Carta enviada ao DN e demais órgãos de informação no dia 16/08/2006 Ex.mos Senhores: Director do Diário de Notícias Ex.ma Senhora jornalista Paula Carmo Como radioamador e Presidente da Associação de Radioamadores do Distrito de Leiria, ao abrigo da lei, solicito por este meio a divulgação deste artigo (resposta) ao artigo publicado no vosso jornal a 16 de Agosto de 2006, denominado “Cavaco, Governo e polícias sem comunicações seguras”. Sem conseguir visualizar as motivações, os interesses e as intenções deste artigo, leio-o com espanto pois foi redigido de forma tão displicente e atentativa ao bom nome dos radioamadores, pessoas que são apresentadas como foras da leis, possíveis terrorista, destabilizadores da ordem pública e com ligações perigosas ao mundo do crime. Este artigo para além da fraca qualidade, e um péssimo exemplo de jornalismo, releva um grande desconhecimento sobre a essência de tudo aquilo de que pretende caracterizar, tratando de forma leve e displicente o “cerne” da questão. Permitam-me três pontos a comentar: 1. Os radioamadores 2. As forças de Segurança e as comunicações 3. A lei 1 - Os radioamadores são homens e mulheres, dos mais diversos estratos sociais, unidos pelo gosto das comunicações, o que não é só escutar e falar via frequências de rádio. Ser radioamador é investigar, estudar, programar e realizar construções técnicas e científicas sobre as muitas formas de comunicar. Os radioamadores foram e são s responsáveis pela evolução das comunicações. Qualquer tipo de evolução que exista nas comunicações os radioamadores mais cedo ou mais tarde terão capacidade técnica para a possuir pois provavelmente terá sido um deles a inventá-la. Os radioamadores há mais de 30 anos que têm Internet, que possuem sistemas de localização satélite, que fazem televisão, que comunicam via satélite, que recebem sinais meteorológicos… isto quando recentemente o estado português apresentou o sistema de localização por satélite como uma grande inovação. Os radioamadores portugueses não necessitam de nenhum choque tecnológico, bem ao contrário de algumas actividades …incluindo nesta, alguns jornalistas. Estranhamente o DN e a autora do artigo sobre escutas, não sabem nem referem que o recorde do mundo de escuta, já que falamos em escuta, é de um radioamador português CT1DMK, ao conseguir receber os sinais de rádio da sonda Voyager-1 da NASA, localizada a uma distância de 14.7 biliões de km da Terra. Não mencionam também, que os astronautas profissionais são na sua quase totalidade radioamadores e que aqueles que não o são durante o treino que são submetidos, tiram a sua licença de amador. Senhor Director e Senhora Paula Carmo, os radioamadores portugueses não são fora da lei, possíveis terrorista, destabilizadores da ordem pública e com ligações perigosas ao mundo do crime, nem boicotam conforme o infeliz artigo dá a entender, acções da faz forças da ordem, cito: “… a cancelar uma mega operação policial no Norte do País, pois a sua actividade havia sido vigiada com o recurso a radioamadores”, são sim voluntários sempre disponíveis para ajudar as autoridades (Alcafache, Açores, Guiné….) Embora vos possa ser difícil entender isso, os radioamadores são pessoas de carácter, são responsáveis e mais do que isso têm capacidade técnica para comunicar e científica para construir e operar equipamentos de comunicações dos mais avançados tecnicamente. 2. As forças da lei e as comunicações As forças da lei e o estado português por mais que “blindem “ os seus sistemas de comunicações, assim como todos os estados no mundo, jamais estarão imunes à escuta das mesmas nomeadamente pelos terroristas. Países mais avançados tecnologicamente que Portugal, são perfeitamente conhecedores desta realidade. Isto porque as redes de terrorismo possuem os seus “cérebros” e não, ao contrário do que este infeliz artigo faz entender, porque os radioamadores são terroristas. As comunicações evoluíram de tal forma que um simples sinal (ping) emitido num sistema digital, numa frequência de rádio durante menos de um segundo, transporta imensa comunicação. Do mesmo modo que os radioamadores estão sempre comunicáveis com todo o mundo, os terroristas também o estão, e numa imensidão de frequências muito dificilmente será possível de apanhar grande parte dessas comunicações. Em Portugal o SIRESP vem de alguma forma retirar vunerabilidade ao sistema de comunicações. È pena que V.Ex.as não saibam que Lisboa já tem o seu SIRESP a funcionar (mais uma mensagem errada que transmitiram por leviandade) desde o tempo do Dr. Santana Lopes na Presidência da Câmara Municipal de Lisboa. O SIRESP ou qualquer outro sistema de comunicações rádio, ao primeiro abano de terra ou ventania mais forte deixará de funcionar, pois os seus “sites” ficaram inoperativos., não sendo por isso um sistema infalível Sabe a Sr.ª. Paula Carmo e o Sr. Director quem terá a capacidade técnica de colocar uma rede de comunicações de Emergência e Socorro a funcionar? Sabem quem estabeleceu e manteve uma rede de comunicações de emergência em Nova Iorque durante o 11 de Setembro? Sabem quem estabeleceu e manteve uma rede de comunicações após o “Katrina”? Sabem quem estabeleceu e manteve uma rede de comunicações após o maremoto na Ásia? Foram aqueles aquém vocês apelam de terroristas e de boicotantes: os radioamadores! Seria de interesse que V.Ex.as, preocupados com a segurança, investigassem o que se passou após o EURO 2004, no que diz respeito ao protocolo que o Estado Português celebrou com as Associações de Radioamadores, e que após este evento se demitiu completamente doas suas responsabilidades. Ou que investigassem sobre de que forma, com que meios ou quem, em caso de calamidade ou catástrofe em Portugal tem a capacidade para criar uma rede de comunicações no mais curto espaço de tempo? 3 A Lei Em Portugal ou em qualquer outro ponto do mundo livre, é possível adquirir equipamentos de rádio, que permitem escutar e emitir nas mais diversas frequências de rádio. Igualmente há uma lei que rege ao abrigo das recomendações da ITU, pela qual os radioamadores Portugueses se regem. Se neste artigo existisse vontade de bem informar os seus leitores a senhora jornalista teria ido à página da ANACOM, ao endereço: http://www.anacom.pt/template20.jsp?categoryId=2385&contentId=12524 Aí consultaria a lei vigente, conhecendo a lei de modo que de forma responsável e séria, estivesse habilitada a informar sobre o que levianamente escreveu: Assim: Artigo 1.ºConceitos Para efeitos do presente diploma entende-se por: a) Radiocomunicações: toda a transmissão, emissão ou recepção de símbolos, sinais, escrita, imagens, sons ou informações de qualquer natureza, por ondas radioeléctricas, incluindo os fenómenos físicos de transferência de energia electromagnética por indução no espaço e a transmissão por guia artificial, quando este não for concebido para assegurar tal transmissão sem provocar radiação no espaço exterior aos seus condutores; b) Serviço de radiocomunicações: serviço que implica a transmissão, a emissão ou recepção de ondas radioeléctricas com fins específicos de telecomunicações; c) Serviço de amador: serviço de radiocomunicações, que tem por objectivo a instrução individual, a intercomunicação e o estudo técnico efectuado por amadores, isto é, por pessoas devidamente autorizadas que se interessam pela técnica radioeléctrica a título unicamente pessoal e sem interesse pecuniário; e) Amador: toda a pessoa titular de um certificado de amador nacional, emitido nos termos deste Regulamento Artigo 14. º Situação de crise ou guerra 1- Em situação de crise ou de guerra, a pedido das entidades competentes, pode o ICP requisitar as estações de amador para comunicações de emergência. 2- Declarada a situação de crise ou guerra, e enquanto ela durar, pode o ICP, a pedido das entidades competentes, suspender no todo ou em parte a utilização das faixas de frequências atribuídas ao serviço de amador. Artigo 15.º Outras situações de emergência 1- O titular de uma estação de amador pode utilizar a sua estação para a transmissão de mensagens relativas à salvaguarda da vida humana, em casos de ocorrência de acidentes graves e catástrofes naturais. 2- Durante as situações de emergência a transmissão das mensagens deve ser efectuada nas faixas de frequências do serviço de amador previstas para esse efeito e estabelecidas em portaria do membro do Governo responsável pela área das comunicações. 3- Em caso de ocorrência de acidentes graves e catástrofes naturais, o titular de uma estação de amador pode estabelecer ligação a estações de outros serviços de radiocomunicações. Artigo 17.º Radiocomunicações interditas É especialmente vedado aos amadores: a) Utilizar códigos nas emissões, exceptuando-se os previstos no Regulamento das Radiocomunicações da Convenção Internacional das Telecomunicações ou outros aprovados pelo ICP; b) Utilizar as estações de amador para fins ilícitos; c) Transmitir mensagens de terceiros ou destinadas a terceiros, ainda que obtidas por intercepção acidental, excepto quando a transmissão diga respeito à segurança da vida humana ou outros casos de emergência; d) Retransmitir as emissões de estações de radiodifusão sonora ou de outros serviços de radiocomunicações; e) Emitir música e publicidade de qualquer natureza; f) Interligar equipamentos de estações de amador com serviços de telecomunicações de uso público; g) Emitir indicativos de chamada ou sinais de identificação falsos ou enganosos; h) Interferir intencionalmente nas comunicações de outras estações de amador e de outros serviços de radiocomunicações; i) Transmitir falsos sinais de alarme ou notícias tendenciosas; j) Utilizar nas comunicações palavras ou expressões ofensivas da moral ou dos bons costumes. Artigo 20. º Interferências radioeléctricas 1- Sempre que uma estação de amador cause interferências na recepção de serviços nacionais que funcionem noutras faixas de frequências, o ICP determinará as providências necessárias para que a interferência seja eliminada, depois de verificado que essa interferência não é devida a qualquer deficiência quer das características do receptor, quer da sua instalação, incluindo a respectiva antena. Certamente que após a leitura da lei a Srº.Jornalista, fica a saber que a entidade legisladora admite as comunicações por radioamadores, em casos muito específicos, nas frequências de outras entidades. Poderemos concluir que este artigo para além da sua fraca qualidade, é ofensivo e provocatório ao bom-nome dos radioamadores, ao bom-nome dos radioamadores portugueses e ao bom-nome do jornalismo português. Se fosse um artigo de qualidade certamente a Senhora jornalista, saberia que um mau rádio e uma boa antena, escutam tudo, e que ao contrário do que escreveu “ há quem chegue a gastar muito mais do que isso (200 euros) para ter aparelhos com maior alcance e de fiabilidade de som”, uma boa antena nada custa, basta o arame do estendal da roupa para escutar com bons sinais de rádio! Certamente compreenderão que não é minha intenção “ensinar” um jornalista a sê-lo, mas sim demonstrar a minha indignação por um mau exemplo de jornalismo e pela forma como eu e os radioamadores somos criteriosamente ofendidos e devassados publicamente por mau artigo jornalístico. Apenas uma verdade foi dita: “a segurança anda para trás, nós já estamos à frente”, mas não por nossa culpa. … e acrescento: com jornalismo desta qualidade todos nós temos a perder. Cumprimentos CT1EWA Paulo Nuno Santos Resposta ao meu email, do Director do DN -----Original Message----From: António José Teixeira (DN/de) Sent: sexta-feira, 18 de Agosto de 2006 13:38 To: '[email protected]' Subject: RE: Exmo. Senhor Agradeço-lhe desde já a atenção que deu à nossa notícia. Rejeito completamente as suas ilações sobre a motivação do nosso trabalho. Em parte alguma se pode concluir que atentámos contra o bom nome dos radioamadores. Pelo contrário, dissemos por exemplo: «...os radioamadores que agem de boa-fé não querem ver beliscada a sua actividade». O único foco do nosso trabalho - permita-me aconselhar-me uma segunda leitura - foi a falta de segurança das comunicações das forças de segurança. É precisamente disso que trata e apenas disso. Quanto aos radioamadores, em parte alguma do texto se confundem genericamente como criminosos. Não faz qualquer sentido dizer que os denominamos de «terroristas» e «boicotantes». Os radioamadores são obviamente respeitáveis como tantas outras ocupações e, mais do que isso, credores de inegáveis serviços prestados à comunidade. Permita-me ainda que repudie com veemência os termos que dirigiu ao jornal e à jornalista do DN. Não ficam bem a quem se preocupa - e bem - em defender o bom nome dos seus congéneres. Por todos estes motivos, e independentemente das formalidades não cumpridas pelo seu pedido, não posso publicar o texto que recebi. Os meus cumprimentos António José Teixeira A minha resposta a este email ---Mensagem original----De: CT1EWA [mailto:[email protected]] Enviada: sexta-feira, 18 de Agosto de 2006 18:13 Para: 'António José Teixeira (DN/de)' Assunto: RE: segurança Ex.mo Senhor Não pretendo como deve entender entrar em discussões sobre um assunto que eu acho muito infeliz e que reeitero e reafirmo para a qualidade do artigo, o tipo de qualificação que na carta que enviei a V.Ex.a exprimi. Nunca foi nem será minha intenção medir ou qualificar a integridade moral das pessoas, muito menos ensinar aos outros a sua profissão porque de jornalismo nada percebo. Não posso ficar insencível a devassa dos radioamadores transcrita no artigo e isso será perene pois nada o apaga. Está escrito! Também não me espanta que aos acusados não seja dada a palavra e negado o direito de resposta. Trataram-se de notícias de mau jornalismo, transmitidas pelos poderosos meios de comunicação, sem qualquer tipo de investigação séria, o que redundou na devassa do bom nome dos radioamadores e no ensino aos “fora da lei”, da forma e método de terem acesso às comunicações que supostamente deveriam ser seguras das forças da ordem e segurança. Ensinou-se a toda a gente, inclusivamente aqueles que apelidados de rádio-amadores (uns jornalistas) e radioamadores (outros jornalistas), foram conotados com o mundo do crime, os locais e os meios para adquirirem equipamentos, bem como lhes foi facultada a ideia da possibilidade de perante a aquisição dos meios, escutarem as forças da ordem, segurança e socorro. Esta mensagem serviu ao mundo do crime menos organizado, com menos posses e nomeadamente, aos mais desatentos ou menos interessados das tecnologias (Internet) local propício á aquisição de todo o tipo de equipamentos de transmissões. A falta de credibilidade destas notícias sobre os radioamadores é tão grave que os próprios jornalistas, se tivessem investigado chegariam à conclusão que alguns (sublinho alguns) jornalistas também utilizam equipamentos de comunicações para escutar as forças da ordem, segurança e socorro e saber “ novidades” e a localização de situações passíveis de notícia. Os autores da devassa pública dos radioamadores, inclusivamente falam na facilidade com que os tais “radioamadores” escutam as frequências da aviação civil. Se os artigos ou o artigo fosse um artigo sério, teriam investigado e saberiam que os equipamentos para a aviação de VHF ou HF, são vendidos a qualquer pessoa ou entidade, independentemente de ter uma licença que os autorize a usá-los. Ficavam também a saber, que quem possui um ultraleve, um avião ligeiro ou um jacto possui destes equipamentos e igualmente ficariam a saber que dos ultraleves aos A380 há uma série de procedimentos que têm de ser feitos com a torre de controle através desses equipamentos. Num trabalho sério, os senhores jornalistas saberiam que aqueles que apelidaram de terroristas, boicota dores da ordem pública, marginais e fora da lei comunicam com alguma facilidade com o SPACE SHUTLLE ou com a ISS, eu próprio tenho contactos efectuados e saberiam que tripulando a nave espacial ou habitando a estação espacial estão radioamadores. Nesta fase do ano, nesta época de incêndios, é do interesse de alguém ou de alguns, anunciar de forma bombástica o lançamento do SIRESP – Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal, dossier que há alguns anos “salta e entra” na gaveta dos governantes conforme o momento a “aflição”. Dando cobro a esses interesses, alguns órgãos de informação, atrevem-se a colocar em causa o patriotismo e a integridade, bem como a utilidade pública do Serviço de Amador e Amador de Satélite português, também chamado Radioamadorismo. Nós cidadãos comuns, temos noção do atraso estrutural e económico em que Portugal mergulhou e consequentemente interligado a este facto, tecnologicamente o país estagnou e está obsoleto. O retrato do país poderá rever-se nas forças de segurança, no que dispõem para trabalhar e em que condições. Em Setúbal alguns agentes de uma força de segurança carenciada de meios, resolveram adquirir equipamentos de transmissão para usarem em trabalho. Estes equipamentos são de venda livre (pela lei) e encontram-se , entre outros, em estabelecimentos que comercializam equipamentos para radioamadores, motivo pelo qual se resolveu atacar os radioamadores. Os jornalistas e os órgãos de comunicação em questão, culpam o Radioamadorismo português pela devassa do espectro radioeléctrico (que não sabem o que é) e ignoram que em termos tácticos e de radiocomunicações seguras, nenhum sistema integrado é seguro, mais, do ponto de vista de qualquer perito militar em telecomunicações, é um erro estratégico, depositar numa qualquer rede (integrada) todos os meios das telecomunicações seguras e governamentais. Ignoraram que a na sua maioria os técnicos, engenheiros e peritos em radiocomunicações tácticas, civis e militares, são radioamadores, assim como, a generalidade dos amadores de rádio portugueses serviram ou servem ainda nos vários ramos das Forças Armadas e de Segurança Portuguesas, conforme a sua formação técnica e académica. Num trabalho jornalístico sério, os portugueses teriam oportunidade de saber que Portugal não está dotado de meios técnicos suficientes para as Radiocomunicações Seguras, dependentes ainda na mente de alguns da mensagem codificada, digital ou telegráfica e que no campo táctico lhe permitam operar em absoluta segurança, face à evolução e oferta dos fabricantes mundiais (designadamente do Japão e EUA) quanto à compra e emprego de vulgares sistemas comerciais de recepção e transmissão de rádio, em todas as faixas de frequência do espectro radioeléctrico. O Estado português, em todos os seus domínios das Comunicações Seguras, ainda não soube dotar-se de meios de radiocomunicações susceptíveis de oferecerem por si, todas as condições de segurança, quer em transmissão quer em comunicação, as denominadas Comunicações Seguras por via do TRANSEC e do COMSEC. Ignoram os média portugueses, a existência na indústria portuguesa de uma única empresa que desenvolveu nos últimos 13 anos, o mais sofisticado meio de radiocomunicações seguras, capaz de operar em todos os modos, e em todas as faixas de frequências tácticas, mas para tal, é preciso: 1) Dar oportunidade à industria nacional, 2) Dotar a LPM dos meios e das políticas que mais podem favorecer os desígnios nacionais e 3) O Estado e a Defesa adquirirem os meios adequados para que a segurança e a operacionalidade das radiocomunicações seguras, estejam prévia e devidamente salvaguardadas. Esta capacidade técnica de uma empresa nacional, num trabalho jornalístico decente, seria do conhecimento de todos os portugueses e era mais uma prova da incapacidade do estado português em apostar no que é nacional e nas empresas portuguesas. Refutaria também a mensagem que alguns órgãos de informação fizeram passar, colocando o ónus da incapacidade estrutural do estado português nos ombros, por exemplo, dos Amadores de Rádio portugueses, vulgar e popularmente denominados de «radioamadores». Há mais de 30 anos, que o Movimento Associativo do Radioamadorismo Português vem denunciando junto dos Ministérios da Administração Interna, da Defesa Nacional e ainda das autoridades nacionais para as radiocomunicações, todas estas situações de manifesta insegurança e incapacidade estrutural em que as Comunicações Seguras e de Emergência estão mergulhadas - não existem meios técnicos adequados e suficientes, nem sequer pessoas qualificadas. Em 2004, antes do Euro2004 o Estado português assinou um protocolo com 15 Associações de Radioamadores Portugueses, propondo-se integrar os radioamadores no voluntariado do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil. Organizaram-se comissões de trabalho conjuntas, com o objectivo de entre outros, criar um plano Nacional de Comunicações de Emergência por Radioamadores, estabelecer o estatuto do Radioamador Voluntário do SNBPC. Após o Euro 2004 o estado Português ignorou os seus compromissos e os radioamadores e “fugiu” para bem longe destes. O autor deste artigo, Presidente da Direcção da Associação de Radioamadores do Distrito de Leiria, assinante do protocolo, desde Setembro de 2004 que tudo tem feito para obter do estado, uma resposta às suas intenções no que respeita ao protocolo. Até à data o Ministério da Administração Interna continua a ignorar o(s) seu(s) parceiros e nem uma palavra transmitiu sobre o assunto. Após tão exaustivo documento, será bom referir então quem são os radioamadores: - radioamadores são homens e mulheres, cientistas, agricultores, astronautas, reis, governantes, técnicos, operários fabris, juízes, leigos, missionários, clérigos, médicos… enfim gente de todas as profissões, estratos sociais, crenças e culturas, unidos pelo gosto de comunicar pelas frequências de rádio e pela investigação científica e técnica das comunicações. Por isso os radioamadores foram e são os responsáveis pela evolução das comunicações. Os radioamadores há mais de 30 anos que têm a sua Internet, que possuem sistemas de localização satélite, que fazem televisão, que comunicam via satélite, que recebem sinais de satélites meteorológicos… isto quando recentemente o estado português apresentou o sistema de localização por satélite como uma grande inovação. O radioamadorismo é regulado a nível mundial pela ITU – International Telecommunication Union e em Portugal pela ANACOM. Para se ser radioamador é necessário ter mais de 16 anos, ter aprovação num exame de admissão efectuado na ANACOM e a progressão dentro da classe dos radioamadores, que é sinónimo da capacidade técnica do radioamador, é conseguida através de exames de avaliação técnica. Resta referir que ao Radioamador não é vedada expressamente a escuta em nenhuma frequência, é sim vedada a retransmissão do que acidentalmente pode ter escutado numa conversa que não lhe era dirigida. Finalizo senhor Director : É preciso ter coragem Cultural e também Política, para se impedir que qualquer pessoa, sem a menor qualificação técnica, possa adquirir livremente, no promissor mercado da electrónica, quaisquer meios de radiocomunicações, que possam colocar em risco a exploração das redes das Radiocomunicações de manifesto interesse quer para a segurança do Estado, quer de organismos públicos e privados, de pessoas e vidas humanas. Os jornalistas autores das notícias não mentem, mas também não souberam investigar e avaliar o assunto, não se informaram correctamente sobre o mesmo junto de quem possa deter capacidade técnica bastante para apreciar esta matéria e dizer a verdade ao público. Prestaram um mau serviço ao país, denegriram os radioamadores Portugueses e o radioamadorismo e deram um mau exemplo de jornalismo. Esta é a minha opinião e de certeza a da maioria dos 6000 radioamadores portugueses CT1EWA Paulo Nuno Santos Presidente da Direcção da Associação de Radioamadores do Distrito de Leiria (nesta carta utilizei alguns trextos dos artigos de opinião transcritos na página da AMRAD, pois a “pressa” de responder era muita e o tempo para o fazer, muito pouco!)