Oficina CH/EM Material do aluno Oficina – África Caro Aluno, Esta oficina tem por objetivo possibilitar uma reflexão sobre o continente africano, destacando suas principais características naturais, econômicas, políticas, sociais e culturais. Ela busca compreender a organização e a diversidade do continente, bem como criar possibilidades para você analisar como as histórias da África e dos africanos estão intimamente ligadas à história brasileira, exercendo grande influência na economia, na linguagem, na cultura, na corporeidade e nos sentidos e significações sociais da vida cotidiana brasileira. Assim, a oficina pretende sensibilizá-lo e convidá-lo à reflexão sobre a importância histórica da África, procurando destacar, ora com um recorte histórico, ora com um olhar geográfico, os elementos mais importantes da África, da Pré-história até a atualidade. Ao final da oficina, esperamos que você saiba: entender a importância histórica da África no processo evolutivo do homem; compreender o processo de escravidão africana; identificar as principais processos históricos da África; situar as principais características geográficas do continente africano; identificar os aspectos fundamentais do Imperialismo europeu; identificar os principais problemas do continente africano, bem como suas raízes históricas; reconhecer e identificar as heranças africanas na sociedade e cultura brasileiras. Bom trabalho! Setor de Educação de Jovens e Adultos 1 Oficina CH/EM Material do aluno Parte 1 – Introdução Com pouco mais de 30 milhões de quilômetros quadrados, a África é o terceiro maior continente do planeta e, reconhecidamente, aquele que apresenta os maiores contrastes, tanto em suas paisagens naturais, como nos quadros políticos, econômicos, sociais e culturais. Os 930 milhões de habitantes vivem em 54 países independentes, fazendo da África o segundo maior continente em população. Disponível em: <http://www.colorirgratis.com/desenho-de-mapa-com-os-limites-dos-países-do-mundo_8999.html>. Acesso em: 08 nov. 2012. 8h40min. Disponível em: <http://misosoafricapt.wordpress.com/2012/03/19/mapa-atualizado-da-africa-2012/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 8h50min. Setor de Educação de Jovens e Adultos 2 Oficina CH/EM Material do aluno Exercício 1 Reconhecendo o continente Observe as palavras e as imagens a seguir e marque com “X” aquelas que você relaciona ao continente africano: (__) fome (__) deserto (__) escravidão (__) petróleo (__) doenças (__) analfabetismo (__) pobreza (__) islamismo (__) safári (__) conflitos (__) diamante (__) rúgbi (__) ouro (__) savana (__) rio Nilo 1. (__) 3. (__) Setor de Educação de Jovens e Adultos 2. (__) 4. (__) 3 Oficina CH/EM Material do aluno 5. (__) 6. (__) 7. (__) 8. (__) Parte 2 – África: origens da humanidade A África é o grande berço da humanidade. Os primeiro hominídeos e o homem moderno nasceram e deram os seus primeiros passos no continente africano. Observe o trecho a seguir: “No centro-norte da África, na floresta tropical das imediações do Chade, hoje desérticas, foi encontrado o crânio fóssil do mais antigo hominídeo conhecido até agora, com idade entre 6 e 7 milhões de anos. Pertencia ao gênero Sahelanthropus tchadensis e foi batizado de Toumai. Na região que atravessa a Etiópia, o Quênia e Tanzânia foram encontrados outros fósseis de ancestrais humanos, como os do gênero Australopithecus (do latim australis, “do sul”, e do grego pithekos, “macaco”), que viveu no continente desde pelo menos 4 milhões de anos atrás e se diferenciava de outros primatas pela dentição semelhante à dos humanos atuais, andar bípede e postura ereta. (...) Ali viveram, portanto, diversas linhagens paralelas de nossos ancestrais, que se entrelaçaram até o surgimento do homem moderno.” VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil. 1 ed. São Paulo: Scipione, 2010. p.31-32. Setor de Educação de Jovens e Adultos 4 Oficina CH/EM Material do aluno Os indivíduos do grupo Australopithecus são os mais antigos ancestrais conhecidos da humanidade. Ao analisar a linha do tempo dos hominídeos, observe que entre as diferentes espécies de Australopithecus e o gênero Homo Sapiens moderno, são mais de 4 milhões de anos de diferença temporal. Veja abaixo um interessante diagrama que demonstra a evolução das espécies de Hominídeos: Linha do Tempo das Espécies do Hominídeo (em milhões de anos) Disponível em: <http://www2.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev2.htm>. Acesso em: 26 nov. 2012. 11h32min. Como é possível observar na linha do tempo acima, existiram diferentes espécies de Australopithecus: Australopithecus afarensis, Australopithecus africanus, Australopithecus afarensis ramidus. Acredita que provavelmente, o gênero Homo, teria se desenvolvido a partir do Australopithecus africanus. Lucy Australopithecus afarensis: é a espécie de Lucy, o mais famoso dos hominídeos. Os pesquisadores calculam que Lucy (o mais completo fóssil de um Australopithecus) tenha vivido há cerca de 3,2 milhões de anos. Ao lado, uma réplica de “Lucy”, no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México. Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lucy_(f%C3%B3ssil)>. Acesso em: 26 nov. 2012. 11h35min. Setor de Educação de Jovens e Adultos 5 Oficina CH/EM Material do aluno Você sabia... que foi na África que se desenvolveu uma das mais antigas civilizações do mundo? O Egito Antigo. E, além disso, você sabia que é da África um dos países mais novos do mundo? O Sudão do Sul, que foi criado oficialmente em 9 de julho de 2011. Exercício 2 Considere o mapa dos fósseis dos hominídeos: Localização dos fósseis. Muitos tipos de hominídeos viveram na África entre 6 e 2,5 milhões de anos atrás Disponível em: <http://www2.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev2.htm>. Acesso em: 26 nov. 2012. 11h26min. Setor de Educação de Jovens e Adultos 6 Oficina CH/EM Material do aluno Através do mapa, identifique 5 (cinco) países africanos onde foram encontrados os fósseis dos hominídeos. Além disso, informe também a capital de cada país identificado. Caso seja necessário, consulte um mapa político do continente africano. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. Parte 3 – Colonização da América (Escravidão) A colonização da América significou um dos maiores deslocamentos populacionais forçados da história da humanidade. Calcula-se que mais de 12 milhões de africanos tenham sido sequestrados e levados para o continente americano, resultando em sérios problemas populacionais, sobretudo, um déficit de população masculina, o que provocou um desarranjo das correlações de força entre as vilas, cidades e povos. Vale ressaltar que menos escravos chegaram à América. A imigração forçada e violenta de africanos para as Américas provocou o que os historiadores denominam de Diáspora Africana ou Diáspora Negra, formando o Mundo Atlântico, resultado de processos contínuos e dinâmicos de hibridização cultural e social. Esse fato possibilitou, sobremaneira, a constituição de uma rica diversidade étnica e cultural na América, somado aos sucessivos ciclos de imigração europeia, asiática e africana, livre para esse continente. A escravidão na África “A escravidão existiu em praticamente todas as sociedades africanas. Havia variados tipos de sociedade, desde povos com hábitos migratórios até grandes e poderosos impérios, mas quase todos utilizavam escravos. A maioria das sociedades escravistas, entretanto, era composta de reinos mais ou menos urbanizados, com hierarquias bem definidas. Elas utilizaram amplamente os escravos na agricultura, no pastoreio ou em atividades mineradoras, assim como no trabalho doméstico, em construções e até mesmo na burocracia.” VAINFAS, R. História: volume único. São Paulo: Saraiva, 2010. p.162. A partir do século 15, a escravidão que existia como fenômeno social histórico africano passou a ser transformada em sistema econômico escravista, com a instituição do tráfico “negreiro” de escravos africanos, explorado pelos países europeus, tais como Portugal, Espanha, Inglaterra e Holanda. Setor de Educação de Jovens e Adultos 7 Oficina CH/EM Material do aluno Exercício 3 Observe o quadro com as etnias, grupos, subgrupos africanos que foram sequestrados para o Brasil: Povo Língua Região atual Nome dado pelos colonizadores Subgrupos (Etnia) Grande Grupos Étnicos Mahi Sudanês * Bamberos, bangalas, bondos, cáris, dembos, hacos, holos, hungos, ngolas, punas etc. Bienos, seles, lumbos, lumbos, gandas, sambos, cacondas Banto * Banto Malês Ifa, Ana, shabe, owo, yagba * Sudanês Quiloas * * Ewes orientais, chamados de Fon Bakongo Fongbé Benin, Togo Mina-jeje ou jeje-marrim Quicongo Congo Congos Ambundos Quimbundo Angola Angolas Ovimbundos Umbundo Angola Benguelas Tyos ou bataqueses * Congo Monjolo Iorubá Iorubá Hauca * Suaile ou Swahili Quiloa Nigeria, Benin, Togo Nigéria Tanzânia Nagôs Banto Banto * Sem informação Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/81665743/Etnias-africanas-que-vieram-para-o-Brasil>. Acesso em: 28 nov. 2012. 9h20min. A partir do quadro acima, responda às seguintes questões: a) Quais são os países que “forneceram” escravos para o tráfico negreiro? ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. b) Quais são as línguas que os escravos falavam quando chegaram ao Brasil? ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. Setor de Educação de Jovens e Adultos 8 Oficina CH/EM Material do aluno c) Quais são os grandes grupos étnicos chegaram ao Brasil? ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. Parte 4 – Africanos e africanidade no Brasil As marcas e raízes do sistema escravista são profundas na sociedade brasileira, refletindo através da produção e reprodução do racismo estrutural, dos baixos salários pagos a profissionais que executam trabalho manual (ou “braçal”) e da marginalização e exclusão dos descendentes dos povos africanos, os quais até hoje sofrem com o preconceito e a discriminação disseminados no espaço público e no espaço privado (as famílias). Na linguagem, na forma de se expressar, no corpo, na alimentação, na forma e nos hábitos de comer, nos sentidos e significações da vida cotidiana, em tudo, a africanidade e a herança africana está presente no modus vivendi, isto é, no modo de vida dos milhões de brasileiros e brasileiras. Dessa forma, o Brasil define a sua africanidade no sentido que as nossas origens humanas estão assentadas na África, bem como pelo fato de que as raízes da cultura e da sociedade brasileira possuem origem e DNA africano. Disponível em: <http://coletivoprocotasuel.blogspot.com.br/2011/02/definicao-de-africanidade.html>. Acesso em: 28 nov. 2012. 10h20min. Na feijoada que comemos, na roda de capoeira na qual gingamos, os verbos que conjugamos e molejo com que andamos, ou seja, em todos esses elementos e aspectos da vida social brasileira, nos deparamos com o traço africano, sim, com certeza, híbrido, transformado e conjugado com as demais correntes culturais e históricas do POVO BRASILEIRO. Setor de Educação de Jovens e Adultos 9 Oficina CH/EM Material do aluno Apesar do Brasil ser um dos maiores países com população negra (a soma dos que se autodeclaram pardos e pretos), persiste no nosso país uma ideologia dominante, a qual, por diversas vezes, apresenta-se com gradações preconceituosas e/ou discriminatórias e/ou racistas, e que insiste em negar, ignorar e desqualificar o genótipo (características genéticas do indivíduo) e fenótipo (características físicas do indivíduo) da população descendente dos antepassados africanos, trazidos na ocasião da empresa colonizadora. A Igreja Católica e escravidão Em quase todo o período de colonização, a Igreja Católica, através da Companhia de Jesus e dos jesuítas, teve papel importante na construção da sociedade brasileira, atuando principalmente no trabalho de educar as elites agrárias, rurais e patriarcais da colônia e na “salvação” e conversão da população indígena. Contudo, com relação à escravidão dos africanos, a posição institucional da Companhia de Jesus, da Igreja Católica e dos seus membros acabava por ser muito ambígua e, muitas vezes, também contraditória: ora condenavam toda e qualquer sorte de escravidão, ora apoiavam a escravidão, seja por intenção ou por omissão. Alguns integrantes da Igreja Católica acreditavam equivocadamente que os africanos e seus descendentes não possuíam alma e por isso, poderiam ser escravizados e ser submetidos a violências físicas (castigo), violência simbólica e psicológica. Imagem: Sermão do Padre Antônio Vieira aos índios. Disponível em: <http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=veritas&subsecao=historia&artigo=igreja_escravidao&lang=bra>. Acesso em: 29 nov. 2012. 12h32min. Exercício 4 Línguas Africanas no Brasil A presença de línguas africanas no Brasil está diretamente associada ao tráfico de escravos que, por mais de três séculos sucessivos, de 1502 a 1860, introduziu no país por volta de 3.600.000 africanos, de origem diversa: “sudaneses”, da região situada ao norte do equador (ciclo da Guiné, século 16); “bantos”, ao sul do equador (ciclo do Congo e de Angola, século 17); “sudaneses”, novamente, da costa ocidental (ciclo da costa da Mina, início do século XVIII, e ciclo da baía do Benim, meados do mesmo século); no século 19, chegam escravos de todas as regiões, predominando os originários de Angola e Moçambique (Mattoso, 1982). Não se pode precisar o número das línguas que aqui aportaram, mas sabe-se que na área atingida pelo tráfico são faladas por volta de 200 a 300 línguas, uma pequena parcela do conjunto linguístico africano que conta com mais de 2000 línguas, segundo o inventário mais recente (Grimes, 1996). Disponível em: <http://www.labeurb.unicamp.br/elb/africanas/verbete_geral_africano.htm>. Acesso em: 28 nov. 2012.11h03min. Setor de Educação de Jovens e Adultos 10 Oficina CH/EM Material do aluno Leia a lista de palavras abaixo e circule as palavras de origem africana: ANGU BAGUNÇA CANECA BATUQUE MOLEQUE APARTAMENTO CACHIMBO QUITUTE CAÇULA CASA SENZALA CAFUNÉ Parte 5 – Duas Áfricas: Norte da África e África Subsaariana A África é o berço de uma das mais antigas civilizações que se conhece: a civilização egípcia, que teve seu apogeu entre os anos 3000 e 1000 a.C. A partir do século 8 a.C., o norte do continente foi ocupado primeiro pelos gregos, depois pelos romanos e, posteriormente, pelos árabes, no século 6. As demais regiões eram habitadas por inúmeras tribos e povos de diferentes etnias até a chegada dos portugueses no século 16. TRABALHANDO COM MAPAS. O mundo subdesenvolvido. São Paulo: Editora Ática, 2004. p. 54. Costuma-se regionalizar a África em dois grandes conjuntos: o Norte da África (também conhecido como “África Árabe”) e a África Subsaariana (também conhecida como “África Negra”). Observe o mapa: Setor de Educação de Jovens e Adultos 11 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno Essa divisão tem por base critérios étnicos, culturais e religiosos. O Norte da África é constituído por 8 países: Sudão, Egito, Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos, Saara Ocidental e Mauritânia. No geral, os habitantes desses países são de origem árabe e seguem a religião islâmica. Essa região é praticamente uma continuação do Oriente Médio, tanto do ponto de vista étnico e religioso, como do ponto de vista natural, uma vez que nela também predominam as paisagens mediterrâneas, semiáridas e desérticas. Assim como no Oriente Médio, o petróleo é a principal riqueza econômica do Norte da África, seguida pelo turismo, agricultura e pesca, nas áreas litorâneas; e pastoreio nômade, nos desertos. Outra semelhança importante com o Oriente Médio é a presença de importantes conflitos étnicos e religiosos, que provocam uma situação de instabilidade e insegurança na região. A “Primavera Árabe”, uma série de manifestações populares pela queda de ditadores e mudanças de regimes políticos, iniciadas em dezembro de 2010, ao contrário do que muitos pensam, iniciou-se no Norte da África, na Tunísia, seguida pelo Egito e Líbia. Abrangendo a maior parte do território e da população, a África Subsaariana, que recebe esse nome por estar localizada ao sul do deserto do Saara, é constituída pelos outros 46 países. Ela é a África, dos povos de etnias negras (mais de oitocentas distintas) e onde as diferenças sociais, econômicas e culturais são mais visíveis. Ou seja, comparada ao norte do continente, a África Subsaariana é bem mais heterogênea. A paisagem natural varia dos desertos às florestas úmidas equatoriais, passando pelas savanas tropicais. Em alguns países, as condições de vida são extremamente precárias e, à exceção da Nigéria e da África do Sul, a economia dos países é incipiente e está voltada basicamente para as atividades primárias, como agricultura e pecuária. Os conflitos étnicos e as guerras civis fazem parte do cotidiano da África Subsaariana e despertam um dos grandes problemas do continente: a questão dos refugiados, migrantes que são obrigados a deixar suas regiões de origem, por conta dos conflitos. Cerca de 30% dos refugiados do mundo encontram-se em território africano. Setor de Educação de Jovens e Adultos 12 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno A fronteira natural que separa o Norte da África da África Subsaariana é conhecida como Sahel. O Sahel é a faixa de transição ao sul do Deserto do Saara, formada por vegetação de estepes, de clima árido e semiárido e que passa por um intenso processo de desertificação e escassez hídrica. Essa região, de grande crescimento demográfico, possui intensos conflitos tribais e é uma das mais pobres e violentas do continente. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Sahel_Map-Africa_rough.png>. Acesso em: 12 nov. 2012. 12h25min. Exercício 5 Complete a cruzadinha: 1. Maior cidade do mundo árabe e da África. 2. Vegetação típica das áreas tropicais do continente africano. 3. Doença que já matou mais de 2 milhões de pessoas no mundo, 75% delas na África. 4. País de colonização portuguesa que viveu um intenso conflito armado durante o processo de independência, na década de 1970. 5. Ex-presidente sul-africano, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1993, foi um dos grandes representantes da luta contra a política segregacionista do apartheid. 6. Grupo linguístico da África Subsaariana que engloba 400 etnias distintas. 7. Atividade de criação de animais de forma extensiva, típica da área dos desertos. 8. Diplomata nascido em Gana. Exerceu, de 1997 a 2007, o cargo de Secretário Geral das Nações Unidas (ONU). Em 2001, foi um dos ganhadores do Prêmio Nobel da Paz pela criação do Fundo Global de Luta contra AIDS, Tuberculose e Malária. 9. Conhecido por sua antiga civilização, é um dos países mais ricos e desenvolvidos do continente africano. Sua economia está baseada na indústria petroleira e no turismo. Sua capital é Cairo. 10. País mais desenvolvido do continente africano. Viveu, entre 1948 e 1994, um dos mais rigorosos regimes segregacionistas da história, o apartheid, que privava os negros de sua cidadania. Setor de Educação de Jovens e Adultos 13 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno 11. País que foi dividido após plebiscito, em 09 de julho de 2011, depois décadas de guerra civil, entre o norte (de maioria árabe) e o sul (de população negra). 12. Maior floresta úmida do continente, e segunda maior do mundo, atrás apenas da Floresta Amazônica, na América do Sul. Parte 6 – Neocolonialismo do século 19 O Neocolonialismo do século 19 foi o processo de dominação e expansão econômica e militar dos países europeus sobre os continentes africano e asiático. As ações imperialistas europeias na África já datavam desde a metade do século 19, com a presença dos holandeses e britânicos na África do Sul e dos britânicos e franceses na África do Norte. No entanto, a descoberta de diamantes na África do Sul e abertura do Canal de Suez, ambos em 1869, despertaram a “cobiça” da Europa sobre o continente africano. Resultado: os países europeus iniciaram um movimento militar e violento de disputa dos territórios africanos, iniciando o chamado Neocolonialismo ou Imperialismo. O processo de ocupação dos territórios dava-se, em algumas áreas, via força militar, e em outras, por meio de negociação e acordos com os líderes africanos. Bélgica, França, Inglaterra, Portugal e Alemanha Setor de Educação de Jovens e Adultos 14 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno dividiram o território africano, em um processo denominado “Partilha da África”, colocando no mesmo território, etnias e povos rivais e desrespeitando as peculiaridades históricas e sociais. Atualmente, essas ações resultaram e diversos conflitos étnicos dentro do continente africano. Exercício 6 Mapa da “Partilha da África” Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/partilha-da-africa/>. Acesso em: 28 nov. 2012. 10h20min. A partir do mapa acima e de um mapa político atual do continente africano, informe alguns países que foram colonizados por cada país europeu listado abaixo: França Setor de Educação de Jovens e Adultos Inglaterra Portugal Bélgica 15 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno Parte 7 – Descolonização e problemas atuais Com o enfraquecimento da Europa, após a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) e o fortalecimento das duas novas potências hegemônicas: Estados Unidos e União Soviética (URSS), muitas metrópoles não conseguiram manter suas colônias na África e na Ásia. Com intervenção norte-americana e soviética, vários países lutaram e conseguiram suas independências. Iniciava-se aqui, a descolonização africana e asiática, após quase cem anos de colonização europeia. Em três décadas, após 1950, já no período da chamada “Guerra Fria”, a maioria das colônias africanas (e asiáticas) já eram países independentes. Em alguns lugares, como Argélia, Angola e Moçambique, ocorreram conflitos violentos pela conquista da independência. Apesar da independência, a dominação colonial europeia deixou marcas na África que permanecem até hoje. A imposição do modelo de economia voltada para a agricultura de exportação (a plantation), substituindo e destruindo as economias locais de subsistência; o desrespeito às particularidades e diferenças de cada uma das tribos na delimitação das fronteiras africanas, são apenas alguns exemplos da influência europeia no continente, sobretudo, na África Subsaariana. No século 19, os europeus dividiram o continente de forma arbitrária. Criaram fronteiras artificiais, separaram povos que viviam em conjunto e uniram pela força povos que, tradicionalmente, eram inimigos, com cultura, línguas e hábitos diferenciados. Esses povos foram obrigados a conviver dentro de fronteiras que não eram reconhecidas por eles e subordinados a governos que não os representavam, tampouco foram escolhidos por eles. Evidentemente, o único elemento que unificava as colônias africanas era a presença da Europa. Quando essas colônias se tornaram independentes, cada novo Estado africano não possuía uma nação, mas sim várias nações, dentro de seus territórios. A consequência foi a eclosão de sangrentas guerras civis e étnicas após os processos de independências. Somadas às diferenças étnicas e às guerras civis, o continente ainda presenciava as disputas pelo poder político entre grupos rivais e pelo controle das fontes de recursos naturais, a fome, a miséria e as epidemias, que assolavam o continente já a essa época. O resultado dessa complicada trama se reflete nas péssimas condições de vida da população, no subdesenvolvimento e na instabilidade política e econômica, constantemente associadas ao continente. Setor de Educação de Jovens e Adultos 16 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno Em Ruanda, uma bomba de efeito retardado Massacres como o que é mostrado no filme Hotel Ruanda, sobre a guerra civil naquele país, são resultado da verdadeira bomba de efeito retardado deixado pelos europeus após a descolonização. Os hutus (85%) e os tutsis (15%) conviveram durante séculos na região, até que, ao final da Primeira Guerra Mundial, a Bélgica tomou posse do território, atribuído anteriormente à Alemanha, derrotada naquele conflito. Com base em teorias raciais sem nenhum fundamento científico, os belgas chegaram à conclusão de que os tutsis eram mais semelhantes aos brancos que os hutus. Por isso, concederam diversos privilégios aos tutsis, que receberam melhor educação e tinham preferência no acesso aos postos de trabalho e na administração colonial. Após a independência, em 1959, os hutus, majoritários, passaram a dominar a vida política, e o ressentimento contra os tutsis deu origem a uma série infindável de conflitos. O ódio racial explodiu em 1994, quando os hutus, instigados por um presidente demagogo, massacraram, no período de três meses, 800 mil tutsis – homens, mulheres e crianças. O significado histórico da chacina vai além do número espantoso de vítimas. Mesmo com as notícias da imprensa, que acompanhava dia a dia as atrocidades, os governos ocidentais e as Nações Unidas se omitiram, ignorando os apelos para que interviessem a fim de acabar com o banho de sangue. O genocídio só terminou depois que uma força rebelde tutsi tomou o poder em Ruanda e passou, por sua vez, a perseguir os hutus. Aí, a situação se inverteu. Os tutsis atacaram os campos de refugiados hutus no Congo, causando outras centenas de milhares de mortes e levando a guerra civil para o país vizinho. FUSER, Igor. Geopolítica: o mundo em conflito. São Paulo, Editora Salesiana, 2010. p. 61. Exercício 7 Observe e interprete a caricatura a seguir, VICENTINO, C., DORIGO, G. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2010. p. 718. Setor de Educação de Jovens e Adultos 17 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno No contexto da descolonização africana, apontando as consequências desse processo para o continente. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. Exercício 8 Compare o mapa de divisão étnica da África pré-colonização europeia (1) com o mapa de divisão política atual do continente (2) e aponte as principais diferenças entre eles, destacando as justificativas para tais diferenças. Em seguida, apresente as principais consequências do processo de constituição política das fronteiras africanas. (1) (2) Disponíveis em: <http://escoladegeografia.wordpress.com/2010/10/25/conflitos-na-africa/>. e <http://www.dalvit.pro.br/mapas_mudos.htm>. Acesso em: 12 nov. 2012. 11h30min. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. Setor de Educação de Jovens e Adultos 18 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno Parte 8 – Pan-africanismo: política e cultura O movimento pan-africanista reuniu um conjunto de pensadores negros que pregava a união dos povos de todos os países do continente africano, de forma que pudessem lutar contra o preconceito, a opressão racial e o racismo. A partir desse grupo de pensadores, foi criada a Organização de Unidade Africana (1963), com a participação de afrodescendentes que vivem fora da África. As principais propostas dos pan-africanistas eram: estruturação social do continente, por meio de uma redistribuição étnica na África, para que pudessem unir grupos separados e separar grupos rivais, rompendo a divisão imposta pelos países europeus; o resgate de práticas religiosas; e o uso de línguas nativas, que eram anteriormente proibidos pelos colonizadores. Os principais idealizadores da teoria panafricanista foram Edward Burghardt Du Bois e Marcus Musiah Garvey. Exercício 9 Abaixo há duas pequenas biografias de líderes do movimento pan-africanista. Ao ler as pequenas biografias, preencha as lacunas com as palavras adequadas: Marcus Mosiah Garvey (Saint Ann's Bay, Jamaica, 17 de agosto de 1887 – Londres, 10 de junho de 1940) foi um comunicador, empresário e ativista jamaicano. É considerado um dos maiores ativistas da história do movimento ___________________________. Garvey liderou o movimento mais amplo de descendentes ____________ até então; é lembrado por alguns como o principal idealista do movimento de ______________________________. Na realidade ele criou um movimento de profunda inspiração para que os negros tivessem a "redenção" da África, e para que as potências _________________ desocupassem a África. Setor de Educação de Jovens e Adultos 19 coloniais Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno William Edward Burghardt "W. E. B." Du Bois (Great Barrington, Massachusetts, 23 de fevereiro de 1868 — Acra, Gana 27 de agosto de 1963) foi um sociólogo, historiador, ativista, autor e editor estadunidense. Ele foi o proponente do _____________________ e ajudou a organizar vários Congressos Pan-Africanos para defender a libertação das _______________ africanas das potências europeias. Du Bois acreditava que o capitalismo era a causa primária do _________________ e foi simpático às causas socialistas durante toda sua vida. Foi um ardente ativista da ________________ e defendia o desarmamento nuclear. A _____________________________________, que incorporava muitas das reformas que Du Bois defendeu toda sua vida, foi promulgada um ano após sua morte. Parte 9 – Apartheid O regime do Apartheid ("vidas separadas") foi um regime segregacionista que discriminava a população negra (maioria) da África do Sul e privilegiava econômica, social e politicamente a população branca (maioria). Apesar da segregação existir na África do Sul desde o século 17, quando a região foi colonizada por ingleses e holandeses, o termo apartheid passou a ser usado oficialmente em 1948. No regime do apartheid, o governo era controlado pelos holandeses e ingleses, que criaram leis racistas e segregacionistas, dividindo o país em brancos e negros, isto é, banheiros para brancos e banheiros para negros, restaurantes para brancos e restaurantes para negros, escolas para brancos e escolas para negros. Entre as leis do apartheid, podemos citar: Proibição de negros no uso de determinadas instalações públicas (bebedouros, banheiros públicos). Criação de um sistema diferenciado de educação para as crianças dos bantustões (bairros só para negros); Proibição de casamentos entre brancos e negros; Obrigação de declaração de registro de cor para todos sul-africanos (branco, negro ou mestiço); Proibição de circulação de negros em determinadas áreas das cidades; Determinação e criação dos bantustões. Setor de Educação de Jovens e Adultos 20 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno O regime do apartheid vigorou até 1990, quando ocorreu a liberdade do ativista Nelson Mandela, preso desde 1964 por lutar contra o regime de segregação. Em 1994, Mandela tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul. Veja a biografia de dois líderes do movimento de resistência ao regime segregacionista do apartheid: Nelson Rolihlahla Mandela é um importante líder político da África do Sul que lutou contra o sistema de apartheid no país. Nasceu em 18 de julho de 1918 na cidade de Qunu (África do Sul). Mandela, formado em direito, foi presidente da África do Sul entre os anos de 1994 e 1999. Frases de Nelson Mandela: "Sonho com o dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos". - “Não há caminho fácil para a Liberdade”. - “A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até o fim de meus dias”. - “A educação é a arma mais forte que você pode usar para mudar o mundo”. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/biografias/nelson_mandela.htm>. Acesso em: 27 nov. 2012. 9h Steve Bantu Biko (18 de dezembro de 1946 - 12 de setembro de 1977) foi um conhecido ativista do movimento anti-apartheid na África do Sul, durante a década de 1960. Insatisfeito com a União Nacional de Estudantes Sul-africanos, da qual era membro, participou da fundação, em 1968, da Organização dos Estudantes Sulafricanos. Em 1972, tornou-se presidente honorário da Convenção dos Negros. Frases de Steve Biko: - “Um dia nós estaremos em condições de dar à África do Sul o maior dos presentes uma face mais humana”. - “O racismo não implica apenas a exclusão de uma raça por outra - ele sempre pressupõe que a exclusão se faz para fins de dominação". - “Racismo e capitalismo são faces da mesma moeda". Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Steve_Biko>. Acesso em: 27 nov. 2012. 9h15min. Setor de Educação de Jovens e Adultos 21 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno Exercício 10 Considere o discurso do líder sul-africano Nelson Mandela, realizado em Pretória, em 10 de maio de 1994: Discurso de Nelson Mandela. Pretória, 10 de maio de 1994. Hoje, através da nossa presença aqui e das celebrações que têm lugar noutras partes do nosso país e do mundo, conferimos glória e esperança à liberdade recém-conquistada. Da experiência de um extraordinário desastre humano que durou demais, deve nascer uma sociedade da qual toda a humanidade se orgulhará. (...) Esta união espiritual e física que partilhamos com esta pátria comum explica a profunda dor que trazíamos no nosso coração quando víamos o nosso país despedaçar-se num terrível conflito, quando o víamos desprezado, proscrito e isolado pelos povos do mundo, precisamente por se ter tornado a sede universal da perniciosa ideologia e prática do racismo e da opressão racial. (...) Chegou o momento de sarar as feridas. Chegou o momento de transpor os abismos que nos dividem. Chegou o momento de construir. Conseguimos finalmente a nossa emancipação política. Comprometemo-nos a libertar todo o nosso povo do continuado cativeiro da pobreza, das privações, do sofrimento, da discriminação sexual e de quaisquer outras. Conseguimos dar os últimos passos em direção à liberdade em condições de paz relativa. Comprometemo-nos a construir uma paz completa, justa e duradoura. (...) Assumimos o compromisso de construir uma sociedade na qual todos os sul-africanos, quer sejam negros ou brancos, possam caminhar de cabeça erguida, sem receios no coração, certos do seu inalienável direito a dignidade humana: uma nação arco-íris, em paz consigo própria e com o mundo. (...) Que haja justiça para todos. Que haja paz para todos. Que haja trabalho, pão, água e sal para todos. (...) Nunca, nunca e nunca mais voltará esta maravilhosa terra, a experimentar a opressão de uns sobre os outros, nem a sofrer a humilhação de ser a escória do mundo. Que reine a liberdade. O sol nunca se porá sobre um tão glorioso feito humano. Que Deus abençoe a África! Disponível em: <http://www2.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev2.htm>. Acesso em: 26 nov. 2012. 11h32min. Setor de Educação de Jovens e Adultos 22 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno A partir da leitura e análise do discurso de Nelson Mandela, responda às seguintes questões: a) Quais os problemas sociais que Mandela quer combater na África do Sul? ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. b) Qual a principal mensagem transmitida pelo discurso de Nelson Mandela? ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. c) Quais os valores e princípios seriam defendidos nesse novo momento político da África do Sul? ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. Parte 10 – Perspectivas para o continente africano Os problemas da África, sobretudo da África Subsaariana, são difíceis de serem solucionados. Muitos países do continente ainda sobrevivem da ajuda humanitária de organizações internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas). Em alguns casos, essas mesmas organizações chefiam missões de paz para tentar amenizar as marcas dos conflitos étnicos. A qualidade de vida da população que vive ao sul do Deserto do Saara é precária e o desenvolvimento econômico, historicamente, apresenta baixos índices de crescimento. As escolas são superlotadas, quase um terço da população sofre com fome e a subnutrição, os hospitais são precários, assim como as condições de esgoto e de saneamento básico. As taxas de natalidade e a mortalidade infantil são altas; a expectativa de vida, ao contrário, é baixa. O desemprego é elevado, e tende a aumentar com o rápido crescimento demográfico; a renda per capita diminuiu. Segundo o Banco Mundial, um em cada três africanos vive abaixo da linha de pobreza, ou seja, sobrevive com menos de dois dólares por dia1. 1 Muitos africanos já se encontram na linha da indigência, pois sobrevivem com menos de um dólar por dia. Setor de Educação de Jovens e Adultos 23 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno Observe os mapas a seguir e reflita sobre as condições do continente africano no contexto mundial: VESENTINI, W.; VLACH, V. Geografia. Projeto Teláris 9. São Paulo: Ática, 2012. p. 174. VESENTINI, W.; VLACH, V. Geografia. Projeto Teláris 9. São Paulo: Ática, 2012. p. 234. Setor de Educação de Jovens e Adultos 24 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno VESENTINI, W.; VLACH, V. Geografia. Projeto Teláris 9. São Paulo: Ática, 2012. p. 239. Todavia, apesar dos vários problemas, o século 21 desponta com novas perspectivas políticas e econômicas para a África. O continente que sempre foi considerado excluído do processo de globalização, dos avanços tecnológicos, da competição e do desenvolvimento econômico acena, aos poucos, para mudanças. Os regimes ditatoriais, típicos da época da descolonização, estão sendo substituídos pelo pluripartidarismo e por governos mais democráticos. Do ponto de vista econômico, o aumento dos preços e da procura por recursos naturais importantes, como o petróleo, coincidem com novas descobertas de jazidas em território africano. Somente a China e a Índia cresceram em um ritmo tão acelerado como alguns países da África. De 2000 a 2010, o PIB dos países africanos exportadores de petróleo apresentou média de crescimento de 4%. Angola, Moçambique, Líbia e Nigéria merecem destaque nesse cenário. Outro fator que justifica o crescimento econômico é o investimento estrangeiro no continente, principalmente chinês. Embora Brasil, Rússia e Índia também participem desse processo. Aos poucos, os países africanos ampliam suas relações comerciais com os países investidores que, em troca da comercialização e da participação na exploração dos vastos recursos naturais do continente, investem na construção, desenvolvimento e modernização de infraestruturas como estradas, ferrovias, portos, usinas hidrelétricas e termelétricas. Setor de Educação de Jovens e Adultos 25 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno Leia a reportagem de julho de 2012: Reportagem de 19/07/2012 China anuncia 20 bilhões de dólares para investimentos na África Pequim - A China anunciou nesta quinta-feira (19/7) que dobrará, para 20 bilhões de dólares, seus créditos à África e se comprometeu a fazer com que seus investidores também beneficiem os africanos, em uma decisão que coroa a presença crescente da segunda economia mundial no continente. (...) Hu [Hu Jitao, presidente chinês] explicou que os empréstimos, dos quais não especificou a duração, serão destinados a infraestrutura, agricultura, indústria manufatureira e ao desenvolvimento de pequenas e médias empresas. (...) A segunda economia mundial tem realizado grandes investimentos no continente africano, principalmente nas matérias-primas necessárias para seu crescimento. (...) Desde 2009, a China é o principal sócio comercial da África. O intercâmbio comercial entre China e a África alcançou no ano passado 166,3 bilhões de dólares, uma alta de 83% em relação a 2009, segundo o Ministério do Comércio chinês, que indica que a China se tornou o primeiro sócio comercial da África. (...) Mais "responsabilidade social" A cooperação com a China é uma oportunidade "para os países africanos para diversificar suas economias, criar emprego e melhorar a saúde e a educação", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na abertura do Fórum. O presidente sul-africano Jacob Zuma, lembrou, no entanto, sobre o desequilíbrio das relações comerciais entre ambos os sócios. "Este modelo de comércio não é viável no longo prazo. A experiência econômica da África com a Europa no passado mostra que é preciso ser prudente antes de se comprometer a colaborar com outras economias", disse. Disponível em:<http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2012/07/19/internas_economia,312746/china-anuncia-20bilhoes-de-dolares-para-investimentos-na-africa.shtml>. Acesso em: 13 nov. 2012. 10h05min. Setor de Educação de Jovens e Adultos 26 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno Exercício 11 Reflita sobre a situação atual do continente africano, discutida ao longo dessa oficina, levando em consideração a interpretação da charge a seguir: (Jornal: O Estado de São Paulo. 19 abr. 2000. p. A3). ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................. Setor de Educação de Jovens e Adultos 27 Oficina CH/EM – Presencial Material do aluno Indicações Vídeos Diamantes de Sangue. Direção Edward Zwick. EUA, 2006. Filme que tem como pano de fundo a guerra civil de Serra Leoa na década de 1990. Narra o encontro de um contrabandista de diamantes e um pescador forçado a trabalhar nos campos de extração para a Força Revolucionária Unida, que trafica o recurso para financiar sua guerra contra o governo. Hotel Ruanda. Direção Terry George. África do Sul, 2004. Filme baseado na história real do gerente de um hotel em Kigali, capital de Ruanda, que salvou mais de mil pessoas durante a guerra civil entre tutsis e hutus, em 1994, e que matou mais de um milhão de pessoas. Invictus. Direção Clint Eastwood. EUA, 2009. Filme que narra a vitória da desacreditada seleção sul-africana na Copa do Mundo de Rúgbi, em 1995. Nelson Mandela, presidente do país à época, usa o esporte para unir o país recém-saído do regime do apartheid. O Jardineiro Fiel. Direção Fernando Meirelles. EUA, 2005. O filme narra a história de um diplomata britânico (jardineiro por hobby) residente na África, que tem sua esposa brutalmente assassinada. Decidido a investigar, descobre que o crime foi queima de arquivo, dirigida por uma empresa farmacêutica que usa a população como cobaia para testes em seus remédios contra tuberculose. Livro FUSER, Igor. Tragédia Africana. In: Geopolítica: o mundo em conflito. São Paulo: Salesiana, 2010. Capítulo do livro Geopolítica: o mundo em conflito, de Igor Fuser, que retrata de forma didática as origens dos problemas atuais do continente africano. Setor de Educação de Jovens e Adultos 28