Fisioterapia Brasil o ano 1 - n 2 Novembro/Dezembro de 2000 Neurologia O processo de degeneração walleriana Pneumologia Rastreamento do ângulo de Charpy em crianças asmáticas e não asmáticas Otoneurologia Vertigem: A abordagem da fisioterapia Oncologia Morbidade após o tratamento para câncer de mama Pós-graduação Cursos de mestrado e doutorado www.atlanticaeditora.com.br Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 51 Fisioterapia Brasil ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Índice (vol.1, nº2, nov/dez 2000 - 51~122) EDITORIAL Da fisioterapia que temos para a fisioterapia que necessitamos: um novo paradigma, Marco Antonio Guimarães da Silva ................................... 53 OPINIÃO Uma agenda para a fisioterapia do terceiro milênio no Brasil, Gil Lúcio Almeida ..................... 55 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ............................................................................ 65 Fisioterapia prática ARTIGOS CIENTÍFICOS E REVISÕES Método fotogramétrico de rastreamento do ângulo de Charpy em crianças asmáticas e não asmáticas, Mario Antonio Baraúna, Maria da Graça Baldo Deloroso ............................... 75 Determinação da histamina no coração de ratos exercitados, Marília Mantovani Sampaio Barros, José Roberto Moreira de Azevedo, Carlos Alberto Anaruma, Eduardo Kokubu, Rui Errereias Maciel .............................................................................................. 85 Vertigem: A abordagem da fisioterapia, André Luís Santos Silva, João Soares Moreira ........... 91 Revisão anatômica do músculo plantar delgado e sua importância clínica, José Antonio S.F.A Pinna Cabral, Rodrigo Marçal, Ana Paula Coelho, Andressa Quintino Teixeira, Renata Bordignon de Pinna Cabral................................................. 98 Morbidade após o tratamento para câncer de mama, Anke Bergmann, Ginástica Laborativa Inês Echenique Mattos, Rosalina Jorge Koifman, Sérgio Koifman............................................... 101 O processo de degeneração walleriana e os eventos moleculares nele envolvidos - uma revisão com enfoque no sistema nervoso periférico, Solange Canavarro Ferreira, Ana Maria Blanco Martinez ............................................................................................... 109 RESUMOS DE DISSERTAÇÕES E TESES .................................................................................... 116 PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO RECOMENDADOS PELA CAPES ............................. 118 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO ......................................................................................................... 120 Na proxima edição de Fisioterapia Brasil estarão detalhados os CD-roms disponíveis aos nossos assinantes. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 52 Fisioterapia Brasil Editor científico Prof. Dr. Marco Antônio Guimarães da Silva (UFRRJ/UCB – Rio de Janeiro) Conselho científico Prof. Dr. Gil Lúcio de Almeida (Univ.de Ribeirão Preto - UNARP – São Paulo) Prof. Dr. Guillermo Scaglione (Univ. de Buenos Aires – UBA - Argentina) Prof. Dr. Hugo Izarn (Univ. Nacional Gral de San Martin – Argentina) Prof. Dr. Margareta Nordin (Univ. de New-York – NYU - Estados Unidos) Prof. Dr. Mario Antônio Baraúna (Univ. do Triângulo Mineiro - UNIT – Minas Gerais) Prof. Dr. Nivaldo Antonio Parizotto (Univ. Federal de São Carlos - UFSCAR – São Paulo) Grupo de assessores (2000-2001) Dra Albernice M de Oliveira Barreto (CREFITO1 – Pernambuco) Dr. Antonio Neme Khoury (HGI - Rio de Janeiro) Dr. Carlos Alberto Caetano de Azeredo (Rio de Janeiro) Dra. Claudia Bahia (FAFIS/IAENE - Bahia) Dr. Carlos Bruno Reis Pinheiro (Rio de Janeiro) Dra. Elaine Guirro (Unimep – São Paulo) Dr. Esperidião Elias Aquim (Univ.Tuiuti - Paraná) Dr. Farley Campos (UCB - Rio de Janeiro) Dr. Fernando A. de M. Prati (CREFITO5 – Rio Grande do Sul) Dr. Hélio Pio (Rio de Janeiro) Dr. Hildeberto Lopes do Santos (CREFITO3 – Minas Gerais) Dr. Ivan Pinto Varela (CREFITO7 – Bahia) a Rio de Janeiro Avenida Atlântica, 604/1102 22010-000 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 244-6471 E-mail: [email protected] São PPaulo aulo Avenida São João, 56, sala 7 12940-000 Atibaia SP Tel/Fax: (11) 4411-7629 Cel: (11) 9219-0570 Prof. Dr. João Marinonio A. Carneiro (COFFITO – Rio de Janeiro) Prof. Dr. João Santos Pereira (UERJ - Rio de Janeiro) Dr. José Euclides Poubel e Silva (CREFITO9 – Mato Grosso) Dra. Lisiane Fabris (UNESC – Santa Catarina) Dr. José Roberto Prado Jr. (Rio de Janeiro) Dr. Jorge Tamaki (PUC - Paraná) Dra. Marisa Moraes Regenga (São Paulo) Dr. Nilton Petrone (Univ. Estácio de Sá - Rio de Janeiro) Dr. Paulo Henrique Eufrásio de Oliveira (FAFIS/IAENE - Bahia) Dra. Regina Maria de Figuerôa (CREFITO2 - Rio de Janeiro) Dra. Solange Canavarro Ferreira (UFRJ – Rio de Janeiro) Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin Revista FFisioterapia isioterapia Brasil Publicidade e marketing René Caldeira Delpy Jr. (Rio de Janeiro) Maurício G. Costa Anderson (São Paulo) (Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço) Jean-Louis Peytavin Avenida Atlântica, 604/1102 22010-000 Rio de Janeiro RJ Tel/fax (21) 244-6471 Cel: (21) 9218-0346 [email protected] Administração: Claudiane Benavenuto Redação e administração Publicidade e marketing Rio de Janeiro: Rene C. Delpy Jr (21) 244-6471 Cel: (21) 9662-9411 São Paulo: Maurício Galvão C. Anderson (11) 4411-7629 Cel: (11) 9219-0570 [email protected] Ilustração da capa: Miguel Salgado, Gang do celular, 1999, acrílico sobre papel, 50 x 70 cm I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes. © ATMC - Atlântica Editora Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Editorial 53 Marco Antonio Guimarães da Silva* Da fisioterapia que temos para a fisioterapia que necessitamos: um novo paradigma? ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ * Coordenador científico de Fisioterapia Brasil. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ O Departamento de Saúde Pública dos Estados Unidos (Agency for Health Care Policy and Research - AHCP, 1994) analisou diversos procedimentos diagnósticos e terapêuticos para a dor lombar aguda (DLA). O estudo se baseou na avaliação dos trabalhos de pesquisa realizados em todo o mundo e que haviam sido divulgados através de periódicos e revistas especializadas. O resultado da avaliação dos métodos fisioterapêuticos para a DLA não foi muito animador, classificando-os, em sua grande maioria, como pouco eficazes. O trabalho da AHCP evidenciou uma realidade vivida na fisioterapia que, apesar de contar com técnicas desenvolvidas e muito bons profissionais, deixa muito a desejar na área acadêmica. Se almejamos o respeito e consideração da comunidade acadêmica, não podemos seguir assumindo modelos empíricos baseados em delineamentos científicos inadequados. Mesmo em países onde a fisioterapia já alcançou um status quo científico, como Estados Unidos, Canadá e Austrália, há um forte desequilíbrio entre a prática clínica e a investigação científica, com o braço da balança inclinando-se para o lado clínico. Não temos a certeza de que se pode generalizar os resultados do trabalho realizado nos Estados Unidos, mas existem, infelizmente, fortes indícios de que os “equívocos científicos”, observados nos trabalhos analisados, se repetem em outras áreas que não a de dor lombar. A grande verdade é que publicamos pouco e, com exceções, publicamos artigos que não resistem a uma análise cientifica rigorosa. É importante ressaltar que a minha crítica ao “publicar pouco” não significa ceder ao quantitativismo, porque ele geralmente distorce as prioridades científicas de muitos pesquisadores. Vale a pena lembrar as palavras de Giannotti quando ele nos diz que se Frederico o Grande tivesse exigido quarenta papers para recontratar Kant para a cadeira de Filosofia, em Könisberg, o filósofo não teria tido tempo para escrever a Crítica da Razão Pura. Diante desta realidade, manter uma revista científica com periodicidade bimestral torna-se um grande desafio. Que providências tomar para equacionar o problema? Propor um novo paradigma? Repensar o contexto universitário da Fisioterapia? Esses poderiam ser alguns caminhos. Já o descobriremos. 54 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 O artigo de Gil Lúcio de Almeida, colega nosso e membro do comitê editorial da Fisioterapia Brasil, que publicamos na seção opinião, talvez já seja parte do processo de mudança que precisamos. Antes mesmo de sua publicação, o artigo de Gil já dava mostras de que provocaria algumas reações, e a questão era: devemos publicá-lo ou não? Tentando argumentar a favor do artigo, foi que me veio à recordação o Jornal Opinião, publicado nas décadas de 60 e 70, época em que a idade já havia despejado em mim os anos suficientes para sair da adolescência e começar a pensar como adulto. O semanário trazia sempre, em sua primeira página, uma citação de Voltaire que me encantava: “Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-la”. Essas poucas linhas, escritas há séculos, tiveram fôlego suficiente para atravessar o tempo e convencer aos que se opunham à publicação do artigo do nosso querido Gil. O tema é inovador e, com certeza, suscitará muita polêmica e, quem sabe, muita dissidência. É bom lembrar, trazendo o pensamento do teórico da cultura Boaventura Souza Santos, que o grau de dissidência mede o grau de inovação. Dessa forma, poderemos buscar uma ruptura epistemológica, com um desenvolvimento equilibrado, olhando com atenção para as pesquisas de cunho analítico quantitativas, não descartando, entretanto, os modelos da investigação qualitativa, que tão bem amparam a subjetividade que envolve nossos pacientes - protagonistas do cenário e que se encontram condicionados aos fatores biopsicossociais. Se exceções existem para o quadro acima levantado, uma delas sem dúvida é a da Dra Margareta Nordin, que a partir deste número faz parte de nosso conselho editorial. Com Doutorado em Medicina pela Universidade de Estocolmo, a Dra Nordin vive em Nova York há vinte anos, onde dirige o Occupational Industrial Orthopaedic Center e o programa de Doutorado em Biomecânica, ambos pertencentes à Universidade de Nova York. A Dra Nordin representa, nos dias atuais, talvez a maior expressão científica mundial na área de fisioterapia, tendo sido a única fisioterapeuta convidada pelo governo americano para participar do estudo da avaliação dos procedimentos fisioterapêuticos, que abriu este editorial. Com centenas de trabalhos publicados nos mais famosos e tradicionais periódicos internacionais e diversos livros traduzidos para vários idiomas, ela divide o seu tempo entre o Instituto que dirige e os convites que recebe, dos cinco continentes, para ministrar conferências e participar como membro em defesas de teses de Doutorado. Nos conhecemos em 1992, quando à época eu estava responsável pela implantação de um Programa de Pesquisa da United Nations Developed Program - UNDP e da International Civil Aviation Organization - ICAO. As 14 horas diárias que trabalhamos juntos, por um mês (quando da consultoria para a UNDP/ICAO) e os sucessivos encontros profissionais no eixo Rio - Nova York- Paris - Coruña, levaram-me a respeitá-la como cientista, admirá-la como pessoa e a estreitar os laços entre nossas famílias. Tornamo-nos grandes amigos. Particularmente sinto-me honrado em tê-la em nosso conselho editorial. Bem-vinda Margareta. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 55 Opinião Uma agenda para a fisioterapia do terceiro milênio no Brasil Gil Lúcio Almeida* ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ *Ft, MC, Ph.D; Professor de graduação e pós-graduação da UNICAMP (Campinas), UNAERP (Ribeirão Preto) e UNESP (Rio Claro) Nesse artigo, inicialmente ofereço uma reflexão sobre a situação vigente da Fisioterapia no Brasil. Em especial, discuto a realidade da fisioterapia no Brasil em termos do mercado de trabalho, do credenciamento profissional, da qualidade do ensino de graduação e de pós-graduação. Em seguida, faço um breve relato da experiência da fisioterapia nos Estados Unidos, para então colocar a minha visão do que deverá ser a fisioterapia no mundo. Finalmente discuto a necessidade de criarmos a Academia Brasileira de Fisioterapia – ABFT. A função da AFBT deverá ser a de implantar uma agenda para a fisioterapia do terceiro milênio no Brasil. A implantação dessa agenda inclui várias medidas que no meu entendimento poderá colocar a profissão no Brasil em um patamar de destaque no cenário internacional. Essas medidas incluem: 1) Uma definição das competências e habilidades do fisioterapeuta. 2) O controle da qualidade do ensino da fisioterapia ao nível da graduação e pós-graduação. 3) A definição de regras claras e objetivas, fundamentadas em princípios técnico-científicos para o credenciamento profissional. 4) O uso adequado da titulação profissional por mérito. 5) A proibição da divulgação e comercialização de técnicas fisioterapêuticas não validadas pelo crivo científico. 6) O exercício profissional baseado no uso de técnicas fisioterapêuticas validadas pelo crivo científico.. Endereço para correspondência: Prof. Dr. Gil Lúcio Almeida, Coordenador do Curso de Fisioterapia Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, Av. Costábile Romano, 2201, 14096-380 Ribeirão Preto - São Paulo Tel: (16) 603 67 74 (UNAERP), (19) 3289 9619 (UNICAMP), E-mails: [email protected] ou [email protected] 56 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 7) Divulgação da eficácia dos procedimentos fisioterapêuticos já sistematizados cientificamente e incentivos à produção de novos conhecimentos. 8) Incentivo à reciclagem profissional dos professores e à formação em cursos de pósgraduação. 9) Concientizar alunos, profissionais e consumidores para que adotem um pacto de qualidade máxima com tolerância zero ao amadorismo e ao charlatanismo. Com a implantação destas medidas tenho certeza que melhorará a qualidade dos atendimentos fisioterapêuticos. Com isto aumentará a satisfação e a qualidade de vida dos pacientes/clientes da fisioterapia. Como resultado, o reconhecimento profissional crescerá vertiginosamente, inclusive com um aumento da remuneração profissional. Da realidade da fisioterapia no Brasil Do mercado De acordo com o censo do ensino superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP - MEC de 1998, em abril daquele ano, havia no Brasil 115 cursos de fisioterapia, sendo que 24 em instituições públicas e 91 em particulares. Destes 115 cursos, 83 eram ministrados em Universidades e 32 em outros estabelecimentos de ensino. A maioria desses 115 cursos foram abertos nos últimos 7 anos. De acordo com informações do MEC/SESU/DEDES/CGSI/DPIES em novembro de 2000 existem 127 cursos de fisioterapia funcionando no Brasil. Ainda de acordo com esse censo do MEC, no ano de 1998 foram matriculados 34.383 alunos em cursos de fisioterapia no Brasil e 3.087 alunos foram graduados. Aparentemente teríamos apenas 9% dos alunos dos cursos de fisioterapia concluindo a graduação. Porém, é preciso lembrar que uma grande maioria dos 115 cursos até 1998, foi aberta entre 1995 a 1998, sem tempo para se formar a primeira turma. O mesmo acontecerá com os novos cursos abertos nos últimos 4 anos. De qualquer forma, não se pode ignorar a evasão do curso. Essa evasão também ajudaria a explicar o fato de que ape- nas 9% dos alunos matriculados em 1995 tenham concluído o curso. Uma evasão muito grande no número de alunos dos cursos de fisioterapia mostraria apenas mais uma irresponsabilidade e falta de planejamento das autoridades competentes. Enfim, uma estimativa da real capacidade do mercado brasileiro em formar novos profissionais em fisioterapia fica comprometida pela falta de dados. Vamos fazer uma projeção conservadora e assumir arbitrariamente que até o começo do ano 2001 tenhamos 130 cursos de fisioterapia funcionando no Brasil. Vale lembrar que para o COFFITO existem hoje no Brasil cerca de 200 cursos. Uma projeção, baseada no número de 34.383 vagas oferecidas nos 115 cursos de fisioterapia em 1998, daria um total de 38.868 vagas oferecidas em 2001. Vamos assumir uma evasão muito grande de 20% ao ano durante 4 anos. Estes números dariam uma estimativa muito conservadora de 7.774 alunos que poderiam se graduar a cada ano a partir de 2005. Por outro lado, não existe um estudo mostrando quantos profissionais de fisioterapia já foram formados e quantos desses estão atuando no mercado. Estima-se que mais de 40 mil alunos já tenham se graduado em fisioterapia e que 50% destes profissionais estejam atuando no mercado de trabalho como fisioterapeutas. Isto é, existiria uma média de 8.250 habitantes para cada fisioterapeuta no Brasil, se considerarmos os que estão atuando no mercado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta média deveria ser de 1500 habitantes para cada fisioterapeuta, o que projetaria um mercado brasileiro de 110 mil fisioterapeutas. Como apenas 50% dos fisioterapeutas habilitados estão exercendo a profissão deve existir uma demanda reprimida muito grande no país. Acredito que esta demanda reprimida se deva ao poder aquisitivo da população e ao fato da fisioterapia ainda não ter mostrado as suas diversas aplicações no mercado brasileiro. A fisioterapia é um campo novo de atuação na área da saúde e é necessário tempo para que a profissão ocupe todos os espaços no mercado. Porém, com a revolução introduzida pela era da informação os nichos profissionais da fisioterapia tendem a ser ocupados rapidamente. Dessa forma, temos um Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 mercado em expansão, porém com uma capacidade já instalada de formar mais de 7.774 alunos por ano. Independente da exatidão das projeções, uma análise dos dados de 1998 já projetava um grande saturamento de mercado a curto prazo se não fossem tomadas medidas disciplinares. O que se viu foi um crescimento na oferta de novos cursos. Por outro lado, se assumirmos uma média de 20 professores fisioterapeutas por curso teríamos um mercado para 2.540 professores. Existe uma cobrança do MEC para que as Instituições de Ensino Superior (IES) contratem professores titulados em cursos de pós-graduação stricto sensu. No Brasil temos apenas um curso de Mestrado Acadêmico e um de Mestrado Profissionalizante em fisioterapia aprovado pela CAPES e relacionado diretamente com a área da fisioterapia. Neste sentido, existe uma demanda muito grande por cursos de pós-graduação stricto sensu em fisioterapia no Brasil, uma vez que o número de professores universitários fisioterapeutas com mestrado e principalmente com doutorado é mínimo no Brasil. Por outro lado, o número de pesquisadores e cientistas no Brasil na área da fisioterapia também é muito pequeno. Do credenciamento profissional Não existe no Brasil ainda nenhuma cobrança em termos de conhecimento e capacitação profissional dos bacharelados em fisioterapia, para que os mesmos sejam credenciados a trabalharem no mercado. Em outras palavras, na realidade atual o mercado pode potencialmente já estar saturado considerando a demanda vigente. Esta realidade criou uma cultura fértil para a proliferação de programas ditos de pós-graduação independentes. Os profissionais procuram nestes programas um diferencial na sua qualificação que os coloque em condições privilegiadas para atuar no mercado de trabalho. Da qualidade do ensino de graduação em fisioterapia no Brasil Dos cursos de graduação No meu entendimento, os currículos dos cursos de fisioterapia no Brasil não foram montados baseados no ensino das competên- 57 cias e habilidades do fisioterapeuta. As entidades governamentais e de classe que deveriam normalizar e definir estas competências e habilidades têm se preocupado mais com os aspectos formais dos currículos (i.e., carga horária, duração e relação aluno professor). Sem uma lógica do conhecimento que norteie a formação profissional, o credenciamento e avaliação dos cursos de fisioterapia não podem ser feitos de forma competente. O resultado tem sido, a meu ver, uma abertura indiscriminada e irresponsável de cursos de fisioterapia no Brasil. Sem uma visão clara de como deve ser o ensino da fisioterapia é natural observar uma fragmentação e descoordenação no ensino dos conceitos que fundamentam esta profissão. Este problema é também refletido na baixa qualidade do material didático utilizado nestes cursos. Nesse contexto fica difícil avaliar a qualidade dos cursos de fisioterapia no Brasil. Duas iniciativas de revistas brasileiras em avaliar esses cursos de fisioterapia não levam em consideração o ensino da habilidade e competências que deveriam ser ensinadas para o aluno. Elas são baseadas em percepções subjetivas de alguns profissionais da área e a meu ver não refletem a realidade da qualidade dos cursos de fisioterapia no mercado brasileiro. Apesar da decisão do MEC de acabar com o currículo mínimo é preciso lembrar que existe muito mais comunalidades no ensino da fisioterapia do que especificidade. As disfunções motoras e a forma de tratá-las transcendem as barreiras geográficas e as peculiaridades regionais. Em 1998, tínhamos 1.103.808 vagas do ensino superior sendo oferecidas no Interior do país, contra 1.022.150 nas capitais, em 1990 esses números eram respectivamente 763.935 e 776.145 vagas. Apesar da interiorizarão do ensino superior ser positiva é preciso ter cautela quando se trata de cursos da área da saúde. Um curso de fisioterapia precisa oferecer condições variadas de treinamento prático nas áreas de musculoesquelética, neuro-muscular, intertegumentar e cardio-pulmonar. Uma cidade pequena e de porte médio não tem a variedade de clientes/ pacientes necessária para que o aluno tenha uma formação e experiência prática generalista. Vale lembrar que são poucos os 58 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 cursos de fisioterapia no Brasil que oferecem uma formação teórico-prática generalista. Da abertura de novos cursos de graduação É preciso parabenizar a iniciativa do MEC com as portarias 640 e 641 de 13/05/97 que viabilizou a criação da Comissão de Especialistas do Ensino em Fisioterapia junto à Secretaria do Ensino Superior. Essa Comissão estabeleceu os critérios e mecanismos para a abertura de novos cursos de fisioterapia em Instituições de Ensino Superior que não sejam Universidades. Ela também avalia as condições das Instituições de Ensino Superior que não são universidades (i.e., faculdades) para abrir novos cursos de fisioterapia. Vale lembrar que as universidades gozam do direito de abrir novos cursos sem passar pelo crivo desta Comissão. Dos cursos de pós-graduação Os erros de planejamento curricular observados no ensino da graduação acabaram sendo cometidos nos dois cursos de pós-graduação Strictu Sensu aprovados pela CAPES e relacionados com a fisioterapia. De um modo geral tenho observado que as disciplinas oferecidas em vários programas de pós-graduação no Brasil estão relacionadas com a área de atuação do professor do programa e não com a lógica do ensino de um programa de pós-graduação. No entanto, merece nota o esforço destes dois programas em corrigir estes erros. Esta situação é ainda mais crítica nos programas ditos de especialização e entitulados de pós-graduação. Estes programas são oferecidos geralmente por pessoas jurídicas (empresas, universidades) e físicas (profissionais) sem nenhum critério acadêmico e muitas vezes sem uma fundamentação técnico-científico. Alguns destes programas são inclusive validados por entidades de classe. Existem também os cursos de especialização que vêm sendo aprovados pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. A meu ver, falta uma lógica do conhecimento e de critérios técnico-científicos para a aprovação e implementação destes programas de especialização. É também comum observar uma falta de qualificação acadêmico científica mínima em cursos de doutorado do corpo docente que ministra estes cursos de especialização. É acertada a atitude do COFFITO de acatar as decisões do MEC no que diz respeito aos critérios para a aprovação dos cursos de especialização. Da fisioterapia nos Estados Unidos As comunalidades na área da saúde são maiores do que as diferenças e transcendem as fronteiras dos países. Por esta razão, estas áreas precisam estar atentas ao mercado mundial. Existe no mundo uma variação muito grande na definição das competências do fisioterapeuta, indo de cursos seqüenciais em alguns países a cursos de bacharelados em outros. Descreverei brevemente a experiência americana por julgá-la de maior sucesso no ensino da fisioterapia. A partir do ano 2002 a American Association of Physical Therapy (APTA) abolirá o currículo mínimo de bacharelado em fisioterapia e introduzirá a pós-graduação em Mestrado Profissionalizante como condição para que o candidato a fisioterapia possa prestar os exames da APTA e tentar obter o credenciamento profissional para atuar no mercado de trabalho. A idéia em um futuro próximo seria implantar o Doutorado Profissionalizante como critério para o candidato prestar os exames do credenciamento profissional. Ficará abolida a partir do ano 2002 a graduação em fisioterapia como condição para que o aluno preste os exames do credenciamento. No entanto, para freqüentar o mestrado e o doutorado profissionalizante o aluno deverá demonstrar competência nas áreas das ciências básicas (biologia, matemática, física, química, sociologia e psicologia). Do futuro da fisioterapia no Brasil Uma observação do desenvolvimento da fisioterapia no Brasil e no mundo nos leva a prever um aumento das áreas de atuação do fisioterapeuta dentro da ciência da saúde, com uma melhor definição de suas competências e capacitações. O mercado do futuro exigirá profissionais habilidosos, mas com uma boa fundamentação científica sobre os seus métodos de intervenção. Não bastará o diploma, mas principalmente a competência profissional. Para tanto, deverá ocorrer uma seleção rigorosa dos profissionais antes que os mes- Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 mos sejam colocados no mercado de trabalho. Esta seleção deverá ser feita através de exames aplicados por entidades responsáveis pela fiscalização profissional. Deverá também ser exigido do profissional do futuro um treinamento em cursos de pós-graduação de forma que ele possa se manter num processo de atualização constante. Academia Brasileira de Fisioterapia Para que esta profissão ocupe o lugar que lhe é de direito, precisamos estabelecer uma agenda para a profissão baseada em critérios estritamente técnicos e científicos. Para a implantação desta agenda precisamos de uma entidade forte que represente os interesses específicos da profissão. Dado o grande descontentamento profissional com as entidades de classe na área da fisioterapia é chegado a hora de criar a Academia Brasileira de Fisioterapia (ABFT). Para ser forte e representativa, a ABFT precisa estar alicerçada nas instituições de ensino superior (IESs) da fisioterapia, públicas e privadas. Para ter o respaldo das IESs, a diretoria da ABFT deve ser composta de profissionais que tenham um destaque profissional e acadêmico-científico no cenário nacional. Esta diretoria seria eleita de forma democrática em congressos científicos bianuais da categoria. Tenho a absoluta certeza que os profissionais saberão escolher a diretoria da ABFT baseando-se em critérios puramente técnicos e científicos. A divulgação do currículo vitae destes candidatos à diretoria, incluindo formação, experiência profissional e produção científica deve ser mandatória. A diretoria da ABFT seria eleita num congresso científico convocado pelos cursos de fisioterapia. Ela deveria ter como objetivo principal a implantação de uma agenda mínima para a profissão. No meu entendimento, a criação da ABFT e a implantação da agenda mínima para a fisioterapia não podem ser entendidas como um ato político ou ideológico onde se confrontariam opiniões e forças políticas atuantes dentro da fisioterapia. O desenvolvimento de uma agenda mínima também não deveria ser entendido como uma opção da categoria. Acredito que não temos escolha e que o desenvolvimento desta 59 agenda é mandatório se quisermos manter a profissão com o reconhecimento de direito e de fato a que ela deve ter. Ao assumirmos em nossos ombros a responsabilidade pela regulamentação do ensino e do exercício da profissão, baseados em critérios puramente técnicos e científicos, estaremos mostrando ao consumidor porque temos e devemos ser valorizados financeiramente pelo exercício profissional. Ao demostrarmos a importância e as vantagens das condutas fisioterapêuticas, baseadas em critérios científicos, estaremos mostrando ao consumidor a melhor opção que ele deve fazer. Ao cobrarmos uma punição severa pelo exercício inapropriado da profissão estaremos mostrando ao consumidor a importância da qualificação profissional. Creio que o resultado da implantação desta agenda mínima para a fisioterapia será um cliente mais contente e seguro com os serviços prestados pelo fisioterapeuta e um fisioterapeuta mais valorizado financeiramente e realizado profissionalmente. Para termos sucesso na implantação desta agenda nunca poderemos esquecer as valiosas contribuições daqueles que fizeram ou têm feito os 35 anos da fisioterapia no Brasil uma realidade. Agenda da ABFT I - Da competência e habilidades do fisioterapeuta A primeira pauta da agenda da ABFT deveria ser a realização de um estudo para definir as competências e habilidades básicas para o ensino da fisioterapia nos diversos níveis (graduação, especialização, mestrado e doutorado). Este estudo deveria ser fundamentado nos conhecimentos científicos publicados na área da fisioterapia em revistas indexadas e de impacto, nas experiências bem sucedidas de outros países e no campo de trabalho brasileiro. Estas competências e habilidades devem servir para elaborar os conceitos a serem ensinados para o aluno de fisioterapia. Estes conceitos devem servir como referencial para a avaliação do ensino da fisioterapia no Brasil, tanto ao nível de graduação como no de pós-graduação. Com este estudo responderemos a primeira questão básica sobre quais deveriam ser as habilidades e competências do fisioterapeuta ao término do curso de gra- 60 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 duação ou de um programa de pós-graduação. A partir da definição destas habilidades e competências a ABFT elaboraria uma lista de conceitos a serem ministrados nestes cursos e programas. O ensino desses conceitos deveria ser organizado de forma propedêutica garantindo uma lógica no ensino. Porém, o desenvolvimento de uma tecnologia educacional para a fisioterapia deveria ser feito pelos cursos de fisioterapia. II -Do controle da qualidade do ensino da fisioterapia A filosofia básica do controle de qualidade do ensino da fisioterapia deve ser o produto gerado pelos programas de ensino em fisioterapia e não a forma como este produto é gerado. Em outras palavras, a ABFT deveria controlar a qualificação do profissional, se este tem ou não as competências nas habilidades estabelecidas para um determinado curso ou programa. O curso ou programa teria total liberdade no estabelecimento da forma com que o ensino seria administrado. Caberia à ABFT o controle de qualidade da formação profissional e a emissão de um selo de qualificação profissional (QF). Este selo seria emitido para o profissional e não para o programa. A ABFT divulgaria anualmente o índice de aprovação e nota dos alunos nos cursos e programas. II. 1. Cursos de graduação e especialização Para os cursos de graduação e especialização o controle de qualidade seria feito através da aplicação de um exame rigoroso de qualificação profissional que meça as competências e habilidades do aluno. Este exame seria baseado na lista de conceitos a serem ministrados nestes cursos e programas e definida pela ABFT. A aplicação deste exame seria feita por professores de comprovada competência profissional e acadêmico-científica com titulação mínima de doutor. O pagamento dos custos da aplicação deste exame seria feito com a cobrança de taxas dos alunos que prestarem o exame. Este exame seria aplicado anualmente e válido para todo o território nacional. II.2. Programas de pós-graduação Nos casos dos programas de pós-graduação avaliados pela CAPES, a ABFT deveria refe- rendar esta avaliação. Porém, a ABFT deveria orientar a CAPES sobre as competências e habilidades que deveriam ser avaliadas nestes programas. A ABFT emitiria um selo de qualidade para todos os profissionais graduados nestes cursos de pós-graduação. III. Credenciamento profissional III. 1. Bacharéis em ciência, graduados em fisioterapia depois da criação da ABFT A ABFT faria todas as gestões possíveis para viabilizar legalmente junto às instituições competentes para que o CREFITO e COFFITO passem a exigir a aprovação no exame de qualificação profissional como requisito mínimo para que os alunos graduados em fisioterapia possam ser credenciados ao exercício da profissão. De nada adianta as entidades de classe e governamentais, em especial ao COFFITO, argumentar que não cabe a si a responsabilidade de controlar a qualidade dos profissionais formados pelo curso de graduação. Se a lei não estabelece para uma entidade a sua responsabilidade social é preciso lutar para mudar essa lei. O importante é que todos os fisioterapeutas e entidades assumam o compromisso de lutar pela qualidade do ensino e do profissional que será colocado no mercado. III. 2. Bacharéis em ciência, graduados em fisioterapia antes da criação da ABFT Os profissionais já credenciados pelo CREFITTO continuariam gozando de seus direitos adquiridos e portanto podem continuar exercendo a profissão. O exame de qualificação seria opcional para estes profissionais. Porém a ABFT deveria recomendar também a estes profissionais que façam o exame de qualificação profissional. Para os profissionais já estabilizados no mercado, principalmente os liberais, o exame de qualificação talvez seja um selo dispensável. Porém, o mercado teria a opção de escolher entre os profissionais credenciados pelo exame de qualificação profissional e os que não prestaram este exame. III. 3. Especialistas Para obter o selo de qualidade da ABFT numa especialidade, o profissional precisaria ser aprovado num exame de qualificação profissional da ABFT. Aos alunos aprovados nes- Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 te exame seria concedido um selo de qualificação profissional na especialidade cursada. III. 4. Mestrado e doutorado profissionalizante A ABFT daria um tempo para que as IESs abram cursos de mestrado e doutorado profissionalizantes e a médio prazo exigiria a conclusão do mestrado profissionalizante como requisito para que o aluno preste o exame de qualificação profissional. A longo prazo a ABFT exigiria o doutorado profissionalizante como critério para que o aluno preste o exame de qualificação profissional. O mestrado e o doutorado profissionalizante é uma tendência do ensino de fisioterapia americano e acredito que será mundial. Apesar do grande número de professores universitários que estão procurando nos cursos de pós-graduação Strictu Sensu a qualificação exigida pelo MEC, a grande maioria dos fisioterapeutas está fora deste mercado universitário. A maioria dos fisioterapeutas que está exercendo a profissão não gostaria de seguir a carreira acadêmica, mas precisa de um programa de pós-graduação profissional. Estes programas profissionais devem reciclar estes profissionais e dar-lhes as ferramentas básicas para que possam acompanhar o desenvolvimento científico em suas áreas de atuação. O debate sobre os cursos profissionalizantes não deve ser ideológico. O treinamento profissionalizante não pode ser entendido como concorrente do acadêmico. As principais universidades mundiais oferecem as duas formas de treinamento (acadêmico e profissionalizante) e nem por isto deixaram de ter destaque no cenário científico internacional. Precisamos de cientistas na área da fisioterapia, formados nos programas de doutorado acadêmico (Strictu Sensu) que sejam capazes de produzir conhecimento. Também precisamos de fisioterapeutas formados em programas de doutorado profissionalizante, que saibam ler e interpretar a produção destes conhecimentos e implementá-los durante o exercício profissional. III. 5. Mestrado e doutorado acadêmicos Como vimos existe no Brasil uma demanda muito grande para cursos de mestrado e doutorado Strictu Sensu. Esses programas in- 61 teressam aos candidatos que queiram seguir a carreira universitária e se tornarem pesquisadores. A ABFT deve incentivar a abertura desses programas no Brasil. Para tanto é preciso que haja um investimento no Brasil em três níveis. Primeiro, incentivar os fisioterapeutas que fazem mestrado ou doutorado acadêmico no Brasil em outras áreas (i.e., biologia) a direcionarem suas pesquisas para a fisioterapia. Segundo, reivindicar junto às instituições de fomento à formação dos professores um aumento das cotas de bolsas de doutorado para o exterior na área da fisioterapia. Terceiro, incentivar a abertura de programas de mestrado e doutorado acadêmico nas instituições nacionais. Para a abertura desses programas a ABFT deve reivindicar juntos as instituições nacionais que contratem profissionais qualificados no exterior para ajudar na implantação desses programas. A ABFT deve reconhecer apenas os programas de pós-graduação brasileiros que sejam aprovados pela CAPES ou os programas internacionais cujos títulos sejam reconhecido pelas instituições de ensino superior publicas. Em especial, a ABFT deve aconselhar aos fisioterapeutas que não cursem os cursos de pós-graduação à distância. O treinamento científico é um processo longo que envolve muito trabalho e dedicação. De nada adianta as tentativas que objetivam principalmente evitar os caminhos das pedras. A obtenção de uma titulação nesses programas à distância certamente não garantirá a aquisição da competência profissional. IV. Titulação profissional A ABFT deve padronizar o uso da titulação profissional conforme o mérito demonstrado via a qualificação acadêmica. A lógica básica é que o profissional, por princípio ético, pode e somente deve fazer uso de um título se ele realmente o conquistou. O uso inapropriado e indiscriminado da titulação nivela por baixo a qualificação profissional. As siglas e os títulos poderiam ser padronizados da seguinte forma: FT (fisioterapeuta bacharel em ciência). Concedido a alunos graduados em fisioterapia. FTSQ (fisioterapeuta bacharel em ciência com selo de qualificação profissional). Conce- 62 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 dido a profissionais graduados em fisioterapia e aprovados no exame de qualificação profissional da ABFT. MC (mestre em ciência). Concedido a profissionais graduados em mestrado Strictu Sensu reconhecido pela CAPES ou por uma IES pública, no caso do mestrado estrangeiro. MP (mestre profissionalizante). Concedido a profissionais graduados em mestrado profissionalizante reconhecido pela CAPES ou por uma IES pública, no caso do mestrado estrangeiro. DP ou DPT (doutor profissionalizante). Concedido a profissionais graduados em doutorado profissionalizante reconhecido pela CAPES ou por uma IES pública, no caso do doutorado profissionalizante estrangeiro (DPT). DC ou Ph.D. (doutor em ciência). Concedido a profissionais graduados em doutorado Strictu Sensu reconhecido pela CAPES ou por uma IES pública no caso do doutorado estrangeiro (Ph.D.). Esta titulação seria usada após o nome do profissional e em ordem de titulação (i.e., FTSQ, MS, Ph.D). Os programas de especialização não conferem titulação. A ABFT faria as gestões necessárias para que o CREFFITO adote esta nomenclatura. A partir desta aprovação ficaria abolido o uso de títulos não conquistados na academia. V. Da fiscalização do ensino Como filosofia a ABFT não exerceria nenhuma ação fiscalizadora do número de cursos e programas, carga horária e questões curriculares relacionadas aos cursos de graduação e programas de especialização em fisioterapia. Esta ação fiscalizadora deveria ser exercida pelo consumidor, ou seja pelo aluno. Caberia ao aluno consultar o índice de aprovação anual dos alunos nos exames de qualificação profissional para os cursos ou programas. A ABFT orientaria os alunos dos programas de graduação e especialização em fisioterapia que processem juridicamente as pessoas jurídicas (instituições de ensino ou organizações) ou físicas que ministrarem estes cursos ou programas, por perdas e danos, caso a maioria de seus alunos (50% mais um) não consigam a aprovação no exame de qualificação profissional da ABFT. VI. Do exercício profissional VI. 1. Da colocação no mercado de consumo de método, técnica e protocolo de intervenção fisioterapêutica Como filosofia todo profissional proponente de um procedimento fisioterapêutico tem a obrigação moral e ética de provar, cientificamente, a eficácia de seu método, técnica, protocolo ou procedimento de intervenção fisioterapêutica antes que o mesmo seja colocado no mercado de consumo. A ABFT faria as gestões necessárias para que as autoridades competentes exijam estudos científicos, sobre a eficácia de qualquer método, técnica, protocolo ou procedimento de intervenção fisioterapêutica antes que os mesmos sejam colocados no mercado de consumo. Caberia à ABFT a avaliação da eficácia destes procedimentos fisioterapêuticos e a emissão de um selo de consumo (SC) para estes procedimentos. A comissão que avaliaria estes procedimentos seria composta por profissionais com titulação mínima de doutorado acadêmico. O critério básico para submeter um procedimento fisioterapêutico a um selo de consumo seria a publicação de um trabalho científico mostrando a eficácia do procedimento fisioterapêutico. Este trabalho deveria ser publicado em revistas indexadas e com um índice de impacto acima de 1. A comissão científica poderia negar, exigir novos estudos ou aprovar a procedimento fisioterapêutico, concedendo um selo de consumo. A ABFT faria as gestões necessárias junto aos órgãos competentes do Ministério da Saúde para que paguem os custos envolvidos na avaliação destes procedimentos. A ABFT faria as gestões junto ao COFFITO e CREFITOS para que fiscalizem e aceitem a colocação no mercado brasileiro apenas dos procedimentos fisioterapêuticos com o selo de consumo da ABFT. VI. 2. Do uso de método, técnica e protocolo de intervenção fisioterapêutico Todo fisioterapeuta teria a obrigação moral e ética de utilizar apenas método, técnica, protocolo ou procedimento de intervenção fisioterapêutica que tenha sido validado pelo crivo científico. Estas informações devem ser disponibilizadas a qualquer momento aos clientes, consumidores destes procedimentos. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 A ABFT faria as gestões junto ao CREFFITO e COFFITOs para que exijam e fiscalizem os profissionais quanto ao uso apenas de método, técnica, protocolo ou procedimento de intervenção fisioterapêutica que sejam referendados pelo selo de consumo da ABFT. O uso de procedimentos fisioterapêuticos sem o selo de consumo deve gerar um processo disciplinar podendo levar ao descredenciamento profissional. VII. Divulgação da eficácia dos procedimentos fisioterapêuticos Como princípio geral, todo consumidor tem o direito às informações científicas sobre o tipo de atendimento que irá receber. Porém, não cabe ao consumidor enquanto leigo a avaliação da eficácia do atendimento. Por outro lado, os órgãos governamentais responsáveis pela normatização da saúde no Brasil têm a obrigação moral e ética de informar ao público sobre a eficácia de qualquer método de tratamento. Caberia a ABFT fazer gestões junto aos formadores de opinião, entidades governamentais normalizadoras da área da saúde para que orientem os consumidores a exigirem o selo de consumo da ABFT antes de se submeterem a um determinado tipo de tratamento. VIII. Da promoção e divulgação do estudo científico De nada adianta a comunidade acadêmica científica dizer que precisamos de uma fisioterapia fundamentada em critérios científicos se não formos capazes de mostrar à sociedade que é possível fazer fisioterapia com ciência. Para tanto, a ABFT incentivaria a produção do conhecimento científico e sua divulgação junto à comunidade. Para a divulgação do conhecimento científico, a ABFT usará a Internet, um periódico científico e os Congressos Brasileiros Científicos de Fisioterapia VIII.1. Divulgação de estudos científicos - Homepage Para a divulgação dos estudos científicos a ABFT criaria uma área na sua homepage (divulgação científica) interligada com a homepage das principais revistas científicas, listando as publicações na área. Nesta área de divulgação científica os profissionais e cientistas da área poderão debater estes trabalhos. 63 - Revista científica de Fisioterapia A ABFT se responsabilizaria pela viabilidade de uma revista científica de fisioterapia como veículo científico para a publicação da produção científica nacional sobre a fisioterapia. Para garantir a circulação desta revista, a ABFT enviaria às entidades de fomento à pesquisa um projeto para o financiamento desta revista. É importante que a ABFT faça gestões junto a estas entidades para convencê-las a apoiar de forma substancial a publicação de uma única revista científica na área da fisioterapia. A publicação de várias revistas na área dispersa a alocação de recursos financeiros e humanos e compromete a qualidade das revistas. Por esta razão, as autoridades governamentais deverão ser incentivadas a apoiarem apenas a publicação de um veículo. É lamentável observar que ainda não temos no Brasil nenhuma revista científica com índice de impacto acima de 1 em nenhuma área do conhecimento. Isto se deve a uma dispersão irresponsável de recursos financeiros e humanos. Com o rigor cientifico virá o reconhecimento e a credibilidade da revista. A ABFT também faria um convênio com uma editora no Brasil para a confecção, divulgação e viabilização financeira desta revista. Esta revista não ficaria vinculada a nenhuma IES, porém continuaria mantendo uma linha editorial independente. Vale lembrar que toda iniciativa privada no sentido de criar novos veículos de divulgação científica é bem-vinda e deve ser incentivada. - Congresso Brasileiro Científico de Fisioterapia O Congresso Brasileiro Científico de Fisioterapia seria organizado pela ABFT a cada dois anos. Este deve ser o palco principal de apresentação, divulgação e discussão dos avanços científicos da fisioterapia. A ABFT procuraria apoio junto às entidades governamentais para este evento. A comissão organizadora seria composta apenas de professores doutores e os critérios de seleção dos trabalhos a serem apresentados e dos oradores convidados devem ser estritamente científicos. Vale lembrar que este é um requisito para obter apoio governamental. A ABFT divulgaria em cada congresso os números dos trabalhos científicos apresentados no anterior, com os números dos trabalhos que foram publicados em revistas indexadas. VIII.2. Incentivo à produção científica 64 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 A ABFT faria gestões junto às agências financiadoras de pesquisa no Brasil (CNPq, CAPES, FAPESP, FINEP, PRONEX) para que desenvolvam e apoiem programas de incentivo à produção dos conhecimentos científicos na área da fisioterapia. A ABFT reivindicaria junto a estas agências uma cota de bolsas e de apoio financeiro a projetos de pesquisa proporcional a representatividade da fisioterapia no cenário da saúde brasileira. Para as bolsas de mestrado e doutorado no Brasil, a ABFT recomendaria aos programas de pós-graduação no Brasil que dêem preferências aos estudantes de fisioterapia que tenham um aproveitamento acima de 80% no exame de qualificação profissional. A mesma recomendação seria encaminhada às agências que concedem bolsas de doutorado no exterior. - Prêmio à produção científica A ABFT deve reivindicar junto ao CNPq uma distribuição mais equânime das bolsas de produtividade científica, proporcional à representatividade da fisioterapia no cenário da saúde brasileira. Para as bolsas de produtividade científica concedidas pelo CNPq a pesquisadores nacionais a ABFT reivindicará que os critérios para a concessão destas bolsas sejam o da “produtividade científica” comprovada via a publicação de trabalhos científicos em revistas científicas indexadas e considerando o nível de impacto da revista. Não se pode conceder uma bolsa de produtividade científica a uma pessoa que nunca publicou uma única linha em revistas científicas indexadas durante a vigência da bolsa. IX. Da qualificação dos docentes A ABFT apoiaria o MEC na sua política de exigir que as IESs tenham em seus quadros de docentes preferencialmente professores com titulação mínima de doutor obtida em programas reconhecidos e aceitos pela comunidade acadêmica nacional e internacional. X. Da conscientização do aluno A ABFT elaboraria uma cartilha para os alunos dos cursos de graduação e de especialização em fisioterapia mostrando que a titulação nestes programas não garante o direito automático ao exercício profissional. Esta cartilha delegaria ao aluno a responsabilidade pela escolha do curso ou programa. No entanto, a ABFT daria aos alunos os elementos necessários para que ele avalie o seu curso ou programa. Entre estes elementos deverá constar a qualificação do quadro docente, tipos de laboratórios, estágios. Para os programas de especialização e de pós-graduação, a ABFT recomendaria aos alunos que somente freqüentem apenas os programas ministrados por profissionais com uma titulação mínima de doutor. A ABFT instruiria os alunos que exigissem a apresentação do currículo vitae do professor e do índice de aprovação no exame de qualificação da ABFT. O aluno deveria evitar os “cursos de especialização” ministrados por professores que não tenham trabalhos científicos publicados em revistas científicas de impacto na sua área de atuação. A ênfase na titulação dos professores em programas de doutorado não deveria ser entendida como uma forma de reserva de mercado para os poucos fisioterapeutas já qualificados no Brasil. A produção dos conhecimentos científicos e a sua complexidade têm crescido muito na área da fisioterapia. Sem um curso sólido em um programa de pós-graduação, reconhecido pela comunidade científica, o fisioterapeuta provavelmente será incapaz de entender o estado de arte do conhecimento científico em sua área de atuação. Para a leitura, interpretação e divulgação dos conhecimentos científicos atuais é necessário um treinamento mínimo em programas de doutorado. XI. Dos convênios de saúde A ABFT deveria processar juridicamente todas as empresas de seguro saúde que ofereçam os serviços de fisioterapia, mas se recusam a credenciar estes profissionais. XII. Do credenciamento de cursos A ABFT fazeria gestões junto ao MEC para que não fossem reconhecidos ou que fossem descredenciados os cursos de graduação e os programas de especialização cuja a maioria dos alunos (50% mais um) não obtivessem aprovação no exame de qualificação profissional da ABFT. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 65 Resumos de congressos e trabalhos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Ramos EMC; Jardim JRB; Faresin SM; Ramos D; Saldiva PHN - UNIFESP/ FCT-UNESP, Presidente Prudente, SP, Xo Simpósio internacional de Fisioterapia respiratória, IIIo Congresso brasileiro de Fisioterapia respiratória, 27 a 30 de setembro de 2000, Gramado, RS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Análise das propriedades físico-químicas do muco respiratório após drenagem postural, tapotagem e técnica de expiração forçada. As manobras de higiene brônquica (MHB) têm sido indicadas tanto para pacientes com expectoração diária superior a 30ml, quanto para aqueles com presença de pequena quantidade de secreção. A análise das propriedades físico-químicas do muco respiratório pode ser de grande valia para revelar as características do muco expectorado durante as MHB. Desta maneira este trabalho tentou estabelecer uma relação entre a efetividade das técnicas fisioterapias e a quantidade e a qualidade do muco respiratório removido por elas, ou seja, avaliar as propriedades físico -químicas do muco respiratório expectorado durante as manobras. Foram avaliadas amostras de muco de 12 pacientes portadores de bronquiectasia dos tipos cilíndrica e ou varicosa. Os pacientes foram submetidos a Drenagem postural, Tapotagem e Técnica de expiração forçada (sendo as duas associadas a drenagem postural), além de uma sessão Controle e entre cada conduta um intervalo de 48 horas. Em cada conduta foram coletadas quatro amostras de muco expectorado: inicialmente, e após três sessões de vinte minutos cada, sendo armazenado a - 20 0 C . Além da coleta e análise das propriedades físico-químicas do muco, os pacientes foram avaliados quanto aos seguintes itens: anamnese, exame físico do tórax, sinais vitais, espirometria e medida do pico do fluxo expiratório . Como em outros estudos a espirometria nos serviu apenas para registrar a cronicidade dos pacientes estudados. Já quanto a quantidade e qualidade do muco expectorado pudemos observar fortes tendências de que a tapotagem aplicada em torno de 260 batidas por minuto, removeu um volume maior de muco ao longo dos tempos estudados além do muco apresentar menor teor de água. Além disso ao final da última sessão da mesma conduta o muco expectorado apresentou menor transportabilidade em palato de rã, sugerindo ser muco de pior perfil reológico. Valores estatisticamente significantes (p< 0,05)foram encontrados ao analisarmos ao longo dos tempos da conduta Controle, onde observamos que o muco expectorado após a última sessão apresentou ângulo de adesão próximo da normalidade, o que nos leva a inferir que como as demais técnicas não contribuem para a piora das qualidades físico-químicas do muco respiratório, elas muito provavelmente recuperem muco com pior perfil reológico, o que somente pela tosse não conseguiria fazê-lo. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 66 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Koch RC; Meinert J, Daudt CAS - Hospital Municipal São José, Serviço de Fisioterapia, Joinville, SC, Xo Simpósio internacional de Fisioterapia respiratória, IIIo Congresso brasileiro de Fisioterapia respiratória, 27 a 30 de setembro de 2000, Gramado, RS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Análise da variação da pressão expiratória máxima espontânea e na tosse manualmente assistida Pontes CS; Ribeiro KSQS; Andrade DEM; Duarte ACM - Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Serviço de Fisioterapia, Clínica Escola, João Pessoa, PB, Xo Simpósio internacional de Fisioterapia respiratória, IIIo Congresso brasileiro de Fisioterapia respiratória, 27 a 30 de setembro de 2000, Gramado, RS ○ ○ A fisioterapia respiratória tem como sua maior e mais tradicional característica a higienização brônquica. Sua fundamentação baseia-se, desde seus primórdios, em técnicas que objetivam, através da ação da gravidade e de manobras que incidem pulsos vibratórios sobre o tórax, a eliminação de secreções retidas no sistema respiratório. Mais recentemente, a Tosse Manualmente Assistida (TMA) vem se destacando em nosso arsenal terapêutico como uma técnica capaz de mimetizar a tosse, produzindo a otimização da relação esforço paciente e limpeza brônquica. O objetivo deste estudo foi verificar a eficácia da TMA em aumentar a Pressão Expiratória Máxima (Pemax). O estudo foi realizado na Clínica Escola do Serviço de Fisioterapia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no período de setembro a novembro de 1996. Incluiu uma amostra de 50 indivíduos normais selecionados ao acaso, sendo 33 mulheres e 17 homens apresentando uma média de idade de 24 anos (variando de 19 a 36 anos). Para medir a Pemax espontânea e a Pemax associada a TMA, foi utilizado um manovacuômetro com variação de 0 a +150 CmH2O para a mensuração dos dados, tendo sido analisados em todos os indivíduos a partir de uma insuflação máxima com uma pausa pósinspiratória de 2s. Os resultados mostraram uma diferença significativa para o nível de significância adotado de 5% (a = 0,05) para p = 0,000. A Pemax espontânea apresentou uma média de 111,4400 e a Pemax associada a TMA de 126,8800. De acordo com os resultados apresentados, a tosse manualmente assistida (TMA) induz ao aumento significativo da pressão expiratória máxima, aumentando conseqüentemente a eficácia da tosse e promovendo assim, o incremento da expectoração de secreção. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fisioterapia respiratória em traumatismo torácico O traumatismo torácico é responsável por 25% das mortes em pacientes politraumatizados. Assim sendo, torna-se imprescindível uma abordagem fisioterapêutica especializada, visando a melhora da ventilação e, conseqüentemente, a melhora da qualidade de vida do paciente. Como é sabido, tal tipo de trauma propicia sérias complicações, as quais se não tratadas de maneira imediata e de forma correta e eficiente, podem traduzir-se em óbito do paciente pelo fato de relacionarem-se de forma direta com uma das necessidades mais vitais do ser humano, a respiração. O objetivo do presente estudo é o de demonstrar alguns tipos de lesões encontradas nestes pacientes (confirmadas através de estudos de imagens radiológica e tomográfica), bem como o uso e a Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 67 aplicabilidade das respostas adquiridas no ambiente hospitalar através de alguns dos recursos terapêuticos destinados ao traumatizado de tórax. O período de estudo limita- se entre 1º de fevereiro a 30 de maio de 1999, quando foram atendidos pela fisioterapia, um total de nove pacientes que apresentavam traumatismo torácico, alguns com outras lesões associadas, vítimas de acidentes de trânsito e quedas de altura. A maior incidência de costelas fraturadas concentrou-se no 6º arco costal, em todos os nove pacientes, e destaca-se ainda um paciente com fratura do 1º arco costal. As complicações imediatas às fraturas de costelas foram o pneumotórax em todos os nove pacientes e hemopneumotórax em três do total. As condutas fisioterapêuticas aplicadas variaram entre padrões ventilatórios insuflativos, estimulação diafragmática e inspirometria de incentivo, através do uso de incentivador inspiratório a volume. Dos nove pacientes atendidos e submetidos à toracotomia para colocação de dreno de aspiração, dois vieram a óbito, sendo que uma das causas foi atribuída ao traumatismo crânio-encefálico e a outra por cirrose hepática. Dois pacientes necessitaram de ventilação artificial invasiva através de tubo orotraqueal, evoluindo para traqueostomia; dois pacientes apresentaram pneumonia nosocomial por Staphilococcus aureus; um paciente evoluiu com tuberculose pleural e os demais evoluíram apenas com as complicações diretas do trauma. Em todos os nove casos, observou-se a eficácia das condutas adotadas, apesar de algumas terem proporcionado respostas de maneira mais rápida, já outras nem tanto. Logo, tais condutas carecem de estudos mais aprofundados com o intuito de aprimorá-las, bem como o possível surgimento de novas técnicas que venham a auxiliar tanto o fisioterapeuta, quanto o paciente em tratamento. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Feltrim MIZ; Peres D; Mantelato AL; Nozawa E; Carmona MJ; Auler Jr. JOC - Serviço de Fisioterapia e Anestesia do Instituto do Coração (InCor) HCFMUSP, São Paulo, SP, Xo Simpósio internacional de Fisioterapia respiratória, IIIo Congresso brasileiro de Fisioterapia respiratória, 27 a 30 de setembro de 2000, Gramado, RS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Estudo comparativo sobre o uso de CPAP e RPPI com máscara facial em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca Introdução: A agressão transoperatória durante a cirurgia cardíaca leva à alterações no sistema respiratório com repercussões na mecânica ventilatória e função pulmonar. O CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias aéreas) e exercícios com RPPI (Respiração com Pressão Positiva Intermitente) são técnicas utilizadas para minimizar as complicações pulmonares no pós operatório. Objetivo: Foi verificar a eficiência do uso de CPAP e RPPI na função pulmonar, na força muscular respiratória e nos índices de oxigenação, em pacientes no POI de cirurgia cardíaca. Material e Métodos: Foram estudados 62 pacientes, sendo 40 do sexo masculino. Os pacientes foram randomizados nos grupos de: VR (13 pacientes de cirurgia valvar submetidos a RPPI com idade 35±14 anos); VC (15 pacientes de cirurgia valvar submetidos a CPAP com idade 48±15); RR (17 pacientes de revascularização do miocárdio submetidos a RPPI com idade Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 68 58±8); RC (17 pacientes de revascularização do miocárdio submetidos a CPAP com idade 56±9).Os exercícios foram realizados no 1° e 2° dia do pós operatório, em quatro sessões de 20 minutos. No CPAP utilizou-se PEEP de 10 cmH2O e no RPPI o pico de pressão foi de 20 cmH2O. Resultados: A função pulmonar, avaliada pela CVF% , apresentou valores médios superiores no grupo de VC, porém não houve alteração significante entre as terapias. A força muscular respiratória (PIMáx. e PEMáx.) não apresentou mudanças significantes. Conclusão: Observamos que, pacientes de cirurgia valvar apresentam melhores condições de oxigenação e volumes pulmonares do que pacientes de revascularização do miocárdio. As técnicas empregadas não foram capazes de influenciar os parâmetros de força muscular respiratória, volume pulmonar e oxigenação. As alterações observadas foram, primariamente, por diferença entre os grupos de pacientes. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Abreu RF; Abdallah JMT; Carpes MF; Aquim EE; RéaNeto A - Centro de Estudos e Pesquisa em Terapia Intensiva (CEPETI), Curitiba, PR, Xo Simpósio internacional de Fisioterapia respiratória, IIIo Congresso brasileiro de Fisioterapia respiratória, 27 a 30 de setembro de 2000, Gramado, RS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Descrição de uma população de pacientes de UTI submetidos à ventilação mecânica não-invasiva Introdução: Em 1984, Delaubier e Rideau introduziram a técnica de ventilação mecânica não-invasiva (VMNI) para tratamento de pacientes com distrofia muscular. Desde então, a VMNI tem sido utilizada em substancial número de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica e suporte ventilatório para pacientes em processo de desmame da ventilação mecânica invasiva (VMI). Objetivos: descrever as principais características demográficas e clínicas dos pacientes submetidos à VMNI, suas indicações, índice de sucesso, parâmetros de VMNI e gases sangüíneos pré e pós-VMNI. Materiais e métodos: estudo de coorte, analisando 24 pacientes internados na UTI do Hospital Vita de Curitiba no perído de 18/08/98 a 21/11/99. Resultados: dos 24 pacientes estudados, 45,83% eram do sexo masculino (n=11) e 54,17% do sexo feminino (n=13), a média de idade foi de 64,29 anos, média do índice de APACHE II 18,33, média dos dias de internação 11,923 dias, média dos dias de uso de VMNI 1,67 dias. Houve sucesso na VMNI em 58,33% dos pacientes (n=14) e insucesso em 41,67% (n=10). Dos dez principais diagnósticos identificados, os principais foram broncopneumonia (29,16%), septicemia (25,00%) e pós-operatório de cirurgia cardíaca (20,83%). Na identificação das comorbidades, DPOC (20,83%), HAS (16,67%) e insuficiência cardíaca esquerda (16,67%) foram as mais comuns. As principais indicações de VMNI foram broncopneumonia (33,33%), insuficiência cardíaca esquerda (20,83%), injúria pulmonar aguda (16,67%) e desmame da VMI (16,67%). Nos 10 pacientes em que não houve sucesso da VMNI, as principais indica- Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 69 ções de VMI foram SDRA (50,00%), falência de múltiplos órgãos e sistemas (40,00%) e broncopneumonia (10,00%). A pressão inspiratória média foi de 17,63 cmH2O e a pressão expiratória de 9,04 cmH2O. A média da PO2 pré-VMNI foi de 77,49cmH2O e pósVMNI de 91,47cmH2O (p=0,02). Conclusão: a população estudada apresentou mais de 50% de sucesso com o uso da VMI. Os principais diagnósticos foram de infecção (broncopneumonia e septicemia) e as principais causas de insucesso, com indicação de ventilação mecânica invasiva, SDRA e falência de múltiplos órgãos e sistemas. Houve melhora significativa da PO2 quando comparada à média da PO2 pré-VMNI com a média da PO2 pós-VMNI. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Duarte H; Mehanna A Hospital São Paulo- Escola Paulista de Medicina, São Paulo, SP, Xo Simpósio internacional de Fisioterapia respiratória, IIIo Congresso brasileiro de Fisioterapia respiratória, 27 a 30 de setembro de 2000, Gramado, RS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Repercussões pulmonares e cardíacas da cifoescoliose A cifoescoliose é uma curvatura lateral da coluna que se associa à rotação dos corpos vertebrais levando à uma distorção do gradil costal, que coloca em desvantagem toda a mecânica do aparelho respiratório. Quando a escoliose é severa (ângulo maior que 70º), as anormalidades respiratórias são detectadas e podem evoluir para dispnéia, insuficiência respiratória e cor pulmonale. Este estudo tem o intuito de reportar as diversas repercussões da cifoescoliose sobre os sistemas respiratório e cardíaco descritas na literatura Foi realizada uma revisão literária da anatomia e mecânica respiratória normal, bem como a descrição dos distúrbios decorrentes da deformação da caixa torácica na cifoescoliose. O estudo foi direcionado a compreensão dos mecanismos e repercussões desta anormalidade sobre os sistemas cardíaco e respiratório. Observou-se que a cifoescoliose, quando severa, pode determinar a ocorrência de importantes alterações pulmonares como redução da complacência pulmonar, dos volumes e capacidades pulmonares, e da eficiência dos músculos respiratórios. Em relação às alterações cardíacas, observou-se que estas são decorrentes do aumento da resistência vascular pulmonar culminando com cor pulmonale e hipertrofia ventricular esquerda. Portanto, é de fundamental importância o conhecimento de todas as alterações que podem se desenvolver em pacientes portadores de cifoescoliose, pois estas poderão limitar as atividades de vida diária, a tolerância ao exercício físico e levar a uma maior predisposição à insuficiência respiratória e cardíaca precoces, bem como a ocorrência de morte súbita. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 70 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Feltrim MIZ; Jardim JR Serviço de Fisioterapia Instituto do Coração (InCor) HC-FMUSP e Disciplina de Pneumologia da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo. Brasil, Xo Simpósio internacional de Fisioterapia respiratória, IIIo Congresso brasileiro de Fisioterapia respiratória, 27 a 30 de setembro de 2000, Gramado, RS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Estudo do padrão respiratório e da configuração toracoabdominal em indivíduos normais em diferentes posições corporais. Introdução: Nos últimos anos têm-se empregado a técnica de pletismografia respiratória por indutância para avaliação do padrão respiratório e da configuração toracoabdominal, permitindo de forma não invasiva conhecer volumes e tempos respiratórios. Objetivos: Estudar o comportamento do padrão respiratório e da configuração toracoabdominal, em indivíduos normais, nas posições dorsal, sentada, lateral esquerda e lateral direita. Métodos: Foram estudados 20 mulheres (29±6 anos) e 20 homens (28±5 anos), nas posições dorsal e sentada. No grupo masculino, estudou-se também as posições laterais, esquerda e direita, utilizando-se o aparelho denominado Respitraceâ. A calibração foi obtida pelo método dos mínimos quadrados. Análise de perfis considerou nível de significância de p<0,05. Resultados: Os tempos respiratórios (TI, TE ,TTOT ) não variaram entre os grupos e entre as posições, embora as mulheres tivessem a tendência de respirar mais rápido. O volume corrente (VC) aumentou significante quando os indivíduos variaram sua posição de dorsal para sentado, porém sem diferença entre os grupos. O fluxo inspiratório médio (VC/TI) apresentou o mesmo comportamento. O deslocamento do tórax aumentou significantemente quando a posição sentada foi adotada (%Tx/VC de 26% para 50%); nas posições horizontais houve predomínio do movimento abdominal, independente do sexo (%Abd/VC=72%). Houve sincronia do movimento toracoabdominal para todas as posições (MCA/VC=1,0 a 1,10). Conclusões: Durante a respiração tranqüila, homens e mulheres apresentam o mesmo padrão respiratório, havendo aumento do volume corrente e do fluxo inspiratório médio na posição sentada, sem interferência no componente de tempo. Na posição dorsal, há predomínio do deslocamento abdominal. Nos homens, respirando tranqüilamente nas posições laterais, há preponderância da excursão abdominal à semelhança da posição dorsal ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Nicola Phillips et al, Physical Therapy in Sport 2000;1(4):106-118, novembro de 2000 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Resultado e avaliação do progresso na reabilitação após lesão do ligamento cruciforme anterior Existe uma variedade de medições da reabilitação funcional utilizada na prática clínica para determinar o relativo sucesso do tratamento após lesão do ligamento cruciforme anterior (LCA). Essas incluem medições da mobilidade da articulação, teste da força, auto-avaliação do paciente, testes funcionais e de propriocepção, dependendo da teoria da estabilidade articular pre- Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 71 ferida. Existe conflito de evidências sobre qual teste ou combinações de testes seriam os mais úteis para avaliar a taxa de reabilitação ou o nível de atividade funcional. Uma boa performance para saltar ou correr precisa vários componentes da estabilidade funcional do joelho tais como a força concêntrica pela propulsão, força excêntrica pela absorção da força e capacidade proprioceptiva para assistir o controle neuromuscular. Enquanto que a força e os testes de propriocepção permitem avaliar esses componentes individuais, a sua relação à função quando empregados isoladamente foi questionada. Os testes funcionais permitem uma avaliação global e não determinam qual é o parâmetro deficiente. Um resultado diminuto em um sistema de avaliação funcional pode refletir qualquer um até todos os parâmetros. Parece que uma combinação de medições é importante para avaliar completamente a capacidade funcional após lesão do LCA. Novas pesquisas são necessárias para determinar qual é a melhor combinação de medições, preferencialmente na base de uma melhor compreensão dos mecanismos protetores da estabilidade articular. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A Tal-Akabi et al, Manual Therapy 2000:5(4), Novembro de 2000 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Comparar a mobilização dos ossos cárpicos e a mobilização neurodinâmica como métodos para o tratamento da síndrome do canal cárpico A síndrome do canal cárpico é a mais comum neuropatia periférica. Existe pouca literatura disponível sobre o assunto, o que explica parcialmente porque a fisioterapia é muito usada como técnica de tratamento dessa condição. Este estudo pesquisa os efeitos de duas técnicas de terapia manual no tratamento de pacientes apresentando a síndrome do canal cárpico. O desenho do estudo comparou três grupos de pacientes em três condições diferentes (dois grupos de tratamentos diferentes e um grupo controle). Cada grupo foi composto de 7 pacientes. Os objetivos do estudo eram: 1) Avaliar diferenças entre grupos tratados e não tratados; 2) Avaliar diferenças entre tratamento I (mobilização do nervo mediano), comparado com o tratamento II (mobilização dos ossos cárpicos). As medições usaram várias técnicas, incluindo escala de movimentos do punho (flexão e extensão), teste de tensão do membro superior (ULTT2a), três diferentes escalas para avaliar a percepção da dor e a função, e, enfim, os pacientes foram comparados após tratamento cirúrgico. O estudou demonstrou uma diferença evidente entre os pacientes tratados e não tratados, em particular na análise descritiva dos resultados para ULTT2a e número de pacientes operados. Após análise estatística, os resultados são menos claros. Só os resultados da escala de alívio da dor (P < 0,01) demonstraram diferenças significativas entre os três grupos quando analisados usando o teste de Kruskal-Wallis. Analisando os resultados dos dois grupos tratados, nenhuma diferença estatisticamente significativa foi detectada entre a mobilização dos ossos cárpicos e a mobilização do nervo mediano. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 72 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Papel da fisioterapia na prevenção e tratamento da osteoporose Kim Bennell et al, Manual Therapy 2000:5(4):196-213, November 2000 ○ ○ Osteoporose é um problema de saúde publica cada vez mais importante, responsável por óbitos e diminuição da qualidade de vida. Estratégias para aumentar a densidade óssea e diminuir as quedas são essenciais para a prevenção da osteoporose. O papel dos fisioterapeutas é importante através da prescrição de exercícios, educação e técnicas terapêuticas. Os objetivos do tratamento podem ser estabelecidos após avaliação dos sinais e sintomas, fatores de risco para osteoporose e status funcional. Os níveis de densidade óssea medidos por densitometria por raios-X podem ser uma ajuda para o acompanhamento dos pacientes. O objetivo hoje é aumentar a massa óssea em crianças e adolescentes, favorecendo as atividades de alto impacto. No adulto de idade média, pequenos aumentos da massa óssea podem ser obtidos por exercícios de levantamento de peso. No adulto idoso, em particular com osteopenia ou osteoporose, o objetivo é conservar a massa óssea, diminuir o risco de quedas, promover o alongamento, diminuir a dor e melhorar a mobilidade e a funcionalidade. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ C Sherrington et al, Manual Therapy 2000:5(4):223-226, November 2000 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ PEDro: banco de dados de estudos randomizados e revisões sistemáticas em fisioterapia Esse artigo descreve PEDro, banco de dados de evidências em Fisioterapia. Na Internet, PEDro é um banco de dados de estudos controlados, randomizados e de revisões sistemáticas em fisioterapia. O endereço (acesso gratuito) é http://ptwww.cchs.usyd.edu.au/ pedro. O banco de dados contém detalhes bibliográficos e resumos de vários estudos randomizados (em inglês) e revisões sistemáticas em fisioterapia, inclusive outros idiomas. Os estudos são avaliados em função da qualidade de metodologia empregada, o que faz com que o usuário do banco de dados possa identificar rapidamente os estudos de alta qualidade. Estudos e revisões são indexados para facilitar a pesquisa. PEDro é uma importante fonte de informação para a prática clínica baseada em evidências. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ George J. Salem Medicine & Science in Sports & Exercise 2000;32:1679-1684, outubro de 2000 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Força do joelho e performance funcional de baixa ou alta intensidade em adultos idosos Objetivo: O estudo analisa as relações lineares entre a força do joelho, a capacidade de trabalho, e medições de intensidade baixa ou alta da performance funcional em adultos idosos saudáveis. Métodos: 62 adultos idosos (idade = 73,4 ± 7,3 anos) participaram do es- Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 73 tudo. As medições isocinéticas incluíram o pico de torque flexão/ extensão produzido durante cinco repetições continuas e o trabalho total efetuado durante 20 repetições do exercício. As medições funcionais incluíram testes de baixa intensidade (testes de andar 2 a 15m no ritmo normal dos indivíduos e exercício em posição em pé no final) e testes de intensidade mais elevada (caminhada rápida de 15m, repouso em posição sentada e exercício de escada minutados). Resultados: A força isocinéticas e as medições da capacidade de trabalho alcançaram entre 41% e 54% da variança dos modelos funcionais de alta intensidade e só 31% a 33% da variancia dos modelos de baixa intensidade. A força das associações, avaliada pelos coeficientes Beta dos fatores força e trabalho, foi também maior para os exercícios funcionais de alta intensidade. Conclusão: Novas pesquisas são necessárias para determinar se os exercícios que aumentam a força do joelho e a capacidade de trabalho, melhoram também a marcha rápida, a subida de escada e os exercícios em posição sentada em adultos idosos. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Paul A. Borsa Medicine & Science in Sports & Exercise 2000;32:16851690, novembro de 2000 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Modelos de instabilidade e rigidez articular glenoumeral em homens e mulheres saudáveis Objetivo: O objetivo desse estudo foi de identificar diferenças ligadas ao genro na instabilidade glenoumeral (GH), rigidez e hipermobilidade generalizada das juntas em homens e mulheres saudáveis. Métodos: 51 homens e mulheres saudáveis foram testados para a hipermobilidade generalizada das juntas, instabilidade antero-posterior da articulação e rigidez, usando um único grupo de estudo. Resultados: As mulheres mostraram mais instabilidade articular anterior (homens 8,3 ± 2,2 mm vs. mulheres 11,4 ± 2,8 mm, P < 0,001) e menos rigidez articular anterior (homens 20,5 ± 5,0 N·mm–1 vs. mulheres 16,3 ± 4,2 N·mm–1, P < 0,01) do que os homens. Os homens têm significativamente mais instabilidade articular posterior do que anterior (Ant 8,3 ± 2,2 mm vs. Post 9,6 ± 2,9 mm; P < 0,001), e as mulheres têm significativamente menos rigidez articular anterior do que posterior (Ant 16,3 ± 4,2 N·mm–1 vs. Post 22,1 ± 6,9 N·mm–1; P < 0,01). Mulheres mostraram também mais hipermobilidade articular generalizada do que os homens (homens 1,0 ± 1,7 vs. mulheres 2,9 ± 2,1; P = 0,02). Conclusões: Nossos resultados podem mostrar um aumento possível do risco de instabilidade em mulheres, em particular naquelas praticando esportes que necessitam movimentos repetitivos de lançamento. Futuras pesquisas deverão mostrar a contribuição do aumento da instabilidade articular GH e da diminuição da rigidez articular em várias lesões e examinar esses parâmetros em outras populações do que as atletas. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 74 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Rasmus Damsgaard et al, Medicine & Science in Sports & Exercise 2000;32:16981703, novembro de 2000 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ O crescimento pré-puberal é contrariado pelo esporte ? Objetivo: Estudar o efeito dos fatores genéticos, peso de nascimento, crescimento precoce da criança, esporte, horas de treinamento e status puberal sobre a estatura e o índice de massa corporal (IMC) em crianças de idade 9-13 anos praticando esportes ao nível de competição. Métodos: 184 crianças (96 meninas e 88 meninos), praticando natação, tenis, handball e ginástica foram investigados, avaliando suas altura, peso, desenvolvimento puberal e IMC. Desses, 137 (76 meninas e 61 meninos) retornaram o questionário, nos permitindo determinar altura e IMC na idade 2-4 anos, peso de nascimento e alturas dos pais. Resultados: Diferenças significativas nos escores de desvio padrão para a altura atual e a altura na idade 2-4 anos foram demonstradas em ambos os sexos para os quatro esportes. Nas meninas, o IMC era significativamente diferente entre os quatro esportes e nenhuma diferença foi notada para os meninos. Cada esporte estudado separadamente não mostrou diferenças na altura e IMC entre as idades 2-4 e 9-13. A análise regressiva mostrou que o objetivo altura, a altura às 2-4 anos e o status puberal têm um impacto significativo sobre a altura atual. É interessante anotar que o tipo de esporte e o número de horas de treinamento por semana não têm efeito nenhum sobre a altura. Em garotos, o IMC dos 2-4 anos e o status puberal têm efeitos significativos sobre o IMC atual, embora que em garotas, só o IMC dos 2-4 anos é significativo. Conclusões: Os achados sugerem que o crescimento puberal não é modificado pelos esportes de competição e que os fatores constitucionais são os mais importantes para escolher o tipo de esporte o melhor para a criança. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 75 Artigo original Método fotogramétrico de rastreamento do ângulo de Charpy em crianças asmáticas e não asmáticas Fotogrametric method for tracing the Charpy’s angle of asthmatic and no asthmatic children Mario Antonio Baraúnaa, Maria da Graça Baldo Delorosob ○ a ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Núcleo de pesquisas da UNIT, Uberlandia - MG; b Escola de Fisioterapia da UNIT, Uberlandia - MG. Resumo O presente trabalho enfoca a avaliação do ângulo de Charpy em crianças asmáticas e não asmáticas procurando identificar a existência de diferenças significativas entre a angulação dos elementos da amostragem. Verificamos por meio da formulação do problema que o ângulo de Charpy, sobre o tema asmáticos, pode apresentar-se diferenciado, o que se confirma segundo a revisão bibliográfica. Procuramos também neste trabalho desenvolver um método seguro e fidedigno para a análise do ângulo de Charpy, visto que a avaliação comumente usada, é feita com mensuradores simples como réguas, goniômetros e fitas métricas, que carecem de exatidão. Desta forma então, o trabalho desenvolvido, passou a ser composto de três partes, às quais, retratam respectivamente: a revisão bibliográfica, com fins a proporcionar um suporte acerca da problemática levantada, quando então discorremos sobre as diversas definições, da asma, da caixa torácica e postura, e da sua anatomo- morfologia. 76 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Numa segunda parte colocou-se o tema, onde sob a forma de questionamento é colocada a significância da angulação entre os elementos da amostragem; o desenvolvimento da metodologia, que norteou o trabalho da pesquisa, visando demonstrar a importância da angulação, procuramos apresentar os principais instrumentos que fizeram parte desta; através da fotogrametria, tanto para a recolha de dados, como para a identificação e registro dos elementos da amostragem, bem como o tratamento estatístico empregado, e os resultados obtidos, apresentados em forma de tabelas e gráficos, onde apresentamos a distribuição da amostragem quanto ao sexo, idade, idade de início dos sintomas da doença e a avaliação do ângulo de Charpy das crianças envolvidas na pesquisa dos grupos, asmático e não asmático. Como resultados, o presente trabalho revela que em relação à população de crianças asmáticas estudadas, o sexo masculino teve prevalência sobre o feminino. Bem como, com relação à idade das crianças, a maior prevalência ocorreu nas crianças com 7, 12 e 13 anos. Na avaliação entre os ângulos de Charpy das crianças asmáticas com relação às crianças não asmáticas, constatamos diferenças significantes obtidas pelos dois grupos, sendo que as medidas do grupo asmático foram significantemente mais elevadas que as do grupo não asmático, com probabilidade < 0,00003. Por fim, a bibliografia foi apresentada, os seus anexos, que nos deram apoio ao trabalho, através dos documentos e protocolos que, desta forma fizeram com que a pesquisa chegasse a termo. Palavras-Chave: Avaliação da asma, ângulo de Charpy, postura Abstract This present work focus the Charpy’s angle assessment in asthmatic and no asthmatic children, trying to identify the existence of significatives differences between the angulation of cross-section elements. It was noticed by the problem wording that the Charpy’s angle, in asthmatic people, could be different which is confirmed by the bibliography. In this work a safe and trustworthy method was developed in order to analyse the Charpy’s angle, in as much as the assessment generally used is made with simple measurer such as rulers, goniometer and tape-measure, which are not exact. This work is compound of three parts: a bibliography revision, a subject presentation and a methodology. The bibliography revision has the purpose to offer support about the question that was discussed; this part contains several definitions of asthma, posture, thorax and and it’s anatomomorphology. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 77 The second part is compound of the subject presentation, in which is showed the angulation significance among the cross-section, it is made with question. The methodology development which directed the research, intending showing the angulation importance, the main instruments compounded in the research, the statistical treatment used and the results were reported in this chapter. The instruments were reported by photogrammetry for the data retirement and for the identification and register of cross – section element. The results were reported with tables and graphics in which the cross-section distribution about sex, age, age of disease symptoms beginning and the Charpy’s angle assessment of asthmatic and no asthmatic children evolved in the research. This work’s results expose, that among asthmatic children population that was studied, the masculine sex prevailed. About the children’s age, the biggest prevalence occurred in children who are 7, 12 e 13 years old. Significantes differences were noticed among the Charpy’s angles of asthmatic and no asthmatic children. The asthmatic group measures were significantly bigger than the no asthmatic group, with probability < 0,0003. At last, the bibliography and annexes, that were reported, gave support to this work by paper and protocols, contributing to the research conclusion. Key-Words: Asthma assessment, Charpy’s angle, posture ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Endereço para correspondência: Mario Antônio Baraúna Av. Pará, 2040, CEP 38.405-320 Uberlândia-MG Telefone: (34)32320069 e-mail: mbarauna@ ufu.br Maria da Graça Baldo Deloroso Rua Armando Tucci, 768, CEP 38.408-256 Uberlândia-MG Telefone: (34) 32373392 e-mail: [email protected] 78 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Introdução A avaliação fisioterápica determinante do diagnóstico fisioterápico, ainda é fator de muita discussão e dúvidas tanto por fisioterapeutas como para outros profissionais de saúde. Quando o código de ética do fisioterapeuta fala que o fisioterapeuta faz o diagnóstico fisioterápico, não estabelece qualquer diretriz que venha nortear a sua prática. Acredita-se que o diagnóstico fisioterápico, por vezes está embasado em sinais, sintomas e na capacidade residual do indivíduo. Por acharmos de capital importância a avaliação fisioterápica, para a eleição de condutas fisioterápicas e tomadas de decisões é que reportamos a citação de Donwie apud Deloroso [17] quando esta diz: “A avaliação é um marco para o bom prognóstico.” Reforçando tal posicionamento é que também citamos Baraúna [5] quando este afirma que: “A avaliação é um pilar para a tomada de decisões, às quais devem ser fruto de um planejamento metodizado, hierárquico, que pelas implicações inerentes, podem levar o indivíduo a sofrer intercorrências de grande porte, passando esta a ser de enorme importância não apenas para o tratamento, mas também como fator de prevenção de intercorrências e feed back”. Tais afirmações deixam implicitamente a necessidade do fisioterapeuta avaliar sempre e com segurança, para se que possa tratar adequadamente. A avaliação errônea certamente poderá levar a tratamentos errôneos e consequentemente, o paciente poderá ser prejudicado em decorrência de tais medidas tomadas. Pelo que fica subtendido, a avaliação fisioterápica difere da avaliação médica, sendo que os seus limites ainda não estão bem definidos. Por outro lado a avaliação necessita por vezes de instrumentos validados, que tenham a capacidade de reprodutibilidade e fidedignidade. A fisioterapia à nível de ciência encontrase num estado emergente, necessitando de instrumentos próprios que possam avaliar fisioterapicamente com confiabilidade e praticidade. Em particular o diagnóstico da asma é estabelecido através do surgimento de sinais e sintomas definidos mais claramente durante uma crise, o seu diagnóstico num período de cronicidade, pode ficar prejudicado, na medi- da que tais sintomas e sinais não se pronunciarem de forma acentuada. Tendo sua prevalência em crianças, conforme Junho Sologuren [24], esta relata que 68% dos asmáticos por ela estudados, iniciaram suas crises antes dos 5 anos de idade, o diagnóstico da asma pode ser então dificultado, já que nem sempre as crianças têm a capacidade de expressar a sintomatologia com exatidão. Landau [26] enfatiza que a asma pode se desenvolver nos primeiros anos de vida, porém o diagnóstico correto muitas vezes não é estabelecido devido as dificuldades inerentes a esta faixa etária. Como conduta médica, de estabelecimento de diagnóstico a indução da crise ainda é muito utilizada, e apesar da agressão que este pode representar. Tal conduta é aceita porque, assim como o médico induz a crise, este, com relativa facilidade pode reverter o quadro, já que dispõe de um arsenal de medicamentos e aparatos para fazê-lo. A cada dia que passa os fisioterapeutas se fazem mais prementes no tratamento da asma e o diagnóstico fisioterápico também apresenta-se com grandes dificuldades de confirmarse. A indução à crise no entanto não é uma metodologia disponível para o fisioterapeuta já que a sua reversão necessita de um aparato médico medicamentoso. Desta forma sentiuse a necessidade de preencher-se essa lacuna com um método que venha satisfazer as exigências de uma boa avaliação. Reportando os trabalhos de Tarantino [44] este afirma que a postura do paciente asmático pode apresentar alterações no que tange a sua simetria. Assim, ao falar da asma, o autor não deixa de mencionar a importância da configuração do tórax, e em particular do angulo de Charpy, o qual, na presença da asma e, de acordo com o biotipo do paciente, pode apresentar alterações na angulação infra esternal. Tal afirmação é reforçada por Williams [48], e D’angelo e Fattini [14]. Objetivos do trabalho O presente trabalho teve como objetivo criar uma metodologia a mais, que possibilitasse o diagnóstico da asma dentro dos preceitos legais ditados pelo código de ética do fisioterapeuta, da praticidade clínica, da reprodutividade e com confiabilidade. Teve Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 também como objetivo a elaboração uma metodologia que despiste a asma de modo rápido, e seguro, sem que o paciente seja agredido e que permita ao fisioterapeuta o seu uso no dia a dia. Por fim foi objetivo do trabalho a mensuração do angulo de Charpy de crianças, a fim de verificar-se se existiam alterações significativas entre crianças asmáticas e não asmáticas. Material e métodos A amostragem foi composta de 60 crianças, de ambos os sexos, na faixa etária compreendida entre 2 a 15 anos da cidade de Uberlândia. Sendo 30 crianças asmáticas que foram selecionadas pelo critério de chegada e se submetiam a tratamento no Ambulatório de Pneumologia Pediátrica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, sob a responsabilidade da Profa. Dra. Maria José Junho Sologuren. E também de 30 crianças não asmáticas que foram devidamente emparelhadas com as crianças asmáticas, as quais apresentavam a mesma faixa etária, e cujo critério de emparelhamento constou: a) As mesmas características antro pométricas, b) A mesma faixa etária, c) O mesmo sexo, d) A mesma biotipologia. Os quais preencheram os requisitos estabelecidos pelo protocolo de admissão da amostragem para asmáticos e não asmáticos, onde foram excluídas as que apresentavam alguma deformidade morfológica e ou fisiológica, capaz de influenciar na postura e consequentemente o ângulo infra esternal. Todas as crianças foram submetidas a análise do ângulo de Charpy, sendo filmadas em posição ortostática, descalços e desnudos, em local previamente estabelecido e demarcado, durante cerca de 30”, focando-se em particular a porção infra-esternal do tórax, a qual foi demarcada, a fim de serem vizualizados e digitalizados os pontos que formam o ângulo de Charpy; esses pontos anatômicos referenciais foram demarcados a nível do apêndice xifóide e nas últimas costelas, com o indivíduo na posição em pé, na expiração, para não sofrer nenhuma interferência na análise do ângulo. 79 Fig. 1 - Posição de filmagem e demarcação do ângulo infra – esternal ou de Charpy Método Uma vez registradas as imagens e armazenadas em fitas de filmadora Sony, tipo 8mm, foram posteriormente, reproduzidas em vídeo cassete tipo VHS da mesma marca, sendo este dotado de seis cabeçotes e parada perfeita, a fim das imagens serem exportadas para o computador, cujo monitor da mesma marca (Sony Triniton) pudesse preservar a qualidade da imagem, que foi adquirida através de uma placa de Vídeo Blaster. Uma vez transportadas para a tela, as imagens foram visualizadas, selecionadas e isoladas, sendo gravadas em um disquete de 3,5”, em forma de arquivo, procedendo -se o ajuste, digitalização e quantificação dos bordos angulares, tratados por um programa de computador [5, 6, 42]. Fig. 2 - A demarcação do ângulo infra-esternal ou ângulo de Charpy na imagem transferida para o computador. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 80 Fig. 3 - A tela do programa e o ângulo infra-esternal ou de Charpy [42]. Fig. 4 - Distribuição de percentual da amostragem. SEXO 40% Feminino Masculino 60% valência ocorreu nas crianças com 7, 12 e 13 anos de idade (Fig. 5), corroborando os trabalhos de epidemiologia da asma em Uberlândia, conforme relata Junho Sologuren et al. no projeto ISAAC (International Study of Asthma and Allergies in Children) [25], em que a prevalência da asma é de 5,4% na idade de 6 a 7 anos e de 15% entre 13 e 14 anos. Na avaliação entre os ângulos de Charpy das crianças asmáticas com relação às crianças não asmáticas (Fig. 6), constatamos diferenças significantes obtidas pelos dois grupos, sendo que as medidas do grupo asmático foram significantemente mais elevadas que as do grupo não asmático, com o valor de z = 4,78 que corresponde à probabilidade < 0,00003, apresentando uma média de 96º24’, enquanto nos asmáticos a média foi de 73º02’, com desvio padrão de 5º42’ nas crianças asmáticas e de 4º38’ nas crianças não asmáticas; com relação à moda a prevalência foi 93º nas crianças asmáticas e de 67º e 79º nas crianças não asmáticas. Apresentou-se um “out lier” de 63º nas crianças não asmáticas e 112º nas crianças asmáticas. Fig. 5 - Porcentagem em relação à idade das crianças participantes. 15 Porcentagem 12 9 Ângulo de Charpy (graus) Resultados 6 A análise dos resultados obtidos no presente trabalho revela que em relação à 3 amostragem de crianças asmáticas estudadas, 0 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 o sexo masculino teve prevalência sobre o sexo Idade (anos) feminino, sendo que o sexo masculino apresentou-se com 60% Fig. 6 - Comparação do ângulo de Charpy de crianças asmáticas e não asmáticas. da amostragem e o feminino com 40%, 120 como demostrado na Fig. 4, que vem 100 corroborar com os 80 estudos de Ferrari [21], que relata que 60 até à adolescência 40 há um ligeiro predomínio da doença 20 no sexo masculino. 0 Em relação à ida1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 de, a maior preNúm ero de crianças 13 14 15 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Fig. 7 - Ângulo de Charpy das crianças não asmáticas 81 Ângulo de Charpy (graus) anos e mediana de 9 anos (Tabela 2). Ângulo de Charpy (graus) Em relação à moda, 120 a maior prevalência ocorreu nas crian100 ças com 7, 12 e 13 80 anos de idade (Fig. 5), corroborando 60 com os trabalhos de 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 epidemiologia da Crianças não asmáticas asma em Uberlândia, conforme Fig. 8 - Ângulo de Charpy das crianças asmáticas. relata Junho SoloAsmáticos guren et al. no pro120 jeto ISAAC (Inter100 national Study of 80 Asthma and Allergies in Child60 ren) [25], em que a 40 prevalência da 20 asma é de 5,4% na 0 idade de 6 a 7 anos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 2 e de 15% entre 13 e Núm ero de crianças 14 anos. Para melhor visualizar o ângulo de Charpy Na avaliação entre os ângulos de Charpy das crianças não asmáticas, apresentamos a das crianças asmáticas com relação às crianFig. 7. ças não asmáticas, constatamos diferenças Na Fig. 8 visualizamos o ângulo de Charpy significantes obtidas pelos dois grupos, sendas crianças asmáticas, apresentando uma do que as medidas do grupo asmático foram variação de 86º a 112º. significantemente mais elevadas que as do Por fim, para visualizar a amostragem elagrupo não asmático, com o valor de z = 4,78 boramos a Tabela 1, onde é possível observar que corresponde à probabilidade < 0,00003, o número de elementos da amostragem, bem apresentando uma média de 96º24’, enquanto como idade, sexo, ângulo de Charpy e início nos asmáticos a média foi de 73º02’, com desdos sintomas da asma. vio padrão de 5º42’ nas crianças asmáticas e de 4º38’ nas crianças não asmáticas; com relaDiscussão ção à moda a prevalência foi 93º nas crianças A análise dos resultados obtidos no presenasmáticas e de 67º e 79º nas crianças não aste trabalho revela que em relação à máticas. Apresentou-se um “out lier” de 63º amostragem de crianças asmáticas estudanas crianças não asmáticas e 112º nas criandas, o sexo masculino teve prevalência sobre ças asmáticas. o sexo feminino, sendo que o sexo masculino apresentou-se com 60% da amostragem e o Conclusão feminino com 40% como demonstrado na fig. Este estudo contribui na aplicação de uma 4, o que vem corroborar com os estudos de técnica, que pode quantificar com segurança Ferrari [21], que relata que até à adolescêno ângulo de Charpy e ser amplamente aplicacia há um ligeiro predomínio da doença no da na obtenção dessa angulação das crianças sexo masculino. asmáticas, no sentido de se estabelecer uma Com relação à idade média, entre as crianrelação entre as medidas obtidas e as alteraças envolvidas na pesquisa, verificamos que ções morfofisiológicas do tórax do indivíduo esta foi de 9,1 anos, com desvio padrão de 3,8 asmático. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 82 Tabela 1 Tabela geral de apresentação da amostragem, de crianças asmáticas e não asmáticas no que tange ao sexo, idade, angulação e idade de início dos sintomas da asma. ASMÁTICAS N° 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 28 30 Idade Sexo I.S IdadeSexo SexoI.S I.S.. Asma Âng Âng.. 3 anos F 3m 97º 3 anos M 18m 94º 3 anos M 6m 95º 4 anos M 24m 106º 4 anos M 3m 95º 5 anos M 8m 94º 6 anos M 18m 100º 7 anos M 3m 93º 7 anos M 12m 96º 7 anos F 24m 101º 7 anos F 24m 112º 8 anos F 24m 102º 8 anos F 36m 91º 9 anos M 24m 98º 9 anos M 24m 93º 9 anos M 18m 92º 10 anos F 24m 100º 10 anosM 24m 94º 10 anos F 24m 92º 12 anos F 60m 93º 12 anos F 36m 91º 12 anos F 24m 99º 12 anos F 12m 95º 13 anosM 24m 110º 13 anosM 36m 92º 13 anosM 24m 93º 13 anosM 36m 99º 14 anosM 36m 91º 15 anosM 6m 86º 15 anos F 60m 98º NÃO ASMÁTICAS N° 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 64 55 56 57 58 59 60 Idade Sexo Âng Âng.. 3 anos F 73º 3 anos M 72º 3 anos M 76º 4 anos M 75º 4 anos M 79º 5 anos M 80º 6 anos M 79º 7 anos M 71º 7 anos M 76º 7 anos F 74º 7 anos F 74º 8 anos F 77º 8 anos F 67º 9 anos M 73º 9 anos M 72º 9 anos M 63º 10 anos F 79º 10 anos M 79º 10 anos F 76º 12 anos F 66º 12 anos F 77º 12 anos F 71º 12 anos F 71º 13 anos M 69º 13 anos M 67º 13 anos M 74º 13 anos M 78º 14 anos M 67º 15 anos M 67º 15 anos F 69º Constatamos uma diferença significativa entre o ângulo infra-esternal das crianças asmáticas em relação às não asmáticas, o que nos leva a sugerir sempre, e em primeiro plano, a avaliação do ângulo de Charpy, que com isto vem valorizar a observação na avaliação, uma vez que esta angulação se apresentou aumentada nas crianças asmáticas e a precocidade desta informação poderá prevenir possíveis alterações estruturais da postura. As crianças do sexo masculino merecem uma atenção especial ao serem avaliadas, já que essas são mais acometidas pela doença na faixa etária estudada, muito embora a avaliação do ângulo de Charpy deva ser realizada em qualquer criança de que se suspeite de diagnóstico de asma. Esta preocupação em relação as possíveis alterações deverá ser despertada em todos profissionais ligados as crianças asmáticas, como médicos, fisioterapeutas e educadores físicos dentre outros, uma vez que estes poderão estar orientando e ou programando atividades físicas e de correção postural para essas crianças. A partir da alteração do ângulo de Charpy, outras alterações podem ocorrer pois a quebra da harmonia postural vem contribuir de sobremaneira na instalação da má postura e de suas conseqüências. Tais comprometimentos merecem portanto, mais pesquisas sobre a temática relativa a este trabalho. Como elemento rastreador, a análise do ângulo de Charpy contribuirá como um dado a mais no estabelecimento do diagnóstico, que passa a ser relevante e imprescindível para um prognóstico promissor. Este estudo merece apreciação por parte de pessoas que lidam com o diagnóstico da asma, servindo como base para impressão diagnóstica. A faixa etária das crianças asmáticas também devem ser levadas em conta, já que a incidência maior veio ocorrer nas idades de 7, 12 e 13 anos. A Fotogrametria Computadorizada além de ser um método fidedigno e consequentemente, confiável, permite ainda registrar a imagem em arquivo dos ângulos de Charpy das crianças asmáticas, possibilitando assim comparação posterior e resgate da angulação sempre que for necessário, além de acompanhar a evolução da criança asmática e sua respectiva angulação infra-esternal (“feedback”). Assim, concluímos que a avaliação precoce do ângulo de Charpy em crianças asmáticas pelos instrumentos e métodos propostos deve ser utilizada, pois permite ao avaliador colher dados fiáveis e importantes para o diagnóstico e a prevenção de instalação de problemas posturais. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Referências 1. Arend C, Badaró AF, Magalhães SG, Ribeiro EC, Trevisan ME. Relação entre escoliose e função pulmonar. In: Simpósio Internacional de Fisioterapia Respiratória, 7, 1994, Salvador (BA). 2. Arrigada MS, Gandolffo JG. Epidemiologia de la limitacion cronica del flujo aereo y del asma bronquial en Chile. Boletim Esc de Medicina, P. Universidade Católica de Chile 1995;24:10-14. 3. Auler JR, Amaral RVC. Assistência ventilatória mecânica. São Paulo: Atheneu, 1995. 4. Badaró AF, Ribeiro EC, Trevisan ME, Magalhães SG, Arend C. Efeitos da escoliose sobre a função pulmonar. Fisiot. em Movim. 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Assine a revista Fisioterapia Brasil tel.: (21) 244-6471 www.atlanticaeditora.com.br Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 85 Artigo original Determinação da histamina no coração de ratos exercitados Determination of heart histamine in trained rats Marília Mantovani Sampaio Barrosa, José Roberto Moreira de Azevedob, Carlos Alberto Anaruma2, Eduardo Kokubunb, Rui Errereias Maciela ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas, SP, Departamento de Educação Física do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP. a b Palavraschave: coração, natação, histamina Keywords: heart, swimming, histamine Resumo Este trabalho comparou os níveis de histamina (HA) no coração de ratos submetidos aos exercícios físicos agudo e prolongado de natação com os níveis de HA no coração de ratos sedentários (controles). A eficácia do treinamento foi confirmada pela histologia e a determinação dos níveis de HA foi realizada pelo método fluorimétrico. A respeito do exercício agudo, houve diminuição do nível de HA no coração de ratos sedentários 1,43 ± 0,3164 mg/g (N = 10) em comparação com o respectivo controle 2,15 ± 0,3505 mg/g (N = 08). Houve também diminuição dos níveis de HA no coração de animais treinados em repouso, 1,42 ± 0,6130 mg/g (N = 07), em comparação com o grupo controle 2,15 ± 0,3505 mg/g (N = 08). O critério de significância estatística foi p < 0,05. Estes resultados sugerem que a HA pode participar da homeostasia microcirculatória de corações de ratos sedentários durante o exercício agudo de natação e de ratos treinados em repouso. Abstract This research compared the HA levels in cardiac muscle of rest rats (controls) with the same muscles on physical exercise: short term (ST) and long-term swimming (T). The efficacy of T was confirmed by histologic method (H/E). The determination of the HA levels was done by fluorimetric assay. Regarding ST exercise, the decrease of the HA level 1,43 ± 0,3164 mg/g (N = 10) in comparison with control 2,15 ± 0,3505 mg/g (N = 08) was significant. There was also significant decrease of the HA levels in T group of cardiac muscle in rest 1,42 ± 0,6130 mg/g (N = 07) in comparison with control group 2,15 ± 0,3505 mg/g (N = 08). The statistical significance was p < 0,05. These results suggest that there was moderate hypertrophy in gastrocnemius muscles samples by T. The HA can mediate the microcirculatory homeostasis of cardiac muscle in ST exercise of controls rest rats and hearts of T rest rats. Endereço para correspondência: Marília Mantovani Sampaio Barros, Rua Dr. Quirino, n. 1001/apto. 24, 13015-081 Campinas – São Paulo, Tel: (19) 3231-3970, E-mail: [email protected] 86 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Introdução No coração foram realizados os primeiros estudos sobre a natureza da mediação histamínica. No sistema cardiovascular do homem, a histamina (HA) tem efeitos circulatórios diretos, como na vasodilatação (rubor) e na queda da resistência periférica, com conseqüente diminuição da pressão arterial. Dentre os efeitos cardíacos relacionados a esta amina, estão presentes o inotropismo e o cronotropismo positivos e, em altas concentrações, arritmias [1]. O fato da HA ser considerada um autacóide representa uma classificação funcional pouco precisa. Enquanto os autacóides possuem uma larga amplitude de atividades farmacológicas e duração breve em pequenas quantidades, o papel fisiológico da HA e sua auto-regulação coronária, ainda não estão completamente elucidados [2]. Considerando a possível função histamínica na homeostasia microcirculatória, o presente trabalho determinou o conteúdo de HA no coração de ratos controles e comparou esses resultados com aqueles provenientes de ratos submetidos a três condições experimentais: 1) treinamento físico; 2) exercício agudo e 3) treinamento físico seguido de exercício agudo. Material e métodos Foram utilizados 35 ratos (Rattus norvegicus, Hannover, var. albina) Wistar, machos, com cerca de 90 dias de idade (adulto) e peso entre 200 e 250 gramas. Os animais foram mantidos em gaiolas plásticas (no máximo de 05 ratos por gaiola), em sala climatizada com controle de temperatura (entre 24 °C - 28 °C) e luminosidade (ciclo de 12 horas - claro, 12 horas - escuro). Água e ração (Labina - Purina) foram fornecidas ad libitum, e o peso corporal de cada animal foi avaliado semanalmente. Grupos experimentais Os animais foram distribuídos em 04 grupos experimentais para determinação do conteúdo de HA no tecido cardíaco. Grupo 1: Sedentário-Repouso (SED-R): animais mantidos em condições sedentárias (repouso) no cativeiro até o sacrifício - controles; Grupo 2: Seden- tário-Agudo (SED-A): animais mantidos em condições sedentárias no cativeiro, que realizaram exercício agudo de natação durante 60 minutos, com resistência de 8 a 10% do peso corporal, imediatamente antes do sacrifício; Grupo 3: Treinado-Repouso (TRE-R): animais que realizaram exercício dinâmico prolongado de natação, com resistência de 8 a 10% do peso corporal, 60 minutos/dia, 05 dias/semana, durante 45 dias, e que foram mantidos em repouso (24:00 horas) após a última sessão de natação, até o sacrifício; Grupo 4: Treinado-Agudo (TRE-A): animais que realizaram o mesmo protocolo de treinamento do grupo anterior, e que realizaram 60 minutos de exercício agudo de natação, com resistência de 8 a 10% do peso corporal, imediatamente antes do sacrifício. Características do treinamento físico Antecedendo o período de treinamento físico propriamente dito, os ratos foram submetidos a uma fase de adaptação à natação. Nessa fase os três primeiros dias de natação tinham a duração de 60 minutos de nado livre. O período de resistência corporal era aumentado de dez minutos a cada três dias, após o quarto dia de adaptação, até completar 21 dias do marco inicial da adaptação. A fase de treinamento consistia de 60 minutos de natação com resistência de 8 a 10% do peso corporal (durante todo o tempo de sessão), até completar 45 dias do marco inicial do treinamento. Esse treinamento foi realizado em tanques com dimensões de 100 cm x 80 cm x 80 cm, que permitiam o controle da temperatura da água (31°C ± 1) e, devido a sua profundidade, impossibilitavam que o animal apoiasse sua cauda no fundo dos mesmos. As sessões foram realizadas sempre no mesmo horário, com 10 animais nadando simultaneamente. Procedimento e técnica histológica Após o término do período experimental, os animais sedentários e treinados foram distribuídos em dois grupos para serem submetidos ou não ao exercício agudo, imediatamente antes do sacrifício. A seguir, foram fixados, para dissecação e pesagem do coração e dos músculos gastrocnêmios. O coração, sem discriminação Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 dos átrios e ventrículos, foi destinado à determinação do conteúdo histamínico. As amostras ventro-mediais do músculo gastrocnêmio, utilizadas para o exame histológico, foram congeladas em n-hexano e nitrogênio líquido, em suportes apropriados para que o material fosse cortado de forma a permitir corte transversais de fibras musculares de 07 mm, no criostato. Esses cortes foram colhidos em lamínulas e corados pela técnica H/E [3]. Com auxílio de câmara clara e planímetro, foram medidas as áreas dos perfis de 80 fibras musculares dos músculos dos grupos dos ratos sedentários e treinados, a fim de se verificar o grau de hipertrofia muscular produzido pelo exercício [4]. Determinação do conteúdo histamínico A determinação do teor de HA em cada amostra de tecido cardíaco foi realizada por meio de análise fluorimétrica [5], com pequenas modificações, visando obter maior sensibilidade e especifidade. Análise estatística Os resultados provenientes desse estudo foram analisados empregando-se o teste t de Student para amostras não-pareadas (quando os grupos experimentais foram comparados com seus respectivos controles) e o teste de Mann-Whitney (U-test) para a comparação dos grupos experimentais entre si. Para a avaliação semanal da massa corporal dos animais durante o programa de treinamento físico foi empregada a análise de variância por coeficientes ortogonais. A relação massas das amostras/massas corporais foi analisada por regressão e correlação. Por não ser linear a regressão em animais SED, utilizou-se o teste de correlação de Sperman. Em todos os testes foram considerados como indicativos de significância estatística valores de p menores ou iguais a 0,05 (p < 0,05) [6]. Resultados Variação semanal da massa corporal Durante o período experimental (45 dias), foram avaliadas as massas corporais semanais de animais sedentários e treinados. 87 A variação semanal da massa corporal nestes grupos demonstrou que, embora ambos os grupos ganhassem massa corporal durante o período estudado, houve uma tendência a maiores valores no grupo sedentário (Fig. 1). Relação entre a massa das amostras e a massa corporal A análise entre a massa úmida das amostras de corações dos animais foi realizada imediatamente após a dissecação. Para a razão entre a massa das amostras e a massa corporal, tomou-se a massa corporal do dia anterior da última sessão de treinamento físico, antes do sacrifício. A análise estatística destas relações não revelou significância entre esses resultados. Análise histológica dos músculos gastrocnêmios A Tabela 1 indica as médias das áreas das secções transversais das fibras musculares (músculo gastrocnêmio), revelando um aumento significativo (p < 0,05) nas áreas das fibras referentes aos grupos dos animais treinados, quando comparados aos animais sedentários. Conteúdo de HA no músculo cardíaco A análise estatística das médias das concentrações de HA, obtidas das amostras de músculo cardíaco, está representada na Tabela 2. Observa-se em animais sedentários-repouso (SED-R), que a média de concentração de HA encontrada (2,15 ± 0,3505) foi maior que a desse grupo de animais, quando exercitados agudamente (1,43 ± 0,3164) (p <0,05). Nos grupos treinados, seguindo a mesma relação anterior, nota-se que a média de concentração de HA encontrada no grupo treinado-repouso (TRE-R) (1,42 ± 0,6130) foi menor quando comparada à dos animais sedentários-repouso (controles) SED-R (2,15 ± 0,3505) (p <0,05). Discussão Método A opção pela técnica do ensaio fluorimétrico [5], visando estimar o teor de HA dos tecidos cardíacos pesquisados, baseou-se no fato de ser uma técnica simples e precisa, continuamente Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 88 Fig. 1 - Variação semanal da massa corporal (g) de 11 ratos sedentários - SED (controles) e de 09 ratos treinados - TRE, durante o período experimental. As barras verticais representam o desvio padrão da média. Tabela 1 - Médias das áreas das secções transversais das fibras musculares do ventre medial, do músculo gastrocnêmio. Valores expressos como média e desvio padrão. *Diferença significativa (p < 0,05) quando comparados com o grupo dos sedentários. N = número de ratos. Ratos N Área (mm2) Sedentários 80 4393,30 ± 522,0 Treinados * 80 5200,00 ± 608,6 Tabela 2 - Concentração de HA do músculo cardíaco. Resultados expressos em média e desvio padrão. *Diferença significativa (p < 0,05) em relação ao grupo sedentário-repouso. GRUPOS N HISTAMINA (mg/g ) SED-R SED-A* TRE-R* TRE-A 08 10 07 10 2,15 ± 0,3505 1,43 ± 0,3164 1,42 ± 0,6130 1,78 ± 0,8108 aperfeiçoada, no sentido de se tornar mais sensível, reprodutível e específica. O método fluorimétrico nos proporcionou excelentes condições para a quantificação da HA cardíaca. Grupos experimentais Foram utilizados ratos em idade adulta, porque essa é uma espécie que apresenta capacidade de formação de histamina (HFC) nos tecidos investigados, resultante da contração muscular [7]. Optou-se pela determinação do conteúdo de HA muscular dentro da maior proximidade ao estado fisiológico. A natação foi adotada como forma de treinamento físico prolongado, visando obter maior hipertrofia muscular e menor índice de stress emocional no animal [8]. Esse treinamento foi iniciado no rato jovem, com 60 dias de idade. A duração de 45 dias de treinamento com resistência dorsal teve por objetivo evitar que o treinamento se prolongasse, que o animal adquirisse uma idade avançada e que houvesse êxito com relação à hipertrofia muscular, no menor tempo possível. Para isto, foi realizado um período de adaptação ao exercício físico prolongado, com cargas e tempos progressivos, até alcançar uma resistência equivalente a 8 - 10% do peso corporal, e período de tempo de 60 minutos de duração. A temperatura da água era mantida em torno de 31°C ± 1, a fim de não comprometer a força muscular do animal [9], não havendo reaquecimento da água do tanque durante a sessão de natação. Baseado nos efeitos fisiológicos primitivos da HA, nos efeitos comumente relevantes à regulação local da reação inflamatória e fisiopatológicos [10, 11], foi investigada a associação dessa amina biogênica às trocas microcirculatórias no tecido cardíaco durante o repouso e no exercício de curta e de longa duração, condições não patológicas, motivo de esquematização dos grupos experimentais propostos. Variação semanal da massa corporal O estudo da variação semanal da massa corporal de animais SED e TRE demonstrou que, apesar da escolha aleatória de animais de maior massa corporal para o grupo TRE, antes do início do programa adotado, foi a partir da terceira semana de treinamento que se verificou o menor ganho de peso dos animais TRE em relação aos animais SED. A análise de variância por coeficientes ortogonais revelou que houve alta significância estatística na diferença entre os dois grupos, não havendo paralelismo entre eles. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Exame microscópico Assim como o estudo da variação semanal da massa corporal mostrou ser fator auxiliar na comprovação do treinamento físico empregado, o exame histológico comprovou a eficácia da natação como treinamento físico. O aumento das áreas de secção transversal das fibras do músculo gastrocnêmio dos animais treinados, em relação aos sedentários, pôde ser considerado um sinal de moderada hipertrofia desse músculo, frente ao exercício prolongado aplicado aos animais [4]. Concentração de HA no coração Obtivemos médias de concentrações de HA para o coração em animais controles, entre os valores 1,7-2,5 mg/g conforme os achados de [12]. Em músculo gastrocnêmio, foi estatisticamente significativa uma redução do nível basal de HA nos grupos SED-A e TRE-R em relação ao grupo controle SED-R (p < 0,05). Acredita-se que uma provável hipertrofia cardíaca, provocada pelo treinamento físico, possa ter induzida proliferação microcirculatória tecidual [13], e esta, por sua vez, metabolize a HA mais rapidamente. A HA liberada na circulação pode ser removida pelo próprio músculo liso do tecido vascular [14, 15]. Estes resultados concordam com os achados de autores que enumeraram os efeitos biológicos da HA no sistema cardiovascular. Desta forma, acredita-se que a concentração de HA no coração do grupo SED-A diminua, por se tratar de um fator protetor de possível arritmia cardíaca a curto prazo, no exercício agudo com resistência, por exemplo [16-18]. Conclusão A HA pode participar da homeostasia microcirculatória de corações de ratos sedentários durante o exercício agudo de natação e de ratos treinados em repouso. Agradecimentos Ao Prof. Dr. Aquiles E. Piedrabuena, pelos conhecimentos estatísticos; ao Prof. Dr. Sérgio de Moraes, pelo espectrofotofluorímetro; à Prof a Eleonora E. Abra Blanco, pelos ensinamentos técnicos; ao Dr. Percival D. Sampaio Barros, pela revisão ortográfica; aos 89 técnicos Clarice Y. Sibuya, Eduardo Custódio, José Roberto R. da Silva e Manuel J. de Oliveira; ao CNPq e ao FAEP, pelo suporte financeiro. Referências 1. Henrichsen H, Halabi A, Kirch W. Clinical aspects of cardiovascular effects of H2-receptor antagonists. J Clin Pharmacol 1995;35:107-116. 2. Kostic MM, Jakovljevic VLJ. Role of histamine in the regulation of coronary circulation. Physiol Res 1996;45:297-303. 3. Dubowitz V, Brooke MH. Muscle biopsy: a modern approach. London: Saunders, 1973. p. 475. 4. Sampaio-Barros MM, Azevedo JRMA, Kokubun E et al. Dosagem histamínica muscular de ratos exercitados. Rev Paul Educ Fís 1995;9(1):3-9. 5. Shore PA, Burkhalter A, Cohn VH. A method for the fluorimetric assay of histamine in tissues. J Pharmacol Exp Ther 1959;127:182-186. 6. Roscoe JT. 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J Cardiovasc Pharmacol 1997;30(2):149-156. 17.Malinowska B, Godlewski G, Schlicker E. Histamine H-3 receptors – general characterization and their function in the cardiovascular system. J Physiol Pharmacol 1998;49(2):191-211. 18.Pang XZ, Alexacos N, Letourneau R et al. A neurotensin receptor antagonist inhibits acute immobilization stress-induced cardiac mast cell degranulation, a corticotropin-releasing hormonedependent process. J Pharmacol Exp Ther 1998;287(1):307-314. Indique a um colega a revista Fisioterapia Brasil Tel.: (21) 244-6471 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 91 Revisão Vertigem: A abordagem da fisioterapia Vertigo: Physical therapy approach André Luís Santos Silvaa, João Soares Moreirab ○ a ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Laboratório de Biomecânica Clínica, Hospital Geral de Ipanema/Rio de Janeiro, bCPqHEC-FIOCRUZ Resumo A aplicação de Fisioterapia Vestibular (Labiríntica) em pacientes com vertigem persistente e desequilíbrio, tem recebido mais atenção nos últimos anos. Recentes programas organizados de Reabilitação Vestibular possuem considerável relevância. Os benefícios de tais programas apresentam amplo respaldo conforme resultados de estudos controlados. Basicamente, os programas constituem-se de exercícios de habituação com movimentos da cabeça, facilitados pela compensação do sistema nervoso central, exercícios de controle postural e exercícios de condicionamento geral. Este artigo descreve as evidências da eficácia da fisioterapia, enfatizando os critérios de seleção e resultados de revisão de literatura, que podem ser antecipadas quando esta modalidade de tratamento é utilizada em uma ampla parcela da população. Palavras-chave: Equilíbrio, fisioterapia, sistema vestibular, vertigem. Abstract The application of Vestibular Physical Therapy in patients with persistent vertigo and disequilibrium has been more attention in the last years. Recents programs of vestibular rehabilitation have significance considerable. The benefits of such programs are becoming widely accepted as according to outcomes of controlled studies. Basically, the programs are constitutes of habituation exercises with head movements facilited for central nervous system compensation, postural control and general conditioning exercises. This article discusses the evidences of physical therapy efficacy, emphasizing selection criteria and a brief review of outcomes that may be utilized in a wide parcel of population. Key-words: Balance, Physical therapy, vestibular system, vertigo. Endereço para correspondência: André Luís Santos Silva, Rua Visconde de Silva, 292/605 - Humaitá Rio de Janeiro – RJ – cep 22271-090, Tel: (21) 554-4882 ramal 233, E-mail: [email protected] [email protected] 92 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Introdução A vertigem persistente ocorre devido a uma ineficiente compensação do Sistema Nervoso Central (SNC) em conseqüência de uma disfunção aguda, principalmente se não for seguido de um distúrbio labiríntico [1]. Muitos pacientes adotam estratégias de controle postural inadequadas, no entanto, apresentam resultados satisfatórios quando são encaminhados a um programa de Fisioterapia Labiríntica, supervisionada por fisioterapeuta treinado apropriadamente. Esta modalidade possui sua base na cinesioterapia e tem prosperado em ambiente multidisciplinar envolvendo otoneurologistas, neurologistas e recursos diagnósticos sofisticados. Fundamento fisiológico para fisioterapia labiríntica A Fisioterapia labiríntica vale-se de aspectos neurosensoriais, a partir do trabalho das aferências, sendo favorecida pela plasticidade neuronal [1, 2]. O SNC possui uma característica ímpar, qual seria sua capacidade para adaptar-se às assimetrias oriundas do sistema labiríntico periférico. Este processo resulta da compensação vestibular decorrente de alterações das ativações neuronais ao nível do cerebelo e tronco encefálico em resposta aos conflitos sensoriais produzidos por patologias vestibulares. Este processo central tanto pode compensar completamente os sintomas, como pode produzir uma deteriorização gradualmente progressiva [3]. A vertigem aguda é usualmente resultante de uma disfunção do nervo vestibular ou do sistema labiríntico periférico. Como ocorre uma compensação na fase aguda, os sintomas de tontura são reduzidos drasticamente e o nistagmo é observado somente quando a fixação visual é eliminada. Esta compensação aguda ocorre pela influência do cerebelo, ao nível dos núcleos vestibulares, localizados no tronco encefálico. Entretanto, a instabilidade postural persiste, porque o sistema inibido é incapaz de resposta efetiva aos estímulos vestibulares produzidos por movimentos normais da cabeça. Amiúde deparamos, na prática diária, com uma recuperação sintomática importante, frente à vertigem intensa. Por outro lado, a vertigem induzida por movimentos da cabeça (decúbito-dependente) permanece até que uma compensação crônica seja alcançada [1, 3-5]. A habituação é baseada na estimulação vestibular repetitiva. A compensação é um processo de adaptação em que ocorre substituição das informações geradas no labirinto lesado por estímulos multisensoriais (visuais, proprioceptivos, etc). Este fenômeno envolve reaprendizagem sensório-motora realizada por várias estruturas integradas do SNC e que ocorre, apenas, nos animais ativos, ou seja, que se movimentam. Estudos experimentais [1, 3, 6] têm demonstrado que a base neural para a compensação é distribuída por todo o SNC e não se limita a uma área específica. Pacientes com lesões estáveis do SNC ou portadores de lesões mistas (centrais e periféricas) não são excluídos do tratamento, contudo o prognóstico pode ser mais reservado, comparados aqueles com disfunção periférica estável. As lesões no SNC podem dificultar ou mesmo impedir a capacidade de compensação [1, 4, 5, 7]. Para que ocorra a eliminação da instabilidade postural e da vertigem residual provocada pelo movimento, o sistema deve diminuir a inibição cerebelar, restabelecendo a simetria das informações neurais vindas dos núcleos vestibulares, assim como, das respostas imediatas da movimentação da cabeça [8, 9]. Se a lesão periférica é extensa, o núcleo vestibular ipsilateral torna-se responsivo às alterações das informações oriundas do nervo vestibular contra-lateral, por ativação das vias neurais comissurais. Isto significa que o processo de compensação pós-cirurgia vestibular ablativa, tais como labirintectomia ou secção do nervo vestibular, é considerado crítico [1, 3-6, 10-15]. Se a lesão periférica é incompleta, a disfunção labiríntica produzirá respostas distorcidas frente aos movimentos, o qual requer ajustes apropriados do SNC para reinterpretar a informação sensorial que venha do lado lesado. Se a lesão é instável, a habituação será praticamente impossível, pois o processo de compensação, iniciado na fase aguda, decorre dos movimentos da cabeça. A habituação pode, também, ser retardada pela inatividade ou dificultada na vigência de disfunções vestibulares pré-existentes ou de origem central. As medicações usualmente empregadas para os sintomas agudos, como a Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 metoclopramida (antiemética), os antivertiginosos meclizina, escopolamina, dimenidrato e clorpromazina, os sedativos diazepan e sulpiride, podem causar sedação e depressão das funções nervosas centrais. Através das drogas, pode-se chegar ao alívio satisfatório dos sintomas na crise aguda, mas elas são potencialmente contra-producentes quanto à compensação vestibular central, especialmente se usadas por longos períodos [1, 3, 6, 10]. A queixa de vertigem, ou tontura do tipo rotatório, é muito comum, e pode ser secundária a doenças sediadas em outras partes do corpo humano [10]. Aspectos epidemiológicos mostram que a incidência aumenta com a idade; 1,3% de todas as visitas médicas de pessoas com idade entre 45-64 anos, 2,9% de pessoas acima dos 65 anos e 3,8% de pessoas acima de 75 anos [5]. A vertigem pode ser causada por diferentes condições médicas, onde estima-se que mais de 45% deve-se aos distúrbios vestibulares [3]. A etiologia da disfunção vestibular é variada e os fisioterapeutas poderão encontrála em diversas práticas profissionais, tais como geriatria, neurologia, ortopedia e desportiva. Há sessenta anos atrás, tratava-se vertigem com secção bilateral do nervo vestíbulococlear. Atualmente, a utilização de medicação supressora da atividade vestibular, a fisioterapia vestibular e os raros casos de cirurgia do labirinto, são preconizados. Apesar de notável capacidade, a compensação vestibular central apresenta-se como processo um tanto frágil. Mesmo após uma completa recuperação, podem ocorrer recidivas devido à descompensação, geralmente em decorrência de um período de inatividade física, fadiga extrema, alterações medicamentosas ou alguma patologia presente. A recidiva dos sintomas vestibulares não significa que a disfunção labiríntica seja de caráter contínuo ou progressivo [1]. Diversos autores concordam que essas características da compensação central sugerem que o impedimento dos movimentos e posturas corporais que provoquem vertigem, assim como as abordagens tradicionais através, e somente, da prescrição de medicação supressora de atividade vestibular, podem ser impróprias [1-6, 10, 1418]. A partir do momento que os sintomas severos da fase aguda são resolvidos, a medica- 93 ção deve ser interrompida e um programa ativo deve ser iniciado [1]. Assim como, os pacientes em que os sintomas persistirem, devem ser selecionados para a reabilitação vestibular. Herdman [4], adverte que o chavão “Se os exercícios provocam vertigem, significam que sejam bons para o indivíduo”, utilizado como critério para a cinesioterapia labiríntica, nem sempre é o ideal. Obviamente, os exercícios da cabeça realizados no plano inclinado, podem provocar vertigem até em sujeitos saudáveis, mas não implica em dizer que haverá alterações substanciais das respostas vestibulares a longo prazo, comenta a autora. A compensação vestibular A literatura e a prática diária demonstram que a eficácia da fisioterapia é dependente de um conjunto de procedimentos e rotinas diagnósticas [1, 3-5]. É axiomático o embasamento de uma história clínica e otoneurológica detalhada (Quadro 1). O fisioterapeuta deve buscar a identificação e os aspectos quali-quantitativos do distúrbio cinético-funcional dos órgãos e sistemas do equilíbrio acometidos (Quadro 2). Ao sistematizar uma rotina diagnóstica adequada, o profissional encontra-se em condições de prescrever e administrar um tratamento apropriado. O paciente pode ser portador de distúrbio vestibular primário que permanece ativo ou pode simplesmente estar com seqüelas resultantes de uma pobre compensação do SNC após um evento labiríntico prévio. Esta distinção é crucial ao se considerar o uso da Fisioterapia Vestibular. Fisioterapia labiríntica nas desordens vestibulares A introdução dos exercícios como modalidade terapêutica foi idealizada na década de quarenta por Cawthorne [1944] e Cooksey [1946]. Entretanto, mais recentemente, os fisioterapeutas vêm tornando-se mais interessados na Fisioterapia labiríntica. Dados recentes da literatura, baseados em estudos controlados, demostraram a eficácia da fisioterapia labiríntica (FL), no qual classificaram dois grandes grupos de problemas vestibulares periféricos que se beneficiaram do programa: vestibulopatias de origem biomecânica è Vertigem Posicional 94 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Quadro 01- Roteiro diagnóstico clínico-otoneurológico. Fonte:: Freitas [28] Anamnese Tipo de sensação, tempo de evolução, periodicidade, intensidade, fatores desencadeantes, relação com a visão e movimentos cefálicos, sintomas neurovegetativos, auditivos, doenças paralelas, medicações antecedentes de traumas cranianos, alterações emocionais. Exame Físico geral Ectoscopia, órgãos e sistemas. Exame Físico Otorrinolaringológico Otoscopia, rinoscopia anterior, orofaringoscopia, palpação cervical, laringoscopia indireta. Quadro 02 - Fisioterapia: Roteiro diagnóstico cinético-funcional. Fonte:: Herdman [5]. - História / Anamnese (adaptado de Susan Herdman – 2000). - Sintomas subjetivos: (alta confiabilidade v= 0.97) Escala de avaliação de incapacidade: Critério Score Sem incapacidade (sint. Pobres) 0 Sem incapacidade (sint. Algo preocupante) 1 Incapacidade média (faz tarefas comuns) 2 Incapacidade moderada (não faz tarefas comuns) 3 Incapacidade severa recente (licença médica) 4 Incapacidade severa confirmada 5 Exame físico otoneurológico Pesquisa de nistagmo espontâneo e semi-espontâneo, pares cranianos, nistagmografia computadorizada, posturografia. (Fonte: SHEPARD,NT; TELIAN,AS; SMITH-WHEELOCK,M. Habituation and Balance Retraining: A Retrospective Review. Neurol. Clin 8: 459, 1990). Provas vestibulares Eletronistagmografia convencional, vectoeletronistagmografia, videonistagmografia computadorizada, posturografia dinâmica. EXAME CLÍNICO CLÍNICO:: a) Testando (Ref. Oculomotor e Ref. Vestíbulo-ocular / RVO) Sala iluminada: movs. Extra-ocular, diplopia, inclinação, perseguir, sacádicos, nistagmo espontâneo ou por olhar fixo. RVO= c/ movimentos lentos e rápidos da cabeça. (c/ cartão) acuidade visual com cabeça parada e durante oscilação suave da cabeça. Com lentes de Frenzel: Nistagmo espontâneo e por olhar fixo; C/ agitação da cabeça; Induzido por pressão do tragus; Induzido por hiperventilação (psic ?); Nistagmo posicional. b) Sensibilidade: Propriocepção, tato fino, vibração, cinestesia, dor, testes quantitativos (limiar de vibração, diapasão). Visão: acuidade e campo. c) Coordenação (provas cerebelares): quadrantes superior e inferior. Prova dos braços estendidos, Diadococinesia; calcanhar-tíbia; fixação postural. d) Amplitude de movimento= passivo e ativo. e) Força muscular = preensão, tronco, extremidades. f) Desvio postural g) Teste movimento e posição (Dix-Hallpike, Brandt-Daroff, outros) h) Equilíbrio sentado i) Equilíbrio estático (olhos abertos e fechados) Romberg, Romberg Sensibilizado (Barré), 01 perna (Fournier), plataforma. j) Equilíbrio com sistemas sensoriais alternados (Shumway e Horak) > olhos abertos e fechados “cobrir a visão com abóboda” + espuma no chão – sob os pés. k) Equilíbrio dinâmico (movimentos auto-iniciados): - Teste de Duncan: teste da distância que pode ser alcançada inclinando (de pé e com fita métrica). - Teste de Gabell e Simons: Funcional para idosos com risco de quedas. - Teste de Unterberger-Fukuda: andando no mesmo lugar (1º- olhos abertos, 2º- olhos fechados). N= deslocamento até 50 cm; girar até 30º. l) Marcha = normal, acelerado, lento, Marcha em estrela (BabinskyWeil). m)Avaliação funcional da marcha: percurso com obstáculo; atividades com dupla-tarefa (marcha no mesmo lugar + degrau + bola). n) Questionário DHI (Jacobson e Cols, 1990). Provas audiométricas Audiometria tonal liminar, discriminação vocal, imitanciometria. Exames eletrofisiológicos Bera Exames complementares gerais Hemograma completo, glicemia, curvas glicêmica e insulinêmica, dosagem de colesterol total e frações, triglicerídeos séricos, provas de função ovariana, FTA-Abs, provas para doenças auto-imunes. Exames de imagem Radiografia simples, tomografia computadorizada (crânio e r. cervical), imagem por ressonância nuclear magnética, angiografia, doppler de artérias carótidas, vertebrais e ramos. Paroxística Benigna (VPPB) e aquelas originadas por lesão funcional ou hipofunção vestibular uni ou bilateral [1, 4, 5, 16, 19, 20]. A VPPB é a presença de um ou mais canais semicirculares excitados inadequadamente, sendo a causa mais comum de vertigem. As manifestações clínicas incluem a ocorrência de sintomas objetivos, tais como as reações tônicas posturais (músculos) e o nistagmo, e através de queixa subjetiva, a vertigem. Os sintomas são disparados por mudança de posição da cabeça. É mais comum na mulher que no homem, e pouco freqüente em crianças. Ocorre, espontaneamente, em 50% de todos os pacientes que foram vítimas de traumas cranianos, labirintites ou hipofluxo da artéria vestibu- - História funcional (nível de atividade prévia e atual). - Expectativas do(a) paciente. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 lar anterior (esta artéria supre os canais superior e lateral do utrículo e a artéria vestibular posterior supre o sáculo e seu canal posterior). A remissão espontânea é comum, mas as recorrências podem ocorrer [1, 3, 4, 11]. Fisiopatologicamente, a VPPB possui dois mecanismos para explicar seus sinais e sintomas. Um mecanismo seria a cupulolitíase (nistagmo de posicionamento com duração superior a um minuto), onde haveria uma degeneração dos otólitos (debris) utriculares que depositariam-se, na maioria dos casos, à ampola do ducto semicircular posterior, tornando a crista ampular (sensor de movimento rotatório) sensível a movimentos lineares [17]. A outra etiologia seria a ductolitíase (nistagmo de posicionamento com duração inferior a um minuto), resultante de debris otolíticos que entrariam pelo braço longo do canal semicircular posterior, movendo-se pelo seu interior sob ação da gravidade [14]. O sinal de Romberg é positivo. Os braços estendidos desviam-se para o lado da lesão, quase sempre no plano horizontal. O nistagmo é do tipo rotatório/vertical, fatigável, com tempo de latência de 01 a 10 segundos, aproximadamente [4]. Conforme Ganança [21], na maioria dos casos de VPPB, o acometimento é unilateral. No entanto, em sua casuística, aproximadamente 8% dos pacientes apresentaram a VPPB bilateral em canais semicirculares posteriores, caracterizado por nistagmo de posicionamento vertical para cima e rotatório anti-horário em decúbito lateral direito e nistagmo de posicionamento vertical para cima e rotatório em decúbito lateral esquerdo, à manobra de Dix-Hallpike com lentes de Frenzel ou videonistagmografia infravermelha. Na maioria dos casos, a hipótese diagnóstica foi compatível com ductolitíase. Apenas 2% apresentaram cupulolitíase. Em todos os casos foram realizados a terapia otoneurológica integrada (tratamento etiológico, fisioterapia labiríntica, orientação nutricional, modificação de hábitos e medicação antivertiginosa). A manobra de reposicionamento canalítica de Epley [17] foi aplicada inicialmente nos casos de ductolitíase. E, a manobra liberatória de Sémont [16] foi aplicada nos casos de 95 cupulolitíase. Em ambas situações, houve um período de uma semana para a realização das manobras de um lado, e depois para o outro. Após, seguiram-se com exercícios de BrandtDaroff (Fig 1). Os pacientes apresentaram melhora importante dos sinais e sintomas (nistagmo e vertigem). O autor concluiu que os resultados são equivalentes aos encontrados nos casos unilaterais. Tais manobras foram, também, modificadas pela fisioterapeuta norte-americana Susan Herdman [5]. Fig.01- Exercícios de Brandt-Daroff (Fonte: HERDMAN [4]. A C B O paciente, com o olhar fixo no horizonte, deve permanecer 30” em cada posição (“A”, “B” e “C”). Repetição três vezes ao dia Vários fatores devem ser levados em consideração na escolha do tratamento apropriado em VPPB. Alguns itens incluem, a detecção precisa do canal afetado, os fatores de morbidez e a habilidade do paciente em aderir às exigências do tratamento [1, 4, 5]. Segundo Herdman [4], a escolha do tratamento é baseada na identificação precisa do canal envolvido e a resultante direção do nistagmo. Na Lesão Vestibular Unilateral Periférica, o olhar fixo, à prova da poltrona rotatória, apresentará nistagmo do lado afetado e de curta duração, comparado ao lado são. O objetivo da FL é diminuir a resposta maior do lado contra-lateral, através de uma série de exercícios combinados com rotações da cabeça e movimento dos olhos, associados com reeducação da marcha e equilíbrio [2, 3]. Na Paresia ou Hipofunção Vestibular Bilateral Periférica, é comum observar a presença 96 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 de oscilopsia (sensação que o ambiente se move nos planos horizontal ou vertical), instabilidade postural e alteração da marcha. Telian e cols. [22], conduziram estudo observacional prospectivo não-controlado em 22 pacientes, o qual observaram melhora dos sintomas em 11 (50%) pacientes submetidos à fisioterapia labiríntica. Krebs e cols [23], em estudo duplo-cego com grupo-controle, reportaram resultados preliminares com melhora estatisticamente significativa na marcha dos pacientes do grupo submetido a exercícios vestibulares padronizados comparados aos do grupo-controle. Os autores avaliaram o impacto da oscilopsia, alterações da marcha e equilíbrio. Os primeiros 8 pacientes relataram melhora importante no equilíbrio e marcha, entretanto, não houve alteração quanto à oscilopsia. Os autores informaram que o programa de fisioterapia vestibular resultou eficaz, com relação ao equilíbrio e marcha, em decorrência das atividades repetitivas e pelo processo educacional que permeiam esta modalidade. Reportaram, também, que a melhora objetiva completa pode ser obtida em número limitado de pacientes, especialmente se o grau de hipofunção for extenso. Técnicas de reabilitação labiríntica Na crise - Eletroestimulação cervical (semelhante ao aparelho TENS) > Corrente alternada, bifásica, freqüência (80 Hz), largura do pulso (100 - 150 mcseg) e intensidade confortável para o paciente. Os eletrodos são colocados na região paravertebral cervical (C2-C4) do lado nãoafetado e na região do trapézio (fibras superiores) contralateral. Utilizam-se duas sessões diárias de 40 minutos. O objetivo é promover uma estimulação de fibras tipo A (grossas) (proprioceptivas) com influência do reflexo cérvico-espinhal, para propiciar uma ativação ascendente até ao nível dos núcleos vestibulares (tronco encefálico), simulando as informações que deveriam vir do labirinto acometido. - Estimulações plantares e na região cervical (Somatosensorial) São baseadas em experiências cinesiológicas (propriocepção). As estimulações plantares (quadrante inferior) são realizadas através de técnicas proprioceptivas consagradas na fisioterapia (equilíbrio com almofada sob os pés, por exemplo). Na região cervical, convém a aplicação das técnicas tradicionais de sensibilização com texturas (Maloney) e proprioceptivas, em geral, que oferecem respostas interessantes para esta etapa do tratamento. Fase crônica - Exercícios de Cawthorne e Cooksey [11, 12] e de estimulação vestíbulo-visual > O especialista deve selecionar os exercícios mais indicados, de acordo com a necessidade do paciente. São exercícios posturais, com movimentos de cabeça, pescoço, olhos e podendo associá-los com a marcha. Os resultados obtidos com as diversas técnicas de reabilitação são extremamente favoráveis, sendo recomendado o seu emprego rotineiro na terapêutica das vestibulopatias crônicas [1, 3-6, 10, 11, 16, 17, 24-26]. Herdman [5], relata que os exercícios supervisionados e personalizados, podem oferecer influências positivas para a estabilização dos sintomas e para redução da incapacidade inicial severa, além de apresentarem excelentes respostas nos casos mais recentes, quando comparados aos exercícios sem supervisão direta do fisioterapeuta. Conclusões semelhantes são encontradas em diversas citações científicas mundialmente [1, 3, 4, 7, 10, 27]. Conclusão Portanto, o programa de Fisioterapia Labiríntica (FL) deverá seguir as diretrizes traçadas durante a fase do exame otoneurológico e do diagnóstico cinético-funcional. Com base nos mecanismos da plasticidade neuronal (compensação, habituação e adaptação), a FL busca estimular a estabilização vestíbulo-visual durante o movimento da cabeça, oferecendo maior estabilidade postural estática e dinâmica. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Referências 1. Shepard NT, Telian SA. Programatic Vestibbular Rehabilitation. Otolaryngol Head Neck Surg 1995; 112: 173-182. 2. Jacobson GP, Newman CW: The development of the dizziness handicap inventory. Arch Otolaryngol Fead Neck Surg 1990;116:424. 3. Igarashi M, Ishikawa M, Yamane H. Physical exercise and balance compensation after total ablation of vestibular organs. Prog Brain Res 1998;76:395. 4. Herdman SJ. Advances in the Treatment of Vestibular Disorders. Physical Therapy, 1997;77(6)602-618. 5. Herdman SJ. Vestibular Rehabilitation.2ª Edition Pa: FA Davis Co; Philadelphia, 357-358, 2000. 6. Peppard SB. Effect of drug therapy on compensation from vestibular injury. Layngoscope 1986;96: 878-898. 7. Ford-Smith CD. The Individualized Treatment of a Patient With Benign Paroxysmal Positional Vertigo. Physical Therapy 1997;77(8): 848-855. 8. Horak BF, Henry SM, Shumway-Cook A, Postural Pertubations: New Insights for Treatment of Balance Disorders. Physical Therapy, 1997;77:517-533. 9. Shumway-Cook A, Gruber W, Baldwin M, Liao S. The Effect of Multidimensional Exercises on Balance, Mobility, and Fall Risk in Community-Dwelling Older Adults. Physical Therapy, 1997;77:46-57. 10. Ganança MM. Vertigem tem cura? São Paulo: Lemos editorial, Janssen-Cilag, 1998. 11. Cawthorne T. The Physiological basis for head exercises. J Chartered Soc Physiother 1944;30:106 12. Cooksey FS. Rehabilitation in vestibular injuries. Pro R Soc Med 1946-39:273 13. Fetter M. Vestibular System disorders. In: Herdman, SJ (ed) – Vestibular Rehabilitation. Philadelphia, Pa: FA Davis Com, 1994. p.80-89. 14. Ganança FF. Da Rotação Cefálica Ativa na vertigem posicional paroxística benigna. Tese de Doutoramento – Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de medicina, Programa de Pós-graduação em otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, 1999 15. Dix MR, Hallpike CS. The Pathology, Symptomatology and Diagnosis of Certain Common Disorders of the Vestibular System. Ann Otol Rhinol Laryngol, 1952;1:987 97 16. Sémont A, Freyss G, Vitte E. Curring the BPPV with a liberatory maneuver. Adv Otorhinolaryngol 1988; 42:290-293. 17. Epley JM. Canalith repositioning procedure of beningn paroxysmal vertigo. Otolaryngol Head Neck Surg. 1992;107:309-404. 18. Wolf SL, Barnhart HX, Ellison GL, et al. The Effect of Tai Chi Quan and Computerized balance Training on Postural Stability in Older Subjects. Physical Therapy, 1997;77:371-381. 19. Brandt TH, Daroff RB. Physical therapy for benign paroxysmal positional vertigo. Arch Otolaryngol 1980;106:484-485. 20. Nuti D, Vannucchi P, Pagnini P. Benign Paroxysmal Positional Vertigo of the Horizontal Canal: A form of Canalolithiasis with Variable Clinical Features. Journal of Vestibular Research 1996;6:173-EOA. 21. Ganança MM. O que fazer na Vertigem Posicional Paroxística Benigna Bilateral? Acta Awho, 2000;19(2): 62-63. 22. Telian AS, Shepard NT, Smith-Wheelock M, Hoberg M. Bilateral Vestibular Paresis: Diagnosis & Treatment. Otolaryngol Head Neck Surg 1991;104:67-71. 23. Krebs DE, Gill-Body KM, Riley PO, Parker SW. Double-blind, placebo -controlled trial of rehabilitation for bilateral vestibular hypofunction: Preliminary report. Otolaryngol Head and Neck Surgery 1993;109:735-741. 24. Barbosa MSM, Ganança FF, Caovilla HH, Ganança MM. Reabilitação Labiríntica: O que é e como se faz. RBM Otorrino-laringologia 1995;2(1). 25. Ganança MM, Caovilla HH, Munhoz MSL, Silva MLG Ganança FF, Ganança CF, Serafini F: Reflexões sobre a farmacoterapia da vertigem: problemas e soluções. Parte II – Atitudes. RBM-ORL 1998;5(2):46-54. 26. Enloe LJ, Shields RK. Evaluation of Health-Related Quality of Life in Individuals With Vestibular Disease Using Disease-Specific and General Outcome Measures. Physical Therapy, 1997;77:890-903. 27. Di Fabio RP, Emasithi A. Aging and the Mechanisms Underlying Head and Postural Control During Voluntary Motion. Physical Therapy, 1997;77: 458-475. 28. Freitas MR, Weckx LLM. Labirintopatias. Revista Brasileira de Medicina, 1998;54, Edição especial:173-184. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 98 Revisão Revisão anatômica do músculo plantar delgado e sua importância clínica Anatomic revision of short plantar muscle and its clinical importance José Antonio S.F.A Pinna Cabrala, Rodrigo Marçalb, Ana Paula Coelhoc, Andressa Quintino Teixeirac, Renata Bordignon de Pinna Cabrald ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Professor Adjunto de Anatomia Universidade Católica de Petrópolis, Professor de Cirurgia Geral da Faculdade de Medicina de Petrópolis, bMonitor de Anatomia e aluno de fisioterapia, cAluna de fisioterapia, dAluna de medicina a Palavras-chave: músculo plantar delgado, tornozelo Key-words: short plantar muscle, ankle Enderço para correspondência: José Antonio de Pinna Cabral, Rua Marechal Deodoro, 79 sala 105, Centro, Petrópolis RJ, E-mail: [email protected] Resumo O músculo plantar delgado é um pequeno músculo que faz parte do compartimento posterior superficial da perna, juntamente com os músculos sóleo e gastrocnêmio. É algumas vezes duplo, podendo estar ausente. É um músculo muito tênue e tendinoso em quase toda a sua extensão, exercendo pouca importância nos movimentos da perna por estar em estado de vestígioso no homem. A flexão plantar do tornozelo é exercida por outros músculos mais potentes que o acompanham, podendo ser removido sem causar qualquer incapacidade de movimento, embora sua lesão cause transtornos importantes, que foram analisados em nossa revisão. Não deve ser esquecido, para quem principalmente trabalhe com atletas devido à tensão provocado nesta área, provocando a sua ruptura, que pode ser mistificado pela sua localização, pelo seu tamanho e pela sua pouca importância anatômica na articulação do tornozelo. Abstract The muscle short plantare is a short muscle that is a part of posterior superficial leg compartment joined with gastrocnemiuns and soleus muscles. Is a muscle very thin and tendinosous in quite all its extension, exercising a little importance in the movements of the legs, because it is in a vestige in the human body. The plantar-flexion on the ankle is done by other muscles more potents, that accompany it, while it can be removed without any damage to this movement, although its damage cause important disturbs, as described in our revision. It must be remembered, to whom works with athletes owing to stress in this area, that rupture can be forget sometimes, because of its localization, size and poor anatomic importance, in the ankle articulation. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Introdução Pouco se tem comentado sobre a importância clínica do músculo plantar delgado provavelmente por que sua ausência não influencia nos movimentos do joelho e do tornozelo. Resolvemos então fazer uma breve revisão, em relação a este músculo, sobre os achados anatômicos no ser humano e em alguns animais, sua escala evolutiva e racial, bem como sua importância clinica. Revisão anatômica Segundo Moore [1], o músculo plantar delgado faz parte do compartimento posterior superficial da perna, sendo um pequeno músculo de tamanho e extensões variáveis. Possui um corpo carnoso, muito curto, fusiforme, que se origina no côndilo lateral do fêmur, descendo obliquamente e terminando em um tendão aplainado, muito delgado e quase filiforme cujo o trajeto varia de 5 a 12 cm e continua na mesma direção do corpo muscular, se estendendo por uma capa celulosa que se encontra entre o músculo sóleo e os gêmeos. Após desprender-se desta capa, o tendão então se insere na borda interna do tendão calcâneo, de acordo com descrição feita por Latarjet e Testut [2]. O músculo plantar delgado é inervado pelo nervo tibial, vascularizado pelas artérias e veias poplíteas, atuando na flexão plantar juntamente com o músculo solear e os gêmeos, ao nível da articulação do tornozelo, ao levantar o calcanhar contra o peso do corpo, como na marcha e na posição ereta, sobre as pontas dos pés [3]. Dividindo-se as relações do músculo plantar em superior e inferior, segundo Latarjet e Testut [2], verificaremos que na metade superior ele estará coberto pelos músculo gêmeos, passando superficialmente ao ligamento posterior do joelho, bem como aos músculos poplíteos e sóleo. Na metade inferior, o músculo, reduzido a um simples tendão, segue pela face interna do tendão calcâneo (Aquiles), participando de suas relações. O músculo plantar delgado pode também possuir alterações de sua estrutura anatômica, como : possuir 2 tendões, um proximal e outro distal, com a porção muscular (carnosa) na posição intermediária, ou um tendão na parte proximal e a parte carnosa na parte distal 99 (plantaris inversus) conforme descrito por Goss e Gray [4]. Também em relação à sua constituição, poderemos verificar a existência somente da parte muscular, sem tendão ou de uma reduzida faixa tendinosa sem a porção muscular, ser duplo ou até mesmo inexistir. Alterações na sua origem, também são observadas por Latarjet e Testut [2] como por exemplo, a de se originar na tíbia, na aponeurose do músculo poplíteo, na fíbula, na aponeurose da perna e nos músculos vizinhos. Em relação à sua inserção, o mesmo poderá faze-lo por cima do tendão calcâneo, no ligamento anular interno ou no tecido celular situado entre os músculos gêmeos e sóleo. Estudo clínico O tendão plantar é tão satisfatório para um enxerto quanto o tendão do músculo palmar, mas apesar de poder ser removido sem causar qualquer incapacidade de movimentos do joelho ou do tornozelo e de comportar a vantagem de ser quase duas vezes mais longo (o suficiente para proporcionar dois enxertos), tem como desvantagem o fato de ser menos acessível que o músculo palmar longo. Sua ausência não é desprezível. De acordo com Kirschener, Guleke e Zenker [5], ele está presente em 93% das pessoas. Latarjet e Testut [2], descrevem a sua presença por faixas como: 95% dos negros, 92% dos europeus, 90% dos chineses e 80% dos japoneses. O músculo flexor curto plantar é considerado um derivado genético do plantar delgado, o qual se estenderia primitivamente desde a perna à aponeurose plantar e aos dedos do pé. O músculo plantar delgado emigraria do pé, originando desta forma o flexor curto plantar. O destino primitivo do plantar delgado seria de unir-se à aponeurose plantar e inserir por meios desta às primeiras falanges dos dedos; disposição esta que se encontra em grande número de animais, sobretudo nos macacos inferiores. No homem este músculo não existe mais do que em um estado de vestígio, se fixando no calcâneo mais por uma inserção indireta e sendo um débil auxiliar do tríceps sural. Desempenha nos animais de escala evolutiva próxima a nossa, um grande papel de flexor da perna. Nos macacos, se separa 100 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 da parte distal do tendão calcâneo, que logo forma a aponeurose plantar. Portanto, é a partir dos macacos que se verifica a sua regressão, sendo isto comprovado pela sua inexistência nos gibons (raça superior de macacos) e nos gorilas, conforme descrito por Latarjet e Testut [2]. Comparando a anatomia dos humanos com os vertebrados verifica-se que os longos ventrais do membro inferior são vigorosos em todos os tetrápodos. A maioria dos seus representantes está centrada no gastrocnêmio, cujos ventres musculares constituem a “panturrilha da perna”. Os répteis resolveram esse problema colocando uma camada de tecido (aponeurose) abaixo do tornozelo, com músculos e tendões inserindo-se em suas extremidades proximal e distal. De acordo com Romer e Parsons [6] o músculo plantar no réptil é representado pelo gastrocnêmio externo, no urodelo pelo fibulotarsalis, na rã, pelo tibial posterior e na ave, pelo tibial posterior, poplíteo e gastrocnêmio. Nos mamíferos, entretanto, desenvolveu-se um novo tipo de artifício para a elevação do pé, que para a ação de alavanca dos músculos da panturrilha, eles se inserem no tubérculo do calcâneo. As principais cabeças do gastrocnêmio, não mais se prolongam até a região plantar, mas inseremse por meio do tendão calcâneo no referido tubérculo. A importância clínica do músculo plantar está na possibilidade de sua ruptura durante movimentos bruscos do tornozelo. A dorsiflexão súbita da articulação do tornozelo pode romper o tendão delgado e longo deste frágil músculo. Na maioria dos casos de ruptura aparente do tendão do músculo plantar, as fibras musculares do tríceps da perna também são laceradas. Esta lesão é comum em jogadores de basquete, velocistas e bailarinas. Surpreendentemente, a dor após a ruptura do tendão do músculo plantar pode ser tão intensa que a pessoa fica incapaz de sustentar o peso sobre os pés. Também foram analisadas outras lesões do músculo plantar que devem ser levadas em consideração como a perna de tênis ou de tenista que se observa a ruptura ou rotura parcial da união musculotendinosa do músculo gastrocnêmio e plantar e o acidente descrito como nome de Latigazo que é a rotura do tendão do plantar delgado consecutiva a uma brusca contração dos músculos posteriores da perna. Efetivamente é difícil admitir que esta afeção, caracterizada por uma dor súbita, inchação rápida e impotência mais ou menos acentuada do membro, possa ser produzida pela rotura de um tendão tão tênue como o do plantar delgado, tendão este inclusive que pode ser removido para cirurgia de reconstrução dos tendões da mão, segundo Moore [1]. Referências 1. 2. 3. 4. 5. 6. Moore KL. Anatomia orientado para o clínico. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1994. p. 406 e 407. Testut L, Latarjet A, Tratado de anatomia humana 3ª ed. São Paulo: Salvat Editora; 1959, vol 1. Latarjet M, Liard AR. Anatomia Humana. 2ª ed. São Paulo: Panamericana; 1993. p 800-859. Gray H, Goss CM. Anatomia. 29ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara; 1988. p 413-416. Kirschner N, Guleke N, Zenker R, Tratado de técnica operatória. Romer AS, Parsons TS. Anatomia comparada dos vertebrados. 1ª ed. São Paulo: Atheneu; 1985. p 242249. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 101 Revisão Morbidade após o tratamento para câncer de mama Morbidity after breast cancer therapy ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Anke Bergmanna, Inês Echenique Mattosb, Rosalina Jorge Koifmanc, Sérgio Koifmand Projeto Câncer de Mama e Genética, Instituto Fernandes Figueira/MS - FIOCRUZ, de Saúde Pública / FIOCRUZ a b, c, d DEMQS / Escola Nacional Resumo Várias complicações relacionadas ao tratamento para câncer de mama têm sido relatadas, e suas importâncias na qualidade de vida das mulheres são inquestionáveis. A fisioterapia vem desempenhando um importante papel na prevenção e minimização destas morbidades. O objetivo do presente trabalho é verificar a prevalência de complicações decorrentes do tratamento para câncer de mama, assim como a freqüência ao atendimento fisioterápico nestas condições. Metodologia: Foi realizado um estudo seccional com 400 mulheres em seguimento médico em um Hospital referência ao tratamento de câncer de mama no Rio de Janeiro, entre abril e agosto de 2000, e que preenchiam os critérios de inclusão. Os dados foram obtidos através de uma entrevista semi-estruturada e complementadas pelo exame físico. Resultados: As mulheres estudadas apresentavam idade média de 59 anos (29 a 87), 44% moravam com um parceiro, 63% tinham até o primeiro grau incompleto e 19% relataram estar trabalhando na data da entrevista. A prevalência de linfedema obtida através da circunferência foi de 47%. As outras morbidades observadas foram: algia no membro superior (40%), algia na cicatriz cirúrgica (27%), seroma (54%), retardo de cicatrização (17%), alteração de sensibilidade (55%), escápula alada (6,8%), dificuldade na rotação externa e abdução (25%), dificuldade na rotação interna anterior (1%), dificuldade na rotação interna posterior (35%), diminuição da mobilidade articular do ombro (15%). Considerando como atendimento fisioterápico pelo menos uma consulta para orientação, avaliação ou tratamento específico, a prevalência foi de 16,5% entre todas as mulheres estudadas. Conclusão: A prevalência do linfedema foi bastante alta, estando compatível com as maiores prevalências apresentadas na literatura. A pre- 102 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 venção das complicações através de recursos fisioterápicos é possível, e estudos precisam ser realizados a fim de delinear os fatores envolvidos nos seus desenvolvimentos, assim como condutas fisioterápicas objetivando prevenção e minimização precisam ser incentivadas durante todo o acompanhamento destas mulheres. Palavras-chave: câncer de mama, morbidade, linfedema, fisioterapia. Abstract Several complications related to breast cancer treatment have been reported, and its importance to women’s life quality is unquestionable. Physiotherapy has been carrying out an important role in preventing and minimizing these death rates. The purpose of the current work is to verify the complications prevalence due to breast cancer treatment, as well as the frequency at the physiotherapeutic care in these conditions. Methodology: A sectional study with 400 women in the medical segment was accomplished at a breast cancer hospital in Rio de Janeiro, between April and August 2000, who fulfilled the inclusion criteria. Information were obtained through a semi-structured interview and complemented by a physical examination. Results: The studied women presented an average age of 59 years old (29 to 87), 44% lived with a partner, 63% had not finished elementary school and 19% reported to be working at the interview date. The lymphedema prevalence obtained across the circumference was 47%. Other morbidities observed were: algia on the upper limb (40%), algia on the surgical scar (27%), seroma (54%), delayed cicatrisation (17%), sensitiveness alteration (55%), winged scapula (6,8%), difficulty in external rotation and abduction (25%), difficulty in internal anterior rotation (1%), difficulty in posterior internal rotation (35%), decrease in the shoulder articulation mobility (15%). Considering as physiotherapeutic care at least one consult for orientation, evaluation or specific treatment, the prevalence was 16.5% among all women studied. Conclusion: Lymphedema prevalence was very high, being compatible with the highest prevalence reported in literature. Prevention of complications through physiotherapeutic resources is possible, and more studies are to be accomplished in order to outlay the involved factors in its development, as well as physiotherapeutic conducts focused to prevention and minimization should be encouraged during all the follow up of these women. Key-words: breast cancer, morbidity, lymphedema, physical therapy. Endereço para correspondência: Anke Bergmann, Av. Lineu de Paula Machado, 905 / 607 – Jardim Botânico – Rio de Janeiro – RJ, Tel: (21) 239-8177 / 9955-8733 E-mail: [email protected], [email protected] Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Introdução As doenças neoplásicas representam um importante problema de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, de acordo com estimativas realizadas pelo Ministério da Saúde para o ano de 2000, são estimados 284.205 casos novos e 113.958 óbitos por câncer dos quais 51,17% dos casos e 46,01% dos óbitos corresponderão ao sexo feminino. As maiores taxas de incidência neste sexo serão as neoplasias de mama (33,58/100.000), sendo também a primeira causa de óbitos entre as mulheres (9,78/100.000) [1]. No estado do Rio de Janeiro, são estimados 5.280 casos novos de câncer de mama, correspondendo a 18,63% de todos os casos no Brasil [1]. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhores as condições de tratamento e maior a sobrevida das mulheres acometidas. Conforme dados do National Cancer Data Base [2], nos Estados Unidos, 56,2% dos casos diagnosticados de câncer de mama eram dos estádios 0 e 1. No Brasil, a situação é bem mais grave e preocupante. De acordo com dados de registros hospitalares de câncer no ano de 1992 [1], no HC / INCa / RJ, apenas 3,6 % dos casos foram diagnosticados nos estádios 0 e 1. A estratégia de tratamento a ser preconizada para as mulheres com câncer de mama depende, diretamente, do estadiamento tumoral (TNM); assim, na medida em que o tumor seja diagnosticado em estádios mais avançados, os recursos terapêuticos se tornam mais limitados e mutilantes, sendo maior a morbidade pós-tratamento [3, 4]. A abordagem terapêutica do câncer de mama envolve a cirurgia, quimioterapia, radioterapia e hormonoterapia. Normalmente os tratamentos preconizados associam duas ou mais abordagens, levando em consideração, também, as características individuais, tanto psicológicas, como clínicas, visando obter uma melhor qualidade de vida pós-tratamento [5]. Os tratamentos cirúrgicos podem ser divididos em conservadores e radicais. Ambos os tipos são, atualmente, associados à linfadenectomia axilar total ou parcial. Segundo o National Breast Cancer Centre - NBCC [5], as técnicas conservadoras apresentam um número menor de complicações e, sempre que indicadas, devem ser realizadas, uma vez que 103 diversos estudos publicados não mostraram diferenças entre os dois tipos de tratamento cirúrgico em relação ao aparecimento de metástases à distância. Os linfonodos axilares são removidos a fim de se obter informações acuradas sobre o estadiamento, para que seja obtido um melhor controle local da doença e para planejar a terapia sistêmica a ser empregada. O status axilar é um importante fator preditor na sobrevida das mulheres com câncer de mama. Entretanto, devido à morbidade associada a este procedimento, algumas técnicas, como o linfonodo sentinela, vem sendo pesquisadas, objetivando dissecções axilares menos radicais, com o mesmo nível de informação obtida pela linfadenectomia total [6]. Várias complicações decorrentes do tratamento para câncer de mama têm sido relatadas, sendo o linfedema secundário do membro superior, uma das principais. O linfedema pode ser definido como todo e qualquer acúmulo de líquido, altamente protéico, nos espaços intersticiais. Ocorre como resultado de uma carência mecânica na dinâmica do sistema linfático, reduzindo assim a sua capacidade no transporte da linfa. A sua instalação se dá após a exaustão de todos os artifícios de compensação, sendo eles: circulação colateral; dilatação linfática; neo-anastomoses linfo-linfáticas ou linfo-venosas; aumento da capacidade de transporte; e aumento de metabolismo celular, seja pela pinocitose ou proteólise [7]. Sua prevalência tem variado entre os estudos realizados de 9 a 40%, dependendo do tempo de seguimento, da classificação e dos critérios utilizados para a definição de caso. As mulheres com linfedema costumam relatar sensação de peso no membro, sensação de que a blusa, relógio e anel estão apertados, sensação que a pele está esticada e diminuição da flexibilidade na mão, cotovelo ou ombro [8], caracterizando então os sintomas subjetivos do linfedema. Para verificar as alterações e complicações provocadas pelo tratamento para câncer de mama, alguns estudos foram publicados (Tabela 1). As oscilações entre as prevalências derivam de diferenças metodológicas, tempo de acompanhamento após a primeira intervenção médica e diferentes tratamentos empregados no câncer de mama. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 através do relato da paciente de parestesia, anestesia, hiperestesia ou hipoestesia na região interna do braço ipsilateral ao tratamento para câncer de mama [13]. Para verificar o grau de mobilidade do ombro foram realizados testes de mobilidade ativa da cintura escapular, compreendendo movimentos de abdução e rotação externa (fig. 1), rotação interna e adução anterior (fig. 2), rotação interna e adução posterior (fig. 3) e alcance da mobilidade (fig. 4) [13]. A mobilidade articular do ombro para cada movimento realizado, foi definida como: amplitude total, amplitude satisfatória, amplitude limitada, amplitude muito limitada, ausência de amplitude. Fig. 1 Fig. 3 Fig. 2 Fig. 4 105 nado proeminente [13]. Foi estratificado em: normal, pouco, médio e muito proeminente. A algia no membro superior foi considerada a partir do relato de dor no membro ipsilateral após o tratamento para câncer de mama. A algia cicatricial foi definida pelo relato de dor na região operada. O hematoma foi definido pelo relato de “mancha roxa muito grande” que tenha sido necessária drenagem ou aspiração na área afetada. O retardo de cicatrização foi considerado pela necessidade de cuidados locais pósoperatórios por mais de duas semanas. O relato de “pele escura” nas áreas adjacentes a cirurgia, com necessidade de debridação foi considerado como necrose. Foi considerado consulta fisioterápica o relato de pelo menos um atendimento fisioterápico para avaliação, orientação ou tratamento específico realizado após o diagnóstico de câncer de mama, em qualquer instituição pública ou privada. Foi estratificado de acordo com o momento de execução: pré-operatório, durante a internação (hospitalar), ambulatorial e domiciliar. Resultados As mulheres incluídas no estudo apresentaram idade média de 59 anos (29 a 87), sendo que 43,8% moravam com um parceiro, 63,5% tinham até o primeiro grau incompleto, 19,3% estavam trabalhando fora do domicílio na data da entrevista (Tabela 1). Tabela 1 - Dados demográficos Fig. 5 A escápula alada foi definida pela presença de hipotonia do músculo serrátil anterior, observada através de movimento resistido (fig. 5), e considerada caso o ângulo inferior da escápula ipsilateral ao tratamento para câncer de mama tenha se tor- Variável Estratos Grupos etários até 40 anos 41 a 50 anos 51 a 60 anos 61 a 70 anos acima de 70 anos Frequência 12 84 123 94 85 % 3 21,1 30,9 23,6 21,4 Estado civil Solteira Casada Companheira Separada/divorc. Viúva 71 169 6 45 109 17,8 42,3 1,5 11,3 27,3 Escolaridade Até 1º incompleto 1º completo e + 254 144 63,5 36 Atividade remunerada Sim Não 77 323 19,3 80,8 106 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Os tratamentos cirúrgicos para o câncer de mama foram conservadores em 27%. Foi preconizada radioterapia adjuvante em 60,3%, quimioterapia em 60,5% e hormonoterapia em 43%. A reconstrução mamária foi realizada em 7,5% das mulheres (Gráficos 1 e 2). Gráfico 1 – Tratamentos adjuvantes lo e punho, 16,5% sensação que a blusa estava apertada no terço superior do braço e 10% relataram ter sensação que o anel e relógio estavam apertados (Tabela 3). Tabela 2 - Complicações pós-operatórias Complicações seroma linfedema retardo cicatrização Infecção MS escápula alada necrose Infecção cicatriz hematoma Prevalência (%) 54,3 47,3 17,0 9,3 6,8 3,5 3,3 1,0 Tabela 3 - Sintomatologias relatadas Gráfico 2 – Tratamentos cirúrgicos Sintomas alteração de sensibilidade algia em MS peso no membro algia cicatriz pele esticada diminuição movimentos blusa apertada anel e relógio apertados Prevalência (%) 55,3 40,5 29,3 27,0 19,0 18,5 16,5 10,0 Com relação às alterações na dinâmica dos movimentos, a rotação externa e abdução estavam limitadas em 25%, a rotação interna e adução anterior em 1,0%, a rotação interna e adução posterior em 35,5% e o alcance da mobilidade em 15,3% (Tabela 4). Tabela 4 - Limitação de movimentos de MsSs Limitação de movimentos Prevalência (%) A prevalência do linfedema, decorrente do tratamento para câncer de mama, nas mulheres estudadas foi de 47,3%, considerando o ponto de corte = 1,5 cm de diferença entre os membros ipsilateral e contralateral. A algia no membro superior ipsilateral foi reportado em 40,5%, e na cicatriz cirúrgica em 27%. A infecção no membro superior foi relatada em 9,3% das mulheres, e na cicatriz cirúrgica em 3,3%. A necrose cicatricial foi observada em 3,5%, seroma em 54,3%, hematoma em 1% e o retardo de cicatrização em 17% (Tabela 2). Como sintomas subjetivos de linfedema na data da entrevista, 29,3% relataram sensação de peso no membro, 19% sensação de pele esticada, 18,5% diminuição dos movimentos de cotove- Rotação externa + abdução Rotação interna + adução ant. Rotação interna + adução post. Alcance da mobilidade 25,0 1,0 35,5 15,3 Das mulheres estudadas, 16,5% relataram ter feito ao menos uma consulta com o fisioterapeuta para avaliação, tratamento ou orientação específica após o diagnóstico para câncer de mama, sendo que 0,8% no pré-operatório, 0,5% durante a internação, 14,5% no ambulatório e 1,8% a domicílio (Tabela 5). Tabela 5 - Consulta fisioterápica Consulta fisioterápica pré-operatória hospitalar ambulatorial domiciliar total Freqüência (%) 0,7 0,4 14,0 1,5 16,5 104 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 no estado do Rio de Janeiro, entre os dias 10 de abril e 03 de agosto de 2000. Autor / ano Complicação Prevalência (%) Foram selecionadas as mulheres Corneillie / 1984 [23] Deiscência cicatricial 0,8 que compareceram ao ambulatório de Necrose 0,3 mastologia para consulta de seguiInfecção cicatricial 1,3 mento médico no período referido. Hematoma 1,3 Foram excluídas do estudo: mulheSeroma 17,5 res com câncer de mama bilateral; auAitken / 1989 [21] Alterações mobilidade ombro 34,3 sência de linfadenectomia axilar; doDificuldade nas AVD’s 23,7 ença ativa locorregional ou à distânPaci / 1996 [3] Lesão nervo intercostobraquial 45 Lesão do nervo torácico longo 12,6 cia; relato de alteração funcional em Seroma 14,3 membros superiores anterior ao traNecrose de pele 2,5 tamento para câncer de mama; trataInfecções 18,9 mento cirúrgico realizado há menos Alterações mobilidade ombro 18,9 de 6 meses da data da entrevista e muLiljegren / 1997 [22] Algia em membro superior 40 lheres que não apresentaram condiAlterações mobilidade ombro 4 Dormência (lesão do intercostobraquial) 20 ções de responder às perguntas. Fraqueza no braço 20 As mulheres que preencheram os Warmuth / 1998 [19] Dificuldade nas AVD’s 35 critérios de inclusão foram informaAlterações mobilidade ombro 8 das sobre a pesquisa, e na aceitação Infecções 9 em participar, assinaram o consentiKakuda / 1999 [20] Algia em membro superior 28 mento informado. Algia em plastrão 36 Foi realizado um pré-teste na SanAlterações na mobilidade do ombro 23 ta Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, enfermaria 28, no mês de marA fisioterapia tem uma importante função ço de 2000, a fim de validar e padronizar os na prevenção e minimização de complicações instrumentos de coleta de dados. decorrentes do tratamento para câncer de Os dados foram obtidos através de uma mama [9, 10]. A prática fisioterápica está deientrevista semi-estruturada e complexando de ser apenas “curativa/reabilitativa”, mentados pelo exame físico. mas estende-se principalmente à prevenção, A definição de caso de linfedema foi realia fim de proporcionar cada vez mais, uma zada através da perimetria realizada em cinco melhor qualidade de vida a estas mulheres. pontos: a 21 cm e 11,5 cm acima do olecrano; e No Brasil, o câncer de mama geralmente é a 7,5 cm, 14 cm e 24 cm abaixo do olecrano diagnosticado em estádios tumorais mais [11], sendo considerado linfedema quando a avançados. Os tratamentos, conseqüentemencircunferência de uma ou mais medidas no te, tendem a ser mais radicais, e as possibililado afetado foi 1,5 cm maior que a circunfedades de complicações se tornam maiores. O rência do mesmo ponto no membro objetivo do presente trabalho foi verificar a contralateral. morbidade decorrente do tratamento para cânAs sintomatologias sugestivas de linfedema cer de mama nas mulheres que estavam em (peso no membro, pele esticada, diminuição acompanhamento médico em um hospital redos movimentos, e sensações de “inchaço” no ferência ao tratamento para câncer de mama braço, punho e dedos), foram obtidas através no período do estudo. de relatos após seis meses de pós-operatório. O seroma foi definido através do relato de Metodologia coleção de líquidos formados após a retirada Foi realizado um estudo de prevalência de do dreno de sucção, com necessidade de aspilinfedema em 400 mulheres submetidas a traração [12]. tamento para câncer de mama, em acompaA alteração de sensibilidade na região nhamento médico em um hospital público de interna do braço afetado foi verificada pela referência ao tratamento de câncer de mama lesão do nervo intercostobraquial, definida Tabela 1- Estudos sobre complicações pós-tratamento para câncer de mama Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Na Tabela 6 encontram-se listadas a freqüência à consulta fisioterápica em algumas complicações observadas. Entre as mulheres que apresentaram linfedema, 19,57% relataram ao menos uma consulta fisioterápica. A limitação na rotação interna, entre as dificuldades de movimento observadas, foi a que apresentou maior freqüência à consulta fisioterápica (25%), as demais oscilaram entre 20% e 23%. Tabela 6 - Freqüência da consulta fisioterápica nas complicações Complicação Linfedema Escápula alada Alcance da mobilidade Rotação interna e adução posterior Rotação interna e adução anterior Rotação externa e abdução Freqüência (%) 19,57 22,0 21,31 20,42 25,0 23,0 Discussão Os tratamentos cirúrgicos para câncer de mama realizados na população fato do estudo foram, em sua maioria, radicais, podendo ser explicado pelo provável estadiamento avançado em que se encontram as mulheres no momento do diagnóstico. Segundo dados dos registros hospitalares do HC/INCa [1], no ano de 1992, 21,1% dos diagnósticos de câncer de mama foram realizados no estádio II, 31,6% no estádio III e 17,8% no estádio IV. A reconstrução mamária foi pouco realizada, não estando acessível a grande parte das mulheres. Os tratamentos adjuvantes foram realizados com bastante freqüência. A radioterapia tem um importante papel no controle local da doença, e seus benefícios justificam as possíveis complicações associadas ao seu uso [14]. A quimioterapia visa um tratamento sistêmico, e suas complicações não estão intimamente relacionadas às morbidades observadas neste estudo, o mesmo acontecendo com a hormonoterapia. Entretanto estes dados nos levam novamente a acreditar no diagnóstico tardio, onde os tratamentos realizados são mais radicais e as possibilidades de complicações pós-operatórias se tornam maiores. O linfedema representa uma das principais complicações decorrentes do tratamento para câncer de mama. Isso se deve não somente a sua cronicidade, como também aos aspectos 107 psicossociais envolvidos com o seu aparecimento. Estudos demonstram que mulheres que desenvolvem linfedema apresentam alterações psicológicas, sociais, sexuais e funcionais importantes quando comparadas com as mulheres submetidas ao tratamento para câncer de mama, mas que não desenvolveram o linfedema [15-18]. O tratamento do linfedema, denominado TFC ou linfoterapia, visa a minimização e o controle do volume do membro, porém trata-se de uma alteração crônica, sendo a prevenção do linfedema de extrema importância. A fisioterapia dispõem de técnicas e recursos altamente capacitados a este fim [9], entretanto ainda são pouco utilizados. A escápula alada apresentou uma prevalência de 6,8%. Esta complicação era bastante freqüente nas cirurgias radicais, onde os músculos peitorais não eram preservados (Halsted). Atualmente, os estudos publicados não relatam esta complicação [19, 20]. As sintomatologias relatadas pelas mulheres participantes do estudo obtiveram alta prevalência. Essas sintomatologias (excluindo-se a algia cicatricial) podem ser sugestivas de linfedema, algumas vezes subclínico [8] e não devem ser ignoradas. Uma adequada avaliação e acompanhamento devem ser realizados, buscando minimizar as sintomatologias e prevenir a evolução do quadro. As limitações de movimentos da cintura escapular tiveram alta prevalência, estando de acordo com o que foi observado por Aitken [21]. Paci encontrou prevalência de 18,9% [13], Liljegren 4% [22], Warmuth 8% [19] e Kakuda 23% [20]. O acesso ao atendimento fisioterápico foi restrito. Estudos foram publicados mostrando a importância da fisioterapia na prevenção, minimização e tratamento das complicações decorrentes do tratamento para câncer de mama [9, 17]. Conclusão A incidência do câncer de mama vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. Atualmente, a sobrevida destas mulheres é maior quando comparada com períodos anteriores, isto ocorrendo devido a técnicas diagnósticas e recursos terapêuticos cada vez mais eficazes. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 108 A qualidade de vida das mulheres sobreviventes é de fundamental importância e todo o tratamento deve ser realizado, tomando-se o cuidado de prevenir e minimizar complicações que possam interferir no bem estar físico e psicológico destas mulheres. A fisioterapia representa um grande aliado na busca da qualidade de vida após o tratamento para câncer de mama, e estudos precisam ser realizados a fim de quantificar a eficácia destes tratamentos na população brasileira, uma vez que as complicações ainda fazem parte da nossa rotina ambulatorial. Agradecimentos Gostaríamos de agradecer ao Dr. Pedro Aurélio Ormonde do Carmo, diretor do HLGL/ INCa III, Dr. José Sigiliano, chefe da Mastologia do HLGL/INCa III, Fisioterapeuta Silvia Bacellar do HC / INCaI, Enf. Cristina, chefe de enfermagem do ambulatório de mastologia do HLGL/INCa III, e Dr. Ricardo Chagas, chefe da mastologia da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro pelo apoio recebido durante a execução do trabalho. Referências 1. 2. 3. 4. 5. Instituto Nacional do Cancer (INCa/MS) – Pró-onco. Internet (htpp://www.inca.org.br). National Cancer Data Base (NCDB), 1999. Internet (htpp: // www.facs.org /about_college /acsdept/ cancer_depto/programs/ncdb). Paci E, Cariddi A, Barchielli A, Bianchi S, Cardona G, Distante V, Giorgi D, Pacini P, Zappa M, Del Turco M. Long-term sequelae of breast cancer surgery. Tumori 1996; 82: 321-4. 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Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 109 Revisão O processo de degeneração walleriana e os eventos moleculares nele envolvidos - uma revisão com enfoque no sistema nervoso periférico Wallerian degeneration and the molecular events involved in it - a review focused in the peripheral nervous system Solange Canavarro Ferreiraa, Ana Maria Blanco Martinezb ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Hospital de Força Aérea do Galeão, b Laboratório de Neurohistologia e Ultraestrutura - Departamento de Histologia e Embriologia do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ. a Palavras-chave: degeneração Walleriana, sistema nervoso periférico, neuropatias periféricas. Resumo A descoberta do fenômeno de degeneração Walleriana por Augustus Waller em 1850 foi de tal forma determinante para os conceitos da neurociência então vigentes que tornou-se a base de muitas outras descobertas no campo da neurobiologia. O conhecimento dos eventos moleculares envolvidos no processo de degeneração walleriana pode ajudar na compreensão do fenômeno em si, do prognóstico das mais diversas lesões do sistema nervoso periférico e por fim, pode dar pistas para a interrupção do processo propriamente dito. Esta revisão tem o objetivo de discorrer sobre a seqüência de eventos envolvidos neste processo, a fim de dar auxílio ao fisioterapeuta que se vê diante de uma lesão do sistema nervoso periférico para que saiba o que esperar em termos prognósticos. Key-words: Wallerian degeneration, peripheral nervous system, peripheral neuropathies. Abstract When Augustus Waller described the Wallerian degeneration phenomenon in 1850, this was such a remarkable discovery that it changed dramatically neuroscience concepts then. This way, it became the basis for several other discoveries in the neurobiology field. The knowledge about molecular events that underlie Wallerian degeneration can help understanding the phenomenon itself, the prognosis of different peripheral nervous system diseases and finally, can give cues to the interruption of the process. This review aims to describe the sequence of events involved in the process in order to help physical therapists dealing with peripheral neuropathies to know what to wait in prognostic terms. Endereço para correspondência: Solange Cavarro Ferreira, Universidade Estácio de Sá, Av. Pres Vargas 642, 22o andar, Tel 206-9750, Email: [email protected] 110 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Quando Augustus Waller observou pela primeira vez em 1850 a degeneração do segmento distal de um nervo periférico secionado acompanhado da sobrevivência do seu segmento proximal (degeneração walleriana), não imaginava o quanto esta descoberta transformaria os conceitos de neurobiologia então vigentes. A degeneração walleriana é o evento celular com o qual culminam grande parte das patologias do sistema nervoso. O estudo dos estágios iniciais desta degeneração tem sido realizado de forma exaustiva por diversos pesquisadores a fim de determinar os eventos moleculares críticos neste processo e por conseguinte tentar interrompê-lo. Cabe ao fisioterapeuta ter a real compreensão dos eventos que determinam esta entidade patológica a fim de analisar de maneira consistente seu verdadeiro papel no processo terapêutico. Para a melhor compreensão deste processo, este artigo iniciará por discorrer sobre a fibra nervosa normal e em seguida sobre os eventos moleculares subseqüentes a uma lesão. O axônio normal Os nervos espinhais são formados por conjuntos de axônios que emergem do corno anterior da medula espinhal (motores) e do gânglio da raiz dorsal (sensitivos), onde estão seus corpos celulares. O axônio é a região do neurônio responsável pela condução do estímulo nervoso tanto no sentido centrípeto (inputs sensoriais) quanto no sentido centrífugo (outputs motores). Os conjuntos de axônios são envoltos por membranas conjuntivas que circundam todo o nervo (epineuro), feixes de fibras (perineuro) e cada fibra individualmente (endoneuro). As bainhas conjuntivas são essenciais para a proteção da fibra nervosa e estão orientadas de forma a limitar o estiramento mecânico do nervo tanto por movimentos do corpo, como por forças externas aplicadas [1]. Sua integridade é importante também nos processos de regeneração nervosa. Acompanhando os axônios do sistema nervoso periférico, estão as células de Schwann, que ao longo do desenvolvimento, elegem axônios de maior calibre e se enrolam ao seu redor formando a bainha de mielina. À reunião de um axônio com uma célula de Schwann formadora de mielina dá-se o nome de fibra mielínica. Grupos de axônios de menor calibre são envolvidos por células de Schwann que, neste caso não irão formar mielina, constituindo as chamadas fibras amielínicas. As relações espaciais estabelecidas entre a mielina e a membrana do axônio ao longo do seu eixo dividem o axônio em três regiões básicas, a saber: l nodo – região do axônio desprovida de mielina. l paranodo – região onde ocorre o contato entre as alças terminais de mielina e a membrana do axônio l internodo – região mielinizada do axônio. Cabe ressaltar que o axônio nunca está totalmente descoberto, pois mesmo na região nodal onde não há presença de mielina, processos citoplasmáticos da célula de Schwann separam a membrana nodal do meio externo. A mielina é um componente morfo-funcional importante pois está diretamente relacionada à velocidade de condução do nervo [2-4]; axônios mais calibrosos conduzem mais rápido e, por sua vez, o calibre do axônio é diretamente proporcional à espessura da bainha de mielina. Hipoteticamente, um axônio de 10 mm teria uma bainha de mielina de aproximadamente 140 lamelas de 18 nm de espessura cada. Desenrolada, esta mielina mediria cerca de 5500 mm [5]. Os axônios são inteiramente dependentes dos seus corpos celulares para sobreviver; pois não possuem uma maquinaria própria para síntese de proteínas. Eles são constituídos de axolema e axoplasma. Quando envolvidos individualmente por células de Schwann formadoras de mielina, são chamados de fibras mielínicas e quando envolvidos em grupos, ou mesmo individualmente por células de Schwann não formadoras de mielina, são conhecidos como fibras amielínicas. Axolema: É a membrana celular do neurônio. As possíveis interações entre o axônio e sua célula de Schwann tais como controle da produção de mielina e agrupamento de canais iônicos em certas regiões da membrana do axônio (Ex: canais de sódio no Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 axolema nodal) ocorrem via axolema [6]. Este é constituído de várias proteínas integrais e periféricas tais como proteínas de canais, enzimas e moléculas de adesão além de fosfolipídios. Estas proteínas de membrana estão distribuídas ao longo de todo axolema mas concentram-se nas regiões nodal e paranodal. Axoplasma: É o citoplasma do axônio, sendo constituído por citosol, organelas e inclusões axoplasmáticas. Apresenta organelas citoplasmáticas comuns a todos os tipos celulares à exceção de retículo endoplasmático granular, ribosomas livres e complexo de Golgi que estão presentes apenas no corpo celular, nos dendritos e no cone de implantação do neurônio. A ausência do retículo endoplasmático granular, torna o axônio incompetente para a síntese de proteínas indispensável à sua sobrevivência. As proteínas e organelas produzidas no corpo celular se locomovem ao longo do eixo do axônio através de um complexo sistema de transporte mediado por componentes do citoesqueleto. Das estruturas axoplasmáticas, a mais conspícua é o citoesqueleto, afinal ele determina o calibre, o padrão de crescimento, estabiliza o axolema e promove a maquinaria básica necessária ao transporte axoplasmático tanto anterógrado (do corpo celular para a periferia) quanto retrógrado (da periferia para o corpo celular). Ele é formado de microtúbulos (25 nm de espessura), neurofilamentos (10 nm de espessura) e microfilamentos de actina (4 a 6 nm de espessura). A célula de Schwann: As células de Schwann acompanham todas as fibras nervosas periféricas formando mielina nas mais calibrosas. Por esta razão, são divididas em: mielinizantes e não mielinizantes. Juntamente com as células satélites dos gânglios nervosos, são conhecidas como glia periférica. O axônio, uma vez em contato com a célula de Schwann é chamado de fibra. As células de Schwann não formadoras de mielina se estendem ao longo de grupos de axônios (em média de 5 a 20, podendo porém, ser na proporção de 1:1) de tal forma que cada axônio é separado do outro por um sulco longitudinal desta célula embainhadora. Estas fibras são conhecidas como amielínicas. 111 Nas fibras mielínicas, um único axônio é envolvido a cada internodo por uma célula de Schwann que enrola-se ao seu redor formando lamelas concêntricas. A mielinização começa uma vez que o axônio (destinado a ser de grande calibre), tenha atingido um diâmetro de 1 a 2 mm [3]. A célula de Schwann envolve o axônio e seus processos se enrolam em torno dele aproximando as duas faces da membrana plasmática de forma que pouco ou nenhum citoplasma permaneça entre elas; a isto chama-se compactação do citoplasma. A cada volta que estes processos dão em torno do axônio (podem ser até 140 nos mais calibrosos), forma-se uma lamela concêntrica. Na realidade, as lamelas nada mais são que vários pares de membranas plasmáticas enroladas em espiral. O processo de mielinização se completa após o nascimento até cerca de dois anos de idade em humanos e qualquer subseqüente aumento no comprimento do axônio após o término da mielinização, ocorre às custas de aumento no comprimento dos internodos já existentes e não à adição de novos internodos [3]. Os axônios de maior diâmetro são os primeiros a receber mielina, conseqüentemente, terão internodos mais longos que os de menor diâmetro. O processo de mielinização se completa após o nascimento até cerca de dois anos de idade em humanos e qualquer subseqüente aumento no comprimento do axônio após o término da mielinização, ocorre às custas de aumento no comprimento dos internodos já existentes e não à adição de novos internodos [3]. Os axônios de maior diâmetro são os primeiros a receber mielina, conseqüentemente, terão internodos mais longos que os de menor diâmetro. O processo de degeneração walleriana Em 1850, foi observada pela primeira vez a degeneração do segmento distal de um nervo secionado com a simultânea sobrevivência do segmento proximal. Este experimento foi realizado por Augustus Waller, um pesquisador inglês que com esta descoberta propiciou o suporte para diversas teorias como, por exemplo, a da síntese de proteínas no corpo celular e a do transporte axonal. À degeneração do coto distal do nervo secionado dá-se então o nome Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 112 A B C D A B C D Fig. 1 - Microscopia eletrônica de transmissão convencional n. sural normal Em (A) observamos um aspecto geral do fascículo nervoso em corte transversal delimitado pelo perineuro. Pode ser observada uma célula perineural (cabeças de seta). Notar as fibras amielínicas (estrela) e mielínicas (asterisco). A seta indica um núcleo de célula de Schwann não mielinizante. Barra: 1,7 mm. Em (B) pode ser visto um corte transversal de um feixe de fibras amielínicas com microtúbulos do citoesqueleto axonal (cabeças de setas). As setas indicam os neurofilamentos; m- perfil mitocondrial; ci- citoplasma da célula de Schwann; Co- fibrilas de colágeno do endoneuro. Barra: 0,25 mm. Em (C) e (D) fibras mielínicas cortadas transversalmente exibindo o aspecto uniforme de seu citoesqueleto axonal (setas). Nestas fibras podem ser vistos o mesaxônio interno (i) e o mesaxônio externo (e). As setas vazadas em (B) e (C) indicam a lâmina basal da célula de Schwann. A- axoplasma; Mi- mielina; mperfil mitocondrial. Fig. C - Barra: 0,25 mm.; Fig. D - Barra: 0,6 mm. Fig. 2 - Microscopia eletrônica de transmissão convencional n. sural degenerado. Células em diversos estágios de desintegração do citoesqueleto axonal em presença de uma mielina aparentemente íntegra (mi). Em (A), desintegração incipiente do citoesqueleto axonal, em (B) esvaziamento parcial do conteúdo axoplasmático com aparente acúmulo de organelas; a lâmina basal no entanto, mantém sua integridade (seta). A figura (C) nos mostra um esvaziamento quase completo do conteúdo axoplasmático e em (D) pode ser visto ao corte longitudinal, presença de material flocular no citoplasma axonal. Os asteriscos mostram perfis mitocondriais intumescidos e as estrelas mostram cisternas do retículo endoplasmático granular dilatadas no citoplasma da célula de Schwann.(A), (B) e (C) = corte transversal; (D) = corte longitudinal. Barras de calibração: (A) e (D) – 0,4 mm; (B) e (C) – 0,6 mm. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 de degeneração walleriana. O modelo de Waller foi a secção transversal, o que é relativamente pouco comum na prática clínica. No entanto, desordens de evolução lenta, inflamatórias, isquêmicas, compressivas, tóxicas ou metabólicas compartilham algumas características com a degeneração walleriana clássica e são por isso chamadas Walleriana-símile. A degeneração walleriana compreende uma série de eventos que se dividem basicamente em: - Alterações no citoesqueleto; - Alterações nas células de Schwann e na bainha de mielina; - Alterações nas barreiras hemato-nervosas; - Respostas dos macrófagos. Diversos pesquisadores estudaram a possibilidade de haver um padrão espaço-temporal para a degeneração walleriana, ou seja, se as alterações começam de forma centrípeta ou centrífuga em relação ao local da lesão. No entanto, muitos autores chegaram a resultados indicativos de que a degeneração ocorre de forma simultânea ao longo do axônio [7, 8]. Fibras mielínicas maiores degeneram-se ao mesmo tempo em que as menores [9]. Axônios do sistema nervoso central sobrevivem por mais tempo que os do sistema nervoso periférico [10]. Poucas horas após a lesão, a maior parte do coto distal aparenta estar normal exceto pela região imediatamente distal à lesão (zona de trauma), a qual apresenta acúmulo de organelas. Este acúmulo se deve ao material transportado retrógradamente. Outra alteração precoce na zona de trauma é o edema endoneural refletindo quebra na barreira hemato-nervosa. No restante do coto distal, as alterações são sutis com uma tendência a acúmulo de organelas sob os nodos de Ranvier e incisuras de Schmidt-Lanterman [11]. A condução do estímulo elétrico pode ainda ser elicitada no coto distal nesta fase. A duração deste estágio inicial varia entre as espécies (nos invertebrados a degeneração walleriana é mais lenta que nos mamíferos), depende do comprimento do coto distal (quanto maior, mais longa a sobrevida) e da temperatura (a sobrevida é maior em tecidos mais frios). A transmissão sináptica é interrompida precocemente, mesmo antes das primeiras alterações morfológicas detectáveis, devido à dege- 113 neração do terminal sináptico. O momento exato em que há esta falha, no entanto, é difícil precisar, já que depende de onde o nervo foi lesado, uma vez que quanto mais próxima do terminal for a lesão, mais rapidamente a transmissão sináptica será interrompida [12]. Após estas alterações preliminares, seguese a desintegração granular do citoesqueleto axoplasmático, que segundo Malbouisson, Ghabriel e Allt [8] inicia-se em torno de 24 horas após a lesão, quando se observa uma minoria de fibras com desintegração do citoesqueleto axonal; 30 horas pós-lesão, é possível detectar comprometimento de aproximadamente 25% das fibras, sendo que as 75% restantes apresentam-se metade normais e a outra metade em processo inicial de desintegração. Quarenta e oito horas pós-lesão, foram evidenciadas raras fibras normais. A desintegração do citoesqueleto axonal constitui um processo ativo de destruição por proteólise enzimática possivelmente mediada por calpaínas, que são proteases ativadas por cálcio [13]. A entrada de cálcio no axoplasma parece ter um papel dramático na deflagração do processo de degeneração walleriana como foi demonstrado por diversos autores [14-16]. Em condições normais, a concentração intraaxonal de íons cálcio é muito baixa; em fibras amielínicas, sua distribuição é homogênea, mas nas mielínicas o cálcio parece confinado a domínios específicos (maior concentração no axoplasma nodal, menor sob as incisuras de Schmidt-Lanterman e nenhum cálcio associado ao axolema). Recentemente, foi demonstrado que em fases precoces de degeneração walleriana (30 horas após lesão) a precipitação de cálcio perde sua característica domínio-específica e este aparece associado a áreas de desintegração do citoesqueleto [17] o que definitivamente coloca o cálcio como protagonista deste processo. Após a instalação do processo de desintegração granular do citoesqueleto iniciam-se as respostas de células não neuronais à lesão, tendo como uma das primeiras, a quebra na barreira hemato-nervosa, que ocorre imediatamente após a desintegração do citoesqueleto, de 24 a 48 horas póslesão. A desintegração de um pequeno número de axônios já parece ser suficiente para a deflagração deste evento. 114 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 As células de Schwann respondem de forma intensa à lesão axonal. Paulatinamente, há uma ampliação dos nodos de Ranvier em virtude da retração da mielina paranodal [18]. As alças terminais de mielina se separam do axolema, se separam entre si e se vacuolizam. O citoplasma da célula de Schwann aumenta de volume próximo aos nodos e emite processos que se insinuam entre as alças terminais de mielina e o axolema e também entre as lamelas, levando a uma retração ainda maior da mielina [11]. As alterações axonais precedem as da mielina porém, algumas fibras já as apresentam 24 horas pós-lesão. Cerca de 18 horas após o início da desintegração do citoesqueleto (3º dia pós–lesão), as células de Schwann entram em divisão celular (fase proliferativa) e atingem o máximo em 4 dias. As células de Schwann resultantes das divisões celulares formam cadeias de células que se interdigitam formando as bandas de Büngner. Nas fibras amielínicas degeneradas, também ocorre mitose nas células de Schwann. O estímulo necessário à mitogênese das células de Schwann, no entanto, permanece obscuro, mas ocorre sincronicamente com a replicação das células endoneurais como por exemplo: fibroblastos, mastócitos e células endoteliais. A divisão celular das células de Schwann corresponde a importantes modificações na síntese protéica destas células, que incluem sub-regulação da maior parte das proteínas de mielina e associadas à mielina. Esta sub-regulação é dependente da perda axonal [19]. A síntese de fatores neurotróficos, como o Nerve Growth Factor fator de crescimento neural (NGF) e do receptor de NGF entretanto, está aumentada. Cabe lembrar que estes receptores de NGF estão presentes durante fases precoces do desenvolvimento mas não estão presentes em fibras mielínicas adultas. Os eventos celulares e moleculares envolvidos no processo de degeneração walleriana aparentemente visam proporcionar caminhos para que ocorra a regeneração. No sistema nervoso periférico, diferentemente do sistema nervoso central, isto muitas vezes é possível e acredita-se que o sucesso da regeneração após lesão do sistema nervoso periférico, se deva ao meio ambiente propício, especialmente à presença das células de Schwann. A capacidade que as células de Schwann têm de induzir a regeneração axonal tem sido demonstrada experimentalmente por diversos pesquisadores. Vidal-Sanz et al. [20] fizeram um enxerto (de meio ambiente) de nervos periféricos num meio de sistema nervoso central e observaram que os enxertos induziram o crescimento de axônios adultos secionados do sistema nervoso central, porém Berry et al. [21] demonstraram que a eficácia destes enxertos depende fundamentalmente da presença de células de Schwann vivas. Os enxertos de células de Schwann e seus efeitos são amplamente abordados em Raisman [22]. A capacidade do sistema nervoso periférico de se regenerar, em contraposição à incompetência do sistema nervoso central de realizar o mesmo nos fornece numerosas questões para pesquisa. O quê exatamente impede o alongamento dos axônios centrais na direção do seu alvo? Que mecanismos deflagram a seqüência de eventos da degeneração walleriana? Existe alguma forma de interromper este processo, uma vez deflagrado? Os eventos moleculares envolvidos, juntamente com a análise do verdadeiro papel da célula de Schwann neste processo, podem nos fornecer pistas para responder a estas questões. Entretanto, é importante saber que este processo morfo-patológico é inexorável e que do ponto de vista fisioterapêutico até o momento não existe nada que vá interferir nesse processo. No entanto, uma vez mantidas as bainhas conjuntivas de forma a propiciar a regeneração, a fisioterapia agirá no sentido de manter as condições gerais dos tecidos para que a função possa se restabelecer no devido tempo, o que muitas vezes pode demorar meses ou anos. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Referências 1. Angevine JB. The Nervous Tissue in: A textbook of Histology. Bloom ER, Fawcett DW. cap.11:309-366. Ed Chapman e Hall 1994 20º edição. 2. Schwartz JH. The cytology of neurons, In: Kandell ER, Schwartz JH, Jessel TM Principles of Neural Science, Elsevier ed, 1985, 2ª edição, p 27-35. 3. Peters A, Palay SL, Webster HF. The fine structure of the nervous system – Neurons and their suporting cells, Ed.Oxford, 3ª edição, 1991. p 212 –272. 4. Alberts B, Bray D, Lewis J, Raff M, Roberts K, Watson JD. Molecular Biology of the Cell – Ed Garland Publishing 1994, 3ª edição. 5. Bertold C, Rydmark M. Morphology of normal peripheral axons. in “The Axon” Waxmann SG, Kocsis JD, Stys PK Oxford University Press, Oxford 1995, p15 - 48. 6. Waxman SG, Black JA. Macromolecular structure of the Schwann cell membrane: perinodal microvili. J Neurol Sci 1987;77:23-34. 7. Donat JR, Wisniewsky HM. The spatio-temporal pattern of Wallerian degeneration in mammalian peripheral nerves. Brain Res 1973;53:41-53. 8. Malbouisson AMB, Ghabriel MN, Allt G. The nondirectional pattern of axonal changes in Wallerian degeneration: a computer-aided morphometric analysis. J Anat 1984;139 (1):159-174. 9. Malbouisson AMB, Ghabriel MN, Allt G. Axonal degeneration in large and small nerve fibres – an electron microscopic and morphometric study. J Neurological Sci 1985;67:307-318. 10. Griffin JW, George EB, Hsieh S, Glass JD. Axonal degeneration and disorders of the axonal cytoskeleton in “The Axon”- Waxmann SG, Kocsis JD, Stys PK. New York Oxford, Oxford University Press 1995, p 375-390. 11. Ballin RHM, Thomas PK. Changes at the node of Ranvier during Wallerian degeneration: an electron microscope study. Acta Neuropathol (Berl) 1969;14: 237-249. 12. Jessel TM. Reactions of Neurons to Injury in 115 “Principles of Neural Science” Kandell ER, Schwartz JH, Jessel TM. Elsevier Ed, 1985, 2ª edição, p 27-35. 13. Schlaepfer WW, Hasler MB. Characterization of the calcium-induced disruption of neurofilaments in rat peripheral nerve. Brain Res 1979;168:299–309. 14. Kamakura K, Ushiura S, Sugita S, Tokoyura Y. Identification of Ca2+ activated neutral protease in the peripheral nerves and its effects on neurofilament degeneration. J Neurochem, 1983;40:908-913. 15. Glass JD, Schryer B, Griffin JW. Calcium mediated degeneration of the axonal cytoskeleton in the Ola mouse. J Neurochem 1994;62:2472-2475. 16. George EB, Glass, J. D. And Griffin, J. W. 1995. Axotomy-induced axonal degeneration is mediated by calcium influx through ion-specific channels. J Neurosci 1995;15:6445-6452. 17. Martinez AMB, Ribeiro LCV. Ultrastructural localization of calcium in peripheral nerve fibres undergoing Wallerian degeneration: an oxalatepyroantimoniate and X-ray microanalysis study. J Submicrosc Cytol Pathol 1998;30 (3):451-458. 18. Lubinska L, Jastreboff P. Early course of Wallerian degeneration in myelinated fibres of the phrenic nerve. Brain Res 1977;130:47-63. 19. Griffin JW, Hoffman PN. Degeneration and regeneration in the peripheral nervous system. In: Dick PJ, Thomas PK, Griffin JW, Low PA, Poduslo J. Peripheral neuropathy, Philadelphia, Ed W.B. Saunders, 1993, 3rd ed, p 361-376. 20. Vidal-Sanz M, Bray GM, Villegas-Pérez MP, Thanos S, Aguayo AJ. Axonal regeneration and synapse formation in the superior coliculus by retinal ganglion cells in the adult rat. J Neurosci, 1987;7:2894-2909. 21. Berry M, Rees L, Hall S, Yiu P, Sievers J. Optic axons regenerate into sciatic nerve isografts only in the presence of Schwann cells. Brain Res Bull 1988;20:223-231. 22. Raisman G.. Use of Schwann cells to induce repair of adult CNS tracts. Rev Neurol 1997;153:8-9,521-525. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 116 Resumos de dissertações e teses ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Sylvia Helena Ferreira da Cunha Henrique Dissertação apresentada à Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como prova parcial para concorrer ao Título de Mestre pelo Curso de PósGraduação em Educação Física, setembro de 1996, Campinas, SP ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Respostas cárdio-respiratórias ao exercício físico dinâmico em mulheres sedentárias no segundo trimestre de gravidez Foram estudadas 15 mulheres voluntárias de hábitos sedentários, sendo que 7 encontravam-se no segundo trimestre de gravidez sem complicações médicas ou obstétricas (grupo experimental) e 8 faziam parte do grupo controle (mulheres nãográvidas). Foram realizados: avaliação fisioterápica inicial, espirometria de repouso, teste de esforço em bicicleta ergométrica e manobra postural passiva. Os resultados analisados em valores medianos mostraram diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05): - Na temperatura corporal basal: 36,79°C para as grávidas e 36,35°C para as não-grávidas; - Na pressão arterial sistólica durante a manobra postural passiva do 1º ao 5º minuto, que se apresentou maior para as grávidas (120 mmHg) em relação às não-grávidas (100 mmHg); - Na potência pico no exercício físico dinâmico, sendo muito maior para as não-grávidas (90 W : 65 W); - Na ventilação pulmonar durante o exercício físico dinâmico a 20 W e 30 W, ou seja, no 4º e no 5º minuto de esforço, sendo que os valores foram maiores nas grávidas. Foram observadas também algumas modificações em situações limites, que apesar do teste estatístico não apontar evidências de diferenças significativas (0,1 > p > 0,05), é possível que em uma amostra maior elas pudessem aparecer, principalmente: - Na pressão arterial sistólica basal das grávidas (110 mmHg) e das não-grávidas (120 mmHg) (p = 0,0592); - Na pressão arterial diastólica basal das grávidas (80 mmHg) e das não-grávidas (75 mmHg) (p = 0,0749); - Na FC pico entre as grávidas (122 bpm) e as não-grávidas (144 bpm) (p = 0,0536); - Na ventilação pulmonar durante o exercício físico dinâmico a 10 W e 40 W, sendo maior nas grávidas. As demais variáveis mostraram-se semelhantes estatisticamente, porém com algumas diferenças nos valores medianos entre os dois grupos, principalmente em relação ao consumo de oxigênio e à produção de dióxido de carbono. Pudemos concluir que as voluntárias de hábitos sedentári- Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 117 os que se encontravam no segundo trimestre de gestação responderam de forma distinta às mulheres não-grávidas em algumas variáveis, quando expostas ao exercício físico agudo moderado e à espirometria, bem como à manobra postural passiva. Estes achados evidenciam a necessidade de maiores cuidados ao expor uma mulher grávida sedentária à atividade física neste período da gestação. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Jean Luis de Souza Curso de Mestrado em Magistério Superior, Centro Universitário do Triângulo (UNIT), MG, abril de 2000 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Aspectos ergonômicos da sala de aula e suas influências nos hábitos do professor universitário: uma análise comparativa O estudo, por meio de uma abordagem histórica, procura conceituar Ergonomia, bem como definir sua finalidade e áreas de atuação, buscando relacioná-las aos aspectos educacionais. Na seqüência, determinou-se a metodologia comumente empregada nos estudos ergonômicos bem como as variáveis a serem estudas, tendo-se como objetivo analisar comparativamente as condições das salas de aulas de dois Campi Universitários, (Campus UNIT e Campus Ubershoping). O segundo foi adaptado ao propósito de servir às finalidades do Ensino Superior do Centro Universitário do Triângulo, e o primeiro, foi devidamente construído com fins educacionais. Esta análise comparativa estudada as variáveis da postura do professor em sala, associada às questões do ambiente físico e layout. Nesta perspectiva, itens como iluminação, temperatura, ruído, mobília, piso, parede, variáveis depressoras da vigilância, são analisadas de forma a verificar a interferência destes aspectos nos hábitos do professor universitário. A partir de dados coletados, conclui-se que a falta de adequação ergonômica de alguns aspectos dos dois Campi, cada qual com suas deficiências específicas, interferindo nos hábitos dos docentes, evidenciando-se a importância da Ergonomia de Concepção, Correção e Conscientização durante o processo de projeto, construção e adequação de salas de aulas, para que as mesmas possam servir com eficácia e eficiência aos objetivos para os quais as mesmas são construídas, melhorando a qualidade de ensino e proporcionando conforto aos seus usuários. Uma conclusão apresentada refere-se à necessidade de sensibilizar os dirigentes de escolas e Universidades para a importância destes aspectos e dessas variáveis estudadas na sala de aula e sua interferência no ensino e qualidade de vida e trabalho do docente. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 118 Pós graduação Programas de pós-graduação recomendado pela CAPES Os programas de pós-graduação e conceitos aqui apresentados* foram avaliados pela CAPES e obtiveram notas iguais ou superiores a três. A recomendação da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) fundamenta-se na avaliação realizada por especialistas, de área(s) do conhecimento afim(ins) ao programa considerado, cujo resultado é expresso na proposição de uma nota. A homologação pelo Ministério de Educação desse resultado assegura validade nacional aos títulos outorgados por programas com nota igual ou superior a três e equivale ao reconhecimento de que trata o art. 46, da LDB. A CAPES é uma entidade pública vinculada ao Ministério da Educação - MEC, criada inicialmente como Campanha, em 1951 e instituída como Fundação em 1992. Ao longo desses anos, a CAPES vem cumprindo seu objetivo principal de subsidiar o MEC na formulação das políticas de pós-graduação, coordenando e estimulando mediante a concessão de bolsas de estudo, auxílios e outros mecanismos - a formação de recursos humanos altamente qualificados para a docência em grau superior, a pesquisa e o atendimento da demanda profissional dos setores público e privado. *Apresentamos uma seleção que pode interessar para os leitores de Fisioterapia Brasil. Outros cursos serão apresentados nas edições seguintes. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Perfil da Pós-graduação Grande Área: Ciências da Saúde Área Básica: FFisioterapia isioterapia e TTerapia erapia Ocupacional Programa: Fisioterapia - Níveis: M IES: Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR End.: Rodovia Washington Luiz, Km 235 - Monjolinho - São Carlos-SP - 13565-905 CP.: 676 Tel.: (016) 260-8341 Ramal: 8448 /260-8111 Fax: (016)-261-2081 E-mail: [email protected] Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Fisioterapia ..................................... Mestrado .......... 3 Área Básica: Educação Física Programa: Ciência da Motricidade Humana - Níveis: M IES: Universidade Castelo Branco - UCB/RJ End.: Av. Santa Cruz 1631 - Realengo - Rio de Janeiro/RJ 21710-250 Tel.: (021)4019407 Ramal: 226 Fax: (021)4019696 E-mail: [email protected] Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Ciência da Motricidade Humana ...... Mestrado .......... 3 Área Básica: Educação Física Programa: Ciências da Motricidade - Níveis: M IES: Universidade Est.Paulista Júlio de Mesquita Filho/Rio Claro - UNESP/RC End.: Av. 24-a No. 1515 - Bela Vista - Rio Claro/SP - 13506900 - Caixa Postal: 199 Tel.: (19) 526-4160 Fax: (19) 534-0009 E-mail: [email protected] Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Ciências da Motricidade ................... Mestrado .......... 4 Área Básica: Educação Física Programa: Ciências do Movimento Humano - Níveis: M/D IES: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS ○ ○ ○ ○ End.: Rua Felizardo, 750 - Jardim Botânico - Porto Alegre/RS 90690-200 Tel.: 051 316-5829/ 051 316-5830 Fax: 051-316-5811 E-mail: [email protected] Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Ciências do Movimento Humano ...... Mestrado .......... 4 Ciências do Movimento Humano ..... Doutorado ......... 4 Área Básica: Educação Física Programa: Ciências do Movimento Humano - Níveis: M/D IES: Universidade Federal de Santa Maria - UFSM End.: Campus Universitario - Predio 51 - Camobi - Santa Maria/RS -97105-900 Tel.: (055) 220 84 31 Fax: (055) 220 80 16 E-mail: [email protected] Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Ciências do Movimento Humanos ..... Mestrado .......... 3 Ciências do Movimento Humano ..... Doutorado ..... Gran3 Área Básica: Educação Física Programa: Ciências do Movimento Humano - Níveis: M IES: Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC End.: Rua Paschoal Simone, 358 - Coqueiros - Florianópolis/ SC - 88080-350 C.P.: 1228 Tel.: 048-244-2260 Fax: 048-244-2260 E-mail: [email protected] Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceitos Ciências do Movimento Humano ...... Mestrado .......... 3 Área Básica: Educação Física Programa: Educação Física - Níveis: M IES: Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG End.: Av. Presidente Carlos Luz, 4664 - Pampulha - Belo Horizonte/MG - 31310-250 CP: 2102 Tel.: (031) 499-2321 / (031) 499-2322 Fax: 499-2321 E-mail: [email protected] ) Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Educação Física ............................... Mestrado .......... 3 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 119 Área Básica: Educação Física Programa: Educação Física - Níveis: M/D IES: Universidade Gama Filho - UGF End.: Rua Manoel Vitorino, 625 - Piedade - Rio de Janeiro/RJ - 20748-900 Tel.: (021) 599-7138 / (021) 599-7272 Ramal: 7138 Fax: (021) 591-4448 E-mail: [email protected] ) Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Educação Física ............................... Mestrado .......... 5 Educação Físicao ............................ Doutorado ......... 5 Área Básica: Epidemiologia Programa: Epidemiologia - Níveis: M/D IES: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS End.: Rua Ramiro Barcelos, 2600 Sala 414 - Santana - Porto Alegre/RS - 90035-003 Tel.: 051 330 1380 / 051 316 5306 Fax: 051 330 1380 E-mail: [email protected] v Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Epidemiologia ................................ Doutorado ......... 4 Epidemiologia ................................. Mestrado .......... 4 Área Básica: Educação Física Programa: Educação Física - Níveis: M IES: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC End.: Campus Universitário - Trindade - Florianópolis/SC 88040-900 CP: 476 Tel.: 048-331-9926 Ramal: 9926 Fax: 048-331-9792 E-mail: [email protected] ) Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Educação Física ............................... Mestrado .......... 4 Área Básica: Saúde Coletiva Programa: Saúde Coletiva - Níveis: M/D IES: Universidade Federal da Bahia - UFBA End.: Rua Padre Feijó, Nº 29 - 4º Andar - Canela - Salvador/ BA - 40110-170 Tel.: (071) 245-0544 Ramal: 237 / 245-0151 Ramal: 225 Fax: (071) 237-5856 E-mail: [email protected] v Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Saúde Comunitária .......................... Mestrado .......... 5 Saúde Pública ................................ Doutorado ......... 5 Área Básica: Educação Física Programa: Educação Física - Níveis: M/D IES: Universidade de São Paulo - USP End.: Av. Prof. Mello Moraes, 65 - Cidade Universitária Butantã - São Paulo/SP - 05508-900 Tel.: (011) 818-3095 Fax: (011) 818-3095 E-mail: [email protected] ) Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Educação Física ............................... Mestrado .......... 5 Educação Física .............................. Doutorado ......... 5 Área Básica: Educação Física Programa: Educação Física - Níveis: M/D IES: Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP End.: Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, S/N - Barão Geraldo - Campinas/SP - 13083-970 CP: 6134 Tel.: 019-7888351 / 019-7887585 - Fax: 019-2394338 Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Educação Física ............................... Mestrado .......... 4 Educação Físicao ............................ Doutorado ......... 4 Área: Saúde Coletiva Área Básica: Saúde Pública Programa: Saúde da Mulher e da Criança - Níveis: M/D IES: Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ End.: Av. Rui Barbosa, 716 -2º Andar - Flamengo - Rio de Janeiro/RJ - 22250-020 Tel.: 021-5530052 Ramal: 5252 / 5403 Fax: 021-5538094 E-mail: [email protected]. ) Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Saude da Mulher e da Criança ......... Mestrado .......... 4 Saúde da Mulher e da Criança ........ Doutorado ......... 4 Área Básica: Saúde Coletiva Programa: Saúde Coletiva - Níveis: M IES: Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ End.: Ed.do Hucefº. - Ala Sul - 5º. Andar - Ilha do Fundão - Cid. Universitária - Rio de Janeiro/RJ - 21941-590 CP: 68037 Tel.: 560 6810/ 270 0097 / 590 1609 Fax: 590 1609/ 270 0097 E-mail: [email protected] v Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Saúde Coletiva ................................ Mestrado .......... 3 Área Básica: Saúde Coletiva Programa: Saúde Coletiva - Níveis: M/D/F IES: Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ End.: Rua São Francisco Xavier, 524 - 7 Andar, Bloco D/E Maracanã - Rio de Janeiro/RJ - 20550-013 Tel.: 2848249, 5877303 / 5877422, 5877572 Fax: 2641142 E-mail: [email protected] v Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Saúde Coletiva ................................ Mestrado .......... 4 Saúde Coletiva ............................... Doutorado ......... 4 Administração de Saúde ............. Profissionalizante .... 3 Área Básica: Saúde Coletiva Programa: Saúde e Ambiente - Níveis: M IES: Universidade Federal do Maranhão - UFMA End.: Praça Madre de Deus, 2 - Madre de Deus - São Luis/MA - 65025-560 Tel.: 098 2323837 / 098 2313644 - Fax: 098 222-5135 Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Saúde e Ambiente ............................ Mestrado .......... 3 Grande Área: Ciências Biológicas l Área Básica: Morfologia Programa: Ciências Morfológicas - Níveis: M/D IES: Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ End.: Bl. “F” 2. And. Instituto de Ciências Biomédicas - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro/RJ - 21941-970 CP: 68021 Tel.: (21) 562 6480 / (21) 562 6484 Fax: (21) 562 6483 E-mail: [email protected] v Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Ciências Morfológicas ..................... Doutorado ......... 5 Ciências Morfológicas ...................... Mestrado .......... 5 Área Básica: Morfologia Programa: Morfologia - Níveis: M IES: Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ End.: Avenida Manoel de Abreu, 48 - Maracanã - Rio de Janeiro/RJ - 20551-700 Tel.: (021) 587-6121 / (021) 587-6133 Fax: (021) 587-6690 E-mail: [email protected] v Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Morfologia ...................................... Mestrado .......... 3 Grande Área: Engenharia Área Básica: Engenharia Biomédica Programa: Bioengenharia - Níveis: M IES: Universidade de São Paulo/São Carlos - USP/SC End.: Av. Dr. Carlos Botelho, 1465 - Vila Pureza - São Carlos/ SP - 13560-250 CPl: 359 Tel.: 16 273-9585 / 16 273-9573 Fax: 16 273-9586 E-mail: [email protected] v Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Bioengenharia ................................. Mestrado .......... 3 Área Básica: Engenharia Biomédica Programa: Engenharia Biomédica - Níveis: M/D IES: Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Área Básica: Engenharia Biomédica End.: Centro de Tecnologia, Bloco H, Sala 327 - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro/RJ - 21945-970 CP: 68510 Tel.: (021) 560-8832 Ramal: 418 / (021) 560-5108 Fax: (021) 290-6626 E-mail: [email protected] v Curso(s) ............................................. Nível ....... Conceito Engenharia Biomédica ..................... Mestrado .......... 6 Engenharia Biomédica .................... Doutorado ......... 6 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 120 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fisioterapia Brasil ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Normas para publicação A revista Fisioterapia Brasil é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas à fisioterapia. A revista publica artigos das seguintes áreas: • Fisioterapia em geral (respiratória, cárdio-pulmonar, traumato-ortopédica, etc) • Medicina de reabilitação • Biomecânica • Terapias diversas. Os artigos publicados em Fisioterapia Brasil poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições. A revista Fisioterapia Brasil assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, N Engl J Med. 1997; 336(4): 309-315) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são detalhadas a seguir. Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica a aceitação da mesma, que será notificado ao autor. O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. 1. Editorial Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por um de seus membros. Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez referências. 2. Artigos originais Serão considerados para publicação, aqueles não publicados anteriormente, tampouco remetidos a outras publicações, que versem sobre investigação, clínica, diagnóstico, terapêutica e tratamento dentro das áreas definidas anteriormente. Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/Word. Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power-Point, Excel, etc. Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográficas. Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico científico, novidade, originalidade, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto. 3. Revisão Serão os trabalhos que versem sobre alguma das áreas expostas anteriormente, ao encargo do Comitê Científico, bem como remetida espontaneamente pelo autor, cujo interesse e atualidade interessem a publicação na revista. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos artigos originais. 4. Comunicação breve Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários à trabalhos já editados na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor. Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etc Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográficas. 5. Resumos Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outras idiomas. 6. Correspondência Esta seção publicará correspondência recebida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista. Caso estejam relacionados à artigos anteriormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a carta. Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras. Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Preparação do original 1. Normas gerais 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word, Wordpefect, etc), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc. 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto a mesma. 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores. As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com qualidade ótima (qualidade gráfica – 300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. 1.4 As seções dos os artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e também das palavras-chave (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, zip-drive, CDROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e identificar com etiqueta no disquete ou CDROM o nome do artigo, data e autor, incluir informação dos arquivos, tais como o processador de texto utilizado e outros programas e sistemas. 2. Página de apresentação A primeira página do artigo apresentará as seguintes informações: • Título em português e inglês. • Nome completo dos autores, com a qualificação curricular e titulagem. • Local de trabalho dos autores. • Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o respectivo endereço, Telefone e E-mail. • Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação. • As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, aparelhos, etc. 3. Autoria Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo. O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é suficiente. 121 4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês. O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações: • Objetivos do estudo. • Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia, análise) • Descobertas principais do estudo (dados concretos e estatísticos) • Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior novidade. Em seguida os autores deverão indicar quatro palavraschave (ou unitermos) para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista de cabeçalhos de matérias médicas (Medical Subject Headings – MeSH do Index Medicus ou, no caso de termos recentes que não figurem no MeSH, os termos atuais). 5. Referências As referências bibliográficas devem ser numeradas e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas: Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro, ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto. Exemplo: 1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto, título do trabalha, ponto. Ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Exemplo: Zavala AV, Braver D. Semiologia do Pé – Prevenção e tratamento do pé diabético. Diabetes Clínica. 2000; 4:137144. As normas completas de publicação são disponíveis no site Internet da Atlântica Editora no seguinte endereço: www.atlanticaeditora.com.br Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para: Jean-Louis Peytavin Atlantica Editora Rua Gustavo Sampaio, 411 / 1102 22010-010 - Rio de Janeiro RJ Tel/fax: (21) 244-6471 E-mail: [email protected] 122 Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 Congressos e eventos agendados para 2001 Abril esquisa em FFisioterapia isioterapia e suas Io Congresso Brasileiro de PPesquisa Aplicações Xo Simpósio de FFisioterapia isioterapia da UFSCAR 27/04 a 1/05 São Carlos, São Paulo Tel: (16) 260-8341 IIo Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana VIIIo Simpósio paulista de Educação Física 28/04 – 1/05 Rio Claro, São Paulo Tel: (19) 526-4160 Site: www.igce.unesp.br/ib/simposio Junho PT 2001- The Annual Conference & Exposition of the American Physical Therapy Association 20-23 Anaheim, California Informações: www.apta.org Julho VIII international symposium on Computer Simulation in Biomechanics 4- 6 Milan, Italy Prof. Federico Casolo Politecnico di Milano - Dipartimento D.S.T.M. Pza Leonardo da Vinci n.32 20133 Milano, Itália tel: (+39) 02 2399 6706 fax: (+39) 02 2399 6720 E-mail: [email protected] 2001 FFootwear ootwear Symposium 5-7 Zuerich, Switzerland Informações: www.ethz.ch XVIIIo Congress International Society of Biomechanics 8-13 Zurich, Switzerland Laboratorey for Biomechanics Wagistr. 4 CH-8952 Schlieren Switzerland Tel: +41 1 633 61 17 Fax: +41 1 633 11 24 Setembro 1st International Conference on Movement Dysfunction – Integrating Approaches 21-23 Shirley McGill, Conference Organiser Kinetic Control, Mede House Salisbury Street, Southampton, Hants SO15 2TZ UK Tel: +44 (0) 8451 300 808 Fax: +44 (0) 2380 248 533 Email: [email protected] Site: www.kineticcontrol.com