UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
JOSÉ CARLOS MARTINAZZO JÚNIOR
DIAGNÓSTICO DE GESTÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO NO
SETOR DE CERÂMICA VERMELHA
Florianópolis
2012
JOSÉ CARLOS MARTINAZZO JÚNIOR
DIAGNÓSTICO DE GESTÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO NO
SETOR DE CERÂMICA VERMELHA
Dissertação apresentado ao Programa de PósGraduação em Administração da Universidade do
Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para
obtenção do Título de Mestre em Administração.
Orientador: Prof. Aléssio Bessa Sarquis, Dr.
Florianópolis
2012
JOSÉ CARLOS MARTINAZZO JÚNIOR
DIAGNÓSTICO DE GESTÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO NO
SETOR DE CERÂMICA VERMELHA
Esta Dissertação foi julgada adequada à obtenção
do título de Mestre em Administração e aprovada
em sua forma final pelo Programa de PósGraduação em Administração, da Universidade
do Sul de Santa Catarina.
Florianópolis, 20 de agosto de 2012.
________________________________________________
Profº. e Orientador Prof. Aléssio Bessa Sarquis, Dr.
Universidade do Sul de Santa Catarina
________________________________________________
Profª. Clarissa Mussi Drª.
Universidade do Sul de Santa Catarina
________________________________________________
Profº. Iúri Novaes, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis
2012
Dedico este trabalho aos meus pais: José (in memoriam) e Marlene, pilares dos meus
valores.
E, à minha filha Anita, indutora de inspiração e motivação.
AGRADECIMENTOS
À Deus guia fiel em todos os momentos de minha vida, por me dar força e
coragem para desbravar e quebrar todos os obstáculos impostos pela vida; por ser um pai nas
horas que me refugiei aos teus pés; por me fazer vitorioso em desafiar meus medos
Ao meu orientador, Professor Aléssio Bessa Sarquis, Dr. pela orientação
acadêmica, amizade e valiosos ensinamentos.
Ao SENAI/SC, nas pessoas do Professor Sérgio Roberto Arruda e Professor
Antônio José Carradore, motivadores e apoiadores nesse degrau de minha vida.
À Roberto de Medeiros Júnior,
exímio líder, e espelho para
minha vida
profissional e pessoal.
Ao corpo docente do Mestrado em Administração da UNISUL, pela transferência
de conhecimentos em prol de uma excelente educação.
Aos colegas do curso de Mestrado em Administração, em especial: Cristina
Martins, por compartilharem as dificuldades e alegrias desta trajetória.
E, aos colegas de trabalho do SENAI/SC, uma segunda família.
RESUMO
Esse trabalho buscou analisar a situação da gestão ambiental no setor de cerâmica vermelha
de Rio do Sul/SC, com base nas estratégias e ações ambientais aplicadas nos últimos 3 anos.
Os objetivos específicos definidos foi: a) identificar as estratégias, ações, principais
fatores/variáveis do desempenho e resultados alcançados; b) verificar demandas, expectativas
e percepções dos principais stakeholders sobre a prática de gestão ambiental da organização;
c) identificar os pontos fortes e fracos da organização, oportunidades e ameaças de mercado
no âmbito das variáveis relacionadas à gestão ambiental. Para isso, o estudo realizado é de
natureza exploratório, qualitativo e que envolveu a coleta de dados junto a organismos de
regulação, controle e fiscalização ambiental, clientes-alvo e dirigentes da organização objeto
de estudo. Na coleta de dados foram empregados: entrevista pessoal em profundidade e
análise de documentos. Os resultados revelaram que as atividades de gestão ambientais na
organização são gerenciada pelo setor Desenvolvimento Tecnológico, executadas pelas
diferentes áreas funcionais, e que a empresa dispõe de diversas estratégias ambientais, sendo o
posicionamento estratégico competitivo recomendado as eco estratégias pró ativas.
ABSTRACT
This study aimed to analyze the situation of environmental management in the sector Ceramic
Rio do Sul/SC based strategies / environmental actions implemented over the past three years.
The specific objectives are defined: a) identify the strategies, actions, key factors / variables
of performance and results, b) check demands, expectations and perceptions of key
stakeholders about the practice of environmental management of the organization, c) identify
strengths and weaknesses of the organization, opportunities and threats within the market
variables related to environmental management, d) indicate recommendations for
improvements to the companies in the red ceramic state of Santa Catarina. For this study was
conducted exploratory, and that involved the collection of data from the regulatory bodies,
environmental monitoring and control, target customers and leaders of the organization. Data
collection methods were used: in-depth personal interview, and document analysis. At the end
of the study were pointed concluding remarks and recommendations for sector organizations,
limitations of the research, and suggestions for future academic studies.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Elementos do sistema de gestão ambiental (SGA) .................................................. 30
Figura 2 - Políticas ambientais ................................................................................................. 32
Figura 3 - Tipos de estratégias ambientais genéricas ............................................................... 43
Figura 4 - Fases do ciclo de vida de produtos cerâmicos ......................................................... 47
Figura 5 - Ciclo de vida de uma telha cerâmica ....................................................................... 48
Figura 6 - Níveis de estratégia de produção mais limpa........................................................... 52
Figura 7 - Processo de produção mais limpa ............................................................................ 53
Figura 8 - Arranjo institucional PBQP-h .................................................................................. 58
Figura 9 - Projeto estruturante cerâmica vermelha e artefatos de concreto.............................. 59
Figura 10 - Framework do processo de análise do estudo ....................................................... 70
Figura 11 - Blocos de vedação da Cerâmica Princesa .............................................................. 73
Figura 12 - Tijolos para lajes (tavelas) ..................................................................................... 73
Figura 13 - Sistema estrutural com cerâmica vermelha ........................................................... 74
Figura 14 - Blocos cerâmicos estruturais ................................................................................. 74
Figura 15 - Acessórios para blocos cerâmicos estruturais ........................................................ 75
Figura 16 - Distribuição das indústrias de cerâmica vermelha de SC ...................................... 83
Figura 17 - Vista aérea Cerâmica Princesa e circunvizinhança................................................ 90
Figura 18 - Ilustração do Agente Redutor Líquido Automotivo ARLA32 .............................. 98
Figura 19 - Etapas do processo industrial da organização instaladas no parque fabril ............ 99
Figura 20 - Posicionamento estratégico competitivo recomendado ....................................... 106
Figura 21 - Vista aérea Cerâmica Princesa Ind. E Com. Ltda ................................................ 134
Figura 22 - Tijolos, blocos e canaletas ................................................................................... 135
Figura 23 - Telhas ................................................................................................................... 139
Figura 24 - Mapa de localização da cidade de Rio do Sul no estado de Santa Catarina ........ 140
Figura 25 - Mapa da cidade de Rio do Sul ............................................................................. 140
Figura 26 - Certificado de Conformidade do Produto Cerâmica Princesa ............................. 143
Figura 27 - Certificado de Conformidade do Produto Cerâmica Princesa ............................. 143
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Fabricação de artefatos de cerâmica e barro cozido para uso na construção .......... 81
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Estratégias para as indústrias de cerâmica vermelha .............................................. 45
Quadro 2 - Tipo de pesquisa e objetivos de cada etapa do estudo ........................................... 62
Quadro 3 - Público-alvo e amostragem de cada etapa do estudo ............................................. 65
Quadro 4 - Método de análise dos dados de cada etapa do estudo .......................................... 69
Quadro 5 - Atividades poluidoras e/ou causadoras de degradação ambiental ......................... 92
Quadro 6 - Impactos ambientais da produção de cerâmica vermelha ...................................... 93
Quadro 7 - Checklist de avaliação do cumprimento da legislação ambiental .......................... 99
Quadro 8 - Oportunidades de melhorias identificadas no Programa P+L .............................. 105
LISTA DE SIGLAS
ABIQUIM
ABNT
ACV
AIA
AMAVI
ANICER
BNDS
CEPRAM
CETESB
CGM
CNI
CNTL
CODAM
COGER
CONAMA
CONSEMA
CREA
CTECH
DNPM
DOE
DOU
EIA
ESPM
FATMA
FGTS
FIESC
FINEP
GRI
IBAMA
IBASE
IBGE
IEL
INMETRO
ISSO
LAI
LAO
LAP
MMA
NBR
OGU
Associação brasileira da indústria química
Associação brasileira de normas técnicas
Avaliação do ciclo de vida
Avaliação de impactos ambientais
Associação dos municípios do alto Vale do Itajaí.
Associação nacional de cerâmica vermelha
Banco nacional do desenvolvimento
Conselho estadual de proteção ambiental
Companhia de tecnologia de saneamento ambiental
Cerâmica Gomes de Matos
Confederação nacional da indústria
Centro nacional de tecnologias limpas
Coordenadoria de desenvolvimento ambiental
Comitê gerenciador
Conselho nacional do meio ambiente
Conselho estadual do meio ambiente
Conselho regional de engenharia, arquitetura, agronomia de Santa
Catarina
Comitê nacional de desenvolvimento tecnológico da habitação
Departamento nacional da produção mineral
Diário oficial do estado
Diário oficial da união
Estudos de impacto ambiental
Escola superior de propaganda e marketing
Fundação do meio ambiente
Fundo de garantia do tempo de serviço
Federação das indústrias do estado
Financiadora de estudos e projetos
Global reporting initiative
Instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis
Instituto brasileiro de análises sociais e econômicas
Instituto brasileiro de geografia e estatística
Instituto Euvaldo Lodi
Instituto nacional de metrologia, qualidade e tecnologia
International organization for standardization
Licença ambiental de instalação
Licença ambiental de operação
Licença ambiental prévia
Ministério do meio ambiente
Normas brasileiras
Orçamento geral da união
ONG
ONU
OSCIP
P&D
PBQP
PBQP-H
PLARSE
RIMA
SEBRAE
SECTMA
SECTME
SEMA
SENAI
SER
SGA
UFSC
UNIDO
Organização não governamental
Organização das nações unidas
Organização da sociedade civil de interesse público
Pesquisa e desenvolvimento
Programa brasileiro de qualidade e produtividade
Programa brasileiro de qualidade e produtividade do habitat
Programa latino-americano de SER
Relatório de impacto sobre o meio ambiente
Serviço brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas
Secretaria de ciência, tecnologia e meio ambiente
Secretaria do estado da ciência e tecnologia, das minas e energia
Secretaria do meio ambiente
Serviço nacional de aprendizagem industrial
Responsabilidade social empresarial
Sistema de gestão ambiental
Universidade federal de Santa Catarina
United nations industrial development organization
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA .......................... 15
1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO ............................................................................................... 19
1.3 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ....................................................... 20
1.4 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO ....................................................................................... 22
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 23
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 25
2.1 FUNDAMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL .............................................................. 25
2.2 COMPONENTES DA GESTÃO AMBIENTAL............................................................... 29
2.2.1 As normas ISO 14000 .................................................................................................... 33
2.3 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO APLICÁVEIS AO SETOR DE CERÂMICA
VERMELHA ............................................................................................................................ 35
2.3.1 Licenciamento ambiental .............................................................................................. 35
2.3.2 Requerimento de Lavra ................................................................................................ 37
2.4 INDICADORES DE GESTÃO AMBIENTAL ETHOS.................................................... 38
2.5 ESTRATÉGIAS DE GESTÃO AMBIENTAL APLICÁVEIS AO SETOR DE
CERÂMICA VERMELHA ...................................................................................................... 42
2.5.1 Análise do ciclo de vida de produtos cerâmicos .......................................................... 46
2.5.2 Normalização dos produtos de cerâmica vermelha .................................................... 49
2.5.3 Produção mais limpa (p+l) ............................................................................................ 51
2.5.4 Estratégias de marketing verde..................................................................................... 54
2.5.5 Programa brasileiro de qualidade e produtividade (PBQP-H) ................................. 57
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 61
3.1 LÓGICA DA PESQUISA .................................................................................................. 61
3.2 ABORDAGEM DO PROBLEMA ..................................................................................... 61
3.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................................ 63
3.4 ESTRATÉGIAS DA PESQUISA ...................................................................................... 64
3.5 HORIZONTE DO TEMPO ................................................................................................ 64
3.6 POPULAÇÃO, OBJETO DE ESTUDO E AMOSTRAGEM ........................................... 64
3.7 MÉTODO E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .............................................. 67
3.8 ANÁLISES DE DADOS .................................................................................................... 68
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................. 71
4.1 CASE: CERÂMICA PRINCESA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA ........................... 71
4.1.6 MIX de produtos da organização ................................................................................. 72
4.2 RESULTADOS SOBRE ENTENDIMENTO DAS EXIGÊNCIAS AMBIENTAIS ........ 75
4.2.1 Exigências da legislação ambiental (órgãos reguladores) .......................................... 75
4.2.2 Exigências dos clientes e da comunidade..................................................................... 85
4.2.3 Impactos ambientais causados pelo setor (visão órgãos reguladores e clientes) ..... 91
4.3 RESULTADOS SOBRE ENTENDIMENTO DA PRÁTICA DE GESTÃO AMBIENTAL
DA ORGANIZAÇÃO .............................................................................................................. 94
4.4 AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA GESTÃO AMBIENTAL DA ORGANIZAÇÃO
................................................................................................................................................ 102
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS, RECOMENDAÇÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES
PARA FUTUROS ESTUDOS ............................................................................................. 107
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 107
5.2 RECOMENDAÇÕES DE MELHORIAS PARA AS EMPRESAS DO SETOR DE
CERÂMICA VERMELHA .................................................................................................... 109
5.3 LIMITAÇÕES DO ESTUDO .......................................................................................... 110
5.4 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS.................................................................. 110
REFERENCIAS ................................................................................................................... 112
APÊNDICES ......................................................................................................................... 124
APÊNDICE A - DIAGNÓSTICO DE GESTÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE
CASO NO SETOR DE CERÂMICA VERMELHA ......................................................... 125
APÊNDICE
B
-
ROTEIRO
DE
ENTREVISTA
COM
GESTORES
DA
ORGANIZAÇÃO ................................................................................................................. 127
APÊNDICE
C
-
ROTEIRO
DE
ENTREVISTA
COM
ORGANISMOS
DE
REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO .......................................................... 129
ANEXOS ............................................................................................................................... 133
ANEXO A - VISTA AÉREA CERÂMICA PRINCESA IND. E COM. LTDA ............. 134
ANEXO B – PRODUTOS DE CERÂMICA VERMELHA ............................................. 135
ANEXO C - LOCALIZAÇÃO ............................................................................................ 140
ANEXO D – LICENÇA AMBIENTAL DE OPERAÇÃO CERÂMICA PRINCESA .. 141
ANEXO E – CERTIFICADOS DE CONFORMIDADE DE PRODUTO ...................... 143
15
1 INTRODUÇÃO
Este capítulo introduz o tema do estudo e contém a apresentação geral da
dissertação. Inicia-se a abordagem por meio da contextualização do tema, na sequência o
problema de pesquisa, os objetivos geral e específicos do estudo, a relevância/justificativa,
bem como as delimitações e a forma de estruturação do projeto.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA
Na última década, as mudanças globais ocorridas no ambiente de negócio
introduziram novos assuntos e preocupações na pauta de discussão dos dirigentes das
organizações, incluindo aspectos relacionados com a ecologia, meio-ambiente, saúde,
segurança e comunidade (HAWKEN; LOVINS; LOVINS, 1999). A responsabilidade
socioambiental revelou que qualquer decisão/ação empresarial relevante pode afetar
diferentes públicos ligados à organização (ex: pessoas, instituições ou grupos sociais) e pode
interferir no meio-ambiente e na comunidade, prejudicando propriedades e interesses de
vários públicos-alvo da organização (ZENONE, 2006).
Nos anos 90, o cenário econômico internacional chamou a atenção das
organizações para as questões ecológico-ambientais, já que o fenômeno da globalização levou
à abertura dos mercados de consumo e consequentemente à competitividade desenfreada entre
as organizações, promovendo a busca pelo incremento da qualidade e produtividade, e pelo
desempenho mercadológico (POLONSKY, 1994). Nesse contexto, as organizações passaram
a receber pressões de seus stakeholders sobre a sua atuação e impacto no meio ambiente. Os
stakeholders são públicos em potencial afetados pela organização e com capacidade de
influenciar no seu desempenho (FREEMAN, 1984). Assim, surgiu o conceito de
desenvolvimento sustentável, um processo que envolve a geração de riqueza econômica e
bem estar, promovendo ao mesmo tempo a coesão social e a preservação do meio ambiente
(HOCHMAN, 1998; SANTANA; PÉRICO; REBELATO, 2008). A relevância desse tema
tem evoluído na pauta de discussão dos dirigentes empresariais em nível internacional.
Conforme Verona (2010), entre as principais preocupações das empresas nas
questões ambientais está o fornecimento de bens e serviços que possam ser utilizados com
segurança pelos consumidores e que causem pouco ou nenhum impacto negativo ao meio
ambiente e à comunidade. Para isso, as organizações estão investindo em produtos que
ofereçam, por exemplo, melhor rendimento em termos de consumo de energia, possibilidade
16
de reutilização e/ou reciclagem pela sociedade e descarte com baixo risco para o meio
ambiente. No caso da extração de recursos naturais, as organizações passaram a cuidar da
matéria-prima empregada na fabricação, buscando obtê-la através de sistemas com algum
nível de sustentabilidade.
Com o avanço da discussão do conceito sustentabilidade, as empresas estão
aparentemente ficando mais proativas nas questões ecológico-ambientais (ALMEIDA, 2002).
Elas estão se tornando cada vez mais aptas a compreender e a lidar com a relação entre as
forças envolvidas nas áreas ambiental, econômica e social. Como foi apontado por Neder
(1992), Lau e Ragothaman (1997), o mundo se tornou tripolar: governo, sociedade e
empresas. A gestão/responsabilidade ambiental passou a ser tarefa de todos e o foco da
sustentabilidade evoluiu para um conceito mais amplo e complexo. No entanto, como
apontado Rosen (2001) e Souza (2002), em muitas organizações empresariais a gestão
ambiental está ainda fortemente condicionada às exigências governamentais e ao atendimento
da legislação ambiental.
No mundo dos negócios, o lucro é um dos resultados esperados pelas
organizações e, mesmo no caso das organizações do terceiro setor, o retorno financeiro é
necessário para a manutenção e ampliação das suas atividades. No novo ambiente de
negócios, o retorno econômico passou a ser compartilhado também com o retorno social (que
inclui a promoção de melhorias sociais para empregados e comunidade) e com o retorno
ambiental, através da preservação do meio-ambiente e do respeito ao bem-estar das gerações
futuras. Como apontado por Friedman (1970), a economia clássica defende que as
organizações existem para maximizar valor para o acionista. No entanto, hoje essa visão foi
modificada e as organizações precisam também atender as demandas de um grupo mais
abrangente de atores/públicos - os chamados stakehorlders (FREEMAN, 1984). Hoje, sabe-se
que o desenvolvimento sustentável será obtido apenas se for possível reunir o tripé
econômico-social-ambiental, não apenas no contexto das organizações, mas também no
mundo e na sociedade local.
A degradação ambiental e os riscos de colapso nos sistemas econômico e social
verificados nos últimos anos são sinais da crise de valores/identidade da atual civilização
mundial (PRADO, 2009), o que revela a necessidade emergente de nova atitude crítica sobre
a vida no nosso planeta. A sociedade civil, a sociedade política, o Estado e os mercados de
consumo precisam rever seus papéis e atribuições nesse contexto ambiental. A
sustentabilidade, que busca garantir a sobrevivência das gerações futuras, depende da relação
harmônica entre natureza, sociedade, empresas e ser humano (PRADO, 2009).
17
O ritmo acelerado com que o homem tem consumido os recursos naturais e
poluído a atmosfera gerou grande preocupação mundial com o meio ambiente e com o
desenvolvimento da humanidade. Esse tema tem sido levantado em várias reuniões e eventos
ocorridos a partir de 1972, sob o patrocínio da Organização das Nações Unidas (ONU), tais
como: Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (em 1972), o Relatório
Brundtland (1987) que consolidou o conceito Desenvolvimento Sustentável, o Rio 92
realizado no Brasil (1992) que lançou as bases para a Agenda 21 e o Protocolo de Kyoto, o
Rio +5 (1997) e a Cúpula sobre Desenvolvimento Sustentável (2002) que culminou com “A
Carta da Terra” (GONÇALVES, 2006). Este último documento é considerado de importância
singular, equivalente à Declaração dos Direitos Humanos para o meio ambiente.
No processo de produção de bens e serviços, as empresas necessitam
constantemente de recursos extraídos do meio ambiente (recursos físicos, materiais) e de
recursos humanos extraídos do meio social (ZANONE, 2006). Medidas para a geração de
normas e práticas socioambientais politicamente corretas têm sido impulsionadas por
movimentos sociais de consumo e incluem a melhoria na eficiência de políticas públicas e a
ampliação da regulação de mercado sobre os diferentes atores envolvidos na cadeia produtiva
(PRADO, 2009).
Estudos já revelaram que o uso de recursos naturais sem princípios éticos afeta
negativamente a imagem de marcas/organizações perante seus stakeholders relevantes e que o
desenvolvimento sustentável pode ser alcançado somente quando há preocupação com os
aspectos econômico, social e ecológico, concomitantemente (VELLANI 2008). Atualmente,
essa integração tem sido denominada de eco-eficiência. Conforme Toms (2001), fatores como
melhora da reputação e diferenciação de produtos são hoje motivos importantes que levam as
organizações a se preocuparem com as questões ecológico-ambientais. Como mostrou o
estudo realizado recentemente por Santos e Abreu (2009), o principal atrativo para adoção de
estratégias ecológico-ambientais pelas usinas de açúcar e álcool pesquisadas foi a
possibilidade de ganhos para a imagem institucional das organizações perante seus
stakeholders; outro atrativo foi a possibilidade de obtenção de diferencial competitivo, que
permitiria associar a imagem da organização à preservação ambiental, o que facilitaria a
entrada das empresas fornecedoras em mercados de consumidores mais exigentes e ajudaria
na obtenção de investimentos/financiamentos junto a terceiros.
Há vários estudos acadêmicos que abordam o tema gestão/responsabilidade
ambiental. Em nível nacional, um estudo citado frequentemente é o realizado por Medeiros
(2003), envolvendo diversas empresas que adotam estratégias de diferenciação competitiva
18
através de ações ambientalmente corretas. Os resultados desse estudo revelaram que, no que
tange a questão ambiental, o principal stakeholder das empresas é ainda o Estado, ou seja, as
exigências legais, que preocupam por enquanto mais que as exigências do mercado, e que um
número significativo de empresas realizam ações ambientais visando principalmente a
imagem da marca/organização (sendo que 44% delas estão preocupadas com a sua imagem
perante o mercado consumidor e 39% perante a sociedade/comunidade geral).
O estudo de Fauth (2008) apontou a existência de diversas falhas na prática de
gestão ambiental de organizações. Os resultados revelaram que, mesmo tendo processo
produtivo altamente poluidor, há organizações que não dispõem de qualquer sistema de
tratamento de dejetos, inexiste um programa institucionalizado de gestão ambiental, falta
responsável pelas políticas ambientais da organização e apresentam não conformidades
quando analisadas à luz da legislação ambiental. Por outro lado, os estudos de Santos e Abreu
(2009) e de Molina-Azorín et al. (2009), mostraram que a prática de estratégias de marketing
verde gerou impactos positivos para a organização, como a melhoria da imagem perante os
stakeholders e a diferenciação competitiva no mercado.
No âmbito do setor de cerâmica vermelha, muitas organizações estão sendo
impelidas a se adequarem as normas legais e a amenizarem os impactos negativos do seu
processo produtivo no meio ambiente, seja ele natural ou social (CAJAZEIRA; BARBIERI,
2005). Essas empresas precisam, no entanto, equilibrar o cumprimento das exigências
ambientais e a necessidade de agregar valor à cadeia produtiva com o desempenho financeirooperacional da organização e com a disponibilidade reduzida de recursos financeiros, mesmos
no caso das empresas já consolidadas.
Estudo de mercado realizado pelo Serviço Brasileiro de apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE)/ Instituto Euvaldo Lodi (IEL) (2009) revelou que a indústria
de cerâmica vermelha no Brasil é composta por aproximadamente 5.500 empresas, entre as
fábricas de cerâmicas e olarias, respondendo por mais de 400 mil empregos diretos, 1,25
milhões de empregos indiretos e por um faturamento anual de R$ 6 bilhões. Nessa indústria,
predominam em grande maioria empresas de micro, pequeno e médio portes. Esse estudo
apontou também que os três principais desafios ambientais desse setor são: a) investir em
novas tecnologias de produção de cerâmicas vermelhas, em especial a substituição dos fornos
tradicionais pelos fornos a gás natural; b) reduzir as substâncias nocivas geradas pelo processo
produtivo das organizações; c) adequar o padrão de qualidade dos produtos às exigências da
ABNT e à legislação ambiental.
19
Outro estudo interessante realizado pelo SEBRAE/Escola Superior de Propaganda
e Marketing (ESPM) (2008) apontou que as organizações desse setor enfrentam hoje graves
ameaças de mercado, incluindo a percepção crescente de que a indústria cerâmica é
prejudicial ao meio ambiente, por utilizar matéria-prima não renovável (ex: argila), pelo uso
intensivo de lenha como combustível e pela dificuldade de destinação dos resíduos da
produção, dentre outros aspectos.
Aparentemente, o setor de cerâmica vermelha necessidade de propostas/alternativas
exequíveis para melhorar a gestão ambiental, propostas que sejam adequadas à realidade das
organizações e que preencham lacunas em termos de informações e métodos de gestão
ambiental. Nesse sentido, o estudo de Medeiros e Garay (2006) recomendou a realização de
novas pesquisas acadêmicas sobre o setor, principalmente em aspectos relacionados ao
gerenciamento da qualidade e à gestão ambiental.
Nesse contexto, o presente estudo assumiu a seguinte questão como problema de
pesquisa:
Qual a situação da gestão ambiental de uma empresa do setor de cerâmica
vermelha do Estado de Santa Catarina, no âmbito das estratégias/ações ambientais
aplicadas e da imagem de responsabilidade ambiental da marca?
1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO
Com base no problema de pesquisa, os objetivos deste estudo foram estabelecidos
como segue:
Objetivo Geral:
Analisar a situação da gestão ambiental da empresa Cerâmica Princesa, localizada
na cidade de Rio do Sul/SC, com base nas estratégias/ações ambientais aplicadas nos últimos
3 anos e na imagem de responsabilidade ambiental da marca junto aos stakeholders órgãos
reguladores, clientes-alvo e comunidade.
Objetivos específicos:
 levantar a prática de gestão ambiental da organização nos últimos 3
anos, incluindo estratégias, ações, principais fatores/variáveis do
desempenho (interno e externo) e resultados alcançados;
20
 verificar demandas, expectativas e percepções dos principais
stakeholders sobre a prática de gestão ambiental da marca da
organização (órgãos reguladores, clientes-alvo e comunidade em
geral);
 identificar pontos fortes e fracos da organização (ambiente interno),
oportunidades e ameaças de mercado (ambiente externo), no âmbito
das variáveis relacionadas à gestão ambiental;
1.3 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
As razões e relevâncias que justificam a realização deste estudo são de ordem
teórica e prática/gerencial.
As razões de ordem teórica são a necessidade de ampliação do conhecimento
acadêmico sobre os temas gestão ambiental, responsabilidade ambiental e marketing verde,
assim como sobre a prática de gestão ambiental e de responsabilidade ambiental de
organizações manufatureiras que causam grande impacto ao meio ambiente.
Conforme Gladwin, Kennelly e Kraude (1995), com o advento do paradigma
sustecentrismo, a necessidade desses estudos/pesquisas foi ampliada, tanto com relação a
sistemas de gestão ambiental como sobre desenvolvimento sustentável, seja por parte da
indústria e da universidade. Nesse sentido, Passos (2003) sugeriu também que tais estudos são
necessários, tanto com o emprego de metodologias quantitativas como qualitativas, para
aprofundar o conhecimento acadêmico sobre gestão ambiental e sobre competitividade
organizacional nos setores potencialmente poluidores, assim como evidenciar eventuais
diferenças existentes nas estratégias/ações ambientais das organizações. Recentemente, em
seu estudo Fauth (2008) afirmou também que existe em nível nacional pouca pesquisa sobre
o assunto e que literatura disponível precisa ser ampliada, permitindo aprofundar a
compreensão sobre as práticas organizacionais e sobre os modelos de gestão ambiental
sustentável.
O estudo de mercado realizado pelo SEBRAE/ESPM (2008) no setor de cerâmica
vermelha concluiu também que há necessidade de ampliar a pesquisa acadêmica sobre a
gestão ambiental das organizações e de propor de melhorias para os integrantes da cadeia
produtiva do setor de cerâmica vermelha. Afirmações semelhantes foram também apontadas
nos estudos de Ribeiro (2008).
21
As razões de ordem prática/gerencial são a necessidade das organizações
considerarem o impacto de suas operações no meio ambiente, a valorização dos aspectos
ambientais na percepção de stakeholders relevantes e os desafios enfrentados pelas
organizações do setor de cerâmica vermelha.
Nas últimas três décadas, em função de transformações ocorridas nos ambientes
legal e competitivo, organizações de vários setores de atividade foram pressionadas em
função do impacto de suas operações no meio ambiente. Essa pressão tornou a
gestão/responsabilidade ambiental uma questão estratégica, capaz de proporcionar vantagem
competitiva e de solucionar graves problemas ambientais enfrentados pelas organizações.
Hoje, as organizações do setor de cerâmica vermelha estão preocupadas em atender à
legislação ambiental cada vez mais rigorosa e em associar a responsabilidade socioambiental
à sua imagem de marca institucional.
Como pondera Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000), a abordagem ambiental
proposta dentro dos contornos do modelo de gestão ambiental requer o envolvimento de
técnicos e gestores/dirigentes das organizações para garantir melhor resultado e eficiência nas
aplicação das estratégias ambientais. Esses profissionais podem contribuir para elevar o acerto
na tomada de decisões ambientais e reduzir o tempo necessário para a implementação de
estratégias/projetos ligados à gestão/responsabilidade ambiental. No entanto, esses
profissionais precisam de conhecimento, informação e sensibilização para o assunto. Esse
pode ser também um dos benefícios proporcionados por este estudo.
Outro motivo prático deste estudo é a valorização dos aspectos ambientais na
percepção dos stakeholders, em particular dos clientes-alvo e da comunidade em geral. O
consumidor, como cliente final, é um stakeholder cada vez mais consciente das limitações dos
recursos ambientais e da necessidade de se promover desenvolvimento econômico
sustentável. Hoje, os clientes exigem no momento da decisão de compra um comportamento
ambiental mais correto das marcas/organizações e valorizam mais produtos ecológicos ou
marcas que ajudam o meio-ambiente (HOURNEAUX; HDLICKA, 2009). Sobre isso, Martins
(2008) destacou também que em um mundo globalizado, e extremamente competitivo, o
estrategista organizacional necessita compreender e considerar as expectativas ambientais de
seus stakeholders, caso queira agregar valor aos produtos/marcas comercializados.
Outro argumento prático/gerencial está ligado aos desafios enfrentados pela
Indústria de Cerâmica Vermelha em nível nacional, como os apontados por Pauletti (2001).
Hoje, esse setor necessita intensamente: de investimentos em novas tecnologias de produção
das cerâmicas vermelhas, de redução das substâncias nocivas/poluentes durante o seu
22
processo produtivo e de adequação das suas operações e produtos às exigências legais. Em
verdade, algumas organizações desse setor têm aparentemente problemas no atendimento à
legislação ambiental e carecem de consistência nos padrões de qualidade dos produtos, o que
prejudica a própria sustentabilidade do setor.
Diante disso, este estudo pode auxiliar a melhorar a compreensão sobre a prática
de gestão ambiental das organizações do setor e permitir a identificação de estratégias/ações
ambientais recomendáveis que associem a imagem das organizações com o conceito de
responsabilidade socioambiental.
1.4 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO
Este estudo tem o propósito de analisar a gestão ambiental em organização do
setor de cerâmica vermelha, localizada na cidade de Rio do Sul/SC, perante alguns públicosalvo relevantes. Para isso, o estudo foi delimitado com base nos critérios/fatores: conceitual,
espacial, temporal e campo de observação da pesquisa.
A
abrangência
conceitual
do
estudo
está
delimitada
ao
tema
gestão/responsabilidade ambiental e se restringe aos aspectos relacionados ao programa de
gestão/responsabilidade ambiental, à legislação ambiental brasileira aplicável ao setor de
cerâmica vermelha e as estratégias (projetos/diretrizes) de gestão/responsabilidade ambiental
de marcas/organizações com impacto nos públicos-alvo clientes e comunidade geral.
Quanto ao campo de observação, o estudo está delimitado ao setor de cerâmica
vermelha (conhecido também como "cerâmica estrutural") e, especificamente, à empresa
Cerâmica Princesa Indústria Comércio Ltda (ANEXO A contém foto panorâmica da
organização). Essa indústria pertence, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) (2012), ao ramo de atividade econômica denominado “transformação de materiais não
metálicos”. A escolha desse setor foi baseada no impacto ambiental potencial do processo
produtivo e na relevância social em nível nacional das organizações do setor. No Brasil, o
setor de cerâmica vermelha comercializa produtos como tijolos, blocos, telhas, elementos
vazados, lajes, lajotas, ladrilhos vermelhos, tubos e agregados leves (ANEXO B contém fotos
de alguns desses produtos). Conforme a Confederação Nacional da Indústria (CNI)/Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) (1998), esse setor produz cerca de 2,2 bilhões
de peças por mês, com produção concentrada principalmente nos estados de São Paulo, Rio
de Janeiro, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina. Movimenta aproximadamente 5 milhões
de toneladas de matéria-prima/mês, com grandes reflexos para o meio ambiente. Trata-se de
23
um setor com elevado significado social, que gera grande quantidade de empregos e que
fornece componentes essenciais para o setor de construção em geral.
Com relação à delimitação espacial, o estudo está delimitado ao Estado de Santa
Catarina, especificamente à região centro-oeste de Santa Catarina, um dos polos de cerâmica
vermelha do estado. O Estado de Santa Catarina está localizado na região Sul do Brasil, com
95,4mil km2, contém 293 municípios e população de 6,1milhões de habitantes. Segundo a
Secretaria do Estado da Ciência e Tecnologia, das Minas e Energia (SECTME) (1990), em
Santa Catarina, as indústrias de cerâmica vermelha estão concentradas em três regiões
principais: região Alto Vale do Itajaí (51,9% da produção), que compreende as cidades de Rio
do Sul e Tijucas; a região Sul, próximo à Criciúma (38,8%); e a região oeste do estado,
próximo à Chapecó (9,3%). O município de Rio do Sul, onde se localiza a empresa objeto
deste estudo, está situado na região Alto Vale do Itajaí, que tem população estimada em
50.000 habitantes e apresenta economia bastante diversificada, que inclui indústrias de
madeira, vestuário, produtos metal mecânicos, eletrônicos, alimentícios e cerâmicos.
(ANEXO C contém mapa de localização da cidade de Rio do Sul no Estado de Santa
Catarina).
Por fim, a amplitude temporal do presente estudo, que aponta a delimitação do
período de referência da coleta de dados, compreende os últimos 3 anos, ou seja: 2009, 2010 e
2011. Esse é período "boom" na construção civil nacional, com elevada demanda de produtos
de cerâmica vermelha e consequentemente o potencial de impacto sobre o meio ambiente;
além disso, considera-se que esse período é suficiente para analisar a prática de
gestão/responsabilidade ambiental da organização objeto de estudo.
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
A presente dissertação está estruturada em sete partes: a Introdução, o Referencial
Teórico, os Procedimentos Metodológicos, a Apresentação dos Resultados, as Considerações
Finais, Apêndices e Anexos.
O capítulo Introdução apresenta a breve contextualização do tema do estudo, o
problema
de
pesquisa,
os
objetivos
do
estudo
(geral
e
específicos),
as
justificativas/importância do trabalho (argumentações teóricas e prática/gerencial) e a
delimitação do estudo.
O Referencial Teórico que aborda os principais tópicos/teorias que fundamentam
o presente estudo e que o situa dentro da sua grande área de pesquisa. Ele aborda os
24
assuntos/tópicos: a) fundamentos de gestão ambiental (definições, importância e evolução
histórica), b) elementos do programa de gestão/responsabilidade ambiental, c) aspectos da
legislação ambiental no Brasil aplicáveis ao setor de cerâmica vermelha (segundo órgãos
reguladores), d) indicadores de gestão/responsabilidade ambiental Ethos, e) caracterização do
setor de cerâmica vermelha e seus potenciais impactos ambientais, f) estratégias (projetos e
diretrizes) de gestão/responsabilidade ambientais de marcas/organizações aplicáveis ao setor
de cerâmica vermelha (com impacto em clientes e comunidade geral).
O capítulo Procedimentos Metodológicos que descreve sobre as principais
procedimentos empregados no planejamento e na execução da pesquisa de campo e revela as
decisões relacionadas à abordagem do problema, as estratégias de pesquisa, ao horizonte de
tempo, à população/amostragem, aos métodos de coleta de dados, aos métodos de análise dos
resultados e ao cronograma estimado de execução da pesquisa de campo.
O capitulo Apresentação dos Resultados apresenta os dados coletados e as
análises efetuadas na parte empírica do presente estudo, e contém a breve descrição da
organização objeto de estudo, os resultados sobre entendimento das exigências ambientais,
entendimento da prática da gestão ambiental da organização, e o diagnóstico da prática de
gestão ambiental da Cerâmica Princesa.
Nas Considerações Finais contém a síntese dos resultados da pesquisa de campo
(incluindo: a prática da gestão ambiental da organização; expectativas de órgãos reguladores
e clientes; pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças da organização), recomendações de
melhoria para o setor de cerâmica vermelha, limitações do estudo e sugestões para futuros
estudos.
Os Apêndices, contém o protocolo de estudo de caso, os instrumentos de coleta
de dados utilizados.
E, por fim, nos Anexos estão fotos da vista aérea da organização e dos principais
produtos do setor de cerâmica vermelha; mapa de localização da cidade de Rio do Sul no
Estado de Santa Catarina; mapa dos municípios da região do alto Vale do Itajaí; Licença
Ambiental de Operação – LAO e certificados de conformidade de produto.
25
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo contém o referencial conceitual empregado na pesquisa de campo
necessária para a consecução do presente estudo. Ele aborda os seguintes assuntos:
fundamentos de gestão ambiental (definição, importância e evolução histórica), elementos do
programa de gestão ambiental, legislação ambiental aplicável ao setor de cerâmica vermelha,
indicadores de gestão ambiental do Instituto Ethos e estratégias de gestão ambiental aplicáveis
ao setor de cerâmica vermelha.
2.1 FUNDAMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL
A gestão ambiental não é um conceito novo nem mesmo uma necessidade social
recente. O ser humano necessitou sempre interagir de forma responsável com o meio
ambiente para evitar consequências que prejudiquem a sua própria sobrevivência, como
mudanças climáticas intensas e desastres ambientais de grande proporção (BATISTA, 2011).
Do ponto de vista empresarial, a gestão ambiental visa orientar à organização na redução de
impactos do processo industrial junto ao meio ambiente (DIAS, 2011). Ela busca promover o
desenvolvimento organizacional sustentável e evitar que os efeitos/impactos ambientais
provocados pela organização não ultrapassem a capacidade de absorção natural do meio
ambiente.
Segundo Epembaum (2004), a gestão ambiental compreende o processo
responsável pela identificação, avaliação, controle, monitoramento e redução de impactos
ambientais provocados pela organização. Para Vellani e Ribeiro (2008), a gestão ambiental
consiste no conjunto de tarefas/atividades, correlatas e inter-relacionadas, dirigidas à proteção
de ecossistemas, como fauna, flora, micro-organismos e ambiente natural. O termo Ecoeficiência tem sido empregado para designar a operacionalização da produção de determinado
bem ou serviço comercial sem a contaminação do meio ambiente e evitando o consumo de
recursos naturais de forma insustentável (VELLANI; RIBEIRO, 2008). Assim, a gestão
ambiental compreende atividades/tarefas como: tratamento de efluentes, reciclagem de
resíduos, aumento da eficiência no uso de insumos, obtenção de certificações ambientais,
promoção da educação ambiental e recuperação de ecossistemas afetados.
A gestão ambiental é aparentemente uma área de conhecimento bastante extensa.
O estudo dessa área envolve diversos temas, requer relacionado com várias outras áreas de
conhecimento e envolve geralmente a discussão integrada de diferentes pontos de vista
26
(implicações) da sociedade (BOSCHETTI; BACARJI, 2009). De acordo com (CORAZZA,
2003), a gestão ambiental em uma organização pode estar a cargo de uma pessoa/cargo, uma
área funcional ou de todos na organização e sua contribuição pode ocorrer em três esferas
organizacionais: na produtiva, na inovação e na estratégica.
Na esfera produtiva, a gestão ambiental auxilia no cumprimento de
regulamentações legais e na implementação de ações visando à manutenção, conformidade
ambiental e ao controle de sítios de produção, por exemplo. Na esfera da inovação, a gestão
ambiental pode contribuir na definição de projetos de novos produtos, na criação de novos
dispositivos da regulamentação e na avaliação eco-toxicológicas de novos produtos ou
tecnologias. Ao passo que na esfera estratégica a gestão ambiental pode ajudar na avaliação
de projetos de desenvolvimento organizacional e na identificação de restrições ambientais
emergentes, inclusive quanto a aspectos ligados à concorrência. É provável que a posição
hierárquica do responsável pela gestão ambiental afete o tipo e a intensidade dessa
contribuição (CORAZZA, 2003).
Na sociedade atual, a preservação do meio ambiente é um tema que tem crescido em
importância, tanto no âmbito do desenvolvimento econômico como tecnológico. Nas
discussões empresariais a necessidade de harmonizar o desenvolvimento industrial e a
preservação ecológica é cada vez mais evidente. Conforme Oliveira (2003), em vários
setores/ramos de atividade a sustentabilidade ambiental é hoje vista como elemento
indispensável ao desenvolvimento sustentável da organização e há preocupação com o bem
estar das futuras gerações de consumidores. Para Hourneaux, Barbosa e Katz (2004), mesmo
com diferentes níveis de intensidade, as empresas estão cada vez mais preocupadas com
aspectos relacionados à gestão ambiental, incluindo o tratamento de efluentes, a reciclagem de
resíduos e o aumento da eficiência no consumo de insumos.
Segundo Oliveira (2003), a preocupação das empresas com o meio ambiente é
provenientes de diferentes fatores, incluindo elevado aumento demográfico, ocorrência de
grandes acidentes ambientais, redução da camada de ozônio e cobrança da sociedade sobre a
responsabilidade ambiental das empresas.
Um fator importante que impulsionou a gestão ambiental nas organizações foi a
regulamentação internacional dos padrões de qualidade ambiental (ALCÂNTARA;
ALCÂNTARA, 2005). A criação dessas normas, como a International Organization for
Standardization (ISO) 14.000, gerou mudanças relevantes na prática de gestão ambiental de
diversas empresas que atuam em mercados internacionais e a responsabilidade ambiental
27
passou a ser vista como elemento de sobrevivência das empresas interessadas em exportar,
inclusive sendo incorporada à missão e/ou visão corporativa de várias empresas.
Segundo Prado (2009), a gestão ambiental é hoje um tema de debate nas
organizações e tem sido usada como elemento da estratégia competitiva em nível nacional. A
gestão ambiental possibilita à empresa obter, no médio prazo, vantagem competitiva
sustentável, redução nos custos de produção, melhoria na imagem da organização e acesso a
mercados-alvo mais exigentes (TACHIZAWA, 2002). Gilley et al. (2000) estudaram a
influência da gestão ambiental no desempenho da empresa e concluíram que iniciativas
ambientais causam efeitos positivos na reputação da organização, por exemplo.
Em muitas organizações, a prática de gestão ambiental se restringe ainda ao
atendimento da legislação ambiental, principalmente relacionada ao controle de emissão de
substâncias poluentes, à eliminação de resíduos, ao uso de substâncias tóxicas e ao volume de
água consumida e esgoto gerado (ALBUQUERQUE et al., 2009; DIAS, 2011). De acordo
com Albuquerque et al. (2009), os principais fatores impulsionadores da gestão ambiental nas
organizações são: a legislação ambiental, a necessidade de eficácia nos custos de produção, a
necessidade de preservação da imagem da organização a e a pressão de movimentos
ambientais. Barbieri (1997) recomenda que a gestão ambiental das empresas deve se orientar
pela legislação ambiental vigente e pela necessidade de obtenção do desenvolvimento
organizacional sustentável.
O
interesse
econômico
pode
ser
conciliado
com
o
desenvolvimento
organizacional sustentável (ALCÂNTARA; ALCÂNTARA, 2005). Uma prova disso é a
proliferação das empresas "verdes” bem sucedidas, tanto em nível internacional como
nacional, empresas que incorporaram a preocupação com o meio ambiente no dia a dia dos
negócios. Em verdade, a gestão ambiental pode gerar diversos benefícios à organização,
incluindo (DONAIRE, 1994; MAIMON, 1994; ROOME, 1994; PORTER; VAN DER
LINDE, 1995; SHRIVASTAVA 1995): a melhoria na eficiência produtiva, a minimização da
quantidade de resíduos, o desenvolvimento de tecnologias limpas, o desenvolvimento de
produtos para novos mercados, a melhora na imagem pública e a melhoria nas relações com
clientes, órgãos governamentais e comunidade. É provável que possa gerar também melhorias
nas condições de segurança/saúde dos trabalhadores e elevar o comprometimento dos
funcionários da organização.
A preocupação com o meio ambiente tem evoluído consideravelmente ao longo
do tempo. Aparentemente, ela surgiu na ideológica de grupos ecologistas que rejeitaram
mudanças nos padrões de consumo e no comportamento da sociedade (VALLE; LAGE,
28
2003). Em 1950, a preocupação com o meio ambiente se intensificou em função das notícias
sobre a queda na qualidade de vida das pessoas, a intensificação do processo de
industrialização, o surgimento de doenças provenientes da profissão e a contaminação das
atividades de mineração (VALLE; LAGE, 2003).
Em nível mundial, um marco relevante da preocupação ambiental foi o relatório do
Clube de Roma, denominado "The Limits to Growth", elaborado por técnicos do
Massachusetts Institute of Technology/MIT em 1960 (BOSCHETTI; BACARJI, 2009). Nessa
década, a questão ambiental começou a ser discutida no Brasil, principalmente em função do
processo de industrialização e do aumento da população nas regiões mais industrializadas,
como Cubatão, Volta Redonda e ABC Paulista (ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO,
2000).
Em 1972, com a Conferência de Estocolmo, o assunto foi mundialmente discutido
e diversos programas governamentais foram criados. Na época surgiram várias organizações
não governamentais (ONGs) especializadas no assunto, como a Greenpeace. Em 1973, o
governo brasileiro criou a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), a Companhia de Tecnologia
de Saneamento Ambiental (CETESB) em São Paulo e o Conselho Estadual de Proteção
Ambiental (CEPRAM) na Bahia. Desde então, vários órgãos ambientais foram criados para
controlar a poluição industrial e fiscalizar os impactos ambientais decorrentes do processo
industrial (DIAS, 2011).
Na década de 80, várias conferências bienais foram realizadas e diversos
programas ambientais importantes foram criados, como o "Responsible Care Program" do
Canadá e o "Destino da Terra" (VALLE, 2002). Esses programas promoveram atitudes
proativas na sociedade em relação ao meio ambiente e disseminaram a busca constante por
melhorias ambientais, a antecipação da legislação ambiental e a inclusão da visão sistêmica na
discussão do tema, que incluiu aspectos ligados à segurança e saúde ocupacional.
Outro momento importante na história da preocupação com o meio ambiente foi o
relatório da Comissão Brundtland (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento) apresentado à Assembleia Geral da ONU em 1987. Esse relatório
oficializou o conceito de desenvolvimento sustentável, apontou os impactos das atividades
industriais no meio ambiente e promoveu a conciliação das necessidades/interesses
empresariais, sociais e ambientais. Ele trouxe a visão do crescimento econômico sustentável e
mostrou como a qualidade ambiental poderia ser alcançada através de boas práticas de gestão
organizacional (DIAS, 2011).
29
No Brasil, a Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM) criou nos
anos 80 o "Programa de Atuação Responsável", considerada na época a mais importante
iniciativa do setor empresarial na área socioambiental (ABIQUIM, 2004). O programa foi
estruturado contendo seis grandes áreas/unidades de gestão ambiental: princípios diretivos,
códigos de práticas gerenciais, comissões/lideranças executivas, conselhos comunitários
consultivos, avaliação de progresso e difusão na cadeia produtiva.
Nas décadas de 1970 e 1980, alguns acidentes ambientais relevantes ampliaram a
discussão do tema em nível internacional. Houve o desastre de Seveso, na Itália, o de Bophal,
na Índia, o de Chernobyl, na antiga União Soviética, o da Basiléia, na Suíça, e o do Alasca
com o petroleiro Exxon Valdez. Em todos esses acidentes foram identificadas causas ligadas à
falha humana e a procedimentos de segurança não cumpridos ou não estabelecidos (VALLE;
LAGE, 2003). A degradação da camada de ozônio foi também reconhecida nessa época.
Na década de 90, a discussão ambiental envolveu a otimização do processo
produtivo, a criação das normas regulatórias internacionais (ex: ISO 14.000), o
desenvolvimento da Carta da Terra e da Agenda 21. Nessa época, o Protocolo de Kyoto no
Japão, um tratado internacional negociado entre as nações mundiais, foi também estabelecido.
Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, a Rio 92, foi outro marco mundial relevante. Na ocasião, vários
documentos foram desenvolvidos e outros protocolos importantes foram firmados, entre eles a
Agenda 21, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Convenção da
Biodiversidade, a Convenção do Clima e a Declaração de Princípios sobre Florestas, todos
preocupados em harmonizar o desenvolvimento econômico e a preservação do meio
ambiente.
Atualmente, a sociedade mundial está mais consciente da importância da
preservação do meio ambiente e grande número de organizações valorizam a gestão
ambiental, reconhecendo os efeitos nocivos de determinados produtos (e processos
industriais) ao meio ambiente. Conforme Nascimento, Lemos e Mello (2008), a gestão
ambiental deixou de ser vista apenas como um tema problemático e passou a ser parte da
solução de problemas de credibilidade e competitividade nas organizações.
2.2 COMPONENTES DA GESTÃO AMBIENTAL
Hoje, as empresas (e suas marcas/produtos) são avaliadas pela sociedade em
função do nível de responsabilidade com o meio ambiente. Essa avaliação acontece no âmbito
30
de órgãos reguladores, organizações não governamentais, entidades financiadoras,
fornecedores de seguros, consumidores/clientes e comunidade em geral (NICOLELLA,
2004). Aspectos relacionados ao meio ambiente são também discutidos no âmbito da ciência,
educação, política, tecnologia e da gestão empresarial. Por isso, Xavier (2003) afirma que as
empresas que não adotarem medidas ambientais adequadas em seus processos de produção
enfrentarão no futuro graves dificuldades de mercado.
Recentemente, Dias (2011) alertou que nas empresas predomina ainda a postura
ambiental reativa, com políticas e investimentos ambientais apenas corretivos e limitados à
solução de problemas emergenciais. As empresas precisam ter postura ambiental proativa,
com política ambiental agressiva, planejamento prévio, medidas preventivas e gestão
ambiental adequada. Essa postura ambiental proativa requer um Sistema de Gestão Ambiental
(SGA) eficaz. A figura 1 apresenta os componentes básicos de um Sistema de Gestão
Ambiental, aplicável para empresas de diferentes portes e setores/ramos de atividade. Um
SGA compreende a formulação de políticas de gestão ambiental, o planejamento/diagnóstico
da situação ambiental da empresa, a organização do programa de ações ambientais, a
implementação desse programa e a criação de mecanismos de controle/monitoramento do
processo de gestão ambiental da empresa.
Figura 1 - Elementos do sistema de gestão ambiental (SGA)
Fonte: Kraemer (2003).
A política ambiental é a primeira etapa na estruturação de um SGA eficaz
(KRAEMER, 2003). Ela compreende a definição da posição (postura, atitude) da empresa em
relação aos assuntos do meio ambiente e inclui o conjunto de diretrizes e normas que norteiam
31
as ações ambientais da empresa. Ela deve refletir o comprometimento da empresa com o meio
ambiente e o desenvolvimento sustentável.
Um SGA requer também planejamento e organização adequados. O
planejamento inclui a avaliação antecipada dos elementos ambientais afetados pela empresa e
a identificação de mecanismos/ações para reduzir ou eliminar os impactos da empresa sobre o
meio ambiente. Alguns exemplos desses impactos são: poluição do ar, resíduos orgânicos
industriais e uso de insumos não renováveis. A etapa de organização envolve a definição de
procedimentos adequados para identificação dos impactos ambientais relevantes e para
execução das diretrizes ambientais constantes na política ambiental da empresa. A gestão
ambiental requer a avaliação dos impactos ambientais potenciais e o estabelecimento de
objetivos, metas, estratégias e ações ambientais a serem implementadas pela empresa.
Na implementação envolve a alocação dos recursos humanos, materiais,
tecnológicos e financeiros necessários na execução do programa ambiental definido pela
empresa. Esta etapa inclui geralmente a conscientização de gestores e colaboradores sobre a
política ambiental e o programa ambiental da empresa. Além disso, deve incluir também o
estabelecido dos procedimentos de comunicação interna e interação das diferentes
áreas/funções envolvidas no atendimento dos requisitos da legislação ambiental.
O SGA requer ainda controle e acompanhamento adequados. Esta etapa envolve
a adoção de procedimentos de verificação e controle das ações ambientais a serem
implementadas pela empresa e o estabelecimento das medidas corretivas necessárias. Os
procedimentos de verificação, identificação de não conformidades e adoção de medidas
corretivas (ou preventivas) devem ser devidamente documentados. Auditorias periódicas do
Sistema de Gestão Ambiental da empresa devem também ser realizadas.
A estruturação de um SGA eficaz depende do entendimento prévio do
propósito/intenções da empresa e do nível de comprometimento da direção (NICOLELLA,
2004). A empresa deve discutir antecipadamente as reais intenções e benefícios esperados do
SGA e para isso palestras de conscientização e reuniões de discussões são necessárias entre
dirigentes e gestões da empresa.
Hunt e Auster (1990) classificam os programas de gestão ambiental das
organizações em cinco estágios de desenvolvimento. Estágio 1 (um) são as empresas não
possuem programas ambientais ou que realizam apenas ações pontuais, com orçamento
reduzido. No estágio 2 (dois) estão as empresas que dispõe um pequeno staff de executivos
que participa das discussões ambientais, mas de forma centralizada e atuando apenas na
resolução de crises. No estágio 3 (três) aparecem as empresas que não possuem programas
32
proativos e cuja área funcional responsável pelo meio ambiente não possui influência nem
autoridade suficientes. As empresas do estágio 4 (quatro) são aquelas que se dedicam
efetivamente ao gerenciamento de problemas ambientais, que realizam algumas ações
periódicas de educação ambiental e cuja área funcional responsável pelo meio ambiente tem
pessoas experientes, com autoridade e recursos necessários. No estágio 5 (cinco) estão
aquelas que possuem programas ambientais disseminados por toda a empresa, funcionários
conscientizados, com as informações e responsabilidade necessárias, aquelas que monitoram
continuamente as suas ações ambientais e que são rápidas na resolução de problemas.
Rondinelli e Vastag (2000) desenvolveram proposta de tipologia de políticas
ambientais, que resulta da combinação de riscos ambientais exógenos e endógenos (vide
figura 2). Segundo essa proposta, as políticas ambientais das empresas podem ser
classificadas como reativa, proativa, estratégico e prevenção a crises.
Figura 2 - Políticas ambientais
Fonte: Rondinelli; Vastag (2000).
Uma política ambiental é reativa quando o gerenciamento ambiental obedece
apenas a regulamentos locais, envolve pouca emissão de poluição e afeta pequeno número de
pessoas. A política ambiental é proativa quando a gestão ambiental é descentralizada, envolve
tecnologias e/ou processo industrial com elevado nível de poluição e condições climáticas (ou
de infraestrutura ambiental) sem graves implicações. A política ambiental é estratégica
quando adota diretrizes relevantes para prevenção/redução de danos ambientais e a
administração ambiental é parte importante da estratégia empresarial da organização. A
política ambiental é prevenção a crise quando a poluição acontece indiretamente, não envolve
grandes volumes de substâncias perigosas, há tecnologias e/ou processos para prevenir
33
situações de crise e tem campanhas de educação para esclarecer aspectos de segurança e
perigos potenciais.
Mais recentemente, Lee e Rhee (2007) classificaram as estratégias ambientais em
reativas, focadas, oportunistas e proativas. Estratégias reativas são aquelas cujas áreas de
decisão têm baixo nível de responsabilidade ambiental, ignoram frequentemente os problemas
ambientais e estão direcionadas apenas para controles de poluição e conformidade com
regulamentos. Estratégias focadas compreendem aquelas direcionadas para limitadas áreas
dentro da organização e cujos recursos alocados requerem elevado nível de gerenciamento
ambiental. Estratégias oportunistas são aquelas que envolvem simultaneamente diversas áreas
funcionais de decisão, mas a dedicação ao gerenciamento ambiental não ocorre em todas as
áreas com a mesma intensidade. Ao passo que, as estratégias proativas são aquelas que levam
em conta os problemas ambientais em todas as áreas funcionais de decisão e refletem práticas
ambientais consideradas avançadas.
2.2.1 As normas ISO 14000
A certificação ISO 14000 pode ser componente estratégico da gestão ambiental da
organização (TACHIZAWA, 2005). A ISO 14000 compreende a família de normas
internacionais que padroniza os procedimentos de identificação, ação e controle do impacto
ambiental da empresa, estabelecendo um conjunto de ferramentas/sistemas de gestão
ambiental a serem aplicados (DIAS, 2011). Essas normas são desenvolvidas e controladas
pela International Organization for Standardization (ISO), organização não governamental
sediada em Genebra/Suíça, em 1947, com propósito de normalização da qualidade e da
eficácia da relação entre a empresa e o meio ambiente.
As normas ISO 14000 abordam sistemas de gestão ambiental, auditorias
ambientais, rotulagem ambiental, avaliação de desempenho ambiental e avaliação de ciclo de
vida da empresa. A norma brasileira (NBR)-ISO 14001:2004, por exemplo, trata do sistema
de gestão ambiental e contém requisitos e orientações necessários para a sua aplicação. Ela é a
norma que orienta a preparação da empresa para a certificação ISO 14000, sendo considerada
o eixo central dessas normas ambientais internacionais (DIAS, 2011). Outros exemplos são a
NBR-ISO 14004, que contém as diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de
apoio para aplicação do sistema de gestão ambiental, e a NBR-ISO 14015, que aborda
avaliações ambientais de localidades e organizações.
34
O propósito da International Organization for Standardization é proporcionar
confiabilidade e eficácia ao processo de produção de bens e serviços, introduzir mecanismos
de melhoria constante do desempenho ambiental das empresas e facilitar o comércio
internacional entre as organizações. Embora a sua adoção seja voluntária, existem atualmente
mais de 100 países que exigem dos fornecedores o cumprimento dessa regulamentação dos
padrões de qualidade ambiental (KRAEMER 2003).
Quanto implementada adequadamente, a ISO 14000 pode proporcionar vários
benefícios (GOETHE, 2011). Ela proporciona: melhora na imagem da empresa, redução de
barreiras nos mercados internacionais, reforço da confiança junto aos clientes, redução dos
gastos com eletricidade, água, combustível e matérias-primas. A ISO 14000 proporciona
também ganhos com o tratamento de emissões, descargas e planos de redução de resíduos;
permite a obtenção de pontos em editais de compras públicas, a diminuição no valor de
determinados seguros contratados e a melhora a motivação da equipe de funcionários.
De acordo com Grummt Filho e Watzlawick (2008), a ISO 14001 inspira a
criatividade ambiental de todos os membros da organização, tornando-os agentes ativos da
proteção ambiental, da conservação de recursos e da melhoria da eficiência organizacional.
Para Abreu (2010), a ISO 14000 proporciona diminuição nos impactos ambientais e melhora
a padronização das ações ambientais da organização. Um sistema de gestão ambiental pode
ser empregado com propósito de melhorar o atendimento da regulamentação ambiental, elevar
a produtividade industrial e obter vantagem competitiva sustentável. De fato, com a
disseminação da ISO 14000, a consciência ambiental das empresas tende a aumentar, assim
como a existência de sistemas de gestão ambiental estruturados e, consequentemente, a
conformidade das empresas com a legislação ambiental.
A aplicação da ISO 14001 é intencionalmente flexível e pode ser utilizada tanto
por empresas pequenas como organizações multinacionais. No Brasil, o Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) é o órgão responsável pela certificação e
fiscalização das normas ISO 14000. Em nível nacional existem cerda de 240 empresas
certificadas e há tendência é de crescimento no número de certificações (ABREU, 2010). No
Estado de Santa Catarina não há registro de empresas produtoras de cerâmica vermelha com
certificação ambiental ISO 14001 (INMETRO, 2012).
35
2.3 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO APLICÁVEIS AO SETOR DE CERÂMICA
VERMELHA
A resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA), publicada no
Diário Oficial do Estado (DOE) nº 18.359 de 13/05/2008, DOE nº 18489 de 14/11/2008, DOE
n. 18755 de 18/12/2009 e DOE nº 19146 de 08/08/2011 (SANTA CATARINA, 2008, 2009,
2011), apresenta a listagem das atividades industriais consideradas potencialmente causadoras
de degradação ambiental. Nessa listagem estão incluídas as atividades de extração de
minerais, escavação de lavra a céu aberto, de produção de artigos minerais não metálicos e a
fabricação de telhas, tijolos e outros artigos de barro.
O setor de cerâmica vermelha é legalmente considerado como potencial causador
de degradação ambiental. Nele há possibilidade de uso inadequado de recursos naturais na
extração de matéria-prima, de esgotamento de recurso naturais e de rejeitos lançados ao solo,
por exemplo. Além disso, grande parte das empresas desse setor são organizações de porte
pequeno, possuem processo produtivo com procedimentos arcaicos e usa lenha/madeira no
processo de queima dos produtos comercializados. Ademais, conforme Silva (2007), esse
setor não tem conseguido reduzir as suas perdas produtivas, nem melhorar a produtividade e
qualidade do seu produto final. O processo de produção desse setor requer licenciamento
ambiental e requerimento de lavra.
2.3.1 Licenciamento ambiental
Atualmente, toda atividade econômica em nível nacional requer licenciamento
ambiental, principalmente aquelas que apresentam extração de recursos naturais,
processamento industrial e descarte de resíduos que afetam os sistemas ecológicos (FATMA,
2012). Conforme a Lei Federal 6939/81 e a Resolução do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) 237/97 (BRASIL, 1997), o licenciamento ambiental é o procedimento
administrativo, realizado por órgão ambiental competente, que envolve a autorização para
instalação, ampliação, modificação e operação de atividades e empreendimentos que utilizam
recursos naturais ou que possam causar degradação ambiental.
Conhecida como Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei Federal nº 6.938 de
1981 (BRASIL, 1981) é marco relevante na introdução de avaliações de impacto ambiental
em nível nacional (DIAS, 2001). A Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) envolve a
36
identificação dos elementos necessários ao Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da empresa e
norteia as medidas de proteção ao meio ambiente que precisam ser implementadas (DIAS,
2001).
Em Santa Catarina, a Fundação do Meio Ambiente (FATMA), localizada em
Florianópolis/SC, é o órgão ambiental responsável pela concessão de licenciamento
ambiental. O licenciamento ambiental tem procedimentos distintos, conforme o estágio do
empreendimento/obra a ser licenciada. A Licença Ambiental Prévia (LAP) é uma espécie de
consulta de viabilidade para construção de determinada obra em dado local. A Licença
Ambiental de Instalação (LAI) compreende a autorização para começar a obra e requer a
apresentação do projeto físico e operacional da obra, com todos os detalhes de engenharia
necessários para atender às condições/restrições impostas pela LAP. A Licença Ambiental de
Operação (LAO) envolve a vistoria realizada ao final da obra pelo órgão ambiental, visando
verificar se o empreendimento foi construído de acordo com o projeto licenciado. Há também
o procedimento de Estudos de Impacto Ambiental (EIA), um diagnóstico detalhado das
condições ambientais da área de influência de determinado projeto antes da implantação,
considerando solo, subsolo, ar, águas, clima, formas de vida, ecossistemas naturais e meio
socioeconômico. O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA) é o documento que
apresenta as conclusões desse estudo, em linguagem acessível à comunidade, incluindo
vantagens e desvantagens ambientais, sociais e econômicas proporcionadas pela obra
(FATMA, 2012).
Quando há avanços na tecnologia empregada, mudanças significativas no
processo produtivo ou modificações nas condições ambientais, o processo de licenciamento
ambiental da empresa deve ser atualizado, readequando-se aos planos de controle e
parâmetros fixados pelos órgãos ambientais (Decreto Estadual nº857/79, Art. 7º, § 2º).
Quando há exploração de recursos minerais, a recuperação do meio ambiente degradado é
necessária, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, que em seu art. 225, § 2º
declara: "Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão competente, na forma da lei”.
A atividade de mineração pode também configurar atentado à vegetação em Áreas
de Preservação Permanente ou em Reserva Legal, conforme Código Florestal, Lei i nº 12.651,
de 2012. (BRASIL, 2012), revogada. Os desmatamentos sem autorização prévia e
compromisso de recuperação do dano ambiental podem configurar também crime ambiental
(BRASIL, 1998 - Lei 9.605/98). Tanto as áreas que contém argila extraída como os processos
de produção industrial requerem licenciamento ambiental e a apresentação de propostas de
37
remediação dos locais degradados. Nessa proposta, a empresa deve apresentar detalhes sobre
as ações a serem implementadas e a estabilização ambiental das áreas degradadas (FATMA,
2012).
2.3.2 Requerimento de lavra
No Brasil, conforme Artigo 7º do Decreto no 98.812/90, o Requerimento de Lavra
é necessário para pessoa física e jurídica que pretende realizar extração de minerais ou que
atua no setor de mineração (BRASIL, 1989). O Departamento Nacional da Produção Mineral
(DNPM), autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia, é o órgão responsável pela
autorização e fiscalização da exploração e aproveitamento de recursos minerais, atuando em
articulação com os demais órgãos responsáveis pelo meio ambiente (MACHADO, 2006).
A Lei Nº 6567, de 24/09/1978, Diário Oficial da União (DOU) de 26/09/1978,
que dispõe sobre o regime de exploração e aproveitamento de substâncias minerais, descreve
as providências necessárias à concessão e autorização desse licenciamento (BRASIL, 1978).
O requerimento de lavra permite o aproveitamento de substâncias minerais empregadas na
construção civil, como argila vermelha, calcário para corretivo de solos, areia na indústria de
transformação; feldspato, gemas, pedras decorativas e mica. A documentação de requerimento
de lavra deve ser preparada por profissional especializado (geólogo ou engenheiro de minas),
analisada pelo DNPM e, se aprovada, permite a emissão de Alvará de Autorização para
pesquisa ou exploração de recursos minerais.
No caso de pessoa jurídica, o processo de outorga da concessão de lavra requer
documentos/informações específicos (DNPM, 2012). O processo necessita de: razão social da
empresa, número de registro no órgão de registro de comércio competente, endereço e número
de inscrição no Cadastro Geral dos Contribuintes; a designação das substâncias a serem
pesquisadas ou exploradas, a indicação da extensão superficial da área (em hectares),
incluindo município e estado em que se situa; o memorial descritivo da área pretendida, a
planta de situação, o plano dos trabalhos de pesquisa, o orçamento previsto e cronograma de
execução.
A permissão do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) tem
validade até cinco anos, podendo ser sucessivamente renovável. O título é pessoal, embora
possa ser transmissível para quem satisfaça os requisitos legais estabelecidos. A área
permitida para extração não pode excede 50 hectares, salvo quando outorgada à cooperativa
38
de garimpeiros. Além disso, o documento não permite o aproveitamento de substâncias
minerais protegidas por monopólio, como petróleo, gás natural e substâncias minerais
radioativas (DNPM, 2012).
2.4 INDICADORES DE GESTÃO AMBIENTAL ETHOS
Conforme Carpes, Ensslin e Ensslin (2006), três modelos relevantes aplicados no
Brasil na avaliação empresarial ambiental são a Global Reporting Initiative (GRI), o Instituto
Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas (IBASE) e o Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social (Instituto Ethos). O modelo sugerido pelo Instituto Ethos é o que
mais se aproxima ao propósito do presente estudo, em função da amplitude dos
indicadores/critérios empregados e da aplicabilidade ao setor de cerâmica vermelha.
Conforme Grajew (2002), os Indicadores Ethos contém com abrangência e profundidade os
critérios/indicadores
necessários
para
medir
adequadamente
a
responsabilidade
socioambiental no contexto organizacional.
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização sem
fins lucrativos, caracterizada como de sociedade civil e de interesse público (OSCIP), cuja
missão é "mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma
socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e
sustentável" (ETHOS, 2012). Criado em 1998 por um grupo de empresários e executivos da
iniciativa privada, o Instituto Ethos é um polo de organização de conhecimento, troca de
experiências e desenvolvimento de ferramentas para auxiliar as empresas a analisar suas
práticas de gestão e aprofundar seu compromisso com a responsabilidade social e o
desenvolvimento sustentável (PEREIRA, 2009).
O Instituto Ethos publica anualmente os Indicadores Ethos de Responsabilidade
Social Corporativa que servem como instrumento de avaliação e aprendizagem das empresas.
Os Indicadores são mensurados através de questionário e estão divididos em sete temas/áreas:
Valores, Transparência e Governança; Público interno; Meio ambiente; Fornecedores;
Consumidores e clientes; Comunidade; Governo e sociedade. Cada tema é analisado sob três
aspectos/ângulos diferentes: avaliação do estágio atual da empresa, validação/aprofundamento
do estágio de responsabilidade social e parâmetros quantitativos. Para efeito deste estudo,
serão considerados apenas os indicadores relacionados ao tema meio ambiente, que serão
apresentados adiante.
39
Os Indicadores Ethos podem subsidiar o estabelecimento de estratégias e a
definição de metas para a sustentabilidade no contexto empresarial. A partir da aplicação da
ferramenta, a empresa recebe um relatório de diagnóstico com o desempenho obtido e
visualiza as ações necessárias para avançar na gestão ambiental responsável.
Atualmente, o Instituto Ethos está promovendo a reformulação dos seus
indicadores de responsabilidade socioambiental empresarial por meio de um processo
participativo e o resultado dessa mudança dará origem aos Indicadores Ethos de 3ª Geração
(ETHOS 2012b). Essa nova geração terá conteúdo atualizado, considerando as discussões da
Rio+20 e incorporando o aprendizado obtido com as experiências realizadas no âmbito do
Programa Latino-Americano de RSE (PLARSE). Os Indicadores Ethos de 3ª Geração
contarão também com um novo sistema de preenchimento online das informações, que
melhor auxiliará o estabelecimento e acompanhamento das ações de responsabilidade social e
ambiental.
O presente estudo empregará apenas os indicadores relacionados à gestão
ambiental do Instituto Ethos da versão 2012, que corresponde aos Indicadores Ethos de 2ª
Geração e que é constituído de 2 (duas) dimensões de desempenho (ETHOS, 2012a). A
primeira dimensão é a "Responsabilidade com as Futuras Gerações", cujos indicadores são:
"Compromisso com a Melhoria da Qualidade Ambiental" (Indicador 20) e o "Educação e
Conscientização Ambiental" (Indicador 21). A segunda dimensão é o "Gerenciamento do
Impacto Ambiental", cujos indicadores são: "Gerenciamento dos Impactos no Meio Ambiente
e do Ciclo de Vida de Produtos e Serviços" (Indicador 22), "Sustentabilidade da Economia
Florestal" (Indicador 23) e "Minimização de Entradas e Saídas de Materiais" (indicador 24).
Cada um desses indicadores contém um conjunto de parâmetros que auxiliam na mensuração
do provável desempenho da gestão ambiental da organização diagnosticada.
O indicador "Compromisso com a Melhoria da Qualidade Ambiental"
mensura o tratamento dado ao impacto ambiental resultante das atividades da empresa.
Verifica se no desenvolvimento de negócios e produtos a empresa leva em consideração os
princípios de sustentabilidade ambiental. Os parâmetros deste indicador são:
 existência de política ambiental formal e conhecida dos empregados;
 responsável pela área ambiental participa das decisões estratégicas;
 participação em comitês/conselhos locais na discussão de questão ambiental;
 preservação da biodiversidade por meio de projetos de conservação e proteção;
40
 política de não utilização de insumos provenientes de exploração ilegal;
 mapeamento e análise sistêmica da melhoria da qualidade ambiental.
O indicador "Educação e Conscientização Ambiental" mensura a contribuição
da empresa para conscientização da população sobre os desafios ambientais da atividade
humana e valores de responsabilidade ambiental. Verifica existência de campanhas de
conscientização ambiental e participação em projetos educacionais em parceria com
organizações não governamentais e ambientalistas. Os parâmetros deste indicador são:
 campanhas internas de redução do consumo de água;
 campanhas internas de redução do consumo de energia;
 campanhas internas de educação com base nos 3 Rs (reduzir, reutilizar e
reciclar);
 campanhas internas de educação para consumo consciente (consumidor
consciente).
O indicador "Gerenciamento dos Impactos no Meio Ambiente e do Ciclo de
Vida de Produtos e Serviços" mensura o gerenciamento do impacto ambiental causado pelos
processos e produtos da empresa. Verifica o sistema de gestão ambiental, os estudos de
impacto realizados na cadeia produtiva, a parceria com fornecedores para a melhoria da
gestão ambiental e a participação na destinação final de produtos/processos pós-consumo. Os
parâmetros deste indicador são:
 plano de emergência ambiental e empregados treinados para enfrentar
situações emergenciais;
 sistema de monitoramento da qualidade ambiental da logística e gestão de
frota;
 programa de gerenciamento de resíduos com a participação do cliente;
 informação aos clientes sobre os danos ambientais causados pelo uso e descarte
dos produtos;
 discussão
com
empregados,
consumidores,
clientes,
fornecedores
e
comunidade sobre os impactos ambientais causados por seus produtos ou
serviços;
41
 contratação de fornecedores com boa conduta ambiental;
 uso de certificações ambientais (ex: ISO14001).
O indicador "Sustentabilidade da Economia Florestal" mensura a contribuição
da empresa para a conservação de florestas, o combate a exploração ilegal (e predatória) e a
preservação da biodiversidade. Verifica se os insumos madeireiros e florestais utilizados pela
empresa nas instalações e/ou nos produtos possuem certificado de origem e/ou da cadeia de
custódia (documentação da história cronológica das evidências). Os parâmetros deste
indicador são:
 monitoramento da origem ou cadeia de produção dos insumos utilizados
(madeireiros e florestais);
 incentivo a fornecedores que buscam a certificação florestal;
 uso de fornecedores engajados na busca da sustentabilidade florestal.
O indicador "Minimização de Entradas e Saídas de Materiais" mensura
esforços para redução/prevenção de danos ambientais e para otimização dos processos da
empresa. Verifica o nível de sustentabilidade ambiental da empresa por meio de estratégias de
reutilização e compensação ambiental do sistema produtivo. Os parâmetros deste indicador
são:
 utilização de fontes de energia renovável;
 controle da poluição causada por veículos a serviço da empresa;
 sistema de monitoramento da eficiência energética;
 sistema de monitoramento do consumo de água;
 sistema de monitoramento da geração de resíduos sólidos;
 sistema de monitoramento da emissão de CO2 e outros gases na atmosfera.
Em nível nacional, há diversos estudos envolvendo a aplicação dos indicadores
Ethos na avaliação empresarial ambiental
(CARPES, ENSSLIN e ENSSLIN, 2006;
AGUIAR et al., 2009). Os estudos mostram que as empresas com operações/projetos
ambientais tendem a proporcionar maior segurança aos seus investimentos e aos investidores,
principalmente quando são alvos de criticas e especulações da sociedade. Além disso, as
empresas que investem no desenvolvimento sustentável têm foco no longo-prazo, maior
42
acesso a financiamentos, melhor governança corporativa, valorização da marca e ganhos em
eficiência operacional.
2.5 ESTRATÉGIAS DE GESTÃO AMBIENTAL APLICÁVEIS AO SETOR DE
CERÂMICA VERMELHA
As estratégias ambientais podem, no médio prazo, reduzir o custo de produção e
agregar valor a determinados produtos ou marcas (PORTER; VAN DE LINDE, 1995a). Elas
tendem a permitir que dada variedade de insumos seja utilizada de maneira mais eficiente,
com maior produtividade; podem criar novas oportunidades de negócios, possibilidades de
diferenciação nos produtos e acesso a novos clientes/mercados. Quando aplicadas
adequadamente as estratégias de gestão ambiental podem também tornar a empresa mais
competitiva perante seus concorrentes (DUAN; GAUTHIER; SIMONATO, 2004).
Segundo Brunstein e Buzzini (1998), as estratégias ambientais, conhecidas
também como eco estratégias, são o conjunto de mecanismos empregados pelo sistema de
gestão ambiental da organização para atender exigências ambientais legais e promover o
desenvolvimento sustentável da organização. Esses autores as classificaram em estratégias
“proativas”, “ativas” e “reativas”. As eco estratégias “proativas” são aquelas que elevam a
competitividade da organização, marcas e produtos; que ajudam no aproveitamento de
oportunidade de negócios e/ou que são empregadas em função de decisões de planejamento
estratégico corporativo e da consecução de objetivos estratégicos da organização.
As eco estratégias “ativas” são aquelas relacionadas à medidas de prevenção e
incluem o desenvolvimento de processos mais eficientes, a criação de produtos à base de
matéria prima reciclada e ações de reaproveitamento de energia e de integração com o meio
ambiente (elas extrapolam as atividades ligadas ao controle da poluição). Ao passo que as eco
estratégias “reativas” são as medidas adotados exclusivamente para atender a conformidade
necessária à legislação ambiental. A implementação dessas estratégias requer geralmente
flexibilidade organizacional, em nível de processos de trabalho e tomada de decisões, além de
execução descentralizada. As estratégias ambientais refletem normalmente os valores
ambientais da organização e estão relacionadas com mecanismos de qualidade e
competitividade organizacional; refletem também os valores sociais e a demanda da sociedade
por atividades industriais harmonizadas com o meio ambiente.
43
De acordo com Orsato (2002), as estratégias ambientais genéricas adotadas pelas
organizações podem ser classificadas em quatro diferentes tipos, como mostra a figura 3. Elas
são dos tipos "produtividade em recursos", "liderança em custo ambiental", "conformidade
legal" e "produtos eco-orientados". Essa classificação das estratégias ambientais está baseada
no cruzamento de dois eixos centrais: a vantagem competitiva e o foco competitivo. A
vantagem competitiva pode ser obtida com base no menor custo ambiental e na diferenciação
em relação aos demais competidores; enquanto que o foco competitivo está baseado na
melhoria de processos organizacionais ou na criação de produtos eco-orientados.
Figura 3 - Tipos de estratégias ambientais genéricas
Fonte: Orsato (2002).
A estratégia I, "Produtividade em Recursos", tem como foco competitivo os
processos e como vantagem competitiva o custo baixo. Nesse caso, os esforços da
organização estão direcionados para a busca de maiores níveis de produtividade e para a
redução relativa do uso de recursos naturais. A produtividade dos recursos requer economia
de materiais, aumento de rendimentos e melhor utilização de subprodutos, uma vez que
perdas oriundas do processo industrial representa custos adicionais e impacto ambiental. Esta
estratégia é a mais adotada pelas empresas manufatureiras que querem ganhos de
produtividade e queda nos custos ambientais como fonte de vantagem competitiva.
A estratégia II, "Conformidade Legal", tem como foco competitivo os processos e
como vantagem competitiva a diferenciação em relação à concorrência. Nesse caso, a
empresa emprega estratégias ambientais com propósito de se diferenciar dos demais
competidores (grupo estratégico de competidores) e de melhorar a imagem corporativa,
geralmente por meio de práticas ambientais que vão além do exigido pela legislação
ambiental. Um exemplo dessa estratégia é a utilização de certificações ISO 14000.
44
A estratégia III, "Produtos Eco-orientados", tem como foco competitivo os
produtos oferecidos e como a vantagem competitiva a diferenciação em relação à
concorrência. Nesse caso, para obter vantagem competitiva através da diferenciação do
produto, a empresa precisa fornecer benefícios ambientais adicionais relevantes, difíceis de
imitação pelos concorrentes e valorizados pelos consumidores-alvo. Dentre as categorias de
estratégias ambientais, esta é a mais fácil de identificação pelos clientes, pois ocorre
geralmente através da adição aos produtos de atributos ecológicos percebidos pelos
clientes/usuários do produto.
A estratégia IV, "Liderança em Custo Ambiental", tem como foco competitivo os
produtos e como vantagem competitiva o custo baixo. Para obter custo ambiental baixo, a
empresa precisa obter capacidade de inovação e recurso tecnológico necessário para produzir
bens e serviços adequados ao meio ambiente e a custo econômico reduzido. Esta estratégia
requer, por exemplo, custo de mão-de-obra reduzido, acesso fácil a matéria-prima reciclada,
processos organizacionais eficientes e competência organizacional para gestão ambiental
eficaz.
A política ambiental da empresa deve ser resultado do equilíbrio de fatores
externos e internos relevantes e responder as pressões/demandas de stakeholders importantes.
Nesse sentido, segundo Maimom (1994), as políticas ambientais tendem a assume
basicamente três atitudes principais:
 adaptação da empresa à regulamentação legal e/ou à exigência do mercado
através da incorporação de mecanismos de controle de poluição, sem qualquer
modificação na estrutura produtiva e no mix de produto da organização;
 adaptação da empresa à regulamentação legal e/ou à exigência do mercado
através de modificações de processos organizacionais relevantes e/ou do mix de
produtos comercializado (ex: embalagem, atributos, componentes), buscando
prevenir a poluição e evitar problemas para as estratégias competitivas da
organização;
 antecipação de problemas ambientais futuros e a adoção de comportamento
proativo na busca da excelência ambiental, integrando a gestão ambiental ao
processo de planejamento estratégico da organização.
No caso do setor de cerâmica vermelha, atividade industrial que envolve o
processo de extração de insumos com impacto ambiental, as estratégias de gestão ambiental
45
devem envolver a legalização das operações através do licenciamento ambiental,
requerimento de lavra para extração da argila e autorização florestal para utilização de lenha,
cavaco ou carvão como matriz energética, por exemplo. Estudo realizado por Grigoletti e
Sattler (2003), em nível nacional, buscou analisar os impactos ambientais causados pelo
processo de produção desse setor de cerâmica vermelha e apontar as estratégias adotadas
pelas empresas para reduzir o impacto sobre o meio ambiente. O quadro 1 apresenta a síntese
dos resultados do estudo realizado.
Quadro 1- Estratégias para as indústrias de cerâmica vermelha
IMPACTOS
Recursos
naturais/
matéria
prima
Recursos
naturais/
energia
Geração de
resíduos
sólidos
Emissões de
CO2
Recursos
humanos
Produto
acabado
ESTRATÉGIAS
 indústrias instaladas em locais com
matéria-prima abundante
 resíduos cuja produção está próxima à
olaria e argila
 recuperação das áreas esgotadas via
exploração rotativa
 lenha proveniente de plantio próprio
 reutilização de resíduos
 aproveitamento do calor gerado para
secagem
 redução do consumo por meio de
processos mais eficientes
 melhoria do controle de qualidade
 reutilização dos resíduos
 reciclagem de materiais
 melhor layout das instalações
 uso de biomassa como fonte energética
 assimilação local
 melhor iluminação e ventilação
 limpeza e organização do ambiente
 melhor comunicação visual
 uso de equipamentos de segurança
 realização de cursos e palestras
 melhorias do vestiário, ducha, refeitório
e bicicletário
 melhor lazer aos funcionários
 melhor integração entre empresa,
funcionários e comunidade
 rede distribuída entre as indústrias
 variedade e padronização de produtos
 aprimoramento da qualidade do produto
 controle de qualidade na estocagem
INICIATIVAS VERIFICADAS
 utilização de resíduos como matériaprima: cinza de casca de arroz; turfa;
resíduo de indústria petroquímica; lama
de sulfato de bário; chamota
 resíduos usados como fonte energética:
refilamento
das
serrarias;
serragem/cavacos da indústria de móveis;
papel da indústria de calçados; casca de
arroz e óleo BPF
 reutilização, reciclagem e disposição
adequada: incorporação à matéria-prima;
brita agregada ao concreto; moagem no
insumo para argamassas; lastro para
pavimentos e aterro de áreas de extração
 possibilidades de captura de CO2 pelo
plantio de árvores
 possibilidades de: painéis, quadros,
cartazes informativos do desempenho da
empresa e exposição a riscos; uso de
luvas, botas, uniforme e protetores;
reuniões periódicas para troca de
experiências; visitação da comunidade
em datas especiais
 possibilidades
de
produtos
diferenciados;
intercâmbio
de
experiências; ensaios e testes em todas as
etapas da produção; convênios com
instituições de pesquisa e pesquisa de
mercado
Fonte: Grigoletti; Sattler (2003).
Os resultados do estudo de Grigoletti e Sattler (2003) revelaram que o setor de
cerâmica vermelha tem feito iniciativas para reduzir o impacto ambiental das suas operações
46
industriais (ex: uso de resíduos como insumo e de energia renovável), mas que há necessidade
de organizar melhor o processo de produção, diminuir as perdas decorrentes do processo
industrial e melhorar as condições de trabalho/operação.
Segundo Brunstein e Buzzini (1998), as empresas do setor de cerâmica vermelha
adotam em geral estratégias ambientais apenas para atender a legislação governamental e por
isso seriam classificadas como adotantes de eco-estratégias "reativas". Na Comunidade
Europeia, estudo realizado por Maimom (1994), revelou também que a responsabilidade
ambiental não é ainda uma prática comum nas organizações. A gestão ambiental não faz ainda
parte da estratégia de muitas das empresas instaladas e que a responsabilidade ambiental
empresarial tende a acontecer quando há cobrança legal e/ou exigência do mercado para
mudança no comportamento.
2.5.1 Análise do ciclo de vida de produtos cerâmicos
O estabelecimento de estratégias ambientais requer a avaliação do ciclo de vida de
produtos da organização (bens e/ou serviços). A sustentabilidade ambiental requer melhorias
no processo de produção, uso de tecnologias mais eficientes e a minimização de recursos e
refugos durante os diferentes estágios do ciclo de vida dos produtos. Para isso, a análise do
ciclo de vida de produtos é necessária. Conforme Abarca et al. (1997), a análise do ciclo de
vida de produtos (ACV) possibilita a obtenção de informações detalhadas sobre
áreas/atividades de impacto ambiental relevantes desde a produção até o descarte de produtos,
permitindo melhor estabelecimento de estratégias ambientais adequadas.
No âmbito da gestão ambiental, a análise do ciclo de vida de produtos é um
processo que avalia os encargos ambientais associados a determinado produto, processo ou
atividade, ao longo da sua existência, permitindo a identificação e quantificação da energia,
materiais utilizados e resíduos produzidos (SOARES; PEREIRA; BREITENBACH, 2002).
Este processo considera todas as interações ocorridas desde a extração da matéria prima até a
disposição final do produto (ex: consumos e geração de resíduos) e permite a identificação
das estratégias ambientais quando da implementação de programa/políticas de gestão
ambiental da organização (OMETTO; GUELERE FILHO; SOUZA, 2006).
Segundo Soares, Pereira e Breitenbach (2002), a indústria da construção civil é
forte consumidora de matérias primas e grande produtora de resíduos. O impacto ambiental
associado ao setor pode ser nas fases de construção, produção de materiais, uso de produtos e
47
até durante o descarte de produtos pelos consumidores. O gerenciamento do processo
ambiental da organização deve considerar, sempre que possível todo o ciclo de vida da
edificação e, evidentemente, o ciclo dos seus produtos constituintes. O setor cerâmico é um
dos grandes contribuintes do setor da construção civil, com tijolos, telhas e revestimentos, por
exemplo. A avaliação do ciclo de vida desses produtos permite identificar a participação
ambiental dos componentes da cerâmica vermelha na construção civil e identificar dentro da
categoria de produto as estratégias ambientais mais adequados para redução do impacto
ambiental dos produtos.
Figura 4 - Fases do ciclo de vida de produtos cerâmicos
Fonte: Soares; Pereira; Breitenbach (2002).
A figura 4 ilustra as principais fases do ciclo de vida de produtos cerâmicos,
segundo Soares, Pereira e Breitenbach (2002). A análise de ciclo de vida desses produtos
pode ser dividida, por exemplo, em três etapas básicas. A etapa "Inventário" envolve a coleta
e armazenamento de dados/informações sobre o impacto ambiental (ex: consumo de energia,
matérias primas necessárias, emissões gasosas, efluentes líquidos e sólidos) em qualquer
atividade do ciclo de vida do produto. A etapa "Análise do Impacto" compreende a aplicação
de técnicas quantitativas e/ou qualitativas para avaliar os efeitos das cargas ambientais
identificadas no inventário, considerando as ameaças para a saúde humana e meio ambiente.
A etapa "Análise de Melhorias" envolve a avaliação sistemática das oportunidades de redução
48
da carga ambiental associada ao produto, processos ou atividades, assim como a seleção das
estratégias ambientais a serem implementadas.
No Brasil, o setor de cerâmica vermelha foi o primeiro ligado à construção civil a
desenvolver estudos ambientais do ciclo de vida de seus produtos. Um projeto relevante foi o
desenvolvido pela empresa canadense Quantis Consultoria, denominado “Avaliação
Comparativa do Ciclo de Vida das Telhas de Cerâmica versus Telhas de Concreto”. O estudo
identificou as interferências ambientais de determinados produtos desde sua produção até o
descarte final e, revelou os produtos com melhor relação com o meio ambiente (QUANTIS,
2012). Ele analisou os impactos ambientais ao longo do ciclo de vida das telhas de cerâmica
usadas no Brasil e comparou seu desempenho com as telhas de concreto. A metodologia
empregada envolveu 5 etapas: inventário de entradas (energia, materiais, etc.) e saídas
(emissões no ar, solo e água); avaliação do impacto (impacto na mudança climática, na saúde
humana, nos recursos, etc.); análise dos resultados; identificação dos “pontos de conflito”,
possíveis melhoras/prioridades recomendadas; comunicação dos resultados.
Figura 5 - Ciclo de vida de uma telha cerâmica
Fonte: QUANTIS (2009).
A figura 5 ilustra o ciclo de vida da telha cerâmica desenhado pela empresa
canadense Quantis Consultoria. Os dados revelaram que a produção de telhas de cerâmica
requer 3 vezes mais energia do que a produção de telhas de concreto; no entanto, o impacto
ambiental de mudanças climáticas e recursos necessários são 60 a 70% menores devido ao
uso de fonte de energia renovável (cavaco de madeira). O estudo apontou também que as
telhas de cerâmica requerem 70% menos consumo de água que as telhas de concreto e que as
49
diferenças no impacto à saúde humana e qualidade do ecossistema não são significativas,
dentre outras conclusões.
2.5.2 Normalização dos produtos de cerâmica vermelha
Segundo a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), norma técnica é o
documento que estabelece regras, diretrizes e características para determinadas atividades ou
resultados, visando à obtenção de grau ótimo de ordenação (CNI, 2012). De modo
semelhante, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (2012) define a
normalização como "atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou
potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do
grau ótimo de ordem em um dado contexto". A normalização de produtos no setor de
cerâmica vermelha é também uma estratégia de gestão ambiental que pode promover
melhoria no padrão de qualidade dos produtos e elevar a eficiência operacional da
organização.
Segundo a ABNT (2012), a normalização de produtos proporciona vários
benefícios à empresa e sociedade. A normalização tende a: proporcionar redução na variedade
de produtos e de procedimentos empregados na fabricação; propiciar meios mais eficientes
para troca de informação entre fabricantes e clientes, melhorando a confiabilidade das
relações comerciais; proteger a vida e saúde humana de produtos com defeitos e qualidade
inferior; prover meios para aferir eficazmente a qualidade de produtos e serviços; evitar a
regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países.
De acordo com Arica e Souza (2009), como as empresas de cerâmica vermelha
atuam em mercados pouco exigentes quanto à qualidade dos produtos e com forte pressão por
preço baixo, raras são as empresas que detêm efetivamente controle sobre as especificações
técnicas de seus produtos. Tanto as empresas que fazem testes de produto (como: absorção de
água, resistência, conformidade nas dimensões e análise granulométrica da argila), como as
que têm produtos em conformidade com normas técnicas e como aquelas que não realizam
qualquer tipo de ensaio, competem diretamente entre si, mesmo apresentando diferenças em
termos de custo operacional e qualidade de produtos. Essa situação complica a gestão
ambiental nas organizações desse setor.
Segundo Mafra (1999), diagnóstico realizado pela Secretaria de Estado da Ciência
e Tecnologia, Minas e Energia no Setor de Cerâmica Vermelha em Santa Catarina identificou
50
vários problemas comuns à maioria das empresas, tais como: falta de planejamento,
desperdício de matéria-prima (em energia e combustível), desconhecimento sobre
normalização de produtos, inexistência de controle da qualidade e processo industrial
ultrapassado. Apesar dos esforços de instituições como SEBRAE, SENAI, IEL e
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da gradativa evolução na qualidade dos
produtos, existe aparentemente no Estado de Santa Catarina quantidade considerável de
empresas cujos produtos não atendem aos requisitos das normas técnicas estabelecidas pelos
organismos legais.
Estudo realizado pelo Comitê de Gerenciamento do Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H - COGER, 2009) analisou no Estado de
Santa Catarina o impacto ambiental entre blocos cerâmicos fabricados normalizados e não
normalizados. Os resultados revelaram que, em 2009, foram construídos no estado
16.815.237,75m² em obras de construção civil e que 70% delas utilizaram blocos cerâmicos.
Para cada m² de parede construída foram utilizados 32 blocos cerâmicos e a utilização de
blocos cerâmicos em Santa Catarina foi de prox. 62.776.887 peças mensais. No que tange à
perda de produção, o estudo apontou que a quebra nos produtos não normalizados foi de 20%,
enquanto que a de produtos normalizados foi de apenas 1,5%. Quanto ao consumo de
combustível, o estudo revelou que a perda total de matéria prima é de 42%, sendo que o
consumo indevido de lenha ou serragem equivale à 451.987 árvores/ano. Sobre a matéria
prima extraída nas jazidas, a perda deste processo é de 42%, sendo que produtos não
normalizados desperdiçam 896 toneladas de argila, o que equivale a 6.157 viagens de
caçamba de 8m³.
A normalização de produtos no setor de cerâmica vermelha é necessária. Para
isso, as empresas do setor necessitam incorporar tecnologias de produto e processos mais
adequadas, algo necessário também para a atuação em mercados competitivos e para o
atendimento de consumidores que valorizam a preservação ambiental. A competição
internacional eliminou as tradicionais vantagens competitivas baseadas simplesmente no uso
de fontes de recursos abundantes e com baixo custo, tornando a normalização de produtos
necessária para a redução de custos e qualidade dos produtos.
51
2.5.3 Produção mais limpa (P+L)
A Produção Mais Limpa, conhecida também como P+L, é também uma estratégia
de gestão ambiental aplicável no setor de cerâmica vermelha. Ela envolve o uso preventivo,
integrado e continuado de menos matéria-prima (água, energia), de matéria-prima menos
tóxica e/ou a geração de menos resíduos com o propósito de tornar o processo industrial mais
eficiente e com menos impacto para o homem e meio ambiente (GOUVINHAS; PIMENTA,
2007). De acordo com Rensi e Schenini (2006), os mercados de consumo e empresarial estão
exigindo cada vez mais produtos ecologicamente corretos e, por isso, a Produção Mais Limpa
é hoje vista como estratégia competitiva de sobrevivência em determinadas organizações.
Segundo o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), a Produção Mais
Limpa compreende a aplicação de estratégias econômica, ambiental e tecnológica com
propósito de aumentar a eficiência organizacional no uso de matérias-primas, promovendo a
não geração, a minimização e/ou a reciclagem de resíduos do processo industrial (CNTLSENAI, 2003). Ela envolve a aplicação contínua e gradativa de ajustes no processo produtivo
que permitem a redução da emissão/geração de resíduos, a introdução de pequenas melhorias
no modelo de produção e/ou a aquisição de novas tecnologias que atenuem o impacto
industrial no meio ambiente e nas operações de trabalho.
Conforme a United Nations Industrial Development Organization (UNIDO), a
Produção Mais Limpa proporciona vários benefícios à organização. Ela possibilita: aumento
da produtividade através do uso mais eficiente de matéria-prima, energia e água; melhoria da
performance ambiental pela redução de fontes de desperdícios e emissão de poluentes;
redução do impacto ambiental por todo ciclo de vida do produto através de desenho ambiental
com baixo custo efetivo; redução dos custos de produção e das infrações aos padrões
ambientais previstos na legislação; melhoria das condições de saúde e segurança do
trabalhador; melhoria da imagem institucional junto aos consumidores, fornecedores e poder
público. Com efeito, a Produção Mais Limpa tende a promover inovação nos processos
industriais e desenvolvimento econômico sustentável para a organização e comunidade em
geral (CNTL-SENAI, 2003).
As tecnologias ambientais convencionais trabalham principalmente no tratamento
de resíduos e na emissões de gases gerados pelo processo produtivo, as chamadas de técnicas
de "fim-de-tubo"; ao passo que a Produção Mais Limpa integra os objetivos ambientais da
organização ao processo de produção, buscando a redução da quantidade e da periculosidade
52
de resíduos e emissões de poluentes. Um programa de Produção Mais Limpa envolve a
aplicação de estratégias ambientais em vários níveis, como mostra a figura 6. Em geral, a
Produção Mais Limpa busca prioritariamente evitar a geração de resíduos e emissões (nível
1). Quando os resíduos/emissões não podem ser evitados, o programa procura reintegrá-los ao
processo de produção da empresa (nível 2). E quando isso não é possível, medidas de
reciclagem fora da empresa são aplicadas visando reduzir o impacto sobre o meio ambiente
(nível 3).
Figura 6 - Níveis de estratégia de produção mais limpa
Fonte: Centro Nacional de Tecnologias Limpas SENAI, (2012).
A Produção Mais Limpa requer investigação do processo de produção da empresa
e das atividades industriais que afetam a preservação do meio ambiente e a saúde humana. Ela
envolve a realização de estudos em produtos, tecnologias e materiais, buscando minimizar
resíduos, emissões e efluentes, assim como identificar maneiras de reutilização de resíduos
inevitáveis.
A figura 7 descreve as principais etapas na implementação de um programa de
Produção Mais Limpa. A organização envolve a obtenção de comprometimento da alta
direção, a definição da equipe responsável pelo programa (chamada de ecotime), o
estabelecimento da abrangência do programa e a identificação das barreiras e soluções
potenciais. O planejamento inclui as atividades de levantamento de dados, definição de
indicadores de desempenho, identificação de oportunidades, levantamento das tecnologias
53
necessárias e a avaliação da viabilidade técnica, econômica e ambiental. Na implementação
deve ocorrer a seleção de medidas/ações ambientais, a execução das opções/medidas do
programa, o monitoramento/avaliação dos resultados e a adoção de ações de
manutenção/reforço do programa.
Figura 7 - Processo de produção mais limpa
Fonte: Centro Nacional de Tecnologias Limpas SENAI, (2012).
Segundo Centro Nacional de Tecnologia Limpa do SENAI, um Programa de
Produção Mais Limpa pode ser implementado com diferentes propósitos. Ele pode ter como
finalidade: aumentar a vantagem competitiva da empresa, racionalizar o consumo de insumos
manufaturados, reduzir os desperdícios do processo industrial, minimizar a geração de
resíduos e os impactos ambientais, adequar processo industrial e produtos à legislação
ambiental governamental e promover a boa imagem da empresa, por exemplo.
Estudo realizado por Diaz e Pires (2005) aponta que a Produção Mais Limpa
melhora a performance de processos de manufatura e a produtividade da organização quando
é introduzido tecnologias mais limpa, inovação de processos e práticas de gerenciamento
ambiental do processo industrial. Os resultados do estudo mostraram também que com a
Produção Mais Limpa é possível atender a legislação ambiental sem a necessidade de grande
investimentos em equipamentos ou mudanças de processos; que a Produção Mais Limpa
requer principalmente atitude estratégica da empresa, mudança de comportamento e a busca
de métodos de gerenciamento da produção que considerem o impacto potencial do processo
industrial sobre o meio ambiente.
54
O estudo de Rensi e Schenini (2006) analisou a aplicação da Produção Mais
Limpa no Estado de Santa Catarina e concluíram que há necessidade de melhorias na
implementação desses programas. Segundo os autores, as empresas estudadas precisam
modificar o seu processo produtivo, promover a troca de equipamentos industriais, fazer o
reaproveitamento de resíduos sólidos, investir no treinamentos/conscientização dos
colaboradores e desenvolver parcerias com ONGs, cooperativas e/ou outros produtores que
auxiliem no fortalecer da sua gestão ambiental. Isso pode estar ocorrendo também no setor de
cerâmica vermelha em Santa Catarina.
2.5.4 Estratégias de marketing verde
A crescente atenção da sociedade ao meio ambiente fez as empresas se
preocuparem com a responsabilidade ambiental e, assim, surgiu o conceito de marketing
ambiental, conhecido também como marketing ecológico ou marketing verde (STECKERT;
BRIDI, 2005). De acordo com Kotler (2006), o marketing é o processo organizacional que
busca identificar e satisfazer necessidades humanas e sociais de maneira lucrativa. Ele
compreende a arte de vender lucrativamente bens e serviços direcionados para mercados-alvo
específicos (target). Há diversas definições de marketing, variando conforme a perspectiva da
aplicação: social, econômica, ambiental e gerencial, por exemplo.
Do ponto de vista ambiental, marketing é definido como a aplicação de
ferramentas de marketing incorporando a preocupação ambiental e envolve a adoção de
estratégias de gestão ambiental pela organização, como a introdução de atributos ambientais
no mix de produtos comercializados (BAROTO, 2007). Essa incorporação de atributos
ambientais pode requerer mudanças drásticas no processo produtivo e o abandono de práticas
de gestão que comprometam a fabricação sustentável de produtos. Por sua vez, Maia e Vieira
(2004) definiram marketing verde como um processo mercadológico de apoio à concepção,
produção, entrega e descarte de produtos com propósito de estimular a competitividade
organizacional ética, responsável e ambientalmente correta.
No passado, os consumidores possuíam pouco conhecimento sobre a prática
ambiental das empresas, não sabiam distinguir um produto ambientalmente responsável, nem
reconhecer uma empresa/marca preocupada com a preservação ambiental. Com as mudanças
ocorridas no perfil dos consumidores, a prática de marketing verde ficou mais frequente,
assim como a preocupação com a promoção de ações de melhoria na imagem de marcas,
55
produtos e organizações perante clientes, órgãos regulamentadores e comunidade em geral
(BOTELHO; MANOLESCU, 2011).
Segundo Botelho e Manolescu (2011), as empresas estão hoje investindo mais em
estratégias de marketing ambiental para obter diferencial competitiva, confiança e respeito
junto aos seus mercados alvo. Elas estão adotando ferramentas de marketing ambiental
principalmente no desenvolvimento de produtos, no processo de fabricação, na
entrega/distribuição e no descarte de seus produtos. Essa preocupação ambiental tem refletido
cada vez mais na oferta de produtos ambientalmente corretos e na conscientização dos
consumidores.
Produtos ambientalmente corretos têm maior valor comercial e projetam imagem
de qualidade elevada para a marca/organização fabricante (GONZAGA, 2005). Segundo
Scarpinelli e Ragassi (2003), o marketing ambiental gera benefícios como: melhora na
imagem da empresa, reconhecimento de ações ambientais, melhoria no modelo de gestão da
empresa, obtenção de diferencial competitivo, credibilidade junto aos acionistas e
investidores, sustentabilidade na fabricação de produtos, maior evidencia da marca nos pontos
de venda e uso de certificações reconhecidas. Naturalmente alguns desses benefícios são
obtidos somente no médio/longo prazo, já que a gestão ambiental tende, no curo prazo, a
elevar os custos operacionais em decorrência da introdução de novos procedimentos
gerenciais, novas tecnologias e novos equipamentos.
Segundo Ottman (1994), um produto verde ou ambientalmente correto contém
geralmente algumas características diferenciadas. Ele pode ser fabricado com quantidade
mínima de matéria prima e com matéria prima renovável, reciclada ou que conserva os
recursos naturais extraídos; ser fabricado com eficiência energética, com o mínimo despejo de
efluentes/resíduos, envasado em embalagens leves (e pouco volumosas), com conteúdo
concentrado (ou mais durável) e cuja utilidade tem múltiplos propósitos; pode ser mais
facilmente consertado, reciclado, reutilizado, biodegradável e/ou substituído via refil. Esses
elementos são estratégias de marketing ambiental empregadas por empresas de diferentes
ramos de atividade.
Segundo Scarpinelli e Ragassi (2003), o marketing ambiental teve início no Brasil
na década de 90, quando as cadeias produtivas iniciaram investimento em processo de
fabricação sustentável e medidas de responsabilidade ambiental. Hoje, no entanto, é utilizado
como ferramenta estratégica em empresas que desejam associar a sua imagem à preservação
ambiental. O marketing ambiental não se resume a demonstrar preocupação com o meio
56
ambiente, mas atendem realmente exigências legais e expectativas de consumidores nos
processos de fabricação e comercialização do mix de produtos.
No setor de cerâmica vermelha há alguns casos de aplicação de marketing verde.
Um exemplo é a Cerâmica Gomes de Matos (CGM), que produz blocos cerâmicos verdes . A
empresa realizou diversas mudanças no seu processo de produção que a tornaram referência
junto ao Ministério do Meio Ambiente. Ela privilegia a eficiência energética, trabalha com
planos de manejo licenciados, usa combustíveis alternativos (não derivados de lenha ou da
biomassa florestal), faz a limpeza de quintais e o aproveitamento do excedente de pó de
serrarias nas suas fazendas de abastecimento da produção.
Segundo Grigoletti e Sattler (2003), no Brasil existem poucos estudos que
avaliaram o impacto ambiental relacionado à produção de materiais de construção, e que
novos estudos são necessários para ampliar o conhecimento acadêmico sobre estratégias de
gestão ambiental aplicadas no setor da construção civil. Um estudo recente realizado por
Teloeken (2011), sobre o apelo de produtos verdes, analisou a incorporação de lodo galvânico
na formulação de massas cerâmicas e os resultados contribuíram para elevar a compreensão
dos efeitos de determinados materiais/insumos sobre o meio ambiente.
O estudo de Silva, Ferreira e Ferreira (2009) analisou a prática de marketing verde
como estratégia de comercialização e testou um modelo de mensuração dos efeitos das
estratégias de marketing verde sobre o comportamento do consumidor. Os resultantes
confirmaram a existência de relação entre estratégias de marketing e comportamento dos
consumidores, indicando que os consumidores estão preocupados com a degradação
ambiental, que ações de promoção funcionam como antecedentes das estratégias do mix de
marketing do produto e que a propaganda do produto verde no ponto de venda influencia na
decisão de compra dos consumidores.
Polizelli, Petroni e Kruglianskas (2005) analisaram a gestão de recursos
ambientais em cinco empresas no Brasil, via estudo exploratório, qualitativo e não
probabilístico. Os resultados revelaram a existência de ações orientadas para o meio ambiente,
mas principalmente relacionadas com a legislação ambiental, a obtenção da certificação ISO
14.000 e ao processo de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos (P&D). Segundo o
estudo, há perspectiva de avanço no comportamento das empresas em relação à preocupação
ambiental, mas há também carência de aplicação de ferramentas de marketing ambiental.
A aplicação de estratégias de marketing ambiental na indústria de cerâmica
vermelha foi estudada por Grigoletti e Sattler (2003). O estudo analisou alguns impactos
ambientais associados à produção de tijolos, blocos e telhas e apontou diversas estratégias de
57
marketing que podem ser adotadas para reduzir o impacto sobre o meio ambiente e promover
a imagem da empresa junto à comunidade em geral. Os resultados do estudo indicaram
também que o setor de cerâmica vermelha vem realizando ações para reduzir o impacto
ambiental do seu processo industrial (ex: uso de resíduos como insumo e de energia
renovável), mas que há necessidade de diminuir perdas decorrentes do processo de produção e
de melhorar as condições de trabalho. As empresas do setor de cerâmica vermelha devem
adotar estratégias ambientais não apenas como obrigação para atender a legislação
governamental, mas como estratégias para obter fabricação sustentável, aumentar a
produtividade e promover o desenvolvimento sustentável das comunidades onde estão
inseridas.
2.5.5 Programa brasileiro de qualidade e produtividade (PBQP-h)
Uma estratégia de gestão ambiental para o setor de cerâmica vermelha pode ser a
participação no Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H).
Esse programa foi criado pelo Governo Federal com a finalidade de cumprir os compromissos
firmados quando da assinatura da Carta de Istambul (Conferência do Habitat II/1996), quais
sejam: organizar o setor da construção civil, promover a melhoria da qualidade do habitat e
modernizar o processo produtivo das indústrias da construção. O conjunto de ações desse
programa compreende a avaliação da conformidade das empresas de obras, a melhoria da
qualidade de materiais, a formação/requalificação de mão de obra, a normalização técnica, a
capacitação de laboratórios, a avaliação de tecnologias inovadoras e a promoção da
comunicação entre os setores envolvidos na construção civil.
O PBQP-h estimula o uso eficiente de recursos financeiros oriundos de diversas
fontes (ex: Orçamento Geral da União (OGU), Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS) e Poupança), aplicados geralmente por entidades como Caixa Econômica Federal,
Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP),
SEBRAE e SENAI. Os recursos governamentais são prioritariamente destinados a custeio,
estruturação de projetos e divulgação de ações do programa. As empresas do setor de
cerâmica vermelhas podem ter acesso a esses recursos para realizar investimentos na melhoria
da gestão ambiental e participar de ações do programa, buscando promover o setor junto a
órgãos regulamentadores, clientes e comunidade em geral. O PBQP-H pode ajudar na
estruturação do ambiente tecnológico e de gestão das empresas do setor da construção civil,
58
através de ações direcionadas para a modernização do processo industrial (ex: compra de
tecnologias, melhorias no processos de fabricação, mudanças nos procedimentos de controle
ou desenvolvimento de componentes industrializados) e melhorias no processo de gestão das
organizações, através de novas ferramentas de gestão, organização de recursos humanos,
gestão da qualidade, gestão de suprimentos, gestão das informações e gestão de novos
projetos/produtos.
O PBQP-h está vinculado à Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das
Cidades e foi inserido no Plano Plurianual do governo brasileiro a partir de 2008. Nesse
programa participam diversas entidades representantes da cadeia produtiva do setor da
construção civil, incluindo construtores, projetistas, fornecedores, fabricantes de materiais,
comunidade acadêmica e entidades de normalização. A gestão do programa é feita de forma
compartilhada e transparente entre agentes do setores público e privado de diferentes regiões
do Brasil. A Figura 8 apresenta o arranjo institucional do PBQP-h. O programa é constituído
de duas coordenações nacionais e um fórum consultivo denominado Comitê Nacional de
Desenvolvimento Tecnológico da Habitação – CTECH, cuja presidência integra
alternadamente pessoas do governo e do setor da construção civil. Embora esteja vinculado
hierarquicamente à Secretaria Habitação, tem interação funcional com as Secretarias de
Saneamento Ambiental, de Transporte/Mobilidade e de Programas Urbanos.
Figura 8 - Arranjo institucional PBQP-h
Fonte: PBQP-h
(2012).
Alguns princípios/diretrizes básicas norteiam o Programa Brasileiro da Qualidade
e Produtividade do Habitat. O setor público deve atuar de forma integrada para ampliar a
otimização de recursos e ações realizadas e obter sintonia entre as políticas de habitação
municipais, estaduais e federal. A gestão do programa deve ser descentralizada para que as
aplicações/ações correspondam à realidade de cada unidade da federação, ampliar as
59
possibilidades de controle e efetividade dos resultados. Deve haver parceria entre agentes
públicos e privados para facilitar a implementação do programa junto à sociedade e contar
com a experiência dos diversos setores da economia. A participação da sociedade civil é
necessária para assegurar que ações do poder público estejam em conformidade com as
necessidades/prioridades da população.
Em Santa Catarina, o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do
Habitat foi implantado pelo Comitê de Gerenciamento do PBQP-H - COGER (2007),
formado pela Caixa Econômica Federal, pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura,
Agronomia de Santa Catarina (CREA), pela Federação das Indústrias do Estado (FIESC) e
por órgãos de apoio como o SENAI/SC. Dentre as ações do PBQP-h em Santa Catarina está o
Programa Estruturante de Cerâmica Vermelha e Artefatos de Concreto, cujo objetivo
principal é apoiar no desenvolvimento das micro e pequenas empresas do setor de Cerâmica
Vermelha do estado, tanto em aspectos ligados à gestão empresarial como aos processos
fabris, o que pode aumentar a competitividade das empresas do setor.
Figura 9 - Projeto estruturante cerâmica vermelha e artefatos de concreto
Fonte: COGER – PBQP-h SC (2007).
Conforme a figura 9, o Programa Estruturante de Cerâmica Vermelha e Artefatos
de Concreto tem quatro pilares principais: Ambiental, Gestão, Processo Produtivo e Produto.
Desses três estão mais diretamente ligados à gestão ambiental. O pilar Ambiental, que tem
como objetivo adequar as empresas para o atendimento a legislação ambiental; o pilar
Processo Produtivo, que tem como um dos objetivos o controle da eficiência energética e
60
por fim o pilar Produto, cujo objetivo é preparar as empresas para a normalização dos
produtos comercializados. Em Santa Catarina, o PBQP-h atende mais de 350 empresas por
intermédio de ações de capacitação, consultorias e ensaios laboratoriais (físicos e químicos)
em produto acabado, matéria prima e análise de emissões atmosféricas, dentre outras
atividades. O SENAI de Santa Catarina tem atuado nesse programa com uma equipe de
consultores especializados, três laboratórios da Construção civil acreditados pelo INMETRO
e um laboratório de amostragens e de análises de emissões atmosféricas.
Com o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat o governo
brasileiro pretende aumentar a competitividade das empresas que atuam no setor habitacional,
melhorar a gestão ambiental do setor e elevar a qualidade de produtos e serviços
comercializados. No longo prazo, o governo pretende também criar um ambiente de isonomia
competitiva entre as empresas e identificar soluções/produtos mais baratos, que permitam
reduzir o déficit habitacional do país.
61
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos empregados no
planejamento e na execução da pesquisa de campo envolvida no presente estudo e contém os
principais enquadramentos metodológicos recomendados por Saunders, Lewis e Thornhill
(2003), ou seja, as definições: (i) quanto à filosofia da pesquisa; (ii) quanto à lógica da
pesquisa; (iii) quanto à abordagem do problema; (iv) quanto aos objetivos da pesquisa; (v)
quanto às estratégias da pesquisa; (vi) quanto ao horizonte de tempo; (vii) quanto à população,
objeto de estudo e amostragem; (viii) quanto à coleta de dados; (ix) quanto à análise de dados.
3.1 LÓGICA DA PESQUISA
De acordo com Vicente (2008), este estudo emprega a lógica indutiva, uma vez
que pretende partir de uma situação específica (processo de gestão ambiental de empresas do
setor de cerâmica vermelha do Estado de Santa Catarina) para obter a compreensão genérica
do fenômeno investigado. O estudo envolve a busca de visão/compreensão geral do processo
de gestão ambiental em organizações com base em determinada experiência particular,
permitindo a criação de teorias provenientes da observação da realidade empírica.
Conforme Lakatos e Marconi (1991), a indução compreende um processo mental
através do qual e com base em dados particulares, mas suficientemente constatados, infere-se algo
sobre determinada realidade, algo não contido nas partes examinadas. Segundo o autor, o objetivo
da lógica indutiva é obter conclusões de conteúdo mais amplas do que as premissas nas quais
foram baseadas.
A lógica indutiva requer algumas propriedades desejáveis (VICENTE, 2008), que
serão observadas neste estudo. A plausibilidade e a consistência. A plausibilidade significa
que os resultados da lógica indutiva devem corresponder ao bom senso; enquanto a
consistência que inferências realizadas devem levar ao mesmo resultado, independente da
ordem dos dados/evidências.
3.2 ABORDAGEM DO PROBLEMA
Este estudo contém na pesquisa de campo 03 (três) etapas distintas, cada uma
dirigida a público-alvo diferente. Com base no problema de pesquisa e nos objetivos do
62
estudo, o diagnóstico da gestão ambiental da organização envolverá a coleta de dados junto a
organismos de regulação, controle e fiscalização ambiental, aos clientes-alvo da organização e
aos dirigentes e gestões da própria organização. O estudo busca analisar a situação da gestão
ambiental de uma empresa do setor de cerâmica vermelha do Estado de Santa Catarina e seus
impactos junto a 03 (três) stakeholders relevantes: órgãos reguladores, clientes-alvo e
comunidade. Na tipologia de stakeholders proposta por Mitchell, Agle e Wood (1997), esse
três públicos são enquadrados como “stakeholders definitivos”, pois possuem poder,
legitimidade e relevância para a organização em relação ao tema do estudo.
Conforme o quadro 2, as 03 (três) etapas da pesquisa de campo deste estudo são
de abordagens qualitativas, com as seguintes características: tem caráter descritivo, usa o
enfoque indutivo, emprega o ambiente natural como fonte direta de dados, procura obter a
percepção/significado que diferentes stakeholders dão ao fenômeno estudado e usa o
pesquisador como instrumento fundamental para interpretação de dados/evidências da
realizada empírica (GODOY, 1995). Como recomenda Creswell (1994) para esses casos, o
estudo tem como espinha dorsal a coleta extensiva de dados qualitativos provenientes de
entrevista pessoal, observação e análise de documentos/materiais.
Quadro 2 - Tipo de pesquisa e objetivos de cada etapa do estudo
Etapa
1
2
3
Tipo de Pesquisa
Objetivos da etapa
* Exploratoria, qualitativa. a) Levantar as exigências da legislação ambiental para o setor cerâmica vermelha em Santa Catarina;
b) Verificar o impacto ambiental da cadeia produtiva cerâmica vermelha (e da Cerâmica Princesa) sobre
a comunidade local (e potenciais ameaças);
c) Identificar na percepção das entidades/órgãos as estratégias/ações ambientais aplicadas pelo setor
de cerâmica e pela Cerâmica Princesa (e potenciais oportunidades);
d) Obter a avaliação das entidades/órgãos sobre a prática de gestão ambiental da organização (forças e
fraquezas) e a imagem percebida da marca no âmbito da responsabilidade ambiental.
* Exploratória, qualitativa. a) Descrever o programa/política de gestão ambiental da organização;
b) Mapear as principais estratégias/ações ambientais aplicadas nos últimos 3 anos;
c) Verificar os resultados alcançados nos últimos 3 anos, nos ambientes interno e externo (ligados aos
órgãos regulamentadores, aos clientes-alvo e à comunidade local);
d) Verificar o conhecimento interno disponível sobre a imagem da marca/organização junto aos órgãos
regulamentadores, aos clientes-alvo e à comunidade local;
e) Identificar os principais fatores/aspectos positivos (forças) e negativos (fraquezas) do processo de
gestão ambiental da organização;
f) Identificar as principais ameaças e oportunidades de mercado relacionadas à gestão ambiental
percebidas pela organização;
g) Levantar as intenções futuras e projetos ambientais da organização que possam afetar a sua imagem
junto aos órgãos regulamentadores, aos clientes-alvo e à comunidade local.
*Exploratoria, qualitativa. a) Levantar necessidades, expectativas e exigências dos clientes com relação à prática de gestão
ambiental dos fornecedores;
b) Obter a avaliação dos clientes sobre a prática de gestão ambiental da organização (forças, fraquezas)
e a imagem percebida da marca no enfoque da responsabilidade ambiental;
c) Identificar no âmbito dos clientes potenciais ameaças (novas exigências) e oportunidades (situações
favoráveis) de mercado no âmbito das variáveis relacionadas à gestão ambiental.
Fonte: Elaborado pelo autor, (2012).
63
Conforme Richardson et al. (1993), a pesquisa qualitativa envolve a descrição de
determinado problema/fenômeno, a analise da interação de certas variáveis, a classificação (e
compreensão) de processos organizacionais dinâmicos vividos em situações sociais. No caso
do presente estudo, essa abordagem pode contribuir para mudanças de percepção/visão de
determinados grupos de stakeholders envolvidos com o tema e possibilitar ao meio acadêmico
o entendimento de particularidades o fenômeno estudado em organizações de um setor de
atividade com elevado impacto ambiental.
3.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
Este estudo busca aprofundar os aspectos relacionados à gestão ambiental no setor de
cerâmica vermelha, à luz dos principais stakeholders. De acordo com GIL (1999), as 03 (três)
etapas da pesquisa de campo deste estudo são, quanto aos seus objetivos, classificadas como
exploratórias, já que o foco é obter insights e familiaridade com o tema investigado e
possibilitar adiante investigações mais conclusivas sobre o tema (COLLIS; HUSSEY, 2005).
Conforme Piovesan e Temporini (1995), o estudo exploratório está baseado em
algumas premissas bem difundidas: a aprendizagem melhora quando se parte de algo
conhecido; esse estudo busca ampliar o conhecimento existente sobre o tema investigado e
pressupõe a formulação de questões de pesquisa racionais e a obtenção de respostas
igualmente racionais.
Este estudo não contém hipóteses de pesquisa, mas questões gerais de pesquisa
foram estabelecidas para orientar a coleta de dados, como recomenda Mattar (2001). As
macro perguntas que devem ser respondidas ao final deste projeto da pesquisa são:
a) quais as exigências ambientais legais aplicáveis as empresas do setor de
cerâmica vermelha no Estado de Santa Catarina?
b) quais os requisitos exigidos pelos clientes-alvo (intermediários do canal de
distribuição) para os fornecedores de produtos de cerâmica vermelha em
Santa Catarina?
d) como tem ocorrido, nos últimos 3 anos, a prática de gestão ambiental da
organização?
e) qual a situação atual da gestão ambiental na organização?
64
3.4 ESTRATÉGIAS DA PESQUISA
Quanto à estratégia, este projeto de pesquisa consiste em estudo de caso simples.
Conforme Yin (2009), estudo de caso é método apropriado para estudos dessa natureza, que
envolve um fenômeno com inúmeras variáveis, com elevada instabilidade de ocorrência e que
requer estudo intensivo para se obter explicações e entendimento detalhado sobre como as
coisas acontecem.
O Apêndice A contém o protocolo elaborado para condução deste estudo de caso,
como recomenda Yin (2009). Ele contém os principais procedimentos e regras gerais a serem
seguidos na aplicação do estudo junto à organização objeto de estudo. A função deste
protocolo é ampliar a confiabilidade do estudo, orientar o pesquisador na condução do estudo
e auxiliar na eventual reaplicação deste estudo. O protocolo elaborado está constituído de 4
seções: preparação da coleta de dados, execução da coleta de dados, execução da análise dos
dados e definição das questões-gerais do estudo de caso.
3.5 HORIZONTE DO TEMPO
Este estudo é classificado, quanto ao horizonte de tempo, como transversal
(COOPER; SCHINDLER, 2003). Mesmo envolvendo a busca de dados sobre os últimos 3
anos ( período de 2009 a 2011), a coleta junto a amostra será feita apenas em um único
momento, as fontes de informações empregadas são executivos que atuam atualmente na
organização (mesmo se contratado recentemente) e consiste em um instantâneo da situação
em andamento. Diferentemente dos longitudinais, este estudo não contém repetição de coleta
durante um período de tempo, nem busca acompanhar mudanças nas variáveis pesquisadas
em decorrência do tempo.
Conforme Richardson et al. (1993), em estudos transversais os dados são
coletados apenas uma vez, em um período de tempo curto. De maneira semelhante, Malhotra
(2001) afirma que tais estudos compreendem um tipo de pesquisa cuja coleta de informações
em dada amostra de elementos é feita somente uma vez.
3.6 POPULAÇÃO, OBJETO DE ESTUDO E AMOSTRAGEM
No âmbito do estudo de caso, o objeto de case é a empresa Cerâmica Princesa
Indústria e Comércio LTDA, localizada no município de Rio do Sul, à rua Alfredo
65
Swarowski, 1.505, no Bairro Bela Aliança. A empresa foi criada em 1942 e produz
principalmente blocos cerâmicos de vedação, canaletas estruturais de cerâmica e tijolos para
lajes. Atualmente a missão da Cerâmica Princesa (2012) é "fabricar produtos cerâmicos de
qualidade para proporcionar solidez à construção civil, buscando a satisfação de clientes,
colaboradores e fornecedores".
A Cerâmica Princesa foi escolhida como objeto de estudo porque atua há 70 anos
no mercado, foi considerada pela associação Nacional de Cerâmica Vermelha - ANICER
como representante típico de empresas do setor de cerâmica vermelha instaladas no Estado de
Santa Catarina, dispõe de programa de gestão ambiental e manifestou disposição para
participar do estudo.
O Quadro 3 apresenta o público-alvo do estudo nas 03 (três) etapas da pesquisa de
campo a serem realizadas. Na etapa 1, a população compreende organismos de regulação,
controle e fiscalização ambiental localizados em Santa Catarina e com atuação na região
cerâmica de Rio do Sul. Na etapa 2, a população é a organização objeto de estudo Cerâmica
Princesa. Ao passo que, na etapa 3 são clientes-alvo da organização, ou seja grandes
compradores de cerâmica vermelha que atuam em Santa Catarina, incluindo construtora,
atacadista/distribuidor e loja especializada/home centers em material de construção.
Quadro 3 - Público-alvo e amostragem de cada etapa do estudo
Etapa
1
2
3
Publico/ Universo
Amostragem
* Organismo de regulação, controle e fiscalização ambiental
localizados em Santa Catarina e com atuação na região cerâmica
de Rio do Sul, incluindo as principais entidades/órgãos (FATIMA Fudação do Meio Ambiente, DNPM - Departamento Nacional de
Produção Mineral e o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
* Tipo de amostragem: não probabilistica e com elementos selecionados por
intencionalidade/julgamento do pesquisador;
* Quantidade da amostra: 03 entrevistados, sendo 1 de cada entidade/órgão
ambiental.
*Elementos amostrais: no FATIMA, a coordenação de desenvolvimento ambiental
de Rio do Sul; no DNPM, a superintendência de Santa Catarina, em Florianópolis;
no IBAMA, a chefia do escritório regional de Rio do Sul.
* Organização objeto de estudo, ou seja, a CERÂMICA
* Tipo de amostragem: não probabilistica e com elementos selecionados por
PRINCESA IND. E COM. LTDA, localizada no município de Rio do intencionalidade/julgamento do pesquisador;
Sul/SC.
* Quantidade da amostra: 05 entrevistados, incluindo proprietário-dirigente e
principais executivos envolvidos e afetados pelo processo de gestão ambiental da
organização.
*Elementos amostrais: proprietário ou diretor principal responsável pela gestão
ambiental, gestor de marketing/vendas, gestor de produção, gestor da qualidade e
consultor ambiental externo contratado.
* Clientes-alvo da organizaçao, grandes compradores de
cerâmica vermelha e localizados em Santa Catarina, incluindo
construtora, atacadísta/distribuidor e loja
especializada/homecenters em material de construção.
* Tipo de amostragem: não probabilistica e com elementos selecionados por
intencionalidade/julgamento do pesquisador;
* Quantidade da amostra: 03 entrevistados, sendo 1 construtora, 1
atacadísta/distribudor e 1 loja especializada.
* Elementos amostrais: A serem definidos posteriormente em conjunto com a
empresa;
* Fonte da informação: comprador e/ou responsável pela área de compras.
Fonte: Elaborado pelo autor, (2012).
Conforme pode ser observado no quadro 3, o processo de amostragem varia
também em função da etapa da pesquisa de campo a ser executada. Na etapa 1, a amostragem
é
não
probabilística
e
os
elementos
amostrais
serão
selecionados
por
66
intencionalidade/julgamento. A quantidade de elementos é 03 entrevistados, sendo 1 pessoa
de cada um dos principais órgãos/entidades ambientais de Santa Catarina, quais sejam:
 FATMA: órgão ambiental da esfera estadual do Governo do Estado de Santa
Catarina criado em 1975. Atua com sede administrativa localizada em
Florianópolis e sua missão é garantir a preservação dos recursos naturais do
estado. A entrevista será realizada na Coordenadoria de Desenvolvimento
Ambiental (CODAM) do município de Rio do Sul, situada à rua Mafalda Lindner,
S/N - Bairro Progresso;
 DNPM: autarquia federal brasileira, vinculada ao Ministério de Minas e
Energia, com sede em Brasília/Distrito Federal e com representação via
superintendências e delegacias em vários estados do Brasil. A entidade é
encarregada de gerir e fiscalizar o exercício das atividades de mineração no
território nacional e zelar pelo aproveitamento de recursos minerais de forma
racional, controlada e sustentável, em benefício para toda a sociedade. A
entrevista será realizada na superintendência do Estado de Santa Catarina, situada
em Florianópolis;
 IBAMA (Instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais
renováveis): autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público,
autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente
e criada pela Lei nº 7.735, em 22 de fevereiro de 1989 (BRASIL, 1989). A
entidade tem a missão de proteger o meio ambiente e assegurar a sustentabilidade
no uso dos recursos naturais (IBAMA, 2012). A entrevista será realizada com a
chefe do escritório regional do município de Rio do Sul, localizado à Rua Ademar
Hoss, 138.
Na etapa 2 do estudo, a amostragem é também não probabilística e os
elementos amostrais selecionados pelo método intencionalidade/julgamento, na quantidade de
05 entrevistados, todos profissionais ligados à Cerâmica Princesa Indústria e Comércio
LTDA: proprietário, responsável pela gestão ambiental, gerente de Marketing/Vendas,
gerente de produção/qualidade e o consultor externo contratado para execução de serviços
ambientais específicos. Na etapa 3, a amostragem é também do tipo não probabilística e os
elementos amostrais selecionados por intencionalidade/julgamento do pesquisador são 03
entrevistados, sendo 1 construtora, 1 atacadista/distribuidor e 1 loja especializada.
67
Conforme Costa Neto (1977) denomina-se como amostragem não probabilística
quando todos os elementos da população não têm a mesma probabilidade de pertencer à
amostra selecionada. Ao passo que amostragem intencional ocorre quando o pesquisador
escolhe deliberadamente certos elementos para pertencer à amostra por julgar que tais
elementos representam adequadamente a população do estudo (COOPER; SCHINDLER,
2003).
3.7 MÉTODO E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Na etapa 1, o método de coleta de dados é o que segue:
 No caso de dados primários: entrevista pessoal em profundidade,
semiestruturada, gravada, previamente agendada e aplicada no ambiente de
trabalho dos entrevistados.
 No caso de dados secundários: análise de documentos relacionados à
legislação ambiental, assim como informativos, relatórios internos, web/site
corporativo, dentre outros documentos fornecidos pelas entidades/órgãos
pesquisados.
Na etapa 2, a coleta de dados ocorreu como segue:
 dados primários: entrevista pessoal em profundidade, semiestruturada,
gravada, previamente agendada e aplicada no ambiente de trabalho dos
entrevistados.
 dados secundários: análise de documentos como informativos internos,
relatórios, projetos, web/site corporativo e outros documentos internos
disponibilizados pela organização.
Na etapa 3, a coleta de dados aconteceu como segue:
 dados primários: entrevista pessoal em profundidade, semiestruturada,
gravada, previamente agendada e aplicada no ambiente de trabalho dos
entrevistados.
68
No que tange ao instrumento de coleta, a coleta de dados ocorrerá nas três etapas
da pesquisa de campo com apoio de roteiros de entrevista semiestruturado, um
para cada público-alvo, elaborado a partir dos objetivos do estudo e da
fundamental teórica, e validado previamente com 3 profissionais especializados
em serviços de gestão ambiental (vide Apêndices B, C e D). A coleta de dados
secundários será empregada apenas como método de coleta complementar e não
será estruturada com instrumento de coleta especifico.
Conforme Haguette (1997, p.86), a entrevista em profundidade é “processo de
interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a
obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado”. A condução dessas entrevistas
exige alguns cuidados importantes (LAKATOS; MARCONI, 1996), incluindo o agendamento
prédio com os entrevistados, a aplicação em local adequado e a organização do instrumento
de coleta adequado, no caso os roteiros de entrevista pessoal.
3.8 ANÁLISES DE DADOS
O quadro 4 descreve o método de análise dos dados empregado nas 03 etapas da
pesquisa de campo deste estudo. Em todas as etapas ocorrerá a transcrição das entrevistas e a
verificação dos depoimentos coletados. A análise dos dados primários e secundários será feita
através da análise de conteúdo, tendo as categorias de dados definidas previamente (como
mostra a figura 10) e eventualmente durante o processo de análise. Os resultados da pesquisa
de campo serão apresentados na forma descritiva e apresentará ilustrações de depoimentos
relevantes dos entrevistados.
69
Quadro 4 - Método de análise dos dados de cada etapa do estudo
Etapa
1
Publico/ Universo
* Organismo de regulação, controle e
fiscalização ambiental localizados em
Santa Catarina e com atuação na região
cerâmica de Rio do Sul.
* Transcrição e verificação dos depoimentos;
* Análise dos dados primários e secundários através de Análise de Conteudo com
categorização tematica definida previamente e durante a análise;
* Resultados apresentados de forma descritiva, com ilustração de depoimentos.
* Organização objeto de estudo.
* Unidade de análise será a organização Cerâmica Princesa, unidade de produção
localizada à Rua Alfredo Swarowski, 1.505, Bairro Bela Aliança, Rio do Sul/SC;
enquanto o nível de análise será o processo de gestão ambiental da organização;
* Transcrição e verificação dos depoimentos;
* Análise dos dados primários e secundários através de Análise de Conteudo com
categorização tematica definida previamente e durante a análise;
* Resultados apresentados de forma descritiva, com ilustração de depoimentos.
* Clientes-alvo da organizaçao, grandes
compradores de cerâmica vermelha e
localizados em Santa Catarina.
* Transcrição e verificação dos depoimentos;
* Análise dos dados coletados através de Análise de Conteudo com categorização
tematica definida previamente e durante a análise;
* Resultados apresentados de forma descritiva, com ilustração de depoimentos.
2
3
Método de analise dos dados
Fonte: Elaborado pelo autor, (2012).
Conforme Bardin (2002, p. 38), a Análise de Conteúdo compreende “um conjunto
de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das mensagens”. A produção de inferências sobre o texto objetivo é a
razão de ser dessa técnica, que inclui a elaboração de suposições preliminares acerca das
mensagens (categorias e variáveis de dados a serem analisados) com base em pressupostos
teóricos relacionados (CAMPOS, 2004).
70
Figura 10 - Framework do processo de análise do estudo
Passo 1
ENTENDIMENTO
DAS EXIGÊNCIAS
AMBIENTAIS
 Exigências da legislação ambiental
 Exigências do cliente e da comunidade
 Aspectos de impacto ambiental no setor
Passo 4
Passo 3
Identificação de pontos fortes
Identificação de pontos fracos
Identificação de ameaças
Identificação de oportunidades
AVALIAÇÃO DA
SITUAÇÃO DA
ORGANIZAÇÃO
DIAGNÓSTICO DA
GESTÃO AMBIENTAL
DA ORGANIZAÇÃO
Sintetização de pontos fortes/fracos relevantes
Sintetização de ameaças/oportunidades
relevantes
Recomendações de melhorias
Passo 2
ENTENDIMENTO
DA PRÁTICA DA
ORGANIZAÇÃO
 Políticas, objetivos, estratégias, ações e intenções da gestão ambiental
 Fatores que afetam o desempenho da gestão ambiental da organização
 Resultados/desempenho (interno e externo) da gestão ambiental da organização
Fonte: Elaborado pelo autor, (2012).
A Figura 10 apresenta o framework que descreve o processo de análise a ser
empregado, contendo 04 (quatro) passos. A análise foi iniciada pelo "entendimento das
exigências ambientais" (P1), que abrange as exigências legais, os requisitos dos clientes e
aspectos de impactos das empresas do setor sobre o meio-ambiente. Em seguida ocorrereu a
análise das variáveis de pesquisa relacionadas ao "entendimento da prática da organização"
(P2), que inclui políticas, objetivos estratégias ações e intenções da organização, assim como
outros aspectos relacionados ao desempenho do processo de gestão ambiental da organização.
Posteriormente, a análise envolveu a "avaliação da situação da organização" (P3), contendo a
identificação de pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças à gestão ambiental da
organização.
O processo de análise dos dados coletados deste estudo se encerrou com o
"diagnóstico da gestão ambiental da organização" (P4), que consistiu na sintetização final dos
pontos fortes e fracos relevantes, das oportunidades e ameaças mais significativas e na
identificação das recomendações de melhorias para a gestão ambiental da organização. Tanto
as dimensões/categorias de dados como as variáveis de pesquisa selecionadas foram
estabelecidas a partir da literatura e das questões gerais de pesquisa do presente estudo.
71
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Este capítulo apresenta os resultados dos dados coletados e das análises efetuadas
na parte empírica do presente estudo. Ele contém a apresentação da organização objeto de
estudo (subseção 4.1), os resultados sobre entendimento das exigências ambientais (4.2),
entendimento da prática de gestão ambiental da organização (4.3) e a avaliação/diagnóstico da
prática de gestão ambiental da organização (4.4).
4.1 CASE: CERÂMICA PRINCESA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
Com base em dados coletados no web site coorporativo, a Cerâmica Princesa
Indústria e Comércio LTDA é empresa familiar sediada no município de Rio do Sul, no
Estado de Santa Catarina e que iniciou suas atividades em 1941, sob a direção de Carlos
Engicht. Em 1946, seu sistema de extrusão passou a ser operado com motor a diesel (antes era
com tração animal). Em 1953, a empresa foi vendida para Egon Engicht e Harry Baumann,
filho e genro dos fundadores e passou a ser denominada Egon Engicht & CIA LTDA. Em
1961, a empresa adquiriu seu primeiro caminhão, um Ford F6 ano 1951. Em 1966, a
sociedade foi aberta e em 1972 passou a ser denominada Cerâmica Maringá LTDA, tendo
como sócios Egon Engicht e Hirold Engicht. Em 1979, a empresa recebeu o nome Cerâmica
Princesa Indústria e Comércio LTDA e se estabeleceu em área construída de 12.862 m2
(CERÂMICA PRINCESA, 2012).
Com o decorrer do tempo, a Cerâmica Princesa Ind. e Com. Ltda tornou-se
empresa conhecida, nacionalmente e internacionalmente, pela qualidade de seus produtos,
tecnologia elevada de seus equipamentos, possuir laboratório de pesquisa próprio e realizar
sistematicamente testes de qualidade nos produtos.
Em 2012, com 102 colaboradores, operando em turnos ininterruptos, produção mensal
de 4.000.000 peças e preocupada em oferecer produtos e serviços de elevada qualidade, a
Cerâmica Princesa aderiu ao PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no
Habitat). A filosofia da empresa é inovar constantemente para melhor atender às necessidades
dos clientes, fornecedores e colaboradores, e contribuir para o desenvolvimento econômico e
social da comunidade. A sua visão empresarial é "possuir reconhecimento na qualidade dos
produtos, ajustando-se na evolução do mercado globalizado e buscando soluções para a
satisfação dos clientes". A sua missão organizacional é "fabricar produtos cerâmicos de
qualidade para proporcionar solidez à construção civil, buscando a satisfação de clientes,
72
colaboradores e fornecedores". Seus valores organizacionais são: satisfação dos clientes,
integridade nos negócios tratados, relacionamento duradouro com clientes e fornecedores,
compromisso com o desenvolvimento da construção civil e qualidade e inovação dos produtos
e atividades (CERÂMICA PRINCESA, 2012).
Hoje, a Cerâmica Princesa visa aperfeiçoar constantemente a qualidade dos seus
produtos fabricados e, para isso, aplica novas tecnologias na busca de melhorias, fornece
soluções em blocos cerâmicos padronizados e investe na preservação do meio ambiente. Os
produtos da Cerâmica Princesa são certificados pelo Centro Cerâmico do Brasil (CCB),
organismo de avaliação da conformidade acreditado pela Coordenação Geral de Acreditação
do Inmetro (desde 1996) e pelo Sistema de Gestão da Qualidade (desde 1998). Os produtos
produzidos pela empresa estão em conformidade com os requisitos da Norma NBR
15275:2005 da ABNT e a empresa passa por auditorias periódicas do organismo certificador
de produtos. Seus produtos são também ensaiados em laboratórios pertencentes à Rede
Brasileira de Laboratórios de Ensaios (RBLE) e pelo Centro Cerâmico do Brasil (CCB).
4.1.6 Mix de produtos da organização
O portfólio de produtos da Cerâmica Princesa (2012) é composto principalmente
de blocos cerâmicos de vedação, tijolos para lajes (tavelas) e blocos estruturais. A Cerâmica
Princesa produz 4.000.000 de peças/mês e é uma das maiores produtoras do Estado de Santa
Catarina. Os blocos cerâmicos de vedação são utilizados para fechamento de vãos em
residências unifamiliares, prédios residenciais e comerciais, hotéis, escolas, hospitais e obras
industriais com estrutura de concreto armado, metálica ou madeira. As vantagens do bloco
cerâmico em relação a produtos similares são: menor peso e, consequentemente, maior
produtividade da mão de obra e alívio para a fundação; menor número de viagens no
transporte do material e maior conforto térmico devido a maior inércia térmica. A Figura 11
contém ilustrações do bloco de vedação da Cerâmica Princesa.
73
Figura 11 - Blocos de vedação da Cerâmica Princesa
Fonte: Cerâmica Princesa (2012).
Os tijolos para lajes (tavelas) são elementos de enchimento de lajes préfabricados, colocados entre vigotas para reduzir o volume de concreto e o peso da laje, e
servir como fôrma para o concreto de capeamento. Os tijolos possuem faces inferior e
superior planas e abas de encaixe para apoio nas laterais, que devem ser compatíveis com as
dimensões das vigotas para permitir o nivelamento adequado da laje e evitar a fuga do
concreto na concretagem.
Figura 12 - Tijolos para lajes (tavelas)
Fonte Cerâmica Princesa (2012).
A alvenaria estrutural com bloco cerâmico é um sistema de construção onde as
paredes são responsáveis pela vedação e absorção dos esforços solicitantes do projeto de
engenharia. Os blocos cerâmicos precisam ter elevado padrão de qualidade e resistência.
Além de incorporar as vantagens da alvenaria em cerâmica, o bloco estrutural possibilita a
passagem de tubulações e a instalação elétrica sem necessidade de quebras posteriores; suas
paredes lisas facilitam também a aplicação direta de gesso ou textura. A alvenaria com bloco
cerâmico estrutural apresenta ainda como vantagem a possibilidade do uso de materiais de
74
menor espessura e a geração de menor quantidade de entulho, devido à precisão dimensional
dos blocos. As canaletas "U" (vergas), canaletas "J" e canaletas compensadoras proporcionam
acabamento perfeito no respaldo (cinta) para receber o apoio da laje. A Figura 13 contém
ilustração de sistema estrutural com cerâmica vermelha.
Figura 13 - Sistema estrutural com cerâmica vermelha
Fonte: FK Mogno (2012).
Os blocos cerâmicos estruturais possuem parâmetros diferentes (peso e
uniformidade dimensional) que influenciam nas cargas do projeto de construção. Em média,
uma parede com blocos cerâmicos estruturais na largura de 14 cm e sem revestimento pesa
120 kg/m², enquanto uma com blocos de concreto estrutural nas mesmas características pesa
175 kg/m². Por isso, os blocos cerâmicos são bastante utilizados na construção civil. A Figura
14 ilustra blocos cerâmicos estruturais, tamanhos longo, médio e pequeno.
Figura 14 - Blocos cerâmicos estruturais
Fonte: Cerâmica Princesa (2012).
Na alvenaria estrutural, a execução das paredes deve ser iniciada pelos cantos
principais ou pelas ligações com outros componentes da edificação. Nesta etapa, o escantilhão
75
(tripé metálico que faz o alinhamento das paredes) é utilizado como guia das juntas
horizontais e verticalidade. Os blocos nas paredes estruturais devem ter as juntas em
amarração e acessórios de blocos cerâmicos estruturais. Eles apresentam desempenho superior
em conforto térmico e acústico e não possuem problemas de retração na secagem. A Figura
15 contém exemplos de acessórios de blocos cerâmicos estruturais.
Figura 15 - Acessórios para blocos cerâmicos estruturais
Fonte: Cerâmica Princesa (2012).
4.2 RESULTADOS SOBRE ENTENDIMENTO DAS EXIGÊNCIAS AMBIENTAIS
Este estudo busca analisar a prática de gestão ambiental no setor de cerâmica
vermelha. Esta seção inicia a apresentação dos resultados dos dados coletados (provenientes
de entrevistas e análise de documentos) e descreve sobre tópicos relacionados ao
entendimento das exigências ambientais no setor de cerâmica vermelha, incluindo as
exigências da legislação ambiental (subseção 4.2.1), as exigências de clientes/comunidade
(4.2.2) e os impactos ambientais causados pelo setor (4.2.3).
4.2.1 Exigências da legislação ambiental (órgãos reguladores)
Em relação à legislação ambiental, os órgãos reguladores do meio ambiente no
Estado de Santa Catarina são FATMA (órgão ambiental da esfera estadual do Governo do
Estado de Santa Catarina), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis) e DNPM (autarquia federal brasileira, vinculada ao Ministério de Minas
e Energia, com sede em Brasília/Distrito Federal). As exigências ambientais desses órgãos
76
reguladores estão restritas ao cumprimento da legislação ambiental vigente em nível federal,
estadual ou municipal, conforme depoimentos abaixo:
Procuramos verificar sempre o cumprimento do código ambiental e também das
resoluções do CONAMA e CONSEMA. Nos balizamos em todas essas resoluções
para expedir licenças ambientais para empresas do setor de cerâmica vermelha.
Também solicitamos a cada município que nos envie declarações sobre eventuais
particularidades da legislação ambiental municipal (E5, gerente regional da
CODAM/FATMA, Rio do Sul/SC, pós-graduado e 3 anos na função).
Atualmente somos regidos pela lei complementar 140, de 2011, onde a fiscalização
passa ser no âmbito de estados e municípios [...] Nos balizamos na Lei de Crimes
Ambientais número 9.605 e nas sanções número 6.514 de 2008, que estabelece
infrações e sanções administrativas relacionadas ao meio ambiente e o processo
administrativo federal para apuração dessas infrações [...] Não temos sistemática
definida para fiscalização, pois estamos deficientes de pessoas... A fiscalização
surge em função de denúncias ou demanda governamental e ocorre através de
imagem de satélites ou visitas de verificação da empresa [...] nos preocupamos
apenas com o cumprimento da legislação (E6, técnico ambiental, escritório
regional do IBAMA, Rio do Sul/SC, graduação em biologia e 21 anos de
serviço)
Os procedimentos administrativos dos órgãos reguladores ambientais estão
relacionados ao licenciamento de instalações, ampliações, modificações e funcionamento de
empreendimentos que utilizam recursos naturais, que sejam potencialmente poluidores ou que
causem degradação ambiental. Conforme depoimentos e documentos disponibilizados pelos
órgãos reguladores entrevistados, as 3 principais legislações ambientais vigentes são:
licenciamento ambiental, Código Florestal e requerimento de lavra.
O licenciamento ambiental (Lei federal 6939/81 e resoluções CONAMA 237/97 e
382/06) é a maior delas e se aplica para as atividades ou empreendimentos que envolvam
extração de argila ou que requerem plano de remediação de áreas degradadas, conforme
depoimento abaixo.
Qualquer empreendimento do setor precisa declarar como o processo produtivo ou a
extração de recursos será executado e como seus impactos ambientais serão
remediados. Com base nisso, podem requerer planos de terceiros (caso a
propriedade seja de terceiro), reflorestamento (quando envolver geração de biomassa
para a queima), aterros no local de extração ou criação de lagoas, por exemplo [...]
Aqui observamos rigorosamente a legislação sobre licenciamento ambiental (E6,
técnico ambiental, escritório regional do IBAMA, Rio do Sul/SC, graduação em
biologia e 21 anos de serviço).
77
A lei de licenciamento ambiental introduziu no Brasil a necessidade de Avaliação
de Impactos Ambientais (AIA). Essa avaliação serve como instrumento de gestão ambiental
para as organizações e possibilita a identificação de elementos necessários para a concepção
de sistemas organizacionais de gestão ambiental (SGA). Os procedimentos AIA podem
também auxiliar na implementação de medidas de proteção ao meio ambiente e na avaliação
de impactos ambientais e da eficiência de medidas de remediação de degradações.
Sempre um empreendimento realiza algum avanço na tecnologia de produção ou
de extração de recursos naturais e que modifica as condições do meio ambiente, o
licenciamento ambiental precisa ser emitido ou atualizado (revisto), conforme os parâmetros
estabelecidos pelos órgãos reguladores ambientais (Decreto Estadual nº 857/79, art. 7º, § 2º).
Há também a necessidade de ver a conformidade com as exigências estabelecidas pela
vigilância sanitária do município.
Conforme depoimento da FATMA, o licenciamento ambiental é requerido para
toda atividade econômica que gera trabalho, renda ou divisas para o país e para aquelas que
envolvem extração de recursos naturais ou processo industrial com descarte de resíduos com
riscos aos sistemas ecológicos. Em Santa Catarina, a FATMA é o órgão responsável pela
aplicação e fiscalização dessa legislação, que contém as seguintes etapas:
 Licença Ambiental Prévia (LAP): uma espécie de consulta de viabilidade da
obra, em que o empreendedor pergunta ao órgão ambiental responsável se pode
(ou não) construir determinado tipo de obra em determinado local/área. A LAP
não autoriza a construção da obra, apenas atesta a viabilidade ambiental da obra
no local solicitado.
 Licença Ambiental de Instalação (LAI): após obtida a LAP, o empreendedor
precisa também apresentar ao órgão ambiental responsável o projeto físico e
operacional da obra a ser construída, com os detalhes de engenharia e sobre como
serão atendidas as condições e restrições impostas pela LAP. A LAI é o
documento que permite a realização da obra.
 Licença Ambiental de Operação (LAO): ao final da construção da obra, o
órgão ambiental responsável deve retornar ao local da obra para vistoria e
verificação do empreendimento. O propósito da vistoria é confirmar ser o
empreendimento foi construído em conformidade com o projeto licenciado. É a
LAO que permite o funcionamento do empreendimento sob o ponto de vista da
legislação ambiental.
78
 Estudos de Impacto Ambiental (EIA): quando da avaliação de solicitações de
licença ambiental, caso a atividade ou empreendimento esteja inserido na Relação
de Atividades Potencialmente Poluidoras do Conselho Nacional do Meio
Ambiente, o órgão ambiental responsável exige a apresentação do EIA, um
diagnóstico detalhado das condições ambientais da área de influência do projeto,
incluindo a avaliação de solo, subsolo, ar, águas, clima, formas de vida,
ecossistemas naturais e meio socioeconômico. Esse diagnóstico deve identificar
os impactos positivos e negativos da atividade ou empreendimento, as medidas
amenizadoras de impactos necessárias e as formas de monitoramento desses
impactos.
 Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA): consiste no relatório
de estudo realizado sobre vantagens e desvantagens ambientais, sociais e
econômicas
de
determinada
atividade
ou
empreendimento,
que
será
disponibilizado pelo órgão ambiental responsável à comunidade da região. Em
função do interesse despertado e pela participação da comunidade, a FATMA tem
convocado frequentemente audiência pública para apresentação de Estudos e
Relatórios de Impacto ao Meio Ambiente, como menciona o depoimento abaixo.
No momento do licenciamento ambiental nós estamos exigindo que as empresas
apresentem laudos de emissões atmosféricas com relação as gases emitidos na
atmosfera nos dutos estacionários das caldeiras e dos fornos de queima e secagem
oriundos dos materiais que eles queimam [...] exigimos também o relatório RIMA
para apresentação em audiência pública à comunidade [...] (E5, gerente regional da
CODAM/FATMA, Rio do Sul/SC, pós-graduado e 3 anos na função).
O Código Florestal (Lei federal número. 4.771 de 1965, nº 97.632/89 e
IBAMA/SEMA/IAP nº 046/07) considera que o exercício de qualquer atividades de
mineração configura atentado à vegetação de Áreas de Preservação Permanente, devendo o
proprietário restabelecer o local com o plantio de essências vegetais correspondentes. Os
desmatamentos sem autorização configura crime ambiental. O Código Florestal obriga o setor
de cerâmica vermelha a realizar recuperação e estabilização ambiental das áreas degradadas
em decorrência da extração de argila e respeitar as áreas de proteção ambiental, locais em que
a atividade econômica é limitada.
O requerimento de lavra é a legislação relacionada à exploração mineral no país
(Lei federal nº 6567, de 1978 e DOU de 26/09/1978). Essa legislação é aplicada pelo DNPM
79
(Departamento Nacional da Produção Mineral), autarquia vinculada ao Ministério de Minas e
Energia, cujas principais responsabilidades são: outorgar títulos de exploração e
aproveitamento de recursos minerais, estabelecer normas/regulamentos complementares à
legislação e exercer a fiscalização sobre o controle ambiental em conjunto com os demais
órgãos responsáveis pelo meio ambiente em nível nacional.
Conforme depoimento do DNPN, o propósito dessa legislação é controlar o
aproveitamento de solo e recursos minerais disponíveis e qualquer empreendimento que
queria extrair recursos minerais necessita da Portaria de Lavra, uma autorização expressa do
Ministério de Minas e Energia. Os regimes de autorização e concessão são aplicados a todas
as substâncias minerais, com exceção daquelas protegidas por monopólio (petróleo, gás
natural e substâncias minerais radioativas), incluindo argila vermelha, calcário, areia,
feldspato, gemas, pedras decorativas e mica. A área máxima de extração autorizada é 50ha
para as substâncias de emprego imediato na construção civil, o que inclui a indústria de
cerâmica vermelha.
O requerimento de concessão de lavra deve ser acompanhado de documentação
adequada, preparada por profissional especializado (geólogo ou engenheiro de minas). Esse
requerimento deve ser entregue, mediante protocolo, no distrito regional do DNPM
acompanhado dos seguintes documentos e provas: certidão de registro da entidade
constituída, designação das substâncias minerais a lavrar, descrição da localização do campo
pretendido para a lavra, definição gráfica da área pretendida, servidões disponíveis na mina,
plano de aproveitamento econômico da jazida, prova de disponibilidade de fundos ou de
cumprimento dos compromissos de financiamento necessários ao plano de aproveitamento e
as operações da mina, dentre outros detalhes.
O Plano de Aproveitamento Econômico da jazida deve ser também acompanhado
dos seguintes documentos/informações: memorial explicativo, projetos ou anteprojetos do
método de mineração adotado, sistema de iluminação, ventilação, transporte, sinalização e
segurança do trabalho a serem empregados, sistema de transporte na superfície e de
aglomeração do minério, instalações de energia, de abastecimento de água e de
condicionamento de ar, higiene da mina e dos respectivos trabalhos, moradias e suas
condições de habitabilidade dos residentes, instalações de captação e proteção das fontes,
adução, distribuição e utilização de água, plano de resgate e salvamento, plano de controle dos
impactos ambientais, plano de fechamento da mina e licença de instalação da Agência
Estadual de Meio-Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH).
80
Na visão dos órgãos reguladores ambientais, no âmbito das grandes empresas, a
política ambiental do setor está adequada ao que estabelece a legislação ambiental. Segundo
os órgãos entrevistados, existe atualmente nas grandes empresas catarinenses do setor
preocupação em respeitar a legislação ambiental e em preservar os recursos ambientais
disponíveis. Os entrevistados avaliam que nos últimos anos houve melhoria considerável na
prática de gestão ambiental das organizações de médio e grande porte, pois elas demonstram
hoje maior atenção à legislação ambiental e promoveram melhorias na composição de seus
produtos (reaproveitamento de pó de pedra, pedra e sub-produtos do papel) e no processo de
queima industrial (hoje usam material reflorestado). Eles também se esforçaram para obterem
certificações de produtos, conforme ilustra os depoimentos abaixo do gerente regional da
FATMA.
No processo de licenciamento ambiental verificamos os tipos de insumos utilizados,
o uso da água e de material combustível para os fornos. Temos notado a evolução
das empresas quanto ao uso de materiais de fontes renováveis, principalmente
cavaco ou serragem de madeira de fontes renováveis. No passado, eles utilizavam
apenas madeira nativa, algo que na atualidade não tem mais acontecido no caso das
maiores empresas do estado (E5, gerente regional da CODAM/FATMA, Rio do
Sul/SC, pós-graduado e 3 anos na função).
A grande maioria das empresas no Estado de Santa Catarina, principalmente as que
estão despontando como líderes de mercado, tem revelado preocupação não apenas
com a gestão ambiental econômica, mas também com a recuperação do meio
ambiente e com a otimização do material extraído (argila). Elas se preocupam hoje
também com a questão social, a geração de emprego e renda para as famílias que
moram no entorno da fabrica (E5, gerente regional da CODAM/FATMA, Rio do
Sul/SC, pós-graduado e 3 anos na função).
A constituição federal define que recursos minerais são propriedades da União. Já a
legislação mineral estabelece as formas e os meios pelos quais os cidadãos podem
ter acesso a esses bens. O órgão regulador do setor mineral é o DNPM
(Departamento Nacional de Produção Mineral), que tem a responsabilidade de
preparar as autorizações para a exploração dos minerais e fiscalizar o processo de
mineração... O aproveitamento mineral por licenciamento [...] é exclusivamente ao
proprietário do solo ou a quem dele obtiver a expressa autorização. O requerimento
de licença deve ser elaborado em formulário próprio e ser acompanhado de algumas
informações [...] (E10, superintendente do DNPM/SC, pós-graduado em
Administração de Empresas e com 15 anos na função).
81
Tabela 1 - Fabricação de artefatos de cerâmica e barro cozido para uso na construção
Fonte: CNAE (2011).
Os relatos obtidos indicam que as empresas maiores (em nível estadual,
aproximadamente 10 organizações, conforme tabela 1) estão mais estruturadas, apresentam
melhor consciência ambiental e estão preocupadas com a imagem da marca junto à
comunidade e ao mercado de consumo. Na opinião dos órgãos reguladores, essa melhora é
também fruto do esforço do sindicato patronal dessas organizações, que realizou nos últimos
anos diversas ações proativas buscando promover melhorias no processo de gestão ambiental
das empresas associadas, como obtenção de recursos para realização de análises laboratoriais
e subsídios para investimentos. Um exemplo desse esforço é a participação dessas empresas
no Programa Estruturante de Cerâmica Vermelha e Artefatos de Concreto, vinculado ao
PBQP-H, que tem a gestão ambiental como um de seus pilares centrais. Abaixo contém
depoimentos relacionados ao assunto.
A grande evolução das empresas de cerâmica vermelha se deu a partir da exigência
do licenciamento ambiental. Antigamente se extraia argila do meio ambiente de
forma agressiva, sem critérios nem preocupação com a degradação da vegetação e
com a preservação de mananciais de águas como nascentes, riachos e rios. Hoje, as
maiores empresas do estado nos procuram solicitando informações sobre processo
de licenciamento ambiental e orientações sobre como evitar determinados prejuízos
ao meio ambiente [...] (E5, gerente regional da CODAM/FATMA, Rio do
Sul/SC, pós-graduado e 3 anos na função).
82
Estou há vários anos fazendo fiscalização em Rio do Sul/SC e acredito que as
empresas da região melhoraram significativamente na gestão ambiental. Numa
escala de zero a dez é atribuiria nota nove para elas. Houve uma evolução
significativa. Acredito que todos os envolvidos nesse assunto (fabricantes,
construtoras, etc) estão se adaptando a um mercado cada mais exigente. As empresas
trabalham hoje dentro da legislação ambiental e procuram desenvolver uma imagem
ambiental melhor junto à comunidade[...] A poluição visual de áreas degradadas não
se tem mais na região. As empresas estão sendo melhor administradas. Elas estão
inclusive muradas, dificultam o acesso de pessoas sem vínculos, tem
armazenamento correto de materiais e a queima de lenha nativa não existe mais.
Enfim o melhoramento é considerável no âmbito das grande empresas [...] (E6,
técnico ambiental, escritório regional do IBAMA, Rio do Sul/SC, graduação em
biologia e 21 anos de serviço).
Os dados secundários coletados indicam que a indústria de cerâmica vermelha é
um dos principais fornecedores de insumos para a construção civil em Santa Catarina, sendo a
sustentabilidade deste setor um fator fundamental para a economia da região. A Figura 16
mostra a distribuição das indústrias de cerâmica vermelha no Estado de Santa Catarina. Elas
estão concentradas em três regiões principais: no Alto Vale do Itajaí, próximas às cidades de
Rio do Sul e Tijucas; na região Sul, próximas à Criciúma; no Oeste do estado, na região de
Chapecó.
83
Figura 16 - Distribuição das indústrias de cerâmica vermelha de SC
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados fornecidos pela Associação Nacional de Cerâmica Vermelha
(2012).
As indústrias de cerâmica vermelha de Santa Catarina estão geralmente situadas
ao longo das bacias dos principais rios que cortam o território catarinense, pois nas margens
dos rios existe a argila de composição mineralógica, em forma sedimentar ou aluvionar,
necessária à fabricação de produtos estruturais à base de cerâmica. No âmbito estadual, a
localização dessas empresas auxilia também na redução do êxodo rural.
O Estado de Santa Catarina tem ainda dificuldades ambientais com determinadas
empresas do setor, em geral com aquelas de menor porte. Segundo relatório do Centro
Cerâmico do Brasil (CCB 2012), apenas quatro empresas do estado possuem certificação de
produtos (duas fabricantes de blocos cerâmicos e duas fabricantes de telhas cerâmicas) e estão
autorizadas a comercializar com o selo de identificação de conformidade. Além disso,
quantidade ainda relativamente pequena das empresas do estado utiliza em seus processos
produtivos tecnologias mais atuais, como sistemas semiautomáticos de carga e descarga e
fornos túneis. Poucas dispõem efetivamente de um sistema de gestão ambiental.
Segundo depoimentos dos órgãos reguladores, no estado há escassez de mão de
obra, em quantidade e qualidade e a maioria as empresas (aquelas de pequeno e médio porte)
utilizam ainda tecnologias antigas. Em geral, elas têm produtividade baixa, lucros reduzidos e
fornecem produtos que não atendem às normas técnicas de padronização da ABNT, o que
resulta em desperdícios de matéria-prima e energia. Embora muitas cumpram a legislação
84
vigente, elas necessitam de melhor estruturação para garantir a sobrevivência frente aos
produtos alternativos, elaborados à base de concreto ou de polímero, com melhor desempenho
em termos de conforto térmico. Elas precisam também investir na oferta de produtos de maior
valor agregado.
Conforme os depoimentos, as empresas localizadas na região de Rio do Sul/SC
são referências no estado. Em geral, elas estão em estágio mais elevado e têm feito
investimentos na gestão ambiental que vão além dos requisitos básicos exigidos pela
legislação. No entanto, no sul do estado estão as empresas com maiores problemas,
principalmente aquelas que fazem emissões de poluentes e têm sistema de queima que utiliza
qualquer tipo de material. Abaixo segue alguns depoimentos ilustrativos do assunto.
Na região sul do estado temos problemas com algumas empresas quanto aos
resíduos gerados... elas têm deficiência na forma de descarte dos resíduos,
principalmente com relação aos locais de descarte (E5, gerente regional da
CODAM/FATMA, Rio do Sul/SC, pós-graduado e 3 anos na função).
Como oportunidade de melhoria para algumas empresas do setor em nível estadual
posso citar a forma inadequada de armazenamento de óleo [...] e, em alguns casos, a
troca de óleo feita de forma irregular, com derramamento no solo (E6, técnico
ambiental, escritório regional do IBAMA, Rio do Sul/SC, graduação em
biologia e 21 anos de serviço).
Como oportunidade de melhoria para as empresas do setor eu citaria a interação com
as escolas da comunidade local no sentido de promover a educação ambiental [...]
Isso poderia auxiliar muito na imagem da fabrica junto à comunidade e ao mercado
local. Outra sugestão é melhorar a divulgação das práticas ambientais da
organização junto aos clientes e à comunidade. Poucas empresas fazem isso [...]
(E12, superintendente do DNPM/SC, pós-graduado em Administração de
Empresas e com 15 anos na função).
Os órgãos reguladores ambientais foram também indagados sobre o desempenho
ambiental da Cerâmica Princesa. Segundo eles, a Cerâmica Princesa é referência em termos
de gestão ambiental no Estado de Santa Catarina. A empresa tem atendido adequadamente
todos os requisitos da legislação ambiental vigente, goza de boa reputação e de bom
relacionamento com os órgãos reguladores ambientais. A empresa costuma se antecipar a
regulamentação ambiental e realiza investimento/ações que extrapolam as exigências da
legislação vigente. No entanto, na opinião dos entrevistados, a empresa poderia aprimorar a
sua política ambiental, ampliar a estrutura de pessoal envolvida na gestão ambiental e obter
85
mais fundos não reembolsáveis junto a órgãos fomentadores para implementação de novos
projetos ambientais. Eles avaliam como ameaça ambiental o risco de escassez da matériaprima (argila) e como oportunidades a oferta de novos produtos ecológicos e melhor
divulgação das ações ambientais realizadas. Abaixo segue alguns depoimentos ilustrativos:
Na utilização de lenha, cavaco ou carvão como matriz energética, a indústria deve
seguir o que está previsto na resolução conjunta IBAMA/SEMA/IAP nº 046/07, a
qual regulariza a produção e o transporte deste material através do DOF (Documento
de Origem Florestal). Já para o pó de serra a resolução não se aplica, por se tratar de
subproduto. Nesse contexto a Cerâmica Princesa fica isenta do Documento de
Origem Florestal, porque utilizar pó de serra como combustível de seus fornos de
secagem e queima (E6, técnico ambiental, escritório regional do IBAMA, Rio do
Sul/SC, graduação em biologia e 21 anos de serviço).
A cerâmica Princesa sempre priorizou o licenciamento ambiental e tem nos
fornecido sempre as informações necessárias. Também tem sido boa parceira da
FATMA no auxílio da questão ambiental [...] temos excelente imagem da
organização. A Cerâmica Princesa não tem dado problema à FATMA no
cumprimento da legislação ambiental. Eles são sempre atenciosos com nossos
pedidos e documentação solicitada (E5, gerente regional da CODAM/FATMA,
Rio do Sul/SC, pós-graduado e 3 anos na função).
Com relação à Cerâmica Princesa, na minha atribuição com fiscal, estive lá várias
vezes e considero a empresa como modelo da região. As técnicas de produção estão
sempre sendo aprimoradas e o produto deles é diferenciado. Na área ambiental, eles
se preocupam muito com a água, que é um dos bens mais preciosos na preservação
da espécie humana; com a estocagem de argila [...] o sistema deles é uma
maravilha...; na extração de matéria-prima eles recuperam a área degradada e
deixam o visual ainda melhor [...] Eu a considero a melhor cerâmica da região do
Alto Vale [...] Eles tem ótima imagem junto ao IBAMA e convive em harmonia com
a comunidade local (E6, técnico ambiental, escritório regional do IBAMA, Rio
do Sul/SC, graduação em biologia e 21 anos de serviço).
4.2.2 Exigências dos clientes e da comunidade
A maior parte dos produtos de cerâmica vermelha comercializados no Estado
de Santa Catarina são destinados à construtoras, lojas de materiais de construção e
proprietários de obras (edificações). Assim, o presente estudo coletou a percepção desses
clientes/usuários sobre a prática ambiental de produtos e fabricantes do setor em nível
86
estadual, incluindo sobre a empresa objeto do estudo. Essas informações possibilitam melhor
entendimento da situação do setor e a identificação de oportunidades de melhorias na gestão
ambiental das organizações com base nas necessidades e expectativas da comunidade e de
clientes/usuários do produto.
Os depoimentos obtidos com revendedores, construtoras e usuários do produto
revelam que os compradores de cerâmica vermelha tomam suas decisões de compra com base
em uma combinação de critérios, incluindo aspectos relacionados à qualidade (resistência e
durabilidade), visual do produto (cor e acabamento) e preço final de venda. Segundo a
maioria dos entrevistados, a qualidade tende no ponto de venda a predominar na decisão da
compra desses produtos.
A cadeia de distribuição e consumo de produto cerâmico (em especial de blocos
cerâmicos) é composta por compradores diretos (revendedores do produto) e indiretos
(consumidores do produto) e que a decisão de compra dos usuários é geralmente influenciado
pelas construtoras, lojas de materiais de construção e pedreiros. Esses agentes influenciadores
tendem a recomendar determinadas marcas ou produtos em função do perfil do usuário e das
informações que dispõem sobre os artigos/fabricantes.
Os depoimentos indicam também que os clientes de cerâmica vermelha (no caso
construtoras, lojas de materiais de construção e proprietários de obras) avaliam como
importante a prática de responsabilidade ambiental das organizações e esperam que seus
fornecedores respeitem à legislação ambiental vigente. Eles acreditam que hoje há várias
empresas do setor já trabalham com a reciclagem de insumos e que seus dirigentes estão
preocupados como o descarte de resíduos, custo de produção e com a sustentabilidade
ambiental da organização. Vários clientes entrevistados manifestaram preocupação com a
conservação de rios e com a tendência de escassez de água potável. No entanto,
aparentemente, eles apresentam ainda postura reativa na avaliação e cobrança da
responsabilidade ambiental de seus fornecedores. Há clientes revendedores que avaliam que
essa tarefa compete exclusivamente aos órgãos reguladores ambientais (FATMA, IBAMA e
DNPM).
Em geral, as construtoras têm implementado internamente algum sistema de
gestão da qualidade e revelaram nas entrevistas preocupação com a aquisição de insumos,
redução de resíduos, descarte correto de resíduos e com o custo da não qualidade. Na opinião
delas, várias organizações do setor pretendem aderir ao Sistema de Avaliação da
Conformidade de Empresas de Serviços e Obras (SiAC), um projeto do Programa Brasileiro
87
de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) que busca avaliar a conformidade da
gestão da qualidade com base na atuação da empresa e no cumprimento da ISO 9001.
O Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras
(SiAC) tem características/princípios como: abrangência nacional, caráter evolutivo
(estabelece níveis progressivos de avaliação e implantação gradual do sistema), caráter próativo (no suporte e na orientação sobre a avaliação da conformidade), flexibilidade (facilidade
de adequação às características regionais, tecnológicas e de gestão), sigilo (informações
tratadas com confidencialidade), transparência nas decisões de implantação, independência
dos agentes envolvidos, publicidade aberta dos resultados das avaliações e alinhamento com o
INMETRO (certificados emitidos por organismos de certificação credenciados pelo
INMETRO) conforme ANEXO D.
Clientes com sistema de qualidade implantado manifestaram que desejam
comprar produtos de fornecedores que possuem também sistemas da qualidade implantados.
Algums exemplos de práticas ambientais adotadas por clientes entrevistados são a coleta
seletiva do lixo, a iluminação natural e a utilização de papel reciclado. Os clientes acreditam
também que fornecedores de produtos de boa qualidade tendem a praticar gestão ambiental
mais estruturada e a atender melhor a legislação ambiental vigente. Abaixo contém alguns
depoimentos sobre o assunto:
Isso não cabe a nós clientes [...] é responsabilidade dos órgãos reguladores que
controlam o assunto [...] O produto tem que chegar aqui dev idamente de acordo
com as normas ambientais vigentes [...] Por outro lado, cabe-nos a responsabilidade
de exigir produtos dentro das normas do INMETRO (E8, sócio-gerente, Call
Center Tonet Materiais de Construção, graduado em Administração de
Empresas, 19 anos na função).
A indústria da construção civil paga um preço elevado para a conservação do meio
ambiente [...] não estou me referindo apenas a questão financeira, pois na verdade
concordamos sobre a importância disso. Por exemplo, nós não podemos jogar o
isopor que utilizamos para fazer lajes de qualquer forma [...] a sobra não pode ser
descartada junto com outros resíduos. Temos que separar esse material e a nossa
região não tem local apropriado para descarte [...] Temos que pagar um preço
elevado para Joinville, o local mais próximo para descarte desse produto (E7,
proprietário, RD Construtora e Incorporador, graduado em Engenharia Civil,
26 anos na função).
Sabemos todo processo de fabricação, e comercialização de produtos, existem
regras. E quem não cumprir está fadado a estar fora desse circuito. O marco
regulatório brasileiro tem evoluído bem, mas depende de cada um fazer sua parte.
Nesse caso governo, indústria, comércio e comunidade [...] cada um tem sua
88
atribuição. Assim entendemos que é obrigação da indústria cumprir com as leis
ambientais. Não exigimos nada nesse aspecto dos fabricantes de blocos e telhas
cerâmicas. Porém todo desvio de conduta no âmbito a do meio ambiente vem a tona,
assim podemos optar em não comprar produtos de quem não respeita o meio
ambiente (E9, proprietário, Brocal Materiais de Construção, ensino médio, 24
anos na função).
Em geral, os entrevistados revelaram pouco conhecimento sobre a prática de
gestão ambiental das empresas de cerâmica vermelha instaladas no Estado de Santa Catarina.
No entanto, avaliam que as empresas maiores (aquelas de grande porte) são as mais
estruturadas e as que produzem cerâmica vermelha buscando respeitar a preservação
ambiental. Segundos alguns depoimentos, essas empresas fazem também alguma divulgação
de ações ambientais realizadas. O desconhecimento revelado pelos clientes entrevistados
sobre a prática ambiental das empresas da região pode indicar, no entanto, que essa
divulgação não está sendo realizada com a intensidade necessária.
Os clientes entrevistados manifestaram desconhecimento também das exigências
da legislação ambiental para o setor de cerâmica vermelha. Eles, no entanto, avaliam que há
necessidade de mais ações de integração entre governo e iniciativa privada e de
aprimoramento do marco regulatório ambiental estabelecido para o setor. Segundo eles, as
distribuidoras de materiais de construção são obrigadas a realizar estudo de impacto ambiental
nos seus depósitos (em função da geração de pó), mas desconhecem a existência de qualquer
exigência ambiental para seus fornecedores. Nesse aspecto, avaliam a legislação ambiental
como incoerente. Na percepção deles, a risco de no futuro as exigências de conformidade
ambiental serem aplicadas também para as empresas comerciais (atacados, distribuidores e
lojas de materiais de construção).
Segundo os clientes, exemplos de pontos fortes das empresa de cerâmica
vermelha da região são o reaproveitamento de matérias-primas, a utilização de subprodutos na
composição do produto final e a utilização de cavacos ou pó de serra no processo de queima.
Eles avaliam também que a cobrança dos órgãos ambientais na abertura de novas empresas é
importante e ajudou a melhorar o padrão de qualidade dos produtos oferecidos pelo setor.
Para eles, as empresas que retardam a implantação de programas ambientais são aquelas que
não dispõem do investimento necessário ou que não têm acesso a programas governamentais
de apoio gestão ambiental.
No âmbito geral, na opinião dos clientes, as empresas de cerâmica vermelha da
região de Rio do Sul evoluíram nos últimos na prática de responsabilidade ambiental. Houve
89
uma redução na quantidade de fabricantes e grande apoio do sindicato patronal das empresas
do setor. Na região, os principais pontos fortes das empresas fornecedoras são o
reflorestamento das áreas de extração de argila, o respeito com a água/rio e a preservação de
matas nativas. No entanto, segundo a maioria dos entrevistados, a maior parte dos
empresários do setor (sobretudo aqueles de pequeno porte) não dispõem de modelos de
padronização dos produtos e não atendem adequadamente as especificações de produto
estabelecidas pela ABNT.
Como oportunidades de melhoria os clientes sugerem a redução no lançamento de
dejetos nos rios, o uso de gás natural como energia térmica e o lançamento de produtos
ecológicos. Com relação à ameaça de mercado, os clientes apontam os produtos fabricados
com matéria-prima alternativa e que oferecem a mesma eficiência e menor impacto ambiental.
Abaixo alguns depoimentos ilustrativos sobre o assunto:
Eu acho que as empresas da região de Rio do Sul têm se enquadrado bem na
legislação ambiental [...] o que temos hoje na região é um percentual baixo das
empresas que tínhamos há 20 anos atrás. As que sobreviveram se adequaram à
legislação ambiental. Até mesmo na extração da matéria-prima [...] hoje existe um
controle mais rigoroso e a fiscalização melhorou bastante. Antes cada empresa fazia
da sua maneira [...] atualmente é necessário estudos com geólogos para determinar
onde e como a operação pode funcionar. Há também exigências de planos de
recuperação das áreas degradadas (E9, proprietário, Brocal Materiais de
Construção, ensino médio, 24 anos na função).
Conforme a Figura 17, a Cerâmica Princesa está instalada nas margens da
nascente do Rio Bela Aliança, afluente do Rio Itajaí Açu. Quando da sua fundação, o bairro
era pouco povoado e tinha perfil estritamente rural, mas com o passar dos anos a região
cresceu e se tornou um bairro central importante e bastante habitado, e que está incluído na
rota turística de produtos coloniais de agricultores da região. Hoje, a localização da empresa
preocupa a comunidade e afeta a percepção dos moradores sobre a organização.
90
Figura 17 - Vista aérea Cerâmica Princesa e circunvizinhança
Fonte: GOOGLE MAPS (2012).
A comunidade local tem receios em função da emissão de poluentes no rio, da
poeira gerada pelo tráfego de caminhões, da extração de argila, do descarte de resíduos
industriais e dos danos causados à vegetação. No momento, a atitude dos moradores é de
apatia e desconfiança, mas há indícios de que no futuro isso possa se transformar em
manifestações abertas de descontentamento e reclamações junto aos órgãos legais de defesa
do consumidor e do meio ambiente. A pressão social se faz presente e, em consequência
disso, gera certo ofuscamento da marca.
Na opinião de clientes e órgãos reguladores, as principais exigências elencadas pela
comunidade são: recuperação das áreas de extração de argilas, principalmente próximo as
rodovias; conservação dos rios que margeiam as fábricas; reflorestamento das áreas
degradadas e redução na quantidade e cor da fumaça emitida pelos dutos estacionários.
Embora exista, por isso, algum desconhecimento, os entrevistados reconhecem que a
Cerâmica Princesa está em conformidade com a legislação ambiental vigente e que a
organização está bem conceituada perante seus clientes, por oferecer produtos de qualidade,
com confiabilidade e amparados com devidas certificações.
Nos preocupamos com córregos próximos as empresas de cerâmica vermelha,
esperamos que elas cuidem corretamente, que não aconteça despejamento de
resíduos e outros produtos que possam polui-los [...] Esperamos também que os
resíduos gerados tem um destino correto (E9, proprietário, Brocal Materiais de
Construção, ensino médio, 24 anos na função).
Temos uma referência quanto a fumaça dos chaminés industriais. Sabemos que
fumaça preta é sinal de poluição [...] assim esperamos que que as empresas de
cerâmica vermelha controlem a queima de seus fornos e emitam apenas fumaça
91
branca, que não é tão agressora a atmosfera, e os moradores vizinhos (E7,
proprietário, RD Construtora e Incorporador, graduado em Engenharia Civil,
26 anos na função).
Esperamos que todas a extrações de argila próxima as rodovias sejam recuperadas...
pois isso é uma agressão visual para quem passa por esses locais [...] outro aspecto
que precisa ser controlado é o pó originado pelos materiais que caem nas estradas e
o trafego dos caminhões. A Cerâmica Princesa é um exemplo, pois possuem
caminhão pipa próprio para irrigar as estradas por onde circulam seus caminhões
(E8, sócio-gerente, Call Center Tonet Materiais de Construção, graduado em
Administração de Empresas, 19 anos na função).
4.2.3 Impactos ambientais causados pelo setor (visão órgãos reguladores e clientes)
Em Santa Catarina, o setor de cerâmica vermelha compreende aprox. 750
empresas formalizadas que produzem 100 milhões de peças/mês e empregam 14.000
funcionários. A produção por unidade fabril varia entre 100.000 e 4.000.000 peças/mês, sendo
80% tijolos e 20% telhas de cerâmica. A região sul de Santa Catarina é responsável por
aproximadamente 38% da produção estadual; o Alto Vale do Itajaí e o Vale do Rio Tijucas
respondem juntos por 51% da produção estadual, enquanto a região oeste participa com 9%
(ABCERAM, 2005).
Conforme depoimentos dos entrevistados, o setor de cerâmica vermelha em Santa
Catarina tem, nos últimos 10 anos, atuado de forma mais cooperativada, seja através de
associações empresariais regionais e do sindicato patronal estadual. Algumas empresas estão
também vinculadas através de Arranjos Produtivos Locais (APL) para trocar experiências e
realizar ações em conjunto nas áreas de compra de insumos (centrais de compra), busca por
apoio de órgãos de fomento e obtenção de recursos de financiamento para projetos
ambientais.
Conforme consta no Quadro 5, o Conselho Estadual do Meio Ambiente
(CONSEMA) estabeleceu a lista de atividades/empreendimentos considerados potencialmente
poluidoras e/ou causadoras de degradação ambiental e que contém também os respectivos
impactos ambientais causados no ar, água e solo, assim como a dimensão desse impacto em
função do porte da organização. Como pode ser observado, nessa listagem estão as atividades
de extração de minerais, denominada de lavra a céu aberto por escavação (avaliada como
'impacto de potencial elevado') e a indústria de produtos minerais não metálicos, que inclui a
fabricação de telhas, tijolos e outros artigos de barro cozido-exclusive de cerâmica esmaltada
92
(avaliada como 'impacto poluidor de potencial médio'). Assim, o setor de cerâmica vermelha
é, perante a legislação ambiental brasileira, considerado como potencialmente causador de
poluição e degradação ambiental.
Quadro 5 - Atividades poluidoras e/ou causadoras de degradação ambiental
00 - EXTRAÇÃO DE MINERAIS
00.12.00 - Lavra a céu aberto por escavação.
Pot. Poluidor/Degradador: Ar: P Água: G Solo: G Geral: G
Porte: PA <= 12000: pequeno (EAS ou EIA, se carvão mineral)
PA >= 80000: grande (EIA)
os demais: médio (EAS ou EIA, se carvão mineral
10 - INDÚSTRIA DE PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS
10.40.10 - Fabricação de telhas, tijolos e outros artigos de barro cozido-exclusive de cerâmica esmaltado.
Pot. Poluidor/Degradador: Ar: M Água: P Solo: P Geral: M
Porte: 0,01 <= AU <= 1,0: pequeno (RAP)
1,0 < AU < 3,0: médio (RAP)
AU >= 3,0: grande (EAS)
Fonte: SANTA CATARINA (2008, 2009, 2011).
As possibilidades de poluição e degradação ambiental no setor de cerâmica
vermelha são diversas, incluindo o uso inadequado de recursos naturais, a degradação de áreas
de extração, o esgotamento de recursos naturais e o lançamento de resíduos no solo ou em
corpos d’água, com risco de contaminação do meio ambiente. No caso do Estado de Santa
Catarina, essa situação tem maior agravamento porque grande parte das empresas que atuam
na região é composta por organizações de pequeno porte, que possuem processo produtivo
com procedimentos arcaicos (e mais poluidores) e que utilizam a lenha como principal
insumo energético na queima de produtos.
Em Santa Catarina, o setor de cerâmica vermelha requer de Licença Ambiental de
Operação (LAO), que está também condicionada à análise de emissões atmosféricas dos dutos
estacionários (as chaminés dos fornos de queima e de secagem). A Resolução CONAMA
382/06, que estabelece os limites máximos de emissão desses poluentes, motivou a ampliação
do controle sobre as emissões atmosféricas pelos órgãos reguladores ambientais,
principalmente em função da crescente industrialização e do aumento no nível de poluentes e
da degradação ambiental.
Segundo depoimentos dos órgãos reguladores, principalmente devido à
obrigatoriedade do licenciamento ambiental, há tendência de modernização das instalações
industriais do setor em nível estadual, o que contribuirá para a diminuição e maior controle
93
interno das emissões atmosféricas pelas organizações do setor de cerâmica vermelha. O
controle de emissões atmosféricas requer a realização de medições periódicas, procedimentos
de coleta adequados e ensaios laboratoriais conforme estabelece as normas dos órgãos
reguladores ambientais no estado. Abaixo contém alguns exemplos de depoimentos sobre o
assunto.
As empresas do setor de cerâmica vermelha, como utilizam material minério, ou
seja, argila [...] causam impacto bastante grande no meio ambiente, principalmente
na retirada desse material. Com relação à poluição, o mais prejudicial é a emissão de
gases oriundos da queima dos produtos quando da secagem das cerâmicas...esse
processo precisa ser monitorado periodicamente (E5, gerente regional da
CODAM/FATMA, Rio do Sul/SC, pós-graduado e 3 anos na função).
São utilizados para extração da argila equipamentos como: retroescavadeira ou
escavadeiras. Estes equipamentos enchem as caçambas dos caminhões que
transportam as argilas para os locais apropriados, grandes pátios das empresas,
nestes são formados grandes estoques. Nota-se cada vez essas máquinas estão mais
modernas com maior eficiência e menos poluentes [...] em muitos casos a área de
extração de argila, ficam melhor após a sua recuperação [...] como por exemplo o
reflorestamento em uma área que antes não possui arvores (E12, superintendente
do DNPM/SC, pós-graduado em Administração de Empresas e com 15 anos na
função).
Quadro 6 - Impactos ambientais da produção de cerâmica vermelha
ATIVIDADE
ASPECTOS
IMPACTO
Extração de argila
Erosão
Perda da camada superficial do solo
Emissão de particulados
Alteração da qualidade do ar
Produção de rejeitos
Assoreamento de recursos hídricos
Redução da biodiversidade por retirada da
vegetação
Diminuição da vazão de nascentes
Modificação da paisagem
Transporte
Sazonamento
Retirada do
sazonamento e
colocação no
compartimento
alimentador
Utilização de água na
moldagem
Pré- aquecimento e
queima e secagem
Emissão de gases do
veículo
Emissão de particulados
Poluição pela alteração da qualidade do ar
Emissão de particulados
Alteração da qualidade do ar
Agressão a mananciais
Redução dos mananciais, riachos
Emissão gasosa
Alteração da qualidade do ar
Uso da lenha
Redução da biodiversidade com uso de lenha nativa
Uso de madeira oriunda
de marcenarias
Disposição da cinza
Poluição dos recursos
no meio ambiente
hídricos por disposição
de cinzas
Transporte do produto Emissão de gases do
acabado
veículo
Alteração da qualidade do ar
Alteração e contaminação do ar
Alteração da qualidade da água
Poluição pela alteração da qualidade do ar
Fonte: Elaborado pelo autor com base em depoimentos órgãos ambientais reguladores (2012).
94
O Quadro 6 apresenta, em detalhes, os principais impactos ambientais por
atividade industrial no setor de cerâmica vermelha, elaborado a partir dos depoimentos dos
órgãos reguladores ambientais entrevistados. Por ordem cronológica, o processo industrial da
cerâmica vermelha envolve as atividades de extração de argilas nas jazidas (atividade com
grande potencial poluidor/degradador fora do processo fabril); de pré-aquecimento de queima
e secagem de produto (atividade de impacto ambiental médio); de transporte da matériaprima, de sazonamento e retirada de sazonamento para colocação no compartimento
alimentador, de utilização de água para moldagem de produtos, de disposição de cinza no
meio ambiente e de transporte de produto acabado (todas estas consideradas de impacto
ambiental baixo).
4.3 RESULTADOS SOBRE ENTENDIMENTO DA PRÁTICA DE GESTÃO AMBIENTAL
DA ORGANIZAÇÃO
Na Cerâmica Princesa as atividades de gestão ambiental são gerenciadas pelo
setor de Desenvolvimento Tecnológico da organização, cujo responsável acumula também as
funções de Assessor Técnico e Assessor Jurídico. Com efeito, isso indica que a função de
gestão ambiental está ligada ao nível hierárquico que toma decisões estratégicas na
organização. No entanto, conforme depoimentos obtidos e documentos internos coletados, a
empresa não dispõe ainda de política ambiental formalizada e as atividades/ações ambientais
são executadas de forma transversal, estando assim diluídas pelos vários setores da empresa.
Ela não dispõe também de comitê responsável pelas decisões de estratégia ambiental da
organização, nem segue o modelo de gestão ambiental (composto por indicadores de
desempenho) proposto pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.
Algumas informações preliminares sobre o consumo de insumos pela organização
foram obtidas. Os documentos internos indicam que: o consumo de água no processo
produtivo é elevado (cerca de 1m³/dia) e que a fonte de captação desse insumo é o próprio
poço artesiano da organização. A análise de potabilidade da água consumida não tem sido
realizada, nem há internamente qualquer processo de reutilização da água descartada, nem de
sistema de refrigeração (apenas os aparelhos de ar condicionado instalados na área
administrativa). A empresa utiliza, no entanto, a biomassa como insumo básico na geração de
energia térmica, mas usa também energia elétrica fornecida pela concessionária autorizada
(Celesc) e gerador próprio à diesel, nos momentos de demanda elevada. O consumo médio de
95
energia térmica na empresa é 7.000 m³/mês, de energia elétrica 400.000 Kwh e de óleo diesel
3.740 litros/mês.
Com relação ao controle de poluentes, a empresa dispõe de algum controle de
emissões atmosféricas sobre a geração de efluentes líquidos e sobre o desempenho do sistema
de tratamento. No entanto, embora a empresa disponha de reciclagem desses efluentes durante
o processo produtivo, não tem ainda sistema de informações sobre o gerenciamento de
resíduos sólidos.
As estratégias ambientais da organização compreendem basicamente o conjunto
de mecanismos empregados para atender as exigências da legislação ambiental e para
promover a redução nos seus custos operacionais de produção. Com base nos depoimentos de
executivos e documentos internos, as principais estratégicas ambientais identificadas são:
 Obtenção da certificação de conformidade do INMETRO para os produtos;
 Participação no Programa Setorial da Qualidade da Cerâmica Vermelha (PSQ);
 Participação no Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat
(PBQP-H);
 Utilização de biomassa (cavaco) como combustível no processo de queima;
 Reutilização de parte de produtos não conforme como matéria-prima industrial;
 Incorporação de resíduos de papel da empresa como matéria-prima
 Esforço para redução da utilização de água;
 Comercialização dos resíduos gerados pelos produtos não conforme;
 Aplicação da "Produção mais Limpa" no processo de fabricação;
 Gestão da vida útil dos produtos fabricados.
Para implementar essas estratégias ambientais, a Cerâmica Princesa executa de
diferentes áreas funcionais internas diversas ações/atividades de gestão ambiental. A matériaprima é, por exemplo, extraída de encostas e montanhas, sendo o local sempre recomposto de
material orgânico visando evitar erosões futuras. Ela utiliza também lodo de fabricas de papel
na formulação de seus blocos cerâmicos, o que contribui para redução do passivo ambiental
(esse insumo reduz de 25% para 5% a composição de água na moldagem de produtos, por
exemplo).
A empresa faz também a utilização de subprodutos de serrarias (cavaco e
serragem) como combustível dos fornos de queima e secagem. Com essa pratica, a empresa
aumenta a sua eficiência térmica e a geração de baixo teor de emissão de poluentes na
96
atmosfera. Além disso, ela tem evitado o desmatamento de florestas, reduzindo assim o
passivo ambiental das empresas beneficiadoras de madeira.
Os produtos fabricados pela Cerâmica Princesa são também certificados pelo
Centro Cerâmico Brasil (CCB) e a empresa participa regularmente do Programa Setorial de
Qualidade (PSQ). Com isso, seus produtos comercializados estão em conformidade com as
normas técnicas vigentes e atendem ao rígido controle de qualidade estabelecido para o
processo produtivo. Isso contribui para a redução de perdas e desperdícios de insumos, dentre
outros benefícios. Os blocos cerâmicos da empresa por serem certificados tem desempenho
elevado em termos de absorção de água, resistência mecânica e peso, quando comparados ao
desempenho de produtos não normatizados. Abaixo contém alguns depoimentos sobre o
assunto
A água é necessária no processo de cerâmica vermelha, pois os produtos precisam
ser moldados [...] Grande parte das empresas utilizam cerca de 25% de água na
moldagem de seus produtos. Nos procuramos reduzir a utilização de água com a
utilização de subprodutos de outro setor como o lodo das fabricas de papel, que
antes tinham como destino os aterros sanitários e lixões [...] Esse produto que gera
passivo ambiental é incorporado na formulação dos nossos produtos e com isso
reduzimos drasticamente a utilização de água extraída de rios e outras fontes (E2,
Gerente da Qualidade da Cerâmica Princesa, pós graduada em Administração
e 07 anos na função).
A Cerâmica Princesa tem atualmente seus produtos certificados. Por ela ser
certificada, seus produtos são normalizados [...] participamos do Programa Setorial
da Qualidade –PSQ... temos também planejamento de eficiência energética (mix de
elétrica e térmica) e inclusive com parcerias com o SENAI, com quem já realizamos
vários trabalhos. Temos também aplicado o sistema de P+L (Produção Mais Limpa)
com apoio de consultoria externa especializada. Estamos agora junto com a
Associação Nacional de Cerâmica Vermelha desenvolvendo projeto para avaliação
do ciclo de vida de blocos cerâmicos, em comparação a produtos similares de
fabricantes concorrentes [...] (E4, Diretor Industrial/Sócio Gerente da Cerâmica
Princesa, ensino médio e 30 anos na função).
Os documentos internos disponibilizados indicam que a Cerâmica Princesa
cumpre diversos regulamentos técnicos com especificações aplicadas à cerâmica vermelha.
Na comercialização de blocos cerâmicos, por exemplo, ela atende aos requisitos da Portaria
Inmetro nº 127, de 2005 e das seguintes normas da ABNT: NBR 15270:1, NBR 15270:2,
NBR 15270:3, BR 15.310, NBR 7170 (ano 1983), NBR 6460 (1983) e NBR 8041 (1983).
97
A empresa dispõe de boas praticas no tocante ao uso de enérgica (térmica e
elétrica) e estas foram implementadas com apoio de consultoria externa especializada. Elas
envolveram o melhor dimensionamento dos motores elétricos da organização, a mudança na
tarifa de contratação de energia elétrica e a ampliação do controle do fator de potencia, o que
contribui para melhorar o desempenho dos fornos de secagem (e queima) e para a redução
significativa no consumo de energia elétrica da organização.
A Cerâmica Princesa aplica também o sistema de Produção Mais Limpa (P+L) e o
utiliza como estratégia (econômica, ambiental e tecnológica) integrada aos processos de
produção e de desenvolvimento de produtos no ano de 2011. Com isso, ela consegui aumentar
a sua eficiência no consumo de matéria-prima, água e energia, assim como minimizar a
quantidade de resíduos gerados pelo processo produtivo. Essa aplicação foi também
executada com apoio de consultoria externa especializada. Abaixo segue depoimento da
consultoria externa especializada sob o assunto.
Avaliamos as atividades ambientais e as instalações da Cerâmica Princesa [...]
O trabalho foi realizado através de metodologia apropriada e com coleta de
informações a partir da análise de documentos e inspeção in loco [...] Os critérios de
avaliação foram práticas de prevenção da poluição e exigências da legislação
ambiental pertinente[...] as etapas foram: análise da documentação pertinente;
levantamento de campo das práticas ambientais no processo; aplicação dos
requisitos legais ambientais e avaliação de referência qualitativa das situações
identificadas. Identificamos as ações que contribuiriam para melhorar o desempenho
da organização, principalmente no que se refere ao consumo de matérias-primas,
emissões atmosféricas, emissões de ruídos e o controle dos resíduos sólidos (E11,
consultor ambiental do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Unidade
de Blumenau, mestrado em Gestão Ambiental e 3 anos na função).
A empresa faz também a molhagem de estradas/ruas ao entorno do seu parque
fabril. Essa pratica, realizada com frequência nas estradas onde trafegam seus caminhões com
matéria-prima e produtos acabados, visa minimizar a quantidade de pó e poeira gerada pelo
trafego dos seus caminhões, contribuindo para reduzir o desconforto causado junto à
comunidade local. Isso representa um esforço para melhorar o relacionamento com os
moradores da comunidade, conforme atesta o depoimento abaixo.
A Cerâmica Princesa possui caminhão Pipa [...] que utilizamos frequentemente para
molhar as estradas ainda não pavimentadas onde trafegam nossos caminhões [...]
Sabemos que essa atividade é responsabilidade da Prefeitura de Rio do Sul [...]
fazemos isso para manter boa convivência com os moradores da comunidade local.
98
Procuramos sempre atender as solicitações da comunidade da melhor maneira
possível... (E3, Diretor Industrial/Sócio Gerente da Cerâmica Princesa, com
ensino médio e 30 anos na função).
A empresa possui também uma frota de caminhões relativamente novos, todos
adequados à resolução do Programa de Controle de Emissões Veiculares (PROCONVE),
legislação que estabelece a quantidade de poluentes aceitáveis. A frota da empresa é equipada
com tanque para utilização do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32) como
ilustrado na figura 18. Esse sistema, chamado de SCR (sigla em inglês para redução catalítica
seletiva,) possibilita redução significativa no consumo de combustíveis.
Figura 18 - Ilustração do Agente Redutor Líquido Automotivo ARLA32
Fonte: APTA CAMINHÕES E ONIBUS (2012).
No tocante à legislação ambiental, as evidências obtidas na coleta de dados
indicam que a empresa dá devida atenção aos órgãos reguladores e que cumpre as principais
exigências ambientais vigentes. Ela está em dia com as Licenças de Operação Ambiental
(vide Anexo D) e com os Requerimentos de Lavra necessários junto ao Departamento
Nacional de Produção Mineral. Ela faz também periodicamente análises atmosféricas em seus
dutos estacionários, as chaminés dos fornos de queima e secagem. O quadro 7 contém o
checklist elaborado que sintetiza a avaliação realizada a legislação ambiental vigente aplicável
ao setor de cerâmica vermelha e a situação de conformidade/adequação da Cerâmica Princesa.
Para realização desse checklist foram avaliadas as jazidas de extração de argilas e o parque
fabril da organização. A avaliação foi feita após visitação das instalações e bom base nas
informações obtidas com o responsável pela gestão ambiental e nos documentos internos
disponibilizados.
99
Quadro 7 - Checklist de avaliação do cumprimento da legislação ambiental
Licenciamento ambiental das atividades
Requerimento de Lavra
Documento de Origem florestal (DOF)
Aplica-se a empresa?
Sim
Não
X
X
X
A Empresa está adequada?
Sim
Não
X
X
Efluentes Líquidos
X
X
Ruído externo
X
X
X
X
X
TEMAS
1
3
4
5
8
9
10
11
12
Emissões atmosféricas de fontes fixas
Emissões atmosféricas de veículos motor
a diesel
Produtos Químicos controlados pela
Polícia Federal
Produtos químicos controlados pelo
Exército
Uso de Agrotóxicos
13
14 Uso de motosserra
Transporte de produtos perigosos
15
X
X
X
X
X
X
Fonte: Elaborado pelo autor com base em depoimento do responsável pela gestão ambiental e análises de
documentos disponibilizados, (2012).
As jazidas de extração de argilas estão localizadas na região rural do município e
pertencem a pequenos agricultores rurais que as arrendaram para a empresa. O parque fabril
contém o prédio administrativo, pátio externo com estacionamento de veículos, poço de água,
fossa séptica e sumidouro da organização. O prédio administrativo é composto pela sala de
recepção, sala de arquivo, salas da gerência administrativa, sala de reuniões, sala de
treinamento, salas administrativas, refeitório e sanitários. Conforme ilustra a Figura 19 a área
fabril da empresa é composta de terreno para estocagem de argila a céu aberto, dois galpões
cobertos para armazenamento de argila, área de estocagem do taguá moído e lodo da indústria
de papel, área da preparação de massa, extrusão, secador, forno de queima e área de
expedição/estocagem.
Figura 19 - Etapas do processo industrial da organização instaladas no parque fabril
Fonte: Cerâmica Princesa (2012).
100
A análise dos documentos disponibilizados confirmou que a Cerâmica Princesa
possui todos os requerimentos de lavra necessários, conforme estabelece a Lei federal nº
6567, de 24/09/1978 e o DOU de 26/09/1978. Ela dispõe também de sistema de efluentes
sanitários em fossa séptica com filtro anaeróbio e sumidouro, como requer a Resolução
CONAMA 357/2005, o Código Ambiental Lei Nº 14.675/2009 e o Decreto Estadual
14.250/81. De fato, os efluentes líquidos gerados na empresa são principalmente efluentes
sanitários e as emissões atmosféricas da empresa são gases resultantes da queima da biomassa
(CO, CO2, NOx, SOx e Material Particulado), com medições realizadas periodicamente nos
moldes do que estabelece a Lei estadual 14.675/2009 e a Resolução CONAMA 03/1990. No
entanto, a empresa não apresentou laudo de emissão de ruído externo para a circunvizinhança
como estabelece o Código Ambiental Lei 14.675/2009, a Resolução CONAMA 01/1990 e as
normas ABNT NBRs 10151 e 10152.
Como parte da gestão ambiental, a empresa armazena os cavacos de madeira
(biomassa) em área com piso impermeável e com cobertura adequada para evitar chuvas e
ventos. O lodo de ETE das fábricas de papel é utilizado com aditivo de matéria-prima e é
também armazenado em local com piso impermeável e em área coberta apropriada. A
empresa também apresentou os seguintes documentos técnicos, requeridos pela legislação
vigente: LTCAT – Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho; PPRA – Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais; PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde
Ocupacional. Abaixo contém alguns depoimentos ilustrativos sobre o assunto.
Insumos indispensáveis para a fabricação de cerâmica vermelha são as argilas [...]
essa extração é regulada pelas resoluções provenientes de órgãos federais como o
DNPM [...] Nos fazemos os requerimentos necessários para as áreas de extração e
junto com esses requerimentos fazemos as licenças ambientais com a FATMA.
Estamos também adequados com a Licença Ambiental de Operação [...] Na pratica
verificamos o local onde serão extraídas argilas, antes de iniciar a extração e
desenvolvemos planos de recuperação ambiental [...] em determinados locais de
extração, nosso plano de recuperação deixa o local em melhor estado de aparência
do que era anteriormente [...] A Cerâmica Princesa está preocupada com o meio
ambiente e utiliza argilas de locais de origem (locais primários) como encostas de
montanhas (E1, assessor técnico da Cerâmica Princesa, graduado em Direito e
com 11 anos na função).
No tocante a legislação ambiental. a empresa apresentou um bom desempenho
quanto ao atendimento a legislação ambiental. Dos seis itens aplicáveis, a empresa
não atende apenas ao item de ruído externo. Isso não significa que a empresa
101
encontra-se fora dos padrões aceitáveis pela legislação, porém necessita de um
estudo por uma empresa especializada, que gere um laudo técnico, para apresentar
ao órgão competente (E10, consultor ambiental do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial, Unidade de Blumenau, com mestrado em Gestão
Ambiental e 3 anos na função).
Os depoimentos dos entrevistados indicam que as praticas ambientais da
Cerâmica Princesa estão realmente em consonância com os órgãos de regulação ambiental,
atendem demandas provenientes da comunidade local e auxiliam na redução dos seus custos
de produção. A título de ilustração, segue abaixo depoimentos do executivo de marketing e
vendas da organização.
A Cerâmica Princesa sempre está alinhada com a questão ambiental. Ela se preocupa
com as leis ambientais [...] porém não só com as leis, mas se antecipa as exigências
que poderão ser solicitadas. No departamento de marketing e vendas criamos
materiais de divulgação com foco na qualidade de nossos produtos e também com
relação à qualidade ambiental da empresa. Na área de vendas, a gestão ambiental é
um adicional forte. Procuramos sempre explanar aos clientes as práticas ambientais
executadas na Cerâmica Princesa [...] (E4, gerente de marketing e vendas da
Cerâmica Princesa, ensino médio e com 25 anos na empresa).
Eu estou convencido que a empresa consegue mostrar uma boa imagem para seus
clientes [...] em especial sobre o tratamento da empresa com o meio ambiente. Os
clientes, de maneira geral, buscam qualidade nos produtos que nós fornecemos e
sabem quando um produto tem a qualidade almejada [...] isso reflete na boa gestão
ambiental de seus fornecedores (E4, gerente de marketing e vendas da Cerâmica
Princesa, ensino médio e com 25 anos na empresa).
Em termos de projetos futuros, a Cerâmica Princesa revelou que pretende
promover novas melhorias nas condições de segurança, proteção à saúde dos colaboradores e
preservação do meio ambiente. Segundo os depoimentos os projetos ambientais devem ser
cada vez mais estratégicos para a organização e devem assegurar de forma corretiva e
preventiva o desempenho desejado na gestão ambiental da organização. Os principais projetos
ambientais futuros já definidos são: Projeto Crédito de carbono, destinado a redução das
emissões indústrias e que passa atualmente pela avaliação de órgãos internacionais para
geração de créditos; Projeto Blocos Cerâmicos Verde, voltado para o desenvolvimento de
tecnologias para produção de novos produtos ecologicamente corretos, mas que mantenham a
qualidade dos produtos atuais.
102
4.4 AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA GESTÃO AMBIENTAL DA ORGANIZAÇÃO
A gestão ambiental é um campo de estudo extenso, complexo e que temas
relacionados à gestão, sociedade e meio-ambiente, dentre outros. O tratamento
multidisciplinar do assunto é necessário para o adequado enfrentamento dos desafios
ambientais pelas organizacionais (BOSCHETTI & BACARJI, 2009). A análise dos resultados
do presente estudo indica que essa é a prática de gestão ambiental da Cerâmica Princesa. A
empresa
envolve
seus
diversos
setores/áreas
funcionais
na
implementação
das
atividades/projetos ambientais e a sua gestão ambiental procura transcender ao simples
cumprimento das exigências ambientais legais (ex: atendimento de solicitações da
comunidade para molhagem de ruas/estradas não pavimentadas). As praticas ambientais da
organização incluem também atividades relacionadas à extração de insumos, ao
processamento de produtos e à integração com os órgãos reguladores. A avaliação geral da
prática de gestão ambiental da empresa com base nos dados obtidos sobre os últimos 3 anos
permitiu a identificação de pontos fortes e pontos fracos (ou possibilidades de melhorias) da
empresa, assim como a detecção de ameaças de mercado e oportunidades recomendáveis.
Dentre os pontos fortes da gestão ambiental está o cumprimento correto da
legislação ambiental vigente e o bom relacionamento desenvolvido com os órgãos reguladores
ambientais competentes que atuam no Estado de Santa Catarina, ao ponto de avaliarem a
empresa como modelo (referência) no atendimento à legislação ambiental. Seu ponto forte é
também o fato de realizar várias iniciativas ambientais, principalmente aquelas com foco na
preservação do meio ambiente, na minimização de impactos ambientais e na redução do custo
de produção. Há também o esforço para minimização da poeira gerada ao entorno da empresa
e a manutenção das emissões de efluentes dentro dos parâmetros máximos exigidos pela
legislação. Abaixo contém a listagem dos principais pontos positivos identificados, que estão
inclusive relacionados às próprias estratégias de gestão ambiental aplicados pela organização:
 Disponibilidade de produtos certificados em conformidade com o INMETRO;
 Participação desde de 2003 do Programa Setorial da Qualidade da Cerâmica
Vermelha (PSQ);
 Participação do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat
(PBQP-H);
 Utilização de biomassa (cavaco) como combustível para processo de queima;
103
 Reutilização de parte dos produtos não conforme como matéria-prima no processo
de produção;
 Incorporação de resíduos de papel da empresa como matéria-prima industrial;
 Comercialização dos resíduos gerados pelos produtos não conforme;
 Disponibilidade de frota de caminhões em conformidade com PROCONVE.
Apesar dos vários pontos positivos identificados, há também alguns pontos
fracos ou aspectos que podem ser melhorados na gestão ambiental da organização. A empresa
poderia, por exemplo, ser mais ativa (e menos corretiva) na solução dos problemas ambientais
causado pelas suas atividades industriais. Há indícios de que a gestão ambiental da empresa
ocorre de forma não articulada, sem planejamento prévio e não amparada em política
ambiental formalizada. Ela tem também dificuldades para mensurar os resultados das ações
ambientais executadas e poderia aplicar o modelo de indicadores de desempenho estabelecido
pelo Instituto Ethos. Ela não dispõe aparentemente de um sistema de gestão ambiental
adequadamente implementado. Enfim, seus pontos fracos ou possibilidades de melhorias
podem ser resumidos como segue:
 Prioridade baixa atribuída ao processo de gestão ambiental;
 Ausência de comitê interno de definição das estratégias ambientais da
organização;
 Necessidade de melhora na integração dos diferentes setores/áreas funcionais
envolvidos na implementação das atividades ambientais;
 Ausência de sistema de gestão ambiental embasado na Norma ISO 14001;
 Necessidade de monitoramento do desempenho ambiental da organização;
 Possibilidade de aplicação do reconhecido modelo de gestão ambiental do Instituto
Ethos;
 Ausência de coleta seletiva de lixo em todas as áreas funcionais;
 Ausência de laudo de medição de ruído externo como requer a legislação
ambiental vigente.
No que tange às ameaças de mercado, o setor de cerâmica vermelha enfrenta
alguns riscos potenciais que tendem a influenciar no futuro o desempenho da organização. Ele
corre o risco de sofrer escassez de matéria-prima (em especial de argilas e água). O setor da
construção civil, seu principal mercado-alvo, sofre efeitos da atual crise financeira
internacional em evolução e seus reflexos podem gerar ameaças à indústria de cerâmica
104
vermelha. O boom recente da construção civil desencadeou também alguns problemas
potenciais para o setor de cerâmica vermelha, como a falta de mão de obra qualificada, a
dificuldade de materiais com qualidade e atraso no cronograma de obras. Novos processos de
inovação tecnológica na indústria da construção civil tem sido desenvolvidos e
implementados, incluindo a geração de novos equipamentos, materiais, sistemas de trabalho e
produtos alternativos. Isso pode impactar em ameaças de mercado às empresas do setor de
cerâmica vermelha. O surgimento de novas tecnologias podem gerar produtos substitutos para
os blocos cerâmicos, com vantagens adicionais (menor agressão ao meio ambiente, preço,
rapidez na execução da obra e praticidade no manuseio).
Dentre as oportunidades de mercado estão a definição de política ambiental
alinhada com as estratégias competitivas da empresa; a proatividade na elaboração das
estratégias ambientais para os próximos 5 anos; o monitoramento do desempenho ambiental
da empresa junto ao mercado, inclusive com a utilização de indicadores ambientais
adequados; a intensificação das ações de divulgação das atividades/projetos ambientais
realizados pela organização; o desenvolvimento de produtos eco orientados; direcionamento
de seus produtos para consumidores interessados em produtos ecologicamente corretos.
O maior desafio (e ao mesmo tempo isso representa uma oportunidade ambiental
relevante) e o avanço na implementação de novas praticas ambientais sem comprometer a
oferta de produtos com os atuais padrões de qualidade, distribuição e preço para os
consumidores finais. O Quadro 8 contém também algumas outras oportunidades de melhorias
mais específicas e orientadas para as principais áreas internas da empresa (inclusive com
plano de ação e barreiras potenciais), elaboradas quando da implementação do programa
Produção Mais Limpa (P+L) pela empresa de consultoria externa contratada.
105
Quadro 8 - Oportunidades de melhorias identificadas no Programa P+L
Área da Empresa
Unidade Fabril
Administrativo
Laboratório
Preparação de
Massa
Forno
Manutenção
Oportunidades e/ou
problemas
Plano de ação,
estratégias ou ações
Barreiras ou necessidades
Elaborar e implantar o plano de  Implantar coleta seletiva
gerenciamento de resíduo
 Quantificar resíduos gerados
(PGRS)
 Destinar uma área específica para uma
central de resíduos
 Coletar e dar destino adequado aos
resíduos Classe I (perigosos)
Não há indicadores de Elaborar planilha com
 Falta de dados
processos
indicadores gerais e
 Falta de sistema de registros
sistematizados
específicos do processo
Gerenciamento de
resíduos
Não é realizado
controle da matéria
prima
Reutilizar o produto
não conforme como
parte da matéria prima
Reutilizar cinzas como
parte da matéria prima
Redução de umidade
da biomassa (cavacos)
Elaborar procedimentos e
ensaios para análise
Captar água da chuva
por meio de calhas e
cisternas
Canalizar as águas da chuva
dos telhados para um
reservatório
 Literatura e informações técnicas
Fazer moagem para reutilização  Custos aliados a aquisição e manutenção
dos equipamentos
Instalar eletroímã para remover  Ensaios laboratoriais de resistência
os metais
Fazer secagem da biomassa
 Forno rotativo para reduzir o teor de
umidade da biomassa
 Materiais, calhas, caixa de água, bombas e
tubulações
.
Fonte: Cerâmica Princesa, Setor de Desenvolvimento Tecnológico (2012).
Com base em Brusnstein e Buzzini (1998), as estratégias de gestão ambiental,
denominadas pelos autores como "eco estratégias", são aquelas que pertencem ao sistema de
gestão ambiental da organização, que vão além das exigências legais e que podem contribuir
para a obtenção de vantagem e/ou diferencial competitivo para a organização. Como a gestão
ambiental no setor de cerâmica vermelha representa oportunidade para os negócios, que vão
além da redução nos custos e do respeito à legislação vigente, a prática de gestão ambiental da
Cerâmica Princesa pode ser analisada como base no modelo de eco estratégias ambientais
proposto por Brusnstein e Buzzini (1998).
106
Figura 20 - Posicionamento estratégico competitivo recomendado
POSICIONAMENTO SUGERIDO
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Brusnstein e Buzzini, (1998).
Conforme indicado na Figura 20, conforme o posicionamento estratégico
competitivo desejado, a organização pode focalizar as suas estratégias ambientais em
diferentes níveis de atuação. Ela pode focalizar em estratégias ambientais reativas, aquelas
destinadas basicamente ao atendimento dos aspectos exigidos pela legislação ambiental
vigente (FATMA, DNPM e IBAMA). A organização pode se concentrar na aplicação de
estratégias ambientais mais ativas, que requerem a implementação ativa, de forma planejada e
com política ambiental formalizada, de vários projetos ou atividades ambientais alinhados
com as demais estratégias da organização (meio da pirâmide). Há também a possibilidade de
se direcionar para as estratégias ambientais proativas, aquelas que elevam a gestão ambiental
ao nível de estratégias competitivas da organização e que a utilizam proativamente como
elemento de diferencial e vantagem competitiva (pico da pirâmide). A análise dos resultados
deste estudo indicam, considerando as tendências de mercado, a forma de atuação da
concorrência e as exigências/expectativas dos clientes-alvo, que esse pode ser realmente o
posicionamento estratégico competitivo indicado para a Cerâmica Princesa.
107
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS, RECOMENDAÇÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES
PARA FUTUROS ESTUDOS
A partir da análise realizada na revisão de literatura e nos resultados empíricos da
pesquisa, algumas considerações finais, limitações do estudo e sugestões para pesquisas
futuras puderam ser apresentadas.
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O intuito deste trabalho foi avaliar a situação da gestão ambiental no setor de
cerâmica vermelha com base nas estratégias/ações ambientais aplicadas nos últimos 3 anos e
na imagem de responsabilidade ambiental da marca junto aos stakeholders (órgãos
reguladores, clientes-alvo e comunidade). O estudo foi realizado na Cerâmica Princesa
Indústria e Comércio LTDA, organização familiar, localizada no município de Rio do Sul, no
Estado de Santa Catarina, fundada em 1941.
Os objetivos específicos do presente estudo foram: (1) levantar a prática de gestão
ambiental da organização nos últimos 3 anos, (2) verificar demandas, expectativas e
percepções dos principais stakeholders sobre a prática de gestão ambiental da
marca/organização, (3) identificar pontos fortes e fracos da organização (ambiente interno),
oportunidades e ameaças de mercado (ambiente externo) e (4) apontar para as empresas do
setor de cerâmica vermelha do Estado de Santa Catarina recomendações de estratégias/ações
ambientais.
Sobre a prática de gestão ambiental da organização, os resultados revelaram que
na Cerâmica Princesa as atividades de gestão ambiental são gerenciadas pelo setor de
Desenvolvimento Tecnológico e são executas pelas diferentes áreas funcionais da
organização. As suas principais estratégicas ambientais são: obtenção da certificação de
conformidade para os produtos, participação em programa de qualidade e produtividade, uso
de biomassa no processo de queima, reutilização de parte de produtos não conforme, esforço
na redução do consumo de água, comercialização dos resíduos gerados e aplicação da
"Produção mais Limpa" no processo de fabricação, dentre outras. No tocante à legislação
ambiental, as evidências obtidas indicam que a empresa dá devida atenção aos órgãos
reguladores e que cumpre as principais exigências ambientais vigentes. Ela está em dia com
108
as Licenças de Operação Ambiental e com os Requerimentos de Lavra necessários e faz
periodicamente as análises atmosféricas em seus dutos estacionários.
Sobre expectativas e percepções dos órgãos reguladores e clientes, os resultados
mostraram que os principais órgãos reguladores do meio ambiente no Estado de Santa
Catarina são FATMA, IBAMA e DNPM e que as três principais legislações vigentes são
licenciamento ambiental, Código Florestal e requerimento de lavra. Os clientes de cerâmica
vermelha avaliam como importante a prática de responsabilidade ambiental das organizações
e esperam que seus fornecedores respeitem à legislação ambiental vigente. Eles acreditam
também que há várias empresas do setor já trabalham com a reciclagem de insumos e que
seus dirigentes estão preocupados como o descarte de resíduos, custo de produção e com a
sustentabilidade ambiental da organização. Segundo os órgãos reguladores, as empresas de
cerâmica vermelha da região de Rio do Sul evoluíram nos últimos graças à redução na
quantidade de fabricantes e o grande apoio do sindicato patronal do setor. A comunidade local
tem receios em relação ao setor em decorrência da emissão de poluentes no rio, da poeira
gerada pelo tráfego de caminhões, da extração de argila, do descarte de resíduos industriais e
dos danos causados à vegetação.
Sobre pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças de mercado, os resultados
apontaram como principais pontos fortes os seguintes: disponibilidade de produtos
certificados, participação no Programa Setorial da Qualidade da Cerâmica Vermelha,
participação no Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat, utilização de
biomassa no processo de queima, reutilização de parte dos produtos não conforme como
matéria-prima no processo de produção, incorporação de resíduos de papel como matériaprima industrial, dentre outros. Como pontos fracos principais os seguintes: ausência de
comitê de definição das estratégias ambientais, necessidade de melhor integração de
setores/áreas funcionais envolvidos, ausência de sistema de gestão ambiental embasado na
ISO 14001, necessidade de monitoramento do desempenho ambiental da organização e
possibilidade de aplicação do modelo de gestão ambiental do Instituto Ethos, dentre outros.
No que tange às ameaças de mercado, o setor de cerâmica vermelha enfrenta
riscos potenciais como: escassez de matéria-prima, a atual crise financeira internacional em
evolução, falta de mão de obra qualificada, dificuldade de aquisição de materiais de qualidade
e atraso no cronograma de obras e novos processos de inovação tecnológica na indústria da
construção civil (novos equipamentos, materiais, sistemas de trabalho e produtos
alternativos). Dentre as oportunidades de mercado estão: a definição de política ambiental
alinhada com as estratégias competitivas da empresa, a proatividade na elaboração das
109
estratégias ambientais para os próximos 5 anos, o monitoramento do desempenho ambiental
da empresa junto ao mercado, a intensificação das ações de divulgação das atividades/projetos
ambientais realizados e o desenvolvimento de produtos eco orientados.
5.2 RECOMENDAÇÕES DE MELHORIAS PARA AS EMPRESAS DO SETOR DE
CERÂMICA VERMELHA
Apesar de ser rentável e com grande apelo social, o setor de Cerâmica Vermelha
em Santa Catarina apresenta um foco difuso, com avanço tecnológico em poucas empresas e
processos produtivos semi-artesanais, elevado índice de desperdício, problemas ambientais e
falta de profissionalização na estrutura produtiva e administrativa. Um cenário que requer
maior comprometimento com o desenvolvimento sustentável dessa atividade industrial de
grande importância para a construção civil.
Considerando que a grande maioria das empresas que integram o setor são de
micro, pequeno e médio porte, que estas apresentam deficiências nas áreas de gestão da
produção e ambiental e que muitas empresas do segmento promovem a geração de passivos
ambientais, por utilizarem de maneira incorreta a extração de matérias-primas, usam lenha
como combustível para queima e têm dificuldades para descarte dos resíduos de produção,
algumas recomendações de melhorias podem ser apresentadas a partir dos resultados desse
estudo:
• Adequação à legislação ambiental;
• Dispor de política ambiental inclusa no planejamento estratégico da
organização;
• Criação de comitê ambiental envolvendo todos os setores da organização;
• Elaboração de planejamento ambiental embasado ISO 14001;
• Padronização dos produtos em conformidade com normas técnicas;
• Elaboração de projetos ambientais em conjunto com universidades, centros de
formação, empresas de consultorias e outros órgãos de desenvolvimento;
• Participação no Programa Setorial da Qualidade da Cerâmica Vermelha (PSQ);
• Participação no Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat
(PBQP-H);
110
• Utilização de outras fontes de biomassa em substituição a madeira nativa;
• Reutilização de parte dos produtos não conforme como matéria-prima;
• Incorporação de subprodutos de outros segmentos industriais na formulação de
seus produtos;
• Comercialização dos resíduos gerados pelos produtos não conforme;
• Adequação da frota veicular à regulamentação PROCONVE;
• Criação de sistema de gerenciamento de resíduos sólidos
5.3 LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Apesar dos cuidados metodológicos empregados, algumas limitações deste estudo
devem ser consideradas na eventual utilização dos resultados. Em função do processo de
amostragem (não probabilístico, seleção por julgamento), os resultados não são conclusivos e
há risco dos elementos amostrais não representarem a prática da organização estudada. O
problema de pesquisa pode envolver variáveis não investigadas, mas relevantes para
compreensão da realidade investigada. Como ocorre nos estudos qualitativos, os resultados
produzidos são essencialmente interpretativos e podem conter falhas na interpretação e/ou na
classificação em categorias dos dados coletados. Além disso, os depoimentos obtidos podem
representar a situação desejável em detrimento da realidade da organização.
5.4 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
Durante a preparação, coleta e análise dos dados da pesquisa empírica, algumas
ideias foram identificadas sobre estudos complementares, investigação de tópicos mais
específicos e pontos obscuros nos resultados deste estudo. Como sugestões de oportunidades
para estudos futuros, propõe-se o que segue:
a) Pesquisar a prática de gestão ambiental em outras organizações do setor de
cerâmica vermelha do Brasil ou Exterior, e/ou de portes diferentes e comparar os
resultados com este estudo;
111
b) Fazer a aplicação de métodos estruturados e quantitativos (survey) na
investigação sobre a prática de gestão ambiental da mesma corporação
considerando na coleta de dados os resultados obtidos no presente estudo;
c) Pesquisar a prática gestão ambiental de organizações de outros setores/ramos
de atividade e analisar as diferenças em relação à prática do setor de cerâmica
vermelha;
d) Dimensionar a relação entre desempenho organizacional e investimentos em
processos de gestão ambiental em organizações que atuam no setor de cerâmica
vermelha.
e) Desenvolver estudo de viabilidade técnica, econômica e comercial de produtos
verdes no âmbito da cerâmica vermelha
112
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124
APÊNDICES
125
APÊNDICE A - DIAGNÓSTICO DE GESTÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE
CASO NO SETOR DE CERÂMICA VERMELHA
Protocolo do Estudo de Caso
I - Na preparação da coleta de dados
 Elaboração do roteiro de entrevista com base nos objetivos, nas questões de
pesquisa, na fundamentação teórica e na experiência do pesquisador;
 Validação do roteiro de entrevista com especialistas em pesquisa (orientador) e
na organização objeto de estudo;
 Elaboração da ficha de coleta dos dados documentais com base nos objetivos,
nas questões de pesquisa, na fundamentação teórica e na experiência do
pesquisador;
 Elaboração de estrutura teórica pertinente ao estudo de caso;
 Treinamento do pesquisador na aplicação dos instrumentos de coleta de dados.
II - Na execução da coleta de dados
 Agendamento prévio das entrevistas;
 Revisão de informações preliminares sobre os entrevistados;
 Condução das entrevistas no ambiente natural dos entrevistados e fora do
horário de trabalho;
 No início da entrevista, expor breve explicação sobre objetivos e importância
do estudo;
126
 Na condução da entrevista, criar clima informal, espontâneo e de interesse no
assunto;
 Na entrevista, evitar emitir opiniões e influenciar os entrevistados;
 Na entrevista, gravar os depoimentos e registrar no roteiro de entrevista os
dados visuais identificados;
 Na entrevista, começar com questões fáceis, gerais e reforçar perguntas
solicitando sempre explicações, exemplos, justificativas e detalhes sobre os
depoimentos.
III - Na execução da análise dos dados coletados
 Transcrição dos depoimentos dos entrevistados;
 Revisão das anotações sobre dados visuais;
 Revisão das anotações sobre dados de fontes documentais;
 Fragmentação, classificação e agrupamentos dos dados primários e secundários
em categorias;
 Avaliação sistemática do conteúdo manifesto nos documentos internos, nas
observações pessoais e nos depoimentos dos entrevistados;
 Apresentar de forma descritiva os resultados dos dados coletados;
 Apresentar de forma descritiva as análises efetuadas.
IV - Questões-gerais do estudo de caso
 Definição das questões-gerais de pesquisa:
a) Quais as exigências ambientais legais aplicáveis as empresas do setor de
cerâmica vermelha no Estado de Santa Catarina?
b) Quais os requisitos exigidos pelos clientes-alvo (intermediários do canal de
distribuição) para os fornecedores de produtos de cerâmica vermelha em Santa
Catarina?
d) Como tem ocorrido, nos últimos 3 anos, a prática de gestão ambiental da
organização?
e) Qual a situação atual da gestão ambiental na organização?
127
APÊNDICE B - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM GESTORES DA
ORGANIZAÇÃO
Diagnóstico de gestão ambiental no setor de cerâmica vermelha
Entrevista no........... Data: ....../....../......
Horário:...........h Duração:................
Dados do Entrevistado
01.Nome gestor: ......................................................................................................................
02.Setor/área: ................................................................... 03.Fone:......................................
04.Cargo: ........................................................................ 05.Formação:..............................
06.Tempo função: ..........................................
07. E-mail:..................................
08.Atribuições/tarefas:.............................................................................................................
...................................................................................................................................................
Questões da Entrevista
09. SOBRE GESTÃO AMBIENTAL: Como a empresa tem causado impacto ao meioambiente (ex: emissão de poluentes)? Quais as legislações ambientais que afetam a empresa
(nacional, estadual e local)? Como a empresa tem cumprido essa legislação? Nos últimos três
anos, qual tem sido a política/programa ambiental da empresa (na redução desse impacto)? Na
gestão ambiental, o que está formalizado? Quais as estratégias/ações têm sido aplicadas pela
empresa? Quais setores e funções envolvidos na gestão ambiental? Como está o alinhamento
da política ambiental com a cadeia produtiva, política de inovação e estratégias da empresa?
Quais os investimentos realizados nos últimos três anos? Quais os indicadores de performance
ambiental da organização? Quais os resultados alcançados na redução do impacto sobre
consumo de matéria prima, energia elétrica, energia térmica, água, transporte, combustíveis,
qualidade dos produtos, emissões de poluentes, por exemplo? Quais os pontos fortes da
gestão ambiental da empresa? Quais as oportunidades de melhorias da gestão ambiental da
empresa?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
128
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
10. SOBRE A IMAGEM AMBIENTAL DA EMPRESA: Qual a percepção/opinião dos
órgãos reguladores sobre a gestão ambiental da empresa? E quanto aos clientes/revendedores?
E quanto à comunidade local? Como é o relacionamento da empresa com os órgãos
reguladores? Como é o relacionamento da empresa com os clientes/revendedores? Como é o
relacionamento da empresa com a comunidade local?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11. SOBRE PROJETOS AMBIENTAIS FUTUROS: Quais ameaças ambientais à empresa
existem (ex: atuação ambiental da concorrência)? Que oportunidades ambientais existem para
a empresa (situações favoráveis a serem aproveitadas)?
Quais os projetos de
mudanças/melhorias na gestão ambiental da empresa para os próximos anos? Qual a
tendência de evolução dos investimentos da empresa na área ambiental? Que mudanças
devem ocorrer na política ambiental da organização? O que a empresa pretende fazer para
fortalecer a sua imagem junto aos órgãos regulamentadores? O que pretende fazer para
fortalecer a sua imagem junto aos clientes/revendedores? O que pretende fazer para fortalecer
a sua imagem junto à comunidade local?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Obrigado pela participação.
129
APÊNDICE C - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM ORGANISMOS DE
REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO
Diagnóstico de gestão ambiental no setor de cerâmica vermelha
Entrevista no........... Data: ....../....../......
Horário:...........h Duração:................
Dados do Entrevistado
01.Organização: ..........................................................................................................................
02.Endereço:............................................................... 03.Fone:.............................................
04.Nome entrevistado: ................................................................................................................
05.Cargo: ..................................................................... 06.Formação:.....................................
07.Tempo função: ........................................................ 08. E-mail:.........................................
09.Atribuições/tarefas:..................................................................................................................
Questões da Entrevista
10. SOBRE LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: No Brasil, quais as legislações ambientais
aplicáveis ao setor cerâmica vermelha? Quais as principais exigências legais? Quais as
exigências legais do Estado de Santa Catarina? E quanto as exigências legais municipais?
Como ocorre o processo de licença ambiental? Como ocorre a fiscalização/controle
ambiental? Qual aplicabilidade à ISO 14001?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11. SOBRE IMPACTO AMBIENTAL DAS EMPRESAS: Qual o impacto ambiental causado
pela cadeia produtiva cerâmica vermelha, considerando a emissão de poluentes, a erosão do
solo, o consumo de energia, água e combustível, por exemplo? Como esse impacto tem
ocorrido em Santa Catariana? E especificamente na região de Rio de Sul? Em termos
ambientais, o que as empresas desse setor têm feito de positivo? E quais as suas deficiências?
Que situações/aspectos ambientais comprometem a sobrevivência das empresas desse setor?
Quais as oportunidades ambientais para essas empresas (situações favoráveis que podem ser
aproveitadas)?
130
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
12. SOBRE POLÍTICA AMBIENTAL DAS EMPRESAS: Como avalia a política ambiental
das empresas de cerâmica vermelha em Santa Catarina? Que investimentos ambientais têm
sido realizados? Como elas tratam o reaproveitamento de materiais, o controle de emissão de
resíduos, o uso de fontes alternativas de energia, a destinação de resíduos que necessitam de
tratamento especifico, por exemplo? Quais os indicadores de desempenho ambiental dessas
empresas? Como tem evoluído a política de gestão ambiental dessas empresas? Que
melhorias são ainda necessárias na gestão ambientais dessas empresas?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
13. SOBRE A CERÂMICA PRINCESA: Como avalia a gestão ambiental da Cerâmica
Princesa de Rio de Sul? Como a empresa tem atendido os requisitos da legislação ambiental?
Qual a imagem de responsabilidade ambiental que a sua entidade tem da Cerâmica Princesa?
Como avaliação as estratégias/ações ambientais aplicadas pela empresa? Quais as forças da
gestão ambiental da empresa? Quais as fraquezas da gestão ambiental da empresa? Quais as
ameaças ambientais à empresa? Quais as oportunidades ambientais para a empresa (situações
favoráveis que possam ser aproveitadas)? E qual a imagem ambiental da Cerâmica Princesa
junto à comunidade local?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Obrigado pela participação.
131
APÊNDICE C - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM CLIENTES DA
ORGANIZAÇÃO
Diagnóstico de gestão ambiental no setor de cerâmica vermelha
Entrevista no........... Data: ....../....../......
Horário:...........h Duração:................
Dados do Entrevistado
01.Cliente: .......................................................................................................................................
02.Endereço: ...............................................................
03.Ramo de atividade:.........................
04.Nome entrevistado: .....................................................................................................................
05.Cargo: .....................................................................
06.Formação:.......................................
07.Tempo função: ...........................................
08. E-mail:...........................................
09.Atribuições/tarefas:......................................................................................................................
Questões da Entrevista
10. SOBRE EXPECTATIVAS/EXIGÊNCIAS AMBIENTAIS: No âmbito social, como você
avalia a importância da responsabilidade ambiental? E no âmbito das empresas, como avalia a
preocupação ambiental? Que projetos/ações de gestão/responsabilidade ambiental são
realizados pela sua empresa (ex: sacola retornável, uso de papel reciclável, promove educação
ambiental, coleta seletiva de lixo)? Até que ponto aspectos/critérios ambientais são
considerados na contratação de fornecedores (ou parceiros de negócios) que causam impacto
ao meio-ambiente? O que a sua empresa costuma esperar/exigir em termos ambientais de seus
fornecedores (ex: respeito as normas técnicas, certificações ambientais, ações de redução do
impacto ambiental)? Como aspectos ambientais afetam a decisão de compra dos seus
clientes?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
11. SOBRE SETOR CERÂMICA VERMELHA: Como avalia a prática ambiental das
empresas do setor de cerâmica vermelha da região? O que fazem de bom? O que prejudicam o
meio-ambiente? Quais as exigências ambientais da sua empresa em relação aos fornecedores
de cerâmica vermelha (ex: produto adequado às normas técnicas/ABNT, licenciamento
ambiental, exploração racional das argilas, uso de lenha advinda de área reflorestada, tipo de
forno, origem da fonte de energia)? Qual a tendência das suas exigências em relação à
cerâmica vermelha? Como a preocupação ambiental afeta a decisão de compra dos
usuários/consumidores de cerâmica vermelha? Que ameaças/exigências ambientais, legais
e/ou sociais, tendem a afetar as empresas de cerâmica vermelha? Que
132
recomendações/oportunidades ambientais (situações favoráveis a serem aproveitadas) poderia
apontar para os fornecedores de cerâmica vermelha?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
12. SOBRE CERÂMICA PRINCESA: Sob o ponto de vista ambiental, qual a imagem da Cerâmica
Princesa perante à sua empresa? Especificamente, quais os pontos fortes da prática ambiental da
Cerâmica Princesa? Quais os pontos fracos? Que sugestões/recomendações apresenta? No aspecto
ambiental, como a Cerâmica Princesa é vista pela comunidade em geral? Por quê?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Obrigado pela participação.
133
ANEXOS
134
ANEXO A - VISTA AÉREA CERÂMICA PRINCESA IND. E COM. LTDA
Figura 21 - Vista aérea Cerâmica Princesa Ind. E Com. Ltda
Fonte: Cerâmica Princesa, (2012).
135
ANEXO B – PRODUTOS DE CERÂMICA VERMELHA
Figura 22 - Tijolos, blocos e canaletas
136
137
138
Fonte: Cerâmica Princesa, (2012).
139
Figura 23 - Telhas
Fonte: Cerâmica Princesa, (2012).
140
ANEXO C - LOCALIZAÇÃO
Figura 24 - Mapa de localização da cidade de Rio do Sul no estado de Santa Catarina
Fonte: Associação dos municípios do alto Vale do Itajaí - AMAVI, (2011).
Figura 25 - Mapa da cidade de Rio do Sul
Fonte: Associação dos municípios do Alto Vale do Itajaí - AMAVI, (2011).
141
ANEXO D – LICENÇA AMBIENTAL DE OPERAÇÃO CERÂMICA PRINCESA
142
143
ANEXO E – CERTIFICADOS DE CONFORMIDADE DE PRODUTO
Figura 26 - Certificado de Conformidade do Produto Cerâmica Princesa
Fonte: Cerâmica Princesa, (2012).
Figura 27 - Certificado de Conformidade do Produto Cerâmica Princesa
Fonte: Cerâmica Princesa, (2012).
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universidade do sul de santa catarina josé carlos martinazzo júnior