A COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL E A ACADEMIA
O Caso UFF
Prof. Dr. Emmanuel Paiva de Andrade
Universidade Federal Fluminense, Mestrado em Engenharia de Produção
Rua Passo da Pátria, 156, São Domingos, Niterói-RJ, CEP 24210-240, [email protected]
Nancy Gondim Pedrozo
Universidade Federal Fluminense, Mestranda em Engenharia de Produção
[email protected]
ABSTRACT
This paper studies International Cooperation as developed within four research groups from
Universidade Federal Fluminense involved with international research networks. Therefore, the actornetwork theory was chosen as the methodology since it strives, through the making of reports, to
understand the dynamics of group operations. The final objective of the paper will be to gather
elements to establish international cooperation policy.
Key Words: International Cooperation, Actor-Network Theory, University.
1. Introdução
O presente artigo é fruto da conjunção de vários fatores. Primeiramente, da
experiência profissional de um dos autores na Assessoria para Assuntos Internacionais
da Universidade Federal Fluminense. Ao observar a dinâmica do processo de
cooperação internacional da forma como ele acontece na academia, lacunas entre as
expectativas e os fatos foram observadas. Desta forma, surgiu o que Senge (1990)
chama de “tensão criativa”; isto é, a insatisfação que faz um indivíduo buscar soluções
para as lacunas existentes.
Como conseqüência, a necessidade de aprofundar-se no tema levou esta autora a
inserir-se no Núcleo de Estudos em Inovação, Conhecimento e Trabalho –NEICTvinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção daquela mesma
Universidade, às voltas com pesquisas que tinham na teoria do ator-rede (Callon, Latour
e Law) uma de suas vertentes principais.
O Mestrado em Engenharia de Produção surgiu como um desdobramento natural.
A base para este artigo é a dissertação de mestrado da autora, ainda em curso. Tal
dissertação se propõe a estudar a atividade de cooperação internacional desenvolvida em
grupos de pesquisa acadêmicos utilizando a metodologia do ator-rede. Além disso,
pretende-se lançar pontes sobre as lacunas detectadas em suas pesquisas utilizando os
princípios da Gestão do Conhecimento.
A atividade de cooperação técnica internacional concorre para a produção de
conhecimento, é ponto importante na avaliação de uma universidade e fortalece a
qualidade acadêmica inserindo a diversidade. Assim, a proposta aqui apresentada é a de
promover um estudo de caso sobre 4 grupos de pesquisa de uma instituição pública de
ensino superior - a Universidade Federal Fluminense – através da análise preliminar da
gestão da atividade de cooperação técnica internacional na perspectiva dos métodos da
teoria do ator-rede. Esta foi a ótica escolhida por entender-se que analisar e acompanhar
os atores em suas ações é uma forma privilegiada para compreender seu sucesso ou
insucesso.
2.
Contextualizando a Cooperação Técnica Internacional (CTI)
A partir da década de 80, as organizações passaram a experimentar profundas e
vertiginosas transformações culturais, sociais e de mercado. O mundo em metamorfose
agiu diretamente nas relações até então vigentes. O fenômeno contundente da
globalização, a divisão do trabalho e a dominação dos mercados pelos países
desenvolvidos são alguns dos aspectos relevantes na espiral de formação da nova ordem
mundial. A predominância do sistema capitalista teve papel fundamental na aceleração
daquele fenômemo. Escorada por uma evolução tecnológica sem precedentes na história
do homem, a globalização ganhou corpo. Debatida, combatida ou desejada, apesar de
seu regime de exclusão, o fato é que ela é, pelo menos no momento atual, irreversível.
Nos países ditos desenvolvidos, as relações de trabalho vêm sofrendo alterações
desde então. Por estarem em um estágio economicamente mais avançado, os países
centrais não apenas provocaram, mas foram, também, os primeiros a vivenciar a
necessidade de profissionais mais qualificados e versáteis, de empresas menores e mais
ágeis, de um conhecimento mais profundo e mais rapidamente adquirido dos novos
mercados e de um estilo mais dinâmico de gerenciar exatamente para fazer face às
novas demandas.
Nos países considerados periféricos, essa necessidade não se fez sentir de pronto.
Muitas vezes envolvidos com questões econômica e socialmente mais prementes, tais
países não tiveram a mesma rapidez de resposta que os centrais. No caso brasileiro, essa
lentidão na percepção gerou uma profunda insegurança para os empregados do mercado
de trabalho convencional, pois a Carteira de Trabalho por Tempo de Serviço já não tem
mais a mesma representatividade e os profissionais não estão devidamente preparados
para essa mudança. Hoje, o empregado vale pelo seu conhecimento e pela
competitividade que pode proporcionar à sua empresa.
No caso dos órgãos públicos brasileiros a adaptação aos chamados novos
paradigmas é ainda mais lenta. Por questões estruturais como política de contratação e
treinamento, política salarial, cultura nacional em relação à “coisa pública”, burocracia e
grande quantidade de níveis organizacionais as mudanças acontecem, via de regra, de
uma forma quase imperceptível para a sociedade e para aqueles que estão
profissionalmente vinculados aos referidos órgãos. É uma relação de perde-perde. Perde
a organização pública em eficiência, perde a sociedade na qualidade dos serviços
oferecidos e perdem os trabalhadores lá alocados em qualificação profissional.
Como conseqüência da globalização dos mercados, países e continentes
passaram a agir em blocos. Inicialmente mobilizados por questões econômicas, os
países passaram também a cooperar na área educacional. A União Européia possui
fortes programas de cooperação educacional entre seus países membros. Os programas
Sócrates e Erasmus estão plenamente estabelecidos, assim como o Sistema Europeu de
Transferência de Crédito (ECTS). O Mercosul, iniciado também por razões econômicas,
já teve seu desdobramento na área do ensino superior originando o Mercosul
Educacional, ainda incipiente se comparado aos articulados programas europeus.
Não é por acaso que a cooperação econômica e a educacional andam pari
passo. A cooperação técnica internacional é um instrumento poderoso para criar
competências. E criar competências em um mundo globalizado pode fazer a diferença
entre a projeção ou a submissão de uma nação.
As universidades ainda são grandes centros para a criação de competências,
embora já não sejam mais os únicos. Além disso, lá repercutem a quase totalidade dos
projetos de cooperação técnica internacional (CTI) de um país.
No Brasil, as universidades de uma maneira geral, e as públicas em particular,
não têm tradição na estruturação da atividade de cooperação técnica internacional.
Muitas não têm sequer um setor ou alguém responsável por articular as relações com o
exterior. Os resultados da atividade de CTI ou seus atores não são, assim, utilizados e
reconhecidos em toda sua amplitude.
Uma outra questão que se coloca é a da mudança de paradigmas. A sociedade
está deixando para traz o paradigma industrial, sob o qual até então o mundo estava
organizado, para adotar o paradigma do conhecimento. Em um período de
transformação, é difícil prever com exatidão o que virá em substituição àquilo que está
deixando de ser. Assim, o paradigma do conhecimento ainda não é matéria amplamente
compreendida. O conhecimento seria um elemento que agregaria valor em uma
proporção muito maior do que os fatores de produção tradicionais seriam capazes.
Nesse momento, o conhecimento passa a ser encarado como um novo fator de produção
e, segundo Sveiby (1998), ele será o mais duramente disputado.
Naturalmente errático, o processo de CTI não deve ser engessado, mas é
preciso que haja uma estratégia institucional que o apoie e valorize para que toda a
comunidade possa usufruir de seus resultados plenos e não apenas potenciais.
3. A Teoria do Ator-Rede
A teoria do ator-rede (ANT, sigla em inglês para actor-network theory) teve
suas bases lançadas em 1981 pelos sociólogos da ciência Michael Callon e Bruno
Latour através do artigo Unscrewing the Big Leviathan: How Do Actors Macrostructure
Reality. Mais tarde, outro sociólogo, John Law, uniu-se à dupla para consolidar a ANT.
Com uma óbvia e forte vertente sociológica, a ANT surgiu com a perspectiva
de seguir os atores envolvidos em projetos específicos para compreender o que eles
fazem, por que e como empreendem suas ações sem que houvesse definições impostas
previamente por parte de sociólogos ou antropólogos sobre as capacidades destes
mesmos atores. No âmbito da teoria do ator-rede, o estudioso não age como um
legislador, para usar uma expressão de Bauman (1992). Antes, ele deve apenas
acompanhar os atores desprovido tanto quanto possível de atitudes pré-concebidas.
A ANT foi, desde seu surgimento, alvo de polêmicas e controvérsias e a
discussão sobre elas não é o objetivo do presente trabalho. Desta forma, e para melhor
compreensão do assunto, serão apresentados alguns conceitos básicos relativos à ANT
propostos pelos seus próprios criadores.
Rede: a idéia original que a palavra em questão exprimia quando da concepção
da ANT era a de transformação, de como os atores são afetados pelas redes das quais
participam;
Ator-mundo: é aquele que determina quem ou o que fará parte da rede, bem
como seus papéis. Além disso, ele relativiza a importância de cada nó da rede ao dar
ênfase ao fato de que, para qualquer ator, não há nada além da rede que foi criada por
ele, que o constitui e da qual ele faz parte;
Ator-rede: estrutura e dinâmica de um ator-mundo. Conjunto interrelacionado
de entidades traduzidas ou inscritas com sucesso por um ator que, então, estaria apto
para representá-las ou para utilizar sua força. As entidades formam uma rede de pontos
simplificados que mantêm sua simplicidade por se justaporem à outros. O ator que
representa as entidades é também parte da rede. Daí o termo ator-rede, já que o ator é
tanto a rede quanto um de seus pontos. Também deve ser observado que, para ser
inscrita em uma rede, cada entidade precisa ser capaz de traduzir outro ator-rede;
Tradução: Métodos através dos quais um ator inscreve outros em uma rede. A
tradução caracteriza-se por ações concretas de definição e distribuição de papéis, de
definição de pontos de passagem obrigatórios e de deslocamento de outros atores em
função de um itinerário pré-estabelecido;
Centros de tradução: localidades onde são desenvolvidas estratégias de
tradução, onde são feitas tentativas de controlar os vários elementos que formam um
ator-rede e onde são avaliados os resultados das diferentes estratégias. São localidades
capazes de se transformar em porta-vozes de outras entidades e, de uma certa forma,
lucrar com essa assimetria;
Caixa preta: referência aos pontos simplificados que se mantêm unidos em
uma rede. É uma entidade simplificada que, contudo, é também uma rede por seus
próprios méritos;
Enrolment (Atribuição de papel): Seria o resultado da tradução. Definição e
distribuição de papéis pelo conjunto de entidades de uma rede (ator-mundo). Os papéis
não são fixos e nem preestabelecidos. Tão pouco são impostos necessariamente com
sucesso;
Ponto de passagem obrigatório: desvio que necessariamente precisa ser feito
pelos atores para que a rede continue existindo.
4. A Cooperação Técnica Internacional na UFF
Em termos macro, há, no Brasil, uma caracterização da cooperação técnica
internacional já claramente estabelecida pelo Governo Federal. A Agência Brasileira de
Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, é o órgão
responsável pela coordenação dos diversos projetos de CTI. Para definir suas ações, a
ABC observa o estabelecido pela política externa nacional e pelas prioridades brasileiras
de desenvolvimento.
De acordo com a própria ABC, a cooperação técnica internacional “constitui
um importante instrumento de promoção das relações externas do Brasil e de apoio ao
seu desenvolvimento. Por meio dos programas e projetos de cooperação técnica os
países parceiros e organismos internacionais transferem para o Brasil, em caráter não
comercial, experiências e conhecimentos técnicos. Da mesma forma, o Brasil transfere
para outros países em desenvolvimento, com os quais mantém Acordos de Cooperação,
conhecimentos técnicos e suas experiências exitosas em diversas áreas.”
(www.abc.mre.gov.br, 03/03/01)
Contudo, há uma variedade infinita de formas e de objetivos que justifiquem a
CTI e nem todos os projetos chegam, necessariamete, ao conhecimento da ABC já que a
Agência cuida, basicamente, daqueles que envolvem Acordos internacionais firmados
pelo Brasil com outros países. Um exemplo característico disto acontece no interior das
universidades brasileiras, onde a atividade de cooperação internacional adquire um
caráter mais direto, sem que haja a interveniência da ABC.
Em seu conjunto, as universidades brasileiras não têm desenvolvida, ainda,
uma conceituação sobre como estruturar a atividade de CTI em seu interior. Por ter
como principal fato gerador as iniciativas espontâneas e individuais de seu corpo
docente, a atividade de CTI é, em essência, descentralizada. As propostas surgem nos
mais diversos departamentos de ensino, com diferentes países e em vários níveis. No
entanto, sistematizar essa diversidade é da maior relevância para que a instituição
entenda para que, como e o que está acontecendo, otimizando, assim, todo o processo.
Exatamente por não haver uma organicidade maior, fica prejudicada a agregação por
parte da instituição do valor obtido.
A própria CAPES reconheceu a deficiência existente no Brasil de profissionais
capacitados para a atividade de relações internacionais ao instituir o Programa San
Tiago Dantas de Apoio do Ensino de Relações Internacionais, a ser desenvolvido no
período de 2001-2004 . Uma das áreas temáticas do Programa é, exatamente, o estudo
de Ciência & Tecnologia e as Relações Internacionais.
Poucas são as instituições de ensino superior brasileiras em condições de
articular eficazmente a cooperação técnica internacional com as atividades de ensino,
pesquisa e extensão, principalmente entre as universidades federais dada a escassez de
recursos financeiros e a falta de tradição. Talvez exatamente por isso, haja uma miopia
em relação à cooperação técnica internacional: ela é muitas vezes vista como uma forma
de suplementação dos recursos já que as agências internacionais têm maior
disponibilidade financeira. Embora essa seja uma expectativa legítima, ela não é a
principal, pelo menos não em uma instituição de ensino superior que se propõe plural,
integrada e em sintonia com seus objetivos finais.
Desta forma, podemos concluir que falta o conhecimento adequado da lógica e
dos mecanismos dos processos de CTI dentro das universidades, principalmente das
públicas, para fomentar adequadamente a atividade de CTI.
A atividade de gestão da cooperação internacional é, em essência, uma atividademeio, pois sua natureza difere daquela do ensino, da pesquisa e da extensão. Como já
mencionado, a atividade encontra-se pulverizada por toda a instituição e, portanto, o
papel precípuo que deveria ser representado por uma Assessoria para Assuntos
Internacionais de uma Universidade seria o de fomentador da atividade em si. Ela
desempenharia o papel misto de uma ouvidoria e de coordenadora/fomentadora de
iniciativas.
O caráter disperso da CTI não se dissipa com a existência de uma AAI. Na
realidade, isso não é sequer desejável. Nesse caso, a dispersão poderia ser classificada
como um caos criativo. Por outro lado, a inexistência de uma AAI não golpearia
mortalmente a atividade de cooperação. Ela continuaria a acontecer, ainda que de
maneira desordenada. No entanto, a ausência de um mecanismo de coordenação, nos
dias atuais, funcionaria como um tiro no próprio pé; pois o volume de possibilidades
para cooperação passou a ser enorme se comparado àquele de 20 anos atrás. Não resta
dúvida que a formulação de uma política institucional para CTI é fundamental. Sem o
apoio adequado, a academia pode, facilmente, perder de vista aquilo que lhe é auferido
via CTI.
Criada em 1960, a Universidade Federal Fluminense só passou a contar com uma
Assessoria para Assuntos Internacionais (AAI) em 1985, criada pelo então Reitor, Prof.
José Raymundo Martins Romeo. AAI tem, dentre outras, as seguintes funções
regimentais:
Promover o intercâmbio e convênio da UFF com instituições e agências de
cooperação técnica e científica do exterior;
Divulgar as atividades da UFF em outros países no interesse do ensino e da
pesquisa;
Elaborar e supervisionar a execução de programas internacionais entre a UFF
e outras entidades;
Auxiliar docentes e discentes nos contatos internacionais.
Tais funções são as que ainda estão em vigor formalmente. Genéricas em seu
conteúdo, pode-se assumir que, com a velocidade das mudanças sociais, políticas e
tecnológicas atuais, elas precisariam ser reformuladas e ampliadas.
A AAI conta, hoje, com uma equipe formada por 5 funcionários: 4 técnicos e um
docente, que ocupa o cargo de Assessor.
Até o presente momento, algumas das necessidades identificadas para a melhor
adequação da dinâmica de cooperação na UFF foram:
Falta de infra-estrutura e de maior apoio institucional para a atividade;
Falta de informações adequadas sobre o que se passa na Universidade e sobre
as alternativas para cooperação;
Excesso de burocracia tanto da Universidade quanto das agências de fomento
que se revela durante a fase de projeto, desestimulando vários pesquisadores;
Falta de pessoal técnico devidamente treinado para lidar com as questões de
CTI, o que tornaria todo o processo muito mais ágil para os pesquisadores.
A Assessoria para Assuntos Internacionais da UFF sofre, como de resto quase
todas as suas congêneres, com as dificuldades pelas quais passam as Instituições
Federais de Ensino Superior.
5. Os Grupos de Pesquisa Selecionados
São quatro os grupos de pesquisa da UFF destacados como objetos de estudo.
Os grupos foram escolhidos por estarem envolvidos em atividade de pesquisa com
parceiros estrangeiros, o que caracteriza a cooperação internacional, de maneira
produtiva há vários anos, mesmo com todas as dificuldades até agora identificadas. A
questão levantada foi: o que faz com que esses grupos sejam tão bem sucedidos em
suas ações enquanto outros trabalham apenas pontualmente sem perspectivas de
continuidade? Como agem esses atores dentro de suas redes?
Os grupos têm naturezas diferentes, pois inserir a diversidade na pesquisa a
torna mais consistente. São eles:
Laboratório de Geologia Marinha (LAGEMAR)
É um local de pesquisa por excelência. Tem uma grande quantidade de
parceiros internacionais com uma produção científica importante. A cultura
organizacional desenvolvida no Laboratório permite que seus membros tenham uma
grande autonomia sem, no entanto, perder o espírito de grupo.
Várias pesquisas são desenvolvidas por grupos diferentes pertencentes ao
LAGEMAR e à outras instituições. A rede que está sendo utilizada como objeto é a
AmaSed, que desenvolveu um estudo multidisciplinar sobre a foz do Rio Amazonas.
As necessidades sentidas até esse ponto da pesquisa referem-se à falta de apoio
institucional para as atividades de CTI e ao excesso de burocracia com o qual os
pesquisadores precisam lidar.
Grupo de Pesquisa da Geoquímica
Este grupo possui, há anos, uma profícua atividade de cooperação com
universidades francesas, focando na formação profissional de alto nível. Pesquisas são
também desenvolvidas ali, mas a intensidade de intercâmbios de professores e alunos
não pode ser desprezada. Vários alunos brasileiros já foram qualificados em
universidades parceiras na França através da utilização de programas de CTI próprios
para esse tipo de intercâmbio.
Grupo de Pesquisa de Reaproveitamento de Resíduos Orgânicos
Este grupo, que também tem a pesquisa como atividade básica, desenvolve
estudos sobre o reaproveitamento de resíduos orgânicos e sua transformação em
combustível. Seus grandes parceiros são universidades alemãs.
Com os dois últimos grupos estão sendo feitos os contatos prévios que exige a
pesquisa de campo. Contudo, durante tais contatos, os grupos mostraram-se dispostos a
participar da pesquisa por acharem que é preciso avaliar mais cuidadosamente a questão
da CTI na UFF. Tal avaliação permitiria um apoio institucional mais adequado às suas
necessidades.
Programa de Português para Estrangeiros
O Programa de Português para Estrangeiros caracteriza-se por uma intensa
atividade na área de cursos oferecidos. A UFF participa do Programa Estudante
Convênio e anualmente oferece cerca de 30 vagas para que alunos estrangeiros que
venham fazer sua graduação no Brasil aprendam a língua portuguesa antes do início dos
seus períodos letivos. Também são ministrados cursos para grupos fechados de alunos
oriundos de universidades parceiras da UFF.
Nesse grupo, uma das maiores questões detectadas foi a falta de infra-estrutura
da universidade para atender à crescente demanda pelos cursos, além da carência de
pessoal qualificado tanto em área específica (ensino do português como língua
estrangeira), como em área de apoio (cooperação internacional).
5. Conclusão
Definir políticas ou coordenar ações são atividades de natureza
significativamente diferentes, embora ambas demandem informações precisas acerca
dos processos envolvidos.
O estudo desenvolvido buscou identificar padrões recorrentes na atividade de
cooperação internacional ali onde ela efetivamente nasce e, dependendo de uma série de
fatores e infra-estrutura, se consolida ou não: o pesquisador e seu grupo.
A metodologia utilizada pretende dar conta de captar a dinâmica mesmo do
processo, com sua assimetria de sucessos e fracassos. Os relatos e as estórias,
devidamente registrados e analisados, configuram o painel de uma história mais ampla
que, a par de já vir sendo construída há muito tempo, pode , na nossa expectativa, ser
melhorada e potencializada não como normas e padrões, mas como cultura e motivação.
Já foi dito que o desenvolvimento tecnológico fez com que o mundo ficasse
menor. A famigerada globalização, por sua vez, derrubou fronteiras entre nações
inimigas por séculos, causando uma aproximação ainda maior entre países e suas
instituições. Tais acontecimentos fazem crer que o movimento de cooperação entre
instituições estrangeiras tende a recrudescer.
É preciso atenção para que nossas instituições estejam devidamente preparadas
para as dinâmicas envolvidas no processo de cooperação internacional. Não apenas para
não perderem a oportunidade de usufruir de todas as suas vantagens; mas, também, para
não perderem de vista seus objetivos. Isso poderia acarretar subtrações ainda maiores
como a de suas identidades, por exemplo. No caso de uma instituição de ensino, que
forma os cérebros de uma nação, isso seria, no mínimo, profundamente indesejável.
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