Caso de Estudo > Câmara Municipal de Lisboa Câmara Municipal de Lisboa aposta numa nova abordagem funcional assente numa plataforma estabilizada e normalizada em tecnologia Com cerca de 10.000 funcionários, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) é uma instituição muito grande. Tem centenas de Arquitectos e Engenheiros, centenas de desenhadores e centenas de outros profissionais que, não desenhando, têm que consultar ou imprimir desenhos em formato digital. O executivo resultante das últimas eleições autárquicas é responsável por uma reestruturação que reorganizou a CML com uma nova abordagem funcional. Um dos resultados desta nova estrutura é a centralização das responsabilidades relacionadas com a Informática, antes dispersas pelos serviços, no Departamento da Modernização Administrativa e Gestão de Informação (DMAGI). Até à reformulação funcional desta área, os inúmeros serviços executavam de forma avulsa e descoordenada as suas próprias politicas de aquisições de software. Este formato abria espaço para diversos problemas, inclusivamente em termos legais. “A criação do DMAGI veio centralizar um conjunto de competências em algumas áreas que eram consideradas fundamentais para seguir uma estratégia de modernização administrativa na CML” refere Jorge Baptista, Director do DMAGI. “E actualmente a tecnologia é uma alavanca a nível dessa mesma modernização.” Com a reestruturação tornou-se possível olhar para as diversas áreas por grupos de aplicações, como sejam ferramentas administrativas, financeiras, bases de dados ou CAD, para dar alguns exemplos. As vantagens desta abordagem são óbvias se olharmos por exemplo para o lado económico, nomeadamente quando falamos de aquisições em grande escala, reduzindo-se os custos de forma significativa. Outro aspecto importante é a compatibilidade interna entre versões, evitando-se que coexistam várias versões das mesmas aplicações, implicando muitas vezes conversões de ficheiros, que acrescentam custos à exploração em horas de trabalho desnecessárias e evitáveis. É importante que na instituição se introduzam politicas correctas quando abordamos a área de licenciamento de software. A CML tem uma enorme responsabilidade como exemplo para a Administração Local e para com as empresas com que lida. Levando à letra a designação do Departamento, a área do CAD foi olhada não como um problema de processamento da aquisição de licenças mas como uma área de Modernização Administrativa. O investimento era necessariamente elevado, mas este foi visto como o momento para corrigir a rota, aproveitando para racionalizar e potenciar o retorno do investimento. 14 “No que respeita a licenciamentos, a CML identifica a Autodesk como sua parceira, através da qual procuramos obter algum retorno de tudo o que aplicamos em termos de tecnologia Autodesk, uma estratégia coerente e centralizada do ponto de vista de adaptação funcional ao posto de trabalho”, continua Jorge Baptista. Perante a responsabilidade assumida de estender ao universo do CAD a abordagem que tem vindo a implementar com relações a áreas como as ferramentas “Office”, as Bases de Dados, ou o email, o primeiro passo foi complementar a equipa do DMAGI com um CAD Manager. À semelhança dos gestores de certificados da rede ou dos servidores ou das bases de dados, alguém tinha que olhar internamente para as ferramentas de CAD e realizar um trabalho de sensibilização e de formação dos funcionários da CML para que estes pudessem tirar partido efectivo das ferramentas. Este foi o primeiro passo desta longa caminhada. “O CAD Manager tem que primeiro pensar e justificar opções práticas, por exemplo a questão dos licenciamentos em rede, e em termos estratégicos acaba por ser quem ajuda os vários serviços da CML, nomeadamente a divisão de formação, a adequar os seus conteúdos às aplicações que estão a ser utilizadas por cada funcionário”, refere Henrique Saias, CAD Manager na CML. “Para além disso, o CAD Manager tem de ter também a capacidade de provocar a motivação das pessoas, mostrar-lhes como a utilização de determinadas ferramentas podem ser um potencial para se atingirem grandes ganhos em termos de produtividade.” Na sua maior parte estes desafios que compõem o objectivo final são os mesmos que se encontram nas grandes empresas ou noutras estruturas do Estado. Estes são os desafios: > Adequar as aplicações adquiridas aos serviços através da utilização de soluções verticais ou específicas. > Assegurar a optimização do investimento através de uma gestão de licenças “científica”. > Garantir uma base comum de trabalho e de partilha de dados dentro da CML e com o exterior. > Formar os utilizadores em níveis crescentes de eficiência na utilização das ferramentas distribuídas, a partir da base. > Criar uma ambiência tecnológica em torno das ferramentas, contribuindo para a curiosidade/exploração das ferramentas e para a auto-motivação dos utilizadores nestes aspectos. > Garantir uma estrutura continuada de apoio técnico in loco. > Criar plataformas estruturais como standards de formatos, nomenclaturas de layers, bibliotecas de blocos, etc... > Implementar métodos de colaboração e partilha, quer internamente quer com o exterior. > Garantir uma actualização constante das ferramentas adquiridas numa perspectiva de valorização do investimento. Destes desafios, talvez as questões mais difíceis se prendam com o humanware. É enorme a quantidade de utilizadores a que é preciso garantir conhecimentos actualizados, a que é preciso proporcionar acesso a formas de desenvolverem a sua eficiência, motivação para explorarem as ferramentas ou um ambiente de “networking” que potencie a troca de conhecimentos e experiências. Objectivos Numa fase inicial desta abordagem foram identificados uma série de desafios, que no seu todo e em conjunto representam o objectivo final. Estes desafios têm prazos de concretização variáveis e em parte são atingíveis apenas ao fim de alguns anos de esforço, estando também interrelacionados e não sendo atingíveis alguns sem que outros se concretizem entretanto. O retorno do investimento (ROI) poderá ser representado por um gráfico com duas curvas, uma que representa os custos e outra que representa os resultados. Sendo nessa relação que se atinge o objectivo, a curva dos custos tem que ser controlada em função de quanto irá “empurrar” a curva dos resultados para cima. AEC - Arquitectura, Engenharia e Construção > www.micrograf.pt/aec Caso de Estudo > Câmara Municipal de Lisboa O ovo de Colombo Por um lado quer isto dizer que quanto menos custar uma aplicação e mais produtividade ela representar, melhor. Por outro quer dizer que se o AutoCAD custar 100 e a produtividade que permite ao projectar Arquitectura for 80, e se o Revit custar 120 e representar uma produtividade 140, a curva dos custos sobe, mas a dos resultados sobe muito mais. Melhora-se a relação entre o investimento e os resultados, potenciando-se o retorno do investimento. Aqui se joga tanto a opção por ferramentas verticais, Revit ou Land, por exemplo, como a opção por formatos como o DWF. Os custos obviamente têm um tecto. Não há fundos ilimitados. Assim, a gestão da curva dos custos também tem que ser apertada. Um cenário a evitar por todos os meios é a limitação da curva da produtividade pela limitação orçamental. O desafio é conseguir um cenário onde a curva da produtividade possa baixar o mais possível o custo da solução. Desmontando o problema, para uma produtividade desejada para um determinado posto de trabalho, conseguir reduzir ao máximo o seu custo nominal sem afectar o resultado. Este exercício realizado após a opção pelas ferramentas indicadas tem a ver com licenciamento em rede. Sendo uma análise quase posto a posto vai depois reflectir-se de forma dramática na curva dos custos, especialmente na relação desta com a curva dos resultados em valores globais. Centro de Sistemas Autodesk Utilizador Um dos processos na base destas grandes estruturas que lidam com muita informação de muitas proveniências, internas e externas, é a partilha e circulação de informação em formatos CAD. A solução deste problema de base é que irá abrir a porta a formas avançadas de colaboração. Mas como até à colaboração há um longo caminho a percorrer, olhe-se primeiro para a partilha e circulação de dados. A CML ainda despende um valor colossal de recursos a lidar com os seguintes problemas: > Desenhos em AutoCAD que chegam aos serviços em versões incompatíveis. Serviços ou entidades a utilizar versões mais recentes a ter que regravar ficheiros em formatos anteriores e reenviar os mesmos ficheiros. > Desenhos que contêm imagens em que as imagens não aparecem ao abrir o ficheiro. Em alguns casos faltando mesmo os ficheiros por esquecimento, noutros copiados das directorias originais que já não correspondem no CD à localização gravada no desenho. > Desenhos que recorrem a referências externas (XRef) em que os ficheiros associados não aparecem pelas mesmas razões. > Desenhos para impressão em que é preciso configurar a “canetas” por falta das definições originais. > Ficheiros pesados demais para enviar por email que têm que circular em CD. > Muitos utilizadores de desenhos apenas para consulta ou impressão não versados em ferramentas de desenho como o AutoCAD. Estas dificuldades multiplicadas por centenas ou milhares de ocorrências mensais representam um custo significativo para a estrutura. Tendo em conta que a partilha de ficheiros de desenho muitas vezes já não se destina a edição, resumindo-se à impressão e ou visualização pelos destinatários, é igualmente questionável se a ferramenta a disponibilizar para a manipulação desta informação no destino final deverá ser uma aplicação como o AutoCAD. As metodologias e as ferramentas avançadas de Colaboração são fundamentais para a optimização dos processos internos nas estruturas que lidam com grandes volumes de informação gráfica digital. Ou seja, o desafio era encontrar uma forma de eliminar os custos e as perdas de produtividade que todos estes problemas representam (curva dos resultados), através de uma ferramenta de baixo custo. É absolutamente irracional instalar uma licença de AutoCAD numa reprografia só para fazer impressões. Ou num jurista para verificar uma área de vez em quando. A solução encontrada acabou por ser a implementação do formato DWF. “Um dos objectivos do DMAGI é introduzir um conjunto de produtos na, área de CAD que sirvam claramente as necessidades da organização, mas adequadas ao posto funcional e é sob esse ponto de vista que optámos pelo DWF Composer. Este não é um mero visualizador, cobre até bastantes áreas de actuação dos funcionários que trabalham com produtos CAD, para além disso é um produto claramente acessível”, afirma Jorge Baptista. Curiosamente a CML resolve o problema potencialmente mais oneroso, a instalação de centenas de postos CAD subaproveitados, com a ferramenta mais barata da Autodesk. Não há melhor exemplo para o conceito do Retorno do Investimento. cont. na pág. seguinte >> www.micrograf.pt/aec > AEC - Arquitectura, Engenharia e Construção 15 Caso de Estudo > Câmara Municipal de Lisboa >> continuação O formato DWF abre ainda a porta para a utilização do Buzzsaw, poderosa ferramenta de colaboração online da Autodesk. A CML está neste momento a preparar os seus dois projectos piloto com este serviço. Por estes motivos a CML está a implementar o formato DWF como standard para a circulação de desenhos em que não seja necessário edição no destinatário. Foram adquiridas pela CML licenças em grande número do DWF Composer que estão a ser instaladas nos diversos serviços, sendo simultaneamente estimulado o uso deste formato nas trocas com o exterior. O DWF Composer garante uma funcionalidade chave para a CML em comparação com o visualizador gratuito que a Autodesk disponibiliza, permite medir áreas e distancias, algo importante para muitas tarefas de consulta. O formato DWF abre ainda a porta para a utilização do Buzzsaw, poderosa ferramenta de colaboração online da Autodesk. A CML está neste momento a preparar os seus dois projectos piloto com este serviço. Estratégias O DMAGI implementou uma solução centralizada de apoio aos utilizadores, que recorrendo a um número de telefone ou a um endereço de email podem pedir apoio para a solução dos problemas relacionados com informática e comunicações, o serviço de Helpdesk. Este serviço é também um motor para a troca de ideias, para isso têm vindo a ser criados mecanismos que permitam ao funcionário querer saber sempre mais relativamente à ferramenta que está a utilizar. A existência de um CAD Manager veio estender este serviço ao universo dos utilizadores de aplicações de CAD. Este serviço faz uma triagem dos problemas colocados e divide as questões por urgência e gravidade. Nos casos urgentes ou que impliquem paragem do posto de trabalho é feito o encaminhamento directo da chamada para o CAD Manager para uma solução imediata do problema. Os outros casos são resolvidos por ordem de chegada, normalmente num prazo máximo de dois dias úteis. Outra solução de apoio aos utilizadores é o Fórum, que faz parte da Intranet, é um local de discussão com perguntas e respostas. Um terceira estrutura ainda em desenvolvimento, será um Portal que irá disponibilizar informação mais ou menos técnica e que fará a ligação dos utilizadores com as equipas operacionais (informáticos) para disponibilizarem recursos e conhecimentos para a solução de problemas. 16 A CML optou por assinar subscrições para todos os produtos Autodesk. Pretende-se com as subscrições reduzir a prazo o valor de cada posto de trabalho, obtendo actualizações por valores globais mais baixos do que fazendo upgrades de duas ou de três em três versões. “Na procura de uma política de licenciamento vimos algumas vantagens sob o ponto de vista de investimento de recorrer às subscrições da Autodesk, como a forma mais vantajosa para a CML em oposição aos meros upgrades”, comenta Jorge Baptista. A implementação de licenças flutuantes na rede é outra das apostas da CML. A estrutura de comunicações, nomeadamente a existência de um anel de fibra óptica que liga diversos serviços da CML, permite partilhar um número significativamente menor de licenças adquiridas pelo mesmo universo de utilizadores. De tal forma esta diferença é dramática que em muitos casos se utilizam licenças de AutoCAD em rede, cerca de 15% mais caras que as licenças vulgares monoposto, com vantagem financeira sobre licenças de AutoCAD LT 75% mais baratas que o mesmo AutoCAD monoposto. A reestruturação da CML, e a consequente centralização da aquisição de software representaram uma enorme vantagem económica para a CML na negociação das licenças ultimamente adquiridas pela Câmara. Enquanto antes da reestruturação cada departamento era um cliente, agora a visão da CML é global. Recuperaram-se inúmeras licenças perdidas, software desactualizado várias versões e licenças nunca instaladas que estavam guardadas como património de certos serviços. Esta nova visão centralizada é mais realista pela globalidade da estratégia aplicada e é mais vantajosa porque permite negociações de maiores quantidades. Numa primeira fase a CML focalizou-se em colocar o Back Office bem estruturado e organizado de forma a poder prestar um bom serviço ao munícipe. No fundo, procurou criar uma plataforma estabilizada e normalizada em tecnologia. O objectivo a médio prazo será criar condições de comunicação entre a CML e o exterior e beneficiar do trabalho colaborativo, ou seja, que esta plataforma possa vir a ser alargada aos intervenientes dentro da cidade e que têm muitas vezes uma intervenção directa com a CML, desde o simples munícipe até ao atelier do arquitecto, com vista à rentabilização dos procedimentos envolvidos. O objectivo final é aprovar um Plano Informático Municipal que passe a ser um regulamento interno da Câmara. Este Plano apresenta linhas orientadoras e incute também regras ao nível do próprio utilizador. Inclusive estão descritos um conjunto de formatos que vão ser o standard na CML relativamente aos produtos Autodesk, incluindo por exemplo o DWF. “Era interessante, sob o ponto de vista do Estado, que esta articulação também fosse vista a um nível diferente, ou seja, que houvesse uma entidade reguladora dentro destas áreas e que seguisse alguma sistematização e integração destes formatos a um nível mais global. O objectivo seria fazer com que as entidades, pelo menos a nível de Estado, pudessem falar a mesma língua, assim como nós andamos a fazer um trabalho micro ao nível da nossa organização devia haver o mesmo tipo de uniformização para o Estado”, termina Jorge Baptista. AEC - Arquitectura, Engenharia e Construção > www.micrograf.pt/aec