasso escolar pode favorecer ao abandono escolar de uma criança, situação que deve importar a todos os segmentos da sociedade, haja vista que podem culminar no desenvolvimento outros problemas sociais. Neste cenário a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, elencou entre os objetivos do seu Projeto Sócio Esportivo, o combate a evasão escolar, que como asseverado pelo IBGE75 é um problema social presente e efetivo na sociedade contemporânea75,76. A comunidade da Vila Kennedy é uma localidade que apresentou baixos índices de IDH e IDS 2,67,68, índices que possuem ligação direta com o nível de educação, logo a evasão escolar pode ser um dos fatores que contribuíram para péssima colocação da comunidade na classificação de ambos os indicadores sociais. Importa ressaltar, que com base nas informações prestadas pela Secretaria da Vila Olímpica Ary Carvalho, estar matriculado em alguma unidade educacional é condição sine qua non para o ingresso e permanência no Projeto Sócio Esportivo. Entretanto algumas ponderações necessitaram ser realizadas: será que os mesmo, estão frequentando regularmente e participando do convívio escolar? Será que os alunos que já abandonaram o convívio escolar, mudaram de postura depois do ingresso no projeto sócio esportivo? Essas são questões que necessitam ser investigadas. 2.5 Detecção e Encaminhamento de Atletas O processo de detecção e encaminhamento de atletas é um dos objetivos elencados na proposta de objetivos e metas que deveriam ser almejadas pelos projetos que utilizam o esporte como estratégia de transformação social da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro54, 55 . A detecção e encaminhamento de atletas podem ser compreendidos como etapas O Impacto de um Projeto... 27 determinantes para formação do talento esportivo, que no caso do público de baixa renda, a formação do talento esportivo representa uma alternativa viável para o alcance da ascensão social81,82,83, já que algumas modalidades esportivas como o futebol movimentam significantes quantias financeiras76,84. O processo de busca pela ascensão social, ou seja, por um melhor padrão de vida é algo inerente do ser humano. Esta relação de busca do Homem tornou-se evidente no pensamento de Kuhn, apresentada por Feitosa85 onde “... a dimensão de infinito que o homem carrega dentro de si faz dele um ser que não se contenta em ser simples criatura. Ele que ser criador.”85. Este pensamento favoreceu a compreensão de que a busca por algo maior é normal para qualquer ser humano, que sempre estará na busca pelo novo, assim como ocorre dentro da ciência, que objetiva à fuga da normalidade, da ciência normal39 e da teoria do corpo marginal, que pode ser compreendido como corpos excluídos, sem acesso ou afastados dos bens e benefícios encontrados na sociedade, frutos do modelo capitalista, vivendo sem as condições mínimas para sobrevivência86. Neste cenário, o esporte representou uma estratégia que tornou viável a ascensão social81,82,83, proporcionando meios de melhoras no âmbito financeiro. Entretanto, em análise as dimensões sociais do esporte, esporte educação ou esporte educacional, esporte participação ou participativo e esporte rendimento43, compreendeu-se a necessidade de uma lógica para que todo este processo aconteça, já que o esporte apresentou diferentes formas de apresentação. A separação do esporte de acordo com sua objetivação, não foi recebida ou aceita por todos, sendo apoiado por uma ideia de complementação das diferentes dimensões sociais do esporte, não existindo uma forma isolada de atuação87. Feyerabend87 defendia a idéia que “... atividade física visando o desporto de alta competição, ou o lazer e recreação, a terapia ou quaisquer objetivos que se deseje não se excluem antes se complementam” 87 . Mediante este argumento, tornou-se possível raciocinar em favor de um processo gradativo, até a chegada ao esporte rendimento, progressão esta, que nos remeteu a O Impacto de um Projeto... 28 uma aplicação do esporte onde teríamos como produto final a descoberta e formação do talento, caso este aluno ou futuro atleta apresente potencial. Com objetivo de propiciar o entendimento acerca do processo de detecção e encaminhamento de atletas, foi necessária a compreensão da palavra talento. Segundo Fernandes Filho e Carvalho88, o indivíduo classificado como talento deve apresentar a combinação especifica das capacidades físicas. Kiss89 definiu talento esportivo como o indivíduo dotado de aptidão, condição em determinado instante, grande aptidão ou grande potencial para o desenvolvimento na prática esportiva. Na busca por uma definição detalhada e clara da palavra talento no cenário esportivo, Böhme90 apresentou um detalhe importantíssimo. A citada autora definiu talento esportivo como indivíduo que por meio de capacidades herdadas e adquiridas, possui aptidão especial para o desenvolvimento esportivo acima da população considerada normal. Nesta situação este indivíduo foi reconhecido como um talento para o esporte, tendo a chance de apresentar resultados de expressão. No entanto, alguns questionamentos se impõem. Então como explicar que um país com o potencial demográfico da República Federativa do Brasil, aproximadamente 190.732.694 milhões de habitantes, com base nos dados do censo populacional de 2010 realizado pelo IGBE91 e com projeção populacional segundo Moreira92 para 50 milhões de habitantes com idade entre 0 e 15 anos para o ano de 2050, não é considerado uma potência esportiva? Será que formamos atletas, porém pouco talentosos? Em análise ao quadro de medalhas das Olimpíadas de 2008, que realizou-se na cidade de Pequim, na China, o Brasil obteve 23ª posição no quadro geral de medalhas, com um total de 15 medalhas, sendo 03 de ouro, 04 de prata e 08 de bronze93. Prosseguindo na análise do quadro de medalhas, pode ser observado que o Brasil obteve posição inferior a países com menor expressão no cenário esportivo, demográfico e econômico67,94. Em contra partida, mesmo não sendo a vencedora da última Copa do Mundo realizada na África do Sul, segundo O Impacto de um Projeto... 29 a classificação da Fédération Internationale de Football Association - FIFA, a Seleção Brasileira de Futebol ocupa a 5ª posição no ranking mundial de seleções95, sendo superada por países como Espanha, Holanda e Alemanha, que estabelecendo como base o IDH, apresentam melhor desenvolvimento humano94 e a Seleção Argentina que possuí substancial prestígio no cenário futebolístico mundial. Outro dado relevante foi o fato do Brasil continuar sendo o único país do mundo com cinco títulos mundiais e reconhecimento mundial como grande formador de talentos na modalidade citada. No aprofundamento das investigações em torno do processo da detecção de atletas, a literatura permitiu inferir que o referido processo pode ocorrer de diversas formas. Para que ocorra a detecção de um atleta, faz-se necessária uma metodologia, para que o potencial atleta possa ser descoberto, observado e avaliado. A literatura propiciou a observação de diversos modelos que apresentaram destaque nesta prática. Tendo como exemplo a Federação Russa (Rússia), um antigo país do bloco socialista, a criança ingressa na vida esportiva aos cinco anos de idade e o processo de seleção pode durar até a mesma atingir a idade de participação em competições. Todas as crianças são encaminhadas para escolas esportivas, onde são direcionadas para atividades onde possuem maior chance de adequação e sucesso. Testes são realizados, para o devido direcionamento desta criança, aumentando assim suas possibilidades de sucesso96. Em concordância com Böhme97, para que ocorra detecção é necessário que os indivíduos sejam classificados de acordo com a categoria e desempenho apresentados. Uma primeira categoria englobaria o talento geral, onde os enquadrados devem possuir boa capacidade de aprendizagem, porém nada específico será cobrado. Uma segunda categoria torna-se necessária para atender aos indivíduos com maior proveito e capacidade para algumas atividades. A autora denominou esta primeira categoria como geral e a segunda como especial. Prosseguindo com os pensamentos de Böhme97, torna-se necessário levar em O Impacto de um Projeto... 30 consideração a realidade em que está inserido o potencial atleta, pois muitas vezes os resultados apresentados são expressivos para o cenário onde ele encontra-se, porém com baixo rendimento para o nível nacional ou mundial. Partindo deste pressuposto, uma analogia foi realizada com o cenário brasileiro. Este fato permitiu depreendermos que nem todo atleta formado apresenta garantia de conseguir resultados de relevância mundial ou nacional, pois ele pode ser ótimo para aquela realidade onde se encontra inserido ou está momentaneamente, porém não possui potencial suficiente para despontar em cenários de maior significância ou expressão. Está linha de raciocínio pode ser uma vertente de explicação para o sucesso brasileiro em algumas modalidades e o não sucesso em outras modalidades esportivas97. Weineck98 aprofundou-se em sua classificação, dividindo o trabalho em três estágios, dando direcionamento ao trabalho que deve ser realizado: no primeiro estágio, o aprendizado e treinamento ocorreram de forma natural, pois por meio de brincadeiras ou os chamados “esportes de rua” (futebol, vôlei, basquete), crianças e jovens aperfeiçoam de forma espontânea e indireta uma modalidade esportiva. O segundo estágio apresentou como característica a diminuição do grau de liberdade e início da elevação da intensidade do trabalho, que deve ser aumentada de acordo com sua abrangência. Por fim, o terceiro e último estágio que concorreu no sentido de atingir o melhor desempenho a partir de formação múltipla de especialização, ou seja, parte-se do geral para o específico98. Ambos os processos objetivam detectar e aperfeiçoar os potenciais atletas, todavia no caso da Vila Olímpica Ary Carvalho, o objetivo fundamentou-se na detecção e no encaminhamento. Para Harre99, identificar é tentar projetar se o indivíduo escolhido poderá ter resultados positivos. Além disso, o referido autor afirmou que: “o reconhecimento precoce deve obrigatoriamente começar na escola ou em atividades praticadas em clubes ou praças e que sua evolução é um processo de aquisição”99. Neste sentido, este processo englobou-se no O Impacto de um Projeto... 31 contexto do Projeto Sócio Esportivo, já que majoritariamente recebem as crianças nas idades iniciais. Talvez por concordar com o referido pensamento de identificação de potenciais atletas, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro elencou entre as metas a serem alcançadas a detecção e encaminhamento de atletas. Imposta a presente meta, faz-se necessário averiguar se o processo de detecção e encaminhamento de atletas é fomentado e executado pelos profissionais que compõem o Projeto Sócio Esportivo e no sentido de analisar a viabilidade de ocorrência do encaminhamento. 2.6 Integração entre Comunidades Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a nomenclatura integração significa ação ou efeito de integrar100. Já a nomenclatura integrar, que originou o termo integração, que nos remete a significância de tornar algo inteiro, inteirar, fazer parte num conjunto, num grupo101. A concepção e o entendimento destas definições são pertinentes, já que encontramos entre os objetivos da Vila Olímpica Ary Carvalho, a proposta de integração de comunidades55. Na atualidade é sabido através de dados da AMOVIK e da Secretaria do Projeto Sócio Esportivo, que a região da Vila Kennedy, possui em suas adjacências outras dezesseis comunidades de igual ou pior complexidade e realidade social1,2,3,68. Todavia, o principal Projeto Sócio Esportivo da região, Vila Olímpica Ary Carvalho, encontra-se instalado no interior da comunidade da Vila Kennedy, sem indicação de outros projetos desta magnitude. Além disso, importa ressaltar que existem outras comunidades carentes nas cercanias da região da Vila Kennedy, fato importante já que a área apresentou baixo índice de desenvolvimento social e de desenvolvimento humano 2,68. O Impacto de um Projeto... 32 Vargas30 inferiu que todos os menores de rua abordados em sua pesquisa, eram oriundos da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, incluindo a comunidade da Vila Kennedy. Este fato concorreu para que esta localidade fosse investigada, através da efetividade do Projeto Sócio Esportivo implementado, já que toda a referida região pode ser classificada como degradada socialmente, com base nos critérios utilizados pela ONU, haja vista presença efetiva e atuante do tráfico de drogas, com função e atuação de um poder institucional30. A presença atuante e efetiva do tráfico de drogas pode ser um empecilho para locomoção dos moradores, em decorrência do risco criado. Este acontecimento apresentou influência significativa no público jovem, que por alguns motivos não possuem autonomia, sendo restritos ao tráfego acompanhado principalmente quando a violência mostra sua “face”. Baseado em dados extraoficiais da AMOVIK, hodiernamente foi possível assinalar cerca de 120 mil moradores em toda esta extensa região. Além disso, importa salientar que a região da Vila Kennedy é dividida por uma importante via da cidade, senão a mais importante conhecida popularmente como Avenida Brasil e oficialmente como BR- 101, sendo uma Rodovia Federal, inaugurada no ano de 1946 tendo a extensão de 58 km102. A referida divisão caracterizou a região em dois grupos distintos. Estabelecendo como marco referencial durante todo o estudo o sentido Rodoviária Novo Rio (quilômetro 0) - Santa Cruz (quilômetro 58) da Avenida Brasil, foi possível identificar duas porções distintas, sendo representadas aqui pelo lado direito e lado esquerdo da região. Temos do lado direito da Avenida Brasil, seguindo a referida direção como referência, as seguintes comunidades: Conjunto Sociólogo Betinho, Conjunto Antônio Gonçalves, Guandu do Sena, Barrão, Quafá, Metral e uma porção da comunidade da Vila Kennedy, que inclui a Vila Olímpica Ary Carvalho e a conhecida Praça Leira. Já do lado esquerdo temos as seguintes comunidades: Castor de Andrade III, Jardim do Éden, Malvinas, Alto Kennedy, Congo, Saudade, Manilha, Vila Progresso, Sargento Miguel O Impacto de um Projeto... 33 Filho, Favela do Quiabo e outra porção da Vila Kennedy que englobou a região próxima do Campo do Vila e a Praça Miami. Atentem que na “favela da Vila Kennedy” propriamente dita, foram destacados quatro pontos. Os pontos possuem função de servir como referência dentro da extensão da comunidade da Vila Kennedy, em decorrência de sua extensa dimensão. Importa ressaltar que foram identificados quatro pontos oficiais de travessia desta importante via que dividiu a região, sendo duas passarelas de pedestres e duas passagens subterrâneas, que atendem pedestres e veículos. Entretanto, nem sempre estes pontos oficiais de travessia são utilizados pelos residentes da região, situação que envolve significativo risco, em decorrência do alto fluxo da via. Para melhor compreensão da região da Vila Kennedy, utilizou-se o Software Google Earth, que é um programa de computador que oferta fotos de satélites de diversas regiões do mundo103, para apresentar a disposição gráfica da referida região. Importa ressaltar que o Software Google Earth realiza atualização das fotos periodicamente, mantendo a proximidade das características encontradas no local. Além disso, realizou-se a disposição gráfica das comunidades da Vila Kennedy e das subdivisões componentes da região, como será apresentado na Figura Nº 3. Deve ser destacado que se estabeleceu como referência a divisão seguida pela Secretaria da Vila Olímpica Ary Carvalho e pela Associação de Moradores da Vila Kennedy – AMOVIK, com intuito de tornar passível de entendimento todo o conteúdo que foi apresentado, proporcionando melhor compreensão para o público que não conhece a região investigada. Importa salientar que a divisão apresentada foi criada e é de conhecimento dos residentes da região. Além disso, todas as nomenclaturas utilizadas foram criadas e são de conhecimento da população local, assim almejou-se representar com maior grau possível de fidedignidade a estrutura geográfica encontrada na região da Vila Kennedy, com base na O Impacto de um Projeto... 34 divisão utilizada na rotina diária dos moradores, através da Figura nº 3 que será representada103. Figura Nº 3: Disposição gráfica da comunidade da Vila Kennedy e as subdivisões componentes da região. Fonte: Baseado no Software Google Earth. Imagem realizada no dia 31de agosto de 2009 103. A Figura Nº 3 permitiu observar a existência de duas porções distintas, delimitadas pela Avenida Brasil, que é uma rodovia de grande porte e com fluxo intenso de veículos de pequeno, médio e grande porte, tornando-se um obstáculo para os bairros que por ela são cortados, já que a mesma está localizada no perímetro urbano da cidade do Rio de Janeiro101. O Impacto de um Projeto... 35 Esta ocorrência pode ter impacto prejudicial, no caso específico da comunidade da Vila Kennedy e demais comunidades do entorno, para o desenvolvimento do programa de integração de comunidades, que foi um objetivo elencado no Manual das Vilas Olímpicas da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro55. Outra questão significante que necessitou ser investigada referiu-se a oferta de transporte público. É sabido e reconhecido que a zona oeste da cidade do Rio de Janeiro apresenta um cenário intrigante, quando o tema é oferta de transporte público. Em entrevista para o programa jornalístico Bom Dia Rio da emissora Rede Globo de Televisão, na data de 17 de junho de 2010, o atual secretário de transportes da cidade, Alexandre Sansão, reconheceu a citada deficiência e propôs uma solução. De acordo com o mesmo, realmente existe uma demanda de passageiros maior que a oferta de transporte público, ocorrência que não acontece em outros pontos da cidade como na zona sul104. É importante ressaltar que o serviço de trens urbanos oferecido pela Empresa Supervia e o serviço de metrôs oferecido pela Empresa Metrô Rio não atendem a comunidade da Vila Kennedy, deste modo o ônibus tornou-se opção de deslocamento unitário. Concomitantemente a deficiência ou hiposuficiência do transporte público, que configurou-se deficitário, medidas incentivadoras a busca por outras modalidades de transporte, não foram encontradas. Importa destacar que dos aproximadamente 140 km de ciclovias existentes na cidade do rio de Janeiro69, nenhum quilômetro foi instalado na comunidade da Vila Kennedy e demais comunidades do entorno. Este fato denota a dificuldade de desenvolvimento de formas de transporte alternativo, como o uso de bicicletas, já que os mesmo necessitam concorrer à ocupação de espaço nas ruas e avenidas com ônibus, carros e caminhões, tornando este deslocamento arriscado. O Impacto de um Projeto... 36 Todo o conteúdo exposto ganhou relevância na explicação das ocorrências observadas durante as visitas às comunidades, onde por diversas vezes o transporte público não se fez presente e a utilização de transporte informal, tornou-se opção unitária para o deslocamento. O conhecimento da realidade do transporte na região da Vila Kennedy, a presença marcante da violência e a disposição do Projeto Sócio Esportivo de promover a integração das comunidades, levam o presente estudo a investigar esta meta, na busca por informações que respondam, se a Vila Olímpica Ary Carvalho consegue atrair crianças de diferentes localidades e comunidades da região, haja vista a dificuldade de locomoção enfrentada. 2.7 Inclusão Social A inclusão social é uma das metas que devem ser almejadas pelo Projeto Sócio Esportivo, Vila Olímpica Ary Carvalho55. No entanto, tornou-se necessária a compreensão do significado da expressão inclusão social que apresenta característica opositora a expressão exclusão social4,61. A nomenclatura inclusão social pode ser compreendida segundo Sposati105, como “... alcance de um padrão mínimo que garantiria o acesso ao universo das quatro utopias básicas: autonomia de renda, desenvolvimento humano, qualidade de vida e equidade”. Assim, o indivíduo que consegue ter acesso às quatro utopias básicas relatadas, pode ser considerado um sujeito incluído na sociedade. Todavia, para compreensão da devida dimensão a cerca da expressão inclusão social e sua abrangência, tornou-se necessário o entendimento de cada uma das utopias enunciadas, já que as mesmas possuem relação direta para a determinação deste indivíduo como incluído ou excluído socialmente ou da sociedade. O Impacto de um Projeto... 37 Em concordância com Sposati105 compreendeu-se que autonomia de renda é caracterizada pelo poder que cada cidadão possui de atender suas necessidades básicas, sejam elas vitais, culturais, políticas e sociais. Possuindo autonomia de renda, qualquer indivíduo consegue ter plenas condições de atender as necessidades básicas para sua existência, ou seja, levará uma vida com dignidade. A segunda utopia apresentada refere-se à qualidade de vida. Estabelecendo como referencial teórico, Sposati105, o autor apresentou a referida utopia, descrevendo a relação existente entre o Homem e a Natureza. Na atualidade a relação apresentou característica conflitante, onde em detrimento do desenvolvimento da humanidade, os recursos naturais não são preservados, ou seja, a natureza é destruída. Este problema afetou diretamente a qualidade de vida da população105,106. O panorama atual caracteriza-se pela deturpação, sendo necessária a criação de um tratado nos anos 90, que objetivou reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa, altamente prejudiciais aos seres humanos108. Este tratado contou com a adesão de trinta e sete países industrializados, juntamente com a Comunidade Europeia. Nomeado de Protocolo de Kyoto, sua designação é mantida até os dias atuais, ou seja, promover a redução de emissão de Gases do Efeito Estufa – GEE109. Todas as medidas remetem que a preocupação com a qualidade de vida é senso comum. A terceira utopia representou o desenvolvimento humano, que pode ser entendido como a possibilidade do indivíduo desenvolver sua capacidade intelectual, com menor grau de privação ou dificuldade107. Esta utopia relacionou-se com a educação, fato que remeteu aos problemas existentes na sociedade contemporânea, como a evasão escolar75. A partir deste ponto, pode ser compreendida a preocupação da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, em elencar a evasão escolar entre os problemas a serem combatidos. Finalmente a quarta utopia. A equidade caracterizou-se como uma adaptação de uma regra existente a uma determinada situação, tendo como base critérios de justiça e O Impacto de um Projeto... 38 igualdade108. Para Sposati105 equidade relacionou-se com a efetivação de igualdade de acesso aos direitos de uma população, além da garantia de exposição de suas opiniões sem discriminação. Aprofundando a pesquisa, observou-se que a nomenclatura equidade englobou conceitos específicos como o combate à subordinação e ao preconceito quando o assunto aborda diferenças de gênero, políticas, étnicas, religiosas, culturais, de minorias, entre tantos outros pontos que podem ser compreendidos neste conceito. Este combate apresentou relação com a temática investigada, pois para estar incluso na sociedade, um indivíduo não pode ter seus direitos privados, direitos que estão englobados no conceito de equidade108. A inclusão social englobou como pilares princípios que valorizaram e são capazes de discernir a diversidade, respeitando as diferença e diferentes formas de viver em sociedade. Todos os argumentos denotam importância, desde que o acesso às oportunidades ocorram de forma universal e igualitária, independente das características apresentadas pelos indivíduos envolvidos. A Constituição da República Federativa do Brasil apresenta argumentos que fortificam os princípios da inclusão social. No Inciso XXXV do Artigo 5, é feita alusão a igualdade, fator primordial para ocorrência da inclusão social. Lá está redigido o seguinte texto: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros, residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade" 109. No caso específico do público infantil, importa ressaltar que existem ações que asseguram seus direitos a inclusão social. O Artigo 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente -ECA assegura proteção integral à criança e ao adolescente 110. Já o Artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente reafirma o Artigo 227 da Constituição da República Federativa do Brasil, através do seguinte texto: O Impacto de um Projeto... 39 “É dever da família, da Comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao desporto, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária”111. Mediante enunciado, os direitos assegurados por Lei110,111, tornaram-se pertinente o entendimento de que as crianças que não possuem acesso a relacionados benefícios podem ser consideradas excluídas socialmente. Entendido todo o universo envolvido para ocorrência da inclusão social, tornou-se necessário a compreensão do contraponto, que se refere à exclusão social. A exclusão social foi definida como a falta de acesso a bens e serviços, à segurança, à justiça, à cidadania 4,61, todavia quando temos a representatividade de um cenário com características de crise social, tornaram-se evidentes ocorrências como o desemprego e a característica inconteste de pobreza. Este cenário favorece o desenvolvimento de situações com características de risco social, tendo como vítimas principais as crianças e os jovens9, 112. A inclusão social relacionada ao esporte apresentou um amplo universo de exploração e atuação para os Profissionais de Educação Física. O esporte inclusivo ou atividade física inclusiva caracterizou-se como uma atividade que respeita e considera as limitações apresentadas pelos envolvidos. As enunciadas limitações podem apresentar características sensoriais, mentais ou físicomotora113,114. No estudo, abordou-se a inclusão social no cenário dos problemas sociais, que em sua ausência culminará na exclusão social. Além disso, a inclusão social será abordada no contexto das crianças em situação de risco social4,9,61,112. O presente estudo objetivou investigar, como o Projeto Sócio Esportivo Vila Olímpica Ary Carvalho, atua no combate deste problema encontrado na sociedade contemporânea, investigando se os participantes do Projeto Sócio Esportivo que recebem ou possuem acesso a outros serviços, além do esporte. O Impacto de um Projeto... 40 2.8 Comportamento Humano O comportamento humano é algo característico e inerente de cada indivíduo, sendo caracterizado por diferentes fatores e situações, que podem ser decorrentes de ações extrínsecas ou ações intrínsecas. Sampaio115 apresentou que a compreensão e a investigação do comportamento humano possuem magnânima abrangência, haja vista as variáveis associadas. Klein e Linhares116 destacaram a importância de compreensão da realidade social do indivíduo. A realidade social possui substancial influência no comportamento de um indivíduo116. A trajetória de desenvolvimento social caracterizou-se como de suma importância para formação e desenvolvimento de fatores que terão relação com os atos comportamentais deste indivíduo. Durante a realização de sua Pesquisa Social com jovens carentes, Vargas elencou indicadores que são relevantes para a formação do comportamento humano30. Dentre os indicadores comportamentais elencados, temos o uso de linguagem específica, o relacionamento interpessoal, a gestualidade, a impulsividade ou agressão física e a ausência de cooperação30, indicadores comportamentais abordados no estudo. O uso da linguagem é de suma importância para as relações sociais existentes entre os indivíduos de uma sociedade. Esta linguagem não precisa ser necessariamente verbal. Os jovens apresentam como característica a utilização de um vocabulário próprio, diferenciado do vocabulário vigente na sociedade, criando assim um espaço específico onde podem interagir com maior privacidade e liberdade. Dentre as principais características da citada linguagem específica utilizada pelos jovens, temos a utilização do vocabulário verbal pautado em gírias, que podem ser como um conjunto de expressões utilizadas por um grupo com O Impacto de um Projeto... 41 características semelhantes e restrito. Pode ter função também de defesa, preservando assim uma informação, através de uma “comunicação codificada” 117. O relacionamento interpessoal demanda substancial relevância para formação sólida de uma sociedade e inserção em um determinado grupo social. O relacionamento pode ser expresso através de ações verbais e não verbais, proporcionando assim uma infinidade de formas de demonstração deste indicador comportamental. Assim como qualquer outro indicador, o relacionamento interpessoal poderá ser regulado pelo nível de ajuste do indivíduo ao contexto que o mesmo encontra-se inserido, podendo ser mutável de acordo com a peculiaridade de cada situação30. De acordo com Prebianchi, cada indivíduo aprende ao longo da vida as regras existentes no grupo social onde o mesmo está incluso e a normalidade é de que os indivíduos apresentem habilidade de aprendizado e cumpram estas regras comportamentais, sobretudo na infância, fase onde isso ocorre com maior frequência devido o contato constante com novas experiências, podendo assim estabelecer relações duradouras118. Tanto a linguagem como a gestualidade caracteriza-se de acordo com o grupo social ocupado por um indivíduo, apresentando assim peculiaridades próprias. Todavia, o papel crucial da gestualidade é a movimentação, o gesto propriamente dito, passar uma informação que pode promover interação. O gesto pode ensejar múltiplas interpretações, proporcionando espaço para o imaginário e a criação de novas representações, sendo usado de diferentes formas e maneiras na sociedade. Assim, podemos elencar o gesto, como um indicador comportamental de significativa representatividade, superando o imaginário e ultrapassando as barreiras do entendimento das pessoas não contidas num determinado grupo. Em concordância com Alves e Dias119, o gesto é um dos meios utilizados para o estabelecimento de uma comunicação, estando o significado da ação no ato que desencadeou. O Impacto de um Projeto... 42 Por esta razão, o entendimento da gestualidade expressa por um determinado grupo apresentou tamanha complexidade, sendo representado de diferentes formas, de acordo com o momento em que se encontra a sociedade. O crescimento das situações que envolveram agressão ou violência física tornou-se incontestes na sociedade contemporânea. Os jovens estão expostos a esta problemática e por consequência muitos acabaram refletindo este comportamento deturpado. Freud120 descreveu em seu artigo “Por que a guerra?” que faz parte da natureza humana resolver os assuntos que geram conflito através de atos considerados violentos, assim como os demais animais que temos na natureza, que proporcionam diversos embates para a resolução de situações peculiares de sua vida120. Desta forma compreendeu-se que a violência possui ligação direta com a agressividade. Para Sá121 a violência é desencadeada pela utilização excessiva da agressividade. Importa ressaltar que a utilização da violência ocorre conscientemente121, de forma que o efetor da violência executou a ação com plena noção de seus atos. No entanto, existem formas de controle da agressividade humana. Uma das formas de controle foi a utilização da educação, fazendo com que o indivíduo adquira cultura e assim consiga controlar seus impulsos e buscar alternativas para a solução de seus problemas, sem utilização da violência. A exposição às situações agressivas ocorre rotineiramente, sobretudo entre o público jovem, que podem adquirir e refletir este comportamento. As camadas menos favorecidas da sociedade, apresentaram maior probabilidade de exposição a este problema, já que os residentes das referidas localidades necessitam buscar formas de sobrevivência para superar as ocorrências por muitas vezes violentas de seu cotidiano122. A cooperação foi outro indicador comportamental elencado na Pesquisa Social, desenvolvida por Vargas65. Entretanto, tornou-se necessária a compreensão da nomenclatura O Impacto de um Projeto... 43 cooperação. Para Morin123 e Ayres 124 a compreensão caracterizou-se como algo inerente as ações coletivas, onde as ações individuais cedem espaço para as ideias coletivas. Este tipo de pensamento coletivo é de suma importância principalmente para os jovens, já que para viver em sociedade torna-se necessário o respeito de regras e espaço. Em estudo realizado com jovens carentes, Vargas30, encontrou resultados que apontaram para algo intrigante. Os atos pertinentes a cooperação surgiram posteriormente ao momento que os mesmo tornaram-se parte integrante do processo desenvolvido, ou seja, tiveram oportunidade de participar das decisões e ações pertinentes ao desenvolvimento do Projeto. Este fato corroborou para o entendimento de que a cooperação pode ser estimulada através do trabalho coletivo e do aumento da autonomia dos indivíduos30. Todos os indicadores abordados são passíveis de alterações. A prática esportiva possui o poder de proporcionar uma gama de situações no período interlúdio que compreende do início ao fim de uma atividade, promovendo um efeito que será entendido e causará reação de acordo com a ótica de cada envolvido125. Um dos fatores que tornou a prática esportiva este ato de natureza magnânima foi o envolvimento da emoção, que para Votre126, interage de diversas formas no meio esportivo, podendo ser representada pela superação de um atleta, pelo apogeu da vitória e ainda na transcendência para o universo espiritual, onde as realizações ficam registradas na memória, tornando-se lembranças. Todo o referido processo emotivo desencadeado entre os envolvidos em uma ação esportiva possui influência no comportamento humano. Huizinga125 elucidou a lacuna referente à irracionalidade do esporte, onde o desejo de ganhar por muitas vezes superou os limites éticos e morais, transformando os envolvidos em pessoas com características diferentes do estado que podemos considerar como de normalidade. Com base em tudo que foi apresentado, o estudo objetivou investigar os indicadores comportamentais elencados na Pesquisa Social de Vargas30: uso de linguagem específica, O Impacto de um Projeto... 44 relacionamento interpessoal, gestualidade, impulsividade ou agressão física e ausência de cooperação30, entre os participantes do Projeto Sócio Esportivo, Vila Olímpica Ary Carvalho, com objetivo comparar o comportamento dos participantes em duas situações distintas, ou seja, durante a prática esportiva e outros momentos com ausência da atividade física e dos professores do Projeto Sócio Esportivo. 2.9 Enquadramento na Ciência da Motricidade Humana A ciência possui a atribuição de construir e produzir conhecimento, através de abstrações e conceitos, removendo fundamentações do conhecimento comum, em prol da evolução científica. Um corte epistemológico na Ciência do Movimento Humano corroborou para o desenvolvimento desta área do conhecimento humano127. A nomenclatura Motricidade Humana, num primeiro momento, remete as questões de origem mecânica, entretanto segundo os ensinamentos de Sérgio a motricidade humana apresenta como peculiaridade a complexidade, objetivando dar respaldo e tendência científica a uma profissão que carece de especificidade e conhecimento, ou seja, não apresenta domínio do saber85,128,. Não obstante, a incumbência de conhecer e deter o conhecimento denotou substancial importância em decorrência do dinamismo com que o saber transcende, proporcionando sempre espaço para novas descobertas e áreas de investigação, não se fixando ao senso comum85,129. O Homem é indefinível, apresentando características variadas, que dificultam sua delimitação, mormente por ser um ser aberto, suscetível a transcendência e receptivo as inovações128. Todavia, um aprofundamento sobre a questão humana permitiu compreender que outras variáveis estão associadas em sua composição. Este tipo de reflexão viabilizou a O Impacto de um Projeto... 45 formação de um novo entendimento da Educação Física, que apresentou como identidade a sagacidade de possibilitar diversos tipos de formas de intervenções, fato que permitiu uma visão ampla da Educação Física, do Desporto e das Atividades Corporais85. No que respeita a característica humana, a fundamentação filosófica de Marx e Engels infere o quanto é importante atentar ao contexto social, devido a influência que o ambiente pode provocar no indivíduo66. Como depreendido, cenários peculiares e com características incontestes de degradação, possuem maior probabilidade de influenciarem negativamente os indivíduos que estão inseridos ou possuem contato, dificultando a definição e compreensão deste mesmo Homem. Por derradeiro, a Ciência da Motricidade Humana e suas diversas formas de investigação em favor do desenvolvimento e rompimento com paradigmas pré existentes no cosmo da Educação Física, apresentou a vertente sócio esportiva que notabilizou-se pela atuação em ambientes degradados, apresentando uma significante forma de atuação no que se refere à prática da atividade física, com viés social, onde este fenômeno social objetiva atuar como estratégia para o treinamento das competências sociais28,30, sendo difundido e consolidado na sociedade hodierna28,29,30. O Impacto de um Projeto... 46 3 METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE AÇÃO Este capítulo objetivou descrever os procedimentos metodológicos utilizados no processo de estruturação e desenvolvimento do estudo. 3.1 Método O presente estudo apresentou três fases distintas, onde diferentes formas de abordagens metodológicas foram empregadas, com a finalidade de identificar subsídios que elucidem as ponderações elencadas. Na primeira e segunda fase do estudo, utilizou-se a abordagem metodologia denominada pesquisa observacional, que se caracterizou como um estudo descritivo com emprego da observação in loco para realização das investigações elencadas130. A pesquisa observacional pode ser classificada de duas formas: participante e não participante131. As principais características de cada forma de pesquisa são definidas de acordo com a postura apresentada pelo pesquisador no decorrer do processo de investigação e coleta de dados. Na pesquisa observacional participante, o pesquisador torna-se parte integrante do contexto investigado131. O referido procedimento metodológico foi utilizado na primeira fase de investigação, onde no decorrer de um período de quatro meses foram desenvolvidas diversas visitas a comunidade da Vila Kennedy e demais comunidades do entorno, a Associação de Moradores da Vila Kennedy e principalmente ao Projeto Sócio Esportivo, Vila Olímpica Ary Carvalho. As visitas desenvolveram-se com ocorrência mínima de uma vez na semana, em diferentes horários (manhã, tarde e noite), estabelecendo contato direto com o público, independente do local visitado. Esta primeira fase foi fundamental, para compreensão e confirmação da complexidade apresentada pela região. Além disso, o referido método O Impacto de um Projeto... 47 proporcionou o entendimento das peculiaridades existentes em diferentes pontos de vista, além de permitir o entendimento acerca do funcionamento do Projeto Sócio Esportivo e o trabalho desenvolvido. Em contra partida, a pesquisa observacional não participante, apresenta como característica o pesquisador sendo um espectador do contexto, não ocorrendo interação do pesquisador e o contexto investigado. Neste tipo de pesquisa, ocorre o afastamento do pesquisado, com finalidade de não interferir ou influenciar os acontecimentos131. Na segunda fase do estudo foi adotado o referido recurso metodológico. As observações foram realizadas pelo próprio pesquisador em conjunto com outros dois profissionais graduados em Educação Física e com conhecimento da temática investigada, onde o objetivo proposto foi investigar os Indicadores Comportamentais estabelecidos por Vargas, em sua Pesquisa Social30, através da observação in loco131. Durante a realização das observações foram criados dois momentos distintos: primeiro momento – momento de observação durante a realização da atividade física; segundo momento – momento de observação sem o desenvolvimento da atividade física, momentos estes como a chegada e saída da Vila Olímpica Ary Carvalho, tempo de espera para o início das atividades ou momentos que estiverem sem a presença dos Profissionais de Educação Física atuantes no Projeto Sócio Esportivo, como no deslocamento para beber água ou no deslocamento até o vestiário. As observações foram pautadas nos indicadores comportamentais elencados na Pesquisa Social desenvolvida por Vargas30, objetivando retratar de forma fidedigna o cenário apresentado, no que se referiu ao comportamento dos participantes durante a prática com a presença dos Professores do Projeto Sócio Esportivo e nos momentos sem o desenvolvimento da prática esportiva com a ausência de Professores e Profissionais do projeto. A Tabela Nº 4 permite a apresentação dos indicadores abordados no estudo. O Impacto de um Projeto... 48 Tabela Nº 4: Pesquisa Social de Vargas – Indicadores Comportamentais Observados. Indicadores Observados Momentos 1º Momento Distintos 2º Momento Relacionamento Interpessoal Gestualidade: manifestações corporais Uso de linguagem específica Reação de impulsividade ou agressão física Ausência de cooperação Fonte: Vargas30. Na terceira fase do estudo utilizou-se de uma abordagem metodológica diferente, nomeada de Estudo de Caso. O referido recurso metodológico é um estudo com característica descritiva, porém que objetiva realizar uma análise profunda e detalhada de uma unidade de estudo. Este modelo de estudo contou com substancial aceitação devido à capacidade representativa que o mesmo proporciona130. Nesta fase objetivou-se o estudo de questões pertinentes aos acontecimentos ocorridos no Projeto Sócio Esportivo, contando com participação ativa dos participantes, devidamente autorizados pelos seus respectivos responsáveis legais. Os pontos investigados possuem ligação direta com os objetivos e metas elencados pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, pautados na criação dos Projetos Sócio Esportivos sob gerenciamento da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer - SMEL55. 3.2 Seleção dos Sujeitos 3.2.1 Técnica de Amostragem No estudo utilizou-se o modelo de amostragem aleatória simples, que é um modelo que apresenta como característica principal destinar a mesma probabilidade de participação O Impacto de um Projeto... 49 da amostra a todos os elementos. Esta técnica de seleção de amostragem permite que um grupo seja analisado, através de parte integrante do mesmo, já que a possibilidade de generalização dos resultados encontrados é permitida132,133. Importa ressaltar que foram respeitados os critérios de inclusão e exclusão definidos na delimitação do estudo. 3.2.2 Amostra Anteriormente a descrição e caracterização da amostra tornou-se pertinente a apresentação do processo realizado que definiu o N0 do estudo, que representa a aproximação do tamanho da amostra que foi utilizado, como representado na Fórmula Nº 1134. Fórmula Nº 1: Cálculo do tamanho aproximado da amostra. n0 = 1 / E02 Fonte: Dr. Cep – Controle Estatístico de Processo134. onde, n0 – é a primeira aproximação do tamanho da amostra; E0 – é o erro amostral tolerável. Utilizou-se o seguinte desenvolvimento matemático, estabelecendo como referência a Formula Nº 1: n0 = 1 / (E0)2 n0 = 1 / 0,052 ► Foi estabelecido um erro amostral tolerável em 5% n0 = 400 O Impacto de um Projeto... 50 No entanto, para delimitação do “n” da amostra, foi necessária a utilização de uma segunda fórmula matemática, Fórmula Nº 2134. Fórmula Nº2: Cálculo da amostra. n = N.n0 / N + n0 Fonte: Dr. Cep – Controle Estatístico de Processo134. onde, N – é o número de elementos da população; n – é o tamanho da amostra. Com aplicação da Fórmula Nº 2, obteve-se a seguinte resolução: N = 800 ► número de participantes com idade entre 8 e 12 anos. E0 = 0,05 ► erro amostral tolerável n = (N . n0) / (N+ n0) n = 800 . 400 / 800 + 400 n = 267 participantes. Definido o cálculo amostral, concluiu-se que é necessário um número maior ou igual a 267 indivíduos. Calculado o “n” amostral, participaram da terceira fase do estudo (entrevista através do questionário) 306 indivíduos de ambos os sexos, com idade compreendida entre 8 e 12 anos, sendo classificadas como crianças pelo Artigo 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, de 1990, que estabeleceu como característica para a enunciada O Impacto de um Projeto... 51 classificação a idade máxima de 12 anos10. Todos os participantes possuíam matrícula ativa e participação regular no Projeto Sócio Esportivo, Vila Olímpica Ary Carvalho. Além disso, todos os componentes da amostra frequentaram o referido projeto por um período superior a três meses, além de aquiescerem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido devidamente assinado pelo responsável legal. Este critério foi aplicado na terceira fase do estudo. Na primeira fase (pesquisa observacional participante)131 e na segunda fase (pesquisa observacional não participante)131 não foram aplicados todos os procedimentos relatados na etapa de seleção da amostra. Na primeira fase, onde o objetivo foi contextualizar e compreender as peculiaridades encontradas na região, além de analisar funcionamento do Projeto Sócio Esportivo, os critérios de seleção da amostra não foram necessários. Já na segunda fase do estudo, contou-se com o apoio dos funcionários com maior experiência e atuantes do Projeto Sócio Esportivo com a finalidade de auxiliar na identificação da idade dos participantes, fato que evitou a observação de indivíduos fora das características delimitadas. Além disso, as atividades no Projeto Sócio Esportivo são desenvolvidas com divisão das faixas etárias. Com porte do quadro de atividades e horários, as observações ocorreram nas atividades e horários que atenderam os critérios de inclusão e exclusão. Deve ser evidenciado que o procedimento foi adotado, com intuito de diminuir a probabilidade de análise de indivíduos que não estão enquadrados no estudo. Foi disponibilizado pela Administração da Vila Olímpica Ary Carvalho, total acesso as identificações dos indivíduos, através do cadastro no Projeto Sócio Esportivo, sendo assim pode-se analisar a real situação de cada indivíduo. Além disso, os Pesquisadores sempre estiveram acompanhados de outro Profissional da Instituição. Nos casos de divergência com relação à idade do observado, o relato foi desconsiderado para o estudo. O Impacto de um Projeto... 52 3.2.3 Critérios de Inclusão Participaram da pesquisa, os indivíduos que possuíam matrícula ativa em pelo menos uma atividade esportiva oferecida na Vila Olímpica Ary Carvalho e aquiesceram ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, Anexo Nº1, concordando assim com a utilização de suas repostas. 3.2.4 Critérios de Exclusão Foi excluído da pesquisa qualquer indivíduo que não participou das atividades da Vila Olímpica Ary Carvalho regularmente ou que tenha participado por um período inferior a três meses e/ou que não concorde com a utilização das suas respostas no estudo, não aquiesceu ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, Anexo Nº 1. 3.3 Ética da Pesquisa O presente estudo foi apresentado e aprovado pela CEP (Comissão de Ética para Pesquisa) da Universidad Autónoma de Asunción – UAA, com número de registro 17/11. O mesmo atendeu as especificações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde Brasileiro de10/10/1996, que enunciam as Normas para realização de pesquisa em seres humanos. (Anexo Nº2) O Impacto de um Projeto... 53 3.4 Instrumento Como o estudo compreendeu três fases distintas, foram utilizados diferentes instrumentos. Na primeira e segunda fase lançou-se mão da observação in loco, como instrumento para obtenção das informações. Importa ressaltar que as observações foram realizadas pelo próprio pesquisador em conjunto com outros dois Profissionais Graduados em Educação Física e conhecedores da temática investigada, tendo como meta a elaboração de relatórios semanais, independente da fase compreendida da pesquisa, ou seja, tanto na primeira (pesquisa observacional participante), como na segunda fase (pesquisa observacional não participante)131. Já na terceira fase do estudo foi utilizado um questionário constituído de dezessete perguntas semi estruturadas, que foi que viabilizou maior abrangência sobre o assunto135, como pode ser observado no Anexo Nº 3. Desta forma o instrumento objetivou identificar o impacto causado pelo Projeto Sócio Esportivo, Vila Olímpica Ary Carvalho, em seus participantes. Importa destacar que o instrumento foi avaliado por cinco especialistas no âmbito da Educação Física. 3.5 Protocolo para Coleta O processo de coleta de dados foi executado integralmente na Vila Olímpica Ary Carvalho. O questionário foi entregue a todos os componentes da amostra, incluídos na delimitação do estudo e que concordaram em responder o instrumento e terem suas respostas utilizadas no estudo, aquiescendo ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O recolhimento do instrumento ocorreu após o término do preenchimento. Todos os participantes que apresentaram dificuldade na leitura ou problema na visão receberam auxílio O Impacto de um Projeto... 54 de seu responsável ou acompanhante. Todos foram devidamente esclarecidos do objetivo do estudo e almejou-se evitar qualquer interferência externa. Qualquer entrevistado que apresentou dúvida na opção de resposta, foi orientado a não responder a questão. 3.6 Tratamento Estatístico Para realização do tratamento estatístico optou-se pela abordagem estatística nomeada Estatística Descritiva, que apresenta um conjunto de métodos que permitem realizar apresentação dos resultados através de recursos estatísticos136. Dentre os métodos utilizados neste tipo de pesquisa, optou-se pela distribuição de frequência, que é um recurso estatístico que identifica a frequência de ocorrência dos escores envolvidos no estudo130. Para desenvolvimento e execução dos cálculos estatísticos, foi utilizado o software aplicativo Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 16.0). O Impacto de um Projeto... 55 4 RESULTADOS Este capítulo do estudo ocupou-se em expor os principais resultados encontrados na pesquisa, consoante aos objetivos almejados. 4.1 Resultados do Contexto Para execução da análise dos resultados do contexto, provenientes da realização da observação in loco dos participantes da Vila Olímpica Ary Carvalho e do contexto social que abrange a região da Vila Kennedy, o estudo utilizou como fundamentação Bronfenbrenner133, onde o presente autor inferiu que “... o contexto deve ser interpretado numa perspectiva desenvolvimentista, o que significa dizer que o mesmo ambiente pode ter impacto diferente em pessoas que possuam atributos diferenciados”137. Entretanto, no caso específico da Vila Olímpica Ary Carvalho, os resultados permitem asseverar que apesar da afirmação de Urie Brofenbernner137, o impacto provocado pelo Projeto Sócio Esportivo, Vila Olímpica Ary Carvalho em seus participantes obtêm resultado normatizador, sendo o projeto uma referência positiva, efetiva e reconhecida pela comunidade da Vila Kennedy e demais comunidades do entorno. Uma das possíveis explicações possa se fundamentar na atuação dos Profissionais envolvidos no projeto, que corroboram exercendo suas atividades de forma específica, todavia evidenciando pontos imprescindíveis para a formação de cidadãos e respeitando o modelo de trabalho proposto pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro55. A ausência de Iniciativas desta magnitude na região, junto com os efeitos enunciados, transforma a Vila Olímpica Ary Carvalho, numa referência positiva para a região. O Impacto de um Projeto... 56 4.2 Indicadores Comportamentais Em análise aos Indicadores Comportamentais, como estabelecido no Processo Metodológico, o presente estudo objetivou investigar a ocorrência dos indicadores comportamentais enunciados, todavia realizando a análise de dois momentos distintos que compreendiam o momento da prática da atividade física e por consequência na presença dos Professores do Projeto Sócio Esportivo e o momento sem a presença dos Professores, como no deslocamento até o local das atividades ou até o bebedouro. Desta forma, serão apresentados os resultados pertinentes aos objetivos elencados. 4.2.1 Relacionamento Interpessoal Segundo Bronfenbrenner138 o Relacionamento Interpessoal pode ocorrer em três díades: díade de observação, onde uma parte envolvida exerce participação ativa; díade de participação conjunta, onde as partes envolvidas interagem mutuamente; díade primária, onde a relação interpessoal permanece mesmo na ausência de uma das partes. 1º Momento → Em análise ao Relacionamento Interpessoal no primeiro momento de observação, os resultados indicaram ocorrência majoritária de casos de díades de participação conjunta, o que remeteu a ideia de coletividade. Esta ocorrência tornou-se evidente nos casos onde durante as atividades não existiu a distinção de gênero sexual ou quando ocorreu participação de alunos portadores de necessidades especiais. 2º Momento → Em análise ao Relacionamento Interpessoal no segundo momento de observação foi constatada diminuição da incidência da díade de participação conjunta. A manutenção de efetividade da díade de participação conjunta, que se caracterizou pela continuidade de ocorrência, mormente nos casos de participantes que possuem algum vínculo O Impacto de um Projeto... 57 de proximidade, como moradia, grau familiar ou realizam as mesmas atividades esportivas. A presença dos pais ou responsáveis legais propiciou majoritariamente o fim da relação entre os participantes, em decorrência do cumprimento das obrigações do cotidiano. Entretanto, a díade de observação foi percebida, principalmente nos alunos iniciantes nas atividades esportivas, onde os alunos antigos possuíam função de recepcioná-los e fornecer algum tipo de auxílio. Esta estratégia foi incentivada pelos Professores do Projeto Sócio Esportivo, que apresentaram como argumento que o ato relatado favoreceu ao processo de integração e adaptação dos alunos. Como apresentado, em ambos os momentos não se observou casos evidentes de díade primária entre os participantes, todavia a mesma encontrou-se efetiva quando os alunos comentaram de seus professores e de seus responsáveis legais. 4.2.2 Gestualidade: manifestações corporais A observação e registro das ocorrências ligadas à gestualidade pautaram-se restritas aos atos que se caracterizaram não condizente com a normalidade ou ao contexto social onde o indivíduo encontrou-se inserido. 1º Momento → Em análise ao primeiro momento presenciou-se a ocorrência da gestualidade, nas ocorrências ligadas aos atos festivos, como nos momentos de comemoração de um gol, anúncio de uma atividade de interesse coletivo ou individual ou até mesmo realização de um gesto ou exercício de maior grau de complexidade. Os gestos observados em sua maioria assemelharam-se aos gestos realizados por desportistas profissionais ou apresentados nos meios de comunicação. Gestos de afetividade e que remeteram a ideia de solidariedade, como auxílio dos alunos iniciantes no projeto ou com algum tipo de deficiência, foram presenciados de forma rotineira. Importa salientar, que em todos os momentos que algum gesto foi O Impacto de um Projeto... 58 considerado condizente do contexto, ocorreu interferência do Professor, ato com finalidade de promover o ajustamento do aluno. 2º Momento → Em análise ao segundo momento importa destacar que foi observado um percentual menor de ocorrências. Quando presenciadas, as ocorrências de gestualidade foram ligadas a gestos de afetividade e solidariedade, assim como no primeiro momento. Mesmo quando os participantes encontraram-se agitados em decorrência do término de alguma atividade esportiva com maior grau de agitação, os gestos ligados a violência não foram configurados. Uma possibilidade para não ocorrência deste tipo de ato, pode ser explicada devido a presença dos pais ou responsáveis legais que se apresentou de maneira efetiva, além do monitoramento dos Professores, Funcionários e alunos antigos no interior do projeto. 4.2.3 Uso de Linguagem Específica Durante a análise deste Indicador Comportamental, evidenciou-se analisar a ocorrência de linguagem diferente da considerada normal para os padrões da sociedade na atualidade. 1º Momento → Em análise ao primeiro momento observou-se ocorrências restritas de uso de linguagem específica. Todas as vezes que as ocorrências foram apresentadas, tinham como característica a linguagem pautada no cunho infantil, sendo oriundas de desenhos e programas infantis. 2º Momento → Em análise ao segundo momento tornou-se evidente a utilização do vocabulário verbal pautado em gírias, entretanto deve ser apresentado que a referida ocorrência acontece majoritariamente na ausência dos responsáveis legais ou funcionários do Projeto Sócio Esportivo. Neste momento também se observou maiores ocorrências do uso da linguagem com cunho infantil, sendo oriunda de desenhos e programas infantis. O Impacto de um Projeto... 59 4.2.4 Reação de Impulsividade ou Agressão Física As observações pertinentes aos enunciados indicadores comportamentais objetivaram observar situações indubitáveis das enunciadas ocorrências, mesmo que fossem configuradas por meio de comunicação verbal, como no caso da reação de impulsividade. 1º Momento → Em análise ao primeiro momento não se identificou atos de agressão física ou de reação de impulsividade. Segundo o relato dos Professores do projeto que foram contatados no decorrer do estudo, os atos desta natureza não são aceitos ou tolerados, com a finalidade de manter um ambiente agradável e respeitoso para o desenvolvimento da prática esportiva. O presente controle sob os enunciados indicadores comportamentais apresentaramse com significativa evidência nos momentos de disputa ou competições durante os jogos ou nas aulas que envolvem artes marciais. 2º Momento → Em análise ao segundo momento novamente não se identificou indícios que remeteram aos enunciados indicadores comportamentais. A presença efetiva dos responsáveis legais ou acompanhantes, além do monitoramento dos demais funcionários do projeto, não proporcionou lacunas para que tais atos ocorram. Os deslocamentos durante as atividades que poderiam caracterizar momentos propícios para ocorrência deste tipo de ato, foram rigorosamente controlados pelos Professores, juntamente com os alunos antigos, que de forma indireta assumem função de liderança, tornando-se um exemplo a ser seguido. 4.2.5 Ausência de Cooperação A observação do enunciado indicador ocorreu na perspectiva de identificação de ações onde os participantes do Projeto Sócio Esportivo, mesmo sem solicitação, fossem prestadio. O Impacto de um Projeto... 60 1º Momento → Em análise ao primeiro momento referente ao indicador comportamental, ausência de cooperação, não se identificou fato sucedido que remetam a ocorrência do indicador observado. Na maioria das atividades esportivas observadas, foi presenciada a participação de indivíduos portadores de necessidades especiais ou de ambos os sexos, todavia tornou-se notório o esforço coletivo para ocorrência das interações de forma igualitária. 2º Momento → Em análise ao segundo momento pode ser relatado que não foram observados atos evidentes ou que configurem a ocorrência do enunciado indicador comportamental. 4.3 Resultados do Questionário Nesta fase do estudo, serão apresentados os resultados oriundos dos questionários respondidos pelos participantes do Projeto Sócio Esportivo Vila Olímpica Ary Carvalho. Diferentemente dos procedimentos apresentados anteriormente, nesta fase os alunos participaram ativamente, sendo todos os resultados apresentados, fruto da indicação do grupo amostral. A disposição gráfica apresentada na Figura Nº 4 tornou possível a compreensão da incidência de participação de cada subdivisão componente da região da Vila Kennedy, através da apresentação dos valores percentuais e da distribuição de frequência. Estes dados permitem o entendimento da Abrangência Sócio Esportiva do Projeto Sócio Esportivo Vila Olímpica Ary Carvalho, de acordo com o posicionamento geográfico das comunidades e participação do público. O Impacto de um Projeto... 61 Figura Nº 4: Disposição gráfica da Abrangência Esportiva na comunidade da Vila Kennedy e as subdivisões componentes da região. Fonte: Baseado no Software Google Earth. Imagem realizada no dia 31 de agosto de 2009 103. * Os valores referentes ao Conjunto Sociólogo Betinho e Conjunto Antonio Gonçalves, deverão ser interpretados individualmente, tendo cada localidade o valor representado na Figura Nº 4. Em análise à Representação Gráfica da região da Vila Kennedy, percebeu-se que o fato da mesma ser dividida pela Avenida Brasil, proporcionou a existência de duas porções distintas: Parte Superior ou Lado Direito e Parte Inferior ou Lado Esquerdo, como apresentado na Figura Nº 5. O Impacto de um Projeto... 62 Figura Nº5: Disposição gráfica da região da comunidade da Vila Kennedy e efeito promovido pela Avenida Brasil Fonte: Baseado no Software Google Earth. Imagem realizada no dia 31 de agosto de 2009 103. Desta forma, a Tabela Nº 5 permite a observação dos valores percentuais e a distribuição de frequência, relativa à representatividade encontrada entre as duas porções, referente à Abrangência Sócio Esportiva exercida pelo Projeto Sócio Esportivo, Vila Olímpica Ary Carvalho, na região da Vila Kennedy e demais localidades, tornando compreensiva de forma inequívoca a disparidade de atuação existente entre as regiões. O Impacto de um Projeto... 63 Tabela Nº 5: Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais pertinentes a Abrangência Sócio Esportiva. Variáveis Frequência Valores Percentuais Parte Superior ou Lado Direito 155 50,4% Parte Inferior ou Lado Esquerdo 121 39,5% Outras Localidades 30 9,8% A Tabela Nº 6 objetivou proporcionar o entendimento referente à realidade da estrutura familiar apresentada pelos participantes do Projeto Sócio Esportivo, mostrando com qual ou quais membros da família os mesmos residem. Como foi inferido ao longo do estudo, esta questão denota importância, em decorrência da influência que a estrutura pode ter sobre o comportamento apresentado pelas crianças. Além disso, a estrutura familiar terá influência na orientação da criança, contribuindo para diminuição das chances de envolvimento com as situações consideradas de risco social. Tabela Nº 6: Representação da distribuição de frequência e dos valores percentuais às opções pertinentes a estrutura familiar. Variáveis Frequência Valores Percentuais Pai 31 10,1% Mãe 66 21,5% Pai e Mãe 174 56,8% Outros Parentes 37 12,0% O Impacto de um Projeto... 64 Com objetivo de apresentar as características educacionais, no que tange a frequencia escolar, a Tabela Nº 7 demonstrou de forma inconteste que a variável investigada não apresenta incidência entre o grupo amostral. Desta forma, a questão que objetivou identificar possíveis momentos de abandono a instituição escolar, tornou-se infundada, já que a mesma não foi configurado. Tabela Nº 7: Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos à frequência escolar. Variáveis Frequência Valores Percentuais Sim 306 100% Não 0 0% Prosseguindo no delineamento das características educacionais, o Gráfico Nº 1 permite inferir que a amostra majoritariamente realiza seus estudos na Rede Pública de Ensino, denotando a ideia da necessidade das Ações Governamentais em favor desta parcela da população, que apresenta indicadores e características que permitem classificá-las como famílias de baixo poder aquisitivo ou que necessitam do auxílio governamental. O fato de parte da amostra, utilizar a Rede Particular, pode representar um esforço por parte da família, com finalidade de propiciar um ensino de melhor qualidade, em decorrência dos problemas encontrados na Rede Pública. O Impacto de um Projeto... 65 Gráfico Nº 1: Representação gráfica relativa a distribuição de frequência e os valores percentuais referentes as características sócioeducacionais. Legenda: A = Todo em escola pública; B = Todo em escola particular com bolsa; C = Maior parte em escola particular; D = Maior parte em escola pública; E = Maior parte em escola particular com bolsa; F = Todo em escola particular. Quando o tema abordado almejou a compreensão no sentido de identificar quais as variáveis associadas a motivação para o ingresso no Projeto Sócio Esportivo, indicadores motivacionais como indicação médica, que representa uma possível melhora ou busca pela melhora da qualidade de vida e chances de seguir na carreira profissional, que pode representar chances de uma promoção social, caso este participante seja um talento esportivo, não obtiveram significante incidência ou frequência. Os indicadores relativos a laços sociais e aprendizagem obtiveram maior destaque, representando que os participantes do Projeto Sócio Esportivo estão dispostos a interação e o conhecimento de novos conceitos. Importa destacar que os participantes tiveram a possibilidade de optar por mais de uma alternativa. O Impacto de um Projeto... 66 Gráfico Nº 2: Representação gráfica da distribuição de frequência e valores percentuais entre os indicadores motivacionais para ingresso no projeto. Legenda: A = Indicação médica; B = Busca de melhora estética; C = Busca por melhora do condicionamento físico e da saúde; D =Pelo prazer de realizar atividade física; E = Por ser um entretenimento, passatempo; F = Superação dos limites físicos; G = Aprendizagem, novos conhecimentos; H = Realizar novas amizades; I = Chances de seguir a carreira esportiva; J = Outros motivos. Com relação a preferência esportiva entre os participantes da Vila Olímpica Ary Carvalho, os resultados apresentados no Gráfico Nº 3 permitiram compreender que a distância que a localidade possui da região litorânea da cidade do Rio de Janeiro, juntamente com o baixo poder aquisitivo e as temperaturas elevadas registradas no bairro de Bangu, puderam ter influenciado a escolha por parte dos participantes, fenômeno este que superou até mesmo uma modalidade esportiva considerada unanimidade em território nacional. Importa ressaltar que os participantes possuem autorização de realizar até duas modalidades esportivas no Projeto Sócio Esportivo. O Impacto de um Projeto... 67 Gráfico Nº 3: Representação gráfica da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos a preferência esportiva Com relação a apresentação dos resultados das questões pertinentes às características competitivas encontradas entre os participantes da Vila Olímpica Ary Carvalho, os resultados apresentados na Tabela Nº 8 permitiram compreender que a participação em campeonatos e eventos esportivos em representatividade a Vila Olímpica Ary Carvalho, ocorreram prioritariamente entre as modalidades com características individuais e disputadas nos Jogos Olímpicos de Verão, superando modalidades difundidas em nossa sociedade e consideradas preferência nacional, como no caso do futebol. Além disso, a Tabela Nº 8 destacou as modalidades que apresentaram participantes com atuação competitiva. O Impacto de um Projeto... 68 Tabela Nº 8: Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais referentes a participação competitiva em representatividade a Vila Olímpica Ary Carvalho. Variáveis Frequência Valores Percentuais Não 102 33,3% Sim 204 66,6% Modalidades Frequência Valores Percentuais Atletismo 69 33,8% Judô 77 37,7% Taekwondo 58 28,4% Com intuito de investigar possíveis indícios que denotaram a execução do esporte rendimento ou da ocorrência do processo de detecção e encaminhamento de atletas, os resultados do estudo apresentados na Tabela Nº 9 permitiram asseverar que entre os participantes com vivência competitiva, existiram indícios que comprovaram o acontecimento da referida ocorrência, já que parte do grupo abordado optou pela alternativa que diz respeito a possuir vínculo com Federações, Associações ou Clubes Esportivos. O Impacto de um Projeto... 69 Tabela Nº 9: Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos aos participantes que apresentaram vivência esportiva competitiva que possuem vínculo com Federações, Associações ou Clubes Esportivos. Variáveis Frequência Valores Percentuais Não 187 91,6% Sim 17 8,3% Modalidades Frequência Valores Percentuais Atletismo 5 29,4% Judô 12 70,5% No entanto, os participantes que optaram pela alternativa que indicou não possuir vínculo com Clubes, Federações ou Associações, quando indagados sobre o recebimento de propostas para realização de treinamento em clubes ou outros centros esportivos, foram unânimes em negar esta ocorrência até o presente momento, ou seja, 100% da amostra respondeu não ter recebido nenhum tipo de convite até aquele momento. Na temática pertinente ao papel da atividade esportiva na ocupação do tempo livre dos participantes, os resultados apresentados no Gráfico Nº 4 indicaram que a Vila Olímpica Ary Carvalho apresentou papel significativo nesta designação, entretanto uma parcela considerável da amostra figurou com tempo livre excessivo, superando os dias de frequência no Projeto Sócio Esportivo. Entretanto, na conjuntura contextual da região o projeto emerge como uma alternativa significante de combate ao ócio. O Impacto de um Projeto... 70 Gráfico Nº 4: Representação gráfica da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos a frequência semanal dos participantes. Em análise ao meio de locomoção predominantemente dos participantes do projeto, o Gráfico Nº 5 tornou possível compreender que a utilização de meios de transporte público ou convencionais não é a opção majoritária. Este resultado proporcionou ponderações acerca do transporte público, do poder aquisitivo da população e das particularidades, já que a ampla maioria optou pela alternativa relativa à realização do deslocamento a pé. Gráfico Nº 5: Representação gráfica da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos ao meios de locomoção predominante. O Impacto de um Projeto... 71 Importa ressaltar que a opção transporte locado relativa ao Gráfico Nº 5, pertenceu ao Transporte Escolar Privado ou da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, que disponibiliza veículos para realização do transporte escolar e para Vila Olímpica Ary Carvalho, na região da Vila Kennedy. Na temática pertinente a realização de atividades com cunho social, a Tabela Nº 10 tornou possível depreender que este tipo de serviço não apresentou alcance majoritário entre o grupo amostral. Entretanto, entre as atividades indicadas, uma apresentou ligação com o conhecimento técnico, que é o curso de informática, área difundida na sociedade contemporânea, entretanto que possui sua disseminação entre as camadas de menor poder aquisitivo diminuída, devido ao custo. Esta escolha confirmou a tendência de busca por aprendizado apresentada como indicador motivacional majoritário no Gráfico Nº 2. Tabela Nº 10: Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos aos participantes que utilizam as atividades com vista à assistência social. Variáveis Frequência Valores Percentuais Não 248 81% Sim 58 18,9% Atividades Frequência Valores Percentuais Informática 32 55,1% SESC Odonto 29 50% Importa ressaltar, que existiram participantes que realizaram ambas atividades com cunho social, algo permitido pela Administração do Projeto Sócio Esportivo e fato que contribui para redução do tempo livre. O Impacto de um Projeto... 72 Concernente ao cotidiano dos participantes do Projeto Sócio Esportivo, os resultados da Tabela Nº 11 permitiram entender que a maioria dos participantes abordados não possuem outras atividades em seu dia-a-dia, além da participação na Vila Olímpica Ary Carvalho. Este achado corroborou para compreensão do papel assumido pelo referido Projeto, na ocupação do tempo livre, sinalizando ser uma alternativa para a população. Tabela Nº 11: Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos ao cotidiano dos participantes. Variáveis Frequência Valores Percentuais Não 275 88,9% Sim 31 10,1% Atividades Frequência Valores Percentuais Futebol 11 35,4% Curso de Inglês 9 29% Reforço Escolar 29 50% Curso Preparatório 3 9,6% Quando o objetivo foi investigar o contato ou consumo de substâncias ilícitas entre os participantes do Projeto Sócio Esportivo, os resultados indicaram para a não ocorrência da referida prática, como apresentado na Tabela Nº 12. Este achado tornou-se relevante, devido os riscos associados e que estãos expostos os indivíduos que apresentam este tipo de conduta ou característica. O Impacto de um Projeto... 73 Tabela Nº 12: Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos ao contato ou consumo de substâncias ilícitas. Variáveis Frequência Valores Percentuais Não 306 100% Sim 0 0% No intuíto de identificar a opinião dos participantes relativo ao reconhecimento de alterações positivas em suas vidas após a participação no Projeto Sócio Esportivo, o Gráfico Nº 6 através dos resultados apresentados, permitiu depreender que os mesmos majoritariamente reconheceram a realização de alterações positivas. Gráfico Nº 6: Representação gráfica da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos ao reconhecimento de alterações realizadas pelo Projeto Sócio Esportivo na vida dos participantes. Pertinente a indagação da opinião dos participantes frente as contribuições do Projeto Sócio Esportivo para a comunidade de forma global, os resultados foram unânimes em reconhecer a importância do Projeto para a comunidade da Vila Kennedy e demais comunidades do entorno. O resultado apresentado na Tabela Nº 13, corroborou para o entendimento do impacto positivo que proporcionou a Vila Olímpica Ary Carvalho. O Impacto de um Projeto... 74 Tabela Nº 13: Apresentação da distribuição de frequência e dos valores percentuais relativos a contribuição do Projeto Sócio Esportivo para a comunidade da Vila Kennedy e demais localidades da região. Variáveis Frequência Valores Percentuais Não 306 100% Sim 0 0% 4.4 Outros Resultados das Observações Além dos resultados apresentados, as observações participante e não participante, propiciaram outros resultados. Durante o período das observações constatou-se que são desenvolvidas atividades sem ligação com o esporte e com vistas à assistência social, como pode ser observado na Tabela Nº 10. Durantes as visitas ao Projeto Sócio Esportivo Vila Olímpica Ary Carvalho, observou-se o desenvolvimento de algumas atividades sociais que são mantidas em parceria com Instituições, Orgãos Governamentais e Não Governamentais: SESC Odonto – Serviço Social do Comércio – Atividade que objetivou oferecer tratamento dentário e noções básicas para o cuidado da saúde bucal. A atividade foi encerrada no início do segundo semestre do ano de 2010. Secretaria de Ciência Tecnologica – Laboratório de Informática – Atividade que objetiva possibilitar a inclusão digital e ensino dos conhecimentos de informática ao público da região. Ativo nos dias atuais. Pastoral do Menor – Laboratório de Informática – Atividade que objetiva propiciar a inclusão digital e ensino dos conhecimentos de informática. Ativo nos dias atuais. O Impacto de um Projeto... 75 8ª CRAS – Conselho Regional de Assistência Social – Prestação de Serviço Alternativo para Integrantes do Sistema Carcerário Carioca. Internos do Sistema Carcerário Carioca, são introduzidos na Vila Olímpica Ary Carvalho, com a finalidade de desenvolver trabalhos que contribuam no desenvolvimento do Projeto Sócio Esportivo e assim favoreçam ao processo de ressocialização dos internos. Ativo nos dias atuais. Resgaste – Combate a Evação Escolar - Atividade realizada pela Administração da Vila Olímpica Ary Carvalho que objetiva identificar e inserir os participantes que estão afastados de alguma instituição escolar. Ativo nos dias atuais. CIEP Vila Kennedy – Centro Integrado de Educação Pública Vila Kennedy – Parceira com a referida unidade educacional que disponibiliza ensino em tempo integral, onde diariamente são ofertadas atividades físicas para os alunos durante o horário escolar, nas dependências do Projeto Sócio Esportivo. Ativo nos dias atuais. Eventos e Festividades – Espaços são cedidos na Vila Olímpica Ary Carvalho, para que a comunidade possa realizar suas festas e eventos, além dos eventos organizados pela Administração do projeto. Ativo nos dias atuais. Espaço para Lazer – Abertura da Vila Olímpica aos finais de semana e feriados, propiciando assim um espaço de entretenimento e lazer para a comunidade. Ativo nos dias atuais. Com os presentes resultados compreendeu-se a existência de preocupação da Administração da Vila Olímpica Ary Carvalho em oferecer e buscar atividades além do cenário esportivo, juntamente com a participação de outros segmentos da sociedade. O Impacto de um Projeto... 76 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Com objetivo de um maior esclarecimento sobre a temática apresentada, as discussões abaixo se destinaram a aprofundar a análise dos resultados apresentados. Vargas30, Grostein139, Souza140 e Maricato141 ratificaram com seus estudos que a ausência ou a hiposuficiência de atuação governamental propiciou uma lacuna que permitiu o desenvolvimento de áreas, com características peculiares como as encontradas na comunidade da Vila Kennedy, que por sua vez compreende dezessete comunidades carentes, que padecem com problemas significativos de infraestrutura e assistência social. Morais6 inferiu que estas regiões com cenário peculiar apresentam ocorrências e ambiente de característica prejudicial aos jovens. Naiff e Naiff142 e Ferreira143 indicaram que o cenário de abandono e pobreza encontrado neste tipo de região expõe principalmente o público jovem a situações caracterizadas como de risco social. Ribeiro e Lago144 apresentaram que as favelas da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, possuem um percentual de jovens maior em sua composição do que as demais favelas na cidade do Rio de Janeiro, fato que fez desta região, um local que necessita de substancial atenção por parte do Poder Público. Os relatos do estudo corroboram para compreensão da função assumida pela Vila Olímpica Ary Carvalho no cenário da comunidade da Vila Kennedy e demais comunidades do entorno, efetivando-se como estratégia de combate aos problemas sociais, diminuindo as chances de envolvimento dos participantes com situações consideradas degradantes, assim como asseveraram Cheluchinhak e Cavichiolli13 e Lopes et al145. Balassiano146 e Almeida147 mencionaram as dificuldades e a péssima qualidade do transporte público nos grandes centros urbanos brasileiros, incluindo a cidade do Rio de Janeiro, fato presenciado ao longo do estudo, através das visitas realizadas a comunidade da O Impacto de um Projeto... 77 Vila Kennedy e que pode prejudicar o alcance de metas, como a integração de comunidade, que foi estabelecida pela SMEL, através do Manual das Vilas Olímpicas da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro55. Maricato141, Oliveira et al148 e Castro et al149 asseveraram que a falta de transporte é fator significante que impossibilita os indivíduos sobretudo de baixa renda, de realizarem tarefas básicas no cotidiano, tais como: tratamentos médicos ou frequentar uma unidade educacional. Aduz-se o fato que na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, esta ocorrência apresentou-se de forma categórica, fato que explicou a incidência majoritária de realização de deslocamento através de caminhadas entre os participantes do estudo. Lima et al150 indicou que a ausência de locais propícios para travessia corroboram significantemente para ocorrência de acidentes de trânsito. No universo da comunidade da Vila Kennedy, este relato pode ser compreendido como um fator que dificultará a abrangência do projeto, através da atração do público de localidades distante ou localidades localizadas do lado oposto ao de implementação do projeto. Além disso, a divisão da região proporcionada pela localização da Avenida Brasil, ganhou relevância em decorrência do obstáculo que a mesma representa para população, haja vista que Abreu, Lima e Silva151 asseveraram que esta rodovia apresentou índice significante de acidentes de trânsito, especialmente atropelamentos de crianças, ocorrência recorrente nos locais onde a mesma divide bairros ou localidade com substancial índice demográfico, como no caso da comunidade da Vila Kennedy. Importa ressaltar que a evasão escolar, situação apontada como recorrente na cidade do Rio de Janeiro pelo IBGE75, não se configurou entre os participantes da Vila Olímpica Ary Carvalho. Esta situação ganhou significância, principalmente em decorrência dos benefícios proporcionados pela frequência do ambiente escolar como apresentado nos estudos de Lavinas e Oliveira152 e Santomé153. O Impacto de um Projeto... 78 No que se referiu à estrutura familiar, Kaloustian154, relatou que a mesma é base fundamental para a vida dos seres humanos, denotando assim sua importância. Para Sapienza e Pedromônico155, Montandon156, Macêdo e Monteiro157 e Pratta e Santos158 uma base familiar sólida, terá influência significante nas características comportamentais das crianças, assim como asseverado nos postulados filosóficos de Marx e Engels66. Logo, a presença da figura paterna ou materna, como de ambas ou de outro familiar, assim como encontrado no estudo onde os participantes residem com pelo menos um membro da família, pode ter impacto determinante no comportamento das crianças, fato que pode elucidar a ausência de comportamento fora da normalidade, como a postura agressiva, entre os participantes do projeto. Além da estrutura familiar, o meio social onde o indivíduo encontra-se inserido, terá substancial influência, como relatado por Vargas30. Como a comunidade da Vila Kennedy, apresentou um cenário intrigante, no que se refere às peculiaridades da região, a implementação de um projeto com os objetivos e metas elencados no Manual das Vilas Olímpicas da Cidade do Rio de Janeiro55, pode emergir como uma alternativa de mudança para o público da região, principalmente com relação ao contexto social. Sá121 inferiu que a combinação do público jovem com o ambiente de baixa renda, torna propício o desencadeamento de uma postura agressiva, situação esta que se apresentou no estudo de Pavarino, Prette e Prette159, entretanto não foi presenciada durante o presente estudo. Como descrito por Tubino29 e Melo160, o esporte assumiu função de relevante importância no combate da enunciada situação, logrando resultados positivos no treinamento das competências sociais, assim como almejado pela Vila Olímpica Ary Carvalho. Gabarra, Rubio e Angelo161 demonstraram que o esporte pode ser desenvolvido da forma lúdica até o alcance do alto rendimento, de forma gradual. Alves e Pieranti162 reportaram a necessidade de uma política, com finalidade de favorecer o desenvolvimento esportivo no Brasil. O Manual das Vilas Olímpicas da Prefeitura da Cidade do Rio de O Impacto de um Projeto... 79 Janeiro55 objetiva regulamentar e padronizar o atendimento dos Projetos Sócio Esportivos geridos pela SMEL, com intuito de tirar proveito de toda a capacidade e formas de atuação do esporte, inclusive incentivando a detecção e encaminhamento de talentos, fato que foi encontrado no estudo, através dos relatos que indicaram participação em competições esportivas e vínculo com Federações, Associações e Clubes Esportivos. Spozati163, Maiolino e Mancebo164 e Dias e Pedrazzani165 apresentam através de diferentes pontos de vistas e situações que os problemas sociais inseridos na sociedade contemporânea permitiram classificar os envolvidos como indivíduos em situação de exclusão social, ocorrência abordada por Nascimento4 e Sposati61. Este cenário apresentou-se como um contraponto ao objetivo preconizado por Sposati105 e pelo Manual das Vilas Olímpicas da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro55, que em concordância com Vianna e Lovisolo166 e Backes et al167 consolidam o esporte como uma importante estratégia de inclusão social. No caso específico da Vila Olímpica Ary Carvalho, os resultados permitem inferir que a busca pela inclusão social tornou-se evidente, mormente pela oferta de atividades além do cunho esportivo e pela preocupação pelas questões sociais apresentadas pela Administração do Projeto Sócio Esportivo. Baggio168 e Demo169 exprimiram a necessidade da inclusão digital para o público de baixa renda, respaldando a iniciativa da Administração da Vila Olímpica Ary Carvalho, que entre outros serviços com cunho social, disponibilizou para o público da região o acesso ao universo digital, através da oferta de cursos de informática. Matsudo et al170, Alves e Lima171 e Benetti, Schneider e Meyer172, asseveraram a importância da atividade física na saúde das crianças, respaldando a preocupação apresentada pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, que elencou entre as metas a serem alcançadas pelos Projetos Sócio Esportivos a promoção da saúde, manifestando que a oferta do esporte pode ter múltiplos resultados a serem concebidos55. Entretanto, os resultados dos indicadores O Impacto de um Projeto... 80 motivacionais permitiram inferir que a busca pelos resultados ligados ao âmbito da saúde não foram prioridade entre os frequentadores do projeto. No que tange a preferência esportiva, Vaz173 atentou que a distância das comunidades carentes da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro do litoral, emergiu como uma das principais motivações para a procura por atividades no meio aquático entre os residentes desta região, assim como Lucena174, que corroborou para o entendimento apresentando que a referida região figura com as maiores temperaturas registradas entre os bairros da cidade do Rio de Janeiro. Os enunciados argumentos concorreram para o entendimento do quadro apresentando relativo à preferência esportiva entre os participantes da Vila olímpica Ary Carvalho, onde a natação superou o futebol em incidência entre os participantes. Para Paim175, Silva176 e Azevedo Junior, Araújo e Pereira177 o futebol pode ser considerado a preferência esportiva nacional. Para Moraes et al178 e Pereira et al179 a natação figura como uma atividade física desenvolvida, principalmente pelas crianças que possuem algum tipo de problema respiratório, proporcionando resultados positivos no âmbito da saúde para este grupo, fato contrastante com os resultados do estudo, no que se refere à motivação para aderência ao Projeto Sócio Esportivo, onde os indicadores motivacionais relativos à saúde não foram escolhidos majoritariamente. Gladwin, Church e Plotnikoff180 e Howie et al181 propõem a prática esportiva para todas as crianças em idade escolar. Com apoio desta linha de raciocínio, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, propiciou a ocorrência de uma das suas metas, a detecção e encaminhamentos de atletas, através da possível formação deste talento esportivo55,97, ocorrência almejada e encontrada no estudo, todavia com baixa incidência. Entretanto, Colantonio182 indicou que o desenvolvimento do esporte rendimento, não foi preconizado como foco principal dentro do universo dos Projetos Sócio Esportivos, sendo almejadas O Impacto de um Projeto... 81 outras possibilidades de dimensão do esporte, pautadas no Art. 217 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 198842 e servindo como estratégia de preparação e exemplificação para a vida em sociedade como indicado por Mello, Votre e Góis183 e Goellner et al184. Hillesheim e Cruz185, Contijo e Medeiros186 e Polleto, Koller e Dell`Aglio187, ressaltaram a importância de se atentar ao ambiente de inserção do indivíduo, haja vista a influência que pode ser exercida, sobretudo sob as crianças. Bronfenbrenner137, Krebs28 e Vargas30 evidenciaram que o contexto social assume papel primordial para a formação do indivíduo, podendo este exprimir características positivas e negativas presentes e vivenciadas ao longo de sua vida. No caso específico do contexto social da comunidade da Vila Kennedy, os referidos argumentos corroboraram para a compreensão das medidas tomadas, que apresentam como objetivo tornar este cenário favorável para o desenvolvimento de seus residentes, que vivem em um cenário caracterizado pelo modus vivendi indutor da marginalidade latente. Para Vargas30, no caso específico das crianças, a ocorrência da apresentação de motricidade com estereotipia degradante apresentou significativa relevância, fato ocorrido em decorrência das situações socialmente degradantes que os mesmos são expostos e acabam por reproduzir como abordado por Dias188 e Neto189 e podem ocorrer no cenário da comunidade da Vila Kennedy. Andrade190, Barros, Lopes e Galheigo191, Scherer-Warren192 e Cortês-Neto et al193 inferiram que diversas iniciativas foram desenvolvidas, com finalidade de diminuir as chances de envolvimento das crianças com as situações classificadas como de risco social, remetendo assim a idéia de combate a enunciada ocorrência, especialmente reduzindo o tempo livre destes indivíduos, papel designado a Vila Olímpica Ary Carvalho, no caso da comunidade da Vila Kennedy e confirmado nos resultados do estudo. O Impacto de um Projeto... 82 Ferigolo et al194 e Noto e Galduróz195 evidenciaram que o consumo de drogas lícitas e ilícitas ocorrem de forma substancial entre as crianças com baixo poder econômico e que possuem contato com situações denominadas como de risco social. No entanto, Chalub e Telles196 e Guzmán-Facundo et al197 depreenderam que os indivíduos que realizam consumo de drogas possuem maior propensão de exposição às situações violentas, além de apresentarem comportamento violento. Lauer e Vieira21 apresentam o esporte como uma alternativa válida, com a finalidade de evitar a enunciada ocorrência, que não se apresentou entre os resultados do estudo. Bronfenbrenner137 asseverou que “... o mesmo ambiente pode ter impacto diferente em pessoas que possuam atributos diferenciados”. Krebs28 corroborou na indicação que o Homem sofre um processo constante de desenvolvimento, tendo o contexto social significativa influência. Vargas30 indicou que independente das características individuais apresentadas por cada indivíduo, em seu estudo pode ser observada alteração de comportamento por parte dos participantes, posteriormente a inclusão dos mesmos em um programa com objetivos fidedignos de promover benefícios no âmbito social. Todos os argumentos apresentados concorrem por representar a importância atribuída aos Projetos Sócio Esportivos, como a Vila Olímpica Ary Carvalho, que possui atuação direta com o público e propicia um ambiente que favorece ao desenvolvimento e treinamento das competências sociais, fato de significativa relevância para vivência do indivíduo em sociedade. Silveira198 e Correia199 que os Projetos Sociais, que possuem ligação direta com o esporte, podem ser observados na sociedade contemporânea e sua efetividade foi analisada cientificamente, como realizado por Rezende51 e Dória e Tubino200, onde foram investigados os supostos benefícios proporcionados por um determinado Projeto Sócio Esportivo, denominado Vila Olímpica da Mangueira. Além disso, foram investigados o impacto do O Impacto de um Projeto... 83 Projeto Sócio Esportivo na vida dos participantes e a possível consolidação deste tipo de política na sociedade, que se apresentou como importante estratégia para o público em situação de risco e exclusão social, sobretudo quando envolve as crianças, assim como abordado por Machado et al201. Importa salientar que iniciativas desta natureza cresceram no cenário da cidade do Rio de Janeiro, favorecendo assim a consolidação e disseminação da política sócio esportiva que na atualidade é fomentada também pelo Poder Público, assim como indicado por Machado, Dória e Vargas202. O Impacto de um Projeto... 84 6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES Os resultados do estudo permitiram concluir que o Projeto Sócio Esportivo Vila Olímpica Ary Carvalho, provoca impacto positivo, no que respeita a influência no público infantil participante do projeto. O fato do contexto social onde encontra-se implementado o Projeto Sócio Esportivo apresentar incontestável cenário de degradação social, corroborou para que o referido projeto assuma uma importância substancial, sobretudo no trabalho com o público infantil, que apresenta maior grau de vulnerabilidade de envolvimento com as situações consideradas socialmente degradantes, em decorrência do modus vivendi indutor da marginalidade latente. A ausência de iniciativas desta magnitude na região, juntamente com a qualidade do trabalho realizado, tornaram a Vila Olímpica Ary Carvalho uma referência efetiva para o público, que de acordo com o cenário encontrado possibilita concluir que sofre com a ausência ou com a hiposuficiência assistencial. Desta forma, é possível considerar que através do esporte, o Projeto Sócio Esportivo Vila Olímpica Ary Carvalho, promove benefícios significativos para o público infantil atendido, sobretudo no que tange ao treinamento das competências sociais, fato de significância inconteste para a vida do indivíduo em sociedade. Estabelecendo como referência que a comunidade da Vila Kennedy, assim como as demais comunidades carentes da cidade do Rio de Janeiro que exprimem majoritariamente características de degradação social, o Projeto Sócio Esportivo Vila Olímpica Ary Carvalho emerge como uma significativa estratégia de promoção social, lazer e alternativa para o público, tornando-se referência haja vista o poder de abrangência e resultados positivos encontrados. Por derradeiro, recomenda-se que iniciativas desta natureza sejam fomentadas através de incentivos por parte do Poder Público e do Setor Privado em projetos com objetivos O Impacto de um Projeto... 85 análogos e que ofereçam ao público de menor poder aquisitivo e de regiões menos favorecidas, chances de acesso a serviços de qualidade e com propósitos reais de promover melhorias em suas vidas. O Impacto de um Projeto... 86 7 REFERÊNCIAS 1. Wikipédia. Bangu; [atualizada em 04 de Maio de 2010; acessada em 12 de maio de 2010]. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Bangu 2. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Atlas do Desenvolvimento humano no Brasil. [acessado em 05 de novembro de 2011]. Disponível em http://www.pnud.org.br/atlas/ 3. Schäffer NO. Urbanização na fronteira: expansão de Sant`Ana do Livramento, RS. Porto Alegre: Publisher. 1993. 4. Nascimento EP. Hipóteses Sobre a Nova Exclusão Social: dos excluídos necessários aos excluídos desnecessários. Caderno CRH. 1994 dez.;21:29-47. 5. Cocco M, Lopes MJM. Violência entre jovens: dinâmicas sociais e situações de vulnerabilidade. Revista Gaúcha de Enfermagem. 2010;31(1):151-59. 6. Morais M. Uma análise da relação entre o Estado e o tráfico de drogas: O mito do “Poder Paralelo”. Ciências Sociais em Perspectiva. 2006:5 (8):117-36. 7. Zaluar A. Democratização inacabada: fracasso da segurança pública. Estudos Avançados. 2007;21(61):31-49. 8. Vendruscolo TS, Ribeiro MA, Armond LC, Almeida EC, Ferriani MG. Social policies and violence: a proposal from Ribeirao Preto-SP, Brazil. Revista Latino-Americana de Enfermagem. 2004 may./jun.;12(3):564-7. 9. Waiselfisz JJ. UNESCO; Mapa da Violência IV: Os jovens do Brasil; Abril 2004 [acessado em 15 de maio de 2010]: [aproximadamente 20 páginas] Disponível http://www.desarme.org/publique/media/Mapa%20da%20viol%C3%AAncia%20IV%20%20Unesco.pdf em O Impacto de um Projeto... 87 10. Brasil (1990). Lei 8069/90. Art2º. Estatuto da Criança e do Adolescente. [acessado em 02 de Janeiro de 2011]. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm 11. Mannheim k in Brito EV, Mattos JM, Pisciotta H. PCNs da Língua Portuguesa: a pratica em sala de aula. São Paulo: Arte e Ciência. 2003.73. 12. Frezza M, Maraschin C, Santos N. Juventude como problema de políticas públicas. Psicologia & Sociedade. 2009;21(3):313-23. 13. Cheluchinhak A, Cavichiolli F. A teoria da classe ociosa: o que diz Veblen sobre natureza e comportamento humano, consumo, esporte e lazer. Licere. 2010;13(1). 14. Carvalho VC, Carlini-Cotrim B. Atividades extra-curriculares e prevenção ao abuso de drogas: uma questão polêmica. Revista de Saúde Pública. 1992;26(3):145-9. 15. Silveira J. Desenvolvimento humano, co-responsabilidade social e educação no capitalismo: investigando o programa "Educação pelo Esporte" do Instituto Ayrton Senna. Motrivivência. 2006 Jun.;XVIII(26):113-25. 16. Cavalli MO, Araujo ML, Cavalli AS. Um passo adiante no Olimpismo: projetos esportivos de cunho social como agentes de transformação e emancipação humana. 2007:2999-308. [acessado em 13 de Maio de 2010]. Disponível em http://olympicstudies.uab.es/brasil/pdf/28.pdf 17. Gonçalves MAR. A Vila Olímpica da Verde-e-Rosa. Rio de Janeiro: FGV. 2003. 18. Alves IB, Souza J, Jesus LP, Roxo TS. Juventude e políticas públicas de Estado e emancipatórias: algumas comparações. In Silva JS, Barbosa JL, Sousa AI. Políticas públicas no território das juventudes. Rio de Janeiro: Ministério da Educação. 2006. 61-70. 19. Martins I. Indicadores de Criminalidade. Rio de Janeiro: Centro Científico de Estudos de Segurança Pública. [acessado em 16 de dezembro http://www.citynet.com.br/retratofalado/estatistica.htm de 2011]. Disponível em O Impacto de um Projeto... 88 20. Rosette AC, Silva TFL. Geoprocessamento em Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro: Instituto de Segurança Pública – Rio de Janeiro. [acessado em 16 de junho de 2010]. Disponível em http://www.cartografia.org.br/xxi_cbc/270-SG58.pdf 21. Lauer, RN, Vieira V. Viver pelo esporte ou morrer pelas drogas. Corpus et Scientia. 2010 mai.;6(1):33-41. 22. Governo do Estado do Rio de Janeiro. Parceria com ISP possibilita a criação de Coordenadoria de Análise Criminal da PM. Rio de Janeiro: Instituto de Segurança Pública da Cidade do Rio de Janeiro - ISPRJ. [acessado em 10 de junho de 2010]. Disponível em http://www.isp.rj.gov.br/NoticiaDetalhe.asp?ident=240 23. Zamora MH. Raízes e asas da psicologia comunitária. In Vilhena J. A clínica na universidade: teoria e prática. Rio de Janeiro: PUC-Rio. 2004. 124-128. 24. Varella D, Bertazzo I, Jacques PB. Maré vida na favela. Rio de Janeiro: Casa da Palavra. 2002. 25. Dicionário do Aurélio Beta. Significado de Marginalidade. [acessado em 06 de outubro de 2010]. Disponível em http://www.dicionariodoaurelio.com/Marginalidade 26. Dicionário do Aurélio Beta. Significado de Marginal. [acessado em 06 de outubro de 2010]. Disponível em http://www.dicionariodoaurelio.com/Marginal 27. Zaluar A Cidadãos não vão ao paraíso. São Paulo: Escuta. 1994. 28. Krebs RJ. Teoria dos Sistemas Ecológicos: Um paradigma para o desenvolvimento infantil. Rio Grande do Sul: Universidade Federal de Santa Maria. 1997. 29. Tubino MJG. Dimensões sociais do esporte. São Paulo: Cortez. 2001. 30. Vargas A. As sementes da marginalidade: uma análise histórica e bioecológica dos meninos de rua. Rio de Janeiro: Forense. 2002. O Impacto de um Projeto... 89 31. Marcellino NC. Esporte e lazer: políticas públicas. Campinas, SP: Autores Associados. 2001. 32. Schüler D. Der Sport. In. Böhme MTS. Relações entre aptidão física, esporte e treinamento esportivo. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 2003 jul./set.;11(3):97103. 33. Dicionário do Aurélio Beta. Significado de Desporto. [acessado em 06 de outubro de 2010]. Disponível em http://www.dicionariodoaurelio.com/Desporto 34. Tubino M. O que é esporte. São Paulo: Brasiliense. 1993. 35. Rubio K. Do olimpo ao pós-olimpismo: elementos para uma reflexão sobre o esporte atual. Revista Paulista de Educação Física. 2002;16(2):130-43. 36. Sigoli MA, Junior DR. A história do uso político do esporte. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 2004;12(2):111-19. 37. Rousseau JJ. Emílio ou da educação. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes. 1979. 38. Goulart ACV. O Direito Olímpico e a Propriedade Intelectual. Revista Eletrônica do IBPI. 2010;2:63-126. 39. Popper K. A Ciência Normal e seus Perigos. In. Lakatos I, Musgrave A. Crítica e o desenvolvimento do conhecimento. São Paulo: Cultrix. 1979. 40. Sérgio M. Tese 4 sobre a Ciência da Motricidade Humana In. Feitosa AM. Contribuições de Thomas Khun para uma Epistemologia da Motricidade Humana. Lisboa: Instituto Piaget. 1993. 92. 41. Silva LM, Rubio K. Superação no esporte: limites individuais ou sociais? Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. 2003;3(3):69-76. 42. Brasil (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. [acessado em 07 de março de 2010]. Disponível http://www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/con1988/CON1988_05.10.1988/index.htm. em O Impacto de um Projeto... 90 43. Böhme MTS. Relações entre aptidão física, esporte e treinamento esportivo. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 2003 jul./set.;11(3):97-104. 44. Lucena RF. O esporte na cidade: aspectos do esforço civilizador brasileiro. Campinas: Autores Associados. 2001. 45. Vargas A. Esporte e realidade: conflitos contemporâneos. Rio de Janeiro: Shape. 2006. 46. Alegre JMS. Los Juegos Olímpicos de la Antigüedad. 3:201-11. Cultura, Ciencia y Desporte. 2008 out;9(3):201-11. 47. Resende CAR. O Esporte na Política Externa do Governo Lula: o importante é competir? Boletim Meridiano. 2010 nov./dez.;11(122):35-41. 48. Linhales MA. A trajetória política do esporte no Brasil: interesses envolvidos, setores excluídos [Dissertação]. Minas Gerais: Universidade Federal de Minas Gerais. 1996. 49. Souza ER. Violência Velada e Revelada: Estudo Epidemiológico da Mortalidade por Causas Externas em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Caderno de Saúde Pública. 1993 jan./mar;9(1):48-64. 50. Giovanni GD. Mercantilização das Práticas Corporais: o esporte na sociedade de consumo de massa. Revista Gestão Industrial. 2005 fev;1(1):167-76. 51. Rezende MA. A Vila Olímpica da Verde-e-Rosa: considerações sobre política social de uma escola de samba do Rio de Janeiro [Tese]. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2002. 52. Barbosa MJS. Capoeira: A gramática do corpo e a dança das palavras. Revista LusoBrazilian. 2005 jun.;42(1):78-98. 53. Melo MP. Esporte e juventude pobre: políticas públicas de lazer na Vila Olímpica da Maré. Campinas, SP: Autores Associados. 2005. O Impacto de um Projeto... 91 54. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Esporte e Lazer; [acessado em 03 de agosto de 2010]. Disponível em http://www2.rio.rj.gov.br/smel/default.asp 55. Secretaria Municipal de Esporte e Lazer - SMEL. Manual das Vilas Olímpicas da Prefeitura do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: SMEL. 2008. 56. Gomes PCC. Estranhos vizinhos. O lugar da favela na cidade brasileira. . Anuário Americanista Europeo. 2003; 1:171-7. 57. Zaluar A. Integração perversa: pobreza e tráfico de drogas. Rio de Janeiro: FGV.2004. 58. Silva LAM. Criminalidade Violenta: Por uma nova perspectiva de análise. Revista de Sociologia e Política. 1999 nov.;13:115-24. 59. Costa MR. A violência urbana é particularidade da sociedade brasileira? São Paulo em Perspectiva. 1999 out./dez.;13(4):3-12. 60. Salles JM, Lund K. Notícias de uma guerra particular. Rio de Janeiro: VideoFilme; 1999. [DVD]. [acessado em 10 de março de 2010]; [59 minutos]. 61. Sposati A. Exclusão abaixo da linha do Equador. Seminário Exclusão Social. 1998. [acessado em 23 de maio de 2010]. Disponível em http://www.seuvizinhoestrangeiro.ufba.br/twiki/pub/GEC/RefID/exclusao.pdf 62. Ferreira NT. Cidadania: uma questão para a educação. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1993. 63. Le Breton D. La sociologie du risque. In. Adorno S, Bordini EB, Lima RS. O adolescente e as mudanças na criminalidade urbana. São Paulo em Perspectiva. 1999 out./dez.;13(4):6274. 64. Schenker M, Minayo MCS. Fatores de risco e de proteção para o uso de drogas na adolescência. Ciência & Saúde Coletiva. 2005; 10(3):707-17. O Impacto de um Projeto... 92 65. Minayo MCS. A Violência Social sob a Perspectiva da Saúde Pública. Caderno de Saúde Pública. 1994;10(supl. 1):07-18. 66. Marx K, Engels F. Manifesto Comunista. Brasil: Rocket. 1999. 67. Guimarães RP, Feichas SAQ. Desafios na construção de indicadores de sustentabilidade. Ambiente & Sociedade. 2009 jul./dez.;XII(2):307-22. 68. Cavallieri F, Lopes GP. Índice de Desenvolvimento Social – Comparando as Realidades Microurbanas da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Armazém de Dados da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. 2008. [acessado em 01 de julho de 2010]. Disponível em http://www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/arquivos/2247_%C3%ADndice%20de%20desenv olvimento%20social%20_%20ids.PDF 69. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Ciclovias Cariocas; [acessado em 05 de julho de 2010]. Disponível em http://www0.rio.rj.gov.br/smac/mostra_noticia.php?not=PEP&codnot=63 70. Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. Vilas Olímpicas - Ary Carvalho (Vila Kennedy). [acessado em 04 de maio de 2010]. Disponível http://www2.rio.rj.gov.br/smel/VilaAryCarvalho.html 71. Cotrim BC, Carvalho CG, Gouveia N. Comportamentos de saúde entre jovens estudantes das redes pública e privada da área metropolitana do Estado de São Paulo. Revista de Saúde Pública. 2000;34(6):636-45. 72. Oliveira EL, Rios-Neto EG, Oliveira AMHC. Transições dos jovens para o mercado de trabalho, primeiro filho e saída da escola: o caso brasileiro. Revista Brasileira de Estudos de População. 2006. jan./jun.;23. 73. Brasil (1996). Lei nº 9.394. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. [acessada em 19 de junho de 2010]. Disponível em http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf 74. Lahoz AC. Na Nova Economia a educação é um insumo cada vez mais importante. Com em O Impacto de um Projeto... 93 investimentos, políticas consistentes e continuidade, o Brasil melhora suas chances de prosperar. Revista Exame. 2000 abr.;34(75):173-80. 75. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2001. [acessado em 20 de junho de 2010]. Disponível em http://www.ibge.com.br/hom/estatistica/populacao/condicaodevida/trabalho_infantil/default.s htm 76. Damo AS. Do dom à profissão: uma etnografia do futebol de espetáculo a partir da formação de jogadores no Brasil e na França [Tese]. Rio Grande do Sul: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. 77. Torri D, Albino BS, Vaz AF. Sacrifícios, sonhos, indústria cultural: retratos da educação do corpo no esporte escolar. Educação e Pesquisa. 2007 set./dez.;33(3):499-512. 78. Zaluar AM. O Esporte na educação e na política pública. Educação e Sociedade. 1991 abr.;38:19-45. 79. Sérgio M. Educação Física ou a Ciência da Motricidade Humana? In. Feitosa AM. Contribuições de Thomas Khun para uma Epistemologia da Motricidade Humana. Lisboa: Instituto Piaget. 1993.95. 80. Valdéz IA, Caballero EP. Política de Esporte e Juventude em Cuba. In. Espindula, B. Políticas de esporte para juventude. São Paulo: Centro de Estudos e Memória da Juventude: Instituto Pensarte. 2009. 36-42. 81. Rodrigues FXF. Modernidade, disciplina e futebol: uma análise sociológica da produção social do jogador de futebol no Brasil. Sociologias. 2004 jan./jun.;6(11):260-99. 82. Aldeman M. Mulheres no Esporte: Corporalidades e Subjetividades. Movimento. 2006 jan./abr.;12(21):11-29. O Impacto de um Projeto... 94 83. Azevêdo PH, Barros JF, Suaiden S. Caracterização do perfil do gestor esportivo dos clubes da primeira divisão de futebol do Distrito Federal e suas relações com a Legislação Esportiva Brasileira. Revista da Educação Física. 2004;15(1):33-42. 84. Simões AC, Böhme MTS, Lucato S. A participação dos pais na vida esportiva dos filhos. Revista Paulista de Educação Física. 1999 jan./jul.;13(1):34-45. 85. Feitosa AM. Contribuições de Thomas Khun para uma Epistemologia da Motricidade Humana. Lisboa: Instituto Piaget. 1993. 86. Medina JPS. O Brasileiro e Seu Corpo. In. Feitosa AM. Contribuições de Thomas Khun para uma Epistemologia da Motricidade Humana. Lisboa: Instituto Piaget. 1993.121. 87. Les Instructions Officielles de 1985 pour l`Éducation Physique et Sportive dans les colleges. Revue Éducation Physique et Sport. 1987 mar./abr: 54. 88. Filho JF, Carvalho JLT. Potencialidades desportivas de crianças segundo a perspectiva da escola soviética. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. 1999;1(1):96-107. 89. Kiss MAPDM, Böhme MTS, Mansoldo AC, Degaki E, Regazzini M. Desempenho e talento esportivos. Revista Paulista de Educação Física. 2004;18:89-100. 90. Böhme MTS. Aptidão Física de Jovens Atletas do Sexo Feminino Analisada em Relação a Determinados Aspectos Biológicos, Idade Cronológica e Tipo de Modalidade Esportiva Praticada. [Tese]. São Paulo: Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. 1999. 91. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Censo 2010; [acessado em 15 de julho de 2010] Disponível em http://www.censo2010.ibge.gov.br/ 92. Moréia MM. Mudanças estruturais na distribuição etária brasileira: 1950 – 2050. Recife, PE: Fundação Joaquim Nabuco; [acessado em 15 de julho de 2010]. Disponível em http://www.fundaj.gov.br/tpd/117a.html O Impacto de um Projeto... 95 93. O Globo. Olímpiadas 2008 – Quadro de Medalhas; [acessado em 15 de julho de 2010]. Disponível em http://moglobo.globo.com/esportes/olimpiadas2008/quadro_medalhas.asp 94. Massuda EM, Favoretto CK. Índice de qualidade de vida: aspectos objetivos e subjetivos. Revista Cesumar - Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. 2010 jun./dez.;15(2):405-8. 95. Fédération Internationale de Football Association. Ranking Mundial da FIFA. [atualizado em 18 de Maio de 2011; acessado em 04 de abril de 2011]. Disponível em http://pt.fifa.com/worldfootball/ranking/lastranking/gender=m/fullranking.html 96. Smolevskiy V, Gaverdovskkiy I. Tratado General de Gimnasia Artística Deportiva Espanha: Paidotribo. 1996. 97. Böhme MTS. Talento esportivo II: determinação de talentos esportivos. Revista Paulista de Educação Física. Revista Paulista de Educação Física. 1995;9(2):138-46. 98. Weineck J. Biologia do Esporte. São Paulo: Manole. 1991. 99. Harre D. Teoria del entrenamiento deportivo. Buenos Aires: Stadiun. 1988. 100. Dicionário do Aurélio Beta. Significado de Integração. [acessado em 12 de julho de 2010. Disponível em http://www.dicionariodoaurelio.com/Integracao 101. Dicionário do Aurélio Beta. Significado de Integrar. [acessado em 12 de julho de 2010]. Disponível em http://www.dicionariodoaurelio.com/Integrar 102. Wikipédia. Avenida Brasil (Rio de Janeiro). [atualizado em 15 de maio de 2010; acessada em 10 de junho de 2010]. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Avenida_Brasil_%28Rio_de_Janeiro%29 103. Google. Google Earth 6.1. [acessado em 12 de outubro de 2010]. Disponível em http://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/ 104. G1 RJ. Novo sistema de transporte que atender melhor a Zona Oeste. [atualizado em 17 de junho de 2010; acessado em 12 de outubro de 2010]. Disponível em O Impacto de um Projeto... 96 http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/06/novo-sistema-de-transportes-quer-atendermelhor-zona-oeste.html 105. Sposati A. Mapa de Exclusão/Inclusão da Cidade de São Paulo. São Paulo: PUC-SP. 1996 106. Jusmet JR, Rosa EP. Emisiones atmosféricas y crescimiento económico en España. Revista de Economia Industrial. 2003;351(3):73-86. 107. United Nations Framework Convention on Climate Change. Kyoto Protocol. [acessado em 15 de outubro de 2010]. Disponível em http://unfccc.int/kyoto_protocol/items/2830.php 108. Neto FSA. A eqüidade no Código Civil Brasileiro. Revista do Centro de Estudos Judiciários. 2004 abr./jun.;25:16-23. 109. Brasil (1988). Inciso XXXV do Artigo 5 do Constituição da Republica Federativa do Brasil 1988. [acessado em 30 de junho de 2010]. Disponível em http://www.camara.gov.br/sileg/integras/245879.pdf 110. Brasil (1990). Lei 8069/90 Estatuto da Criança e do Adolescente Artigo 1º. [acessado em 30 de junho de 2010]. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm 111. Brasil (1990). Lei 8069/90 Estatuto da Criança e do Adolescente Artigo 4º. [acessado em 30 de junho de 2010]. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm 112. Sarmento MJ. Infância, Exclusão social e educação como utopia realizável. Educação & Sociedade. 2002 abr.;78:265-83. 113. Labronici RHDD, Cunha MB, Oliveira ADSB, Gabbai AA. Esporte como fator de integraçäo do deficiente físico na sociedade. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. 200 dez;58(4):1092-9. 114. Rodrigues D. A Educação Física perante a Educação Inclusiva: Reflexões conceptuais e metodológicas. Revista da Educação Física/UEM. 2003.;14(1):67-73. O Impacto de um Projeto... 97 115. Sampaio AAS. Skinner: Sobre Ciência e Comportamento Humano. Psicologia Ciência e Profissão. 2005;25(3):370-83. 116. Klein VC, Linhares MBM. Temperamento, comportamento e experiência dolorosa na trajetória de desenvolvimento da criança. Paidéia. 2007;17(36):33-44. 117. Alvarez, MLO. A gíria juvenil em três contextos latinoamericanos: Cuba, Brasil e Chile. Revista Contextos. 2007;1:21-38. 118. Prebianchi HB. A importânciado aspecto (psico)motor na avaliação e tratamento das dificuldades sociais infantis. Revista Estudos de Psicologia. 2002 mai./ago.;19(2):86-92. 119. Alves FS; Dias RA dança Break: corpos e sentidos em movimento no Hip-Hop. Revista Motriz. 2004 jan./abr.;10(1):01-7. 120. Freud S. Por que a guerra In. Freud. S. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. V. XXII, Imago: Rio de Janeiro. 2002. 121. Sá AA. Algumas questões polêmicas relativas à psicologia da violência. Psicologia: Teoria e Prática. 1999;1(2):53-63. 122. Ruzany MH, Taquette SR, Oliveira RG, Meirelles ZV, Ricardo IB. A violência nas relações afetivas dificulta a prevenção de DST/AIDS? Jornal de Pediatria. 2003;79(4). 123. Morin E. Os setes saberes necessários à educação do futuro. 3ª ed. São Paulo: Cortez. 2001. 124 . Ayres JRCM. O cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde. Saúde e Sociedade. 2004 set./dez.;13(3):16-29. 125. Huizinga J. Homo Ludens: o jogo como complemento da cultura. 6ºed. São Paulo: Perspectiva. 2010. 126. Votre SJ. Emoção e movimento nas representações sociais e na mídia. Revista Motriz. 2003 mai./ago.;9(2):57-61. O Impacto de um Projeto... 98 127. Japiassu H. Nascimento e morte das Ciências Humanas. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1978. 128. Sérgio M. Motricidade humana: liberdade e transcendência. Episteme. 1997/1998;1(1):37-58. 129. Moura Z. A filosofia do Erro em Karl Popper Fisiologia e Epistemologia. Portugal: Regra do Jogo. 1977/78. 130. Thomas JR, Nelson JK, Silverman SJ. Métodos de pesquisa em atividade física. Porto Alegre: Artmed. 2007;5. 131. Oliveira SA. Reinventando o esporte: possibilidade da prática pedagógica. São Paulo: Autores Associados. 2001. 132. Silva EM, Silva EM, Gonçalves V, Murolo AC. Estatística para os cursos de economia, administração e ciências contábeis. 2ª ed. São Paulo: Atlas. 1997. 133. Becker HS. Segredos e truques da pesquisa. Rio de Janeiro: Zahar. 2007. 134. Data Lyzer. Controle Estatístico de Processo. [acessado em 30 de maio de 2010]. Disponível em http://www.datalyzer.com.br/site/suporte/administrador/info/arquivos/info60/60.html. 135. Selltiz C, Wrightsman LS, Cook SW. Métodos de pesquisa nas relações sociais.2º ed. São Paulo: EDU. 1987. 136. Silvestre AL. Análise de Dados e Estatística Descritiva. 4º ed. São Paulo: Escolar. 2007. 137. Bronfenbrenner U. Ecological systems theory. London: Jessica Kingsley Publishers. 1992. 138. Brofenbrenner U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. 139. Grostein MD. Metrópole e expansão urbana: a persistência de processos “insustentáveis”. São Paulo em Perspectiva. 2001.15(1). O Impacto de um Projeto... 99 140. Souza MV. Políticas públicas e espaço urbano desigual: Favela Jardim Maravilha (SP). Estudos Avançados. 2009;23(66):267-81. 141. Maricato E. Metrópoles desgovernadas Estudos Avançados. 2011 jan-abr;25(71):7-22. 142. Naiff LAM, Naiff DGM. A Favela e seus moradores: culpados ou vítimas? Representações sociais em tempo de violência. Estudos e Pesquisas em Psicologia. 2005;5(2):107-19. 143. Ferreira MIC. Jovens pobres na favela: múltipla escolha para quê, se no fim nada dá em nada? Imaginário. 2006 jun.;12(12). 144. Ribeiro LCQ, Lago LC. A oposição favela-bairro no espaço social do Rio de Janeiro. São Paulo em Perspectiva. 2001;15(1):144-54. 145. Lopes RE, Adorno RCF, Malfitano APS, Takeiti BA, Silva CR, Borba PLO. Juventude pobre, violência e cidadania. Saúde e Sociedade. 2008;17(3):63-76. 146. Balassiano R. Transporte por vans. O que considerar no processo de regulamentação?. Revista Transportes. 1996;4(1):87-105. 147. Almeida NDV. Contemporaneidade X trânsito. Reflexão psicossocial do trabalho dos motoristas de ônibus urbano. Psicologia: ciência e profissão. 2002 set.;22(3). 148. Oliveira DC, Martins IS, Fischer FM, Sá CP, Gomes AMT, Marques SC. Pedagogia, futuro e liberdade: a instituição escolar representada por professores, pais e alunos. Psicologia: Teoria e Prática. 2004:37-41. 149. Castro SS, Lefèvre F, Lefèvre AMC, Cesar CLG. Acessibilidade aos serviços de saúde por pessoas com deficiência. Revista de Saúde Pública. 2011 fev.;45(1):99-105. 150. Lima AMO, Figueiredo JC, Morita PA, Gold P. Fatores condicionantes da gravidade dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras. Brasília: IPEA. 2008. O Impacto de um Projeto... 100 151. Abreu AMM, Lima JMB, Silva LM. Níveis de alcoolemia e mortalidade por acidentes de trânsito na cidade do Rio de Janeiro. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem. 2007 dez.;11(4):575-80. 152. Lavinas L, Barbosa MLO. Combater a pobreza estimulando a freqüência escolar: O estudo de caso do Programa Bolsa-Escola do Recife. Dados Revista de Ciências Sociais. 2000;43(3). 153. Santomé JT. A Construção da Escola Pública como Instituição Democrática: Poder e Participação da comunidade. Currículo sem Fronteiras. 2001 jan./jun.;1(1):51-80. 154. Kaloustian SM. Família brasileira: a base de tudo. São Paulo: Cortez. 2002. 155. Sapienza G, Pedromônico MRM. Risco, proteção e resiliência no desenvolvimento da criança e do adolescente Psicologia em Estudo. 2005 mai./ago.;10(2):209-16. 156. Montandon C. As práticas educativas parentais e a experiência das crianças. Educação e Sociedade. 2005 mai./ago.;26(91):485-507. 157. Macêdo V, Monteiro ARM. Educação e saúde mental na família: experiência como grupos vivenciais/ Education and mental health in the family: experience with living groups Texto e Contexto Enfermagem. 2006 abr./jun.;15(2):222-30. 158. Pratta EMM, Santos MA. Família e adolescência: a influência do contexto familiar no desenvolvimento psicológico de seus membros. Psicologia em Estudo. 2007 mai./ago.;12(2):247-56. 159. Pavarino MG, Prette AD, Prette ZAP. O desenvolvimento da empatia como prevenção da agressividade na infância. Psico. 2005 mai./ago.;36(2):127-34. 160. Melo MP. Lazer, Esporte e Cidadania:debatendo a nova moda do momento. Revista Movimento. 2004 mai./ago.;10(2):105-22. 161. Gabarra LM, Rubio K, Ângelo LF. A Psicologia do Esporte na iniciação esportiva infantil. Psicologia para América Latina. 2009 nov.;18. O Impacto de um Projeto... 101 162. Alves JAB, Pieranti OP. O estado e a formulação de uma política nacional de esporte no Brasil. RAE eletrônica. 2007 jan./jun.;6(1). 163. Spozati A. Exclusão Social e Fracasso Escolar. Em Aberto. 2000. jan;17(71):21-32. 164. Maiolino ALG, Mancebo D. Análise histórica da desigualdade: marginalidade, segregação e exclusão. Psicologia e Sociedade 2005 mai./ago;17(2):14-20. 165. Dias RC, Pedrazzani ES. Políticas públicas na Hanseníase: contribuição na redução da exclusão social. Revista Brasileira de Enfermagem. 2008 nov;61:753-6. 166. Vianna JA, Lovisolo HR. Projetos de inclusão social através do esporte: notas sobre a avaliação. Movimento. 2009 jun./set.;15(3):145-62. 167. Backes DS, Backes MS, Koerich MS, Baggio MA, Carvalho JN, Meirelles BS, et al. Significado de viver saudável para jovens que integram um projeto de inclusão social. Revista Eletrônica de Enfermagem. 2009;11(4):877-83. 168. Baggio R. A sociedade da informação e a infoexclusão. Revista Ciência da Informação. 2000 mai./ago.;29(2):16-21. 169. Demo P. Inclusão Digital: cada vez mais no centro da inclusão social. Inclusão Social. 2005;1(1):36-8. 170. Matsudo VKR, Andrade DR, Matsudo SMM, Araujo TL, Andrade E, Oliveira LC, et al. "Construindo" saúde por meio de atividade física em escolares. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 2003 out./dez.;11(4):111-18. 171. Alves C, Lima RVB. Impacto da atividade física e esportes sobre o crescimento e. Revista Paulista de Pediatria. 2008;26(4):383-91. 172. Benetti G, Schneider P, Meyer F. Os benefícios do esporte ea importância da treinabilidade da força muscular de pré-púberes atletas de voleibol. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 2005;7(2):87-93. O Impacto de um Projeto... 102 173. Vaz DMS. Perfil dos visitantes do Parque Natural Municipal do Açude da Concórdia Valença (RJ). Revista Brasileira de Ecoturismo. 2010;3(1):109-20. 174. Lucena AJ. O sistema clima urbano da zona oeste/RJ: Uma contribuição ao monitoramento e análise em sistemas ambientais. Geoambiente on-line. 2001 jul./dez.;15:0120. 175. Paim MCC. Fatores motivacionais e desempenho no futebol. Revista da Educação Física/UEM. 2001;12(2):73-9. 176. Silva FCT, Santos RP. Memórias social do esporte: futebol e política: a construção de uma identidade nacional. Rio de Janeiro: Mauad. 2006. 177. Azevedo Júnior MR, Araújo CLP, Pereira FM. Atividades físicas e esportivas na adolescência: mudanças de preferências ao longo das últimas décadas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. 2006 jan./mar.;20(1):51-8. 178. Moraes GML, Novo NF, Juliano Y, Cury MCFS, Bogossian M. Comportamento do pico do fluxo expiratório antes e após aula de natação em crianças portadoras de asma. . Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica. 2007 jan./fev.;5(1):7-13. 179. Pereira FE, Teixeira CS, Villis JMC, Paim MCC, Daronco LSED. Fatores motivacionais de crianças e adolescentes asmáticos para a prática da natação. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 2009;14(3):9-17. 180. Gladwin CP, Church J, Plotnikoff RC. Public policy processes and getting physical activity into Alberta's urban schools. Canadian Journal of Public Health. 2008 Julaug.;99(4):332-8. 181. Howie LD, Lukacs SL, Pastor PN, Reuben CA, Mendola P. Participation in activities outside of school hours in relation to problem behavior and social skills in middle childhood. Journal of School Health. 2010. mar;80(3):119-25. O Impacto de um Projeto... 103 182. Colantonio E. Deteccção, seleção e promoção de talento esportivo: considerações sobre a natação. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 2007;15(1):127-35. 183. Mello AS, Votre SJ, Góis JBH. Entrada e permanência de mulheres em projetos para jovens: um caso de cidadania reclamada. . Motriz. 2009 jul./set.;15(3):574-81. 184. Goellner S, Votre S, Mourão L, Figueira M. Lazer e gênero nos programas de esporte e lazer das cidades. Licere. 2010. jun.;13(2):1-20. 185. Hillesheim B, Cruz LR. Risco, vulnerabilidade e infância: algumas aproximações. Psicologia e Sociedade. 2008 mai./ago.;20(2):192-99. 186. Contijo DT, Medeiros M. Crianças e adolescentes em situação de rua: contribuições para a compreensão dos processos de vulnerabilidade e desfiliação social. Ciência & Saúde Coletiva. 2009;14(2):467-75. 187. Poletto M, Koller SH, Dell'Aglio DD. Eventos estressores em crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social de Porto Alegre. Ciência & Saúde Coletiva. 2009 mar./apr.;14(2):455-66. 188. Dias KP. Educação Física X Violência. Rio de Janeiro: Sprint. 1997. 189. Neto CAF. Motricidade e o jogo na infância. Rio de Janeiro: Sprint. 2001. 190. Andrade AN. A criança na sociedade contemporânea: do "ainda não" ao cidadão em exercício. Psicologia: Reflexão e Crítica. 1998;11(1). 191. Barros DD, Lopes RE, Galheigo SM. Projeto Metuia - Terapia Ocupacional no Campo Social O Mundo da Saúde. 2002 jul./set.;26(3):365-69. 192. Scherer-Warren I. Das mobilizações às redes de movimentos sociais. Sociedade e Estado. 2006 jan./abr.;21(1):109-30. 193. Cortês-Neto ED, Alchieri JC, Miranda HF, Dantas-Cavalcanti FI. Elaboração de indicadores de sucesso em programas de saúde pública com foco sócio-esportivo. Revista de Salud Publica. 2010. abr.;12(2):208-19. O Impacto de um Projeto... 104 194. Ferigolo M, Barbosa FS, Arboa E, Malysz AS, Stein AT, Barros HMT. Prevalência do consumo de drogas na FEBEM, Porto Alegre. Revista Brasileira de Psiquiatria. 2004;26(1):10-6. 195. Noto AR, Galduróz JCF. O uso de drogas psicotrópicas e a prevenção no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva. 1999;4(1):145-51. 196. Chalub M, Telles LEB. Álcool, drogas e crime. Revista Brasileira de Psiquiatria. 2006 out.;28(supl.2):569-73. 197. Guzmán-Facundo FR, Pedrão LJ, Lopez-García KS, Alonso-Castillo MM, EsparzaAlmanza SE. O uso de drogas como prática cultural dentro de gangues. Revista LatinoAmericana de Enfermagem. 2011 mai./jun.;19:839-47. 198. Silveira J. Desenvolvimento humano, co-responsabilidade social e educação no capitalismo: investigando o programa "Educação pelo Esporte" do Instituto Ayrton Senna. Motriviência. 2006. jun.;XVIII(26):113-25. 199. Correia MM. Projetos Sociais em Educação Física, Esporte e Lazer: reflexões e considerações para uma gestão socialmente comprometida. Arquivo em Movimento. 2008 jan./jun.;4(1):114-27. 200. Dória C, Tubino MJG. Avaliação da busca de cidadania pelo Projeto Olímpico da Mangueira. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação. 2006 jan./mar.;14(50):7790. 201. Machado PX, Cassepp-Borges V, Dell´Aglio DD, Koller SH. O impacto de um projeto de educação pelo esporte no desenvolvimento infantil. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional. 2007 jan./jun;11(1):51-62. 202. Machado TCJ, Dória CH, Vargas A. Os Projetos Sócio-Esportivos: uma análise histórico-contextual na Cidade do Rio de Janeiro. Lecturas Educación Física y Deportes. 2011 jun.;16(157). O Impacto de um Projeto... 105 8 AGRADECIMENTOS A minha família e minha “amiga especial” que durante todo este longo processo esteve ao meu lado compreendendo minhas dificuldades e ausências. Ao meu padrinho Paulo Lopes e minha “dindinha” Fernanda Abreu que sempre mostraram confiança e incentivaram meus estudos. Ao corpo docente da Universidad Autónoma de Asunción, professores que contribuíram de forma significativa para minha formação acadêmica, em especial, Prof. Dr. Angelo Vargas, Prof. Dr. José Fernandes Filho e Profª. Drª. Paula Roquetti Fernandes pela confiança depositada, conhecimentos e a paciência. Ao meu grande amigo e incentivador Prof. Ms. Carlos Henrique Dória, que sempre acreditou no meu potencial. Aos funcionários da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer da Cidade do Rio de Janeiro, que possibilitaram todos os recursos possíveis para realização do estudo. Aos funcionários da Vila Olímpica Ary Carvalho, principalmente ao Prof. Ivânio Amorim, Prof. Roni Muniz e a Administradora Selma, além do grande amigo e companheiro Edmilson que sempre esteve ao meu lado, propiciando o conhecimento da região e segurança na realização do estudo. Ao Presidente da Associação de Moradores da Vila Kennedy, “Serginho da AMOVIK”, que prontamente atendeu todas as nossas necessidades e solicitações. Ao meu Mestre Ângelo Sérgio e toda equipe que através de palavras e atos sempre mostraram confiança e admiração, dando aquele incentivo em momentos de extrema dificuldade. O Impacto de um Projeto... 106 Aos amigos “cuiqueiros” Xanduca, João Centrador e Bagdá pela paciência e incentivos. Ao amigo de longa data Tiago Donato, que por diversas vezes auxiliou com seus conhecimentos técnicos. Aos pesquisadores, participantes e profissionais envolvidos na realização do estudo, pois sem a participação deles nada seria possível. O Impacto de um Projeto... 107 9 ANEXOS ANEXO Nº1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Você está sendo convidado a participar da pesquisa: “O impacto de um Projeto Sócio Esportivo na Comunidade da Vila Kennedy”. Os avanços na ciência ocorrem através de estudos como este, por isso a sua participação é importante. O “OBJETIVO” deste estudo é investigar o impacto causado pelo Projeto Sócio-Esportivo, denominado Vila Olímpica Ary Carvalho, localizado na Comunidade da Vila Kennedy, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, no cotidiano de seus participantes. . Caso você participe, será necessário.... “responder o questionário, mantendo fidelidade nas respostas apresentadas”. Não será feito nenhum procedimento que lhe traga qualquer desconforto ou risco á sua vida. A divulgação do trabalho terá finalidade acadêmica, esperando contribuir para um maior conhecimento do tema estudado. Você poderá ter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua participação no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo, pois você será identificado com um número. Eu, ......................................................................, li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento a que serei submetido. A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso O Impacto de um Projeto... 108 não afetará meu tratamento. Sei que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo. Eu concordo em participar do estudo. Rio de Janeiro (RJ), ....... /....../........ __________________________________________________________ Assinatura do voluntário ou seu responsável legal __________________________ Documento de Identidade __________________________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável ___________________________________________________________ Assinatura do pesquisador executor CONTATO Endereço: ___________________________________________________ Telefone:__________________________ E-MAIL:_____________________________________________________ O Impacto de um Projeto... 109 ANEXO 2 Autorização do Comitê de Ética O Impacto de um Projeto... 110 ANEXO Nº 3 Questionário 1. Você reside em alguma dessas comunidades? ( ) Vila Kennedy – perto da Vila Olímpica ( ) Vila Kennedy – perto da Praça Leira/Barrão ( ) Vila Kennedy – perto do Campo do Vila ( ) Vila Kennedy perto da Praça Miami/Estátua da Liberdade ( ) Estrada Sargento Miguel Filho ( ) Favela do Quiabo ( ) Rua Congo ( ) Vila Progresso ( ) Estrada da Saudade ( ) Alto Kennedy ( ) Castor de Andrade III ( ) Metral ( ) Barrão ( ) Conjunto Antônio Gonçalves ( ) Quafá ( ) Malvinas ( ) Manilha ( ) Jardim do Éden ( ) Conjunto Sociólogo Betinho ( ) Estrada Guandu do Sena ( ) Outra Localidade. Qual?______________________ 2. Com quem você mora? ( ) Moro sozinho(a) ( ) Pai ( ) Mãe ( ) Pai e mãe ( ) Esposa / marido / companheiro(a) ( ) Filhos ( ) Irmãos ( ) Outros parentes ( ) Amigos ou colegas 3. Você freqüenta regularmente alguma Unidade Educacional (Escola)? ( ) Sim ( ) Não 4. Caso você já tenha abandonado a Escola responda: Esse abandono da Escola ocorreu antes ou após participar das atividades na Vila Olímpica Ary Carvalho? Caso não tenha abandonado não responda. ( ) Antes da entrada no Projeto ( ) Depois da entrada no Projeto ( ) Antes e Depois da entrada no Projeto 5. Caso tenha realizado ou realize responda: onde você freqüentou o Ensino Fundamental? ( )Todo em escola pública. ( ) Todo em escola particular com bolsa ( ) Maior parte em escola particular ( ) Maior parte em escola pública O Impacto de um Projeto... 111 ( ) Maior parte em escola particular com bolsa. ( ) Todo em escola particular. 6. Por qual motivo você procurou as atividades da Vila Olímpica Ary Carvalho? (Pode marcar mais de uma opção). ( ) Indicação médica. ( ) Busca de melhora estética. ( ) Busca por melhora do condicionamento físico e da saúde. ( ) Pelo prazer de realizar alguma atividade física. ( ) Por ser um entretenimento, passatempo. ( ) Superação dos limites físicos. ( ) Aprendizagem, novos conhecimentos. ( ) Realizar novas amizades. ( ) Chances de seguir a carreira esportiva. ( ) Outros motivos. 7. Qual/Quais modalidade esportiva você pratica na Vila Olímpica? (Pode marcar mais de uma opção). ( ) Futebol de Campo ( ) Futebol Society ( ) Futsal ( ) Natação ( ) Hidroginástica ( ) Pólo Aquático ( ) Capoeira ( ) Atletismo ( ) Karatê ( ) Judô ( ) Taekwondo ( ) Dança do Ventre ( ) Step ( ) Alongamento ( ) Ginástica ( ) Iniciação Desportiva ( ) Voleibol ( ) Basquetebol ( ) Handebol ( ) Tchoukball ( ) Badminton ( ) Hóquei sobre Grama 8. Você já participou de alguma competição esportiva representando a Vila Olímpica Ary Carvalho? ( ) Sim ( ) Não Caso tenha respondido sim, indicar qual ou quais modalidades esportivas. ( ) Futebol de Campo ( ) Futebol Society ( ) Futsal ( ) Natação ( ) Hidroginástica O Impacto de um Projeto... 112 ( ) Pólo Aquático ( ) Capoeira ( ) Atletismo ( ) Karatê ( ) Judô ( ) Taekwondo ( ) Dança do Ventre ( ) Step ( ) Alongamento ( ) Ginástica ( ) Iniciação Desportiva ( ) Voleibol ( ) Basquetebol ( ) Handebol ( ) Tchoukball ( ) Badminton ( ) Hóquei sobre Grama 9. Você possui vinculo com algum clube esportivo, associação ou federação? ( ) Sim ( ) Não Caso tenha respondido sim, indicar em qual ou quais modalidades esportivas. ( ) Futebol de Campo ( ) Futebol Society ( ) Futsal ( ) Natação ( ) Hidroginástica ( ) Pólo Aquático ( ) Capoeira ( ) Atletismo ( ) Karatê ( ) Judô ( ) Taekwondo ( ) Dança do Ventre ( ) Step ( ) Alongamento ( ) Ginástica ( ) Iniciação Desportiva ( ) Voleibol ( ) Basquetebol ( ) Handebol ( ) Tchoukball ( ) Badminton ( ) Hóquei sobre Grama 10. Você já realizou teste ou recebeu propostas para treinar alguma modalidade esportiva em clubes ou outros locais? ( ) Sim ( ) Não Caso tenha respondido sim, indicar qual modalidade esportiva. ( ) Futebol de Campo ( ) Futebol Society ( ) Futsal ( ) Natação ( ) Hidroginástica ( ) Pólo Aquático ( ) Capoeira ( ) Atletismo ( ) Karatê ( ) Judô ( ) Taekwondo ( ) Dança do Ventre ( ) Step ( ) Alongamento ( ) Ginástica ( ) Iniciação Desportiva ( ) Voleibol ( ) Basquetebol ( ) Handebol ( ) Tchoukball ( ) Badminton ( ) Hóquei sobre Grama 11. Quantas vezes na semana você realiza atividade física na Vila Olímpica Ary Carvalho? ( ) 1 vez ( ) 2 vezes ( ) 3 vezes 4 ( ) vezes ( ) 5 vezes ( ) Mais de 5 vezes 12. Qual meio de transporte você utiliza predominantemente para chegar a Vila Olímpica Ary Carvalho? O Impacto de um Projeto... 113 ( ) A pé ( ) Bicicleta ( ) Carona ( ) Transporte público ( ) Transporte particular ( ) Transporte locado (prefeitura/ ou escolar) 13. Você pratica outra/outras atividades, sem ligação com o esporte na Vila Olímpica Ary Carvalho? ( ) Não ( ) Sim. Qual?________________________________________________________ 14. Você realiza outras atividades em seu dia-a-dia, além de freqüentar a Vila olímpica Ary Carvalho e a Escola? ( ) Não ( ) Sim. Qual_______________________________________________ 15. Alguma vez você teve contato ou fez uso de drogas? ( ) Sim ( ) Não 16. Você reconhece alguma mudança em sua vida, após participar das atividades esportivas na Vila Olímpica Ary Carvalho? ( ) Sim, mudanças positivas ( ) Sim, mudanças negativas ( ) Não reconheço nenhuma mudança 17. Você acha que a Vila Olímpica Ary Carvalho, ajuda positivamente a comunidade da Vila Kennedy e comunidades vizinhas? ( ) Sim ( ) Não O Impacto de um Projeto... 114 ANEXO Nº 4 Autorização para realização de pesquisa O Impacto de um Projeto... 115 ANEXO Nº5 Autorização para realização de pesquisa O Impacto de um Projeto... 116 10 APÊNDICE APÊNDICE Nº 1 Artigo Publicado Os projetos sócio-esportivos: uma análise histórico-contextual na Cidade do Rio de Janeiro Los proyectos socio-deportivos: un análisis históricocontextual en la Ciudad de Río de Janeiro Projects socio-sports: an analysis historical context in the City of Rio de Janeiro *Mestrando em Ciência do Movimento Humano pela Universidad Autónoma de Asunción, PY **Doutorando em Educação Física e Desporto pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, PT ***Laboratório de Estudos da Cultura Social Urbana- LECSU ****Doutorado em Ciência da Motricidade Humana pela Universidade Técnica de Lisboa, PT (Brasil) Tibério Costa José Machado* *** [email protected] Carlos Henrique Dória** [email protected] Angelo Vargas*** **** [email protected] Resumo O presente artigo apresenta a análise histórico-contextual acerca da implementação e do desenvolvimento dos Projetos Sócio-Esportivos na Cidade do Rio de Janeiro. A Política Sócio-Esportiva passar a ser empregada em decorrência do aumento dos problemas de cunho social, que promoveram como vítimas principais o público jovem. A crescente atuação do Poder Público e o notório reconhecimento da eficiência esportiva propiciaram a disseminação da desta política, todavia indícios apontam que os primeiros fomentos ocorrem com a ausência de participação dos setores vinculados ao Governo. A consolidação dos Projetos SócioEsportivos implementados, juntamente com a confirmação da competência esportiva no que lhe foi designado, propiciou gradativo crescimento de utilização desta prática na sociedade do Rio de Janeiro, fato que remete a uma mudança de cenário, onde o Projeto Sócio-Esportivo deixa de ser uma alternativa para torna-se uma imprescindível estratégia de transformação social, utilizada prioritariamente nos dias atuais pelo Poder Público. Unitermos: Crianças. Adolescentes. Vulnerabilidade social. Políticas públicas. Esportes. Abstract This article presents a historical-contextual analysis about the implementation and development of SocioSports Projects in the City of Rio de Janeiro. The Socio-Sports Political become employed due to the increase of social problems, the principal victims who promoted the young audience. The growing role of the government and the notorious recognition efficiency led to the spread of sports Socio-Sports Political, however early indications suggested encouragements occur in the absence of participation of sectors linked to the Government. The consolidation of the Socio-Sports Projects implemented, along with a confirmation of competence in the sport that has been designated, allowed gradual growth of use of this practice in Rio de Janeiro society, a fact which leads to a change of scenery, where the Socio-Sport Projects ceases to be an alternative to become an indispensable tool for social transformation, primarily used today by the Government. Keywords: Child. Adolescent. Social vulnerability. Public policies. Sports. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/