AS POTENCIALIDADES EXPRESSIVAS DA PAREDE DE BETÃO APARENTE FAUP_Construção 2_Sistemas e Materiais de Construção_Betão_Alzira Castro_António Araújo_Solène Futsch A origem do betão Segundo Sigfried Giedion o descobrimento do cimento deve-se a John Smeaton na construção do farol de Eddystone, em Inglaterra, no ano de 1774. Foi resultado de experiências anteriores resultando cal viva, argila, areia, e escória de ferro em pó, como material de união dos aparelhos de pedra. O surgimento do cimento Portland atribui-se a Josep Aspdin, o primeiro aglomerado hidráulico. O ambiente tecnológico e político do séc. XIX tinha dado origem a uma série de construções utilitárias (pontes, naves industriais, estações ferroviárias) onde o uso do ferro desempenhava um papel estrutural e expressivo crucial nessa nova linguagem arquitectónica virada para a estrita expressão dos princípios de Vitruvio de Utilitas, Firmitas e Venustas. Ao longo da história a utilização do ferro começou a demonstrar as suas limitações enquanto material arquitectónico como por exemplo, no mau comportamento ao fogo e às condições atmosféricas, como a carência de uma manutenção assídua. O betão surge assim como uma solução a esse problema. Complementando-se com o ferro. As estruturas metálicas envolvidas com o betão garantiam uma menor dilatação das peças quando expostas ao calor do fogo e permitia-se uma maior economia em termos de gastos com a manutenção do material estrutural. A conjugação do betão com o ferro teve outras consequências positivas: o betão tem fraco poder de reacção a esforços de tracção mas é resistente quando submetido a compressões, a inserção de armaduras corrige esse problema e transforma-o numa vantagem. A construção em betão armado em termos de desenvolvimento tecnológico faz com que a construção metálica passe para segundo plano, já que em termos construtivos o betão armado torna-se num material eficaz e funcionalmente versátil. Do ponto de vista da linguagem arquitectónica coincide com o movimento moderno. As primeiras utilizações modernas do betão armado são dispersas e exteriores ao universo da construção dos edifícios. Como exemplo dessas experiências pioneiras aparecem a famosa embarcação de Joseph Louis Lambot em 1848, e os vasos de Joseph Monier em 1849. Estas obras apesar de não estarem directamente ligadas à construção tiveram extrema importância na medida em que estes objectos rudimentares remetiam já para algumas potencialidades que se consolidariam com o posterior desenvolvimento tecnológico do material como a possibilidade do uso do betão como um material estrutural. No fim do séc. XIX já era já era reconhecido pelo seu funcionamento resistente vantagens como material construtivo e as suas vantagens como o facto de ser um material económico. As primeiras aplicações em grande escala foram em 1890 com o construtor de Hennebique. A forma de dispor a armadura era tão definida por critérios essencialmente empíricos que permitiam estabelecer com rigor o comportamento estrutural dos tramos principais dos elementos estruturais a construir. Foi baseado na composição da estrutura em elementos reticulares formados por vigas e pilares. Em oposição o espírito pragmático de Hennebique criou-se na Alemanha uma escola de engenharia cuja aproximação ao comportamento do betão armado era mais teórica, ascendente em método de cálculo. Um trabalho por base no Monier, por exemplo, que estudava o papel do ferro no betão armado na patente de 1877, nas vigas prefabricadas. Desenho do sistema de lajes e vigas de betão armado de Hennebique para uma fábrica têxtil. Desenvolveram-se assim duas áreas distintas de estudo: Sistema francês: Hennebique, sistema estrutural reticular fundamentado na utilização do pilar, viga e laje em betão armado Sistema alemão: (Wayss e Freytag) arquitectura de laje, cujas formalizações expressam a possibilidade do novo material na realização de finas superfícies curvas O movimento francês teve extrema importância no desenvolvimento da arquitectura. August Perret, Jean Prouvé, Le Corbusier, e Marcel Lods fizeram experiências na prefabricação na sistematização de elementos e processos, para tentar revolucionar o problema da falta de habitação a partir da ideia da rapidez da construção e economia de meios. Primeiras manifestações do betão enquanto material arquitectónico O betão passa a intervir na definição de modernidade arquitectónica. Numa primeira fase assumiam-se em blocos a imitar pedra (artificial), não assumindo a sua natureza e propriedades naturais. No tratamento de superfície exterior, a maioria dos edifícios que utilizavam o betão como material construtivo acabaram por expressar a mesma linguagem formal que os edifícios de interior de alvenaria de pedra ou tijolo (não tirando partido das suas características de um material distinto) WILLIAM HENRY LASCELLES 1875 Teve uma preocupação a nível de aspecto de superfície. Consegue a coloração castanha das peças prefabricadas, já que seria esta cor resistente agressões climatéricas a que ficaram expostas. Contudo esta expressão limita-se a imitar edifícios rústicos… Auguste Perret Auguste Perret é um dos pioneiros na exploração das possibilidades do betão armado e mais especificamente do betão aparente. Nesta época, há a necessidade de renovar a linguagem arquitectónica face às novas técnicas e exigências da sociedade industrial. ascido a 1874 em Bruxelas, filho de um pedreiro, Auguste Perret tem uma sensibilidade para tratar nobremente um material simples. Perret explorava as potencialidades técnicas do betão mas sobretudo na sua capacidade expressiva arquitectónica, introduzindo uma nova linguagem baseada no princípio de que o betão tem uma qualidade estética própria e deve ser explicitada. Realizou muitos projectos industriais com o seu irmão que permitiram uma experimentação construtiva e arquitectónica, em particular nas superfícies curvas. Tinha conhecimento e seguiu o sistema estrutural desenvolvido por Hennebique. O projecto na rua Franklin nº25 realizado em 1902 foi o seu primeiro edifício em estrutura de betão armado e deixa de ser um material dissimulado para fazer parte da linguagem do edifício. As superfícies exteriores foram bujardadas de forma a mostrar a estrutura do interior, o betão foi usado como elemento estrutural (como um esqueleto) e revestimento do edifício ainda com alguns ornamentos florais. Com este exemplo, Perret mostrou que o betão era um material respeitável no domínio arquitectónico, contrariando as ideias conservadoras do estilo neoclassicismo dominante na transição do séc. XIX para o XX. Apesar disso, avaliando os seus trabalhos estruturalmente não foram tão arriscados e os seus projectos por mais ousados no desenho e nas formas ainda mantinham um ar tradicional. Escritórios Rua Franklin nº25 (pormenor do betão) As oficinas Esders construídas em 1920 em Paris desenvolveram a partir das novas potencialidade estruturais do betão abrir grandes vãos e abóbadas. Auguste Perret fez uma patente desta invenção. Este novo modo de conceber a ossatura do edifício assume os elementos de estrutura como constituintes activos na imagem do edifício. Com os conhecimentos adquiridos na construção dos edifícios industriais transpõenos para a construção dos seus projectos Oficinas Esders, Paris. posteriores. A igreja do Raincy é um exemplo disso. A realização da abóbada permite a iluminação do espaço. Perret utiliza o betão que, após descofragem, fica à vista. A textura da cofragem em madeira acentua a expressão arquitectónica da estrutura. O betão tem aqui uma intenção formal. Igreja do Raincy Le Corbusier Discípulo de Auguste Perret também Le Corbusier considerava o betão como o elemento chave da renovação arquitectónica. Trabalhou no escritório de Perret em 1908. Foi um dos arquitectos que no séc. XX mais tirou proveito deste material, muitas das suas propostas formais devem-se pela utilização do betão enquanto material estrutural e de acabamento. Pela primeira Le Corbusier afirma a estrutura do betão armado exposto sem tratamento ou acabamento, revelando exclusivamente a sua textura e impressão da cofragem. Artista plástico e arquitecto, Le Corbusier integrou as suas obras na componente escultórica e pictórica de obra de arte. Estabeleceu 5 pontos para uma nova arquitectura: Construção em pilotis, elevada do solo, cobertura terraço, a planta livre, janela comprida e fachada livre. Programa este que só pode ser cumprido com a utilização do betão armado. Todo o desenvolvimento do uso do betão armado deveu-se em grande parte a Le Corbusier pelo reconhecimento das propriedades expressivas e de plasticidade do material. A prefabricação foi uma resposta à grande urgência do construído a partir da Segunda Guerra Mundial. (solução económica e tecnológica) Le Corbusier propunha uma produção em serie semelhante à da prefabricação dos automóveis, inspirando-se na famosa produção de modelo da marca americana Ford. Coordenação modular: Uma das várias tentativas na padronização dos elementos levados a cabo pelas tendências internacionalista da arquitectura moderna, o módulo corbusiano representa o caso mais explícito de uma nova sensibilidade pela criação de uma ordem métrica universal. Garantia da qualidade dos edifícios. LE CORBUSIER EXPLORA AS POTENCIALIDADES DO BETÃO NÃO SÓ NA VERTENTE ESTRUTURAL COMO MATERIAL EXPRESSIVO, TEVE UM ENORME IMPACTO NA COSTRUÇÃO NA SEGUNDA METADE DO SEC XX. Casa em dom-ino em 1915 definição de um sistema estrutural a ossatura completamente independente das funções da habitação. O denominado plan libre (um dos conceitos primordiais da arquitectura moderna) suponha uma independência entre a fachada, a divisão interna e o sistema estrutural que apenas suportava as lajes e as escadas, dando a total flexibilidade à organização interior dos espaços. A casa dom-ino seria fabricada a partir de elementos estandardizados, combináveis com os outros. Unidade de Marselha em 1945 Como material resistente o betão armado assegura a estrutura primária que integra os pilotis ao nível do piso térreo e garante uma malha superior onde se localizam as células habitacionais. O betão em termos de acabamento de textura apresenta-se com tábuas de cofragem utilizada. O encerramento do edifício é feito alternando em painéis prefabricados por caixilharias de madeira. Os brise-soleis utilizados são peças fabricadas de betão; os trabalhos de betão aparente constituem as formas cubistas do último piso. No campo dos acabamentos acaba por se voltar para o efeito decorativo da superfície do material estrutural. La Tourrete finalizado em 1960 O edifício religioso La Tourrete, perto de Lyon demonstra a forma característica do material. Situado numa encosta íngreme, a praça, de estrutura aparentemente regular tem um pátio fechado interior que à primeira vista sugere um isolamento rigoroso mas que mediante uma análise mais próxima revela uma ligeira inclinação das paredes externas e adições frívolas que aliviam a austeridade. É um exemplo importante que demonstra a tendência de Le Corbusier pela expressão áspera, bruta e matérica do "betão bruto". Este edifício vive dos jogos de luz, das aberturas que lhe dá um diferente ar conforme o tempo. Rudolf Steiner A propósito da expressividade do betão Rudolf Steiner, arquitecto e teórico surge entre o final do séc. XIX e XX, numa época de grande dicotomia e oscilações estéticas onde se salientam no campo da arquitectura a vertente mecanicista racionalista e o organicismo de tendência expressionista. Rudolf Steiner contribuiu para diferentes áreas de estudo com a filosofia, arquitectura, teoria, medicina, pedagogia. De especial interesse na arquitectura e teoria, Steiner só contribui para a arquitectura aos 49 anos de idade, tendo sido autor de 17 obras de arquitectura. Como arquitecto projectista e teórico teve grande influência no seu trabalho o poeta Goethe cujas ideias se baseavam numa análise da realidade observada com o objectivo de superar as formas dominantes do pensamento analítico do seu tempo, substituindo-o por um pensamento vivo ao qual chamou o “julgamento intuitivo”. “Cultivou constantemente uma procura que superasse o mecanismo causa – efeito, por uma fenomenologia integral qualitativa”. Sendo que este princípio teórico da metamorfose expressou-se na obra de Steiner essencialmente através do trabalho de grandes superfícies volumétricas, curvas, convexas, formas orgânicas e naturalistas, e não através de um encaixe de superfícies geométricas numa organização lógico mecânica. Goetheanum, centro de antroposofia foi uma das obras que em termos construtivos tem um desenvolvimento interessante. É um dos exemplos mais interessantes da arquitectura expressionista, que conheceu duas fases de carácter construtivo distintas. O primeiro Goetheanum idealizado por Steiner assentava numa estrutura de madeira cuidadosamente trabalhada em cima de uma base de betão, que acabou por ser alvo de um incêndio e acabou destruído. Já na concepção do segundo edifício de Goetheanum estando ciente do problema do material construtivo, e não querendo correr mesmo risco, de forma interessante vai concebendo durante o seu processo maquetas que vão sendo esculturalmente moldadas com plasticina. Tendo já em vista o resultado de uma grande “escultura “ monólito todo ele executado em betão aparente erguendo-se sobre a paisagem de Dornach. Facto que passar para a realidade construtiva esta superstrutura de betão necessitou de um enorme esforço e trabalho a nível das cofragens sem as quais muitas superfícies curvas e arestas afiadas do betão ensaiadas nas maquetas não teriam sido alcançadas. Cofragens que foram realizadas por um carpinteiro chamado Heinrich Liedvogel e que consistiam em tiras finas de madeira curva e húmidas pregadas sobre os quadros. 1º Goetheanum (1908-1925) Estrutura em Madeira apoiado sobre uma base em betão Esta sua obra acabou por se tornar numa das obras mais impressionantes do séc. XX, símbolo da arquitectura expressionista e das obras pioneiras em betão aparente. Onde Rudolf Steiner foi capaz de levar o trabalho do betão para outro nível completamente distinto. Do simples plano puramente estrutural, rígido e construtivo de como o betão era visto até então, Steiner levou-o para um plano mais plástico/orgânico, moldando –o como se de uma escultura se tratasse, o betão ganha formas diferentes através do grande trabalho de cofragens parecendo ganhar vida própria. 2º Goetheanum (1924-1928) Destacado na paisagem apresentando as suas formas orgânicas em betão aparente Composição do material O betão é um material composto, de carácter fluido e por ser moldável confere-lhe muitas possibilidades na materialização da concepção arquitectónica. O uso do betão permite a exploração dos acabamentos da sua superfície e a criação de uma plasticidade do material possibilita uma vastidão de formas quase infinita daí o seu interesse por parte de arquitectos e engenheiros). É uma pasta composta por uma mistura de brita/cascalho, areia, cimento, água, e aditivos que conforme os casos pode ser vertida em cofragens, inserida em armaduras dispostas de acordo com a configuração pretendida. É um material com excelentes propriedades de resistência mecânica (em relação a outros materiais tem custos inferiores) Consoante a resistência que se pretende num determinado betão pode-se variar a sua compacticidade dos próprios constituintes da massa compósita. O aspecto final das superfícies depende do tipo de constituintes do betão, como da qualidade do cimento, o tipo de esforço, a idade do betão, a qualidade relativa de agua, dos aglomerados dos inertes da sua compactação. O processo de fabricação do betão é um processo aparentemente simples mas que até atingir a sua maturidade técnica tem uma evolução lenta dada a heterogeneidade da sua própria composição e a complexidade do seu comportamento. Aplicação e fabrico do betão armado Existem dois tipos de aplicação e fabrico de betão, com características bastante distintas: o betão fabricado in-situ e o betão prefabricado. O betão prefabricado em termos de acabamentos possibilita uma vasta gama de expressões, já realizadas no betão in-situ, é uma solução pior quer pelo custo que é mais elevado como pela impossibilidade de proceder a um controlo rigoroso de qualidade do processo produtivo (já no sistema de produção em fábrica a qualidade está garantida). A primeira fase no fabrico do betão é o doseamento e mistura dos materiais constituintes da composição. Nomeadamente na quantidade de água já que também está presente nos inertes. Na betoneira primeiro introduz-se os inertes mais grossos e uma parte de água depois o cimento e a restante água. Finaliza-se com a adição dos restantes inertes que é variável. O tempo para amassar é superior a um minuto e duplica na adição de adjuvantes. A mistura de betão está pronta quando se obtém uma pasta homogénea (melhora a moldagem e optimiza a superfície final) A segunda é a colocação do betão no molde que depende do tipo de cofragem pretendido, devendo ser distribuído em telas horizontais. Cada camada deve ser compactada após a sua colocação e nunca ter mais de 50cm de espessura (nas paredes laterais não seria possível a libertação das bolhas de ar) Para a sua compactação recorre-se à sua vibração libertando o ar aprisionado da mistura de betão e mantendo o arranjo interno das partículas. A compactação vai ter influência no resultado final. O método de compactação mais utilizado resulta numa vibração de altas frequências a partir de uma agulha. Ao submeter o betão fresco à vibração e por acção da gravidade as partículas mais densas descem e obrigam o ar a sair da mistura. Os pontos de vibração devem distar conforme o diâmetro da agulha (entre os 25 e 70cm). A agulha deve estar em contacto com a camada de betão até metade da sua altura e não deve tocar na armadura (pois o betão pode não aderir à estrutura e causar problemas estruturais). Existem outros métodos de vibração do betão como na própria cofragem, que é o sistema com melhores resultados, já que a zona mais vibrada é a superfície provocando uma maior eliminação das partículas de ar junto à mesma. É importante também referir que o tempo de vibração é variável e uma vibração longa demais pode ter efeitos negativos na massa de betão como aumento das bolhas de ar, rompimento da estabilidade de argamassa ou manchas na face do paramento. O betão ao perder água diminui e pode demorar mais de um ano atingir o estado definitivo. Diminui a maior parte no período imediato à sua colocação e após o primeiro ano a forma mantém-se estável. Aproximadamente 28 dias depois do início da presa de betão atinge a sua presa de referência. A secagem e mistura deve ser gradual e lenta para possibilitar a totalidade das suas reacções nomeadamente a formação dos cristais essenciais à sua resistência. A cura é feita para proteger o betão contra a desidratação acelerada que tem efeitos com a perda de cor, resistência, impermeabilidade e resistência ao desgaste e aos ataques químicos ao produto final. Pode ser feita pela não remoção da cofragem durante toda a cura (não permite a reutilização dos moldes) ou através da cobertura das membranas de cura para que formem películas impermeáveis ao vapor de água ou também aplicação de agentes líquidos sobre a face do betão. A temperatura e humidade do ambiente condicionam o tempo para retirar os moldes que varia dos 3 aos 28 dias (pode ser reduzido através de tratamentos térmicos). Uma peça só pode ser retirada do molde quando atinge 50% da resistência que se espera ter aos 28 dias. Na prefabricação este tempo pode variar com a manipulação das temperaturas benéficas a uma melhor produção e mais rápida. A superfície da parede de betão armado As superfícies com cor ou textura podem ser obtidas: antes da moldagem (através do molde), após a moldagem (dependendo do processo de fabrico) e depois da cura através do tratamento por ácidos, pintura, jacto de areia ou polidos. Relativamente ao tratamento das superfícies betonadas, Tinhamér Konoz classifica-as segundo quatro alternativas distintas 1- Superfícies em que o molde serve de cunho (estampagem); 2- Superfícies enobrecidas mediante tratamentos mecânicos; 3- Tratamento químico; 4- Tratamento através de pinturas e recobrimentos; 1- Na primeira abordagem, e relativamente à cofragem um objecto em betão está directamente ligado ao material com que é cofrado, o molde define não só a forma do objecto como a sua textura. Por isso o tipo de cofragem depende do tipo de peças a betonar e do acabamento pretendido. A dimensão da peça está directamente ligada às funções estruturais e por sua vez a cofragem tem de prever as suas forças e evitar deformações do molde. Existem vários materiais para um molde. A escolha varia consoante a superfície que se pretende e no especifico caso da parede de betão aparente é importante que esta superfície seja lisa e impermeável. Exemplos de cofragens: Madeira: normalmente os painéis são compostos por peças maciças e laminadas de 12 a 35 mm e revestidas por um material impermeável que protege o painel das infiltrações. Metal: as cofragens permitem uma maior rigidez e resistência e absorve melhor os impulsos do betão fluido. A vibração pode ser aplicada directamente no molde. É um sistema mais caro e a sua manutenção e limpeza é difícil. Um dos problemas que pode desenvolver é na contaminação da superfície por oxidação superficial. Betão: é uma solução mais difícil na manutenção e mais pesada (é mais utilizada na prefabricação). As superfícies que resultam deste tipo de cofragem são muito lisas e tem a vantagem de não alterar a dimensão. No entanto, a manutenção é cara devido ao polimento necessário para a sua descofragem. Para outros tipos de efeito pretendido na superfície bem como cofragens flexíveis ou insufláveis, ou na fabricação de peças especiais ou com grande rotatividade como na prefabricação podem se usar outros materiais como moldes em fibra de vidro, PVC, acrílico, elastómeros ou em poliestireno. 2- No segundo, em execução mecânica pode ser subdividido duas categorias: uma em que a superfície de betão húmido que pode ser executada com placas ou tubos de alisamento por exemplo. A segunda, em betão endurecido, que consiste em lavagens, feitas através de agua nas partículas finas pouco tempo depois de betonar ou enquanto a fabricação mistura-se barro com a gravilha escolhida para capa da superfície; através de jactos de areia, que possibilitam uma acção mais erosiva, ou então através da bujardagem ou outros utensílios. 3- No terceiro ponto através do tratamento químico das superfícies, e possível aumentar a solidez da superfície 4- No quarto ponto que se refere às pinturas e recobrimentos pode ser feito em betão húmido ou endurecido através da pulverização ou projecção. Ex: biblioteca Eberswalde Herzog e Meuron Edifício de exposições de colecção Oscar Reinhart em Winterthor Edifício da central ferroviária de Zurique Annette Gigon e Mike Guyer Aproximaçao do tom do betao à accao dos comboios a travar (betao composto por oxido de ferro pigmento com a mesma base quimica da substancia libertada) Edifício de exposições de colecção Oscar Reinhart em winterthor, Gigon e Guyer. Em "el homigón premoldeado en la arquitectura" Morris agrupa os acabamentos em agregados expostos ou revestimento de agregados com o objectivo de remover a capa superficial de cimento e areias que pode ser feita através da lavagem com água, retardadores, aplicação de ácidos e remoção mediante abrasivos) e ainda recobrimentos da parede ou moldagem com texturas. Critérios de selecção de agregados Requisitos de durabilidade, livre de impureza e ter a forma adequada à elaboração de um bom betão; Deve ser suportado por amostras realizadas pelo fabricante para uma maior precisão no produto acabado. O factor da luz é determinante na modelação das superfícies. Deve ter em conta a acção das condições atmosféricas. Quanto à cor o betão pode ser composto por vários tipos de cimento com colorações diferentes nomeadamente o cimento cinzento que é o mais barato, betão branco que apresenta vantagens na homogeneidade do tom e menor diferença de tonalidade ou betão de mistura (a uniformidade é maior quanto maior for a percentagem de cimento branco, sendo que a cor cinzenta é sempre dominante). Questões de detalhe na obtenção de uma superfície especifica Visto que o aspecto final das superfícies depende do tipo de constituintes do betão deve-se definir previamente a forma, a cor, o acabamento de superfícies (que condiciona a composição, tem uma grande variedade de cofragens e consoante a solução do projecto varia no processo construtivo) e a técnica construtiva utilizada (se é betão fabricado in-situ ou em prefabricado). Quanto à técnica construtiva utilizada vai alterar a aparência das peças. Os elementos em prefabricado têm vantagens em termos de homogeneidade e qualidade de superfície que é garantida pelo seu fabrico prévio, quando é feito in-situ tem de ser definido e testado previamente o seu tipo de cofragem, estereotipia e os planos de betonagem. Sendo considerado um material com grandes potencialidades estruturais: a industrialização assegura-lhe os melhores resultados compatibilizando a qualidade das peças com o preço dos meios produtivos empregues. Garantindo assim uma mão-deobra qualificada, sistematização dos meios empregue, controlo apertado da produção e o fabrico de componentes de betão. Especificamente na qualidade de acabamentos, a prefabricação representa o método mais fiável e rentável na produção em larga escala de peças. Quando actualmente o tempo de construção das obras é reduzido e onde os níveis de qualidade técnica são cada vez mais apertados, a prefabricação aparece como um sistema produtivo que do ponto de vista técnico como arquitectónico capaz de grande desempenho. Processo de execução: Moldagem-betonagem-compactaçaodesmoldagem Armazenamento-transporte-montagem Outro defeito resulta da não utilização de óleos específicos descofrantes (resulta no descasque) ou quando na altura da descofragem por defeito do molde ou por Os defeitos da parede de betão aparente condições atmosféricas não o permite fazer consistem em todos os tipos de irregularidades correctamente. desde variações dos tons, defeitos na A fissuração da parede de betão é também superfície como o aparecimento aleatório de um problema que pode resultar interna ou buracos causados pelas bolhas de ar no betão externamente. solidificado. Pode ter origem na quantidade Quando há uma diminuição de água e errada de água de amassadura, ou pelo modo aumento de quantidade de finos na como o betão foi vertido para o molde ou por composição do betão é frequente ocorrer vezes também as bolhas podem ficar retidas ou por estar em contacto com variações no molde e nem a vibração por vezes corrige o atmosféricas. problema. Outro dos defeitos ocorrentes são Outro defeito ocorrente é o aparecimento bolhas maiores chamados vazios ou "chochos" de manchas que pode ser causado por um que podem ocorrer pela falta de elementos encobrimento insuficiente da armadura ou finos para cobrir os inertes de maior dimensão existência de impurezas nos inertes. ou por uma armadura demasiado apertada que Defeitos como o aparecimento do interior não permite aos inertes deslocarem-se da ferrugem para o exterior ou passagem livremente no molde durante a vibração. Não dos defeitos de um molde de madeira não só são defeitos de superfície como para o tratada para o betão. envelhecimento do betão, são mais Para qualquer parede de betão aparente é susceptíveis a criar organismos indesejáveis, necessário ter todas estas limitações do por exemplo. Outro defeito de superfície material e prever, adequando a composição resulta na reduzida quantidade de cimento e do betão e a sua aplicação às condições pode provocar uma textura arenosa do climatéricas de um determinado local onde paramento. o edifício se localiza. Defeitos da superfície de betão aparente Secção de betão armado que foi corroído pela agua Fissuração Ferrugem na parede de betão bolhas de ar no betão solidificado As obras do betão aparente - Serôdio e Furtado habitação pluriflamiliar em Sá de Albergaria, Porto, 1991-2002. - Olgiati escola em Paspels, Suiça, 1998. -Herzog e De Meuron biblioteca da escola tecnica de Eberswalde, 1993-1996. O principal objectivo na escolha destes exemplos foi para demonstrar os diferentes tipos de aplicação de betão aparente. Cada um dos exemplos representa soluções construtivas distintas, sendo que num dos exemplos é da dupla de arquitectos Serôdio e Furtado, a parede de betão aparente assumida é a parede estrutural. Neste exemplo, construído na foz do douro, Porto, Portugal a parede de betão afirma-se do lado exterior, sendo que o isolamento acústico se faz no interior do edifício revestido a alvenaria e reboco. Para percebermos as diferentes adaptabilidades da parede de betão em diferentes lugares usamos outra referência, esta do arquitecto Olgiati na Suiça (escola de Paspels) em que a parede de betão é usada também enquanto solução estrutural e revestimento quer no exterior como no interior. Olgiati desenha a parede estrutural no interior com uma espessura de 250 mm, no meio resolve o isolamento térmico com 120mm e faz uma contra betonagem para o exterior com as mesmas características da parede estrutural interna, com 250mm de espessura. Achamos pertinente também usar um exemplo em que a parede de betão aparente serve somente como revestimento em que a estrutura é feita em separado e não é afirmada, já o revestimento feito em blocos de betão prefabricado. Em termos de processo construtivo ambos tem a mesma lógica de concepção construtiva e em ambos é clara a intenção de afirmar a parede de betão à vista. Ambas as betonagens têm uma proporção de 25cm de espessura mas devido aos factores climatéricos distintos destes dois países o isolamento na Suíça é mais resistente e espesso à partida do que em Portugal. Tendo em conta essas condicionantes externas o isolamento e a contra-betonagem variaram. Enquanto no edifício de habitação plurifamiliar de Sá de Albergaria tem um isolamento mais simples e uma parede de alvenaria de tijolo de 7 cm revestida a reboco, na escola de Paspels para além do isolamento a mesma parede de betão é assumida para o interior. No caso do Herzog , diferente dos anteriores resolve a estrutura e o revestimentos ambos em betão mas em separado. Enquanto que nos dois exemplos a parede de betão estrutural é assumida como pele do edifício, neste exemplo utiliza-se o mesmo material mas apenas como um material de acabamento. Há no entanto uma forte intenção de querer relacionar esse acabamento com as funções do próprio edifício. Neste caso os painéis de betão são em prefabricado e como expressão de acabamento faz uma fotogravação em betão que consiste na transferência de uma fotografia para a tela através do processo da serigrafia, usando retardador de presa em vez de tinta. Ogiati Escola em Paspels Serôdio, Sá de Abergaria Serôdio, Sá de Abergaria Herzog Bibioteca