Aula do curso a distância tópicos da cultura da cana-de-açúcar – Hélio do Prado
SOLOS E AMBIENTES DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR NA REGIÃO CENTRO-SUL DO BRASIL
Hélio do Prado
Alceu Linares Pádua Jr
Centro de Cana do IAC - 2010
1. INTRODUÇÃO
O solo é a massa natural, de constituição de material orgânico e mineral, que ocorre na superfície da Terra, onde as plantas são
cultivadas.
Os componentes dos solos são representados pela água, ar, material orgânico, e material mineral. Enquanto que o material
orgânico origina-se, principalmente da adição vegetal na superfície do solo (folhas, raízes), o material mineral tem origem das
rochas como mineral primário; ou minerais secundários na formação da argila no processo de intemperismo do material de
origem, e de outras frações granulométricas.
A classificação de solos (ou pedológica) é imprescindível para que se organizar cientificamente os conhecimentos
adquiridos pela pesquisa e pela prática agrícola.
Uma de suas vantagens é que permite, dentro de certos limites, prever o comportamento de determinadas terras. Se, uma
variedade de cana-de-açúcar se desenvolve vigorosamente em certo local, enquanto que outro produz menos (considerando-se
o mesmo clima e condições de fitossanidade), é importante conhecer os solos de ambos locais.
O desenvolvimento da cana-de-açúcar nos primeiros dois anos não é muito influenciado pelas condições do horizonte
subsuperficial dos solos. Entretanto, a partir do terceiro ano as condições químicas, fisico-hídricas, e morfológicas dos solos
influem significativamente no desenvolvimento radicular em profundidade. Como conseqüência, a produtividade varia,
dependendo também das condições climáticas.
2. CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS
Os diversos solos são reconhecidos pelos seus horizontes, diferenciados principalmente, pela cor, textura, estrutura e
consistência.
A seqüência de horizontes em direção da rocha define o perfil de solo.
Em 2006, a EMBRAPA publicou a segunda edição da nova nomenclatura de classificação de solos, cuja hierarquia consta na
figura 1.
Figura 1. Hierarquia de classificação de solos na nova nomenclatura da EMBRAPA (2006).
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Nessa figura nota-se que o nível mais alto é muito generalizado (ordem) incluindo 13 classes de solos (Latossolos, Nitossolos,
Argissolos,etc ), diferenciadas principalmente pelas variações do teor de argila do horizonte superficial (A) e horizonte
subsuperficial B (ou horizonte C se não existir horizonte B), além da estrutura, consistência, e possível presença da cerosidade no
horizonte B, por outro lado, o nível de série exige muitos detalhes dos solos.
Há muito pouca importância prática, por exemplo, quando tem-se essa informação de classificação pedológica: Latossolo
Vermelho.
Isso porque foi atingido apenas o nível de sub ordem, impossibilitando saber seu real ambiente de produção.
Com relação a classificação dos solos apresentados, são considerados os mais cultivados com cana-de-açúcar no Brasil.
No segundo nível (sub ordem), consideram-se as cores (não neutras, ou seja sem sinais de hidromorfismo) do horizonte B para
as classes dos Latossolos, Nitossolos, e Argissolos.
Se no primeiro nível da referida figura, o solo classifica-se como Neossolo, as opções de sub ordem não baseadas na cor, mas as
seguintes:
1.Neossolo Quartzarênico, solo muito profundo com teor de argila menor que 15% em toda extensão do perfil, teoricamente
até 200cm de profundidade,
2.Neossolo Litólico, solo muito raso com horizonte A diretamente sobre a rocha ou o horizonte C.
3. Neossolo Flúvico, solo moderadamente profundo com valores de carbono e argila oscilando muito nas diversas
profundidades.
Finalmente, a classificação do solo no terceiro nível (grande grupo), diferencia as condições químicas pedológicas do horizonte
B (ou horizonte C, se o B não existir).
Com relação a fração argila, o horizonte B deve apresentar valor maior que 15%, caso contrário, enquadra como horizonte C
quando o solo é muito profundo e essencialmente arenoso, característico do Neossolo Quartzarênico.
Outra possibilidade de ser considerado horizonte C são nítidos os sinais de alteração de rocha no perfil.
Até o presente, o Sistema de Classificação da EMBRAPA , classifica o solo até o quarto nível (sub grupo, figura 1), mas para o
manejo de solos é fundamental conhecer o solo até o nível de série com informações pedológicas para se avaliar as
potencialidades e limitações dos solos para manejá-lo e enquadrá-lo no respectivo ambiente de produção.
Prevê-se que são necessários pelo menos mais 5 anos para EMBRAPA ter informações de solos no nível de série, enquanto isso,
o Centro de Cana de Ribeirão Preto do IAC (entre outros Centros de Pesquisa e Ensino) utiliza intensamente as informações de
manejo no nível de série, com isso elaborou a tabela de Ambientes de Produção da região Centro-Sul do Brasil.
O quadro 1 compara a classificação de solos na nova nomenclatura da EMBRAPA (2006) com a classificação anterior
(CAMARGO,1987).
Quadro 1. Classificação de solos da nova nomenclatura da EMBRAPA a classificação anterior.
EMBRAPA (2006)
CAMARGO et al (1987)
Latossolos
Latossolos
Argissolos
Podzólicos Vermelhos –Amarelos Ta ou Tb distróficos álicos e alíticos
Luvissolos
Podzólicos Vermelhos –Amarelos eutróficos Ta
Nitossolos Vermelhos férricos
Terras Roxas Estruturadas
Neossolos Quartzarênicos
Areias Quartzosas
Neossolos Litólicos
Solos Litólicos
Cambissolos
Cambissolos
3. FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS
São cinco os fatores de formação dos solos (material de origem freqüentemente representado pela rocha, relevo, organismos,
clima e tempo).
A mesma rocha no relevo diferente origina solos diferentes (basalto originando Latossolo Vermelho muito argiloso no relevo
plano e Nitossolo Vermelho muito argiloso no relevo ondulado), o mesmo relevo com rochas diversas originam solos
diferentes (relevo suavemente ondulado com ocorrência de arenito originando Neossolo Quartzarênico e com ocorrência de
basalto originando Latossolo Vermelho textura muito argilosa).
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Como uma regra geral pode afirmar para a região Centro-Sul do Brasil que:
“No relevo mais inclinado de solos desenvolvidos de arenito, ocorrem Argissolos, Neossolos Litólicos e Cambissolos, nas
posições mais elevadas Latossolos textura média ou Neossolos Quartzarênicos são observados; no relevo mais inclinado de
solos desenvolvidos de basalto ocorrem Nitossolos, Neossolos Litólicos e Cambissolos; nas posições mais elevadas são
identificados Latossolos textura argilosa e muito argilosa.
As figuras 2 e 3 ilustram duas diferentes rochas, muito comuns nas regiões canavieiras.
Figura 2. Rocha sedimentar representada pelo arenito.
Figura 3. Rocha vulcânica representada pelo basalto.
A figura 4 apresenta a imagem de satélite onde ocorrem solos de diferentes texturas na divisa dos Estados de São Paulo e do
Paraná.
No município de Assis-SP ocorrem solos com baixos e médios teores de argila nas áreas de arenito (tonalidade clara da
imagem), e no município de Cândido Mota-SP são identificados solos com elevado teor de argila nas áreas de basalto
(tonalidade vermelha da imagem).
Figura 4. Imagem de satélite de solos desenvolvidos de basalto e arenito.
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As figuras 5 a 8 destacam os relevos típicos de vários solos cultivados com cana-de-açúcar no Brasil.
Figura 5. Relevo plano típico do Latossolo ou Neossolo Quartzarênico.
Figura 6. Relevo ondulado típico do Argissolo.
Figura 7. Relevo ondulado típico do Nitossolo.
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Figura 8. Relevo montanhoso típico do Neossolo Litólico.
A figura 9 destaca as variações de solos na paisagem, típica da região sudeste do Brasil.
Figura 9. Distribuição de solos nas paisagens da região sudeste do Brasil.
Além do relevo, outros fatores de formação dos solos são considerados: clima influindo no grau de intemperismo e na sua
profundidade, organismos, representado principalmente pela vegetação original incorporando diferentes níveis de matéria
orgânica na superfície.
Ao longo do tempo, o solo é cronologicamente formado a medida que o grau de intemperismo evolui: desde os solos mais
rasos e jovens (Neossolos Litólicos), até os mais profundos e velhos (Latossolos).
4.TEXTURA E IMPLICAÇÕES NA CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
Quando o teor de argila situa-se na faixa de 0-15% a textura é arenosa; 16 a 35%, textura média; 36 a 60% textura argilosa e
maior que 60% de textura muito argilosa.
Na sensação ao tato do solo molhado, a argila é estimada pela sensação de pegajosidade, quanto maior a pegajosidade do
solo geralmente mais elevado é teor de argila, o silte é estimado pela sensação de sedosidade semelhante a do talco, a areia
apresenta a sensação de aspereza (mais nítida quando é alto o teor de areia grossa).
Na prática, as vantagens de estimar o teor de argila no campo são as seguintes: rapidez de conhecer as variações dessa fração
granulométrica no perfil, permitindo classificar o solo no campo, e economia nos custos de laboratório.
A figura 10 apresenta os limites dos teores de argila e a respectiva classificação textural da EMBRAPA.
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Figura 10. Limites do teor de argila na escala textural.
Classificação do solo no nível de ordem
Para classificar o solo no nível de ordem, em primeiro lugar, deve-se verificar a variação do teor de argila nos horizontes A e B: se
o aumento de argila é discreto (menor ou igual aos limites, quadro 2); ou acentuado (maior que os limites, quadro 3).
Segundo a EMBRAPA, se a média da porcentagem de argila do horizonte B dividido pela média da porcentagem de argila do
horizonte A for menor ou igual aos fatores, é discreta a variação de argila no perfil. Nessas condições, o solo possui um desses
tipos de horizonte B: latossólico (Latossolo), ou B nítico (Nitossolo), ou B incipiente (Cambissolo).Para diferenciá-los deve
examinar a morfologia.
Se a média da porcentagem de argila do solo ultrapassar o fator de incremento de argila, é acentuada a variação de argila
no perfil, enquadrando-se no horizonte B textural. Nesse caso existem essas possibilidades: Luvissolo ou Argissolo.
Para ser Luvissolo há a necessidade do valor T (CTC da argila) ser alto (Ta), ou seja T > 27cmol/kg de argila, atender a exigência
para eutrófico no horizonte B, e ainda, a cor do horizonte A deve ser relativamente clara.
Caso contrário, refere-se ao Argissolo.
Em relação aos critérios de gradiente textural entre os horizontes A e B elaborado pela EMBRAPA, o projeto Ambicana do Centro
de Cana do IAC elaborou um critério adicional de incremento de argila divulgado no projeto.
Quadro 2. Valores de argila do horizonte A, incrementos discretos de argila em profundidade, e respectivos solos mais
cultivados com cana-de-açúcar no Brasil.
ARGILA DO HORIZONTE A
Aumento de argila do
horizonte “B” em relação ao
“A”
PROVÁVEIS SOLOS
<15%
< =1,8
Latossolo
15-40%
< =1,7
Latossolo, Cambissolo
>40%
< =1,5
Latossolo,Nitossolo, Cambissolo
Quadro 3. Valores de argila do horizonte A, incrementos acentuados de argila em profundidade, e respectivos solos mais
cultivados com cana-de-açúcar no Brasil.
ARGILA DO HORIZONTE A
Aumento de argila do
horizonte “B” em relação ao
“A”
PROVÁVEIS SOLOS
<15%
> 1,8
Argissolo, Luvissolo
15-40%
> 1,7
Argissolo, Luvissolo
Classificação do solo no nível de sub ordem
Se a ordem for representada pelo Latossolo discriminar a cor do horizonte B na sub ordem de acordo com a figura 1.
A cor na tabela de cores 2,5YR adjetiva o Latossolo de Vermelho; 5YR de Latossolo Vermelho-Amarelo; e 7,5 ou 10YR de
Amarelo.
Adjetiva-se de Latossolo Vermelho férrico se o teor de óxido de ferro total for maior ou igual a 18%.
Se for ordem do Nitossolo, considerar na sub ordem como Nitossolo Vermelho se a cor for representada pelo matiz 2,5YR,
Nitossolo Háplico para cor 5YR, ou 7,5YR ou 10YR (todas cores não neutras, ou seja, sem sinais de hidromorfismo).
Adjetiva-se de Nitossolo Vermelho férrico se o teor de óxido de ferro total for maior ou igual a 15%.
Para a ordem do Cambissolo, considerar a sub ordem “Háplico”, se o horizonte A não for espesso, escuro e rico em matéria
orgânica.
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Classificação do solo no nível de grande grupo
A soma dessas cargas elétricas negativas é representada pela capacidade de troca de cátions (CTC), e nela estão ligados
eletricamente os elementos de cargas positivas, que compõem os principais nutrientes do solo, tais como o cálcio, magnésio,
potássio, sódio, representados pela soma de bases (SB), mas existem ainda outras cargas elétricas negativas ligadas ao alumínio
(Al) e hidrogênio (H).
O conjunto SB + Al + H reflete a CTC do solo a pH 7.
Existe ainda a CTC efetiva, que é representada por SB + Al.
A saturação por bases (V) mede a porcentagem da CTC ocupada pela soma de bases; e a saturação por alumínio (m) a
porcentagem da CTC efetiva ocupada pelo alumínio.
Outro cálculo químico refere-se a retenção de cátions (RC) que mede a CTC efetiva da fração argila.
Geralmente basear-se nos dados químicos do horizonte sub superficial, que geralmente ocorre na profundidade de 80-100cm
(quadro 4). As vezes o solo pode apresentar o horizonte B menos profundo e isso vai ser observado na excursão de campo.
Quadro 4. Critérios químicos de subsuperfície (EMBRAPA, 2006; PRADO, 2004).
V (1)
Eutrófico
> 50
Mesotrófico 30-50
Mesotrófico > 50
Distrófico
<30
Distrófico
30-50
Ácrico
Mesoálico
Álico
Alítico
Alumínico
SB (2)
> 1,5
> 1,2
< 1,5
<1,2
m(1)
Al 3+ (2)
>50
>50
15-50
>50
>50
> 50
(1): porcentagem
> 0,4
0,4-4,0
> 4,0
> 4,0
RC (3)
T(3)
> 1,5
> 1,5
< 1,5 *
> 20
< 20
(2): cmol/kg de solo
(3): cmol/kg de argila
* para ser ácrico é necessário também que o pH KCL seja maior ou igual a 5,0, ou delta pH positivo.
Os Latossolos, Argissolos, Cambissolos, Nitossolos e Neossolos Litólicos podem ser eutróficos, ou mesotróficos, ou distróficos, ou
mesoálicos, ou álicos, os Luvissolos, Vertissolos sempre são eutróficos, os Neossolos Quartzarênicos distróficos ou mesoálicos
ou álicos.
O quadro 5 mostra exemplo de interpretação dos dados químicos de alguns solos, com base nos valores V,SB, m, Al, RC, CTC e
T.
Quadro 5. Exemplos de interpretação das condições químicas no horizonte sub superficial.
PONTO
1
2
3
4
5
6
7
QUÍMICA
PEDOLÓGICA
Eutrófico
Álico
Alumínico
Ácrico
Mesotrófico
Mesoálico
Distrófico
pH
KCl
pH H20
Delta
pH
5,3
6,0
-0,7
2,7
0,0
3,1
0,7
0,07
0,03
3,9
6,6
3,9
4,4
-0,5
2,4
1,2
0,6
0,3
0,04
0,02
0,96
4,6
3,8
4,3
-0,5
3,0
5,0
0,2
0,1
0,01
0,01
0,32
8,3
5,7
5,3
+0,4
2,0
0,0
0,1
0,0
0,03
0,01
0,14
2,1
4,6
5,4
-0,8
1,7
0,1
1,2
0,3
0,07
0,02
1,59
3,3
4,3
5,1
-0,8
2,4
0,4
0,4
0,2
0,08
0,02
0,70
3,5
4,4
5,1
-0,7
1,2
0,2
0,5
0,2
0,05
0,01
0,71
2,1
H
(1)
Al
(1)
Ca
(1)
Mg
(1)
K
(1)
Na
(1)
SB
(1)
CTC
(1)
1= cmol/kg de solo
2= porcentagem
3= cmol/kg de argila
Calcula-se a CTC da argila ou valor T relacionando a CTC do solo com a porcentagem de argila.
Exemplo:
CTC do solo:10cmol/kg, argila 20%.
10 cmol/kg......................................20 de argila
x
......................................100
X:50 cmol/kg de argila, solo Ta
7
V
(2)
59
20,8
3,6
6,5
46,9
20,0
33,3
M
(2)
0
55,5
93,0
0,0
6,3
36,3
22,9
Argila
50
55
60
63
22
35
44
(2)
RC
(3)
6,6
3,9
8,9
0,2
7,3
3,1
2,1
T
(3)
13,2
8,4
13,8
3,3
15,4
10,0
4,8
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No grande grupo adjetiva-se de férrico o Latossolo Vermelho com teor de óxido de ferro total variando de 18 a 36% e o
Nitossolo Vermelho com teor maior que 15%.
Se o Latossolo Vermelho for eutrófico + férrico é classificado como Latossolo Vermelho eutroférrico; se for distrófico + férrico,
como Latossolo Vermelho distroférrico; se for ácrico + férrico, como Latossolo Vermelho acriférrico; etc.
São apresentados exemplos práticos de cálculos de incremento de argila, considerando quatro perfis de solos (A,B,C e D), no
quadro 6 são considerados os dados granulométricos do solo A.
Quadro 6. Dados granulométricos do solo A.
Profundidade (cm)
Horizonte
% Argila
0-20
A
50
20-40
AB
54
60-80
BA
60
80-100
B
62
Classificação do solo A no nível de ordem
Primeiramente examinar o incremento de argila no perfil:
-média de argila do horizonte A 50+54/2=52
-média de argila do horizonte B 60+62/2=61
Gradiente textural: 61/52=1,17
Foi considerado o valor 1,5 do quadro 2 porque o teor argila do solo é superior a 40%
Portanto, o solo A possui discreto incremento de argila uma vez que o valor 1,17 do solo é menor que o limite1,5 do cálculo.
Atende-se dessa forma a exigência de discreto aumento de argila em profundidade para um desses horizontes B: latossólico
(Latossolo) ou B nítico (Nitossolo) ou B incipiente (Cambissolo).
Sub ordem do solo A
Definido em função dos dados de estrutura, consistência, presença ou não de cerosidade, etc (quadro 7).
Quadro 7. Morfologia e dados mineralógicos dos diferentes solos.
Latossolo
Nitossolo
Cambissolo
Ausência de cerosidade no horizonte B
Cerosidade sempre
Ausência de
evidente no horizonte cerosidade no
B
horizonte B
Consistência úmida friável ou muito
friável no horizonte B
Consistência úmida
firme ou muito firme
no horizonte B
Mica e moscovita, se ocorrer, em
reduzidas quantidades
Ausente
Consistência
variável
Mica e moscovita
em grandes
quantidades
T < 13cmol/kg de argila no horizonte B T 18 a 27cmol/kg de T variável
argila no horizonte B
Estrutura com grau fraco
Estrutura com grau
forte
Estrutura variável
Quadro 8. Dados granulométricos do solo B.
Profundidade (cm)
Horizonte
Argila
0-20
A
20
20-40
AB
22
60-80
BA
50
80-100
B
52
Ordem do solo B
média de argila do horizonte A 20+22/2=21
média de argila do horizonte B 50+52/2=51
Cálculo do gradiente textural: 51/21=2,42
Verifica-se que o valor 2,42 do solo supera o valor 1,7 do quadro 3 (considerado o fator 1,7 porque o teor de argila do solo
varia de 15-40%% na primeira profundidade), atendendo a exigência de aumento de argila em profundidade para horizonte B
textural do Argissolo ou do Luvissolo.
Refere-se ao Luvissolo se atender ao mesmo tempo duas exigência: ser eutrófico e valor “T” acima de 27cmol/kg de argila no
horizonte B, caso contrário, Argissolo.
Sub ordem do solo B
Considerar as adjetivações de cores de acordo com a figura 1( Argissolo Vermelho se a cor no horizonte B for representada pelo
matiz 2,5YR, Argissolo Vermelho-Amarelo se for 5YR e Argissolo Amarelo para a cor 7,5YR ou 10 YR).
Se for Luvissolo, a maioria utilizada com cana-de-açúcar no Brasil, enquadra-se na sub ordem Crômico, portanto seria Luvissolo
Crômico na sub ordem.
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Quadro 9. Dados granulométricos do solo C.
Profundidade (cm)
Horizonte
% Argila
0-20
A
8
20-40
C1
10
60-80
C2
11
80-100
C3
12
100-200
C4
12
Ordem do solo C
A textura é arenosa em todo perfil, não sendo aplicável o cálculo de gradiente textural, não existe horizonte B.
Ordem Neossolo porque não existe horizonte B diagnóstico (seqüência de horizontes A-C).
Sub ordem do solo C: Quartzarênico porque a textura é arenosa no perfil e não existe horizonte B textural.
Quadro 10. Dados granulométricos do solo D.
Profundidade (cm)
Horizonte
% Argila
0-20
A
44
20-40
Rocha
46
Não se calcula o gradiente textural porque inexiste horizonte B.
Ordem do solo C: Neossolo
Sub ordem do solo C: Litólico porque a rocha ocorre na camada muito superficial.
5. AMBIENTES DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR
Ambiente de produção é o conjunto das interações dos atributos dos solos com as condições climáticas locais. As condições
fisico-hidricas, morfológicas, químicas e mineralógicas dos solos associadas com o clima (precipitação pluviométrica,
temperatura, radiação solar, evaporação, ventos) sob manejo adequado da camada arável com relação ao preparo, calagem,
adubação, controle de ervas daninhas e pragas do solo, representam os diferentes ambientes de produção.
Os componentes dos ambientes de produção são representados pela profundidade, a qual tem direta relação com a
disponibilidade de água e com o volume de solo explorado pelas raízes, pela fertilidade, como fonte de nutrientes para as
plantas, pela textura, relacionada com os níveis de matéria orgânica, capacidade de troca de cátions e disponibilidade hídrica, e
pela água, vital para a sobrevivência das plantas e como parte da solução do solo.
A disponibilidade de água é muito reduzida nos solos arenosos ao longo do perfil (Neossolos Quartzarênicos), mas não significa
que os todos solos argilosos ou muito argilosos possuem sempre as maiores disponibilidades hídricas.
Os Nitossolos são argilosos ou muito argilosos destacam-se na disponibilidade hídrica porque possuem estrutura no horizonte B
que favorece a permanência da água no perfil por mais tempo do que os solos semelhantes sem essa estrutura, como ocorre nos
Latossolos argilosos e muito argilosos. Os Latossolos ácricos argilosos e muito argilosos são bem mais ressecados porque nele é
muito forte a micro agregação da fração argila, conseqüentemente, o movimento da água é muito rápido em todo perfil.
Após a chuva ou irrigação, o movimento de água é rápida no perfil dos Latossolos, porém lento no horizonte B dos Argissolos.
Por isso, tais solos possuem maior disponibilidade de água quando o horizonte B não é muito profundo, ou seja de 30 a 60cm
da superfície.
Nessas condições, as raízes suprem a demanda por água num tempo relativamente grande, mas se o horizonte B ocorrer numa
profundidade maior que 60cm o solo resseca-se rapidamente porque as raízes ficam muito distantes do referido horizonte.
Se o horizonte B ocorrer a uma profundidade menor que 30cm pode prejudicar a brotação da cana-de-açúcar pelo acúmulo
temporário de água na superfície causando má brotação.
A importância do horizonte B em armazenar água é nitidamente comprovada na figura 11 que mostra a cana-de-açúcar mais
vigorosa no Argissolo Vermelho-Amarelo ao lado do Neossolo Quartzarênico.
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Figura 11. Desenvolvimento vegetativo da cana-de-açúcar no contato do Argissolo com o Neossolo Quartzarênico.
Os Neossolos Litólicos são também muito ressecados porque são muito rasos (horizonte A de alguns centímetros logo abaixo
da rocha).
A figura 12 apresenta os principais componentes de um ambiente de produção.
Figura 12. Componentes dos ambientes de produção de cana-de-açúcar.
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No quadro 11 constam os ambientes de produção de cana-de-açúcar - (PRADO, 2007).
Quadro 11. Ambientes de produção de cana-de-açúcar da região Centro-Sul do Brasil.
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6. GRUPOS DE MANEJO
Diversos solos devem ser agrupados de acordo com suas semelhanças com relação ao manejo. É apresentado na figura 13 um
exemplo de mapa de solos com grande variabilidade espacial exigindo na interpretação, grupos de manejo.
Figura 13. Mapa pedológico da fazenda Arena do Parque Antártica.
Legenda
LVAe - Latossolo Vermelho-Amarelo eutrófico textura muito argilosa
LVAef - Latossolo Vermelho eutroférrico textura muito argilosa
RQa - Neossolo Quartzarênico álico
LAa - Latossolo Amarelo distrófico típico álico textura média
PVAe – Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico textura arenosa/média
LVa - Latossolo Vermelho distrófico típico álico textura média
Área urbana
Com base nas características pedológicas e da cana-de-açúcar são elaborados grupos de manejo qualitativos com semelhante
resposta ao preparo de solo, gessagem, terraceamento, adubação e alocação de variedades de cana-de-açúcar.
1 -Preparo do Solo
Grupos de Manejo
Característica do solo
1
Textura muito argilosa
Texturas média ou
2
arenosa
2 – Gessagem como fonte de cálcio
Grupos de Manejo
Característica do solo
Gessagem
1
Eutróficos , mesotróficos Desnecessária
2
Ácricos, mesoálicos,álicos Recomendada
12
Aula do curso a distância tópicos da cultura da cana-de-açúcar – Hélio do Prado
3 - Tipo de Terraço
Grupos
de
Característica do solo
Terraço
1
Baixo gradiente textural
Em nível
2
Alto gradiente textural Em desnível
Solos
Manejo
Latossolos e Neossolos
Quartzarênicos
Argissolos típicos
4 - Adubação Fosfatada
Grupos de Manejo
Característica do solo
Dose mais altas de P
1
Alto fixação
Necessária
2
Baixa fixação
Desnecessária
5 - Parcelamento de Potássio
Grupos de Manejo
Horizonte A
Parcelamento de K
1
CTC Alta/Média
Desnecessário
2
CTC baixa
Recomendado
6 - Alocação de variedades de cana-de-açúcar
Grupos de Manejo
Característica do solo
Alocação de plantas
1
Eutróficos, mesotróficos
Mais exigentes
2
Ácricos, álicos, mesoálicos,distróficos
Menos exigentes
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.Brasília. 2006.
PRADO, H. Condições químicas dos horizontes sub superficiais para manejo.Fertibio. Lages (SC) 2004.cd rom.
PRADO , H. site www.pedologiafacil.com. 2004.
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