1 ESCOLA DE HUMANIDADES E CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Denominações: Escola de Humanidades e Ciências Farmacêuticas (1874) HISTÓRICO Desde 1808, antes de ter sido fundada a Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica do Rio de Janeiro, foi estabelecida uma botica no Hospital Real Militar e Ultramar do morro do Castelo, no antigo Colégio dos Jesuítas, a chamada Botica Real Militar, onde se aprendia a arte de formular medicamentos. No ano seguinte, foi criada dentro do curso médico do Rio de Janeiro, na Escola citada, a primeira cadeira de matéria médica e farmácia ministrada pelo médico português José Maria Bomtempo. Dez anos depois (1819) foi instituída na então Academia Médico-Cirúrgica da Bahia, antiga Escola de Cirurgia da Bahia, a cadeira de farmácia, matéria médica e terapêutica, sendo designado para ocupá -la, em 1821, o médico português Manuel Joaquim Henriques de Paiva. Somente a partir da reforma do ensino médico de 1832, foi fundado o curso farmacêutico, vinculado, contudo, às faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia. Criada no ano de 1835, a Seção de Farmácia da Academia Imperial de Medicina, antiga Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, apresentou no ano seguinte à mesma, um plano de reorganização do curso de farmácia daquelas faculdades e propôs a criação de escolas de farmácia nas capitais das províncias de Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Maranhão, Ceará e São Pedro do Sul, atual Rio Grande do Sul. Essas deveriam ficar subordinadas àquelas do Rio de Janeiro e da Bahia. Em 1839, surgiu na capital da província de Minas Gerais a Escola de Farmácia de Ouro Preto, a primeira e única independente do curso de medicina, como unidade individualizada na época. Pela reforma de 1832, ficou estabelecido que ninguém poderia "curar, ter botica, ou parteja r", sem título conferido ou aprovado pelas citadas faculdades. Isto obrigava os proprietários das farmácias a pagarem farmacêuticos diplomados para darem nome a seus estabelecimentos, prática que se estendeu até o século XX. Geralmente, o farmacêutico pago ia à botica somente para receber o pagamento correspondente ao "aluguel" de seu diploma; e a manipulação e venda das drogas acabava ficando a cargo de um prático, aprendiz ou sob responsabilidade do proprietário que se transformava num boticário "prático". A Escola de Humanidades e Ciências Farmacêuticas foi criada por iniciativa do Instituto Farmacêutico do Rio de Janeiro, sociedade fundada em 29 de julho de 1858, cujo presidente era Eduardo Júlio Janvrot, farmacêutico de origem francesa, diplomado em 1854 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Uma das finalidades desse Instituto, segundo seus estatutos, era a organização de um corpo de praticantes de farmácia, chamando-os de pensionistas e facilitandolhes os estudos preparatórios exigidos para o curso de farmácia nas faculdades de medicina. Com este objetivo, o Instituto, que contava com uma subvenção anual do Governo Imperial, além de seus próprios recursos, bancou a nova escola. Inaugurada no dia 15 de maio de 1874, a Escola ficou sediada na rua São José, n° 75, sob a presidência do Conselheiro Manoel Maria de Moraes Valle, lente de farmácia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Por ocasião da inauguração, foi criado um regulamento provisório que determinou suas bases e suas disciplinas. Segundo o relatório, de autoria de Janvrot, e apresentado ao Instituto Farmacêutico em 1874, as disciplinas oferecidas no curso de Humanidades eram português, latim, francês, história, inglês, aritmética, álgebra e geometria. Já o curso de Ciências Farmacêuticas era Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930) Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br) 2 constituído pelas seguintes disciplinas, ministradas por farmacêuticos: física geral - Ignácio Pereira de Oliveira; química orgânica - Antônio José Teixeira de Azevedo; história natural dos medicamentos - Augusto Cezar Diogo; farmácia teórica e prática - Eduardo Júlio Janvrot; mineralogia e geologia - Antonio Estevão da Costa e Cunha; toxicologia e análise geral - Joaquim José de Azevedo. O curso era gratuito, sendo bastante procurado no seu primeiro ano de funcionamento, quando atingiu o número de 155 matrículas, que ficou reduzido a 101 alunos inscritos. Com base no regulamento provisório, sua diretoria ficou constituída pelo presidente e pelo secretário do Instituto Farmacêutico, que assumiram os cargos de diretor e secretário, respectivamente. Deste modo, o cargo de diretor coube a Eduardo Júlio Janvrot, que o ocupou até o término da Escola, e o de secretário ao farmacêutico Augusto Cezar Diogo, que foi substituído, em julho de 1874, por Herculano Cyrillo Brício Bezerra Montenegro. Em março de 1876, quando D. Pedro II visitou o Instituto Farmacêutico, segundo notícias veiculadas pela Tribuna Pharmacêutica, periódico desse mesmo Instituto, o curso de Humanidades se encontrava em seu terceiro ano de funcionamento, ao passo que as aulas do curso de Ciências Farmacêuticas teriam início naquele ano. No entanto, com base nas informações encontradas a respeito da Escola, não se sabe ao certo por quanto tempo ela funcionou. No Almanak Laemmert, de 1885, ainda foi publicada a relação das disciplinas (português, história, geografia, latim, aritmética, geometria, francês, filosofia) oferecidas pelo curso de Humanidades da Escola, acompanhada da lista de seus respectivos professores. FONTES - Almanak Laemmert, 1885-1890. (BN) - ARAÚJO, Carlos Benjamin da Silva. Fatos e personagens da história da medicina e farmácia no Brasil. Rio de Janeiro: R. Continental Editorial, 1979, v.1. (BN) - ______________________________. L’Influence française sur la culture brésilienne: sur la pharmacie et la médicine, en particulier. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpica Editora Ltda., 1973. (BCOC) - BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1883. (BCOC) - CARVALHO, J. Coriolano de. A pharmácia no Rio de Janeiro: segunda contribuição ao estudo da pharmácia no Brasil. Memória apresentada ao Segundo Congresso Brasileiro de Pharmácia realizado em São Paulo em 1928. Rio de Janeiro: Typog. do Jornal do Commercio Rodrigues & C., 1929. (BABF) - LIMA, Agostinho José de Souza. As ciências médico-farmacêuticas. In: Livro do centenário (1500 -1900). Rio de Janeiro, 1901. (IHGB) -RELATÓRIO DA ESCOLA DE HUMANIDADES E CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS apresentado ao Instituto Farmacêutico do Rio de Janeiro pelo farmacêutico Janvrot em 1874. Rio de Janeiro: Typ. Academica, 1875. (BN) - REVISTA PHARMACÊUTICA, 1886-1887. (BN) - SANTOS FILHO, Lycurgo de Castro. História geral da medicina brasileira. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1991. v.2. (BCCBB) - TRIBUNA PHARMACÊUTICA, 1874-1878. (BN) Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930) Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br) 3 FICHA TÉCNICA Pesquisa - Verônica Pimenta Velloso Redação - Verônica Pimenta Velloso Revisão - Francisco José Chagas Madureira. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930) Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)