Diário Económico – Segunda-feira 10 de Dezembro 2012 U&E/6 DESTAQUES 2 mil Este ano foram concedidos cerca de dois mil vistos de trabalho para portugueses no Brasil. ESPECIAL BRASIL VENCEDORES DR DR “É preciso respeitar os‘timings’ brasileiros” Nuno Rebelo de Sousa é director de Desenvolvimento Estratégico e Organizacional da EDP Brasil. A par das oportunidades, quem vai para o Brasil deve preparar-se para um mercado com “a sua própria cultura empresarial, regras e metodologias, diferentes das nossas”, aconselha David Seromenho, que partiu para São Paulo há dois anos para lançar a Cunha Vaz neste país. É uma grande oportunidade participar no crescimento e dinamismo do mercado brasileiro neste momento, diz, mas “é também um grande desafio, cheio de obstáculos a ultrapassar”. Para terem sucesso no Brasil, David Seromenho acredita que as empresas não têm outra alternativa senão adaptar-se à cultura e à maneira de trabalhar do país, respeitando os processos vigentes e os ‘timings’. Mais: têm de conseguir um “difícil equilíbrio entre serem humildes e estarem, ao mesmo tempo, cientes das suas qualidades”. As qualidades essenciais neste mercado, na sua opinião, são “aprender a esperar e a trabalhar em conjunto com os excelentes profissionais de que o Brasil dispõe”. ■ C.C. Rita Sousa Coutinho dirige o negócio de supermercados de proximidade Extra do Grupo Pão de Açucar. DR David Seromenho dirige a Cunha Vaz no Brasil. “Planeie antes de partir” A portuguesa que dirige 100 minimercados Nuno Rebelo de Sousa lidera o Desenvolvimento Estratégico e Organizacional da operação da EDP que Ana Fernandes dirige no Brasil. Confessa que foi “ atrás da oportunidade e foi tudo bem planeado”. Antes já tinha visitado duas vezes São Paulo para preparar a ida. Avisa que o Brasil “não é um mercado natural para os portugueses. Tirando a língua que é parecida, alguns antepassados comuns e um grande carinho por Portugal, tudo o resto é muito diferente”. Para além de que “não há cultura de contratação de estrangeiros”. A excepção são “as multinacionais de consultoria, farmácia, F&B, imobiliário e RH, que contratam qualquer nacionalidade”. Já para os empreendedores que querem tentar a sua sorte no país aconselha-os a pensar em “cidades que não estejam no ‘top 5’ porque estas já estão muito saturadas e a concorrência é feroz”. Curitiba, Londrina, Recife, Vitória, interior de São Paulo, são alguns dos exemplos. Na EDP Brasil “há sempre oportunidades para portugueses que são contratados ou através da EDP Portugal ou no mercado de trabalho brasileiro”. ■ M.Q. DR Diogo Eloy de Sousa, sócio-director da KPMG Brasil. Dirige um dos negócios do grupo Pão de Açúcar no Brasil, o que implica coordenar cerca de 100 minimercados Extra. Rita Sousa Coutinho está neste grupo há nove meses e diz que “a experiência tem sido fantástica e única” e que desde logo se integrou “muito bem”. Considera que “num mercado global de capitais, bens e serviços como o que vivemos, é fundamental o recurso humano considerar-se global”. Vive em São Paulo e confessa que as “ filhas mais novas sentemse melhor aqui que em Portugal”. Para os portugueses que queiram tentar a sorte no país aconselha “a fazerem os primeiros contactos através das universidades, das diversas unidades da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil e do AICEP”. Mas há que ter paciência e humildade porque “contratação de um não local não é óbvia em qualquer País e o Brasil não é diferente”. O melhor é “tentar através da própria empresa ou entrar numa multinacional”. ■ M.Q. DR “Preocupam-se muito com as crianças” É sócio-director da KPMG Brasil e foi para o país ao abrigo do programa de rotação de quadros da KPMG ao nível global. Diogo Eloi de Sousa está há um ano no país e diz que “o processo de integração ainda decorre”. Até porque “apesar da proximidade histórica e de falarmos o mesmo idioma, existem muitas diferenças que fazem com que seja um processo lento”, sublinha. Ajuda “o facto de os brasileiros serem muito comunicativos e fantásticos com as crianças” e “o apoio da comunidade portuguesa que está em São Paulo há mais tempo”, conclui. Aconselha os portugueses a seguirem o seu exemplo. O Brasil “é claramente uma oportunidade, tanto do ponto de vista do investimento, como do trabalhador por conta de outrém”. Mas antes de partir o conselho que deixa a todos é: “Informe-se bem”. ■ M.Q. “As pessoas são muito acolhedoras” Patrícia Espírito Santo, directora de recursos humanos da Generalli Seguros Brasil. Patrícia Espírito Santo, que dirige os recursos humanos da Generali Brasil Seguros, diz que no país não faltam lugares para os portugueses. “Existem oportunidades para os bons profissionais, sobretudo nas áreas técnicas”, afirma. Na Generalli, acrescenta, “os profissionais portugueses, que tenham uma formação sólida e o perfil técnico adequado, são sempre bem vindos”. Quanto à integração no país, “a principal dificuldade é a obtenção do visto de trabalho”, que no seu caso demorou dois meses a conseguir. Entre os pontos positivos está o facto das pessoas serem “muito acolhedoras. É bom trabalhar com pessoas alegres e comunicativas”. Mas “temos que fazer um esforço de adaptação ao sotaque brasileiro para garantir que somos compreendidos”. Os salários são mais altos, mas “o custo de vida no Brasil é muito elevado. E mudar de país num período inicial, acarreta um acréscimo de despesas”, conclui. ■ M.Q.