ÉLDER CLÁUDIO R. M. COSTA Presidente da Área Brasil Chegou o momento de o Brasil deixar de depender de missionários estrangeiros. Eles vão continuar chegando. Somos imensamente gratos pelos milhares de rapazes e moças de outros países que serviram e ainda servem no Brasil. Muitos de nós fomos trazidos à verdade por eles. Nunca os esqueceremos. Ainda dependemos deles, mas agora chegou a nossa vez de assumir o nosso lugar. O Brasil como potência na Igreja precisa assumir o seu papel. Precisa passar a fornecer mais do que receber. Queridos irmãos e irmãs. Fomos ricamente instruídos e edificados nesta noite. Sinto o Espírito testificar em meu coração que o que tratamos hoje é a vontade do Senhor para nosso grande país e nossa Igreja aqui. Sinto a aprovação Dele e de Seus servos autorizados, os Profetas e Apóstolos atuais, quanto a esta nova ênfase na Obra Missionária aqui no Brasil. E por que de tudo isso? Qual a razão para esse esforço tão intenso? Precisamos nos lembrar da razão pela qual tudo é feito na Igreja. Como explicado pelo próprio Senhor: “Pois eis que esta é minha obra e minha glória: Levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem.” A Obra Missionária é uma das áreas fundamentais da Obra de Salvação. Como Paulo tão bem nos faz pensar ao nos questionar: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” Vejam que pergunta interessante: “E como pregarão, se não forem enviados?” É nossa a responsabilidade de enviar os pregadores para que preguem, de modo que as pessoas os ouçam, creiam Naquele a quem pregam, invoquem-No e sejam salvas. Se não enviarmos os pregadores, muitos não serão salvos. É por isso que precisamos ter, em dois anos, 7.000 missionários brasileiros no campo. Alguns podem estar um tanto assombrados. Talvez espantados ou até mesmo temerosos. Reconheço que tais sentimentos são normais e compreensíveis. Estamos diante de algo que nunca foi feito na Igreja no Brasil. É algo novo para mim também. Mas testifico aos irmãos e às irmãs que eu, pessoalmente, apoio essa iniciativa. E o Espírito Santo tem me mostrado a vontade do Senhor, tem me consolado e fortalecido para que levemos, juntos, esse plano adiante. Parte da segurança que sinto em relação a esse assunto está relacionada à nossa história. Gostaria de recordar um fato. No dia 12 de outubro de 1980 foi organizada a primeira estaca de Sião no Planalto Central do Brasil, a Estaca Brasília Brasil. Nesse mesmo dia, após a organização da Estaca, o Élder Ezra Taft Benson, na época Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, deslocou-se da capela para o Parque Rogério Píton Farias. Lá ele abençoou e dedicou o Brasil à pregação do evangelho, rogando ao nosso Criador que desse muita segurança e prosperidade aos brasileiros e derramasse sobre eles suas bênçãos e amor infinito. Alguns trechos da oração dedicatória do Brasil dizem o seguinte: “Pai Celeste, somos gratos pelo crescimento de Tua Igreja aqui nesta grande república através deste grande continente e por todo o mundo. (...) Pai, sabemos que nem todas as coisas são possíveis para nós humanos, mas compreendemos, Pai, que todas as coisas são possíveis para Ti e Teu Amado Filho. E assim, Pai, vimos perante ti com os corações cheios de gratidão neste dia do Senhor e rogamos que possas ouvir a nossa voz (...) E agora, Pai, abençoamos esta nação. Invocamos Tuas bênçãos escolhidas sobre esta grande república, Pai Celeste, novamente abrimos as portas mais amplamente do que nunca, para a pregação da Tua palavra, que Teu Evangelho possa expandir-se, que os corações possam estar abertos, que seus sentimentos possam ser enternecidos perante Ti e Tua grande obra dos últimos dias, e que muitos milhares possam entrar para Tua Igreja e receber as bênçãos prometidas. Ó Pai, agradecemos-Te pelos princípios salvadores de Teu Evangelho e rogamos-Te que possas abençoar os missionários, os Presidentes de Missão e todos os que têm qualquer ligação com esta obra nesta parte da Tua vinha. Que ela possa expandirse (...) Pai Celeste, viramos a chave, abrimos a porta. Pela autoridade do Santo Sacerdócio de Deus, dedicamos esta nação para Teus santos propósitos; para a pregação de Teu Evangelho; para espalhar a verdade. E, Pai, assim como dedicamos esta nação a Ti para Teus santos e sagrados propósitos, rededicamos nossa vida a Ti e a Tua grande obra e rogamos que nossos labores possam ser aceitáveis perante Ti, pois Te amamos, Pai Santo e a Teu Amado Filho e oramos para que nossos trabalhos possam ser aceitáveis perante Ti, Em nome de Jesus Cristo, Amém”. Sinto uma emoção diferente cada vez que leio essa oração. Ela foi feita por um Apóstolo do Senhor aqui em nossa terra, para nós. É uma oração para cada um de nós. Fomos abençoados para podermos auxiliar na Obra e fazer com que “muitos milhares possam entrar para a Tua Igreja e receber as bênçãos prometidas”. Os missionários, os Presidentes de Missão, e todos os membros foram abençoados. É por isso que, mesmo diante de tal desafio, sinto-me seguro e animado. Iremos publicar a oração dedicatória do Brasil na edição de março [de 2014] da revista A Liahona, para que todos possam lê-la, sentir sua força e serem inspirados por ela. Testifico que a “chave foi virada e a porta foi aberta”. Desde que essas palavras foram proferidas, muitos milhares se juntaram à Igreja. Somos a maior nação da Igreja após os Estados Unidos em número de Estacas, e a terceira do mundo em número de membros. Mas agora está na hora de darmos um passo adiante. Subirmos mais um degrau. Agora é a hora de muitos milhares de brasileiros receberem o evangelho das mãos de muitos milhares de missionários brasileiros. Chegou o momento de o Brasil deixar de depender de missionários estrangeiros. Eles vão continuar chegando. Somos imensamente gratos pelos milhares de rapazes e moças de outros países que serviram e ainda servem no Brasil. Muitos de nós fomos trazidos à verdade por eles. Nunca os esqueceremos. Ainda dependemos deles, mas agora chegou a nossa vez de assumir o nosso lugar. O Brasil como potência na Igreja precisa assumir o seu papel. Precisa passar a fornecer mais do que receber. Em muitos aspectos precisamos receber ajuda de nossos irmãos de outros países. Ainda não somos autossuficientes. Mas, no que se refere à Obra Missionária, temos o potencial de nos tornar, no horizonte de dois anos, autossuficientes no número de missionários. Temos rapazes suficientes para isso. Eles estão nas Alas e nos Ramos de todo o Brasil. Parafraseando o Escoteiro Caio Vianna Martins, “a Obra Missionária no Brasil precisa caminhar com suas próprias pernas”. Para auxiliar a liderança nesse esforço, além do sistema de acompanhamento individual que o Élder Gavarret explicou, a Presidência encaminhará para cada Setenta de Área um relatório indicando o desafio de cada Estaca, e o progresso esperado de cada uma delas, trimestralmente, pelos próximos dois anos. Como podem ver na tela, temos traçado a quantidade de missionários que devem estar no campo, trimestre a trimestre. Os Presidentes de Estaca receberão a mesma informação para suas respectivas estacas. Os Setentas de Área vão trabalhar com os Presidentes de Estaca, que coordenarão o trabalho com os bispos e, consequentemente, trabalharão com seus Conselhos de Ala e com os Pais dos nossos futuros missionários. Essa coordenação entre Alas, Estacas e Setenta de Área é fundamental. A força da Área é o reflexo da força de nossas unidades. A Área se tornará autossuficiente na quantidade de missionários se cada unidade também assim se tornar. Para isso, o trabalho do Conselho da Ala é importantíssimo, como explicado pelo Bispo Oliveira hoje. O envolvimento dos pais fará toda a diferença. O CTM mais eficiente que existe é o próprio lar. Os pais que dedicarem tempo e esforço na preparação de seus filhos para a Missão colherão bênçãos por toda a vida e pela eternidade. Como Paulo disse: “Não tenho maior gozo do que este, o de ouvir que os meus filhos andam na verdade”. Reconhecemos que alguns dos rapazes não têm seus pais na Igreja. Mesmo assim os pais desses jovens podem ser envolvidos. Eles precisam compreender o trabalho que será realizado pelos seus filhos e, assim sendo, apoiá-los durante a missão. A história do jovem Daniel, relatada pelo seu então Bispo Marcelo Silveira, da Ala Horto Florestal, Estaca São Paulo Norte, ilustra muito bem esse assunto, e serve para mostrar que pais não membros da Igreja também podem participar: O Bispo Silveira relatou: “O jovem Daniel era o tipo de colega de escola que os rapazes da ala nunca imaginariam poder aceitar a Igreja. No entanto, mesmo com as diferenças de padrões, uma amizade genuína e uma convivência saudável começaram a mostrar ao Daniel os valores daqueles colegas da Igreja. Por meio de exemplos inspiradores dos jovens e de atividades motivadoras na ala, ele começou a sentir o desejo de mudar sua vida e ser uma pessoa melhor, como aqueles amigos sinceros e verdadeiros. Finalmente Daniel decidiu ser batizado na Igreja e abandonar seus hábitos do passado. Em pouco tempo ele se fortaleceu no Seminário e no sacerdócio, e ao se aproximar dos 19 anos, conseguiu a aprovação de seus pais, que não eram membros, para cumprir uma missão de tempo integral. Como seu bispo, foi gratificante acompanhar o progresso daquele jovem e a extraordinária mudança em seu coração, ao partir para o campo missionário”. O Bispo Silveira continua: “Mas foi particularmente recompensador poder receber seu pai na Igreja, durante os dois anos de sua missão. O Sr. Nelson vinha fielmente trazer, a cada mês, a parcela integral da missão de seu filho, e fazia questão de ser recebido por mim na sala do bispado, para preencher o cheque e fazer a contribuição. Ao conversarmos brevemente, eu podia sentir o orgulho daquele pai, mesmo não sendo membro da Igreja, ao contribuir com um trabalho tão enobrecedor. ‘O exemplo daquele pai inspirou muitas outras famílias da ala a se empenharem no sacrifício missionário”’. Muitos dos nossos futuros missionários são ativos, preparados e servirão de boa vontade. Outros precisarão de um pouco mais de acompanhamento, apoio e incentivo, e servirão igualmente de boa vontade. Alguns estão distantes, e precisam ser resgatados, talvez precisem corrigir algumas coisas, e então também servirão de boa vontade. Ou seja: não importa como estejam no momento, temos que olhar para cada rapaz e homem que ainda pode servir uma missão, e vê-los como valorosos missionários. Temos que tratá-los e considerá-los como tal. Como disse um pensador3: “Trate uma pessoa como ela é e ela permanecerá como é. Trate uma pessoa como ela poderia ser e ela se tornará o que poderia ser.” Todos precisam ser formalmente chamados. Todos tem o direito de receber tal chamado e atendê-lo de boa vontade. Assim como muitos estão afastados da verdade simplesmente por não saber onde encontrá-la, muitos estão fora do campo missionário simplesmente por não terem sido encontrados e chamados. Não privem nossos rapazes de atender ao chamado do Senhor. Podem imaginar o que ocorrerá com a Igreja quando tivermos 7.000 missionários brasileiros servindo em nosso país? Conseguem compreender o impacto disso em nossas unidades, Alas e Ramos, Estacas e Distritos? São capazes de vislumbrar o que isso significará em nossas famílias e nas famílias desses futuros missionários? Podem ver o que isso representará na conversão deles próprios e daqueles ao seu redor? Quando retornarem, esses jovens trarão consigo uma bagagem espiritual, moral, e até mesmo social e pessoal que não poderia se adquirida por outro meio. Estarão espiritualmente fortes, prontos para continuar servindo ao Senhor em suas Alas e Ramos. Estarão moralmente limpos para seguirem com a vida em direção ao Templo Sagrado, ao casamento e selamento, e à constituição de famílias dignas. Abençoarão a esposa e os filhos, servirão com valor. Estarão ávidos pelo trabalho árduo e familiarizados com o relacionamento interpessoal tão necessário em seus futuros empregos e trabalhos. Terão aprendido a estudar, a trabalhar em equipe, a liderar e ser liderado e a cuidar de recursos financeiros limitados. Terão aprendido a viver de maneira frugal e regrada. E o ciclo continuará permanentemente. Quando os jovens de hoje voltarem para casa daqui a alguns anos, os de amanhã estarão servindo em igual ou maior número em seu lugar. Não estamos falando de um programa temporário, mas do posicionamento da Igreja em uma nova realidade. Não iremos atingir 7.000 missionários para depois diminuir. Iremos manter. Iremos crescer. Daqui a 20 anos, os filhos desses futuros missionários estarão servindo, seguindo os passos de seus fiéis pais e mães. Sei que essa é a vontade de Deus para o Brasil hoje. Não tenho dúvida disso. Tenho um testemunho disso, e o desafio a trabalharmos juntos para que isso aconteça. Irmãos e irmãs, nós os amamos e nós confiamos em vocês. E queremos que vocês confiem no que estamos dizendo hoje e coloquem esforço nesse trabalho. Que os bispos e seus conselheiros possam cuidar para que todos os rapazes fiquem ativos e sirvam em uma missão. Que os presidentes de Quórum vão buscar os que têm que ser buscados e trazidos de volta, e nós veremos esse milagre acontecer porque isso veio do Senhor por inspiração divina. Esta é a Igreja do Salvador Jesus Cristo, Ele vive, e Ele é o grande líder dos missionários em todo o mundo. Em nome de Jesus Cristo. Amém.