GUIA UNIVERSITÁRIO CORREIO POPULAR E5 Campinas, quinta-feira, 23 de outubro de 2014 Direito ou medicina? Isabella ficou com a primeira opção. Amadurecida depois da escolha, a estudante diz que não se arrepende e pretende seguir em frente com o curso Filha de médico, a estudante cresceu ouvindo que a profissão do pai era a ideal, mas na hora ‘h’ resolveu mudar e está feliz com a decisão ‘ ‘ Quando conversamos com uma criança, a primeira pergunta que vem em mente é: ‘O que você vai ser quando crescer?’. Até mais ou menos os doze anos essa pergunta é um convite à fantasia. As respostas são surpreendentes. Eu, por exemplo, falava em ser jogadora de vôlei, cientista, atriz, escritora, veterinária, só que detalhe, tudo ao mesmo tempo. Na infância não há limites. Infelizmente, com o crescimento, as possibilidades vão diminuindo, em razão de nossas habilidades e pela consciência de que não há tempo pra tudo. No Ensino Médio a pergunta se transforma em pesadelo. Os convictos da resposta desde a infância precisam enfrentar um obstáculo concreto: o vestibular. Os confusos, como eu, precisam, além de estudar para o vestibular, decidir para que prestarão a prova. O mais difícil é decidir sozinho, nesta fase, todos têm opinião e falam como se te conhecessem muito bem. Além disso, lidar com a opinião familiar pode ser delicado: em casa queriam que eu cursasse medicina, minha mãe principalmente, ela acreditava verdadeiramente que minha opção final seria medicina. Para piorar, os conhecidos mudavam a perguntinha monstruosa e completavam: ‘Vai ser médica igual ao pai?’. Responder era um pesadelo ainda pior, porque vinha seguido de um discurso sobre a beleza da medicina ou sobre como os pais ficam felizes em ver os filhos seguindo seus passos. Cheguei a pensar em fazer medicina, para alegria dos meus pais. Contudo, no segundo ano, cursei a disciplina oratória, oferecida por meu colégio para os alunos trabalharem a desenvoltura oral, gostava muito dos debates e discursos propostos. Então, não possibilita tantas fantasias, só que a escolha deve ser pessoal para que cada um mantenha sua essência. Hoje, lembrando da minha experiência, reconheço que o medo de assumir as consequências de uma escolha errada fez com que ficasse relutante em decidir definitivamente pelo direito. Mas não há problema em abandonar um curso caso não goste, o fanatismo em poupar tempo pode acabar arruinando as perspectivas de realização profissional. Descobri que o crescer é sinônimo de adquirir maturidade: a liberdade em escolher seu futuro revela estar crescido o suficiente para trilhar seu próprio caminho, tomar decisões próprias. A liberdade é intrigante e medonha simultaneamente, todos querem ser livres, mas temem assumir as consequências da liberdade. Este foi meu sentimento ao escolher o que cursar, acreditava que ao fazer a vontade de minha família seria poupada dos efeitos de uma eventual má escolha, bobagem! Sou estudante do primeiro ano de direito e estou apaixonada pelo curso, não poderia estar mais feliz. Rompi a barreira do medo de iniciar a vida adulta, mas espero nunca parar de crescer, digo, de amadurecer.” Isabella Silveira de Castro é graduanda em direito pela PUC-Campinas e colaboradora do IFE (Instituto de Formação e Educação) Campinas. logo após a apresentação final aberta aos familiares decidi contrariar meus pais e optei por direito. Na inscrição do vestibular minha mãe ainda insistia: ‘Pense melhor!’. Felizmente, fui autônoma em minha decisão e acredito que todos deveriam ser. A pergunta: ‘O que você quer ser quando crescer?’ é tão bela na infância justamente pelo fato da resposta ser cheia de autenticidade, a criança acredita poder guiar livremente seu futuro. Certamente, o mundo real